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1 Semiologia osteoarticular Disciplina: PM IV 30/09/2020 – Prof. Diretor(es): Rafaela Soares Parte 1 – Amanda Cordeiro REVISÃO DA ANAMNESE QUEIXA PRINCIPAL (QP) É o momento usado para descobrir o motivo do paciente estar naquele consultório. HISTÓRIA DA DOENÇA (HDA) Momento para pegar os fatores mais relevantes da queixa que o paciente trouxe. Exemplo: Dor, duração, fatores de melhora e piora, horário, caráter da dor. Em caso de trauma, descobrir o mecanismo do trauma. Suspeita de trauma: o médico deve perguntar quando foi, quanto tempo faz, onde dói e o que o paciente está sentindo, como o trauma ocorreu (pois o mecanismo de trauma diz o que esperar dele). Exemplo: Paciente com fratura de punho, o mecanismo sempre será porque o paciente caiu com a mão espalmada. Nas doenças congênitas o médico deve se atentar ao interrogatório dos múltiplos sistemas. O mecanismo nasceu do estudo das crianças, principalmente doenças congênitas, onde o interrogatório de múltiplos sistemas é crucial, não se pode deixar de fazer pois a mal formação congênita pressupõe que há risco de se ter mal formação congênita em outros lugares e não só apenas no local em que a mãe apresentou ao procurar o médico. Deve se ter uma atenção especial para a dor, principalmente em idosos. Na dor do idoso (dor óssea) o médico também deve realizar o interrogatório dos diversos aparelhos muito bem feito, pois a dor óssea pode estar relacionada a metástases (principalmente tireoide, mama, próstata e rim). Resumindo: tanto na anamnese da dor como de doenças congênitas é muito importante um bom interrogatório dos diversos aparelhos, para ajudar a fechar o diagnóstico. OBS.: Essa revisão da anamnese é geral, ou seja, independente da especialidade. 2 ANTECEDENTES Se o paciente tem histórico de câncer (metástases). Traumas anteriores. Hipertensão ou cardiopatias. Hipertireoidismo/Hipotireoidismo – principalmente relacionado com a síndrome do carpo (hipotireoidismo) –. Cirurgias anteriores. Internações. Alcoolismo – ligado a necrose avascular da cabeça do fêmur. Tabagismo. Doenças na família, principalmente congênitas. Parte 2 – Augusto Lopes EXAME FÍSICO OSTEOARTICULAR Para uma análise bem feita da estrutura osteoarticular de um paciente deve-se, primeiramente, realizar a Inspeção Estática (em repouso) do indivíduo e, em seguida, faz-se a Inspeção Dinâmica. Essa divisão das inspeções é justificada por o esqueleto ser um sistema de movimentação logo, se ele apresenta algum desequilíbrio essas inspeções podem auxiliar na identificação. INSPEÇÃO ESTÁTICA OBS.: Na pediatria além do interrogatório dos múltiplos sistemas, temos que lembrar que a grande parte dos problemas dessa criança estão relacionados ao parto, gestação (fatores gestacionais) e perinatal (qual a posição estava na barriga, se chorou quando nasceu, se precisou entubar, se ficou internado, se teve comorbidade quando nasceu, se a mamãe passou mal, se teve alguma doença ou tomou medicação, etc). OBS.: O sistema osteoarticular depende muito do sistema nervoso, principalmente nas crianças cujo desenvolvimento é muito correlato. Muitas alterações de motricidade e força não possuem relação com o esqueleto, e sim com o sistema neurológico. Nas crianças, as alterações neurológicas estão relacionadas ao período de gestação e as intercorrências perinatais. No adulto, tem que se investigar a possibilidade de ele ter um AIT (Acidente Isquêmico Transitório), que é um derrame muito pequeno que tem uma resolução muito rápida e pode causar algumas alterações de força e motricidade, mas clinicamente o paciente fica bem. 3 Pode-se observar Deformidades: desvios angulares (geno valgo e geno varo), deformidades em extremidade (pé torto congênito). Nessa inspeção, também se identificam deformidades relacionadas a traumas (imagem abaixo). Nesses casos, o médico clínico geral não precisa saber exatamente todos os detalhes que estão envolvendo o membro traumatizado, ele só precisa saber que a anatomia não está normal e, dessa forma direcionar corretamente o paciente. 