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[CADERNO] Direito Administrativo I / Geovane Peixoto

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Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Direito Administrativo I 
Prof. Geovane Peixoto – 2019.2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
INTRODUÇÃO SOBRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DIREITO ADMINISTRATIVO 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ESTADO 
“No estudo da Administração Pública, o objetivo final é melhorar as práticas administrativas do governo, 
para, assim, melhor servir aos interesses públicos, aos ideais e às necessidades do povo.” - Pedro Muñoz 
Amato (1954). 
José Matias Pereira: O Papel do Estado - “O Estado existe fundamentalmente para realizar o bem comum. 
Os teóricos que cuidam da análise desta finalidade do Estado desdobram-na em três vertentes: o bem-
estar, a segurança e a justiça. A interdependência dos fins do Estado assume particular importância em 
relação à grande e última finalidade do Estado: a promoção do bem comum. O Estado, nesse sentido, 
enquanto forma de organização política por excelência da sociedade, pode ser aceito como o espaço 
natural de desenvolvimento do poder político”. 
A Administração Publica é aquela que tem como objetivo gerenciar aquilo que é interesse público, que é 
coletivo. // Administração Publica não é sinônimo de Estado, mas o Estado compreende a administração 
publica. 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Noções conceituais: 
Dwight Waldo: “(i) Administração pública são a organização e a gerência de homens e materiais para a 
consecução dos propósitos de um governo; (ii) Administração pública são a arte e a ciência das gerências 
aplicadas aos negócios de Estado.” 
 É o administrar para o Estado. Gerar bens materiais com recursos humanos. // ATENDER A 
SOCIEDADE. 
Para De Plácido e Silva, a Administração Pública, em seu sentido amplo, é uma das manifestações do Poder 
Público na gestão ou execução de atos ou de negócios políticos. Isto se daria de forma tal que a 
Administração Pública se confundiria com a própria função política do poder público, expressando um 
sentido de governo que se entrelaçaria com o da Administração. 
 Há a dimensão técnica (que deve seguir o rito da legalidade) e a dimensão política (que toma 
decisões). 
José Matias Pereira: “(...) a Administração Pública, num sentido amplo, designa o conjunto de serviços e 
entidades incumbidos de concretizar as atividades administrativas, ou seja, da execução das decisões 
políticas e legislativas. Assim, a Administração Pública tem como propósito a gestão de bens e interesses 
qualificados da comunidade no âmbito dos três níveis de governo: federal, estadual ou municipal, segundo 
preceitos de Direito e da Moral, visando o bem comum.” 
 OBS.: falta o nível distrital!!! A Administração Publica no Brasil deve levar em conta esse 4 níveis de 
governo (federal, estadual, municipal e distrital). A legalidade é um dos pilares da administração 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
pública, em seu sentido amplo = tudo aquilo que tem capacidade de produzir efeitos normativos, 
da constituição até as portarias/resoluções. 
A Administração Pública, portanto, requer uma inter-relação entre: Político – Moral – Social – Econômico – 
Jurídico. 
Complexidade da relação entre: atos de Gestão dos Serviços Públicos x Decisões Políticas  Sempre 
permeadas pelos interesses econômicos em uma sociedade capitalista. 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PAPEL DO ESTADO 
A realização dos direitos sociais, na concepção de Marshall (1992), depende de um Estado dotado de 
infraestrutura administrativa a fim de propiciar políticas sociais que garantam o acesso universal a um 
mínimo de bem-estar e segurança material.  Ao afirmar que um Estado tem o chamado estado de bem 
estar social, é preciso que os direitos sociais sejam concretizados através de politicas publicas. Quem vai 
implementar, gerir e executar essas politicas publicas é o Estado, com o seu aparato administrativo e 
politico. // uma administração publica norteada pela Governança = o Estado permitir que o cidadão tenha 
acesso aos direitos sociais tutelados pela Constituição. 
Marshall aponta a evolução de instituições que contribuíram para o surgimento dos direitos, quais sejam: 
• Tribunais: para garantir os direitos civis e proteção dos membros do Estado-nação em geral. 
• Instâncias representativas locais e nacionais: para garantir o acesso à participação na legislação e 
tomada de decisões públicas.  Democracia na administração publica. 
• Serviços sociais/políticas de Estado: para garantir a proteção contra a pobreza, doença e, ainda, 
escolas para o cidadão receber pelo menos os elementos básicos de uma educação. 
• PROVOCAÇÃO: EXISTEM OUTRAS?  Globalização – isso tem um efeito na administração publica, 
pois não podemos pensar que ela é local. Envolve uma relação entre Estados. 
OBS.: embora a função administrativa seja típica do poder Executivo, o conceito de administração pública 
com ele não coincide, haja vista a possibilidade de atuação administrativa pelos demais Poderes do Estado, 
ainda que atipicamente. 
A Administração Pública (com letras maiúsculas) designa o conjunto de órgãos e agentes estatais no 
exercício da função administrativa, independentemente do poder a que pertençam. 
A administração pública (com letras minúsculas) se confunde com a função administrativa, devendo ser 
entendida como a atividade administrativa exercida pelo Estado, ou seja, a defesa concreta do interesse 
público. 
A doutrina moderna aponta quatro tarefas fundamentais da administração pública: o exercício do poder de 
polícia, a prestação de serviços públicos, a regulação de atividades privadas e o controle da atuação do 
Estado. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Pode-se entender a atividade administrativa como a função voltada para o bem de toda a coletividade, 
desenvolvida pelo Estado com a intenção de privilegiar a coisa pública e as necessidades do corpo coletivo. 
// múnus público. 
 
