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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS – AULA/FICHA 04 Aluna: Daniela Costa de Medeiros HABEAS CORPUS Art. 5º LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; O habeas corpus não é um recurso, é uma ação (GRATUITA PARA TODOS) que visa proteger o direito do indivíduo de ir, vir e permanecer. Partes: Impetrante → quem move a ação. Impetrado → é quem provoca. Paciente (só ser humano) → o lesado, o beneficiário. Qualquer pessoa pode mover o HC como impetrante, inclusive o próprio paciente. Ou seja, não há necessidade de um advogado para impetrar habeas corpus. Quando dizemos que pode ser qualquer pessoa, inclui- se aqui pessoa física ou jurídica, estrangeiro (na língua nacional – o português), Ministério Público e o juiz de ofício. Além disso, o HC pode também de impetrado por um analfabeto, visto que pode ser de forma escrita ou oral. OBS. : A CAPACIDADE POSTULATÓRIA É DISPENSÁVEL PARA MOVER O HC, MAS NÃO PARA O RECURSO DENTRO DO HC. Há crimes que não resultam em prisão, como o caso de pessoa jurídica em crime ambiental. Ela poderá ser condenada, mas não haverá prisão. Dessa forma, ela não poderá ser paciente de um HC, visto que não haverá restrição de locomoção. Ela poderá ser impetrante, mas não poderá ser paciente. Não há necessidade de três pessoas distintas, visto que o impetrante pode ser o próprio paciente. Vale salientar que a petição do HC dispensa o rigor técnico e requisitos legais do CPC, posto que não precisa de um advogado para ser impetrado. ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS → Preventivo é na ameaça de sofrer (salvo conduto, que é basicamente um documento que você carrega para que seu direito não seja lesado). → Repressivo é na lesão que já ocorreu (liberatório). O HC não pode ser usado em favor de bens. Existem dois tipos de proteção á liberdade: a forma direta e a indireta. A direta são as que vimos acima. As indiretas ( que são preventivas) são: → Exercer o direito de ficar calado perante CPI → Tranca inquérito policial → Impugnar (retrucar) quebra de sigilo telefônico bancário em processo criminal Não cabe HC para infrações disciplinares militares. Isso não quer dizer que um militar não pode se favorecer de um HC, ele apenas não poderá quando for preso por causa de uma infração disciplinar militar. SÚMULAS IMPORTANTES: Súmula 695, STF → Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. Súmula 694, STF → NÃO CABE "HABEAS CORPUS" CONTRA A IMPOSIÇÃO DA PENA DE EXCLUSÃO DE MILITAR OU DE PERDA DE PATENTE OU DE FUNÇÃO PÚBLICA. Súmula 693, STF → NÃO CABE "HABEAS CORPUS" CONTRA DECISÃO CONDENATÓRIA A PENA DE MULTA, OU RELATIVO A PROCESSO EM CURSO POR INFRAÇÃO PENAL A QUE A PENA PECUNIÁRIA SEJA A ÚNICA COMINADA. Súmula 692, STF → NÃO SE CONHECE DE "HABEAS CORPUS" CONTRA OMISSÃO DE RELATOR DE EXTRADIÇÃO, SE FUNDADO EM FATO OU DIREITO ESTRANGEIRO CUJA PROVA NÃO CONSTAVA DOS AUTOS, NEM FOI ELE PROVOCADO A RESPEITO. Súmula 431, STF → É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus. Súmula 395, STF → NÃO SE CONHECE DE RECURSO DE "HABEAS CORPUS" CUJO OBJETO SEJA RESOLVER SOBRE O ÔNUS DAS CUSTAS, POR NÃO ESTAR MAIS EM CAUSA A LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO. OBS. 2: NÃO CABE HC QUANDO A PENA DO CRIME FOR UNICAMENTE DE MULTA, POIS O NÃO PAGAMENTO NÃO RESULTA EM PRISÃO. MANDADO DE SEGURANÇA Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; É um dos remédios que se usa constantemente, pois é um remédio que vem tentar sanar a lesão a um direito líquido e certo (que a gente não contesta, pois sabe que ele existe). A Constituição trouxe esse remédio, pois ela mesma já sabe que o Estado causa lesão. Conceito de direito líquido e certo na visão de Maria Helena Diniz → “Aquele que não precisa ser apurado, em virtude de estar perfeitamente determinado, podendo ser exercido imediatamente, por ser incontestável e por não estar sujeito a quaisquer controvérsias. Para protegê-lo, é cabível mandado de segurança”. Para entrar com um mandado de segurança, não há necessidade de produção de provas para convencer ao juiz que há