4 Nos casos de Lesão de Pele, sua identificação ajuda principalmente nos quadros infecciosos (edema, rubor e calor) e em algumas doenças, como estigmas cutâneos (extensão de pele ou tufos pilosos) na região lombar, que estão relacionados a más formações vertebrais. Existem síndromes osteoarticulares associadas a lesões de pele: Fibromatose, Displasia Fibrosa Poliostótica, Síndrome de Hipomelanose de Ito (estão na sequência de imagens abaixo). FIBROMATOSE 5 DISPLASIA FIBROSA POLIOSTÓTICA SÍNDROME DE HIPOMELANOSE DE ITO Quanto ao Posicionamento, deve-se iniciar a inspeção estática assim que o paciente entra no consultório, observando: Se ele assume alguma posição antálgica. Se fica de algum jeito preferencial diferente. Exemplo: Criança com torcicolo congênito, devido ao encurtamento do esternocleidomastóideo. 6 Infecções osteoarticulares também são caracterizadas por posições que o paciente assume. Exemplos: quando o quadril está abduzido, fletido e em roda sérum, suspeita-se de artrite séptica do quadril; quadril em flexão, suspeita-se de psoíte (inflamação no músculo psoas). Então, deve-se observar como o paciente se posiciona: se ele tem mobilidade espontânea, se ele sempre fica do mesmo jeito, se ele está em posição antálgica. Precisa- se investigar o que está causando essa posição e a qual estrutura comprometida. INSPEÇÃO DINÂMICA 7 Quando o paciente é colaborativo, pede-se para ele se despir e para subir sozinho na maca ou se sentar na cadeira, tudo isso sem ajuda. Ele deve fazer sozinho para o médico poder observar os movimentos. Essa inspeção inicia-se, assim como a inspeção estática, no momento que o paciente entra na sala. Esse paciente da imagem acima, apresenta a cava do pé bem certinha quando ele está sentado. Entretanto, quando ele fica de pé a cava some, pois o ligamento dele não é forte o suficiente para sustentar o peso do corpo, porque sem o peso do copo a cava está presente. MOBILIDADE 8 Boa parte da mobilidade já é vista durante a inspeção dinâmica. Porém, durante essa parte do exame deve-se também, analisar a amplitude de movimento estática e dinâmica. Para que se tenha uma boa mobilidade, deve-se ter: Uma articulação de formato anatômico fisiológico (normal). Não pode ter contratura muscular e de tendão. As deficiências de movimento estão ligadas a articulação (ativas e passivas). Exemplo: o paciente chega com o cotovelo em flexão e o médico pede que ele faça a extenção, porém o paciente não consegue fazer sozinho e só consegue com a ajuda do médico. Dessa forma, ele tem a mobilidade ativa reduzida e a passiva está normal, isso quer dizer que quem não está funcionando é o músculo e a articulação está normal. Quando a articulação não está normal o movimento passivo também é prejudicado. Então, nas doenças articulares, o paciente não tem mobilidade ativa nem passiva. Já nas doenças dos músculos, seja por um defeito muscular ou por uma alteração neurológica, o paciente tem a mobilidade passiva preservada e a ativa comprometida. A maior parte das proeminências ósseas terão uma Bursa que protege o tendão e, alguns tendões podem ficar muito próximos dessas proeminências podendo levar a quadros de álgicos, como as Tendinites (causadas devido ao movimento da proeminência óssea junto e próximo ao tendão). Os movimentos das articulações devem ser simétricos e iguais bilateralmente. Caso não seja, tem alguma coisa errada. OBS.: Uma dica importante para se começar o exame osteoarticular é sempre começar pelo lado normal, para daí comparar com o lado patológico.9 PALPAÇÃO As proeminências ósseas, geralmente, são acessíveis a palpação. Como o olecrano – é o local onde localiza-se a gota (artrite gotosa), com isso ele estará mais volumoso, hiperemiado e doloroso. A patela, o tendão patelar, a tíbia, o tendão aquileu e a maioria dos acidentes osseoarticulares são fáceis de palpar. Deve-se pedir para o paciente localizar a dor para o médico poder palpar o máximo de acidentes ósseos e articulares. Parte 3 – Bárbara Santos No sistema osteoarticular, ao contrário do exame abdominal por exemplo, a dor está bem localizada no local da lesão. As dores que vão irradiar para outros locais geralmente serão as de coluna e de quadril, ao contrário do que acontece nos demais locais na maioria das vezes. Então o exame físico será mais fácil com a palpação das estruturas anatômicas conhecidas e identificando o local do estímulo doloroso com posterior hipótese diagnóstica. OBS.: As dores irradiadas ocorrem mais nos problemas de coluna e de quadril. 