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Resumo Aula 23 e 24 - Prof Andre Estefam - D Processual Penal

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Magistratura e MP 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Processual Penal 
 Professor: Andre Estefam 
Aulas: 05 e 06 | Data: 04/04/2016 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
AÇÃO PENAL 
1. Conceito 
2. Classificação 
3. Ação Penal Pública (cont.) 
 
 
AÇÃO PENAL 
 
Em nossa última aula iniciamos o estudo da ação penal e vimos os seguintes pontos: 
 
1. Conceitodireito subjetivo público de exigir do Estado-Juiz a aplicação do Direito Penal objetivo a um fato 
concreto. 
2. Classificação  a ação penal pode ser: 
2.1. Pública  cuja iniciativa compete ao MP; 
2.2. Privada  cuja iniciativa compete ao ofendido, seu representante legal ou, na falta da vítima, ao CADI. 
 
2.1. A ação penal pública subdivide-se em: 
 Incondicionada (seu exercício não depende da autorização de terceiros), 
 Condicionada (para exercer, o MP precisa de autorização de terceiros). Pode ser condicionada: 
- à representação do ofendido ou 
- à requisição do Ministro de Justiça. 
 
2.2. A ação penal privada subdivide-se em: 
 Privativa do ofendido ou exclusivamente privada: somente se procedem mediante queixa. Esta ação admite 
sucessão por morte ou ausência - o CADI (cônjuge, companheiro, ascendente, descente e irmão); 
 Personalíssima: somente mediante queixa do ofendido (só há um único crime – art. 236, do CP); 
 Subsidiária da pública. (falaremos em aula futura) 
 
Para se estabelecer a natureza da ação penal, deve-se observar duas regras fundamentais: art. 100, CP, art. 24, 
parágrafo 2º do CP, bem como a súmula 714 do STF (construção dos tribunais que se refere à dupla titularidade 
para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções) 
- Oferecer queixa contra o autor da ofensa 
- Representação ao MP para que ele oferece a denúncia. 
 
Atenção: Prazo decadencial de 6 meses para apresentação da queixa e da representação. 
 
A ação também será pública incondicionada quando a vítima do crime for União, Estado, Município ou DF. 
 
 
3. Ação penal pública 
 
 
 
 
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 Titularidade: MP (CF, art. 129, I) 
 
CF/88 - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
 Princípios 
1. Obrigatoriedade e da legalidade 
- Art. 24, caput, CPP. 
Presentes os requisitos legais, o MP tem o dever de propor a ação penal pública. Havendo prova de materialidade 
e indícios de autoria, deve o MP ajuizar a ação. 
Exceções: 
a) Funda-se na Lei 9099/95 – art. 76- que trata da transação pena (cabível nas infrações de menor potencial 
ofensivo = contravenções e crimes cuja pena máxima não exceda 2 anos). 
Adotou-se aqui o princípio da oportunidade regradas (pautadas pelas regras do art. 76) ou discricionariedade 
regrada. 
b) Lei do crime organizado – Lei 12.850/13- art. 4º, parágrafo 4º - trata da possibilidade do MP oferecer denúncia 
por conta de uma colaboração premiada (desde que o colaborador não seja o líder). 
 
CPP - Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por 
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, 
de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido 
ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 
Lei 9099/95 - Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime 
de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de 
arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação 
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na 
proposta. 
 § 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz 
poderá reduzi-la até a metade. 
 § 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
 I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, 
à pena privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
 II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco 
anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste 
artigo; 
 III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
ser necessária e suficiente a adoção da medida. 
 § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será 
submetida à apreciação do Juiz. 
 § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor 
da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que 
não importará em reincidência, sendo registrada apenas para impedir 
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos. 
 § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação 
referida no art. 82 desta Lei. 
 
 
 
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 § 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não 
constará de certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins 
previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos 
interessados propor ação cabível no juízo cível. 
Lei 12.850/13- Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, 
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena 
privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele 
que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e 
com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou 
mais dos seguintes resultados: 
§ 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá 
deixar de oferecer denúncia se o colaborador: 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste 
artigo. 
 
2. Princípio da indisponibilidade ou indesistibilidade 
O MP não pode dispor da ação penal (art. 42) ou do recurso interposto (art. 576). 
Desistência ou abandono = é a falta de manifestação. Diante dessa, deve-se aplicar o art. 28 CPP. 
Exceção a este princípio: Art. 89, da Lei 9099/95 – suspensão condicional de processo – Nos casos em que 
é cabível, o MP faz uma proposta de suspensão do processo, que se aceita pelo advogado, o processo fica 
suspenso. É o princípio da disponibilidade regrada. 
Eistem regras a ser observadas, tanto no art. 89 como no 76, se o MP deixar de formular o pedido, o 
Magistrado, entendendo cabível, deve aplicar o art. 28, CPP. Neste Sentido, súmula 696, STF. 
 
