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02. E-BOOK - DIREITO ADMINISTRATIVO - ATUALIZADO

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E-book de 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
Organizado por CP Iuris 
ISBN 978-85-5805-008-1 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1° Edição 
Brasília 
CP Iuris 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
1. Noções preliminares ................................................................................................................................. 4 
2. Regime jurídico-administrativo .............................................................................................................. 12 
3. Organização da administração pública .................................................................................................. 31 
4. Entes de cooperação ............................................................................................................................... 52 
5. Terceiro Setor .......................................................................................................................................... 55 
6. Atos administrativos ............................................................................................................................... 63 
7. Poderes administrativos ......................................................................................................................... 93 
8. Agentes públicos ................................................................................................................................... 105 
9. Licitações públicas ................................................................................................................................ 138 
10. Contratos administrativos .................................................................................................................. 174 
11. Serviços públicos ................................................................................................................................. 186 
12. Responsabilidade civil do Estado ....................................................................................................... 198 
13. Bens públicos ...................................................................................................................................... 209 
14. Intervenção do Estado no domínio econômico ................................................................................. 216 
15. Processo administrativo ..................................................................................................................... 218 
16. Improbidade Administrativa .............................................................................................................. 229 
17. Controle da administração pública .................................................................................................... 252 
18. Intervenção do Estado na propriedade .............................................................................................. 257 
 
4 
 
1. Noções preliminares 
I. O Estado e suas funções 
Tradicionalmente, Estado é uma instituição organizada social, juridicamente e politicamente, 
detentora de personalidade jurídica de direito público e de poder soberano. O Estado, através das instituições 
e do governo, tem por função gerir os interesses de um povo dentro de um território. 
Tradicionalmente, o Estado tem 3 funções (Montesquieu e Aristóteles): 
• Função legislativa: exerce função típica legislativa e de fiscalização 
• Função executiva: exerce função típica de administrar. 
• Função judicial: função típica de julgar. 
Todos exercem funções atípicas. 
a) Funções essenciais à justiça 
O mais interessante é que a Constituição traz funções essenciais à justiça: 
• Ministério Público 
• Advocacia pública 
• Advocacia 
• Defensoria pública 
b) A função administrativa 
A função administrativa é exercida tipicamente pelo poder executivo. O poder legislativo e o poder 
judiciário também exercem a função administrativa. 
A doutrina identifica a função administrativa através de 3 critérios: 
• Critério subjetivo (orgânico): para ser função administrativa é necessário observar o sujeito que 
exerce, ou seja, o órgão. 
• Critério objetivo-material: para haver função administrativa é necessário que o conteúdo, ou da 
matéria tratada. 
• Critério objetivo-formal: o que importa é a forma. Portanto, será considerada função 
administrativa com base no regime que disciplina o assunto ou atividade. 
A função administrativa do Estado compreende diversas atividades, tais como: 
 
5 
 
• Serviço público: há uma atividade ou serviço prestado. É uma atividade direcionada a 
proporcionar comodidade aos administrados. 
• Poder de polícia: há uma atividade que restringe o exercício das liberdades individuais em prol 
da coletividade. 
• Fomento: atividade administrativa que estimula a iniciativa privada. 
• Intervenção: atividade da administração no domínio econômico, seja diretamente (Estado 
exerce atividade econômica) ou indiretamente (Estado regulamenta o exercício ou fiscaliza a 
atividade econômica). 
Dica: FISP (fomento, intervenção, serviço público e poder de polícia). 
II. Administração pública 
A administração pública pode ser entendida em dois sentidos: 
• Sentido objetivo: é a atividade administrativa exercida. A letra é minúscula. 
• Sentido subjetivo: é a administração pública como sujeito. Por isso, terá letra maiúscula. É o 
órgão, entidade ou agente que tenha atribuição de exercer a atividade administrativa. 
O direito administrativo vai envolver normas que disciplinam a administração pública nos seus dois 
sentidos, tanto do ponto de vista do sujeito que a exerce quanto da atividade. 
São critérios para conceituação do direito administrativo: 
• Critério do poder executivo: o objeto do direito administrativo estaria relacionado à atuação 
exclusiva do poder executivo. Este critério é incompleto. 
• Critério do serviço público (León Duguit): o objeto do direito administrativo é a disciplina do 
serviço público. Este critério é insuficiente. 
• Critério das relações jurídicas (Laferriere): o direito administrativo seria o conjunto de regras 
que disciplina as relações entre a administração e os administrados. Este critério despreza as 
relações internas da administração, sendo incompleto. 
• Critério teleológico (finalístico): o direito administrativo é um conjunto de normas que vai 
disciplinar a forma de atuação do poder público para alcançar a sua finalidade e para consecução 
de seus fins. 
• Critério negativo ou residual (Tito Prates da Fonseca): tudo que não é dos demais ramos do 
direito é direito administrativo. Seria definido por exclusão. Não é adotado. 
 
6 
 
• Critério da administração pública (Hely Lopes Meirelles): o direito administrativo é o ramo do 
direito que envolve normas jurídicas que disciplinam a administração pública no sentido de 
exercício da sua função administrativa. É o adotado. 
Atente-se que existe o conceito de administração pública extroversa e administração pública 
introversa: 
• Administração pública extroversa: relação que existe entre a administração e os administrados. 
• Administração pública introversa: relação entre os próprios entes públicos. 
Percebe-se que a administração pública introversa é instrumental, visto que serve como um meio 
para se alcançar efetividade para se alcançar a administração pública extroversa. Isso porque, em verdade, 
o Estado serve para alcançar a finalidade em prol do povo. 
III. Fontes do direito administrativo 
São fontes do direito administrativo: 
• Princípios e regras 
• Leis 
• Atos normativos infralegais 
• Doutrina 
• Jurisprudência 
• Costumes 
• Precedentes administrativos 
Os precedentes administrativos são fontes do direito administrativo. O precedente pressupõe uma 
reiteração de atos administrativo em situações similares, ficando a administração vinculada a esses 
entendimentos quando analisar uma relação jurídica distinta, masque seja com a mesma razão. Se a 
administração vem atuando dessa forma, por uma questão de segurança jurídica, pressupõe-se que numa 
situação similar a administração atuará do mesmo jeito. 
Apenas em duas situações a administração pode se afastar de um precedente administrativo: 
• Ato invocado como precedente for um ato ilegal 
• Quando a administração se convencer de que o interesse público justifica a alteração do seu 
entendimento prévio (overruling). 
IV. Sistemas administrativo 
 
7 
 
O sistema administrativo tem como destaque dois deles: 
• Sistema do contencioso administrativo (sistema francês): em regra, os atos da administração 
irão se sujeitar à jurisdição do contencioso administrativo. É formado por um órgão da 
administração pública que vai julgar os atos da administração pública. Não vai ser necessário 
bater às portas do Poder Judiciário para rever um ato da administração. 
• Sistema judiciário (sistema inglês ou jurisdição una): é possível um controle de todos os atos da 
administração pelo Poder Judiciário. É o sistema adotado no Brasil, apesar de algumas mitigações 
da justiça desportiva, ou no caso de habeas data, exigindo o requerimento administrativo, ou 
mesmo no caso de reclamação no âmbito administrativo. 
V. Reforma administrativa 
O Brasil ainda está vivenciando este momento. 
a) Servidor público 
Com relação ao servidor público, a reforma administrativa trouxe alterações, fixando possibilidade 
de avaliação de desempenho do servidor público, bem como a perda do cargo por excesso de despesa. 
A reforma administrativa busca aproximar a forma de gestão da administração pública da forma 
como é gerida a administração privada. 
b) Contrato de gestão 
A reforma administrativa também trouxe o contrato de gestão. 
Segundo Di Pietro, o contrato de gestão é uma forma de ajuste: 
• Entre a administração pública direta e entidades da administração pública indireta, ou; 
• Entre administração pública direta e entidades privadas que atuem paralelamente 
(Organizações Sociais). 
O objetivo do contrato de gestão é estabelecer metas, conferindo benefícios ou parcerias com o 
poder público. 
Quando há um contrato de gestão celebrado entre órgãos da administração ou entre entidades da 
administração, basicamente o contrato de gestão amplia a autonomia gerencial, orçamentária, financeira 
desse órgão ou entidade, dando uma maior margem de atuação. 
 
8 
 
A partir daí fixará metas e haverá um controle maior por parte da administração, dando-se o nome 
de administração gerencial. 
c) Agências executivas 
A reforma estabeleceu a possibilidade de o poder público qualificar como agência executiva uma 
autarquia ou uma fundação, desde que cumpridos os requisitos legais, para então se alcançar uma maior 
eficiência no desempenho. 
Com a qualificação, haverá uma redução de custo e aumento da eficiência da autarquia ou 
fundação. 
Perceba a preocupação do poder público em aproximar a forma de gerir a administração pública da 
forma de gestão da iniciativa privada. 
d) Agências reguladoras 
As agências reguladoras são autarquias de regime especial, as quais são criadas para regulação de 
atividades econômicas que antes eram praticadas pelo Estado e foram transferidas para o setor privado. 
Trata-se de um exemplo de intervenção por atuação indireta do Estado no domínio econômico. 
Exemplo disso é a telefonia. 
e) Terceiro setor 
Entidades do terceiro setor são organizações que não têm fim lucrativo e não pertencem ao Estado, 
mas procuram atender interesses coletivos. 
A reforma gerou dois novos títulos para este terceiro setor: 
• Organizações Sociais (OS) 
• Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) 
Além disso, foi proposto a publicização de serviços não exclusivos, ou uma descentralização de 
prestações que não envolvam o poder de Estado, que exige imperatividade do Estado. 
Ex.: saúde, educação, cultural podem ser prestados por essas entidades do terceiro setor. 
O terceiro setor é denominado setor público não estatal. 
Na verdade, a doutrina vai dizer que as OS’s e as OSCIP’s entre o Estado e o particular. Não se estaria 
privatizando uma atuação, visto que não é o particular que estaria exercendo uma atividade econômica. 
 