10 A palpação de pontos dolorosos também deve ser feita na musculatura principalmente em pacientes que apresentem uma dor mais difusa, chamado de “trigger points” (figura ao lado), pontos de dor específicos em que se procura diagnóstico de dor miofascial – palpa-se tanto proeminências ósseas quanto pontos musculares. EXAME NEUROLÓGICO Não existe exame osteoarticular sem um exame neurológico básico uma vez que muitas doenças neurológicas possuem manifestações osteoarticulares. FORÇA MUSCULAR → Grau V – normal: vence tanto a gravidade quanto a resistência (ex.: consegue empurrar a mão mesmo que esteja sendo segurada); → Grau IV – vence a resistência (ex.: consegue empurrar a mão mas sem tirá-la de cima); → Grau III – vence a gravidade (ex.: não consegue empurrar a mão mas faz movimento); → Grau II – não vence a gravidade (ex.: realiza apenas movimentos que não precisem vencer a gravidade, ou seja, não é possível realizar uma flexo- extensão); → Grau I – apenas a contração muscular (ex.: o paciente esboça um movimento que é a contração); → Grau 0 – sem contração muscular (ex.: o paciente parece nem estar tentando movimentar). SENSIBILIDADE Geralmente segue-se os dermátomos, sendo alguns deles extremamente frequentes de lesão então é necessário ter o conhecimento sobre estes, principalmente locais que trabalham com o trauma raquimedular, isto é, que trabalham mais com lesões medulares. É de fácil visualização, feito rapidamente e é a incidência mais comum de lesão neurológica decorrente de problemas na coluna, rapidamente se chega ao foco da lesão. Os principais são os dermátomos do braço e do antebraço e os da perna, que correspondem a coluna cervical e a coluna lombar – sítio mais frequente de lesão. As lesões torácicas existem porém são muito raras. Quando se fala de doenças, lombalgia, cervicalgia, hérnia de disco, entre outros, fala-se principalmente de regiões lombares ou cervicais. → Da lateral do braço até o polegar é C6; OBS.: Trigger Points são áreas de hipersensibilidade dentro dos músculos que funcionam como um gatilho para a dor. 11 → Face anterior do braço e antebraço é C5; → Segundo e terceiro quirodáctilo é C7; → Quarto e quinto quirodáctilo com a face ulnar do antebraço é C8; → Face interna do braço é T1. Os locais mais comuns de lesão cervical são: C5, C6 e C7. Na perna, pesquisamos principalmente L4, L5 e S1: → Face interna da perna é L4; → Face externa da perna é L5; → Dorso do pé é S1. REFLEXOS A pesquisa de reflexos não vai ser possível em todos os pacientes, especialmente difícil em crianças visto que é preciso a colaboração do paciente, assim como em outros menos colaborativos, que estão mais tensos, porém já se pode ter uma boa ideia do local de problema na coluna. → Reflexo bicipital (C5); OBS.: Os pontos pretos da figura dos dermátomos cervicais são os locais em que se faz a pesquisa de lesão. Não é necessário fazer em toda a região. 12 → Reflexo estilo-radial (C6); → Reflexo patelar (L4); → Reflexo aquileu (S1). Sabendo desses reflexos é possível atender a maioria dos pacientes com queixas neurológicas em uma prática diária, tendo em vista que essas são as regiões mais acometidas. Então conhecer as patologias mais comuns traz uma boa resolutividade. MANOBRAS ESPECIAIS 13 São mais específicas do sistema osteoarticular, após todos os outros exames: neurológico, de pele, etc. COLUNA VERTEBRAL Uma queixa extremamente frequente entre adolescentes é desvio de coluna. Para examinar uma coluna e saber se ela está no seu eixo, pode-se observar 4 coisas essenciais – chama-se teste do minuto/de Adam, que consiste em: avaliar a altura dos ombros e a altura das escápulas, o triângulo do Talier formado pela borda interna do braço e pelo dorso, e a presença de gibosidades. Observamos nas imagens, que a 1ª apresenta simetria nas alturas dos ombros, das escápulas e no triângulo do Talier, enquanto a segunda apresenta claramente assimetria e sinais prováveis de escoliose, independente da causa da doença. A presença de gibosidades é o sinal de gravidade do desvio da coluna – pede-se para o paciente juntar as mãos e inclinar