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Semiologia Osteoarticular - PM - Transcrição

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Semiologia osteoarticular 
Disciplina: PM IV 
30/09/2020 – Prof. 
Diretor(es): Rafaela Soares 
Parte 1 – Amanda Cordeiro 
REVISÃO DA ANAMNESE 
 
 
QUEIXA PRINCIPAL (QP) 
É o momento usado para descobrir o motivo do paciente estar naquele 
consultório. 
HISTÓRIA DA DOENÇA (HDA) 
 Momento para pegar os fatores mais relevantes da queixa que o paciente trouxe. 
Exemplo: Dor, duração, fatores de melhora e piora, horário, caráter da dor. 
 Em caso de trauma, descobrir o mecanismo do trauma. 
 Suspeita de trauma: o médico deve perguntar quando foi, quanto tempo 
faz, onde dói e o que o paciente está sentindo, como o trauma ocorreu (pois o 
mecanismo de trauma diz o que esperar dele). 
Exemplo: Paciente com fratura de punho, o mecanismo sempre será porque o paciente 
caiu com a mão espalmada. 
 Nas doenças congênitas o médico deve se atentar ao interrogatório dos múltiplos 
sistemas. 
 O mecanismo nasceu do estudo das crianças, principalmente doenças 
congênitas, onde o interrogatório de múltiplos sistemas é crucial, não se pode deixar de 
fazer pois a mal formação congênita pressupõe que há risco de se ter mal formação 
congênita em outros lugares e não só apenas no local em que a mãe apresentou ao 
procurar o médico. 
 Deve se ter uma atenção especial para a dor, principalmente em idosos. 
 Na dor do idoso (dor óssea) o médico também deve realizar o 
interrogatório dos diversos aparelhos muito bem feito, pois a dor óssea pode estar 
relacionada a metástases (principalmente tireoide, mama, próstata e rim). 
Resumindo: tanto na anamnese da dor como de doenças congênitas é muito importante 
um bom interrogatório dos diversos aparelhos, para ajudar a fechar o diagnóstico. 
 
OBS.: Essa revisão da anamnese é geral, ou seja, independente da especialidade. 
 
 
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 ANTECEDENTES 
 Se o paciente tem histórico de câncer (metástases). 
 Traumas anteriores. 
 Hipertensão ou cardiopatias. 
 Hipertireoidismo/Hipotireoidismo – principalmente relacionado com a síndrome 
do carpo (hipotireoidismo) –. 
 Cirurgias anteriores. 
 Internações. 
 Alcoolismo – ligado a necrose avascular da cabeça do fêmur. 
 Tabagismo. 
 Doenças na família, principalmente congênitas. 
Parte 2 – Augusto Lopes 
EXAME FÍSICO OSTEOARTICULAR 
Para uma análise bem feita da estrutura osteoarticular de um paciente deve-se, 
primeiramente, realizar a Inspeção Estática (em repouso) do indivíduo e, em seguida, 
faz-se a Inspeção Dinâmica. Essa divisão das inspeções é justificada por o esqueleto ser 
um sistema de movimentação logo, se ele apresenta algum desequilíbrio essas inspeções 
podem auxiliar na identificação. 
INSPEÇÃO ESTÁTICA 
OBS.: Na pediatria além do interrogatório dos múltiplos sistemas, temos que lembrar 
que a grande parte dos problemas dessa criança estão relacionados ao parto, gestação 
(fatores gestacionais) e perinatal (qual a posição estava na barriga, se chorou quando 
nasceu, se precisou entubar, se ficou internado, se teve comorbidade quando nasceu, 
se a mamãe passou mal, se teve alguma doença ou tomou medicação, etc). 
 
OBS.: O sistema osteoarticular depende muito do sistema nervoso, principalmente 
nas crianças cujo desenvolvimento é muito correlato. Muitas alterações de 
motricidade e força não possuem relação com o esqueleto, e sim com o sistema 
neurológico. 
Nas crianças, as alterações neurológicas estão relacionadas ao período de 
gestação e as intercorrências perinatais. No adulto, tem que se investigar a 
possibilidade de ele ter um AIT (Acidente Isquêmico Transitório), que é um derrame 
muito pequeno que tem uma resolução muito rápida e pode causar algumas alterações 
de força e motricidade, mas clinicamente o paciente fica bem. 
 