9 
 
Esse meio termo é denominado de publicização, que é a possibilidade de entidades do terceiro setor 
praticarem atividades não exclusivos de Estado para que as pessoas compreendam e tenham acesso a isso. 
f) Gestão pública e serviços públicos 
No âmbito do plano diretor da reforma de aparelho de Estado, concebeu-se a ideia de que podem 
ser identificados 4 setores dentro da administração pública: 
• Setor de núcleo estratégico: é o governo em sentido lato, responsável pela definição de leis, 
políticas públicas e estratégias de atuação de Estado. Isso corresponde ao Poder Legislativo, 
Poder Executivo, Poder Judiciário, Ministério Público, mas não em relação à entidade, e sim aos 
agentes públicos, como o Presidente da República, ministros de Estado, etc. 
• Setor de atividades exclusivas: são atividades que somente o Estado pode prestar, como a 
cobrança e fiscalização de impostos, emissão de passaporte, segurança pública, etc. 
• Setor de serviços não exclusivos: são atividades que o Estado atua com outras organizações, 
tanto as chamadas públicas não estatais, como organizações privadas. 
• Setor de produção de bens e serviços para o mercado: o Estado atua como empresa, sendo 
denominado empresas estatais. Diante dessa concepção em relação aos serviços públicos, existe 
um intento dos chamados reformistas de limitar essa atuação do Estado. 
Atente-se que o serviço público não estatal (terceiro setor) é constituído por organizações sem fins 
lucrativos, os quais estão objetivando atingir interesse público e interesse da coletividade. Os reformistas 
afirmam que este setor se encontra entre o Estado e o particular. Daí a expressão publicização. 
VI. Formas de administração pública 
Basicamente, há 3 formas de administração pública: 
• Administração pública patrimonialista: o Estado se confunde com o príncipe (soberano). O 
Estado é uma extensão do poder do príncipe, sendo patrimônio deste. 
• Administração pública burocrática: surgiu como uma ideia de bloquear a corrupção. Visa 
profissionalizar os agentes, organizando-os em carreiras, havendo hierarquia funcional, controle 
formal, impessoalidade, etc. O problema é que o formalismo se tornou um fim em si mesmo, 
ficando evidenciado a incapacidade de se obter serviços públicos eficientes. A administração 
burocrática atua para si mesma, e não para o povo. O interesse público se confunde com o 
interesse do próprio Estado (interesse público secundário). 
 
10 
 
• Administração pública gerencial: mantém ideais da administração burocrática, mas adapta à 
gerencial. Há uma definição precisa dos objetivos que a administração deve atingir. Haverá uma 
maior autonomia, mas haverá controle posterior dos resultados. Há maior descentralização das 
atividades e redução dos níveis hierárquicos, aproximando da administração privada. A ênfase é 
nos resultados. O interesse público irá se confundir com o interesse da coletividade. 
VII. Tendências no direito administrativo brasileiro 
Essas mudanças de paradigmas vão influenciar uma revisitação ao direito administrativo, havendo 
uma mudança da conceitos e institutos dentro do direito administrativo. 
Com base nessa alteração é que começamos a conversar sobre conceitos e institutos que serão 
falados com base na administração pública gerencial. 
a) Supremacia do interesse público sobre o privado 
Essa supremacia do interesse público sobre o privado deixa de ser encarado como algo absoluto. 
Isso porque a doutrina moderna diferencia: 
• Interesse público primário: é o interesse da sociedade propriamente dito. 
• Interesse público secundário: é o interesse do Estado, da máquina administrativa. 
No caso de colisão entre interesse particulare o interesse público secundário, não haverá supremacia 
do interesse público sobre o privado, pois será necessário analisar o caso concreto. 
Por vezes a situação em apreço deve justificar que sejam respeitados os interesses do particular e 
não os interesses secundários do Estado se mostra sem amparo jurídico. 
Luís Roberto Barroso afirma que por vezes o interesse privado do indivíduo deve prevalecer sobre 
o interesse público secundário. 
b) Princípio da subsidiariedade 
Em relação ao princípio da subsidiariedade, é necessário observar que o Estado só irá atuar quando 
o particular não puder ou atuar de forma insuficiente: 
• Subsidiariedade em sentido negativo: é a estipulação de limites para a atuação estatal, naquilo 
que pode ser feito ao particular. 
• Subsidiariedade em sentido positivo: é a imposição de um dever de intervenção, se for suficiente 
à atuação da iniciativa privada. 
 
11 
 
Di Pietro diz que o Estado só presta atividades que o particular não puder desenvolver, ou o Estado 
irá ajudar quando a atuação do particular se mostrar insuficiente. 
c) Formas consensuais como instrumento de resolução de problemas da Administração 
Este tema está na moda. É a ideia de soluções consensuais de resolução de conflitos. É a possibilidade 
de a administração pública chegar a um acordo com o particular. 
A resolução de litígios pela administração pública, no ambiente extrajudicial, é ação que se mostra 
necessária nos dias de hoje, sob pena de inefetividade do setor administrativo como do Poder Judiciário. 
Isso será percebido quando a advocacia geral da União faz um trabalho de resolução de conflitos por 
meio da Câmara de Conciliação e Arbitragem. O objetivo é que se evite litígios entre órgãos e entidades da 
própria administração federal. 
Percebeu-se que essa atuação da Câmara é satisfatória, trazendo benefícios à União, situação na qual 
agora o objetivo é solucionar controvérsias de natureza jurídica entre a administração pública e a 
administração dos Estados e Distrito Federal. Não mais será a Câmara de Conciliação e Arbitragem 
responsável por dirimir litígios entre órgãos e entidades da administração federal, mas também a relação da 
administração federal com os Estados e Distrito Federal. 
A Lei 13.140/15 passou a admitir que União, Estados, DF e Municípios criem câmaras de prevenção 
e de resolução administrativa de conflitos. Isso no âmbito de suas advocacias públicas. 
d) Administração dialógica 
A administração dialógica é a ideia de estabelecimento de diálogo. É a abertura de um diálogo entre 
a administração e os administrados, permitindo que estes colaborem com a agilidade das atividades 
administrativas. 
A atividade administrativa será melhor e terá mais legitimidade, visto que se chegou a uma decisão 
após ouvir a sociedade. 
Essa administração dialógica pode ocorrer quando a administração pública se presta a fazer 
audiências públicas para ouvir as pessoas da localidade quando irá promover grande empreendimento no 
local, ou quando ouve a sociedade em relação ao orçamento participativo. 
 
 
 
12 
 
2. Regime jurídico-administrativo 
I. Introdução 
Interessante começar o estudo da matéria, chamando atenção para duas pedras de toque do Direito 
Administrativo, que são a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público, 
compondo estas um arcabouço do regime jurídico administrativo, sendo que este é, justamente, o conjunto 
de regras e princípios que regem a atuação da administração pública. 
A administração pública não pode agir como age um particular, pois está submetida a certas 
limitações, que decorrem da indisponibilidade do interesse público, mas está também contemplada com uma 
série de benefícios que decorrem da supremacia do interesse público, ou seja, tratando-se de interesse 
público (algo que atinge toda a coletividade), há certas prerrogativas de que detém a administração pública, 
que visam a permitir que exerça da melhor forma suas atribuições, para atingir a finalidade pública. 
Por outro lado, tratando-se de uma atividade pública e não de uma atividade particular, é que a 
administração pública está submetida a uma série de restrições, por exemplo o concurso público, não 
podendo a administração pública contratar quem bem entender, deve selecionar os candidatos tanto para 
que possa selecionar, de fato, os melhores, como para evitar favoritismos. É nesse sentido que o regime 
jurídico administrativo cria uma série de regras e sistemas que serão estudados ao longo de todo curso. 
O regime jurídico administrativo é aquilo que une toda a matéria a ser estudada e que decorre da 
supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público. 
Por um lado, a supremacia implica prerrogativas, formas de o estado atuar que são compatíveis com 
os bens jurídicos por ele tutelados, por outro lado, há limites, de modo que o poder estatal possa ser 
controlado e que não haja um desvio daquilo que é de todos, a fim de impedir favoritismos, contratações 
com interesses escusos e assim por diante. 
Celso Antônio Bandeira de Mello x Humberto Ávila 
No que se refere a um debate moderno que pode ser trazido para uma prova discursiva, uma 
discussão que vem ocorrendo a aproximadamente dez anos, tomando forma muito polêmica há 
aproximadamente cinco anos entre Celso Antônio Bandeira de Mello e Humberto Ávila sobre a existência ou 
não da supremacia do interesse público. 
É curioso, porque embora esse conceito seja tão difundido doutrinariamente, não há previsão 
expressa na Constituição. Autores como a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, afirmam que a 
supremacia estaria implícita e decorreria de institutos como a desapropriação, ou a requisição. 
 