CPP – Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de 
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito 
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de 
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do 
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério 
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, 
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
 Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal. 
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso 
que haja interposto. 
 
Lei 9099/95 - Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima 
cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por 
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá 
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde 
que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que 
 
 
 
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autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código 
Penal). 
 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na 
presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender 
o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as 
seguintes condições: 
 I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 II - proibição de freqüentar determinados lugares; 
 III- proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem 
autorização do Juiz; 
 IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, 
mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
 § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que fica 
subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à 
situação pessoal do acusado. 
 § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o 
beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não 
efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. 
 § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a 
ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou 
descumprir qualquer outra condição imposta. 
 § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará 
extinta a punibilidade. 
 § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão 
do processo. 
 § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste 
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. 
 
SÚMULA 696, STF 
REUNIDOS OS PRESSUPOSTOS LEGAIS PERMISSIVOS DA 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO, MAS SE RECUSANDO 
O PROMOTOR DE JUSTIÇA A PROPÔ-LA, O JUIZ, DISSENTINDO, 
REMETERÁ A QUESTÃO AO PROCURADOR-GERAL, APLICANDO-
SE POR ANALOGIA O ART. 28 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
 
 
3. Princípio da oficialidade 
O órgão encarregado de exercer a ação pública é oficial, ou seja, pertence ao Estado. 
 
4. Princípio da intranscendência 
A ação só pode ser movida em favor dos supostos sujeitos ativos da infração, nunca contra seus 
sucessores. 
 
 
 
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Decorre do princípio da personalidade da pena: pena não passará da pessoa  CF, art. 5º, XLV. Além 
disso, há o art 107, I, CP que diz que a morte é causa de extinção da punibilidade. 
 
CF/88 - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo 
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de 
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra 
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
 
CP - Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 I - pela morte do agente; 
 
5. Princípio da indivisibilidade ou divisibilidade? 
A discussão decorre do princípio da obrigatoriedade. 
Sendo o exercício da ação pública um dever, não é dado ao MP escolher a quem processar. Presentes os requisitos 
legais, portanto, o MP deve incluir todos no polo passivo da denúncia 
STJ e STF adotam a nomenclatura “princípio da indivisibilidade”. 
 Espécies de ação penal pública 
1. Incondicionada 
Seu exercício não depende da autorização de terceiros. 
Ex.: Lesão corporal leve em situação de violência doméstica contra a mulher é crime de ação penal pública 
incondicionada (ADI 4424 e ADC 19) 
 
EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: ADI 4424 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Relator: MIN. MARCO AURÉLIO 
Julgamento: 09.02.2012 
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação direta para, dando 
interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza 
incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a extensão desta, praticado contra a 
mulher no ambiente doméstico, contra o voto do Senhor Ministro Cezar Peluso (Presidente). Falaram, pelo 
Ministério Público Federal (ADI 4424), o Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, Procurador-Geral da República; pela 
Advocacia-Geral da União, a Dra. Grace Maria Fernandes Mendonça, Secretária-Geral de Contencioso; pelo 
interessado (ADC 19), Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o Dr. Ophir Cavalcante Júnior e, pelo 
interessado (ADI 4424), Congresso Nacional, o Dr. Alberto Cascais, Advogado-Geral do Senado. Plenário, 
09.02.2012. 
 
 
 
