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DIABETES E COVID-19: UMA “SINDEMIA” Dra Fernanda Gomes de Melo SARS-COV-2 + DCNT + DISPARIDADE SOCIOECONÔMICA = SINDEMIA Diabetes: Definição Diabetes mellitus: conjunto heterogêneo de alterações metabólicas que tem como característica comum a hiperglicemia resultante de defeitos na secreção e, ou também, na ação da insulina Secreção / ação insulina glicemia PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS, IDF 2019 Atlas IDF com dados brasileiros compilados em português - https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2018/poster-atlas-idf-2017.pdf International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas, 9th edn. Brussels, Belgium: 2019. Available at: http://www.diabetesatlas.org Número de pessoas (20-79 anos) com diabetes no mundo e regiões da IDF América do Sul e Central Aumento 55% Sudeste da Asia Aumento 74% Oriente Médio e Norte da África Aumento 96% África Aumento 143% Pacífico Aumento 31% Brasil, IDF 2019 16,8 milhões de pessoas América do Norte e Caribe Aumento 33% 63 milhões 2045 56 milhões 230 48 milhões 2019 Europa Aumento 15% 68 milhões 2045 66 milhões 2030 59 milhões 2019 108 milhões 2045 76 milhões 2030 55 milhões 2019 153 milhões 2045 115 milhões 2030 88 milhões 2019 47 milhões 2045 29 milhões 2030 19 milhões 2019 212 milhões 2045 197 milhões 2030 163 milhões 2019 49 milhões 2045 40 milhões 2030 32 milhões 2019 International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas, 9th edn. Brussels, Belgium: 2019. Available at: http://www.diabetesatlas.org Atlas IDF com dados brasileiros compilados em português - https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/2018/poster-atlas-idf-2017.pdf PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS TIPO 1, IDF 2019 Os cinco países com maior número de crianças e adolescentes (0-14 anos) com DM1 Índia EUA Brasil China Rússia 94.200 51.500 28.700 21.600 95.600 PREVALÊNCIA DE HIPERGLICEMIA NA GESTAÇÃO, IDF 2019 >30% nas mulheres de >35 anos 45 – 49 anos Nas mulheres de 20 a 24 anos 20 - 24 anos Diabetes diadnosticado primeiramente na gestacao Diabetes diagnosticado primeiramente na gestação Diabetes Mellitus Gestacional 83,6% De acordo com a causa de hiperglicemia De acordo com a idade International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas, 9th edn. Brussels, Belgium: 2019. América do Sul e Central 14% Prevalência de hiperglicemia na gestação Global 14% 8,5% 10% 37% Diabetes Mellitus Cerca de 10% da população adulta é DM. 90% dos casos é DM2 Grande prevalência e das suas complicações crônicas Maior causa de cegueira entre os 20 e os 74 anos. (retinopatia, mas também glaucoma, catarata) Maior causa de IRC dialítica Maior causa de amputação não-traumática (Brazilian Study on Diabetes Costs – ESCUDI): 58,9% pelo menos uma complicação: Macrovasculares: 95,6%. Doença vascular periférica 92,1% ocorrência auto-referida de doença arterial coronariana foi de 70,4% e de doença cerebrovascular de 7,6%. Atinge proporções epidêmicas, com estimativa de 415 milhoes de portadores de DM mundialmente. Se as tendências atuais persistirem, o número de pessoas com diabetes foi projetado para ser superior a 642 milhoes em 2040. *Cerca de 75% dos casos são de países em desenvolvimento, nos quais deverá ocorrer o maior aumento dos casos de diabetes nas próximas décadas. Do Que As Pessoas Mais Morrem No Brasil? Mortes por 100 mil habitantes, ambos os sexos 1. Doenças cardiovasculares 1. Doenças cardiovasculares 2. Neoplasias 2. Neoplasias 3. Afecções maternas e neonatais 3. Diabetes e doenças do rim 4. Infecções respiratórias e tuberculose 4. Infecções respiratórias