13 
 
Ocorre, que Humberto Ávila travou uma disputa com Celso Antônio Bandeira de Mello, ao afirmar 
que princípios, pela teoria de Robert Alexy, devem ser sempre sopesáveis, não podendo haver propriamente 
uma supremacia, ou, afirmando-se haver realmente uma supremacia, esta não é princípio, porque este 
enquanto tal, repita-se, deve ser sopesável para que em algumas circunstâncias prevaleçam e em outras não. 
Uma das grandes contribuições de Robert Alexy para a teoria dos direitos fundamentais, extensível 
ao nosso debate é que, duas normas, podem incidir sobre o mesmo caso concreto e sem que uma anule a 
outra, uma prevalecerá na circunstância específica. 
Por exemplo: P1 prevalece na circunstância C sobre P2 (P1CP2). Apesar da linguagem matemática, o 
que se quer dizer, ainda em exemplo, é que, na circunstância C, sendo esta um caso de injúria na imprensa, 
o princípio privacidade, que é um direito fundamental e que para Alexy é princípio e é sopesável (P1), 
prevalecerá, eventualmente, sobre o princípio liberdade de expressão (P2). 
Ou seja, princípios não se anulam, mas o intérprete deve encontrar concordância prática entre eles, 
para que no caso concreto um prevaleça sobre o outro. Mas nada impede, que na concordância C2, em outro 
cenário fático, o princípio P2 venha prevalecer sobre P1, por exemplo na divulgação de informações sobre 
uma figura pública. 
Assim, Humberto Ávila, tomando a teoria de Alexy como pano de fundo, entende que a supremacia 
não pode existir, porque do contrário, o lado público, princípio que representa o interesse público, sempre 
teria prioridade sobre qualquer outro, ou não seria supremacia. Portanto, criticou Celso Antônio Bandeira de 
Mello, afirmando que não haveria supremacia. 
É importante numa prova discursiva fazer referência ao debate, explicando que Celso de Mello 
sustenta nunca ter dito que essa supremacia seria absoluta, querendo dizer, na verdade, que o interesse 
público é muito relevante por ser interesse coletivo, conferindo à administração pública certas prerrogativas. 
Ávila disse então, que sendo assim, isso não é propriamente uma supremacia. 
Vale problematizar, portanto, tendo em vista que a supremacia não está acimade direitos e garantias 
fundamentais, sobretudo aqueles que são oponíveis por parte do indivíduo contra o estado, ou contra a 
sociedade. 
A supremacia é aceita amplamente pela doutrina e, em uma prova objetiva, convém marcar a 
alternativa que a entenda como algo existente, ainda que não expressa na Constituição brasileira. 
Lembrar: É a supremacia que dá fundamento às prerrogativas da administração. Enquanto a 
indisponibilidade do interesse públicos dá fundamento às limitações a que se submete a administração, não 
podendo fazer coisas que um particular poderia fazer. 
 
14 
 
Auditoria de Conformidade X Auditoria Operacional 
Ainda no tema indisponibilidade do interesse público, é importante chamar atenção para a diferença 
entre a Auditoria de Conformidade e a Auditoria Operacional. 
Observa-se a existência de vários princípios na Constituição, sendo estes normas a serem cumpridas, 
sob pena de se fazer letra morta da Constituição. Existem várias formas de controle para que a 
indisponibilidade do interesse público esteja assegurada. 
Tal controle pode ser feito de forma interna, por exemplo uma corregedoria, ministério da 
transparência na esfera federal, secretarias da transparência nas esferas estaduais, de modo a permitir que 
o próprio executivo coíba eventuais ilegalidades e arbitrariedades, pois a administração deve respeitar a lei. 
Os Tribunais de conta efetuam o controle externo. Havendo, ainda, o controle do particular, chamado 
de controle privado, que é o controle por meio do qual o particular leva ao conhecimento de autoridade, que 
algo errado foi feito. 
Ressalte-se que da mesma forma que a legalidade vincula e é uma norma, também a eficiência 
vincula e deve ser respeitada. É por isso que existe esse conceito. Auditoria de Conformidade é justamente 
esse controle exercido pelo Tribunal de Contas, normalmente, por meio de seus auditores, para que afiram 
se determinada conduta viola ou não regras previstas na Constituição e na Lei. 
Essa auditoria que verifica se a legalidade foi observada, é a chamada Auditoria de Conformidade, 
mas o Tribunal de Contas também exerce um controle sobre a eficiência do gasto público para saber, por 
exemplo se não foi repassado muito dinheiro para determinada área em desrespeito às necessidades da 
população, no que concerne à saúde e à educação, se o gasto público, embora não tenha sido ilegal foi 
desarrazoado, insuficiente, etc. Sendo esta auditoria operacional, visando verificar se o princípio da eficiência 
foi respeitado. 
Essas informações podem ser cobradas em fase objetiva, mas sobretudo demonstram um linguajar 
apropriado em uma segunda fase, seja na sentença ou prova discursiva. 
Regime jurídico-administrativo é caracterizado pela incidência de normas específicas, de caráter 
administrativo, referindo-se a princípios e regras. 
A expressão regime jurídico-administrativo é utilizada para designar um conjunto de prerrogativas e 
de restrições a que está sujeita a administração pública, e a que não se encontram sujeitos os particulares, e 
que não se encontram nas relações entre particulares. 
 
15 
 
O regime jurídico-administrativo vai permitir que existam prerrogativas em favor da administração 
pública, mas também colocará a administração numa posição de sujeição às regras do regime jurídico-
administrativo. 
Em relação aos princípios, Dirley da Cunha traz a teoria da tridimensionalidade funcional dos 
princípios. Os princípios vão servir como: 
• Fundamentadores: princípios como valores fundamentadores do sistema jurídico. 
• Orientadores: princípios como orientadores da sua exata compreensão, tendo função 
interpretativa. 
• Supletivos: princípios como supletivos das demais fontes do direito. 
Portanto, os princípios terão as funções de fundamentar, orientar e suplementar. 
II. Conteúdo do regime jurídico-administrativo 
a) Princípios da administração pública 
Celso Antonio sugere que o regime jurídico-administrativo é formado por princípios maiores ou 
magnos, sendo que a partir daí todos os demais princípios se organizariam: 
• Supremacia do interesse público sobre privado: há uma relação vertical, ou seja, uma 
preponderância do interesse da administração sobre o interesse particular. Isso se percebe com 
as cláusulas extravagantes em contratos administrativos. 
• Indisponibilidade do interesse público: o é da coletividade, não podendo o administrador dispor 
desse bem. Cabe ao agente administrativo gerir esses bens e interesses em prol da coletividade. 
b) Princípios constitucionais expressos 
Serão falados sobre os mais importantes: 
• Princípio da legalidade 
• Princípio da impessoalidade 
• Princípio da moralidade 
• Princípio da publicidade 
• Princípio da eficiência 
i. Princípio da legalidade 
O princípio da legalidade é extraído do art. 5º, II, da CF, o qual diz que ninguém será obrigado a fazer 
ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. 
 
16 
 
O que determina, basicamente, o princípio da legalidade? 
A lição básica que deve ser levada, principalmente para a prova de primeira fase, é que o princípio 
da legalidade exige que toda conduta tenha base em lei. 
É curioso que historicamente o princípio da legalidade foi defendido por muitos autores, entre eles 
o jusfilósofo Hans Kelsen. 
Contextualizando: Hans Kelsen é austríaco. A Áustria é um país monarca e, no que tange à monarquia, 
havia uma ideia de que o soberano teria poderes implícitos nunca enumerados e que decorreriam do 
costume, o nome disso é prerrogativa real, ou seja, a rainha, o rei e o primeiro ministro não estão obrigados 
a praticar apenas atos com base na lei, podendo, eventualmente praticar atos que não estão previstos em 
lugar algum, porque este poder seria historicamente atribuído a estas figuras. 
Um dos grandes giros promovidos pelo estado de direito, foi justamente exigir, que todo poder 
estatal tenha fundamento na vontade coletiva, em uma lei promulgada pelo parlamento e, eventualmente 
em algum ato que tenha base em lei, que por sua vez tem base na Constituição. Kelsen era um defensor desta 
ideia de que tudo deve ter base na Constituição, a qual tem base na norma hipotética fundamental. 
Essa é uma lição básica aplicada ao direito administrativo, e justamente por isso é que se insiste tanto 
na ideia de legalidade, ou seja, não existem poderes implícitos, costumes não permitem que a administração 
faça X ou Y, todo ato administrativo deve ter base jurídica na administração. 
Evidente que hoje haja críticas a esta posição, o que tem sido cobrado em provas, por exemplo, do 
Ministério Público. O português Paulo Otero defende que o princípio da legalidade é importantíssimo, mas 
hoje não há, simplesmente, um dever de observância à legalidade, mas sim um dever de observância da 
juridicidade, ou seja, além do respeito à lei, é preciso que se respeitem as escolhas valorativas e axiológicas 
feitas pela Constituição. 
Então, em uma prova de primeira fase a resposta é: A administração, diferentemente do particular, 
só pode fazer o que a lei lhe permite. O particular pode fazer, em regra, tudo que a lei não lhe veda 
expressamente, já a administração, o estado e o agente público, só pode agir se seu comportamento tiver 
base legal. 
Para uma prova discursiva, é importante citar a visão de Paulo Otero, de que essa obediência à 
legalidade não deve se restringir apenas à lei, mas a todo ordenamento jurídico, inclusive a Constituição e 
aos valores previstos na Constituição e consagrados por ela, daí essa ideia de que a legalidade, hoje, é 
princípio da juridicidade. 
 
