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SUZANA GONZAGA DA SILVA ATUALIZAÇÃO PEDAGÓGICA ESPORTES DE RAQUETE PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO A expansão do Ensino Técnico no Brasil, fator importante para melhoria de nossos recursos humanos, é um dos pilares do desenvolvimento do País. Esse objetivo, dos governos esta- duais e federal, visa à melhoria da competitividade de nossos produtos e serviços, vis-à-vis com os dos países com os quais mantemos relações comerciais. Em São Paulo, nos últimos anos, o governo estadual tem investido de forma contínua na ampliação e melhoria da sua rede de escolas técnicas – Etecs e Classes Descentralizadas (fruto de parcerias com a Secretaria Estadual de Educação e com Prefeituras). Esse esforço fez com que, de agosto de 2008 a 2011, as matrículas do Ensino Técnico (concomitante, subsequente e integrado, presencial e a distância) evoluíssem de 92.578 para 162.105. Em 2018 foram registradas 435.004 inscrições para 119.891 vagas em cursos para os períodos da manhã, tarde, noite e integral. A garantia da boa qualidade da educação profissional desses milhares de jovens e de trabalhadores requer investimentos em reformas, instalações, laboratórios, material didático e, principalmente, atualização técnica e pe- dagógica de professores e gestores escolares. A parceria do Governo Federal com o Estado de São Paulo, firmada por intermédio do Programa Brasil Profissionalizado, é um apoio significativo para que a oferta pública de Ensino Técnico em São Paulo cresça com a qualidade atual e possa contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Estado e, consequentemente, do País. Almério Melquíades de Araújo Coordenador do Ensino Médio e Técnico Projeto de formação continuada de professores da educação profissional do Programa Brasil Profissionalizado - Centro Paula Souza - Setec/MEC CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA Diretora Superintendente Laura Laganá Vice-Diretor Superintendente Emilena Lorezon Bianco Chefe de Gabinete da Superintendência Armando Natal Maurício, respondendo pelo expediente REALIZAÇÃO Unidade do Ensino Médio e Técnico Coordenador Almério Melquíades de Araújo Centro de Capacitação Técnica, Pedagógica e de Gestão - Cetec Capacitações Responsável Lucília dos Anjos Felgueiras Guerra Responsável Brasil Profissionalizado Silvana Maria Brenha Ribeiro Professora Coordenadora de Projetos Talita Miranda Parecer Técnico Marcelo Ferreira Lima Revisão de Texto Leonor de Fátima Bueno Wanderley Projeto Gráfico e diagramação Diego Santos APRESENTAÇÃO A atividade física auxilia na ampliação do conhecimento motor, cognitivo e sociocultural, além de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos e estar presente nas escolas, clubes, hotéis e acampamentos. Para que se torne algo atrativo, os profissionais que trabalham nesses locais necessitam de ativida- des inovadoras, que chamem a atenção do público para a prática. Diante desse desafio, a capacitação “Esportes de Raquete” traz novos olha- res para esportes que, muitas vezes, são chamados de “elitizados” e com os quais as pessoas não teriam tanto contato. O material foi elaborado pela professora Suzana Gonzaga da Silva, formada na Escola de Educação Física da Universidade do Estado de São Paulo e treinadora nacional da Confederação Brasileira de Tênis. A proposta é abordar alguns esportes de raquete como o tênis de campo, badminton, tênis de mesa e tênis de praia (ou beach tennis), e estruturar um planejamento de atividades em cada uma das modalidades citadas e realizar a construção dos equipamentos com material alternativo para a prática. Esperamos que o conteúdo seja proveitoso, estimulante e que os esportes de raquete possam aperfeiçoar ainda mais suas aulas. Aproveite o material! Um grande abraço Talita Miranda Coordenadora de Projetos – Educação Física Cetec - 2019 SUMÁRIO Introdução e conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Conhecendo os esportes de raquete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Tênis de campo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Badminton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Tênis de mesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Tênis de praia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Estrutura geral de planejamento de atividades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Dez princípios de sucesso para aulas de esportes de raquete no contexto escolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Progressões para o ensino do tênis: considerações iniciais . . . . . . . . . . . . . 42 O ensino dos golpes por progressões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Oficinas ou circuito de habilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Jogos e brincadeiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Modelos de planejamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 Avaliações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Ilustrações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 11 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Esta autora foi uma atleta de alto rendimento no tênis de campo, trazen- do muitos títulos nacionais e internacionais para o Estado de São Paulo nos anos 70 e 80. Devido ao supertreinamento e excesso de competições na tenra idade, abandonou a prática do esporte durante sua graduação em Educação Física na Universidade de São Paulo, e só voltou a praticá-lo no último ano de faculdade. Uma crise que parecia interminável com a questão da competição foi o trampolim para a busca de leituras que pudessem explicar o jogo, que justificassem sua existência em nossas vidas, que explicassem como ele pode ser útil em nosso desenvolvimento - além do puro entretenimen- to. Essas leituras trouxeram muitos insights e a vontade de utilizar o tênis como ferramenta educativa, que continua vigorosa até os dias de hoje. Os esportes de raquete que iremos aprender aqui oferecem aos professo- res de Educação Física a oportunidade de mesclar dinâmicas cooperati- vas e de oposição para meninos e meninas conjuntamente, pois não há o contato físico direto. A falta de material esportivo e de espaço de quadras oficiais não serão empecilhos: tudo pode ser adaptado com materiais re- ciclados, em espaços tão pequenos como 15 X 10 m. Ao elaborarmos um programa escolar de Educação Física, é importante que tenhamos refletido um pouco sobre as perguntas: “a quem se desti- na o programa?”, “em que contexto social esses alunos estão inseridos?”, “para que desenvolverei determinada modalidade, e não outra”, “o que pretendo alcançar?”, entre outras. A autora concorda com Oberteuffer e Ulrich, quando dizem que “para a Educação Física, o fato mais importante da natureza humana é a unidade do ser. É possível falar-se de ‘mente’, ‘corpo’, ‘alma’, mas esses aspectos da vida somente têm significado ao se interrelacionarem ou se ligarem à integralidade do homem”. (1) Como educadores físicos que somos, é importante que possamos en- tender nosso papel na formação desse ser integral através da atividade psicomotora. Mas, também precisamos enfrentar a realidade dos tempos atuais: a atividade física de crianças e jovens caiu de modo assustador. INTRODUÇÃO E CONCEITO 12 E S P O R T E S DE R A Q U E T E De acordo com uma revisão de artigos nacionais e internacionais feita so- bre sedentarismo em adolescentes ainda em 2007 (2), o número de ado- lescentes sedentários já era alarmante de norte a sul do Brasil. No estudo de Silva et al., 93,5% dos estudantes da cidade de Maceió foram classifica- dos como sedentários. Em adolescentes de 11 anos de idade, pertencen- tes à Corte de Nascimentos de 1993, da Cidade de Pelotas, RS, Hallal et al. encontraram um percentual de sedentarismo de 58%. Que desafios temos então? Queremos ampliar o “cardápio” de atividades psicomotoras que possam trabalhar o ser integral, para podermos envol- ver cada vez mais crianças e jovens no universo do jogo “olho no olho” e do movimento. A criança e o jovem precisam de um jogo para chamar de seu, pois, segundo Jean Chateau, “... é pelo jogo, pelo brinquedo, que crescem a alma e a inteligência”. (...) Uma criança que não sabe brincar, (...) será um adulto que não saberá pensar.” (3) Trazer crianças e jovens para o jogo se justifica, então, não apenas pelo aspecto da saúde pública propagado pela Organização Mundial da Saúde (4), mas também pelo aspecto formativo. Resolução de problemas, auto- conhecimento, respeito, paciência, cooperação, inteligência interpessoal, superação e autoestima: tantas competências e valores podem ser desen- volvidos através de jogos que envolvem movimento! Conhecer o Plano Político Pedagógico (PPP) de sua escola, o entorno no qual está inserida, as características de desenvolvimento e crescimento de seus alunos, e as competências estimuladas através dos esportes de raquete (tênis, badminton, tênis de mesa e vôlei de praia) é fundamental para organizar um programa de aulas que estimule a atividade física sau- dável dentro e fora dos muros escolares, que possa engajar seus alunos à prática da atividade física durante toda a vida. As modalidades de raquete precisam “conversar” com os princípios peda- gógicos da escola, com suas crenças e valores, e apresentar um projeto de melhoras almejadas pela comunidade. Outro ponto importante ao apre- sentar essas modalidades às crianças e jovens, despertando-as para dife- rentes possibilidades de movimento, é que o professor tenha condições de encaminhar seus alunos para a continuidade no esporte. É imperativo que o professor conheça os locais próximos da escola onde acontecem aulas e treinamentos das modalidades oferecidas nas aulas de Educação Física (equipamentos públicos, CEUs, SESCs, projetos sociais, entre outros). Traremos