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INGLES DE SOUSA VANESSA

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REALISMO-Naturalismo
O Realismo foi uma escola literária que combatia os ideais românticos. O surgimento ocorreu enquanto o mundo vivenciava o nascimento do socialismo e da segunda Revolução Industrial. No Brasil foi inaugurado em 1881.
Romance de Tese
“O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos submeterem-se ao destino cego das ‘leis naturais’ que a ciência da época julgava ter codificado”. Alfredo Bosi”.
Século XIX. Nessa época surgiram novas concepções a respeito do homem e da vida em sociedade e os estudos da Biologia, Psicologia e Sociologia estavam em alta.
Aqui no Brasil, os escritores naturalistas ocuparam-se, principalmente, com os temas mais obscuros da alma humana (patológicos) e, por causa disso, outros fatos importantes da nossa história como a Abolição da Escravatura e a República foram deixados de lado.
O naturalismo é uma ramificação do Realismo e uma das suas principais características é a retratação da sociedade de uma forma bem objetiva
1. BIOGRAFIA DE INGLÊS DE SOUSA 
	
	Escritor Inglês de Sousa
O escritor, jurista e político Inglês de Sousa introduziu a escola literária naturalista no Brasil mediante uma obra voltada para a natureza e a vida amazônicas.
O escritor, jurista e político Inglês de Sousa introduziu a escola literária naturalista no Brasil mediante uma obra voltada para a natureza e a vida amazônicas.
Herculano Marcos Inglês de Sousa nasceu na cidade de Óbidos, no Estado do Pará, em 28 de dezembro de 1853. Oriundo de família tradicional do Pará foi enviado para o Maranhão aos 11 anos, como aluno interno, e concluiu seus estudos na cidade do Rio de Janeiro. Em 1872 ingressou na faculdade de Direito de Recife e graduou-se em 1876, em São Paulo, SP, onde passou a residir. Ainda estudante, revelou vocação literária e se dedicou ao jornalismo, primeiro foi secretário de redação do jornal liberal A Tribuna, de São Paulo. Fundou o Diário de Santos e a Tribuna Liberal, ambos em Santos, SP, após ingressar no Partido Liberal. Foi presidente das províncias de Sergipe e Espírito Santo.
Luís Dolzani, pseudônimo utilizado por Inglês de Sousa, publicou seus primeiros romances numa época em que o Naturalismo era desconhecido no Brasil. A partir do primeiro trabalho, fez dos problemas humanos da Amazônia a preocupação central de suas obras. Tanto o primeiro como o segundo livro, não alcançou repercussão, mas inaugurou a corrente naturalista na literatura brasileira. O autor tornou-se conhecido com o seu terceiro trabalho, no qual descreve com fidelidade a vida numa pequena cidade do Pará. Como em toda a sua obra, percebe-se a influencia de Zola e o estilo semelhante ao de Eça de Queiroz. Morreu no Rio de Janeiro, JR, em 6 de setembro de 1918.
1.1  OBRAS
Romance O Cacaulista: 1976; Cenas da Vida do Amazonas: História de um Pescador: 1876; O Coronel Sangrado: 1877; O Missionário: 1888; Contos Amazônicos: 1893.
Carreira literária
   Publicou dois romances em 1876, O Cacaulista e História de um Pescador, aos quais seguiram-se mais dois, todos publicados sob o pseudônimo Luís Dolzani. Com Antônio Carlos Ribeiro de Andrade e Silva publicou a partir de 1877 a Revista Nacional, versando sobre ciências, artes e letras.
  Foi o introdutor do naturalismo no Brasil, porém seus primeiros romances não tiveram repercussão. A principal características de sua obra é o enfoque no homem amazônico, acima da paisagem e do exotismo da região.
   Compareceu às sessões preparatórias da criação da Academia Brasileira de Letras (ABL), responsável pela fundação da cadeira 28, que tem como patrono Manuel Antônio de Almeida.
   Tornou-se conhecido com O Missionário (1891), que, como toda sua obra, revela influência de Zola. Neste romance descreve com fidelidade a vida numa pequena cidade do Pará, revelando agudo espírito de observação, amor à natureza, fidelidade a cenas regionais.