 
 
 
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Pode-se observar Deformidades: desvios angulares (geno valgo e geno varo), 
deformidades em extremidade (pé torto congênito). 
 
Nessa inspeção, também se identificam deformidades relacionadas a traumas 
(imagem abaixo). Nesses casos, o médico clínico geral não precisa saber exatamente 
todos os detalhes que estão envolvendo o membro traumatizado, ele só precisa saber 
que a anatomia não está normal e, dessa forma direcionar corretamente o paciente. 
 
 
 
 
 
 
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 Nos casos de Lesão de Pele, sua identificação ajuda principalmente nos quadros 
infecciosos (edema, rubor e calor) e em algumas doenças, como estigmas cutâneos 
(extensão de pele ou tufos pilosos) na região lombar, que estão relacionados a más 
formações vertebrais. 
Existem síndromes osteoarticulares associadas a lesões de pele: Fibromatose, 
Displasia Fibrosa Poliostótica, Síndrome de Hipomelanose de Ito (estão na sequência de 
imagens abaixo). 
FIBROMATOSE 
 
 
 
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DISPLASIA FIBROSA POLIOSTÓTICA 
 
SÍNDROME DE HIPOMELANOSE DE ITO 
 
 
 Quanto ao Posicionamento, deve-se iniciar a inspeção estática assim que o 
paciente entra no consultório, observando: 
 Se ele assume alguma posição antálgica. 
 Se fica de algum jeito preferencial diferente. 
Exemplo: Criança com torcicolo congênito, devido ao encurtamento do 
esternocleidomastóideo. 
 
 
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Infecções osteoarticulares também são caracterizadas por posições que o 
paciente assume. 
Exemplos: quando o quadril está abduzido, fletido e em roda sérum, suspeita-se de 
artrite séptica do quadril; quadril em flexão, suspeita-se de psoíte (inflamação no 
músculo psoas). 
 
Então, deve-se observar como o paciente se posiciona: se ele tem mobilidade 
espontânea, se ele sempre fica do mesmo jeito, se ele está em posição antálgica. Precisa-
se investigar o que está causando essa posição e a qual estrutura comprometida. 
INSPEÇÃO DINÂMICA 
 
 
 
 
 
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Quando o paciente é colaborativo, pede-se para ele se despir e para subir sozinho 
na maca ou se sentar na cadeira, tudo isso sem ajuda. Ele deve fazer sozinho para o 
médico poder observar os movimentos. 
Essa inspeção inicia-se, assim como a inspeção estática, no momento que o 
paciente entra na sala. 
 
Esse paciente da imagem acima, apresenta a cava do pé bem certinha quando ele 
está sentado. Entretanto, quando ele fica de pé a cava some, pois o ligamento dele não é 
forte o suficiente para sustentar o peso do corpo, porque sem o peso do copo a cava está 
presente. 
MOBILIDADE 
 
 
 
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Boa parte da mobilidade já é vista durante a inspeção dinâmica. Porém, durante 
essa parte do exame deve-se também, analisar a amplitude de movimento estática e 
dinâmica. 
 Para que se tenha uma boa mobilidade, deve-se ter: 
 Uma articulação de formato anatômico fisiológico (normal). 
 Não pode ter contratura muscular e de tendão. 
As deficiências de movimento estão ligadas a articulação (ativas e passivas). 
Exemplo: o paciente chega com o cotovelo em flexão e o médico pede que ele faça a 
extenção, porém o paciente não consegue fazer sozinho e só consegue com a ajuda do 
médico. Dessa forma, ele tem a mobilidade ativa reduzida e a passiva está normal, isso 
quer dizer que quem não está funcionando é o músculo e a articulação está normal. 
Quando a articulação não está normal o movimento passivo também é prejudicado. 
Então, nas doenças articulares, o paciente não tem mobilidade ativa nem 
passiva. Já nas doenças dos músculos, seja por um defeito muscular ou por uma 
alteração neurológica, o paciente tem a mobilidade passiva preservada e a ativa 
comprometida. 
 