os esportes de raquete para as aulas de Educação Física das ETECs através de quatro eixos principais: 13 E S P O R T E S D E R A Q U E T E PREPARAÇÃO PARA A CIDADANIA Ainda de acordo com Oberteuffer e Ulrich, “a educação tem se interessa- do pelo desenvolvimento dos valores morais, éticos e espirituais, e tem tentado torná-los compatíveis com os objetivos sociais e valores perma- nentes importantes. (...) Como as estruturas sociais tornaram-se cada vez mais complexas, como o bem-estar de todos depende cada vez mais da compreensão de todos, a necessidade de princípios morais comuns tor- na-se mais imperativa”. (5) Que valores podemos trabalhar nas crianças e jovens através dos espor- tes de raquete? Os quatro esportes tratados nesta apostila foram criados pensando na prática de homens e mulheres conjuntamente, como vimos na introdução acima: todos têm uma rede que divide a quadra ao meio e impede o contato físico direto de seus praticantes. Tanto o tênis de campo como o tênis de mesa foram criados em castelos europeus durante a Idade Média, nos quais valores como respeito, gen- tileza e fairplay (jogo justo) eram muito importantes, e até hoje esses valores são entendidos como “marca registrada” dessas modalidades. A resiliência, que de acordo com Maria Angela Mattar Yunes “é frequen- temente referida por processos que explicam a ‘superação’ de crises e ad- versidades em indivíduos, grupos e organizações” (6), é uma competência cada vez mais discutida tanto nos meios acadêmicos como nos corpora- tivos e empresariais. Em nossos quatro esportes de raquete, os pratican- tes precisam se refazer mental, física e emocionalmente para o próximo ponto imediatamente após o término do anterior, que pode ter envolvido trocas de bola que chegam a viajar a mais de 200 km por hora. Os quatro esportes podem ser praticados nas categorias simples (um jo- gador de cada lado), em duplas (dois jogadores de cada lado, podendo ser dois homens, duas mulheres, ou um homem e uma mulher) e equi- pes, e nenhum praticante dessas quatro modalidades chega a um bom nível treinando sozinho: cooperação e empatia são fundamentais tan- to no processo de ensino e aprendizagem como no treinamento de alto rendimento. Outros valores inerentes à prática esportiva como disciplina, paciência, autonomia, garra e criatividade podem ser estimulados através desses esportes também. E você professor, que valores pensa em trabalhar com seus alunos? 14 E S P O R T E S D E R A Q U E T E PERCEPÇÃO DE COMPETÊNCIA PESSOAL O conhecimento do trabalho de Mestrado em Psicologia do Esporte do Prof. Ms. Eduardo Figueiredo, que foi tenista e é professor de tênis atual- mente, sobre percepção de competência pessoal (7), correlacionando-a com a prática de atividades físicas regulares e com o abandono do espor- te no alto rendimento, trouxe à atenção da autora uma das razões para crianças e jovens desistirem das atividades físicas. A psicóloga norte-americana Susan Harter (8) vem estudando, des- de 1985, como crianças e jovens se percebem, envolvendo cinco áreas: Competência Escolar ou Acadêmica, Competência Atlética, Competência Social, Aparência Física e Condutas de Comportamento, e seus estudos influenciaram o trabalho de Figueiredo e também tem influenciado enor- memente as ações pedagógicas da autora. Em nossa experiência, é muito importante que as crianças e jovens se per- cebam competentes para aprender as habilidades constituintes de um jogo e, assim, se interessarem em continuar praticando-o por mais tempo. Conseguimos isso oferecendo desafios adequados ao nível de habilidade deles, ou seja: nem muito difíceis, nem muito fáceis (desafio ótimo), e au- mentando progressivamente o nível de complexidade das tarefas O papel do professor/facilitador então é o de encontrar, numa mesma ta- refa, maneiras de deixá-la mais ou menos desafiadora, estimulando todos os jovens do grupo a se engajarem. Crianças e jovens adoram desafios! E você, professor, já teve uma experiência positiva de engajamento dos seus alunos através do desafio ótimo? 15 E S P O R T E S D E R A Q U E T E SUSTENTABILIDADE Como pensar nosso mundo de hoje sem refletir sobre sustentabilidade? E como pensar num país com poucos recursos públicos para o desenvol- vimento dos esportes, como o Brasil, sem esperar a liberação de verbas das prefeituras e governos estaduais para a compra de material esportivo? Em 2014, foi criado o Transforma, programa de educação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, que levou capacitações presenciais e virtuais para professores da rede pública, mostrando modalidades olím- picas pouco comuns nas escolas brasileiras, com a confecção de materiais esportivos alternativos, muitos feitos a partir de reciclados. As videoaulas produzidas então trazem muitos exemplos de como improvisar material esportivo para a prática de tênis e badminton (9), mas é simples adaptar para tênis de mesa e tênis de praia, como veremos na prática. Vários professores e alunos criativos brasileiros começaram a confeccionar seu próprio material partindo de materiais reciclados. Garrafas pet, emba- lagens tetrapack, boas de piscina de bolinhas, cabides de arame, meias de nylon velhas, caixas de papelão e palitos de churrasco, entre outros, se transformam em bolas, rede e raquetes para a iniciação esportiva e nin- guém tem mais a desculpa de falta de dinheiro para sair da velha fórmula“futebol para os meninos e queimada para as meninas”. E você professor, já improvisou material esportivo em sua prática? 16 E S P O R T E S D E R A Q U E T E INTERDISCIPLINARIDADE Em nossos cursos de esportes de raquete nas aulas escolares de Educação Física ou no contraturno escolar, sempre pensamos em como as modali- dades podem conversar com as disciplinas “de sala de aula”. Contagem (Matemática), confecção dos materiais de jogo (Artes), história da mo- dalidade (História e Geografia), termos específicos (Inglês e Português), são conteúdos que fazem parte dos programas ou blocos dos esportes de raquete, que podem agregar mais valor e dar mais sentido às práticas esportivas. Além da interdisciplinaridade, ao criar um ambiente de jogo completo, podemos atrair para a atividade mesmo alunos que tenham dificuldades motoras, ou desafios intelectuais e físicos, para os diferentes “papéis” en- volvidos numa determinada modalidade. No esporte tênis, por exemplo, podemos pensar nos papéis de “árbitro de cadeira” (que fala a contagem e faz com que se cumpram as regras do jogo), “árbitros de linha” (que veri- ficam se as bolas foram dentro ou fora: no tênis de campo profissional te- mos 10 pessoas cuidando disso!), de “coach” (que no caso de competições por equipes pode ficar dentro da quadra dando instruções), de “repórter” ou “comentarista”, etc. E você professor, já se valeu da interdisciplinaridade em suas aulas de Educação Física? Já inseriu seus alunos nas aulas contemplando a possibilidade dos diferentes papéis que envolvem uma partida de esporte de competição? 17 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Quais são os esportes de raquete que você conhece? Tênis de mesa e tênis de campo são os mais conhecidos no Brasil, ou eram, já que nas praias brasileiras o tênis de praia (beach tennis) tem sido uma verdadeira febre. Jogos como tamboréu (no qual uma bolinha é rebatida com um imple- mento que parece um pandeiro) e “raquetinha” (muito parecido com o tênis, mas as raquetes são feitas de madeira ou carbono, sem cordas) ocu- param nossas praias por muito tempo também, mas não chegaram a se organizar como esportes olímpicos. Badminton, squash e paddle são esportes praticados em quadras fecha- das, e não fazem tanto sucesso no Brasil como os três de tênis (campo, mesa e praia) devido ao nosso clima quente na maior parte do ano, mas possuem federações e torneios organizados em muitos centros urbanos brasileiros. O paddle, dentre os esportes praticados em espaços fechados, é o que mais cresce no Brasil atualmente, por ser o mais fácil de aprender e praticar. A prática dos esportes de rebater com regras organizadas e aumento de popularidade na Europa do século XVIII vem ao encontro da necessida- de dos nobres ingleses e franceses de terem jogos que não envolvessem contato físico direto, e que pudessem ser praticados conjuntamente por homens e mulheres. Não é coincidência que, com pouca distância de tempo e espaço, surgiram o tênis, o críquete, o golfe, o tênis de mesa e o badminton. Vamos conhecer um pouquinho da história, das regras principais e dos principais atletas brasileiros nas quatro modalidades escolhidas para este Curso de Capacitação. Além de chamar a atenção dos professores para a interdisciplinaridade possível, trabalhando a contextualização histórica e geográfica dos esportes, e também as línguas portuguesa e inglesa, pode ser interessante refletir aa respeito: CONHECENDO OS ESPORTES DE RAQUETE 18 E S P O R T E S D E R A Q U E T E 1. do processo coletivo de criação das regras de um jogo: por que vi- rar de lado, por que o tempo de descanso, para que o sorteio, entre tantas reflexões possíveis; 2. o processo moral de zelar pelo cumprimento das regras, para que o jogo possa acontecer e que o campeão realmente reflita o melhor jogador/time naquele momento; 3. das qualidades desenvolvidas pelos principais atletas brasileiros para a alta performance esportiva, em esportes pouco populares, como é o futebol, que portanto recebem menos apoio financeiro e estrutural para se desenvolverem; 4. em situações de jogos individuais, o que representa o adversário? precisamos odiá-lo para vencer? ou precisamos vencer dentro de nós para lidar com os desafios propostos pelos adversários? – entre outras reflexões possíveis. Tim Gallwey (10) ilumina essas questões tão importantes em seu livro “O Jogo Interior do Tênis”. Sua leitura pode trazer um novo olhar sobre o papel do adversário na vida dos praticantes de esportes individuais. 