direito, pois este deve ser pré-existente (que será inteiramente demonstrado na petição inicial). Mandado de segurança só pode ser proposto quando tiver prova pré-constituída. Controvérsia de direito NAÕ impede mandado de segurança, mas de fato sim. Se o fato for incontroverso, poderá propor MS. Súmula 625 STF → CONTROVÉRSIA SOBRE MATÉRIA DE DIREITO NÃO IMPEDE CONCESSÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. Deve-se lembrar de que o MS é subsidiário e residual. Se no caso concreto puder ser usado HC (habeas corpus) ou HD (habeas data), estes deverão ser usados. Diferente do habeas corpus, o mandado de segurança necessita de advogado ser proposto. Súmula 632, STF → É CONSTITUCIONAL LEI QUE FIXA O PRAZO DE DECADÊNCIA PARA A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. Este prazo decadencial é de 120 dias, que começará a ser contado a partir do dia da lesão. Se passar de 120 dias, este direito deverá ser pleiteado através de uma ação normal. Perde-se o direito de pleitear mandado de segurança, não do direito em si. OBS. 3: O PRAZO PARA O MANDADO DE SEGURANÇA É NO REPRESSIVO, POIS QUANDO PREVENTIVO INEXISTE PRAZO DECADENCIAL. NÃO DEVE SE CONFUNDIR PRESCRIÇÃO COM DECADÊNCIA, POIS SÃO DIFERENTES E OS CONCURSOS COSTUMAM COLOCAR COMO CASCA DE BANANA: PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA A prescrição extingue o direito à pretensão, ou seja, o poder de exigir algo de alguém por meio de um processo jurídico, caso esse direito não tenha sido utilizado em determinado espaço de tempo. O direito material ainda existe, porém ele não pode ser alcançado por vias jurídicas. A prescrição pode ser alegada a qualquer momento pelas partes. Na decadência, também chamada de caducidade, o que se perde é o próprio direito material, por falta do uso desse direito. Nele, existe um direito, e seu pedido deve ser formalizado na justiça dentro de determinado prazo. Caso a formalização não seja feita, o direito deixa de existir. Na decadência, a ação deve ser reconhecida de ofício pelo juiz. O Mandando de Segurança não pode ser impetrado por ato privado/particular. Pode ser impetrado por ato administrativo, exercício da função pública, autoridade pública. Também não cabe para exploração econômica. Súmula 510 → PRATICADO O ATO POR AUTORIDADE, NO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA DELEGADA, CONTRA ELA CABE O MANDADO DE SEGURANÇA OU A MEDIDA JUDICIAL. Súmula 512 → NÃO CABE CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS DE ADVOGADO NA AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. Súmula 270 → NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA PARA IMPUGNAR ENQUADRAMENTO DA LEI 3780, DE 12/7/1960, QUE ENVOLVA EXAME DE PROVA OU DE SITUAÇÃO FUNCIONAL COMPLEXA. Súmula 269 → O MANDADO DE SEGURANÇA NÃO É SUBSTITUTIVO DE AÇÃO DE COBRANÇA. Súmula 268 → NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO JUDICIAL COM TRÂNSITO EM JULGADO. Súmula 267 → NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO JUDICIAL PASSÍVEL DE RECURSO OU CORREIÇÃO Súmula 266 → NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE. Súmula 101 → O MANDADO DE SEGURANÇA NÃO SUBSTITUI A AÇÃO POPULAR. Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. A representação ocorrecom a eleição de pelo menos um filiado partidário em qualquer uma das casas do Congresso Nacional, ressaltando que não cabe MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO para contestar direito individual disponível. Deve-se observar para o fato de que apenas as associações devem estar em funcionamento há pelo menos um ano. Este requisito NÃO EXISTE para as organizações sindicais e as entidades de classe. Súmula 630, STF → A ENTIDADE DE CLASSE TEM LEGITIMAÇÃO PARA O MANDADO DE SEGURANÇA AINDA QUANDO A PRETENSÃO VEICULADA INTERESSE APENAS A UMA PARTE DA RESPECTIVA CATEGORIA. Súmula 629, STF → A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO POR ENTIDADE DE CLASSE EM FAVOR DOS ASSOCIADOS INDEPENDE DA AUTORIZAÇÃO DESTES. Para a jurisprudência esta súmula vale para todos, não somente para entidade de classe. OBS. 3: O USO DE MSC INDEPENDE DE AUTORIZAÇÃO