17 
 
O particular pode fazer tudo que não lhe é proibido. 
No tocante ao administrador, a legalidade traz duas vertentes: 
• Vertente negativa: a legalidade representa uma limitação à atuação do administrador, pois não 
pode fazer o que a lei não permite. 
• Vertente positiva: a atuação do administrador depende de autorização legal, e tendo 
mandamentolegal, deve fazer. Ou seja, se a lei permitir algo, o administrador deve fazer. 
O avanço da democracia e o avanço do positivismo tornaram insuficiente o raciocínio, segundo o 
qual basta que a atuação administrativa seja legal. Percebe-se que há uma mutação da noção clássica da 
legalidade, fazendo com que não baste que o ato seja legal, devendo também ser legítimo. 
Ou seja, além de obedecer à lei, deve obedecer à moralidade e atingir a finalidade pública. Essa 
concepção de legitimidade confere um maior grau de controle do ato administrativo pelo poder judiciário. 
Isso porque, agora, o poder judiciário pode invalidar um ato administrativo por ele não atingir a finalidade 
pública ou porque viola princípios da administração pública, como o princípio da moralidade. 
Percebe-se que o avanço da legalidade vai permitir o conceito de legitimidade, ampliando a 
vinculação negativa, pois ela não pode praticar um ato ilegal, um ato contrário à moralidade ou um ato 
contrário à finalidade pública. 
Alexandre Mazza diz que essa possibilidade de controle pelo judiciário da legitimidade do ato 
praticado pela administração pública é denominada de princípio da sindicabilidade. 
Raquel Carvalho vai dizer que o princípio é denominado princípio da constitucionalidade, pois se 
permite o controle da atividade administrativa em razão das normas constitucionais estabelecidas, ou seja, 
por meio do princípio da moralidade ou do princípio da eficiência. 
Quando se começa a permitir um maior controle da administração com base na constituição, 
Raquel Carvalho vai dizer que há incidência do princípio da constitucionalidade, enquanto Alexandre Mazza 
se refere como sendo princípio da sindicabilidade. 
Além dessa evolução do conceito de legalidade, que vai abranger também a legitimidade, há também 
a abrangência da juridicidade. 
A juridicidade será apresentada como um conceito maior, vinculando a administração pública ao 
ordenamento jurídico como um todo, permitindo uma maior margem ao administrador, tendo uma maior 
autonomia, pois poderá atuar dentro do ordenamento constitucional, e não apenas dentro da regra legal. 
 
18 
 
Esse conceito de juridicidade implica uma ampliação da vinculação positiva. Isso porque poderá 
fazer mais, e não só a regra, como um ordenamento como um todo. Em outras palavras, a administração 
fica vinculada ao ordenamento jurídico como um todo, e não apenas à lei. 
É possível perceber pelo menos 3 fases do conceito de legalidade: 
• Legalidade estrita: a administração somente irá atuar nos limites da lei. 
• Legitimidade: a atuação administrativa deve ser legal, mas também se conforme a moralidade e 
buscando a finalidade pública. 
• Juridicidade: na verdade, a atuação da administração deve ser legal, legítima, mas também 
jurídica, visto que ela deverá atuar conforme o ordenamento jurídico e os limites estabelecidos 
na ordem jurídica. 
ii. Princípio da impessoalidade 
A administração pública deve adotar uma postura objetiva, sem favoritismo perante os cidadãos, 
perante os próprios agentes públicos, ou seja, a administração tem o dever de tratar todos de forma 
equânime, isonômica, sem que pessoalize a relação que estabelece com o administrado e mesmo entre os 
seus agentes. A ideia é que todas as pessoas deram poderes ao estado e, portanto, esse poder não pode ser 
desviado, de forma a favorecer interesses particulares. 
O princípio da impessoalidade deve ser concebido em dois aspectos: 
• Buscar o interesse público: não pode o agente público utilizar o seu cargo para promover um 
amigo ou beneficiar o seu parente. O princípio do concurso público é reflexo desse conceito, ou 
ainda o princípio do procedimento licitatório. 
• Imputação do ato administrativo: quem faz o ato não é o agente público pessoalmente, e sim o 
órgão ou entidade da administração à qual o agente pertence. 
O princípio da impessoalidade implicará que a atuação se dê para o interesse público e para o fato 
de que será o Estado que atua, e não ao agente público. 
iii. Princípio da moralidade 
O princípio da moralidade é a exigência de que a atuação da administração pública seja ética. 
A moralidade vai justificar a súmula vinculante 13, que é a vedação do nepotismo. 
Em relação ao nepotismo, o STF entende que a nomeação de um parente para cargo político não 
viola a súmula vinculante 13. Isso porque se trataria de um ato de natureza eminentemente política. 
 
19 
 
Lembrando apenas que a SV 13 se refere até o parente em 3º grau (tio e sobrinho), portanto o primo 
(4º grau) não está sob a incidência da súmula. 
Segundo o STF, essa vedação ao nepotismo não pode alcançar os servidores admitidos mediante 
prévia aprovação em concurso público, ocupantes de cargo de provimento efetivo, haja vista que isso 
poderia inibir o próprio provimento desses cargos, violando, dessa forma, o art. 37, I e II, da CF/88, que 
garante o livre acesso aos cargos, funções e empregos públicos aos aprovados em concurso público (Inf. 786, 
STF). 
O STJ também se manifestou no mesmo sentido, estabelecendo que não há nepotismo na nomeação 
de servidor para ocupar o cargo de assessor de controle externo do Tribunal de Contas mesmo que seu tio 
(parente em linha colateral de 3º grau) já exerça o cargo de assessor-chefe de gabinete de determinado 
Conselheiro, especialmente pelo fato de que o cargo do referido tio não tem qualquer poder legal de 
nomeação do sobrinho. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art. 37 da CF/88 não 
decorre diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou 
servidor público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou 
assessoramento tenha sido direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem tenha potencial 
de interferir no processo de seleção (Inf. 815, STF). 
iv. Princípio da publicidade 
Atualmente, a publicidade não é simplesmente a publicação de um ato, sendo compreendida de uma 
forma mais ampla. 
É preciso que essa publicação seja clara e haja transparência, permitindo ao cidadão fiscalizar a 
atuação. 
A Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação) diz que qualquer interessado poderá pedir acesso à 
informação a órgão ou entidade referido pela lei. Apresentando o requerimento, o qual conterá a 
identificação do requerente e a informação que deseja, o acesso à informação compreenderá: 
• Direito de obter uma informação contida em registro ou em documento que seja do órgão ou 
entidade 
• Direito à informação íntegra e atualizada 
• Direito a uma informação sobre uma atividade exercida pelo órgão ou entidade 
• Direito à informação do patrimônio público 
• Direito à informação ao resultado de uma inspeção ou auditoria, ou ainda de uma prestação de 
contas. 
 
20 
 
É vedado qualquer exigência em relação ao motivo da solicitação dessa informação de interesse 
público. 
O órgão deve autorizar ou conceder o acesso imediato à informação. Caso não possa fazer de 
imediato, a administração terá o prazo de no máximo 20 dias, podendo ser prorrogado justificadamente 
por 10 dias, comunicando ao administrado o modo e o local de como será feita a consulta. 
O prazo de até 20 dias também será para indicar as razões de direito pelas quais houve a recusa da 
informação. Se o órgão ou a entidade souber o órgão que deverá fazer a informação, e não sendo de 
atribuição dele, deverá indicar qual é o órgão responsável no momento da resposta. 
Poderá ainda remeter o requerimento ao órgão ou a entidade para que seja informado ao 
administrado. 
No caso de extravio da informação solicitada, o interessado poderá requerer à autoridade 
administrativa que seja aberto imediatamente uma sindicância, a fim de que seja apurado o 
desaparecimento do requerimento. 
Havendo o indeferimento da informação, o interessado poderá recorrer no prazo de 10 dias. 
A lei vai dar acesso à informação, mas admitirá hipóteses de restrição à informação,tal como: 
• Hipótese em que se mostre imprescindível o sigilo à segurança da sociedade ou do Estado; 
• Hipótese em que o acesso irrestrito põe em risco a defesa e a soberania nacional; 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco a condução de negociações ou relações 
internacionais do Brasil; 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco a segurança, vida ou saúde da sociedade ou da 
população. 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco a estabilidade financeira, econômica ou monetário 
do país. 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco planos e operações estratégicas das forças armadas. 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco projeto de pesquisa e desenvolvimento científico 
ou tecnológico. 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco de instituições. 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco de altas autoridades. 
• Hipótese em que o acesso colocar em risco atividade de inteligência ou investigação, 
relacionadas à prevenção e repressão de crimes. 
 