19 E S P O R T E S D E R A Q U E T E HISTÓRIA DA MODALIDADE Jogos de bola rebatida pela mão ou por apetrechos como pedaços de madeira têm divertido os seres humanos desde períodos pré-históricos. Durante o auge do Império Romano, perto do século III, praticava-se uma grande variedade de jogos com bola, sendo que pelo menos quatro des- ses jogos são identificáveis razoavelmente por desenhos e escritos e for- mam a base de alguns jogos utilizando raquetes como estes que tratare- mos neste curso. Figura1. Romanos - Reprodução do século XIX Os monges franceses praticavam nos monastérios do século XII jogos im- pulsionando a bola com as mãos num primeiro momento (Jeu de Paume). A palavra tenez em francês significa “segura”, ou “tenha cuidado, aí vai”, e era dita antes de um ponto ser inicia- do com o saque. A primeira vez que a palavra tennis foi escrita de forma le- gível foi em um poema inglês de 1399. Antes ainda, em 1380, um outro poeta inglês falava de personagens partici- pando de um jogo chamado “rackets”. É seguro afirmar que formas ances- trais do atual jogo de tênis eram bem conhecidas no século dezesseis, tanto em cortes francesas quanto inglesas. TÊNIS DE CAMPO 20 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Figura 2. O jogo antigo de tênis A seguir, apresentamos uma linha do tempo resumida do tênis. NO MUNDO Séc. XII e XIII - Jeu de Paume (jogo da palma da mão, no qual a bola era rebatida com a mão revestida por luvas). Séc. XV, XVI - Ao longo dos anos, raquetes foram introduzidas, surgindo jogos nos castelos europeus e monastérios chamados court tennis (joga- dos nos salões fechados), real tennis até o lawn tennis (jogado nos jardins gramados de castelos). Figura 3. Court tennis: desenho alemão do séc. XVIII 1875 - A proposta de patente do major inglês Walter Wingfield para o lawn tennis (tênis sobre a grama) foi aprovada em uma reunião pública em Londres em 25 de maio: esta é a data oficial da criação do esporte. 21 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Figura 4. Pintura de 1753, representando Guillaume Barcellon, construtor das quadras e bolas oficiais da corte de Luiz XV 1877 - Primeiro torneio de Wimbledon, jogado em grama, o torneio mais tradicio- nal do tênis que existe até hoje. 1880 - Iniciam-se torneios entre EUA e Inglaterra. 1896 - O tênis estreia nos Jogos Olímpicos. 1900 - Mulheres competiram nos Jogos Olímpicos de Paris. 1913 - Criação da Lawn Tennis Federation e uniformização das regras. 1924 - Esporte presente nos Jogos Olímpicos apenas como demonstração até este ano. 1968 - Voltou a ser demonstrado nas Olimpíadas do México. 1975 - Lawn saiu do nome da entidade, e deu início à International Tennis Federation. 1984 - Ainda participando como de- monstração nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. 1988 - Recolocado nos Jogos Olímpicos valendo medalhas em Seul. Figura 5. Kit de sphairistiké ou lawn tennis criado pelo Major Walter Wingfield em 1874 NO BRASIL Quando os ingleses vieram para o Brasil, no fim do século XIX, para atuar no pro- cesso de urbanização das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, trouxeram na bagagem raquetes e bolinhas para jogar tênis. As primeiras quadras das quais se tem notícia foram construídas em Niterói, no Rio Cricket Club, em 1888. 22 E S P O R T E S D E R A Q U E T E 1892 - Primeiras quadras construídas em solo paulistano, no SãoPaulo Athletic Club, fundado por imigrantes ingleses. 1898 - Alemães contribuem para a implantação do esporte no País, tanto em Porto Alegre como em São Paulo. 1904 - Primeiro torneio interclubes (cidade de São Paulo). 1913 - Primeiro campeonato estadual (estado de São Paulo). 1930 - Realização do primeiro campeonato aberto de tênis brasilei- ro, no Tênis Clube de Santos. 1932 - Brasil estreava na Copa Davis (o torneio mundial por equipes masculinas) com o melhor tenista brasileiro da época, Nelson Cruz, acompanhado de Ricardo Pernambucano. 1955 - Fundação da Confederação Brasileira de Tênis. 1958 - Primeiro título mundial brasileiro (Maria Esther Bueno, cam- peã de duplas femininas em Wimbledon). 1959 - Maria Esther atinge o topo do ranking mundial de simples. 2000 - Gustavo Kuerten atinge o topo do ranking mundial de simples. 2016 - Bruno Soares atinge o topo do ranking mundial de duplas. 2018 - Marcelo Melo atinge o topo do ranking mundial de duplas. REGRAS BÁSICAS Figura 6. Desenho e medidas da quadra oficial de tênis 23 De acordo com o site oficial da Confederação Brasileira de Tênis (12), o tênis é disputado nas categorias simples (masculinas e femininas), duplas (masculinas, femininas e mistas) e por equipes. A bola deve ser rebatida com a raquete por cima da rede, e quicar no máximo uma vez na área de jogo adversária. As principais linhas são: as laterais de duplas e de simples, a linha de fundo e a linha de saque. A qua- dra mede: 23,77 X 8,23 m nas simples, e a largura sobe para 10,97 m nas duplas. A rede tem a altura no centro de 0,914 m e nos postes de 1,07 m. Antes de iniciar um jogo de tênis, é feito um sorteio para que os joga- dores escolham se querem sacar ou receber, ou de que lado querem iniciar o jogo. O sacador inicia o jogo ao lado direito da linha central, e tem duas chances para sacar e acertar a área de saque diagonalmen- te oposta. Cada jogador saca durante um game completo, e sucessi- vamente alterna o saque com o adversário a cada game disputado. Os pontos do jogo se chamam 15 - 30 - 40 - game. Na contagem de 40 iguais, são disputados mais dois pontos (vantagem e game). Os joga- dores mudam de lado ao final do primeiro game de cada set, e subse- quentemente a cada 2 games. Um set é um conjunto de 6 games. Para se vencer uma partida oficial de tênis o jogador precisa ganhar 2 sets. Em caso de empate de contagem de games em 6 a 6, é disputado um tie break até 7 pontos corridos. Em alguns torneios, o terceiro set é substi- tuído por um match tie break até 10 pontos. Tanto no tie-break como no match tie-break, os jogadores mudam de lado a cada 6 pontos jogados. Nos Torneios Grand Slam (Aberto da Austrália, Aberto da França, Wimbledon e Aberto dos Estados Unidos), os jogos masculinos são dis- putados em melhor de 5 sets: neste caso para vencer a partida o tenista precisa vencer 3 sets! E S P O R T E S D E R A Q U E T E Figura 7. Teliana Pereira e Marcelo Melo em disputa de duplas mistas (Rio 2016) 24 E S P O R T E S D E R A Q U E T E RAQUETES, BOLAS E PISOS As raquetes adultas medem aproximadamente 70 cm de comprimento e pesam algo entre 260 e 314 g. No mercado encontramos raquetes mais simples e baratas feitas de alumínio com encordoamento de nylon, mas as profissionais são constituídas principalmente de grafite, e são encordo- adas com multifilamentos sintéticos que procuram imitar a tripa natural. As bolas, feitas de borracha vulcanizada envolvidas com feltro misto feito de lã natural e lã sintética, devem ter um diâmetro maior do que 6,35 cm e menor que 6,67 cm, e um peso maior que 56,7 g e menor que 58,5 g. Desde 2010, as bolas com quique mais lento que as bolas utilizadas pelos profissionais - vermelha, 75% mais lenta; laranja, 50% mais lenta e verde, 25% mais lenta - são utilizadas para o aprendizado do jogo por pessoas de qualquer idade e nas competições oficiais para crianças até 10 anos. As raquetes infantis produzidas pelo mercado são proporcionais à altura da criança, e encontramos raquetes de 17, 19, 21, 23, 25 e 26 polegadas (respectivamente em centímetros: 43,18 cm, 48,26 cm, 53,34 cm, 58,42 cm, 63,5 cm e 66,04 cm). Para efeito deste curso confeccionaremos raquetes de 23 polegadas (aproximadamente 60 cm) com moldes cortados em cai- xas de papelão recicladas. O tênis normalmente é disputado em quadras de saibro (pó de tijolo), ci- mento, carpete ou grama. As quadras poliesportivas de piso de madeira envernizada podem ser usadas para a prática, mas a bola corre rápida de- mais, portanto é desaconselhável para jogadores avançados. GOLPES BÁSICOS DO TÊNIS O saque é rebatido por cima da cabeça ou pelo lado do corpo, com a bola sendo lançada ao ar e logo rebatida. Quando o jogo começa, a bola pode ser rebatida depois do primeiro quique pelo lado dominante do jogador, com a palma da mão voltada para a bola (forehand) ou com as costas da mão apontando a bola (backhand). Depois de retornar o saque, a qual- quer momento a bola pode ser rebatida também no ar pelos lados do corpo (os voleios), e por cima da cabeça (smash). 25 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Em maio de 2012 o australiano Samuel Groth cravou o saque mais rápido do mundo: 263 km/h. Entre as meninas, a recordista é a espanhola Georgina Perez, com 220 km/h em fevereiro de 2018. O pesquisador e treinador de tênis norte-americano John Yandell, baseado em São Francisco, usou uma câmera de alta definição e um software especial para contar a média de rotações realizada por uma bola rebatida com toda força por Rafael Nadal. “Os primeiros tenistas que foram avaliados por mim foram Sampras e Agassi. Eles batiam forehands com topspin que em geral realizavam entre 1.800 a 1.900 rotações por minuto. Federer está batendo com uma quan- tidade incrível de topspin também, certo? 