e tuberculose 5. Autolesão e violência 5. Transtornos neurológicos 6. Acidente transporte 6. Autolesão e violência 7. Enterite infecciosa 7. Respiratórias crônicas 8. Respiratórias crônicas 9. Acidente automobilístico 13. Transtornos neurológicos 17. Enterite infecciosa 11. Diabetes e doenças do rim 12. Afecções maternas e neonatais 1990 2017 Rank Doenças crônicas não transmissíveis Causas externas Doenças transmissíveis, maternas, neonatais e nutricionais Global Burden of Disease – http://www.healthdata.org/gbd; https://vizhub.healthdata.org/gbd-compare/Burden of disease in Brazil, 1990–2016: a systematic subnational analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. GBD 2016 Brazil Collaborators. 2018. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31221-2 Tendências De Mortalidade Por Doenças Crônicas Não Transmissíveis No Brasil (DCNT) 1992 2010 DCV 156 171 Câncer 59,2 92,4 Diabetes 12,8 28,8 Taxa de mortalidade específica por 100 mil habitantes Malta DC, Moura L, Prado RR, et al. Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas regiões, 2000 a 2011. Epidemiol. Serv. Saúde 2014; 23(4):599-608. Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) Apesar das taxas ajustadas por idade mostrarem tendência à redução de mortalidade por DCNT no Brasil, importante ressaltar que as taxas de mortalidade específica por doença aterosclerótica cardiovascular (DACV), câncer e diabetes apresentam aumento relevante de 1992 a 2010 5.750 pacientes atendidos no SUS* Tempo médio de duração do DM2 = 11,8 anos 26% com HbA1c <7% 48,5% com HbA1c <8% *SUS Sistema Único de Saúde Controle Glicêmico No Brasil e América Latina Estudo transversal nacional Estudo multicêntrico transversal na América Latina México, Costa Rica, Guatemala, Argentina, Brasil, Chile, Equador, Peru e Venezuela Viana LV, Leitao CB, Kramer CK, et al. Poor glycaemic control in Brazilian patients with type 2 diabetes attending the public healthcare system: a cross-sectional study. BMJ Open. 2013;3(9):e003336. Lopez Stewart G, Tambascia M, Rosas Guzman J, et al. Control of type 2 diabetes mellitus among general practitioners in private practice in nine countries of Latin America. Rev Panam Salud Publica. 2007;22(1):12-20. Pacientes atendidos no sistema privado de saúde 878 pacientes no Brasil 40% com HbA1c <7% Diabetes mellitus Tipo 2 (DM2) Controle Glicêmico No Brasil 28 centros terciários e secundários da Saúde Públia de 20 cidades brasileiras Adultos 1.774 pacientes (30,3±9,7 anos) 77,7% com diagnóstico há mais de 10 anos HbA1c média = 9,1% 11,6% com HbA1c <7,0% Crianças e adolescents 1.692 pacientes Duração média do DM = 5±3,7 anos HbA1c média = 9,4% 23,2% com HbA1c na meta: < 7,5% de 13 – 19 anos < 8,0 % de 6 –12 anos > 7,5 % < 8,5 % para < 6 anos Gomes MB, Matheus ASM, Calliari LE et al. BrazDiabGroup. Economic Status and Clinical Care in Young Type 1 Diabetes Patients: A Nationwide Multicenter Study in Brazil. Acta Diabetol 2013;50(5):743-52 Gomes MB, Coral M, Cobas RA et al. Prevalence of adults with type 1 diabetes who meet the goals of care in daily clinical practice: A nationwide multicenter study in Brazil Diab Res and Clin Pract 2012;97:63-70 Diabetes mellitus Tipo 1 (DM1) Dimensão do controle glicêmico no Brasil Tratamento Programação de Tratamento: Mudança de hábitos Medicação Nutrição medicação oral Atividade física insulina Gerenciamento do estresse Autocuidado Metas para impedir complicações agudas e crônicas e melhorar a qualidade de vida ...E na COVID-19 ? Hiperglicemia Comprometimento da função imune Diminuição da atividade fibrinolítica e aumento da agregação plaquetária Aumento da permeabilidade capilar