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Cauê Oliveira – AD2025 Os aminoácidos são os monômeros que constituem as proteínas ❖ Estrutura - Em todos os aminoácidos (exceto a glicina) o carbono alfa está ligado a quatro grupos diferentes: carboxila, amino, radical R e hidrogênio. • O grupo carboxila é um grupamento com características ácidas, pois ele pode doar H+; quanto mais fácil for a liberação desse H+, mais ácido será o caráter do composto; geralmente é representado por -COOH. • O grupo amino é um grupamento com características básicas, pois ele pode receber H+; é uma classe de compostos nitrogenados; geralmente, é representado por -NH3. - Isomeria Óptica: todos os aminoácidos (exceto a glicina) possuem carbono quiral e, portanto, isômeros ópticos, chamados estereoisômeros. • Quando os estereoisômeros são imagens especulares um do outro, esses são chamados de enântiomeros; quando diferem, recebem o nome de diasteroisômeros. • Por serem opticamente ativos, os enântiomeros podem desviar o plano de luz para a direita (dextrogiro ou +) ou para a esquerda (levogiro ou -). - Sistema L e D: nomenclatura especial para especificar a configuração absoluta dos quatro substituintes dos átomos de carbono assimétrico, baseando-se na configuração do gliceraldeído. • Nem todo L será levogiro e nem todo D, dextrogiro. • Todas as proteínas encontradas em humanos são da conformação L. ❖ Classificação - O papel que os aminoácidos desempenham nas proteínas está relacionado às propriedades químicas de seus radicais. Assim, temos três tipos de classificações: • Quanto à polaridade 1) Grupos R apolares alifáticos: alanina, valina, leucina, isoleucina, glicina, metionina e prolina 2) Grupos R aromáticos: fenilalanina, tirosina e triptofano 3) Grupos R polares não carregados: serina, treonina, cisteína, asparagina e glutamina. 4) Grupos R carregados positivamente (básicos): lisina, arginina e histidina 5) Grupos R carregados negativamente (ácidos): aspartato e glutamato • Quanto à presença na dieta 1) Essenciais: são obtidos através da alimentação. 2) Naturais: produzidos pelo organismo. • Quanto ao destino metabólico 1) Glicogênicos: aqueles que podem ser transformados em glicose 2) Cetogênicos: aqueles que podem ser transformados em corpos cetônicos 3) Glico e cetogênicos: aqueles que podem ser transformados tanto em glicose como em corpos cetônicos • Aminoácidos especiais: são formados por outros aminoácidos normais. ❖ Propriedades - Anfóteros: os aminoácidos podem apresentar caráter básico ou ácido, dependendo do pH do meio. Isso se deve à presença de grupamentos ionizáveis, o NH3+ e o COO-. - Tampões: são sistemas aquosos que tendem a resistir a mudanças de pH quando pequenas quantidades de Cauê Oliveira – AD2025 ácido (H+) ou base (OH–) são adicionadas. Um sistema tampão consiste em um ácido fraco (o doador de prótons) e sua base conjugada (o aceptor de prótons). Nos aminoácidos, essa propriedade tamponante ocorre já que eles contêm radicais com grupos funcionais que são ácidos fracos ou bases fracas. • Sistema Fosfato: age no citoplasma de todas as células; o H2PO4- é o doador de prótons e o HPO4- é o aceptor.; pKa = 6,86. • Sistema Bicarbonato: age no plasma sanguíneo; o H2CO3 é doador de prótons e o HCO3- (bicarbonato) é o aceptor; pKa = 3,57. - Ponto Isoelétrico: é o pH no qual a molécula do aminoácido apresenta-se na forma isoelétrica, ou seja, possui igual número de cargas positivas e negativas; a forma isoelétrica é a estrutura onde o aminoácido encontra-se eletricamente neutro, formando um íon dipolar ou zwitterion. São formados pela união de até 50 aminoácidos através de ligações peptídicas ❖ Ligações Peptídicas - As ligações peptídicas ocorrem entre dois aminoácidos livres, com a saída de uma molécula de água. - As ligações peptídicas são híbridos de ressonância dessas duas estruturas elétron-isômeras. A ligação entre C e N tem caráter parcial de dupla ligação. Isso faz com que não ocorra rotação do C da carbonila em relação do N de uma ligação peptídica e com que todos os átomos ligados ao C e ao N ficam num plano comum. - As ligações peptídicas podem apresentar configuração cis (menos estável, pois há impedimento estérico entre os grupos -R) e trans (mais