2.700 rotações por minuto. Bem, medimos um forehand do Nadal que teve impressionantes 4.900 rotações por minuto. Sua média foi de 3.200 rpm.” CURIOSIDADES 26 E S P O R T E S D E R A Q U E T E HISTÓRIA DA MODALIDADE Figura 8. Ilustração chinesa mostrando o jogo precursor do badminton As raízes do badminton, como as do tênis, podem ser encontradas na antiga Grécia, China e Índia, e estão muito ligadas a um jogo infantil de taco e peteca. Oficiais ingleses conheceram esse jogo como poo- na – já praticado com a rede –, quando estavam ser- vindo na Índia nos anos de 1860, e quando trazido à Inglaterra recebeu o nome de badminton. Em 1873, o Duque de Beaufort apresentou o jogo aos seus ami- gos da corte inglesa em seu palácio campestre na ci- dade de Gloucestershire, chamado Badminton House – daí o nome que rebatizou o esporte. (13) O badminton era jogado com raquetes bem leves, que rebatiam uma pe- teca feita originalmente de uma esfera de cortiça com 16 penas de ganso, que pesavam perto de 5 g. Essas petecas originais – também chamadas de volantes – ainda são usadas até hoje, mas as manufaturadas sintetica- mente também são aceitas pela Federação Internacional de Badminton. Apresentamos a seguir linha do tempo do badminton, bem resumida. NO MUNDO 1899 - Houve a primeira realização de um torneio na Inglaterra, apenas masculino. No ano seguinte, o primeiro torneio feminino foi organizado por lá. 1930 - Durante esta década o badminton ganhou força em países como Dinamarca, Estados Unidos e Canadá. 1934 - Surgiu a Federação Mundial de Badminton, situada em Gloucestershire, na Inglaterra, que organizou o primeiro Mundial do esporte em 1948. 1966 - O badminton foi incluído no programa dos Jogos da Comunidade Britânica realizados em Kingston, capital da Jamaica. 1972 - Estreia olímpica da modalidade em Munique, em caráter de demonstração, o que ocorreu também em 1988, em Seul, onde en- trou como esporte de exibição. 1977 - Primeiro Campeonato Mundial organizado pela Federação Mundial de Badminton. 1992 - O badminton passou a fazer parte do programa oficial nos Jogos Olímpicos em Barcelona, com disputasde simples e duplas para homens e mulheres. 1995 - Inclusão nos Jogos Pan-Americanos. 1996 - O evento de duplas mistas foi incluído nos Jogos Olímpicos de Atlanta. NO BRASIL 1938 - O badminton já era praticado no Clube dos Ingleses em Santos. 1984 - Realização da Primeira Taça São Paulo de Badminton. 1993 - Fundação da Confederação Brasileira de Badminton. 1994 - Confederação Brasileira de Badminton filia-se ao Comitê Olímpico Brasileiro. 2007 - Brasil conquista sua primeira medalha nos Jogos Pan- Americanos do Rio de Janeiro, com os atletas Guilherme Kumasaka e Guilherme Pardo (bronze em duplas masculinas). 2019 - Os brasileiros Fabrício Farias e Jaqueline Lima acabam de ven- cer a medalha de prata em duplas mistas, e Jaqueline Lima e Samia Lima levaram o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Badminton, disputados em abril no México. REGRAS BÁSICAS Figura 9. Quadra oficial de badminton com medidas BADMINTON 27 E S P O R T E S D E R A Q U E T E demonstração, o que ocorreu também em 1988, em Seul, onde en- trou como esporte de exibição. 1977 - Primeiro Campeonato Mundial organizado pela Federação Mundial de Badminton. 1992 - O badminton passou a fazer parte do programa oficial nos Jogos Olímpicos em Barcelona, com disputas de simples e duplas para homens e mulheres. 1995 - Inclusão nos Jogos Pan-Americanos. 1996 - O evento de duplas mistas foi incluído nos Jogos Olímpicos de Atlanta. NO BRASIL 1938 - O badminton já era praticado no Clube dos Ingleses em Santos. 1984 - Realização da Primeira Taça São Paulo de Badminton. 1993 - Fundação da Confederação Brasileira de Badminton. 1994 - Confederação Brasileira de Badminton filia-se ao Comitê Olímpico Brasileiro. 2007 - Brasil conquista sua primeira medalha nos Jogos Pan- Americanos do Rio de Janeiro, com os atletas Guilherme Kumasaka e Guilherme Pardo (bronze em duplas masculinas). 2019 - Os brasileiros Fabrício Farias e Jaqueline Lima acabam de ven- cer a medalha de prata em duplas mistas, e Jaqueline Lima e Samia Lima levaram o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Badminton, disputados em abril no México. REGRAS BÁSICAS Figura 9. Quadra oficial de badminton com medidas 28 E S P O R T E S D E R A Q U E T E As competições oficiais de badminton são jogadas geralmente em qua- dras cobertas pois o vento, mesmo que suave, afeta demais a trajetória da peteca. Já o badminton recreativo é uma opção superpopular de esporte ao ar livre praticado por toda família. A quadra oficial mede 13,4 m X 5,2 m para os jogos de simples, e tem a largura de 6,1 m para duplas. A rede tem 1,5 m de altura e o recuo oficial necessário nas laterais e fundos da quadra é de 1,3 m. Basicamente o jogo consiste em rebater a peteca para lá e para cá por cima da rede dentro das dimensões da quadra. Um ponto de badminton é disputado até que um dos participantes deixe a peteca cair do seu lado da rede. Cada partida tem três jogos ou games de 21 pontos cada, e vence quem ganhar dois. Se houver empate em 20 a 20, leva o jogo/game quem abrir dois pontos primeiro. No entanto, se o placar for de 29 a 29, quem fizer o ponto seguinte é o vencedor. Em um game há um intervalo de um minuto assim que o primeiro partici- pante ou dupla atingir os 11 pontos. Os participantes mudam de lado ao final do primeiro jogo e do segundo, caso haja mais um – no terceiro jogo, eles trocam quando um atleta ou dupla atingir primeiro os 11 pontos. Antes de cada partida, um sorteio é feito para definir quem começa sa- cando. O serviço muda de lado apenas quando o sacador perde o ponto. Nas duplas, os participantes se alternam. A dinâmica do saque é parecida com a do tênis: em diagonal, alternando de lado – se o placar de quem serve é par, ele saca da esquerda, e da direita se for ímpar – e para uma área específica. Entretanto, os movimentos do serviço para cada esporte são bem diferentes. Cada peteca pesa entre 4,74 e 5,5 gramas, e por razões de aerodinâmica têm suas 16 penas retiradas todas de uma mesma asa de um mesmo gan- so (ou pato). Durante uma partida, ela pode atingir até 400 km/h. A sua base é feita de cortiça ou poliuretano e tem no centro um chumbo para manter a sua direção. Como são leves e frágeis, especialmente as feitas de penas, num jogo oficial chegam a ser usadas entre 7 a 10 petecas e podem chegar a velocidades perto ou até acima dos 300 km/hora. A raquete de badminton normalmente é feita de materiais resistentes mas leves, como fibra de carbono ou titânio, pensando cerca de 100 gramas. A sua medida máxima é de 68 centímetros de comprimento e é constituída por cordas entrelaçadas na vertical e na horizontal. Essas raquetes podem suportar desde 7 a 11 quilos de força. 29 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Figura 10. No badminton também há a categoria de duplas mistas OS GOLPES DO BADMINTON Neste esporte os golpes são feitos todos com a peteca no ar, pelo lado dominante (forehand), pelo lado não dominante (backhand) ou por cima da cabeça. O saque, como no tênis, é o golpe que dá início ao ponto. É o esporte de raquete mais rápido do mundo. A velocidade da peteca de pena em um jogo profissional chega a 340 km/h. A peteca de pena do badminton é feita com penas de ganso, e dizem que só se pode retirar 3 penas de cada ganso e que estas devem ser da asa esquerda, já que o ganso dorme do lado direito, amassando assim essa asa. O badminton exige muita concentração. Para se ter uma ideia em um jogo de tênis a bola fica em jogo 8% do tempo, já no futebol americano, das 2 horas de duração da partida, a bola fica em jogo apenas 14 minutos. No badminton a peteca fica em jogo 45% do tempo total. Para compe- tir no badminton é necessário ter explosão, ótimo reflexo e coordenação moto- ra. Em cerca de 20 segundos, chega-se a bater na peteca entre 40 a 50 vezes. O badminton exige constante ação de alta concentração, corridas, saltos, viradas, alongamentos, etc. Durante uma partida chega-se a correr quase 2 km. CURIOSIDADES 30 E S P O R T E S D E R A Q U E T E HISTÓRIA DA MODALIDADE Como foi falado anteriormente, o tênis de mesa também surgiu por volta de 1880 na Inglaterra (14). Era praticado logo depois do jantar pelas fa- mílias da classe alta, como alternativa ao lawn tennis, e foi originalmente chamado de ping-pong. Os equipamentos eram improvisados: livros em- pilhados como redes, tampas de caixa de charutos eram raquetes, e a par- te arredondada das rolhas eram as bolinhas. O nome oficial do jogo tênis de mesa foi adotado em 1921-1922 quando da retomada da Associação de Ping-Pong, que havia sido criada em 1902. NO MUNDO 1884 - A primeira menção ao tênis de mesa de um catálogo de pro- dutos esportivos é de F.H. Ayres, na Inglaterra. 1902 - Associação de Ping-Pong é criada em 1902. 1920 - Tênis de mesa está sendo jogado em vários países fora da Inglaterra. 1926 - Fundação da Federação Internacional de Tênis de Mesa, reu- nindo representantes da Inglaterra, Alemanha, Hungria, Suécia, Índia, Dinamarca, Tchecoslováquia, Áustria e País de Gales. Primeiro torneio mundial em Londres. Anos 1950 - Esporte tem grande impulso nos países asiáticos, nota- damente China, Japão e Coreia. 1977 - O Comitê Olímpico Internacional (COI) reconheceu o tênis de mesa como esporte olímpico. 1980 - Primeiro torneio mundial profissional foi organizado, com a vitória do chinês Guo Yuehua. 1981 - Em setembro deste ano, o COI reconhece a ITTF como ór- gão diretivo oficial do tênis de mesa, em Baden-Baden. O COI de- cide que o tênis de mesa deve ser incluído no programa Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. TÊNIS DE MESA 31 E S P O R T E S D E R A Q U E T E 1983 - O tênis de mesa passou a fazer parte dos Jogos Pan- Americanos, em Caracas na Venezuela. 1988 - Torna-se um esporte olímpico em Seul. Figura 11. Dupla mista no tênis de mesa NO BRASIL 1905 - O tênis de mesa chega a São Paulo por meio de turistas in- gleses. O nome era o mesmo utilizado em Londres (ping-pong),as- sim como a diversidade de regras aplicadas. 1912 - A modalidade começa a ser praticada de forma mais organi- zada, com a disputa do primeiro campeonato por equipes, vencido pelo Vitória Ideal Clube. 