A maior parte das proeminências ósseas terão uma Bursa que protege o tendão e, 
alguns tendões podem ficar muito próximos dessas proeminências podendo levar a 
quadros de álgicos, como as Tendinites (causadas devido ao movimento da 
proeminência óssea junto e próximo ao tendão). 
Os movimentos das articulações devem ser simétricos e iguais bilateralmente. 
Caso não seja, tem alguma coisa errada. 
 
 
OBS.: Uma dica importante para se começar o exame osteoarticular é sempre 
começar pelo lado normal, para daí comparar com o lado patológico.9 
PALPAÇÃO 
 
As proeminências ósseas, geralmente, são acessíveis a palpação. 
 Como o olecrano – é o local onde localiza-se a gota (artrite gotosa), com 
isso ele estará mais volumoso, hiperemiado e doloroso. 
A patela, o tendão patelar, a tíbia, o tendão aquileu e a maioria dos acidentes 
osseoarticulares são fáceis de palpar. 
Deve-se pedir para o paciente localizar a dor para o médico poder palpar o 
máximo de acidentes ósseos e articulares. 
 
 
 Parte 3 – Bárbara Santos 
No sistema osteoarticular, ao contrário do exame 
abdominal por exemplo, a dor está bem localizada no local 
da lesão. As dores que vão irradiar para outros locais 
geralmente serão as de coluna e de quadril, ao contrário do 
que acontece nos demais locais na maioria das vezes. 
Então o exame físico será mais fácil com a palpação 
das estruturas anatômicas conhecidas e identificando o 
local do estímulo doloroso com posterior hipótese 
diagnóstica. 
OBS.: As dores irradiadas ocorrem mais nos problemas de coluna e de quadril. 
 
 
 
 
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A palpação de pontos dolorosos também deve ser feita na musculatura 
principalmente em pacientes que apresentem uma dor mais difusa, chamado de “trigger 
points” (figura ao lado), pontos de dor específicos em que se procura diagnóstico de dor 
miofascial – palpa-se tanto proeminências ósseas quanto pontos musculares. 
 
 
EXAME NEUROLÓGICO 
Não existe exame osteoarticular sem um exame neurológico básico uma vez que 
muitas doenças neurológicas possuem manifestações osteoarticulares. 
FORÇA MUSCULAR 
→ Grau V – normal: vence tanto a gravidade quanto a resistência (ex.: consegue 
empurrar a mão mesmo que esteja sendo segurada); 
→ Grau IV – vence a resistência (ex.: consegue empurrar a mão mas sem tirá-la 
de cima); 
→ Grau III – vence a gravidade (ex.: não consegue empurrar a mão mas faz 
movimento); 
→ Grau II – não vence a gravidade (ex.: realiza apenas movimentos que não 
precisem vencer a gravidade, ou seja, não é possível realizar uma flexo-
extensão); 
→ Grau I – apenas a contração muscular (ex.: o paciente esboça um movimento 
que é a contração); 
→ Grau 0 – sem contração muscular (ex.: o paciente parece nem estar tentando 
movimentar). 
SENSIBILIDADE 
Geralmente segue-se os dermátomos, sendo alguns deles extremamente frequentes 
de lesão então é necessário ter o conhecimento sobre estes, principalmente locais que 
trabalham com o trauma raquimedular, isto é, que trabalham mais com lesões 
medulares. É de fácil visualização, feito rapidamente e é a incidência mais comum de 
lesão neurológica decorrente de problemas na coluna, rapidamente se chega ao foco da 
lesão. 
Os principais são os dermátomos do braço e do antebraço e os da perna, que 
correspondem a coluna cervical e a coluna lombar – sítio mais frequente de lesão. As 
lesões torácicas existem porém são muito raras. Quando se fala de doenças, lombalgia, 
cervicalgia, hérnia de disco, entre outros, fala-se principalmente de regiões lombares ou 
cervicais. 
→ Da lateral do braço até o polegar é C6; 
OBS.: Trigger Points são áreas de hipersensibilidade dentro dos músculos que 
funcionam como um gatilho para a dor. 
 
 
 
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→ Face anterior do braço e antebraço é C5; 
→ Segundo e terceiro quirodáctilo é C7; 
→ Quarto e quinto quirodáctilo com a face ulnar do antebraço é C8; 
→ Face interna do braço é T1. 
 