21 
 
Perceba que há restrição ao acesso. Essas informações que guardam sigilo são passíveis de 
classificação: 
• Informação ultrassecreta: a informação poderá ficar restrita à sua informação por até 25 anos. 
• Informação secreta: a informação poderá ficar restrita à sua informação por até 15 anos. 
• Informação reservada: a informação poderá ficar restrita à sua informação por até 5 anos. 
O princípio da publicidade não impõe apenas a divulgação da decisão administrativa. Na máxima 
efetividade do princípio da publicidade, é preciso garantir transparência de toda a tramitação processual, 
visto que permitirá maior fiscalização do particular. 
O art. 11 da Lei 8.429/90 diz que constitui ato de improbidade administrativa, que atenta contra os 
princípios da administração pública, negar publicidade aos atos oficiais. 
v. Princípio da eficiência 
O princípio da eficiência foi trazido pela EC 19/98, servindo para que a atuação da administração 
pública seja eficiente. 
A aplicação do princípio da eficiência orienta e serve de fundamento para a chamada administração 
pública gerencial. 
O princípio da eficiência não significa ilegalidade. 
O professor Celso Antonio diz que o princípio da eficiência decorre de uma faceta do princípio italiano 
da boa administração. Este princípio diz que o agente público deve sempre buscar a melhor e mais adequada 
solução, tendo como parâmetro o interesse público e a legalidade. 
O princípio exige justamente que as ações públicas não desperdicem recursos e consigam 
implementar suas finalidades de forma econômica, ótima, valendo a pena o custo benefício, não podendo a 
administração gastar mal. 
O controle já existe, não é uma mera norma programática, há auditorias operacionais do TCU, que 
visam, justamente, verificar o controle da eficiência de acordo com parâmetros objetivos para que o gestor 
tenha uma discricionariedade grande no que se refere a estabelecer prioridades e gastos mais importantes 
naquele momento, fazendo parte, inclusive, do princípio democrático, mas, em alguns casos específicos é 
possível verificar um total descompasso no que se refere a eficiência. 
 
22 
 
Ressalte-se que eficiência não é apenas rentabilidade, custo benefício, mas também celeridade e 
rapidez, está intrinsecamente ligada a uma razoável duração do processo administrativo e há controle sobre 
esta matéria. 
c) Outros princípios 
i. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade 
Alguns autores criticam o uso deles como sinônimos. 
A razoabilidade também é conhecida como proporcionalidade ampla. É possível extraí-la da 
Constituição, mais precisamente do princípio do devido processo legal em seu aspecto substancial. 
A razoabilidade vai impor uma tríplice exigência ao desempenho da atividade administrativa, 
devendo o ato administrativo ser dotado de: 
• Adequação: a medida deve ser apta ao fim desejado. 
• Necessidade: o meio utilizado é o que causa menos gravoso ao administrado. 
• Proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens do ato devem superar as desvantagens. 
Trata-se da aplicação da chamada teoria dos 3 testes. 
O princípio da proporcionalidade é essencial ao estado democrático de direito, pois proíbe o excesso, 
mas também proíbe a proteção deficiente. 
Existe um artigo famoso de Virgílio Afonso da Silva, professor da USP, de acordo com o qual o 
proporcional difere do razoável. 
O razoável seria a ideia de que uma medida deve respeitar o bom senso, sendo adequada, racional, 
sem que haja especificação clara quanto a isso, seria aferível apenas no caso concreto, ligada a essa ideia de 
bom senso, boa medida. 
Já a proporcionalidade, como aponta Virgílio da Silva, é algo muito mais específico, que vem da 
Alemanha e, enquanto a razoabilidade decorreria do devido legal substantivo e teria uma matriz mais norte 
americana, a proporcionalidade traz a ideia de que deve haver adequação, necessidade e proporcionalidade 
em sentido estrito ou sopesamento. 
Para saber se uma medida é adequada é preciso em primeiro lugar saber se a medida restritiva que 
se quer implementar de alguma forma contribui para o objetivo a ser alcançado. É sempre uma relação entre 
o fim que se quer atingir e o meio que se utiliza. Ex: Imaginemos que a polícia queira limitar uma 
manifestação, a ideia aqui é preservar vidas, preservar a integridade física. Diferentes meios, de alguma 
 
23 
 
forma são adequados a esta finalidade. Para que seja adequado, basta que em alguma medida aquele meio 
contribua para o objetivo. É possível simplesmente cancelar a passeata, isto de alguma forma contribui para 
a finalidade. Dificilmente uma medida não será adequada, mesmo as medidas mais drásticas, porque de 
alguma forma atingem o objetivo. 
Na segunda fase, é preciso verificar se existe um outro meio, igualmente efetivo, que irá atingir o 
objetivo com a mesma eficácia, mas menos gravoso para o direito fundamental, para o interesse ali discutido. 
Basta pensar, por exemplo, na possibilidade de policiar o local, colocar muros entre as torcidas, ou blocos de 
manifestantes etc. 
É comum imaginar que proibir a passeata não passa no crivo da necessidade, mas normalmente essas 
medidas extremas e drásticas, passam sim, pois dificilmente se encontrará medida igualmente eficaz para 
atingir o objetivo. 
Basta pensar que, colocar o muro é eficaz, mas não tão eficaz quanto proibir a manifestação. 
Então a proibição passa no teste da necessidade, mas não passará no teste da proporcionalidade em 
sentido estrito, ou do sopesamento, que é onde normalmente não passam as violações a direitos 
fundamentais, pois o juiz constitucional deverá colocar na balança os dois interesses em jogo. 
Deve-se perguntar: Ante a eficácia da medida drástica, é uma forma adequada de colocar em 
equilíbrio o bem jurídico liberdade de expressão/manifestação/reunião e o bem jurídico segurança pública 
e, por exemplo, os direitos das pessoas que moram na região. 
É nessa terceira fase que a proibição de uma passeata não passaria, sem falar que nesse caso 
específico há regra expressa na Constituição. 
Essa introdução é necessária para explicar que a proporcionalidade é um princípio muito importante 
do Direito Administrativo, mas não se pode confundir proporcionalidade e razoabilidade. 
Há quem entenda que são sinônimos, mas é possível que o examinador conheça este artigo, citado 
em vários livros de direito administrativo e de direito constitucional. 
Atenção: Proporcionalidade já foi objeto de prova. 
ii. Princípio da autotutela 
O princípio da autotutela permite que a administração revise os seus atos, pois o ato é ilegal, 
inconveniente ou inoportuno, seja por meio de uma revogação (no caso de atos discricionários) ou por 
invalidação (no caso de atos ilegais). 
 
24 
 
O STF, na Súmula 473, diz que a administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direito, ou revogá-los, pormotivo de 
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial. 
A Lei 9.784/94 estipula no art. 94 que a administração pode anular atos administrativos, mas vai dizer 
que o direito de anular os atos administrativos de que decorram direitos favoráveis ao particular decaem em 
5 anos, salvo comprovada má-fé do particular. Isso porque a lei consagra o princípio da segurança jurídica. 
Todavia, o STF, por meio do Informativo 833, decidiu que a Administração Pública não pode, depois 
de terem se passado mais de 5 anos, anular a anistia política concedida mesmo que, antes de completar 
este prazo, a AGU tenha emitido nota questionando os critérios adotados na concessão. A nota emitida 
pela AGU teve efeito similar ao de um parecer e, por isso, não impediu o fluxo do prazo decadencial, não 
podendo ser classificada como "exercício do direito de anular", para os fins do § 2º do art. 54 da Lei nº 
9.784/99. 
Vale ressaltar que, no caso concreto, não ficou demonstrada má-fé do interessado. Além disso, não 
houve flagrante inconstitucionalidade na concessão de anistia, mas sim nova interpretação da Administração 
Pública quanto ao efetivo enquadramento como anistiado político. 
Por outro lado, o Supremo entendeu que o servidor que recebeu auxílio-moradia apresentando 
declaração falsa de que havia se mudado para outra cidade terá que ressarcir o erário e devolver os valores 
recebidos mesmo que já se tenha passado mais de 5 anos, desde a data em que o pagamento foi autorizado. 
(Inf. 839, STF). 
iii. Presunção de legitimidade 
Os atos administrativos se revestem de uma presunção de legitimidade, ou seja, é uma presunção 
relativa de que os atos foram praticados conforme o direito. 
iv. Princípio da motivação 
O princípio da motivação é externalizar os motivos, ou seja, os fundamentos da decisão. 
Obriga a administração a explicitar o fundamento normativo da decisão, permitindo o controle da 
administração pelo particular. 
v. Princípio da segurança jurídica 
 
25 
 
O princípio da segurança jurídica tem por fundamento a necessidade de que a atuação da 
administração pública deve ser previsível e estável. 
O princípio da segurança jurídica pode ser visualizado sob dois prismas: 
• prisma objetivo: o princípio da segurança jurídica implica irretroatividade das normas, ou seja, 
a proteção de atos perfeitamente realizados conforme a norma que vigia à época. 
• prisma subjetivo: o princípio da segurança jurídica implica preservação das expectativas 
legítimas da sociedade. É o princípio da proteção da confiança. 
Tem-se apontado limites para atuação da administração pública na prática de seus atos, visando o 
respeito ao princípio da segurança jurídica. 
Um deles é a impossibilidade de aplicação retroativa de uma nova interpretação (overruling). 
A segurança jurídica também implica a sujeição do poder de autotutela do Estado a um prazo 
razoável, que no processo administrativo federal é o prazo de 5 anos. 
Por outro lado, o STJ tem entendido que quando o ato for absolutamente inconstitucional, esse 
decurso do tempo não vai impedir que o ato seja anulado. Não se fala em prescrição e nem em decadência. 
Exemplo disso ocorre quando o sujeito ingressa no serviço público sem concurso público. O STJ 
entende que, ainda que se tenha passado 20 anos, o sujeito que ingressou sem concurso público não poderá 
ter esse ato convalidado. 
vi. Princípio da igualdade 
O princípio da igualdade pode ser explicitado na máxima aristotélica e posteriormente explicada por 
Rui Barbosa. 
Igualdade é tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual, na medida de suas 
desigualdades. Esta é a igualdade do ponto de vista material. 
Como reflexo do princípio da igualdade, há a chamada teoria da autovinculação administrativa. 
Trata-se de uma limitação à prática de um ato administrativo, mesmo que seja discricionário, em razão de 
precedentes administrativos anteriores. Veja, pela teoria da autovinculação administrativa, os precedentes 
administrativos impedem o atuar contraditório pela administração pública, ainda que o ato seja 
discricionário. 
 