1924 - Primeiros registros do tênis de mesa no Rio de Janeiro, onde a prática já ocorria no Vasco da Gama. 1926 - Surge a Liga Paulistana, cujo campeonato oficial de estreia foi conquistado pelo Castelões Futebol Clube. 1929 - O alemão Máximo Cristal traz ao Brasil a primeira raquete com pino. No mesmo ano, o atual campeão Afins Sociedade Recreativa retira-se da Liga para fundar a Associação Paulista de Ping-Pong. 1940 - Intensifica-se o movimento de desenvolvimento do tênis de mesa no Brasil, com adoção das regras internacionais. Em no- vembro, é inaugurada a primeira mesa do país, no Clube Atlético Fazenda Estadual. No ano seguinte, a antiga Associação de Ping- Pong transforma-se em Federação Paulista de Tênis de Mesa. Meses depois, é fundada no Rio a Federação Metropolitana de Tênis de Mesa, apoiada pelos grandes clubes da cidade. 32 E S P O R T E S D E R A Q U E T E 1942 - Cariocas e paulistas aprovam a tradução das regras e assi- nam convênios que levam à oficialização do tênis de mesa pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD). 1946 - É disputada a primeira edição do Campeonato Brasileiro de Tênis de Mesa. 1980 - É fundada a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa. 1983 - Brasil conquista suas primeiras medalhas no torneio de tênis de mesa dos Jogos Pan-Americanos, em Caracas, na Venezuela. 1984 - O Brasil organiza seu primeiro Mundialito – atual Aberto do Brasil – no ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. A com- petição é promovida pela CBTM, e é um dos torneios abertos da América Latina reconhecidos pela Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF). 1988 - Claudio Kano e Carlos Kawai representam o Brasil na estreia do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos, em Seul, na Coreia do Sul. 1996 - Hugo Hoyama dá ao Brasil o melhor resultado de sua histó- ria em Jogos Olímpicos, ao alcançar as oitavas de final em Atlanta, nos Estados Unidos, quando eliminou o campeão mundial Jorgen Persson (Suécia). 2018 - O mesa-tenista carioca Hugo Calderano alcança o Top-10 do ranking mundial individual. REGRAS BÁSICAS Figura 12. Dimensões oficiais da mesa utilizada pelo esporte De acordo com a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (14), basica- mente o jogo envolve rebater a bolinha por cima da rede para o campo adversário, e a bola pode quicar no máximo uma vez na mesa. São dispu- 33 E S P O R T E S D E R A Q U E T E tados 11 pontos corridos. Quem vencer faz um game. Se empatar em 10 a 10, é preciso jogar até que haja diferença de dois pontos As partidas de simples são disputadas em melhor de 7 games, quem ven- cer 4 ganha o jogo. Já nos eventos por equipes - máximo de três integran- tes - as partidas são disputadas em melhor de 5 games. São disputadas cinco partidas de simples, o time que vencer primeiro três confrontos, vence. Na simples, cada jogador saca duas vezes. Se empatar em 10 pon- tos, cada jogador saca uma vez. Nas duplas, cada jogador saca uma vez, e rebate uma vez, alternadamente. As categorias são como no tênis de campo: simples e duplas femininas, simples e duplas masculinas e duplas mistas. MESA, REDE E RAQUETE A parte superior da mesa de jogo deve ser retangular e é denominada superfície de jogo (mesa). Os lados verticais do tampo da mesa não fa- zem parte da superfície de jogo. Suas dimensões devem ser de 2,74 m de comprimento, 1,52 m de largura e 0,76 m de altura, permitindo um quique uniforme da bola em torno de 23 cm quando lançada de uma altura de 30 cm. A cor da mesa deve ser escura e fosca contendo linhas brancas de 2 cm de largura ao longo das extremidades laterais e das linhas de fundo da mesa. A superfície de jogo, ainda, deve ter uma linha central de largura de 3 mm que divide cada lado da mesa em duas partes a fim de ser utili- zada em jogos de duplas. A rede é o conjunto do pano da rede, da suspensão e dos postes-supor- tes, incluindo os ferros que a fixam à mesa. A rede deve ter a altura de 15,25 cm e deve se prolongar 15,25 cm para fora de cada lado da mesa. A raquete usada nas competições de tênis de mesa pode ser de qualquer tamanho, forma ou peso, porém a lâmina deve ser plana e rígida. Além disso, pelo menos 85% do material da raquete em relação à espessura deve ser de madeira natural. O lado da raquete utilizado para bater na bola deve ser coberto por uma borracha com pinos para fora tendo uma espessura máxima de 2 mm ou uma borracha sanduíche com pinos para dentro ou para fora tendo uma espessura máxima de 4 mm. As raquetes devem ter pelo menos um material de cobertura que não deve se estender além dos limites da lâmina da raquete, bem como não deve ser curto a ponto de permitir que a bola bata diretamente na madei- ra da raquete. Obrigatoriamente, o material de cobertura deve ser de cor fosca sendo vermelho-vivo de um lado e preto do outro. Mesmo que um dos lados não possua cobertura, essas cores devem ser aplicadas uma em cada lado da raquete. Antes do início de uma partida, as raquetes de cada jogador devem ser verificadas pelos árbitros e pelo jogador adversário. Iniciada a partida, a raquete não deve ser trocada sem o consentimento do árbitro e do adver- 34 E S P O R T E S D E R A Q U E T E sário. É feito o sorteio como no jogo de tênis (atletas escolhem sacar ou receber ou de que lado querem iniciar). Para iniciar um ponto a bola deve ser lançada para cima (16 cm no míni- mo), da palma da mão livre na vertical e, na descida, deve ser batida de forma que ela toque primeiro no campo do sacador, passe sobre a rede sem tocá-la e toque no campo do recebedor. O saque deve ser dado atrás da linha de fundo ou numa extensão imaginária desta. Cada atleta tem direito a 2 (dois) saques, mudando sempre quando a soma dos pontos seja 2 (dois) ou seus múltiplos. Com o placar 10-10, a sequência de sacar e receber deve ser a mesma, mas cada atleta deve produzir somente um saque até o final do jogo. OS GOLPES DO TÊNIS DE MESA Neste esporte os golpes são feitos todos como no tênis de campo: além do saque (lançar a bola e golpeá-la), temos o golpe deixando a bola quicar e golpeando-a pelo lado dominante com a palma da mão voltada para o golpe (forehand); pelo lado não dominante, com as costas da mão apon- tando para a bola (backhand) ou de voleios e “cortada” (sem deixar a bola quicar na mesa). Jogadores de alto nível podem fazer jogadas com giros de até 9.000 rotações por minuto. As bolas de tênis de mesa não são totalmente vazias. Elas são pressurizadas com gás. Na China, a maioria das crianças é avaliada muito cedo para ver se possuem habilidades e talento para esportes como ginástica e tênis de mesa. Caso sejam consideradas talentos, elas recebem treinamento rigoroso desde cedo na área de maior potencial. A velocidade alcançada após uma cortada de um atleta adulto no tênis de mesa, geralmente supera a velocidade de 200 km por hora. Tal situação ainda é mais complicada para quem tem de defender o golpe, pois o tempo de reação (milésimos de segundo) e a distância percorrida pela bola – inferior a 3 metros, na maioria das vezes – são muito curtos. CURIOSIDADES 35 E S P O R T E S D E R A Q U E T E HISTÓRIA DA MODALIDADE NO MUNDO De acordo com o site oficial da Confederação Brasileira de Tênis (12), que regulamenta os torneios oficiais praticados no País, o beach tennis foi cria- do em meados dos anos 1970 a 1980 na província de Ravenna, na Itália, quando jogadores de clubes próximos começaram a jogar tamboréu e frescobol em quadras de vôlei de praia. Depois de alguns anos, a altura da rede baixou para 1,70 m para aumentar a velocidade do jogo. Em 1996 o esporte começou a se profissionalizar, e as regras foram organizadas em 1997 com a criação da Federação Internacional de Beach Tennis na Itália. Em 2008a Federação Internacional de Tênis assumiu a responsabilidade por desenvolver o beach tennis ao redor do mundo, criando o Beach Tennis Tour (BTT). Atualmente mais de 300 torneios são organizados dentro do calendário do BTT. Figura 13. Tênis de praia na categoria de duplas mistas TÊNIS DE PRAIA 36 E S P O R T E S D E R A Q U E T E NO BRASIL A modalidade chegou ao Brasil em 2008 no estado do Rio de Janeiro. Desde então, o beach tennis vem crescendo rapidamente para outras ci- dades litorâneas brasileiras. Ganhou popularidade, inclusive, nas cidades não praianas, como Belo Horizonte, Brasília e Araraquara. Entre os locais onde há um maior número de praticantes estão Rio de Janeiro, Fortaleza, Santos, Vitória, Florianópolis, Porto Alegre, Mogi das Cruzes, Guarujá, João Pessoa, Salvador, Campina Grande, Cachoeira de Itapemirim, Novo Hamburgo, Natal, Brasília, Maringá e São Paulo. Hoje, segundo a ITF, o Brasil é a segunda maior força do mundo neste esporte, atrás apenas da Itália, o país criador da modalidade. Atualmente, a Confederação Brasileira de Tênis é a entidade que regula o beach tennis no País. Apesar do esporte ser relativamente novo no Brasil, o País já conseguiu resultados significativos como o terceiro lugar no Campeonato Mundial em Ravenna (2008), o primeiro lugar na Copa das Nações em Aruba (2010), campeão no mundial por equipes (2013), cam- peão mundiais na Sérvia (2016), campeão sul-americano (2014) e campeão pan-americano (2014, 2015, 2016 e 2017). Em 2017 foi realizado o maior evento de beach tennis no mundo, em Niterói, que contou com a partici- pação de 700 atletas. Teve chaves de amadores e profissionais, valendo, para esses últimos, pontos no ranking mundial da ITF. O sucesso do beach tennis no Brasil e no mundo deve-se à facilidade com que uma pessoa aprende a jogar e pela diversão que ele proporciona, mesmo para quem nunca praticou antes. Além disso, é uma excelente op- ção para quem quer melhorar o condicionamento físico e cuidar da saúde. Uma das pioneiras da modalidade no Brasil foi a tenista Bicampeã Pan- americana de tênis, a carioca Joana Cortez. Ela conquistou seu primeiro torneio em setembro de 2010, em Nova York, e passou a ser a primeira atleta “não italiana”, ao lado da também carioca Samantha Barijan, a al- cançar a primeira colocação no ranking mundial. Em seguida, se destacou o carioca Vinícius Font, que também chegou ao posto de número um. O primeiro torneio de beach tennis realizado no Brasil foi na cidade de Florianópolis em dezembro de 2010, com 36 tenistas inscritos. Na sema- na seguinte o Rio de Janeiro foi sede do segundo campeonato em solo brasileiro. 