o corpo para frente, observando o dorso. O paciente normal possui dorso normal, reto, já o paciente com escoliose apresenta uma protuberância, chamada de giba, vista na 3ª imagem abaixo, apontada pela seta. Esse teste é utilizado em triagem populacional, pela sua acurácia e pela rapidez, que dá uma noção do alinhamento vertebral. Existem duas manobras, a de Valsava e a de Laségue, que examinam compressão de raiz nervosa na região lombar. → Manobra de Laségue: o paciente deita-se em decúbito dorsal, e faz-se uma elevação da perna com o joelho estendido. A dor deve aparecer até os 45º graus para ser considerada a manobra. Caso refira dor, indica que o ciático não está em sua condição normal, apresentando assim dor no trajeto do ciático. Lembrando sempre de avaliar o condicionamento físico do paciente caso refira dor na elevação superior a 45º graus. Então a manobra só indica antalgia, comprometimento de raiz do nervo ciático se a dor for na perna toda e ocorrer até 45º graus. Importante lembrar desses parâmetros. 14 → Manobra de Valsalva: pede-se para o paciente colocar a mão na boca e assoprar, fazendo assim uma pressão interna, aumentando a pressão intratecal, comprimindo a raiz nervosa que já está inflamada e o paciente vai referir dor no trajeto do nervo. → Teste de Schober: verifica a mobilidade da coluna lombar. Marca-se 3 pontos fixos na coluna: sacral, L5 e no final da coluna lombar em L2 (tira-se pela asa do ilíaco que está sempre no início de L4, L5). Assim, mede-se a distância entre os pontos, anota- se o valor e posteriormente pede-se para o paciente fazer uma inclinação para frente, e mede-se novamente a distância. O novo valor da distância tem que estar aumentada em pelo menos 6 cm, ou seja, maior que 6 centímetros, devido ao encurvamento. Para indicar uma boa mobilidade de coluna lombar, deve ter esse aumento do valor. É um teste muito utilizado quando se imagina uma lesão óssea, lesão de faceta, osteoartrose, osteoartrite, espondilite anquilosante. Movimento é igual a articulação. Então quando não há movimento, há problema na articulação. Sendo assim, doença articular na coluna pode ser uma osteoartrose ou uma espondilite anquilosante. OBS.: Pesquisa de comprometimento neurológico: a dor será no trajeto do nervo, assim, é possível identificar qualquer viés. 15 Tem-se também as dores na região sacral que podem ter origem em região sacroilíaca, seja de origem traumática ou reumatológica. → Teste de Patrick Fabere: Pede-se para o paciente fazer um 4, em posição dorsal-horizontal, estabiliza-sea pelve em região contra-lateral ao 4 e força o joelho para baixo, fazendo com que se abra a sacra-ilíaca do lado do joelho que foi forçado, que caso esteja inflamado, vai provocar bastante dor no paciente, que vai referi-lá em região sacral – sinal de sacroileíte, que pode ter diversas causas, então investiga-se doenças reumáticas, e o tratamento é repouso e anti-inflamatórios até a descoberta da patologia de base. → Teste de Hoover: É um teste bastante interessante quando existe a dúvida se o paciente está realmente colaborativo no exame, quando ele refere muita dor mas não esboça tantos sinais sistêmicos de dor. Deita-se o paciente em decúbito dorsal e coloca- se as duas mãos nos calcanhares do paciente, pedindo para ele levantar a perna em que refere dor e ao fazer isso, ao tentar levantar a perna, ele automaticamente abaixa a outra, fazendo uma pressão na mão contra-lateral que está segurando o calcanhar, indicando que está tentando levantar. Se não houver essa pressão, isto é, a pressão na mão, o paciente provavelmente está simulando a dor, e não está nem tentando levantar a perna. É muito utilizado em perícia médica. 