estável, sendo os radicais -R de resíduos adjacentes em trans). - O C interconecta as ligações peptídicas por meio de ligações simples que permitem rotação dos planos peptídicos adjacentes um em relação ao outro. ❖ Componentes ❖ Importância Biológica - Glutatião: ação antioxidante e proteção contra efeitos tóxicos dos radicais livres. Cauê Oliveira – AD2025 - Glucagon: hormônio peptídico que tem por função degradar o glicogênio, sintetizar glicose e estimular a liberação de ácidos graxos do tecido adiposo São moléculas muito sofisticadas tanto no que se refere à complexidade estrutural quanto à informação que carregam (toda informação gênica, no final, é traduzida em proteínas). ❖ Estrutura As proteínas podem ser organizadas em quatro tipos de estrutura: • Estrutura primária: é caracterizada pela descrição da sequência de resíduos de aminoácidos existentes em uma proteína, sendo a estrutura mais simples da proteína. • Estrutura secundária: é o arranjo espacial dos átomos da cadeia principal em um determinado segmento da cadeia polipeptídica., ou seja, é o dobramento local do esqueleto polipeptídico em conformações de α-hélice, β-folha ou ao acaso. • Estrutura terciária: é o padrão de dobramento dos elementos da estrutura secundária em uma conformação tridimensional. • Estrutura quaternária: muitas proteínas consistem em uma única cadeia polipeptídica, sendo definidas como proteínas monoméricas, outras, entretanto, consistem em duas ou mais cadeias polipeptídicas, que podem ser estruturalmente idênticas ou totalmente diferentes; o arranjo dessas subunidades polipeptídicas é denominado estrutura quaternária da proteína - α-Hélice: é mantida pelas pontes de H que se formam entre átomos de duas ligações peptídicas próximas (entre o NH de um resíduo e o CO do 4º resíduo em direção ao N-terminal). - Folha β-Pregueada: é mantida por pontes de H que se dispõem perpendicularmente à espinha dorsal. - Motivo: é um padrão de enovelamento identificável, envolvendo dois ou mais elementos da estrutura secundária e a conexão (ou conexões) entre eles. - Domínio: é uma parte da cadeia polipeptídica que é independentemente estável ou pode se movimentar como uma entidade isolada em relação ao resto da proteína. - Família: proteínas semelhantes na estrutura primária e/ou com estrutura terciária e funções similares - Superfamília: são duas ou mais famílias com pouca similaridade na sequência de aminoácidos que utilizam o mesmo motivo estrutural geral e apresentam semelhanças funcionais. - Desnaturação: resulta no desdobramento e na desorganização das estruturas secundária e terciária, sem que ocorra hidrólise das ligações peptídicas. As proteínas desnaturadas são, com frequência, insolúveis, assim, precipitam quando em solução • Os agentes desnaturantes incluem calor, solventes orgânicos, agitação mecânica, ácidos ou bases fortes, detergentes e íons de metais pesados, como chumbo e mercúrio. - Chaperonas: são proteínas especializadas em auxiliar no dobramento adequado de muitas espécies de proteínas, uma vez que interagem com o polipeptídio em vários estágios durante o processo de dobramento. ❖ Classificações - As proteínas podem ser classificadas de acordo com dois critérios: conformação e produto da hidrólise. Cauê Oliveira – AD2025 - De acordo com a conformação: • Globulares: possuem uma estrutura mais complexa e são esféricas. As cadeias laterais hidrofóbicas são posicionadas no interior, enquanto osgrupos hidrofílicos geralmente são encontrados na superfície da molécula, o que propicia certa solubilidade em água. Possuem diversas funções, como catalisadores (enzimas), proteínas de transporte e reguladoras da expressão gênica. É importante salientar que as estruturas são estabilizadas por inúmeras ligações de hidrogênio e algumas interações iônicas. Como exemplo de proteína globular, temos a hemoglobina • Fibrosas: têm forma cilíndrica (formato de fibra) e possuem baixa solubilidade em água. Geralmente, são formadas de módulos repetitivos, possibilitando a construção de grandes estruturas, estando relacionadas principalmente a funções estruturais. Como exemplo, temos o colágeno, a queratina e a miosina. - De acordo com o produto da hidrólise: • Simples: são aquelas que possuem somente