37 E S P O R T E S D E R A Q U E T E REGRAS BÁSICAS E EQUIPAMENTOS Figura 14. Dimensões da quadra de tênis de praia O beach tennis é praticado em quadra com superfície de areia medindo 16 m X 8 m para as partidas de duplas e 16 m X 4,5 m para as partidas de simples. As regras são bem parecidas com as do tênis, exceto que a bola deve ser golpeada sempre antes de quicar na quadra, e na contagem, os games não têm vantagem. As partidas de simples são disputadas em sets até 6 games e as de duplas até 9 games, com diferença de 2 games. Em caso de igualdade de games a 6/6 (simples) ou 9/9 (duplas), joga-se o tie- -break. No tie-break, vence o jogador ou a dupla que primeiro chegar a 7 com diferença de 2 pontos ou a outro número superior a 7, com a mesma diferença. Os jogadores mudam de lado sempre que fizerem 4 pontos. O saque por baixo também é permitido e qualquer jogador pode receber o saque. O ponto é vencido quando a bola bate na quadra adversária ou quando o adversário joga fora ou na rede. O saque é efetuado atrás da linha de fundo, de qualquer parte. No jogo de duplas mistas, o jogador masculino é obrigado a sacar por baixo. Existe apenas um serviço e a bola deve ser golpeada antes de tocar o solo. As categorias da modalidade são as mesmas do tênis: simples, duplas e duplas mistas. A raquete de beach tennis deve atender às normas da IFBT (Federação Internacional de Beach Tennis) para as competições oficiais. As raquetes têm, no máximo, 50 cm de comprimento, 26 cm de largura e 3,8 cm de espessura. Na superfície utilizada para fazer o contato com a bola, o com- primento não pode exceder 30 cm e existem furos que variam de 9 mm a 13 mm de diâmetro, feitos para reduzir a resistência do ar e tornar o mo- 38 E S P O R T E S D E R A Q U E T E vimento mais fácil de ser executado. Atualmente, são utilizados diversos materiais na fabricação das raquetes, permitindo, dessa maneira, que pes- soas de todas as idades e níveis de experiência possam praticar o esporte. A bola utilizada é a de tênis com baixa pressão. Inicialmente, era usada a bola verde (Estágio 1 do Programa Play and Stay da ITF), que é 25% mais lenta se comparada à bola tradicional de tênis. Porém, para deixar o jogo mais lento e os pontos mais longos, a bola de cor laranja (Estágio 2), que é 50% mais lenta, tornou-se oficial dos torneios do circuito profissional da ITF. Apesar dessa importante mudança na regra, nos torneios regionais, que não contam pontos para o ranking mundial, a organização do evento pode escolher entre um modelo ou outro. GOLPES DO TÊNIS DE PRAIA Neste esporte os golpes são feitos todos com a bola no ar como no bad- minton, podendo ser pelo lado dominante (forehand), pelo lado não do- minante (backhand) ou por cima da cabeça (smash). O golpe que inicia o ponto também é chamado de saque. 39 E S P O R T E S D E R A Q U E T E A seguir, apresentamos uma sugestão para a estruturação do planeja- mento de atividades escolares envolvendo os esportes de raquete. Cada ciclo de esportes de raquete com aproximadamente 8 a 10 aulas envolverá a mesma estrutura para as 4 diferentes modalidades: Aula 1 - História e regras principais de cada modalidade, de prefe- rência mostrando o espaço de jogo oficial com as medidas e cenas de jogos profissionais, apontando os principais golpes e jogadas. Aula 2 - Confecção do material de jogo e de medalhas a partir de reciclados (pode ser feito na aula de Artes, e aí ganhamos mais um dia de prática!). Aula 3 - Deslocamentos, exercícios só com bola, só com raquete, e bola+raquete. Aula 4 - Golpe pelo lado dominante (forehand ou “palma da mão”). Aula 5 - Golpe pelo lado não dominante (backhand ou “costas da mão”). Aula 6 - Combinação dos golpes palma da mão e costas da mão. Aula 7 – Autolançamento e saque. Aula 8 - Jogos de encerramento e distribuição das “medalhas inter- nas” (autoavaliação). Esta estrutura básica pode ser desenvolvida em mais tempo, com os te- mas práticos ocupando duas ou mais aulas. O tênis é o esporte mais com- plexo dos quatro apresentados neste curso, e vem com as progressões de ensino bem detalhadas. O raciocínio das progressões do tênis é aproveitado para as outras moda- lidades, pois combinando as habilidades de deslocamento, conhecimento do equipamento e dos golpes, das mais simples à mais complexas, o pro- fessor certamente obterá sucesso no processo de ensino e aprendizagem. Ao combinar as tarefas em progressões de ensino, há dez princípios peda- gógicos básicos que auxiliam bastante o processo, como veremos a seguir. ESTRUTURA GERAL DE PLANEJAMENTO DE ATIVIDADES 40 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Apresentamos aqui dez princípios básicos para o sucesso de aulas de Educação Física que envolvam habilidades motoras com bola e raquete para grandes grupos de alunos, princípios esses que serão demonstrados nas aulas práticas, a saber: • Trabalhar as habilidades em sequência: explorar cada material pri- meiro individualmente, depois em duplas, e finalmente em grupos maiores, em sistema cooperativo num primeiro momento (criança ou jovem sozinho explora a habilidade ou o material, depois com um colega, depois num grupo maior), antes de partir para as ativi- dades de oposição/ competição. • Promover muita interatividadeao longo da aula, perguntando e desafiando os alunos às tarefas propostas. Com a pergunta “quem consegue?” mobilizamos os jovens à prática. Depois, aumentando ou diminuindo o desafio: “quem consegue rebater mais vezes?”, ou “quem não conseguiu rebater com a raquete ainda, será que con- segue rebater com a mão?” • Estimular o revezamento entre os grupos de trabalho e parcerias durante as atividades, para que os alunos mais habilidosos e menos habilidosos possam interagir. Cada jovem idealmente trabalha com três pessoas diferentes na mesma aula. • Planejar sempre duas maneiras de dificultar e duas maneiras de fa- cilitar uma tarefa, para que todos os seus alunos se sintam desafia- dos (desafio ótimo). • Tarefas com alvos: ao propor tarefas com bola, designar alvos para aumentar o controle de bola, o volume de prática, a organiza- ção dos espaços e a segurança dos alunos. • Tarefas quantificadas: vamos rebater 10 bolas, vamos acertar 4 bolas no alvo, vamos rebater 12 bolas sem deixá-la cair, etc; são me- didas que garantem um volume de prática homogêneo entre os alunos e coloca uma meta concreta para ser atingida por eles. • Planejamento dos espaços de jogo, de contenção e sinalização: quanto mais organizado e sinalizado o espaço de jogo, melhor. Dá trabalho, mas vale a pena! • Intensidade: é preciso saber dosar a intensidade das tarefas, para promover volume de prática e ativação cardiovascular. Tarefas in- tensas demais ou de menos desmotivam os alunos. DEZ PRINCÍPIOS DE SUCESSO PARA AULAS DE ESPORTES DE RAQUETE NO CONTEXTO ESCOLAR 41 E S P O R T E S D E R A Q U E T E • Dinamismo: as atividades precisam ser dinâmicas, e o professor também. Ao designar tarefas cooperativas, o professor consegue circular pela turma e oferecer feedback para todos os alunos. • Oficinas: a formatação de atividades em circuito ou “oficinas” é uma boa estratégia para oferecer práticas variadas e coerentes ao redor de um mesmo fundamento da modalidade que está sendo ensinada. 42 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Apresentaremos a progressão do tênis prioritariamente nesta capacita- ção por se o esporte mais complexo dos quatro. As mesmas ideias de di- nâmicas poderão ser aproveitadas pelos professores para as outras mo- dalidades, sendo que no tênis de mesa veremos que qualquer mesa pode ser usada para o início da prática. Existem diversas progressões de ensino possíveis para o aprendizado dos golpes do tênis, e todas utilizam o sistema Play and Stay (em inglês, “Jogue e Fique”, que é o sistema criado pela Federação Internacional de Tênis em 2007 para estimular a prática do esporte, no qual os praticantes usam três gradações de velocidade de bola, mais lentas que as usadas pelos profis- sionais, em espaços progressivamente maiores). Em nosso programa de tênis nas escolas, utilizamos principalmente a bola vermelha (75% mais lenta) e espaços de 5,5 a 6,5 X 11 m. A escolha do tipo de progressão utili- zada no ensino depende: • Da idade e do nível de habilidade dos alunos; • Do número de alunos; • Do nível de compreensão dos alunos, isto é, se eles são capazes de assimilar a informação técnica transmitida verbalmente. Quanto mais jovem for o aluno, mais “visual” deve ser a informação; • Das instalações e materiais disponíveis. Para praticar o tênis em um nível aceitável o aluno deve desenvolver dois tipos de habilidades: 1. As habilidades de recepção: envolvem a capacidade de julgar corretamente o espaço percorrido pela bola adversária (velocida- de, efeito, trajetória, etc.) e a colocação do corpo em uma posição que lhe permita rebater um tipo de golpe determinado. Para isto é necessário, em primeiro lugar, identificar corretamente a trajetória da bola e, em segundo lugar, deslocar-se adequadamente em sua direção. 2. As habilidades de projeção: envolvem a capacidade de desenvol- ver e utilizar as técnicas necessárias para, uma vez posicionado cor- retamente, poder golpear a bola na direção do alvo desejado. PROGRESSÕES PARA O ENSINO DO TÊNIS: CONSIDERAÇÕES INICIAIS 43 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Nossa capacitação inclui exercícios com o objetivo de desenvolver ambos os tipos de habilidades, e nele observarmos o seguinte: 1. Geralmente, o golpe não se divide em seus componentes, ou seja, o ensinamos de maneira global. 