26 
 
Pela teoria da autovinculação administrativa, quando é fixado um entendimento pela administração 
pública, por respeito à boa-fé ou igualdade, ficará vinculada quando analisar uma outra relação jurídica que 
seja similar. 
A administração poderá alterar o seu entendimento (overruling), mas essa alteração deverá ser 
prospectiva (prospect overruling), além de não ensejar efeitos retroativos, sob pena de violação à segurança 
jurídica. 
Portanto, o princípio da igualdade fundamenta a teoria da autovinculação administrativa. 
vii. Princípio da finalidade pública 
Com base no princípio da finalidade pública, a administração deverá atuar, nas suas ações e 
prerrogativas, de acordo com uma finalidade, que é atender interesses da coletividade, não podendo se 
desviar dessa finalidade. 
O desvio dessa finalidade torna o ato ilegal. 
O desvio de finalidade poderá ser: 
• Desvio de finalidade genérico: quando a ação administrativa não atende a qualquer interesse 
público. Ex.: prefeito desapropria imóvel de um desafeto. 
• Desvio de finalidade específico: a administração, embora tenha uma atividade pública em sua 
atuação, se desvia do que determina a lei. Ex.: servidor cometeu um erro e merece sanção, mas 
ao invés de ser instaurado um PAD, o superior o remove para outra comarca. 
vii. Princípio da ampla defesa e contraditório 
Há também a obrigatoriedade, por força da Constituição, de se conceder ampla defesa e 
contraditório a todo cidadão em todo processo administrativo. Isto é absolutamente crucial. A regra é que o 
contraditório seja prévio, eventualmente em casos de urgência é possível que o contraditório seja diferido. 
O contraditório deve ser protegido em seus dois aspectos, seja no sentido formal, seja no sentido 
material. No sentido formal, o contraditório significa a possibilidade de a pessoa ser ouvida. No sentido 
material, a manifestação do indivíduo deve ser capaz de modificar o convencimento de que irá decidir, ou 
seja, a decisão, não deve estar tomada, sendo a oitiva meramente pró-forma. É absolutamente necessário 
que o contraditório seja substancial. Além de ser ouvido, em regra, previamente, o administrado deve ter a 
possibilidade de influir no juízo de quem decidirá. 
Uma concretização muito cobrada e importante em primeira fase. 
 
27 
 
 
Súmula Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar 
não ofende a Constituição. 
Essa súmula do STF contraria a súmula 343, do STJ, que nunca foi revogada. Antes da edição da 
súmula vinculante, havia uma antinomia entre a súmula do Supremo não vinculante, e uma súmula do STJ, e 
durante muito tempo o STJ insistiu em não adotar a posição do supremo até que se editou a súmula 
vinculante 5. 
Portanto, em um processo administrativo, não necessariamente disciplinar, qualquer processo 
administrativo, a pessoa que tem seus interesses em jogo, administrado ou cidadão não necessariamente 
deve ser defendido por advogado, a pessoa pode advogar em causa própria, manifestando-se nos autos do 
processo administrativo. 
Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato 
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial 
de aposentadoria, reforma e pensão. 
Atenção: Despenca em concurso. 
Imagine que uma pessoa que trabalha há muito anos no serviço público requeira sua aposentadoria, 
este ato está submetido a um controle pelo TCU, e mais importante é que o Supremo entende que o ato que 
concede a aposentadoria é um ato complexo, mas a ideia é de que é um ato que exige duas manifestações 
independentes de vontade,ou seja, enquanto o TCU não se manifesta, a aposentadoria não começa, o ato 
administrativo não se aperfeiçoa. O ato do TCU é essencial, não meramente homologatório. 
O que o Supremo sumulou, é que o ato do TCU dispensa o contraditório, entendendo que como o 
ato é complexo a aposentadoria nunca foi de fato concedida, pois o ato só se completa com a decisão do 
TCU. A súmula parece estranha, justamente porque seria uma exceção ao contraditório e ampla defesa no 
processo administrativo, porém, isso ocorre porque o ato é complexo, ou seja, quando o cidadão requereu 
já deveria saber que a obtenção da aposentadoria só ocorreria com o ato do TCU. 
Importante lembrar também da Súmula Vinculante 21: 
Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro 
ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
Atenção: Súmula muito cobrada. 
 
28 
 
Existem várias leis, sobretudo em matéria tributária, que condicionam a interposição de recurso 
administrativo, porque grande parte desses recursos administrativos na esfera tributária são causas de 
suspensão do crédito tributário. O fisco queria condicionar o exercício do direito do recurso a um depósito 
integral do valor da dívida, entendendo o Supremo que isso é inconstitucional, embora ainda existam leis, 
não podem ser aplicadas e normalmente não são. Ainda que eventual lei ainda não tenha sido declarada 
inconstitucional pelo supremo, não prevalecem ante a vedação da súmula vinculante. 
Observação importante diz respeito ao prazo para a administração anular seus próprios atos. É sabido 
que no artigo 54, da Lei do Processo Administrativo, há um prazo decadencial para que a Administração possa 
anular seus atos, mas em virtude da segurança jurídica, essa possibilidade não é infinita. A administração tem 
em regra 5 anos, salvo má-fé do beneficiado, para anular seus próprios atos, na esfera previdenciária, de 
acordo com a lei 8.213/91, o prazo decadencial é de 10 anos. Então atenção, existem leis que estipulam 
prazos diferentes da regra geral de 5 anos. 
Obs.: Havendo má-fé de que se beneficiou não existe prazo, pode-se anular a qualquer tempo. 
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos 
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo 
comprovada má-fé. 
O que fazer quando não há lei específica que preveja prazo decadencial para anulação? Isso 
significaria que a administração teria a eternidade para anular atos? 
O STJ proferiu uma decisão emblemática sobre o tema, entendendo que deve ser aplicado o prazo 
decadencial de 5 anos da Lei Federal por analogia. 
Interessante que no DF, existe uma Lei (2. 834/01), que ao invés de especificar qual o prazo, disse 
que o prazo será o da Lei Federal. 
O art. 54 aplica-se aos processos administrativos dos estados? 
 
DF — Lei Distrital manda aplicar: Lei Distrital n. 2.834/01 
MANDADO DE SEGURANÇA. MILITAR ANISTIADO. INSTAURAÇÃO DE PROCESSO DE REVISÃO. 
DECADÊNCIA. ARTIGO 54 DA LEI NO 9.784/99. ORDEM CONCEDIDA. 
1. "O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis 
para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada 
 