 
 
 
 
Os locais mais comuns de lesão cervical são: C5, C6 e C7. 
Na perna, pesquisamos principalmente L4, L5 e S1: 
→ Face interna da perna é L4; 
→ Face externa da perna é L5; 
→ Dorso do pé é S1. 
 
REFLEXOS 
A pesquisa de reflexos não vai ser possível em todos os pacientes, especialmente 
difícil em crianças visto que é preciso a colaboração do paciente, assim como em outros 
menos colaborativos, que estão mais tensos, porém já se pode ter uma boa ideia do local 
de problema na coluna. 
→ Reflexo bicipital (C5); 
OBS.: Os pontos pretos da figura dos dermátomos cervicais são os locais em que se 
faz a pesquisa de lesão. Não é necessário fazer em toda a região. 
 
 
 
 
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→ Reflexo estilo-radial (C6); 
 
→ Reflexo patelar (L4); 
 
→ Reflexo aquileu (S1). 
 
Sabendo desses reflexos é possível atender a maioria dos pacientes com queixas 
neurológicas em uma prática diária, tendo em vista que essas são as regiões mais 
acometidas. Então conhecer as patologias mais comuns traz uma boa resolutividade. 
MANOBRAS ESPECIAIS 
 
 
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São mais específicas do sistema osteoarticular, após todos os outros exames: 
neurológico, de pele, etc. 
COLUNA VERTEBRAL 
Uma queixa extremamente frequente entre adolescentes é desvio de coluna. Para 
examinar uma coluna e saber se ela está no seu eixo, pode-se observar 4 coisas 
essenciais – chama-se teste do minuto/de Adam, que consiste em: avaliar a altura dos 
ombros e a altura das escápulas, o triângulo do Talier formado pela borda interna do 
braço e pelo dorso, e a presença de gibosidades. 
Observamos nas imagens, que a 1ª apresenta simetria nas alturas dos ombros, das 
escápulas e no triângulo do Talier, enquanto a segunda apresenta claramente assimetria 
e sinais prováveis de escoliose, independente da causa da doença. A presença de 
gibosidades é o sinal de gravidade do desvio da coluna – pede-se para o paciente juntar 
as mãos e inclinar o corpo para frente, observando o dorso. O paciente normal possui 
dorso normal, reto, já o paciente com escoliose apresenta uma protuberância, chamada 
de giba, vista na 3ª imagem abaixo, apontada pela seta. Esse teste é utilizado em triagem 
populacional, pela sua acurácia e pela rapidez, que dá uma noção do alinhamento 
vertebral. 
 
Existem duas manobras, a de Valsava e a de Laségue, que examinam compressão 
de raiz nervosa na região lombar. 
→ Manobra de Laségue: o paciente deita-se em decúbito dorsal, e faz-se uma 
elevação da perna com o joelho estendido. A dor deve aparecer até os 45º graus para ser 
considerada a manobra. Caso refira dor, indica que o ciático não está em sua condição 
normal, apresentando assim dor no trajeto do ciático. Lembrando sempre de avaliar o 
condicionamento físico do paciente caso refira dor na elevação superior a 45º graus. 
Então a manobra só indica antalgia, comprometimento de raiz do nervo ciático se a dor 
for na perna toda e ocorrer até 45º graus. Importante lembrar desses parâmetros. 
 
 
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→ Manobra de Valsalva: pede-se para o paciente colocar a mão na boca e 
assoprar, fazendo assim uma pressão interna, aumentando a pressão intratecal, 
comprimindo a raiz nervosa que já está inflamada e o paciente vai referir dor no trajeto 
do nervo. 
 
 
 
 
→ Teste de Schober: verifica a mobilidade da coluna lombar. Marca-se 3 pontos 
fixos na coluna: sacral, L5 e no final da coluna lombar em L2 (tira-se pela asa do ilíaco 
que está sempre no início de L4, L5). Assim, mede-se a distância entre os pontos, anota-
se o valor e posteriormente pede-se para o paciente fazer uma inclinação para frente, e 
mede-se novamente a distância. O novo valor da distância tem que estar aumentada em 
pelo menos 6 cm, ou seja, maior que 6 centímetros, devido ao encurvamento. Para 
indicar uma boa mobilidade de coluna lombar, deve ter esse aumento do valor. É um 
teste muito utilizado quando se imagina uma lesão óssea, lesão de faceta, osteoartrose, 
osteoartrite, espondilite anquilosante. 
Movimento é igual a articulação. Então quando não há movimento, há problema 
na articulação. Sendo assim, doença articular na coluna pode ser uma osteoartrose ou 
uma espondilite anquilosante. 
OBS.: Pesquisa de comprometimento neurológico: a dor será no trajeto do nervo, 
assim, é possível identificar qualquer viés. 
 