2. Os jogadores aprendem observando, imitando e jogando: o trei- nador dá poucas informações verbais, e se utiliza principalmente de demonstrações. Para esta capacitação os professores apren- derão os fundamentos básicos do tênis e encontrarão na internet as referências de vídeos das outras modalidades na internet para pesquisa. 3. Ao realizar as tarefas cooperativas, os alunos exercitam tanto suas habilidades de projeção como as de recepção. A autora tem tido experiência com a iniciação através dos exercícios suge- ridos nesta apostila com alto grau de aderência às atividades: os iniciantes brincam ativamente e se divertem, e ficam com vontade de continuar par- ticipando das próximas aulas. 44 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Existem várias formas de ensinar os golpes básicos dos esportes de raque- te aos alunos iniciantes. É importante assegurar-se de que as progressões das quais se utiliza o professor permitam que o aluno desenvolva tanto suas habilidades de projeção como de recepção. Normalmente, os alunos iniciantes devem se orientar pela seguinte sequência para desenvolver seu golpe. 1. Familiaridade com a raquete e a bola: primeiramente apenas a bola, na sequência apenas a raquete e finalmente atividades unin- do a bola e a raquete; 2. Habilidade de projeção e recepção (sem raquete), lançando e pe- gando a bola sozinho, depois em cooperação dois a dois; 3. Habilidade de projeção, rebatendo a bola para cima ou para baixo sozinho, com um alvo no solo (no caso do tênis). Autolançamento com a base em cruz para aprendizado dos apoios alinhado, semia- berto, aberto e fechado; 4. Exercícios de projeção e recepção (mão-mão, mão-raquete, raque- te-raquete) dois a dois: • em cooperação, tentando devolver a bola para o companheiro e • em oposição, tentando vencer o companheiro ao golpear a bola de forma que dificulte sua rebatida. A seguir são indicados alguns exemplos de progressões para o ensino do jogo de tênis. Toda essa progressão será realizada na prática durante esta capacitação: O ENSINO DOS GOLPES POR PROGRESSÕES 45 E S P O R T E S D E R A Q U E T E PROGRESSÕES PARA O ENSINO DOS GOLPES DE FUNDO Figura 15. Progressão no Método Suzana Silva No diagrama da Figura 15, L são lançadores e R são rebatedores. As minir- redes podem ser substituídas por fitas de plástico zebradas ou elásticos de costura. Número de alunos: até 28 (em quadra poliesportiva cabem até 7 quadri- nhas de 5 m de largura). Material: 14 bolas (uma bola por dupla) Rolar dois a dois – dois a dois, posicionados nas linhas laterais da quadra frente a frente, rolam uma bola entre si. Variação: ver qual dupla faz 10 passes primeiro. Quicar dois a dois – dois a dois, posicionados nas linhas laterais da quadra frente a frente, lançam de baixo para cima, tentando fazer a bola quicar três vezes antes de chegar ao companheiro. Depois duas. Depois uma. MATERIAL: 14 bolas, 14 arcos (um arco e uma bola por dupla). Fase 1 - Lançar por baixo e agarrar dois a dois: dois a dois, com um arco no chão na metade da distância entre eles, cada dupla procura lançar a bola de baixo para cima e dentro do arco. Variação: cada aluno coloca sua raquete no chão à sua frente, e lança a bola de baixo para cima na raquete do amigo. Fase 2 - Um lança, outro rebate: mesmo exercício anterior, arco no meio dos dois, um lança a bola com a mão ao arco, outro rebate bola ao arco. Depois de quatro acertos, trocam posições. 46 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Fase 3 - Um faz o autolançamento (raquete) para o arco, o outro agarra com a mão. Depois de quatro acertos,trocam posições. Fase 4 - Os dois rebatem: mesmo exercício anterior, os dois rebatem ao arco. Caso haja dois arcos, os dois alunos procuram acertá-los. MATERIAL: elástico ou fita plástica zebrada de 30 m, 14 bolas, 14 arcos. Mesma sequência anterior, com o elástico fazendo o papel da rede. Dois a dois, dois arcos no chão, um autolança para o arco do outro, por cima do elástico. Depois de lançar ao arco, o outro rebate ao arco, por cima do elástico. Finalmente os dois rebatem por cima do elástico, tentando acertar os ar- cos do chão. Progressão ITF Fase 1 - O aluno joga sozinho. Rebate bola para cima de modo que a bola quique em uma área-alvo no chão. Importante: alunos flexionam os joe- lhos quando a bola quica no chão. Fase 2 - Dois a dois, mesma atividade, cada aluno rebate uma vez para cima. Fase 3 - O aluno e um companheiro jogam com rede imaginária ou por cima de um obstáculo dirigindo a bola para seus respectivos alvos Fase 4 - O aluno e um companheiro jogam a bola por cima da rede diri- gindo aos seus respectivos alvos. Os jogadores podem tocar a bola duas vezes, a primeira para controlá-la e a segunda para rebatê-la. Fase 5 - Pouco a pouco, os alunos vão se afastando da rede, aumentando o gesto de preparação e de acompanhamento gradativamente (sempre dirigindo a bola a seus respectivos alvos). Fase 6 - Os jogadores disputam pontos. Determinar regras. Notas: 1. Ao começar todo bate-bola os jogadores devem deixar a bola quicar antes de rebatê-la. Base de apoio alinhada e semiaberta. 2. Boas demonstrações do golpe modelo devem ser realizadas regular- mente pelo professor. 3. Dar oportunidade aos alunos para que façam o gesto do golpe modelo sem bola. 47 E S P O R T E S D E R A Q U E T E PROGRESSÃO PARA O ENSINO DO SAQUE MATERIAL: 14 arcos, 14 bolinhas, 14 a 28 raquetes – no caso de ter apenas 14 raquetes, metade da classe treina o saque, a outra metade são os rece- bedores. É até legal para treinar habilidades de recepção de saque, e para os sacadores já terem noções de direcionamento de bola. Fase 1 - Alunos se colocam nas linhas laterais da quadra poliesportiva, opostos dois a dois, frente a frente, e arremessam a bola um para o outro. Verifique: o pé dos alunos não toca a linha durante o arremesso com a mão dominante, e o arremesso deve ser forte o suficiente para quicar na quadra apenas uma vez. Realizar pelo menos 10 arremessos corretos (na direção do companheiro) Fase 2 - Posicionar as raquetes dos alunos no chão em diagonal com o pé da frente, para praticarem o lançamento com a mão não dominante. Os alunos praticam o lançamento, de forma que a bola caia sobre a raquete. Depois, os alunos lançam a bola com a mão não dominante e a agarram com a mão dominante acima da cabeça (imitando a coordenação do sa- que). Em seguida, praticam o lançamento conjugado com a elevação do braço com raquete. (“Voo da água”). Continuar a verificar o equilíbrio. Fase 3 - O professor demonstra o saque completo, começando com ra- quete e bola unidos, contando três tempos: 1. Braços abaixam – 2. Braços levantam, lançamento – “E”. Braço com raquete faz a “laçada” atrás das costas – 3. Contato com a bola. Trabalhando ainda dois a dois, um aluno saca e o outro recepciona com as mãos depois de um quique. Após dez acertos, trocam posições. Fase 4 - Ainda nas linhas laterais da quadra um aluno saca e o outro rebate de volta. Após 10 acertos, trocam posições. Verificar equilíbrio. Nota: Em todas as fases anteriores é aconselhável criar uma maneira de o aluno perceber seu equilíbrio ou eventual perda de equilíbrio através do movimento de seus pés. Durante o levantamento da bola ou rebatida, o equilíbrio deve ser mantido com perfeição. A perda do equilíbrio se deve geralmente a um levantamento de bola deficiente. Fase 5 - Jogo de minitênis entre dois alunos, um saca e outro devolve ne- cessariamente para iniciar o ponto. Findo o game, trocam posições. Nota: Pode ser necessário decompor o movimento do saque em suas partes integrantes. No entanto, isto deve ser feito somente se após certo tempo o aluno não consegue atingir coordenação suficiente para reba- ter a bola por cima da cabeça com o movimento completo. A divisão do movimento em suas partes integrantes também pode ser utilizada como método de correção (por exemplo, se o aluno sacar sem flexionar o co- tovelo podemos pedir para que coloque primeiro a raquete por trás da cabeça e logo levante a bola para rebatê-la). MAS, SEMPRE VOLTAR AO MOVIMENTO COMPLETO NO FINAL. O professor deve sensibilizar: empu- nhadura - posição inicial - posição “troféu” - contato. 48 E S P O R T E S D E R A Q U E T E PROGRESSÃO PARA O ENSINO DO VOLEIO MATERIAL: 1 bolinha, 1 arco e 2 raquetes por dupla de alunos Fase 1 - O aluno se posiciona inicialmente com as palmas das mãos unidas à frente do corpo. O companheiro lança a bola e o aluno pega com a mão direita. A mão permanece fixa depois de pegar a bola (para o voleio de revés deve rebater a bola com as costas da mão – é legal usar bolas bem leves e grandes). Fase 2 - Segurando a raquete pelo final do cabo, o aluno rebate a bola com as cordas. O passo à frente com pé do lado oposto ao golpe coincide com impacto. Gradativamente o aluno vai descendo a mão na empunha- dura até o cabo da raquete caso esta seja grande para ele. Para evitar um gesto de preparação excessiva, o aluno pode ficar de costas junto à cerca ou parede. Fase 3 - Um aluno lança a bola de baixo para cima e o companheiro vo- leia na direção de um alvo no chão. O aluno lançador pega a bola após cada golpe. Depois de 10 acertos, trocam posições (lançador e rebatedor). Primeiro uma sequência de voleios pelo lado dominante, em outra aula pelo lado não dominante, em outra aula alternando voleios forehand e backhand. Fase 4 - Os alunos se posicionam um de frente para o outro em posição de voleio e trocam bolas (primeiro forehand, depois backhand). Fase 5- O companheiro lança a bola de forma aleatória (alta baixa, à direi- ta, de revés). O aluno tenta devolver a bola às mãos do lançador com um golpe controlado e voltar à posição de expectativa antes que seu compa- nheiro pegue a bola (níveis Intermediário e Avançado). 