Aumento dos processos oxidativos Diminuição do poder e da velocidade de cicatrização Diurese osmótica -> desequilíbrios hidroeletrolíticos Quadros de Infecção mais grave Maior tempo de internação Mais complicações e mortalidade 19 Yumi Imai1, Anca D. Dobrian2, Margaret A. Morris1,3, and Jerry L. Nadler,Islet inflammation: a unifying target for diabetes treatment? Trends in Endocrinology and Metabolism 2013:1-10 ; Barbara Brooks-Worrell, Radhika Narla, and Jerry P. PalmerBiomarkers and immune-modulating therapies for Type 2 diabetes Trends in Immunology November 2012, Vol. 33, No. 11; James JohnsonUniversity of British Columbia Vancouver, BC, Canada Hipótese Fisiopatológica Inflamação/ Desregulação Imunológica Aumento da Atividade Inflamatória Crônica no DM1 e DM2 (Gatilhos diferentes) DM1 DM2 Conclusão “Nossa mensagem principal é que o controle glicêmico óimo durante a hospitalização tem sido associado com redução do risco de doença grave e morte nos pacientes com COVID-19… Hiperglicemia permanesce como um forte preditor prognóstico nos pacientes hospitalizados com COVID-19. Além disso, pacientes com COVID-19 que estiverem hiperglicêmicos comparados com normoglicêmicos apresentavam maior risco cumulativo de incidência de doença severa.” Isolamento social Hábitos higiênicos e etiqueta respiratória Prevenção das formas mais graves de COVID-19 Melhorar o controle glicêmico Priorizar o atendimento de pacientes com “DM de alto risco” na unidade de saúde mais próxima à residência Presencial ou remotamente Garantir adesão à terapia e a evolução terapêutica necessária Suporte para o seguimento em dias de doença (COVID-19, CAD, CHH...) Prevenção da contaminação pelo SARS-CoV-2 DM & COVID-19: PREVENÇÃO DM de alto risco pode ser definido pela presença de 1 dos critérios abaixo, independentemente da idade cronológica: Glicemia de jejum > 250 mg/dL (laboratorial, ou realizada em domicílio, ou unidade de saúde); Hemoglobina glicada do último exame laboratorial > 9,0% ; Hipoglicemias graves e noturnas nos últimos 15 dias (> 1 episódio/semana); Gestantes com DM1 ou com outros tipos de diabetes (DM2 ou DG) em insulinoterapia; Estes pacientes devem ser avaliados de forma presencial ou à distância na Unidade mais próxima; Presença de CAD ou CHH. Pacientes com DM a serem encaminhados às RAS Atendimento presencial ou à distância AAE ou APS AAE: a avaliação presencial poderá ser feita por intermédio de filho do paciente ou responsável, munido da prescrição e dos resultados do controle glicêmico (exames laboratoriais, registro das glicemias capilares e glicosímetro). UBS: o familiar do paciente ou responsável poderá ser atendido na UBS. Visita do agente comunitário de saúde à residência do paciente, para realizar a avaliação clínica/laboratorial (adesão ao tratamento, monitorização da glicemia e exames laboratoriais). Estes dados serão discutidos com o médico da Família e, se necessário, com os endocrinologistas do ambulatório especializado. À distância: por telefone, WhatsApp e aplicativos de telemedicina de uso gratuito, como os disponibilizados com os glicosímetros e sensores de glicose, e o Glic (gliconline.net). Estas são ferramentas que permitem o compartilhamento de dados do controle glicêmico e ajustes terapêuticos à distância, facilitando o acesso neste cenário. Regras para Dias de Doença com DM1 (www.diabetes.org.br) Gerenciamento do DM1 em dias de doença Não interromper o tratamento; Ingerir líquido extra e sem calorias (120 a 180 mL a cada meia hora; para evitar desidratação) e tente comer normalmente. Caso não seja possível ingerir alimentos, oferecer bebidas açucaradas; A dose de insulina basal e bolus podem precisar de aumentos, bem como doses extras de bolus de correção; Avaliar a glicemia a cada 4h (objetivo de 110 a 180 mg/dL) e se possível verificar a presença de cetose; Na presença de vômitos (por mais de 2h) ou cetose (>3mmol/L) ir ao hospital. 