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EMENTA 
Dados Gerais 
Processo: ADC 19 DF 
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO 
Julgamento: 19/12/2010 
Publicação: DJe-021 DIVULG 01/02/2011 PUBLIC 02/02/2011 
Decisão: PROCESSO OBJETIVO INTERVENÇÃO DE TERCEIRO LEI MARIA DA PENHA SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
DIREITO PÚBLICO/SBDP RELEVÂNCIA NÃO DEMONSTRADA INDEFERIMENTO.1. A Assessoria prestou as seguintes 
informações:A Sociedade Brasileira de Direito Público SBDP, em petição subscrita por profissionais da advocacia, 
requer seja admitida na qualidade de terceiro, no processo em referência, ante a relevância da matéria discussão 
da Lei Maria da Penha , sendo-lhe aberta a oportunidade para a realização de sustentação oral, quando do 
julgamento da mencionada ação declaratória de constitucionalidade. Tece considerações quanto mérito e 
apresenta, entre outros documentos, cópias do instrumento de mandato, do estatuto social e da ata de eleição da 
Diretoria, dela constando o nome do subscritor da procuração.Aduz ter interesse na matéria tendo em vista tratar-
se de entidade que tem como objetivo a associação de especialistas, brasileiros e estrangeiros, na área do direito 
público e ciências afins, visando à pesquisa e ao estudo multidisciplinar dos ramos do direito bem como sua 
divulgação e aprimoramento, através de cursos, seminários, congressos e publicações.Em 21 de dezembro de 2007, 
Vossa Excelência indeferiu a medida acauteladora pleiteada.O processo encontra-se concluso, com parecer da 
Procuradoria Geral da República.2. O fato de a requerente dedicar-se à área do Direito Público e ciências afins, 
visando à pesquisa e ao estudo multidisciplinar dos ramos do Direito, não gera a relevância de ouvi-la neste 
processo. Já foram admitidos como terceiros o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Themis 
Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, Ipê Instituto para a Promoção da Equidade, o Instituto Antígona e o 
Instituto Brasileiro de Direito de Família IBDFAM. Há, portanto, diversos segmentos da sociedade a atuarem na 
espécie.3. Indefiro o pedido.4. Devolvam à requerente as peças apresentadas.5. Publiquem.Brasília residência , 19 
de dezembro de 2010, às 10h20.Ministro MARÇO AURÉLIORelator 
 
2. Condicionada 
Aquela cujo exercício depende da autorização de terceiros. Divide-se em: 
 
2.1. Representação do ofendido 
Depende de representação da vítima/sujeito passivo. Se incapaz, por seu representante legal. Se falecido, pelo CADI 
(cônjuge, ascendente, descendente, irmão). Representação é a manifestação de vontade no sentido de ver o agente 
processado. Não apresenta qualquer rigor formal. 
 
Para o STJ o comparecimento espontâneo da vítima à delegacia de polícia para noticiar o fato, configura 
representação. 
A representação sujeita-se ao prazo decadencial de 6 meses contados do conhecimento da autoria delitiva. 
 
O prazo decadencial é um prezo fatal e peremptório (não se suspende nem se interrompe). 
Se a vítima for incapaz, cabe ao representante legal propor a ação. Quem é o representante? Para efeitos penais, 
representante penal é todo e qualquer responsável de fato pelo menor. 
 
Como resolver a situação em que se verifica um conflito de interesses entre o incapaz e o representante legal? 
A solução está no texto da lei, art. 33 CPP – havendo estre conflito de interesses entre o representante e a vítima, 
cabe ao juiz de direito, ao tomar conhecimento do fato, nomear um curador especial para oferecer a representação. 
 
 
 
 
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CPP - Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente 
enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou 
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa 
poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a 
requerimentodo Ministério Público, pelo juiz competente para o 
processo penal. 
 
Observações: 
a) A representação pode ser verbal ou escrita. Se verbal deverá ser reduzida a termo. 
b) Pode ser pessoal ou elaborada por procurador com poderes especiais. 
c) Não possui rigor formal 
d) Admite retratação até o oferecimento da denúncia ou queixa 
Obs.: Na lei maria da Penha, a retratação deve ser confirmada em juízo em audiência especialmente (a lesão 
dolosa leve é pública incondicionada. Para as demais condutas, será condicionada). (Lei 11343/06 – art. 16) 
e) Cabe retratação da retração (majoritária) 
Só é possível desde que não transcorrido o prazo decadencial. 
f) Eficácia objetiva da representação 
A representação em face de um dos agentes autoriza o MP a processar todos. 
 
Lei 11340/06- Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à 
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a 
renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente 
designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e 
ouvido o Ministério Público. 
 
2.2. Ação penal pública condicionada a requisição do ministro de justiça 
Exemplos: 
a) Art. 7º, parágrafo 3º, CPP 
b) Art. 145 – contra a honra do Presidente 
 
CPP - Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições 
previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
 Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede 
mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência 
resulta lesão corporal. 
 Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da 
Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e 
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo 
artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. 
(Redação dada pela Lei nº 12.033. de 2009) 
 
 
 
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Por que há estas previsões? 
Pois são casos em que a conveniência política em instaurar a persecução penal se sobrepõe ao interesse na punição 
do fato. 
 
Questões que ficaram em aberto: prazo, caráter vinculatório e retratabilidade. Sobre estas questões, lei não se 
manifesta. Como proceder? 
- Prazo: a requisição não tem prazo, mas tem que ser observado o limite, que é a extinção da punibilidade. 
- Caráter vinculatório: não tem caráter vinculado, podendo o MP solicitar o arquivamento. Isso decorre do princípio 
da independência funcional (art. 127, CF). 
- Admite retratação? Prevalece amplamente em doutrina que sim, por analogia ao art. 25 do CPP (retratação da 
representação) até o oferecimento da denúncia. 
 