49 E S P O R T E S D E R A Q U E T E PROGRESSÃO PARA ENSINO DO SMASH MATERIAL: 1 bolinha por dupla Goleiro pernalta – dois a dois, junto à cerca da quadra. Um lança de baixo para cima, tentando passar a bola por cima do companheiro, o outro pro- cura interceptar com apenas uma mão. Trocam posições. Bobinho – três a três, um no centro. Dois companheiros tentam passar a bola pelo alto, o terceiro procura interceptar. Marcar tempo para troca de posições. MATERIAL: bolinhas, raquetes, arcos Posição “troféu” – alunos se colocam junto à rede na posição de preparar um smash. Companheiro ou professor lançam de baixo para cima. Alunos fazem contato com a bola (1 ponto), rebatem (2 pontos), rebatem por cima da rede na direção do alvo (3 pontos), ou rebatem de volta e o com- panheiro consegue agarrar (4 pontos). 50 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Para o aprendizado dos esportes tênis, badminton e beach tennis fica fácil visualizar e adaptar tarefas que aproveitem este circuito de habilidades montado para uma aula de tênis. As 6 estações, da esquerda para a direi- ta, envolvem: 1. deslocamentos com obstáculos (barreirinhas e escadinhas); 2. em duplas, rolar bola com a raquete através de minigols feitos de coninhos; 3. em duplas, lançar a bola com a mão na direção de um arco e agar- rar com um coninho; 4. em duplas, lançar a bola com a mão e volear a bola com a raquete por cima de um obstáculo; 5. em duplas, lançar a bola com a mão e rebater a bola com a raquete depois de um quique; 6. em duplas, trocar bolas cooperativamente por cima de um obstáculo. Figura 16. Exemplo de esquema de quadra para o aprendizado em circuito ou “oficinas” OFICINAS OU CIRCUITO DE HABILIDADES 51 E S P O R T E S D E RA Q U E T E Obviamente beach tennis e badminton envolverão mais atividades com a bola sendo golpeada no ar, tanto pelo lado dominante como pelo lado não dominante. Depois de um ciclo de aulas no qual os alunos estiverem dominando razo- avelmente a bola, o espaço de jogo do tênis e de beach tennis pode subir para 18 m (extensão da quadra de voleibol). Neste caso as bolas indicadas serão do Estágio 2 (laranjas, 50% mais lentas do que a bola usada pelos profissionais de tênis). Lembre-se de que essas bolas são as oficiais para o jogo de beach tennis. A extensão da quadra de badminton é menor do que a de tênis e a de beach tennis (13,4 m), mas vale a ideia para distribuir alunos para tarefas em circuito também. No diagrama a seguir, um exem- plo de rodízio de atividades numa aula em grupo para a quadra laranja. Apesar da legenda, podemos comportar mais alunos designando tarefas para mais crianças fazerem fora do espaço de jogo. Figura 17. Esquema de revezamento de posições para aulas de tênis, beach tennis e badminton 52 E S P O R T E S D E R A Q U E T E Pensando em alunos do Ensino Médio, pode ser que algumas dessas ativi- dades pareçam “bobinhas”. Mas, devido à pouca experiência e oportuni- dade de prática de atividades físicas, o repertório dos jovens geralmente é bastante limitado e esses jogos e brincadeiras podem estimular para que todos participem das aulas, por serem bem divertidas. Essas atividades podem ser dadas no aquecimento inteligente, pensando numa sequência: individual - dois a dois - pequenos grupos - grandes gru- pos. Podem, ainda, ser adaptadas para todas as modalidades. Alguns desses jogos serão também apresentados durante as aulas práti- cas desta capacitação: JOGOS E BRINCADEIRAS 53 E S P O R T E S D E R A Q U E T E JOGOS DE DESLOCAMENTOS (D) 1) CORRIDA PARA AS LINHAS: O professor anuncia em voz alta o nome de uma das linhas da quadra poliesportiva (lateral - do fundo - central - da área - do garrafão) para a qual as crianças deverão correr e encostar a ra- quete na linha pedida para marcar um ponto. 2) DANÇA DOS ARCOS: Alunos dançam uma música cantada pelo profes- sor. Quando ele parar de cantar, alunos correm para os arcos (terá um a menos). Termina quando sobrar um aluno. 3) ARCO-VIVO: Alunos ao longo da linha de fundo devem girar o arco no chão, correr até a rede e voltar, entrando no arco antes que este pare de girar. 4) CORRIDA MALUCA: Cada dupla deve correr da linha de fundo, tocar a rede e voltar, carregando uma bolinha amparada pela ponta dos cabos da raquete de cada um. Cada aluno segura a raquete pela garganta, sem ampará-la no tronco (esta brincadeira só dá certo com raquetes de alumí- nio ou grafite). 5) BARRA MANTEIGA: Cada equipe fica em uma linha lateral de frente para a outra. Alternando, um aluno caminha até a outra equipe e terá que bater na mão de um colega. O colega tentará pegá-lo antes que o aluno volte para seu lugar. 6) PEGA-PEGA: Dentro de uma metade da quadra, podem variar os tipos: normal, americano (batendo na mão para ser salvo), do garçom (todos equilibrando bola na raquete). 7) CORRIDA DE TEMPO: O professor cria um circuito com os materiais (escadinha, arco, elástico) e marca o tempo de cada aluno. Vence o mais rápido. E você professor, tem ideias de brincadeiras usando apenas o corpo? Quais deslocamentos específicos da modalidade pretende estimular? 54 E S P O R T E S D E R A Q U E T E JOGOS DE CONTROLE DE BOLA (B) 8) BOLICHE: crianças posicionadas atrás da linha lateral devem rolar a bola na direção da linha lateral oposta. Vence a criança cuja bola chegar e parar mais perto da linha. 9) NEYMAR MALUCO: crianças procuram “rebater” a bola usando várias partes do corpo: coxas, braços, pés, ombros, peito, cabeça, etc. 10) MALABARES: lançar e recuperar com uma mão só, fazer o mesmo ba- tendo uma palma, o mesmo dando um salto, o mesmo dando uma volti- nha no lugar, etc. 11) PASSA-PASSA: crianças passam uma bola entre elas, de várias manei- ras: rolando, lançando, arremessando, lançando com e sem quique, com dois quiques, usando duas bolas, etc. 12) GOL A GOL: rolando a bola com as mãos ou chutando com os pés, duas crianças procuram fazer e defender seu minigol, feito com dois dis- cos ou cones. 13) SORVETÃO: uma criança lança a bola com a mão, e recupera com um cone na outra mão (com e sem quique). Revezar os cones de mão. Em se- guida mesma brincadeira com duas crianças (uma lança, a outra recupera com o cone). 14) NARIZ - ORELHA - BOLA!: duas crianças frente a frente no corredor de duplas, com uma bola no chão entre elas. Devem movimentar as pernas no lugar, e ao sinal do professor colocar ambas as mãos na parte do corpo correspondente. Quando o professor falar “bola”, quem conseguir pegar a bola do chão primeiro vence. 15) QUANTO MENOS MELHOR: dois times em campos diferentes, com o mesmo número de bolas cada um. Ao sinal do professor, crianças arre- messam suas bolas para o campo adversário. Em um minuto, param de arremessar. O time que tiver menos bolas vence! E você professor, tem ideias de brincadeiras usando apenas a bolinha? Quais desafios as bolas pequenas apresentam aos educandos? 55 E S P O R T E S D E R A Q U E T E JOGOS DE CONTROLE DA RAQUETE (R) 16) CONHECENDO A RAQUETE: Alunos com sua raquete a frente no chão terão de tocar com a mão dominante na parte da raquete anunciada pelo professor (cabeça - garganta - cabo). 17) CARREGANDO A RAQUETE: Raquetes dos alunos colocadas sobre a linha de saque. Alunos se deslocam de costas para a tela. Ao sinal do pro- fessor, cada aluno deverá pegar sua raquete e correr de volta. O vencedor será o primeiro que passar pela linha de fundo. Professor varia a forma de dar a largada (som, gesto, etc.). 18) PASSA-RAQUETE: Cada equipe de alunos forma uma fila onde eles te- rão que passar uma raquete o mais rápido possível, de diferentes formas: por cima, lado, entre as pernas, etc. 19) TROCA-TROCA DE RAQUETES: A) Dupla - alunos equilibram a raque- te no solo com a cabeça para baixo. Quando o professor gritar “já” cada aluno deve pegar a raquete do outro antes que caia no chão. B) Círculo - professor determina o sentido (direita ou esquerda) dos alunos em círculo. Professor, algumas atividades de raquete foram pensadas para as raquetes de alumínio encontradas no mercado, outras podem ser realizadas com as raquetes feitas com material reciclado. Caso as atividades sejam bem aceitas, vale a pena checar se há um clube de tênis na comunidade que possa fazer doações para a sua escola. Com 8 a 14 raquetes seus alunos já poderão ter o gostinho do jogo de verdade! 56 E S P O R T E S D E R A Q U E T E JOGOS DE CONTROLE DE BOLA/RAQUETE (B/R) 20) EQUILÍBRIO BOLA-RAQUETE: Alunos equilibram a bola com a raquete de diferentes formas: duas mãos, uma mão, agachando, um pé só, dando voltas. 21) CORRIDA DO GARÇOM: Alunos formam duas equipes atrás da linha de fundo. O primeiro de cada fila tem que correr até a rede e voltar, equili- brando a bola na raquete e entregar para o próximo. Vence a equipe que completar uma ou duas rodadas. 22)TATURANA: O grupo é dividido em duas filas, onde o primeiro passa a bola da sua raquete para a de seu companheiro de trás e corre para o fim da fila. Vence a equipe que completar uma volta sem que a bola caia no chão. 23) PASSEIO DO CACHORRINHO: Alunos movimentam-se de diferentes formas (no corredor, sobre as linhas, em ziguezague), rolando a bola pelo chão junto da raquete como um cachorrinho obediente. 24) ROLA-BOLA: Alunos em dupla (utilizando corredor) ou em círculo ro- lam a bola com a raquete, observando empunhaduras (direita e esquerda). 57 E S P O R T E S D E R A Q U E T E JOGOS DE GOLPES DE FUNDO 25) GOLEIRO MARAVILHA: Professor faz um gol e rola ou quica bolas para aluno defender com a raquete (como hóquei). Depois, 3 alunos tentam fa- zer o gol com a bola rolando na direção de um aluno
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