1. International Diabetes Federation – Europe. How to manage diabetes during na illness? “Sick Day Rules”. https://diabetesvoice.org/en/news/covid-19-and-diabetes/ Acessado em 22/03/2020. 2. ISPAD 2018 e 2020 – Recomendations COVID-19 Children and Adolescents with Diabetes. Regras para Dias de Doença com DM1 (www.diabetes.org.br) A fórmula que utiliza a Dose Total Diária de Insulina (DTDI) ajuda a decidir a dose de correção da glicemia, com insulina bolus (insulina humana regular ou análoga de ação rápida). Adicionar o número de unidades de insulina (basal e bolus) que o paciente, geralmente, utiliza todos os dias. DTDI = unidades. Calcular 10% = 15% = 20% = da DTDI. Esta é a dose extra para correção ou bolus de correção. Doses de correção da glicemia a serem administradas de 4/4h, além das doses usuais (basal e bolus) Regras para Dias de Doença com DM1 (www.diabetes.org.br) 1. International Diabetes Federation – Europe. How to manage diabetes during na illness? “Sick Day Rules”. https://diabetesvoice.org/en/news/covid-19-and-diabetes/ Acessado em 22/03/2020. 2. ISPAD 2018 e 2020 – Recomendations COVID-19 Children and Adolescents with Diabetes. Regras para Dias de Doença com DM1 (www.diabetes.org.br) Na presença de sintomas de hiperglicemia, em pessoas com DM2 e em uso de ADOs: Verificar a glicemia, pelo menos 2 vezes ao dia (objetivo glicêmico = 110 a 180 mg/dL) Pode ser necessário interromper, temporariamente, o uso da metformina, o que é aconselhável em casos de infecções graves ou desidratação. Substituir a metformina por outro antidiabético oral ou insulina, dependendo do nível de glicemia Glicemias > 180 mg/dL Aumentar a dose de insulina e verificar a glicemia mais vezes Glicemia > 270 mg/dL Verificar a glicemia a cada 4 horas Medir as cetonas na urina/sangue e se positiva, contactar profissional de saúde. 1. International Diabetes Federation – Europe. How to manage diabetes during na illness? “Sick Day Rules”. https://diabetesvoice.org/en/news/covid-19-and-diabetes/ Acessado em 22/03/2020.. DM + COVID-19: 1)DM não parece ter mais risco de se infectar, mas sim risco de infecção mais severa 2) Controle glicêmico X desfecho dos casos de COVID-19 CONCLUSÕES Necessidade de diminuir o risco de infecção nos pacientes DM -> distanciamento social Necessidade de manter manejo de DM: Autocuidado e educação em diabetes Oferecimento de serviços de saúde (atendimento, telemedicina, insumos, duração de recitas) Saúde mental Citação Autor Uma abordagem sindêmica fornece uma orientação muito diferente para a medicina clínica e saúde pública, mostrando como uma abordagem integrada para entender e tratar doenças pode ser muito mais bem-sucedida do que simplesmente controlar doenças epidêmicas ou tratar pacientes individuais. Nossas sociedades precisam de esperança. A crise econômica que se aproxima de nós não será resolvida com um medicamento ou uma vacina. Nada menos que um avivamento nacional é necessário. Abordar o COVID-19 como uma sindemia irá convidar a uma visão mais ampla, abrangendo educação, emprego, habitação, alimentação e meio ambiente. Ver a COVID-19 apenas como uma pandemia exclui esse prospecto mais amplo, mas necessário.. Muito obrigada!! fernandalgmelo@gmail.com @fernandalgmelo 973675047 39 .MsftOfcThm_Background1_lumMod_85_Fill { fill:#D9D9D9; } .MsftOfcThm_Background1_lumMod_95_Fill { fill:#F2F2F2; }
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