16 Parte 4 – Beatriz Cavalcanti Continuação... → Teste de Hoover: Colocar as duas mãos, uma em cada calcanhar do paciente, o qual deverá estar posicionado em decúbito dorsal, e pedir para que levante a perna que manifesta dor, sem dobrar o joelho. Em condições normais (não simuladas), ao tentar levantar uma perna, ele, automaticamente, abaixará a outra, a fim de contrabalancear a força exercida. Dessa forma, o calcanhar contralateral é empurrado para baixo, indicando que o paciente está, de fato, tentando realizar o movimento. Se essa pressão não é sentida, significa que o paciente não está se esforçando, mas sim, simulando um quadro de dor. Teste muito utilizado em perícia médica, mas, em certos casos, também necessário na clínica, em especial quando o paciente parece estar exagerando os sintomas. Situação recorrente em quadros de dor lombar, diante da subjetividade da dor. → Reflexo bulbo-cavernoso: Dificilmente testado em condições normais, esse reflexo é indicado para casos de trauma raquimedular. Nesse contexto, como em uma luxação facetária, uma grande área de edema é formada, e a medula pode parar de funcionar totalmente por 2-3 dias, o que configura um choque medular. Quando se está na vigência de choque medular, nenhum achado neurológico pode ser considerado definitivo; é preciso esperar que o paciente saia desse estado para avaliar sua real condição neurológica. Para saber se um paciente está em choque medular, pesquisa-se o reflexo bulbo- cavernoso. No homem, deve-se apertar a glande e observar a contratura do esfíncter anal (reflexo positivo). Já na mulher é um pouco mais complexo, pois é necessário passar uma sonda vesical e, ao inflar o balonete, puxar a sonda com delicadeza, o que deverá provocar o mesmo efeito – contração do esfíncter anal. De modo geral, a ausência desse reflexo sugere choque medular, estado em que a funções simpática e 17 parassimpática estão comprometidas (ex.: ausência de controle pressórico, etc.) e que exige, portanto, um suporte diferenciado. OMBRO Algumas manobras de ombro são muito utilizadas, como as relacionadas às tendinites do manguito rotador. Por atuar como estabilizador do ombro, o manguito rotador compõe um grupo articular extremamente solicitado; por isso, é muito comum, na fase adulta – em especial entre os 30 e os 50 anos –, o desenvolvimento de tendinites ou lesões tendinosas totais ou parciais nos tendões dessa estrutura. Nesses casos, tem-se história de dor no ombro, principalmente aos esforços, que se agrava com o posicionamento dos MMSS acima de 60° (mãos acima da cabeça). → Manobra de Neer: O profissional deve posicionar-se atrás do paciente, segurar a escápula e promover a elevação do ombro com rotação interna de 45°. Quando o membro atinge por volta dos 60° de elevação, o paciente passa a referir dor na região anterolateral do ombro, típica da tendinite de supraespinhal, que é, na prática, a tendinite do manguito rotador mais comum. → Manobra de Jobe: O profissional deve posicionar-se à frente do paciente, pedir que este coloque os polegares para dentro e realize a abdução dos ombros contra a resistência. Dessa forma, o tendão do supraespinhoso é colocado em uma situação mais crítica, na qual requer mais força. Quando o paciente não consegue elevar o ombro nessa posição, pode-se estar diante de uma ruptura desse tendão. 18 É comum que pacientes jovens apresentem instabilidade de ombro, geralmente relacionada a sequela de trauma ou a hiperfrouxidão ligamentar. Nesses casos, de paciente abaixo de 30 anos que refere queixa de dor no ombro aos esforços, como na prática de esportes, mas que a princípio não possui aquela sobrecarga do manguito rotador mencionada anteriormente, dois testes são recomendados para detecção de instabilidade: o da Apreensão e o Sinal do Sulco. → Teste de apreensão: Paciente em pé ou sentado, ombro abduzido com o cotovelo a 90°. O profissional deve segurar a mão do paciente e realizar o movimento de rotação externa, que fará com que a cabeça do úmero force o manguito anterior. Então, se houver instabilidade, o paciente irá referir dor nessa região anterior do ombro. → Sinal do sulco: Também com o ombro do paciente abduzido e cotovelo a 90°, o profissional exerce uma força para baixo e observa a cabeça do úmero descer, de modo a formar um sulco na região. 