CF/88 - Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, 
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da 
ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. 
§ 1º - São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional. 
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e 
administrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao 
Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços 
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas 
e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá 
sobre sua organização e funcionamento. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta orçamentária dentro 
dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. 
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva proposta 
orçamentária dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes 
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de 
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores aprovados 
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites 
estipulados na forma do § 3º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este artigo for 
encaminhada em desacordo com os limites estipulados na forma do § 
3º, o Poder Executivo procederá aos ajustes necessários para fins de 
consolidação da proposta orçamentária anual. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 6º Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver 
a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem 
os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se 
previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos 
suplementares ou especiais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
45, de 2004) 
 
 
 
 
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CPP - Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes 
especiais. 
 
 
DENUNCIA 
É a petição inicial dos crimes de ação pública. 
 
Requisitos da denuncia 
No CPP estes requisitos estão apontados no art. 41 do CPP – mas esta fala da essência, aquilo que é fundamental 
para que a denúncia seja apta a ser recebida. 
- Art. 319, CPC/15 – requisitos da petição inicial 
 
Art. 41, CPP +CPC, 319 
 
CPC /15 - Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, 
a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou 
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o 
domicílio e a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de 
conciliação ou de mediação. 
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá 
o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua 
obtenção. 
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de 
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao 
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações 
tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 
 
CPP - Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado 
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação 
do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
1. Exposição do fato criminoso e de suas circunstâncias. 
Deve conter uma descrição enxuta, porém clara. Não precisa trazer os elementos supérfluos. 
Inepta é a denúncia cujo defeito compromete o exercício do direito de defesa. 
Havendo inépcia será caso de rejeição da denúncia com base no art. 395, CPP.. 
Deve descrever o fato criminoso e depois suas circunstâncias. 
O fato criminoso deve ser narrado com todas as elementares do tipo penal. 
 
 
 
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CPP - Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação 
dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação 
penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei 
nº 11.719, de 2008). 
Parágrafo único. (Revogado). (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
Além daselementares, não é necessário descrever a ausência de causas de atipicidade. 
Se narrar a conduta típica, já haverá indícios de ilicitude. 
Circunstâncias: 
Quando falamos de circunstancias, estamos falando dos dados acessórios da figura típica. 
Exemplo de circunstâncias: 
- Qualificadoras / Privilégios 
- Causas de aumento/diminuição 
- Agravantes/atenuantes 
- Circunstâncias judiciais. 
 
MP precisa descrever todas as circunstâncias na denúncia? 
Se não descrever, o juiz fica impedido de reconhecê-las na sentença, mas quais? 
- Qualificadoras 
- Causas de aumento 
- Agravantes (apenas as objetivas – aquelas ligadas ao fato.) 
 Atenção – cuidado com o art. 385, CPP. O juiz só pode reconhecer agravante de ofício se não for ligada ao fato. 
Ex.: reincidência (doutrina e jurisp. Entendem que isso serve para resguardar a ampla defesa). 
 
CPP - Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir 
sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado 
pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma 
tenha sido alegada. 
 
Manuais de atuação: há previsão específica do manual de atuação do MP. 
 
Sugestão do professor: abra um parágrafo para cada agravante. 
 
Observações: 
a) Crime tentado- a inicial deve descrever todos os requisitos da tentativa, em especial, quais circunstâncias 
alheias a vontade do agente o impediram de consumar a infração 
b) Crime culposo - a denúncia deve indicar e descrever em qual modalidade de culpa o agente incorreu. 
c) Concurso de pessoas: a inicial deve narrar a conduta de cada um dos acusados, viabilizando que todos se 
defendam. 
Não se tolera na jurisprudência a chamada “denuncia genérica” – aquela em que o MP ao narrar o fato, elabora a 
narrativa sem indicar o que cada um fez. 
A denúncia genérica ainda tolerada pela jurisprudência majoritária é admitida em: 
- Delitos societários 
- Delitos multitudinários. 
 
 
 
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No curso da ação, no entanto, é necessário provar o que cada um fez. 
d) Responsabilidade penal da pessoa jurídica 
Quando? Crimes ambientais (lei 9605/98) 
Há uma teoria chamada da dupla imputação que sustenta que a acusação deve sempre incluir no polo passivo 
alguma pessoa física corresponsável. Essa teoria foi adotada por anos pelo STJ. STF, no entanto, entende que essa 
teoria não foi adotada no direito brasileiro. 
e) Desacato e injuria 
Desacato – em regra é por ação púbica 
São, em geral, praticadas de forma verbal. Como fazer na denúncia? 
A inicial deve transcrever literalmente as expressões ofensivas. 
f) Denúncia alternativa - é possível? Veremos a próxima aula!

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