 
 
 
 
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Tem-se também as dores na região sacral que podem ter origem em região 
sacroilíaca, seja de origem traumática ou reumatológica. 
→ Teste de Patrick Fabere: Pede-se para o paciente fazer um 4, em posição 
dorsal-horizontal, estabiliza-sea pelve em região contra-lateral ao 4 e força o joelho 
para baixo, fazendo com que se abra a sacra-ilíaca do lado do joelho que foi forçado, 
que caso esteja inflamado, vai provocar bastante dor no paciente, que vai referi-lá em 
região sacral – sinal de sacroileíte, que pode ter diversas causas, então investiga-se 
doenças reumáticas, e o tratamento é repouso e anti-inflamatórios até a descoberta da 
patologia de base. 
 
→ Teste de Hoover: É um teste bastante interessante quando existe a dúvida se o 
paciente está realmente colaborativo no exame, quando ele refere muita dor mas não 
esboça tantos sinais sistêmicos de dor. Deita-se o paciente em decúbito dorsal e coloca-
se as duas mãos nos calcanhares do paciente, pedindo para ele levantar a perna em que 
refere dor e ao fazer isso, ao tentar levantar a perna, ele automaticamente abaixa a outra, 
fazendo uma pressão na mão contra-lateral que está segurando o calcanhar, indicando 
que está tentando levantar. Se não houver essa pressão, isto é, a pressão na mão, o 
paciente provavelmente está simulando a dor, e não está nem tentando levantar a perna. 
É muito utilizado em perícia médica. 
 
 
 
 
 
 
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Parte 4 – Beatriz Cavalcanti 
Continuação... 
→ Teste de Hoover: 
Colocar as duas mãos, uma em cada calcanhar do paciente, o qual deverá estar 
posicionado em decúbito dorsal, e pedir para que levante a perna que manifesta dor, sem 
dobrar o joelho. Em condições normais (não simuladas), ao tentar levantar uma perna, 
ele, automaticamente, abaixará a outra, a fim de contrabalancear a força exercida. Dessa 
forma, o calcanhar contralateral é empurrado para baixo, indicando que o paciente está, 
de fato, tentando realizar o movimento. Se essa pressão não é sentida, significa que o 
paciente não está se esforçando, mas sim, simulando um quadro de dor. Teste muito 
utilizado em perícia médica, mas, em certos casos, também necessário na clínica, em 
especial quando o paciente parece estar exagerando os sintomas. Situação recorrente em 
quadros de dor lombar, diante da subjetividade da dor. 
→ Reflexo bulbo-cavernoso: 
 
 
 
 
 
 
 
Dificilmente testado em condições normais, esse reflexo é indicado para casos de 
trauma raquimedular. Nesse contexto, como em uma luxação facetária, uma grande 
área de edema é formada, e a medula pode parar de funcionar totalmente por 2-3 dias, o 
que configura um choque medular. 
Quando se está na vigência de choque medular, nenhum achado neurológico pode 
ser considerado definitivo; é preciso esperar que o paciente saia desse estado para 
avaliar sua real condição neurológica. 
Para saber se um paciente está em choque medular, pesquisa-se o reflexo bulbo-
cavernoso. No homem, deve-se apertar a glande e observar a contratura do esfíncter 
anal (reflexo positivo). Já na mulher é um pouco mais complexo, pois é necessário 
passar uma sonda vesical e, ao inflar o balonete, puxar a sonda com delicadeza, o que 
deverá provocar o mesmo efeito – contração do esfíncter anal. De modo geral, a 
ausência desse reflexo sugere choque medular, estado em que a funções simpática e 
 