2. REALISMO E NATURALISMO
O Naturalismo não é independente do Realismo. Ambos têm como objeto de observação a realidade exterior; ambos são postos em relevo pela literatura no mesmo período. O Naturalismo incorporou ao Realismo o cientificismo da época, o determinismo e a crença de que os homens estariam condicionados pela hereditariedade, pelo meio e pelas circunstâncias, criado daí romances que são verdadeiras teses científicas, nos quais o artista cria situações de causa e efeito para melhor descrever atitudes e personalidades, evidenciando preocupações patológicas.
2.1. CARACTERÍSTICAS REALISTAS / NATURALISTAS
► Veracidade: Desprezando a imaginação romântica, o realista procura narrar fatos que tenham seus correspondentes na realidade exterior, evitando, portanto, situações que possam parecer artificiais ou improváveis.
► Contemporaneidade: Ao contrário dos românticos, que se evadiam para um mundo situado no passado ou no futuro, os realistas procuram a realidade que lhe é contemporânea. 
► Retrato fiel das Personagens: Na busca da verdade, o realista prefere retratar tipos concretos, vivos, não-idealizados. Por coincidir com o desenvolvimento da psicologia, o Realismo, além de retratar, procurar interpretar o caráter da personagem e os motivos de suas ações. E comum a caracterização de indivíduos que representem aspectos negativos da natureza humana: o avarento, o covarde, o ambicioso, o fraco, o mesquinho, a adultera, a prostituta etc.
► Gosto pelos detalhes específicos: Objetivando personagens e ambientes, na observação de atitudes e sentimentos. Isto também contribui para uma certa lentidão da narrativa. 
► Linguagem próxima à realidade e preocupação formal: O universo semântico do realista retrata a realidade cotidiana. Enquanto o romântico tem como palavras-chaves, estrelas, sonhos, ave, lua, sentimento, mar, o realista utiliza-se de palavras menos nobres e até mesmo vulgares peixaria, tuberculose, moléstia, moedas, cebola, carne, podridão. A linguagem realistas, é simples, natural, correta, clara e equilibrada.
► Visão determinista e mecanicista do homem: O homem é considerado como um animal sujeito a forças que determinam o seu comportamento: o meio, o instinto, a hereditariedade e o momento.
O Missionário - Inglês de Sousa 
                                                  
     O Missionário de Inglês de Sousa revela uma forte influência do escritor francês Émile Zola e foi publicado em 1881. A obra retrata o cotidiano em uma cidade pequena do Pará com extrema fidelidade, observação e exaltação da natureza regional, foi originada de um conto chamado O Sofisma do Vigário e é considerada um romance de tese. Isso ocorre devido à proposta de apresentar um conflito entre o instinto animal e a vocação para o sacerdócio. A vítima do antagonismo é o Padre Antônio de Moraes, que não resiste aos encantos de Clarinha, uma mameluca.
       No romance, o padre parte para Silves, um pequeno povoado do Pará localizado na entrada da floresta amazônica. Por lá, apresenta-se como um sacerdote correto, mas o cotidiano do local começa a entediá-lo, e surge a ideia de se aventurar pela mata, com o intuito de catequizar os índios munducurús o que causa admiração por parte dos moradores por ser uma tarefa difícil nunca tentada antes, pois muitas lendas eram contadas sobre os índios inclusive a prática do canibalismo. Porém, durante o percurso da viagem fica doente devido ao tempo que passou na mata, e ao chegar ao sítio de João Pimenta, conhece a mameluca Clarinha, neta de Pimenta. Após recuperar suas forças, o religioso passa a reparar na menina, colocando-o em uma situação delicada perante sua filosofia de vida. Apesar da forte atração que sente, tenta relutar por não querer repetir o erro de outros antecessores, pois se considera inabalável na sua missão como missionário alegando jamais desviar-se.
        No entanto, devido à carência e as circunstâncias acaba se rendendo aos encantos de Clarinha o que contradiz com sua visão de missionário. E ao voltar para Silves, repete o que considera “desvio” por parte de seu antecessor, levando Clarinha consigo para viverclandestinamente alegando ser uma serva que irá cuidar da casa e é recebido com honras pelo povo da cidade já que o considerava morto por sua destreza realizando uma missão tão difícil em prol da população, no caso os indígenas.
OBRA: CONTOS AMAZÔNICOS DE INGLÊS DE SOUSA
Inglês de Sousa (1853-1918) foi testemunha de uma notável época de transformações políticas, religiosas e literárias no Brasil.À questão social, vista na chaga vergonhosa da escravidão, segue-se a questão religiosa, abalando os alicerces do catolicismo, até então intocável. A guerra do Paraguai mostra as deficiências da organização militar e faz a monarquia sofrer os primeiros abalos. O Segundo Império deixava escapar a sua falência, subjugado pelo espírito das campanhas abolicionista e republicana, que se acentuam a partir de 1870.