29 
 
má-fé." e "Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que 
importe impugnação à validade do ato." (artigo 54, caput, e parágrafo 20 da Lei n. 784/99). 2. Com vistas nos 
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, este Superior Tribunal de Justiça tem admitido a 
aplicação, por analogia integrativa, da Lei Federal n. 9.784/1999, que disciplina a decadência quinquenal para 
revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública federal, aos Estados e Municípios, 
quando ausente norma específica, não obstante a autonomia legislativa destes para regular a matéria em 
seus territórios. 3. Instaurado o processo de revisão de alistado político após decorridos mais de sete anos 
da sua concessão e quase vinte e seis anos de recebimento da prestação mensal, permanente e continuada, 
resta consumado o prazo decadencial de que cuida o artigo 54 da Lei no 9.784/99. Precedentes. 4. 
Impossibilidade de condenação de valores retroativos, na via mandamental. 3. Mandado de segurança 
parcialmente concedido. (MS 18.338/DF, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
14/06/2017, DJe 21/06/2017) 
Em alguns casos envolvendo cartórios e serviços notariais e registrais, tecnicamente falando, o 
Supremo Tribunal Federal entendeu que o prazo não se aplicaria, já que previsto em lei, uma vez que nesses 
casos teria havido uma afronta drástica, frontal, literal à Constituição. 
Esse é um precedente importante, já que para o STF, quando a inconstitucionalidade for teratológica 
não se deverá aplicar o prazo. 
O prazo decadencial do art. 54 da Lei no 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta 
diretamente a Constituição Federal 
3. A delegação registral ou notarial, para legitimar-se constitucionalmente, pressupõe a indispensável 
aprovação em concurso público de provas e títulos, por tratar-se de regra constitucional que decorre do texto 
fundado no impositivo art. 236, 30, da Constituição da República, o qual, indubitavelmente, constitui-se 
norma de eficácia plena, independente, portanto, da edição de qualquer lei para sua aplicação. Precedentes: 
RE 229.884 AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJ 05.08.2005; ADI 417, Rel. Min. Maurício Corrêa, 
Tribunal Pleno, DJ 05.5.1998; ADI 126, Rel. Min. Octavio Gallotti, Tribunal Pleno, DJ 05.6.1992. 4. In casu, a 
situação de flagrante inconstitucionalidade não pode ser amparada em razão do decurso do tempo ou da 
existência de leis locais que, supostamente, agasalham a pretensão de perpetuação do ilícito. 5. A 
inconstitucionalidade prima facie evidente impede que se consolide o ato administrativo acoimado desse 
gravoso vício em função da decadência. Precedentes: MS 28.371 AgR/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Tribunal 
Pleno, DJe 27.02.2013; MS 28.273 AgR, Relator Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, DJe 21.02.2013; 
MS 28.279, Relatora Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJe 29.04.2011. 6. Consectariamente, a edição de leis 
de ocasião para a preservação de situações notoriamente inconstitucionais, ainda que subsistam por longo 
período de tempo, não ostentam o caráter de base da confiança a legitimar a incidência do princípio da 
 
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proteção da confiança e, muito menos, terão o condão de restringir o poder da Administração de rever seus 
atos. (MS 26860, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 02/04/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO 
DJe-184 DIVULG 22-09-2014 PUBLIC 23-09-2014) 
As pretensões desses tabeliães, notários e registradores tinha base até em lei estadual, já se haviam 
passado mais de cinco anos, havia leis que consolidavam aquela situação, não obstante o STF entendeu que 
tudo poderia ser anulado, porque nesse caso não se aplicaria, mesmo não havendo prova de má-fé. 
ix. Continuidade do serviço público 
Outro princípio implícito, pelo qual a prestação do serviço público deve se continuar, sob pena de 
grave prejuízo à coletividade. 
O servidor pode fazer greve? 
A greve não é sempre permitida, os militares, por exemplo, não podem fazer greve, inclusive o corpo 
de bombeiros e as polícias militares (art. 142, da CF). Os demais podem, com base em lei específica, lei 
ordinária, que nunca foi editada, e existe, portanto, uma decisão do Supremo, que estabelece a aplicação, 
por analogia, da lei que rege a greve dos celetistas à esfera pública. 
Deve ser descontada a remuneração em caso de greve? 
Em recurso dotado de repercussão geral e repetitivo, o Supremo estabeleceu que não é devida a 
remuneração, a não ser que haja conduta ilícita por parte do poder público. Ex: A administração não paga oserviço prestado pelo funcionário público, nesse caso há conduta ilícita e os vencimentos do período de greve 
não devem ser descontados. 
É preciso suspender o serviço público por inadimplemento? Ex: Receber um serviço de fornecimento 
de água e não pagar, é possível cortar? 
Sim. Durante muito tempo houve divergência, mas pacificou-se o entendimento de que havendo 
inadimplemento é possível o corte do fornecimento. 
STJ: O que não se admite é o corte de fornecimento de serviços de uma escola, hospital ou presídio, 
pois há, nesses casos, essencialidade do serviço público, que sobretudo é prestado à coletividade, de forma 
que as empresas de energia, que normalmente são concessionárias, devem apenas cobrar aquele valor, 
eventualmente até por precatório se se tratar de uma autarquia. 
A administração não pagou o prestador de serviço público, o cessionário, é possível que este 
interrompa os serviços? 
 
31 
 
Não é possível invocar a exceção do contrato não cumprido se o inadimplemento não superar 90 
dias. É importante lembrar que a supremacia do interesse público confere prerrogativas ao estado, e uma 
delas é: Se o estado não paga o concessionário, este não pode de imediato interromper o serviço, devendo 
aguardar minimamente 90 dias. 
 
3. Organização da administração pública 
I. Introdução 
Hely Lopes Meirelles vai dizer que administração é um instrumento que tem o Estado para pôr em 
prática as decisões do governo. 
Administração pode ser dividida em administração direta e administração indireta: 
• Administração direta: é composta por órgãos públicos, não tendo personalidade jurídica. É o 
fenômeno da desconcentração. Ex.: União se desdobrando em órgãos desconcentrados, como o 
STF, Ministérios, etc. 
• Administração indireta: é produto da descentralização, resultando na criação de outras pessoas 
jurídicas. É composta pelas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia 
mista. 
II. Órgãos públicos 
Os entes da federação possuem personalidade jurídica própria, mas para exteriorizar a sua vontade 
será necessário entender as seguintes teorias: 
• Teoria do mandato: o Estado outorga ao seu agente um mandato, a fim de que este haja em seu 
nome. A crítica está em explicar a forma pela qual o Estado transferiu os poderes ao agente. Não 
há. Portanto, não é adotada. 
• Teoria da representação: o Estado é representado pelo seu agente. Maria Sylvia crítica, pois 
nivela o Estado como um incapaz, por necessitar de representação. Não é adotada. 
• Teoria do órgão (teoria da imputação volitiva): o Estado manifesta sua vontade por meio de 
órgão que integra a sua estrutura. O agente manifesta sua vontade em nome do órgão, sendo 
imputada ao Estado a vontade exteriorizada pelo seu agente. É a teoria adotada no Brasil. 
Hely Lopes Meirelles diz que órgãos públicos são centros de competência instituídos para o 
desempenho de funções estatais, cuja atuação é imputada a pessoa jurídica que compõem esses órgãos. 
 
32 
 
São exemplos de órgãos a Câmara dos Deputados, STF, Senado, etc. 
José dos Santos diz que, apesar de órgãos ser entes despersonalizados, os órgãos representativos de 
poder, como os tribunais, Câmara dos Deputados, Congresso Nacional, Assembleia Legislativa, poderão 
defender em juízo as suas prerrogativas constitucionais. 
Ex.: Tribunal impetrando mandado de segurança contra ato do governador do Estado que não 
repassa o duodécimo. O Tribunal não tem personalidade jurídica, mas tem personalidade judiciária. 
Por conta disso, o STJ editou a Súmula 525, afirmando que a Câmara de Vereadores não possui 
personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para 
defender os seus direitos institucionais. 
 a) Classificação dos órgãos 
i. Quanto à posição estatal 
• Órgãos independentes: órgão é independente quando não se subordina hierarquicamente a 
nenhum outro órgão. 
• Órgãos autônomos: é o órgão da cúpula da administração, que tem autonomia, mas se subordina 
ao órgão independente. Ex.: Ministério do Trabalho é autônomo, mas se submete ao Presidente 
da República. 
• Órgãos superiores: são órgãos que exercem função de direção, controle, chefia, mas se 
subordinam aos órgãos autônomos. Ex.: diversas diretorias que há por aí. 
• Órgãos subalternos: são órgãos de execução, fazendo somente aquilo é designado. Ex.: 
almoxarifado. 
ii. Quanto à estrutura 
• Órgãos simples (ou órgãos unitários): são órgãos que não possuem outros órgãos subordinados. 
Não há mais órgãos dentro da sua estrutura. 
• Órgãos compostos: São órgãos em que há uma desconcentração das atividades, pois outros 
órgãos exercem parcela de sua atividade. Ex.: a Procuradoria Geral da União é um órgão superior 
das Procuradorias Regionais. 
iii. Quanto à atuação funcional 
 
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• Órgãos singulares (unipessoais): são órgãos cuja decisão depende da vontade de uma pessoa. 
Ex.: Presidência da República. 
• Órgãos colegiados (pluripessoais): são órgãos cujas decisões são tomadas por mais de uma 
pessoa. Não há hierarquia entre seus membros. Ex.: decisões do Plenário do CNJ. 
III. Autarquias 
Autarquia é uma pessoa jurídica de direito público interno criada por lei específica, a fim de prestar 
um serviço público específico. 
Hipótese de descentralização com personalidade jurídica e goza de todas as prerrogativas inerentes 
à Fazenda Pública. Exemplo: A autarquia contrata servidores públicos, está submetida ao regime jurídico 
único. 
A EC 19/98, instituiu a possibilidade de contratação de servidores de autarquias no regime celetista, 
ou seja, possibilitou a contratação de empregados públicos no lugar de servidores públicos estatutários. 
Entretanto, foi suspensa com eficácia ex nunc, em 2005, pelo STF em ADI, restituindo-se o regime jurídico 
único de forma definitiva. 
Nesse interstício houve a contratação de vários empregados públicos e, como a medida do STF não 
teve eficácia retroativa, essas pessoas são protegidas e podem permanecer no serviço público. 
Então, a primeira característica da autarquia é o regime de pessoal, todos os funcionários são 
servidores públicos. 
Além disso, a autarquia tem um benefício muito importante que é a impenhorabilidade de seus 
bens. 
A responsabilidade civil é objetiva, ou seja, independe de culpa, basta o ato, o dano e o nexo causal 
para que a autarquia deva indenizar eventual prejuízo. 
O pagamento de dívidas ocorre por meio de precatórios, ou seja, há dotações orçamentárias que são 
feitas ao longo do ano para que sejam pagas no ano seguinte, tudo de acordo com o artigo 100, da CF. 
Tem autonomia administrativa, mas se subordina a um controle finalístico. 
Pode-se citar também os benefícios processuais, por exemplo, o prazo em dobro. 
Ainda, estão submetidas a prescrição quinquenal, ou seja, eventuais prestações de direitos contra a 
autarquia, prescrevem no prazo de 05 anos. 
 