 
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parassimpática estão comprometidas (ex.: ausência de controle pressórico, etc.) e que 
exige, portanto, um suporte diferenciado. 
OMBRO 
Algumas manobras de ombro são muito utilizadas, como as relacionadas às 
tendinites do manguito rotador. Por atuar como estabilizador do ombro, o manguito 
rotador compõe um grupo articular extremamente solicitado; por isso, é muito comum, 
na fase adulta – em especial entre os 30 e os 50 anos –, o desenvolvimento de tendinites 
ou lesões tendinosas totais ou parciais nos tendões dessa estrutura. Nesses casos, tem-se 
história de dor no ombro, principalmente aos esforços, que se agrava com o 
posicionamento dos MMSS acima de 60° (mãos acima da cabeça). 
→ Manobra de Neer: 
O profissional deve posicionar-se atrás do paciente, segurar a escápula e promover 
a elevação do ombro com rotação interna de 45°. Quando o membro atinge por volta 
dos 60° de elevação, o paciente passa a referir dor na região anterolateral do ombro, 
típica da tendinite de supraespinhal, que é, na prática, a tendinite do manguito rotador 
mais comum. 
 
→ Manobra de Jobe: 
O profissional deve posicionar-se à frente do paciente, pedir que este coloque os 
polegares para dentro e realize a abdução dos ombros contra a resistência. Dessa forma, 
o tendão do supraespinhoso é colocado em uma situação mais crítica, na qual requer 
mais força. Quando o paciente não consegue elevar o ombro nessa posição, pode-se 
estar diante de uma ruptura desse tendão. 
 
 
 
 
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É comum que pacientes jovens apresentem instabilidade de ombro, geralmente 
relacionada a sequela de trauma ou a hiperfrouxidão ligamentar. Nesses casos, de 
paciente abaixo de 30 anos que refere queixa de dor no ombro aos esforços, como na 
prática de esportes, mas que a princípio não possui aquela sobrecarga do manguito 
rotador mencionada anteriormente, dois testes são recomendados para detecção de 
instabilidade: o da Apreensão e o Sinal do Sulco. 
→ Teste de apreensão: 
Paciente em pé ou sentado, ombro abduzido com o cotovelo a 90°. O profissional 
deve segurar a mão do paciente e realizar o movimento de rotação externa, que fará com 
que a cabeça do úmero force o manguito anterior. Então, se houver instabilidade, o 
paciente irá referir dor nessa região anterior do ombro. 
 
→ Sinal do sulco: 
Também com o ombro do paciente abduzido e cotovelo a 90°, o profissional 
exerce uma força para baixo e observa a cabeça do úmero descer, de modo a formar um 
sulco na região. 
 
 
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COTOVELO 
O cotovelo é uma articulação extremamente estável, motivo pelo qual não há 
tantas manobras para avaliar seu funcionamento, mas é possível que apresente 
instabilidade. 
→ Instabilidade: 
Para investigá-la, o profissional deve promover um estresse na estrutura, 
empurrando o cotovelo para lateral e para medial, de forma consecutiva, a fim de testar 
os complexos ligamentares, os quais raramente apresentam instabilidade. Em cotovelo, 
o mais comum é trauma, fratura. 
 
PUNHO 
É um sítio extremamente comum de tendinite devido aos esforços neles 
depositados cotidianamente. Tendinites do primeiro túnel extensor – abdutor longo e 
extensor curto do polegar – são muito frequentes, visto que o polegar é o dedo principal. 
→ Teste de Finkelstein: 
 
 
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Com isso, para diagnosticar tendinite desse grupamento (Tendinite de 
Quervain), pode ser usado o Teste de Finkelstein, o qual é patognomônico para o 
quadro em questão. Pede-se para o paciente fechar o polegar na palma da mão, 
posicionando os dedos por cima, e forçar o desvio ulnar do punho. Assim, o indivíduo 
irá referir o dor na face lateral do punho. 
 
→ Teste de Phalen: 
Outro acometimento comum no punho é a Síndrome do Túnel do Carpo, cuja 
patogenia consiste na compressão do nervo mediano. Para isso, o paciente refere perda 
de força ou formigamento na mão. Nesse contexto, pode ser feito o Teste de Phalen: 
posiciona-se o paciente conforme na imagem abaixo (hiperflexão dos punhos); após 30 
segundos, o mesmo começará a se queixar de formigamento no primeiro, no segundo e 
no terceiro quirodáctilo (região especificamente nervada pelo nervo mediano). 
 