19 COTOVELO O cotovelo é uma articulação extremamente estável, motivo pelo qual não há tantas manobras para avaliar seu funcionamento, mas é possível que apresente instabilidade. → Instabilidade: Para investigá-la, o profissional deve promover um estresse na estrutura, empurrando o cotovelo para lateral e para medial, de forma consecutiva, a fim de testar os complexos ligamentares, os quais raramente apresentam instabilidade. Em cotovelo, o mais comum é trauma, fratura. PUNHO É um sítio extremamente comum de tendinite devido aos esforços neles depositados cotidianamente. Tendinites do primeiro túnel extensor – abdutor longo e extensor curto do polegar – são muito frequentes, visto que o polegar é o dedo principal. → Teste de Finkelstein: 20 Com isso, para diagnosticar tendinite desse grupamento (Tendinite de Quervain), pode ser usado o Teste de Finkelstein, o qual é patognomônico para o quadro em questão. Pede-se para o paciente fechar o polegar na palma da mão, posicionando os dedos por cima, e forçar o desvio ulnar do punho. Assim, o indivíduo irá referir o dor na face lateral do punho. → Teste de Phalen: Outro acometimento comum no punho é a Síndrome do Túnel do Carpo, cuja patogenia consiste na compressão do nervo mediano. Para isso, o paciente refere perda de força ou formigamento na mão. Nesse contexto, pode ser feito o Teste de Phalen: posiciona-se o paciente conforme na imagem abaixo (hiperflexão dos punhos); após 30 segundos, o mesmo começará a se queixar de formigamento no primeiro, no segundo e no terceiro quirodáctilo (região especificamente nervada pelo nervo mediano). → Sinal de Tinel: Consiste na percussão do nervo, e não se adequa apenas à Síndrome do Túnel do Carpo, sendo útil na identificação de qualquer nervo periférico que possa estar sofrendo compressão. Assim, deve-se percutir o território do nervo desejado, e, caso haja o comprometimento da região, o paciente irá referir um choque no local de inervação delimitado. 21 QUADRIL → Teste de Thomas: Tem utilidade na observação do músculo psoas e das alterações de contratura do quadril (deformidade do fêmur/cabeça do fêmur). Diante disso, pede-se ao paciente para abraçar as duas pernas, em decúbito dorsal, e, consecutivamente,orienta-o a soltar uma delas (no exame, é indicado que solte um membro por vez; primeiramente o membro de dor referida, e depois o membro “saudável”). O teste é dado como positivo quando o paciente não consegue encostar a perna livre na cama. Por ser uma avaliação inespecífica, vale ressaltar que, em ortopedia, mede-se o ângulo entre a coxa do examinado e a cama, a fim de classificar a gravidade. Logo, um ângulo de até 30°, por exemplo, pode ser devido à falta de atividades físicas ou compatível com alguma anormalidade. Ao comparar o ângulo formado entre um membro e outro, também é possível observar que a perna de dor referida fará um ângulo maior do que a perna “sadia”. → Teste de Ober: 22 Ainda para verificar a contratura do quadril, o que permite destacar que alguns desses exames são usados em avaliações neurológicas, como detectar sequelas de AVC, analisar diversas neuropatias ou observar pacientes com algumas deformidades que levam ao encurtamento da região do quadril. Pergunta: Na manobra de valsava o paciente fica em pé? Tem alguma posição específica? R.: Pode ser feita com o paciente deitado ou em pé, sem alteração do resultado da manobra, pois, de qualquer forma, há o aumento da pressão intratecal ao assoprar. Parte 5 – Brenda Leite Continuação... → Teste de Ober: Feito com o paciente em decúbito lateral, vai testar a contratura ou inflamação do tensor da fáscia lata e banda iliotibial. O profissional faz a abdução da perna e solta-a, com isso espera-se conseguir encostar uma perna na outra, se isso não ocorrer, significa que a fáscia lata está encurtada, seja por uma alteração neurológica ou muscular. 23 → Teste de Trendelenburg: Associado ao glúteo médio, músculo importante para andar – junto ao quadríceps e o psoas – ele dá a cadência da marcha, e pode ser comprometido por problemas neurológicos ou osteoarticulares, pela biomecânica do quadril. O glúteo médio necessita do fêmur proximal para manter os braços de alavanca, então, qualquer coisa que comprometa esse será prejudicial para aquele, dando uma alteração de seu formato com consequente comprometimento de força. Em posição monopodal, o glúteo médio da perna de apoio contrai-se para levantar a pelve do outro lado se, ao tirar a perna do chão, a pelve cair, o teste de Trendelenburg será positivo, pois o músculo não estará funcionando propriamente por alguma razão, que deverá ser investigada. Deficiência nele, em crianças pequenas, é comum em luxação de quadril, em