34 
 
Por óbvio devem licitar ao contratarem bens e serviços e fazer concurso público para contratação de 
pessoal. 
Gozam ainda de imunidade tributária, recíproca, também chamada de ontológica, prevista no artigo 
150, da CF. 
São exemplos a UF-GO, Banco Central etc. 
As autarquias nascem diretamente da lei, não necessitando de registro em cartório de registro civil 
das pessoas jurídicas e nem de registro na junta comercial. 
Se o ente político optar por descentralizar um serviço público tipicamente estatal, que não possa ser 
prestado por uma entidade privada, essa descentralização deverá se dar através de autarquia. Ex.: INSS para 
previdência social. 
Como as autarquias são criadas por lei, serão extintas por meio de outra lei. 
Há a possibilidade de caber um recurso sobre uma decisão da autarquia para um Ministro. Em regra, 
os dirigentes de uma autarquia são exercentes de cargo em comissão, exonerável ad nutum pelo Presidente 
da República, havendo, ainda, a possibilidade de que uma decisão da autarquia seja impugnávelperante um 
órgão da administração pública indireta. Se isso ocorrer, está-se diante do recurso hierárquico impróprio, 
que, em verdade não é um recurso hierárquico, justamente porque não há hierarquia entre a autarquia e o 
Ministério a qual se vincula, mas, desde que haja previsão em lei haverá tal recurso. 
Fila própria de precatórios: As autarquias têm fila própria de precatórios, então, por exemplo, uma 
dívida do INSS não faz com que a pessoa aguarde na fila da União, mas da própria autarquia, até porque as 
dotações orçamentárias são específicas. 
Bens: Os bens das autarquias, empresas estatais (empresas públicas ou sociedades de economia 
mista) prestadoras de serviços públicos são impenhoráveis, não podem ser objeto de hipoteca ou anticrese. 
Além disse são imprescritíveis, ou seja, como no caso da usucapião que é uma prescrição aquisitiva, sendo o 
decurso do tempo que faz nascer direitos. 
São relativamente inalienáveis, podem ser alienados de forma condicionada, desde que haja lei e 
assim por diante. É importante saber que existem essas vedações. 
Universidades: As universidades são consideradas autarquias de regime especial (melhor abordado 
adiante), tem em comum com as agências reguladoras, maior autonomia. A principal característica das 
universidades é o fato de o reitor não poder ser exonerado ad nutum, dependendo do preenchimento de 
requisitos. Há cultura de que o reitor seja nomeado a partir de lista tríplice, mas não há obrigatoriedade. 
 
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a) Prerrogativas 
As autarquias possuem as prerrogativas do ente da federação que as criou. 
• Imunidade tributária: as autarquias terão imunidades relativas sobre seu patrimônio, rendas e 
serviços, desde que vinculados às suas finalidades essenciais. É a imunidade condicionada. O STF 
confere uma interpretação ampliativa dessa imunidade, pois entende que basta que a renda seja 
destinada à consecução à finalidade essencial para ser imune. Ex.: ganhos do estacionamento é 
revertido em prol da entidade, não há incidência do imposto sobre o estacionamento. 
• Impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade dos bens 
• Débitos são pagos por meio de precatórios 
• Execução fiscal dos seus créditos 
• Benefício da prescrição quinquenal de seus débitos 
b) Controle finalístico 
Apesar de a autarquia ter autonomia, haverá um controle finalístico pela entidade que a criou. 
Este controle finalístico é também chamado de tutela ou de supervisão ministerial. Estas, no 
entanto, não são presumidas. 
A supervisão ministerial visa essencialmente a realização dos objetivos que justificaram a criação da 
entidade (autarquia). 
A diferença entre supervisão ministerial e subordinação hierárquica é de que, nesta última, ocorre 
dentro de uma estrutura vertical, dentro da mesma pessoa jurídica, havendo hierarquia. A hierarquia 
independe da previsão legal, decorrendo da própria estrutura da entidade. 
c) Regime jurídico dos servidores 
O regime de pessoal das autarquias vai ser o mesmo da entidade da federação que criou esta 
autarquia. 
Via de regra, será estatutário, apesar de poder prever que o regime seja trabalhista. 
 
d) Autarquias corporativas 
 
 
36 
 
As denominadas autarquias profissionais são aquelas que fiscalizam determinadas categorias 
profissionais, como por exemplo o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), o COREN 
(Conselho Regional de Enfermagem). 
O STJ e o STF classificam estes conselhos como autarquias especiais, gozando de: 
• Imunidades de impostos 
• Submetem-se à fiscalização e prestação de contas ao Tribunal de Contas da União 
• Concurso público para contratação de pessoal 
• Licitações têm incidência para contratação 
 
Conselhos profissionais 
 
Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, os conselhos de fiscalização profissional têm 
como função precípua o controle e a fiscalização do exercício das profissões regulamentadas, exercendo, 
portanto, poder de polícia, atividade típica de Estado, razão pela qual detêm personalidade jurídica de direito 
público, na forma de autarquias. Sendo assim, tais conselhos não se ajustam à noção de entidade de classe, 
expressão que designa tão somente aquelas entidades vocacionadas à defesa dos interesses dos membros 
da respectiva categoria ou classe de profissionais [ADPF 264 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 18-12-2014, P, DJE 
de 25-2-2015.]. 
Diferentes corporações tem um conselho profissional responsável pelo exercício do poder de polícia. 
Essa entidade tem a responsabilidade de fiscalizar o exercício dessas profissões. 
Inicialmente entendidas como entidades privadas, foram objeto de ADI, por meio da qual o STF 
entendeu que devem ser autarquias, porque o poder de polícia não poderia ser transferido/delegado a um 
agente particular. 
Existem várias questões não muito bem solucionadas no que diz respeito a essas entidades: 
Natureza jurídica das anuidades: O valor cobrado a título de anuidade dos inscritos nesses conselhos, 
segundo o STF, é de contribuição especial (de interesse das categorias profissionais), portanto tributo, 
devendo estar previsto em lei, assim como sua base de cálculo e alíquota. Durante muito tempo essas 
cobranças ocorriam com base em mera resolução, hoje não mais. Trata-se de obrigação ex lege. 
Submetem-se a fiscalização do TCU? Sim, há vários precedentes do STF nesse sentido, portanto os 
profissionais podem e devem ser fiscalizados pelo TCU. 
 
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Devem fazer concurso público? Sim, pois são autarquias. Seus servidores estão submetidos ao 
regime estatutário. Porém, há uma série de discussões, porque o STF não delineou sobre o que fazer com 
relação ao regime dos servidores. Inicialmente vários eram contratados como celetistas e há inúmeras ações 
judiciais com requerimento desses servidores para que lhes seja reconhecido o regime estatutário. Essas 
questões, bem como no que tange à aposentadoria possuem jurisprudência ainda não pacificada 
A demissão do servidor exige PAD? Sim. O STF entende que os princípios extensíveis à administração 
pública, também se aplicam às empresas públicas, que tem as limitações típicas de uma entidade estatal, 
mas, em regra, não podem ter os benefícios, com exceção, por exemplo, dos Correios. Por outro lado, o STF 
entende que em virtude da aplicação desses princípios as entidades como os Correios, qualquer tipo de 
despedimento de empregado público deve observar alguma motivação. 
Como a empresa pública é uma entidade de direito privado esse indivíduo é um empregado público, 
mas em virtude do princípio da motivação, que deve permear a limitação a direitos em toda a administração 
pública, esse empregado público só pode ser despedido se houver motivação para tanto. 
No caso dos conselhos profissionais a rigidez é maior, o requisito que se exige não é uma mera 
motivação, mas sim a instauração de um processo administrativo disciplinar com a pena de demissão. 
Podem ajuizar ADI, ADC ou ADPF? O STF entende que não podem, pois não são sindicatos nem 
entidades de classe, mas sim autarquias que exercem poder de polícia. 
Podem ajuizar ação civil pública? Sim, porque as autarquias têm legitimidade para ajuizar ACP e os 
conselhos profissionais são uma autarquia. (Importante: cai em prova). 
Submetem-se ao regime de precatórios? Em regra, as autarquias estão submetidas as regime 
jurídico público, podendo pagar suas dívidas por meio de precatórios. Em virtude de uma decisão do STF, 
embora sejam autarquias, não pagam suas dívidas por meio de precatórios, mas por execução comum, como 
se particular fosse, uma vez que o conselho profissional tem receita própria e não tem orçamento. Assim, 
não estando submetido à lei orçamentária, não haveria sentido pagar suas dívidas por meio de precatórios. 
A implementação dos precatórios causaria uma série de dificuldades. 
Estão isentos de custas processuais? Não. Quando um determinado conselho profissional busca 
cobrar as anuidades, faz

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