→ Sinal de Tinel: 
Consiste na percussão do nervo, e não se adequa apenas à Síndrome do Túnel do 
Carpo, sendo útil na identificação de qualquer nervo periférico que possa estar sofrendo 
compressão. Assim, deve-se percutir o território do nervo desejado, e, caso haja o 
comprometimento da região, o paciente irá referir um choque no local de inervação 
delimitado. 
 
 
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QUADRIL 
→ Teste de Thomas: 
Tem utilidade na observação do músculo psoas e das alterações de contratura do 
quadril (deformidade do fêmur/cabeça do fêmur). Diante disso, pede-se ao paciente para 
abraçar as duas pernas, em decúbito dorsal, e, consecutivamente,orienta-o a soltar uma 
delas (no exame, é indicado que solte um membro por vez; primeiramente o membro de 
dor referida, e depois o membro “saudável”). O teste é dado como positivo quando o 
paciente não consegue encostar a perna livre na cama. 
 
Por ser uma avaliação inespecífica, vale ressaltar que, em ortopedia, mede-se o 
ângulo entre a coxa do examinado e a cama, a fim de classificar a gravidade. Logo, um 
ângulo de até 30°, por exemplo, pode ser devido à falta de atividades físicas ou 
compatível com alguma anormalidade. Ao comparar o ângulo formado entre um 
membro e outro, também é possível observar que a perna de dor referida fará um ângulo 
maior do que a perna “sadia”. 
→ Teste de Ober: 
 
 
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Ainda para verificar a contratura do quadril, o que permite destacar que alguns 
desses exames são usados em avaliações neurológicas, como detectar sequelas de 
AVC, analisar diversas neuropatias ou observar pacientes com algumas deformidades 
que levam ao encurtamento da região do quadril. 
 
 
Pergunta: 
Na manobra de valsava o paciente fica em pé? Tem alguma posição específica? 
R.: 
Pode ser feita com o paciente deitado ou em pé, sem alteração do resultado da 
manobra, pois, de qualquer forma, há o aumento da pressão intratecal ao assoprar. 
 
Parte 5 – Brenda Leite 
Continuação... 
→ Teste de Ober: 
Feito com o paciente em decúbito lateral, vai testar a contratura ou inflamação do 
tensor da fáscia lata e banda iliotibial. O profissional faz a abdução da perna e solta-a, 
com isso espera-se conseguir encostar uma perna na outra, se isso não ocorrer, significa 
que a fáscia lata está encurtada, seja por uma alteração neurológica ou muscular. 
 
 
 
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→ Teste de Trendelenburg: 
Associado ao glúteo médio, músculo importante para andar – junto ao quadríceps 
e o psoas – ele dá a cadência da marcha, e pode ser comprometido por problemas 
neurológicos ou osteoarticulares, pela biomecânica do quadril. O glúteo médio necessita 
do fêmur proximal para manter os braços de alavanca, então, qualquer coisa que 
comprometa esse será prejudicial para aquele, dando uma alteração de seu formato com 
consequente comprometimento de força. Em posição monopodal, o glúteo médio da 
perna de apoio contrai-se para levantar a pelve do outro lado se, ao tirar a perna do 
chão, a pelve cair, o teste de Trendelenburg será positivo, pois o músculo não estará 
funcionando propriamente por alguma razão, que deverá ser investigada. Deficiência 
nele, em crianças pequenas, é comum em luxação de quadril, em crianças mais velhas, 
com coxa vara congênita/adquirida, nos adolescentes, em escorregamentos epifisários, 
nos adultos, necrose vascular da cabeça do fêmur e, nos idosos, pensa-se em sequelas de 
AVC. 
 
 
 
 
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→ Manobra de Galeazzi: 
Perna mais curta que a outra, até 1 cm de diferença pode ser considerado normal. 
Porém doenças congênitas, sequelas de trauma e infecção podem causar uma dismetria, 
com perna desnivelada ao ficar em pé, claudicação ao andar. A manobra de Galeazzi 
consiste em deitar o paciente, decúbito dorsal horizontal, flete o quadril e o joelho, 
alinha os pés e a pelve, se tiver uma dismetra, a altura dos joelhos será diferente. Para 
investigar faz uma escanometria dos membros inferiores para aferir a alteração óssea. 
 