crianças mais velhas, com coxa vara congênita/adquirida, nos adolescentes, em escorregamentos epifisários, nos adultos, necrose vascular da cabeça do fêmur e, nos idosos, pensa-se em sequelas de AVC. 24 → Manobra de Galeazzi: Perna mais curta que a outra, até 1 cm de diferença pode ser considerado normal. Porém doenças congênitas, sequelas de trauma e infecção podem causar uma dismetria, com perna desnivelada ao ficar em pé, claudicação ao andar. A manobra de Galeazzi consiste em deitar o paciente, decúbito dorsal horizontal, flete o quadril e o joelho, alinha os pés e a pelve, se tiver uma dismetra, a altura dos joelhos será diferente. Para investigar faz uma escanometria dos membros inferiores para aferir a alteração óssea. → Manobra de Barlow e Ortolani: Faz parte do screening do recém-nascido do Ministério da Saúde, verifica se há a presença de luxação congênita do quadril, doença da formação do feto, que se tratada até os primeiros dois meses de vida, tem um prognóstico excelente mas, quanto mais velha a criança ficar, mais difícil será voltá-la às funções normais. Para a manobra de Ortolani, com o paciente deitado e com o quadril e joelho fletidos, coloca-se o polegar no trocânter menor e posiciona o terceiro dedo no trocânter maior, abduz o quadril e roda externo, o que o reduz. Na de Barlow, aduz o quadril e ele luxa, sente-se um ressalto dele. OBS.: Para testar o ciático, usa-se o lasegue, valsava – geralmente, quando se tem pressão do ciático, também é positiva na região lombar – os dermátomos L4, L5 e S1, além do reflexo patelar e aquileu (L4 e S1). 25 JOELHO Se considerar adultos jovens, é a articulação que mais é comprometida devido ser estabilizada por ligamentos, não há encaixe ósseo, e praticas esportivas que o sobrecarregam. → Manobra de Gaveta: Paciente deitado com joelho dobrado, examinador senta no pé do paciente para estabilizar, palpa a região proximal da tíbia e puxa para frente, para testar o ligamento cruzado anterior (Gaveta anterior). Se empurrar, testa a estabilidade do ligamento cruzado posterior (Gaveta posterior). A tíbia desliza em caso de comprometimento. → Manobra de Lachman: Com o paciente em decúbito dorsal, empurra o fêmur para baixo e a perna para cima, se o ligamento estiver incompetente, a tíbia será levada para cima, o que indica instabilidade do ligamento cruzado anterior. Esse ligamento é o mais comprometido em esportes no geral. → Manobra de Appley e Steinmann: Para verificar menisco, com o paciente em decúbito dorsal (Steinmann), comprime a tíbia contra o fêmur, se o menisco estiver comprometido, irá doer, com o joelho fletido, empurra a perna para baixo, roda o pé para fora para verificar menisco medial e, para dentro, para testar o lateral. Appley funciona da mesma maneira, porém com o paciente sentado, levantando a tíbia para cima. 26 Na fase aguda, tanto a lesão de menisco como a de ligamento dão hemartrose, precisa-se tomar antiinflatório antes de realizar as manobras. PÉ As estruturas são superficiais, então é fácil de ver uma lesão apenas com a palpação. Ligamento longitudinal do pé, responsável pelo arco plantar, pode ser hipermóvel em pessoas menores de oito anos ou em quem tem hiperfrouxidão cápsulo ligamentar. O pé doente tem perda de movimento, pé plano não significa frouxidão ligamentar. → Jack test: Com o paciente de lado, pede para ele dar carga, quando faz a flexão o hálux, aparece uma cava, já que o flexor longo do hálux passa embaixo, e empurra para o final do pé. Positivo quando articulações normais, frouxidão ligamentar porém sem deformação do arco do pé. → Mobilidade do Retropé: Olha o paciente de costas e pede para ele ficar na ponta do pé, o normal é que o calcanhar entre e a cava apareça, o que indica que o pé tem movimento normal. Então, apenas o ligamento estará hipermóvel. 27 Revisão da anamnese queixa principal (qp) história da doença (HDA) antecedentes exame físico osteoarticular inspeção estática fibromatose displasia fibrosa poliostótica Síndrome de hipomelanose de ito inspeção dinâmica mobilidade palpação exame neurológico Força muscular Sensibilidade Reflexos manobras especiais Coluna vertebral ombro cotovelo punho quadril Joelho Pé
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