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PEÇA TIBURCIO

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QUESTÕES:
1) Fase Pré-processual
2) Calunia e Injúria
3) Sumarissimo
4) Ofensa a honra subjetiva
5) Juizado Especial Criminal
6) QUEIXA-CRIME
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DO FORO DE....
Tibúrcio, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador da cédula de identidade R.G. nº xxxxx e inscrito no CPF/MF nº xxxxxx, por intermédio de seu advogado e bastante procurador que esta subscreve, procuração anexa, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 30 do Código de Processo Penal e artigo 100, parágrafo 2º do Código Penal, propor a presente QUEIXA-CRIME, em face de Epaminondas, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador da cédula de identidade R.G. nº xxxxx e inscrito no CPF/MF nº xxxxxx,, (endereço), pelos motivos que a seguir passa a expor:
DA COMPETÊNCIA
No tocante à competência deste juízo para tratar do feito, se faz necessário discorrer, brevemente, sobre a competência do Juizado Especial Criminal nos crimes de Ação Penal Privada. 
É de competência do Juizado Especial Criminal o julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo, consideradas aquelas cuja pena máxima não excede 02 (dois) anos, conforme artigo 60 e artigo 61, caput, da lei 9.099/1995.
No presente caso, verifica-se que o Querelado pode ter incidido nas penas relativas aos delitos de calúnia e injúria, em concurso material, tipificados, respectivamente nos artigos 138 e 140, cumulado com o artigo 69, ambos do Código Penal brasileiro. Pois imputou falsamente ao Querelante, fato definido como crime, além de ter proferido expressões ofensivas a sua honra e integridade moral. 
Da breve leitura do artigo 69 do Código Penal, percebe-se que nesses casos, as penas são aplicadas cumulativamente, in verbis: 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Nesse sentido, verifica-se que a soma das penas cominadas nos artigos 138 e 140 do Código Penal, é suficiente para afastar a competência do Juizado Especial Criminal. 
DOS FATOS
O querelante, na data de 15/01/20, por volta das 21:00 horas, encontrava-se conversando com o Sr. José, proprietário de um bar localizado ao lado da casa de Maria. Neste ínterim, Epaminondas, vizinho de Maria, entrou com seu carro, notando a presença de Tibúrcio e do Sr. José. 
No dia seguinte, Maria constatou que alguém furtou seu televisor de plasma 45 polegadas e a porta de sua residência fora danificada. Imediatamente, Epaminondas interpelou o Sr. José, afirmando ter absoluta certeza de que o autor do referido furto era Tibúrcio, uma vez que este fora presidiário. 
Falou ainda, que Tibúrcio era um negro fedorento, judeu safado, baiano vagabundo na presença de dois morados do bairro. 
O Sr. José ainda procurou alertar Epaminondas, dizendo-lhe que esta era uma afirmação muitíssimo grave assim como os insultos dada a falta de certeza do que estava dizendo. No entanto, o mesmo insistiu em assegurar que Tibúrcio praticou o aludido fato criminoso. 
Diante disso, o Sr. José, após alertar Epaminondas por diversas vezes acerca da improcedência de tal imputação, mostrou-lhe a residência de Tibúrcio. Epaminondas de posse desta informação, acionou a força policial. 
Por volta das 6 horas da manhã do dia 17/01 do corrente ano, Tibúrcio ao sair de casa para trabalhar, fora abordado por dois policiais que o conduziram até o prédio onde reside Epaminondas. Este reafirmou, diante dos policiais, ter sido Tibúrcio o autor do fato criminoso.
Desta feita, o Tibúrcio foi conduzido até a Delegacia Central de Polícia do Bairro Xaxim desta capital e para prestar informações, permanecendo algemado até aproximadamente às 12 horas, quando foi liberado. Pois durante o plantão fora preso um suspeito que portava vários objetos: televisor, dvd, rádios, celulares e eis que o televisor de plasma era a de Maria.
 
DO DIREITO
DA CALÚNIA
O tipo penal está disposto no artigo 138, in verbis: 
Artigo 138: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (anos), e multa.
Para caracterização do crime de Calúnia o agente não necessariamente precisa ter consciência de que são falsas as suas afirmações, basta que haja incerteza da autoria, para que este assuma os riscos decorrentes da ofensa à integridade moral alheia. 
O elemento subjetivo específico no crime de calúnia, qual seja, a vontade de atingir a honra objetiva da vítima, atribuindo-lhe falsamente fato definido como crime. 
No momento em que o Querelado, acusa o Querelante de ter efetuado o furto do televisor de Maria, o que não condiz com a verdade, este praticou o crime de calúnia, uma vez que imputou falsamente e sem provas do ocorrido. 
	
DA INJÚRIA
O tipo penal está disposto no artigo 138, in verbis: 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
	O crime em questão é configurado pela ofensa a honra subjetiva do sujeito passivo. Distingue-se da calúnia porque, ao contrário desta, não há necessidade de que o agente atribua fato à vítima, bem como é indiferente que a imputação seja verdadeira ou não, ou esteja definida como crime. Aqui se faz desnecessária à configuração do fato.
Frisa-se destacar que a honra subjetiva é constituída pelos atributos morais (dignidade) ou físicos, intelectuais, sociais (decoro) pessoas de cada indivíduo, contribuindo para a degradação de seu pareço próprio. 
A honra subjetiva engloba a dignidade moral, a dignidade profissional, dignidade intelectual etc. O decoro é a expressão da dignidade pessoal, uma projeção da personalidade em relação ao meio social em que o indivíduo vive, enquanto a dignidade se refere à honorabilidade pessoal. 
Entendemos que ao proferir a frase: “NEGRO FEDORENTO! JUDEU SAFADO! BAIANO VAGABUNDO! ” como narrado nos fatos e testemunhado por moradores, o Querelado atingiu a hora subjetiva (o prestígio que ele tem de si mesmo) do QUERELANTE.
DO CONCURSO MATERIAL
	No caso em tela, o querelado mediante pluralidade de conduta, praticou uma pluralidade de crimes: 
A) Calúnia
B) Injúria 
É notório que os dois crimes, ora analisados, não são da mesma espécie. Assim, ocorrerá a incidência do concurso material previsto no supracitado artigo 69 do Código penal, onde preconiza que os delitos praticados devem ser somados.
DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto, requer-se que:
01 - Que Vossa Excelência se digne receber a presente QUEIXA-CRIME, procedendo-se a citação do querelado, para que venha perante esse respeitável Juízo responder aos termos da presente AÇÃO PENAL;
02 – Abertura de vista ao Ministério Público;
03 - Que ao final, o querelado seja condenado nos termos do artigo 138 e 140 do Código Penal, bem como pagar honorários de advogado, custas e despesas processuais.
 DAS PROVAS 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente pela oitiva de testemunhas, que abaixo indica, devendo as mesmas serem intimadas nos endereços informados e na forma da lei, juntada de novos documentos.
 
Nestes termos, 
Pede e espera a CONDENAÇÃO DO QUERELADO.
 
(Local, data, ano)
 
Advogado / OAB
Assinatura do querelante
Rol de Testemunhas (qualificação e endereço)

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