→ Manobra de Barlow e Ortolani: 
Faz parte do screening do recém-nascido do Ministério da Saúde, verifica se há a 
presença de luxação congênita do quadril, doença da formação do feto, que se tratada 
até os primeiros dois meses de vida, tem um prognóstico excelente mas, quanto mais 
velha a criança ficar, mais difícil será voltá-la às funções normais. Para a manobra de 
Ortolani, com o paciente deitado e com o quadril e joelho fletidos, coloca-se o polegar 
no trocânter menor e posiciona o terceiro dedo no trocânter maior, abduz o quadril e 
roda externo, o que o reduz. Na de Barlow, aduz o quadril e ele luxa, sente-se um 
ressalto dele. 
 
OBS.: Para testar o ciático, usa-se o lasegue, valsava – geralmente, quando se tem 
pressão do ciático, também é positiva na região lombar – os dermátomos L4, L5 e 
S1, além do reflexo patelar e aquileu (L4 e S1). 
 
 
 
25 
JOELHO 
Se considerar adultos jovens, é a articulação que mais é comprometida devido ser 
estabilizada por ligamentos, não há encaixe ósseo, e praticas esportivas que o 
sobrecarregam. 
→ Manobra de Gaveta: 
Paciente deitado com joelho dobrado, examinador senta no pé do paciente para 
estabilizar, palpa a região proximal da tíbia e puxa para frente, para testar o ligamento 
cruzado anterior (Gaveta anterior). Se empurrar, testa a estabilidade do ligamento 
cruzado posterior (Gaveta posterior). A tíbia desliza em caso de comprometimento. 
 
 
→ Manobra de Lachman: 
Com o paciente em decúbito dorsal, empurra o fêmur para baixo e a perna para 
cima, se o ligamento estiver incompetente, a tíbia será levada para cima, o que indica 
instabilidade do ligamento cruzado anterior. Esse ligamento é o mais comprometido em 
esportes no geral. 
 
→ Manobra de Appley e Steinmann: 
Para verificar menisco, com o paciente em decúbito dorsal (Steinmann), 
comprime a tíbia contra o fêmur, se o menisco estiver comprometido, irá doer, com o 
joelho fletido, empurra a perna para baixo, roda o pé para fora para verificar menisco 
medial e, para dentro, para testar o lateral. Appley funciona da mesma maneira, porém 
com o paciente sentado, levantando a tíbia para cima. 
 
 
26 
 
Na fase aguda, tanto a lesão de menisco como a de ligamento dão hemartrose, 
precisa-se tomar antiinflatório antes de realizar as manobras. 
PÉ 
As estruturas são superficiais, então é fácil de ver uma lesão apenas com a 
palpação. Ligamento longitudinal do pé, responsável pelo arco plantar, pode ser 
hipermóvel em pessoas menores de oito anos ou em quem tem hiperfrouxidão cápsulo 
ligamentar. O pé doente tem perda de movimento, pé plano não significa frouxidão 
ligamentar. 
→ Jack test: 
Com o paciente de lado, pede para ele dar carga, quando faz a flexão o hálux, 
aparece uma cava, já que o flexor longo do hálux passa embaixo, e empurra para o final 
do pé. Positivo quando articulações normais, frouxidão ligamentar porém sem 
deformação do arco do pé. 
 
→ Mobilidade do Retropé: 
Olha o paciente de costas e pede para ele ficar na ponta do pé, o normal é que o 
calcanhar entre e a cava apareça, o que indica que o pé tem movimento normal. Então, 
apenas o ligamento estará hipermóvel. 
 
 
27 
 
 
	Revisão da anamnese
	queixa principal (qp)
	história da doença (HDA)
	antecedentes
	exame físico osteoarticular
	inspeção estática
	fibromatose
	displasia fibrosa poliostótica
	Síndrome de hipomelanose de ito
	inspeção dinâmica
	mobilidade
	palpação
	exame neurológico
	Força muscular
	Sensibilidade
	Reflexos
	manobras especiais
	Coluna vertebral
	ombro
	cotovelo
	punho
	quadril
	Joelho
	Pé

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