resíduos de aminoácidos em sua composição. • Conjugadas: são aquelas que contêm, além dos resíduos de aminoácidos, outros componentes não peptídicos, que são chamados de grupo prostético. - As proteínas podem sofrer modificações pós- traducionais, ou seja, alterações moleculares na estrutura das proteínas que ocorrem após sua tradução, isto é, depois de emergirem do ribossomo. Podem ser de dois tipos: • Redução no tamanho da proteína (ex: insulina) • Alterações por modificação covalente 1) Foforilação: ligação de grupamentos fosfato a resíduos de serina, treonina ou tirosina 2) Hidroxilação: ocorre adição de hidroxila em resíduos de prolina ou lisina. 3) Glicosilação: ligação de oses ou cadeias de glicídios. ❖ Funções - Estruturais: proteínas de sustentação dos tecidos conjuntivo e muscular, da pele, dos cabelos e das unhas (ex: colágeno, elastina e queratina) - Motoras: Proteínas responsáveis pelo transporte intracelular e pela motilidade do sistema contrátil muscular (ex: actina, miosina, tubulina e cinesina). - Hormonais: exercem função de hormônio, ou seja, substânias que são liberadas na corrente sanguínea e atuam sobre tecidos-alvo específicos (ex: insulina e GH) - Enzimas: catalisadores biológicos (ex: tripsina, pepsina, amilase e lactase). - Anticorpos: proteínas que atuam na imunidade humoral, nos linfócitos B, sendo efetivas contra infecções bacterianas e fases extracelulares das infecções virais (IgA, IgD, IgE, IgG [principal anticorpo circulante] e IgM). - de Transporte: transporte de moléculas específicas no sangue (ex: albumina e hemoglobina) - de Reserva: fornecimento de aminoácidos necessários à nutrição animal (ex: caseína e ovoalbumina) - Nucleoproteínas: proteínas associadas ao DNA que auxiliam no empacotamento do DNA e exercem função de controle da expressão gênica (ex: histonas) - de Membrana: são proteínas que exercem uma grande variedade de funções na membrana celular, mas, basicamente, controlam a passagem de substâncias para dentro e parar fora da célula. (ex: transportadoras de glicose GLUT-1 a GLUT-14) Cauê Oliveira – AD2025 ❖ Propriedades - Por serem constituídas por aminoácidos, possuem caráter anfótero e ação tamponante, bem como, ponto isoelétrico. - Solubilidade: • No pI: há um equilíbrio entre as cargas positivas e negativas (carga líquida nula) e as moléculas proteicas se atraem, aumentando o volume e diminuindo a superfície, precipitando o agrupamento de proteínas. • Em meio ácido: há um aumento no número de cargas positivas e, devido a carga líquida positiva, ocorre a repulsão eletrostática entre as moléculas proteicas, facilitando a sua interação com a água, ou seja, ocorre o aumento da solubilidade • Em meio básico: há um aumento no número de cargas negativas e, devido a essa carga líquida negativa, ocorre a repulsão eletrostática entre as moléculas proteicas, facilitando a sua interação com a água., ou seja, aumenta a solubilidade da proteína. • Em pHs extremos (muito ácido e muito básico): pode ocorrer alteração da carga da proteína, que leva ao rompimento das ligações de hidrogênio e, consequentemente, à mudança estrutural da proteína, ou seja, ela sofre processo de desnaturação. • Com o aumento da temperatura (até 40oC): em geral, entre 0ºC e 40ºC o aumento da temperatura provoca aumento da energia cinética das moléculas, facilitando a interação com o solvente e aumentando a solubilidade da proteína. • Em temperatura acima de 40oC: os movimentos moleculares são intensos, e os grupamentos químicos se afastam além da distância permitida para se reassociarem, aproximando-se de outros com os quais se associam. Então, a proteína desnatura e precipita • Na presença de pouca quantidade de sal (“salting in”): quanto menor a concentração de sal, há menor interação dos íons salinos com as cargas das proteínas, o que propicia o aumento da solubilidade, já que há um maior número de moléculas de água na ionosfera, propiciando a fácil a interação carga da proteína com o solvente aquoso • Na presença de grande quantidade de sal (“salting out”): o aumento na concentração de sal gera competição entre íons salinos e cargas das proteínas pela água, o que ocasiona a diminuição da solubilidade.
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