É nesse contexto que Inglês de Sousa escreve seus Contos amazônicos, publicados em 1893. Os contos são como capítulos seriados de um romance que situa e constrói a região amazônica aos olhos do leitor e em que o exótico é aos poucos transfigurado, transformando-se na coisa como ela é."Contos Amazônicos", do paraense Inglês de Sousa, respeita esses preceitos, destacando-se na literatura nacional pelo que representou no naturalismo de língua portuguesa. As nove histórias que compõem a obra mostram o vigor lingüístico do autor, dosando ficção com o relato descritivo e, portanto real, de uma das regiões do País mais suscetíveis a lendas e estórias — a Amazônia.
Nos contos de Inglês de Sousa há umarequintada elaboração estilística, em termos de linguagem literária, também cabe observar o brilhantismo com que Inglês de Souza maneja o gênero conto. Em especial aqueles que se situam no terreno da literatura fantástica, como "A feiticeira", "Acauã", "Amor de Maria" e "O baile do judeu", além de "O gado do Valha-me Deus". 
Em todos eles, o autor soube elaborar literariamente personagens e situações sobrenaturais extraídas do folclore ou do imaginário popular regional, criando narrativas que, além do final surpreendente, têm um clima denso e assustador.
Mas também têm o mesmo impacto os outros contos do livro, que abordam temas ligados à história do Brasil e denunciam o descaso do governo nacional, do Império e da primeira República, com a região amazônica. "O voluntário", por exemplo, revela como eram recrutados "a pau e corda" os "voluntários da pátria" durante a Guerra do Paraguai
Em "Contos Amazônicos", o naturalismo aproxima os textos de Sousa, quase crônicas da selva, de um enfoque jornalístico ou histórico. A literatura sai ganhando com as descrições minutas do cenário principal, a floresta, e com o vocabulário regional. "Contos Amazônicos" recupera a imagem da luta do homem com o meio selvagem, somando-se a isso os embates sociais e políticos do final do século XIX . O compromisso de Inglês de Sousa, que também ocupou cargos públicos, é com a realidade, daí o realismo naturalista pulsante em seus textos, uma homenagem à região em que nasceu e viveu antes de mudar-se para São Paulo.
ASPECTOS REALISTAS-NATURALISTAS NA OBRA DE INGLÊS DE SOUSA
Leitura socioantropológica de Inglês de Souza nos permite constatar a acuidade científica que o escritor empregou ao descrever seus enredos, com informações precisas sobre as vilas, as populações, os costumes, as tradições, as disputas políticas, a exploração dos trabalhadores e o meio ambiente, entre outros temas amazônicos. Seus livros permitem
reconstituir minuciosamente a vida em cidades paraenses como Óbidos, Faro e Alenquer, na segunda metade do século XIX, quando a economia era baseada no cultivo do cacau e na
pesca do pirarucu. Inglês de Sousa é um realista sóbrio, ele não está determinando a questão patológica que vai ser a grande característica do Naturalismo. E um Realismo sóbrio, não forçado, natural.
A produção de Inglês de Sousa se distingue dos romances do Naturalismo clássico, pois não trata tanto da descrição do ambiente/ cenário, mas, fundamentalmente, da reconstituição, reconstrução, recriação do modo de vida dos ribeirinhos do Rio Amazonas.
o regionalismo apresenta-se de forma mais documental sobre as diversidades regionais, revelando novos dados da realidade nacional.
Características marcantes também do realismo-naturalismo é que os contos ficam próximos da reportagens, como se fosse um inquérito sobre a natureza e o homem; a narrativa é lenta, passa pelos lugares, analisa a vida em sua monotonia, sua morosidade, a sondagem psicológica do homem como um joguete do determinismo estes traços são bem marcantes na obra de Inglês de Sousa "Contos Amazônicos"
Fontes:
SOUSA, Inglês de. O missionário.  3 ed. São Paulo: Ática, 1987 
http://educacao.uol.com.br/biografias/ingles-de-sousa.jhtm
 http://educacao.uol.com.br/biografias/ingles-de-sousa.jhtm
http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira08/noticias8/noticia8.htm

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