DO FILIADO OU ASSOCIADO. MANDADO DE INJUNÇÃO LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; Remédio constitucional à disposição de qualquer pessoa (física ou jurídica) que se sinta prejudicada pela falta de norma regulamentadora, sem a qual resulte inviabilizado o exercício de seus direitos, liberdades e garantias constitucionais. Ou seja, é para suprir a falta de uma lei (ex.: direito de greve para funcionário público). Não é qualquer tipo de ausência. É aquela voltada ao exercício dos direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, cidadania e soberania. Dessa forma, pode-se concluir que MI não cabe em normas infraconstitucionais. O PARTICULAR JAMAIS SERÁ LEGITIMADO PASSIVO DO MI. PRECISA DE ADVOGADO E NÃO É GRATUITO. SENDO LEI DE INICIATIVA PRIVATIVA, O MI DEVE SER CONTRA QUEM DETÉM ESTA INICIATIVA. O MI NÃO CABE PARA CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. Pode existir MANDADO DE INJUNÇÃO ESTADUAL se houver previsão na Constituição Estadual. TESES SOBRE MI: NÃO CONCRETISTA → Seria o judiciário reconhecendo a mora do legislação, mas não regularmenta. CONCRETISTA → O judiciário além de reconhecer a mora, dá uma solução. O STF evoluiu para sair da tese não concretista para a tese concretista. Porém, em 2016 o legislador resolveu regulamentar o MI, a qual dizia que o STF realmente antes de legislar deveria dar prazo para o CN fazer sua parte. A lei também optou pela tese concretista, mas decidiu que este MI seria inter partes e não erga omnes (TESE CONCRETISTA INTERMEDIÁRIA). HABEAS DATA LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Serviu bastante na época da Ditadura Militar, quando o governo não queria dar informações. Hoje raramente se usa. Em regra, o habeas data serve para obtenção de informações e retificações de dados pessoais. Pode ser impetrado contra particulares que possuam registros ou bancos de dados de caráter público. No habeas datas a informação deve ser sobre você mesmo, a pessoa que está requerendo deve ser titular da informação; o que o diferencia do MS. Quando cabe habeas datas? Conhecimento de informações de dados pessoais à pessoa do impetrante Registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público Retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo NÃO PODE SER DE FORMA PREVENTIVA, SÓ EXISTE HABEAS DATA REPRESSIVO. Súmula 2, STJ → Não cabe o habeas data (cf, art. 5., lxxii, letra "a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa. SÓ EXISTE HABEAS DATA INDIVIDUAL, NÃO EXISTE COLETIVO. É GRATUITO PARA TODOS, MAS EXIGE ADVOGADO. PODE SER UTILIZADO POR PESSOAS FÍSICAS E JURÍDICAS. NEGATIVA DE INFORMAÇÃO GERAL OU PARTICULAR CADE MS NEGATIVA DE VISTA DE PROCESSO CABE MS NEGATIVA DE CERTIDÃO CABE MS No caso de o dono dos dados pessoais estar morto, outra pessoa pode pedir as informações. OBS. 4: A LEI AMPLIOU O CABIMENTO DO HD DE “COMPLEMENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO” (ANOTAÇÃO). AÇÃO POPULAR LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Só cabe quando houver lesão à patrimônio público ou de entidade que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. É um meio de exercício da soberania popular (art. 1º, PU). É GRATUITA, EXCETO QUANDO FOR COMPROVADA MÁ-FÉ. NECESSITA DE ADVOGADO. Súmula 365, STF → PESSOA JURÍDICA NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR AÇÃO POPULAR. Logo, associações não podem mover ação popular (podem auxiliar o cidadão, no entanto, inclusive redigir a petição, mas sempre o cidadão como autor). Cidadão significa brasileiro nato ou naturalizado em pleno gozo dos direitos políticos. Ministério Público não pode mover ação popular, mas pode assumir a titularidade para dar continuidade caso quem moveu desista (ou morra etc). Cabe ação popular contra ato de particular. O Estado, vendo que está errado, pode sair do polo passivo para o polo ativo. No entanto, o judiciário pode não permitir quando notar que o Estado fez isso com má-fé para não ser condenado. Não existe prerrogativa de foro em ação popular. Todos serão julgados no juízo de 1º grau.
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