DISTINÇÃO ENTRE FUNÇÕES DE ESTADO E FUNÇÕES DE GOVERNO 
José Matias Pereira: “Os princípios e fundamentos do Estado contemplados pela Constituição Federal são 
bastante distintos dos objetivos de Governo. Isso está evidenciado, por exemplo, nos art. 1º, 3º e 170 da CF. 
Quanto aos principais dispositivos constitucionais que envolvem as políticas de Estado, podemos citar o art. 
194, ao tratar a seguridade social como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos; 
o art. 196, que estabelece a promoção de políticas de saúde como dever do Estado; o art. 205, que define a 
promoção do direito à Educação como um dever do Estado; o art. 217, no qual o fomento ao desporto é 
definido como uma política de Estado. Nesse sentido, quem elabora pautas políticas são os poderes 
públicos. O Estado tem instituições que, apoiadas no princípio republicano, deverão obedecer à 
Constituição, à Lei e às políticas públicas. Registre-se que as políticas de Governo devem ser estabelecidas 
no ambiente institucional para que possam ser implementadas sem sobressaltos ou restituições.”. 
Estado = povo situado em determinado território e sujeito a um governo. 
Governo = é a cúpula diretiva do Estado que se organiza sob uma ordem jurídica por ele posta, a qual 
consiste no complexo de regras de direito baseadas e fundadas na CF.  responsável pela condução das 
atividades estatais, ou seja, conjunto de poderes e órgãos estatais. 
 
SÍNTESE SOBRE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O SEU ESTUDO 
José Matias Pereira: 
I - A temática da Administração Pública situa-se no campo da reflexão interdisciplinar que busca 
investigar a relação entre o poder político, o poder econômico e o poder social, instâncias paralelas de 
mando que, em geral, cristalizam-se em sínteses instáveis. 
 Não há estabilidade. Por isso a função do administrador publico é tomar decisões, pensando 
sempre no lucro da sua administração para o bem coletivo.II - temas sensíveis no mundo contemporâneo: a) os aspectos que envolvem as crescentes demandas dos 
cidadãos por serviços públicos de qualidade; b) transparência e controle: c) amplificação da participação 
social; d) as interfaces das questões socioeconômico-ambientais que estão afetas ao interesse da 
coletividade; e) mecanismos de prevenção e controle da probidade e corrupção; e outros. 
 Esses são os fins que devem nortear, dentro desse quadro de instabilidades, as decisões públicas. 
III – Diante deste quadro, a complexidade e a amplitude dos temas abordados no conteúdo do componente 
curricular exigem uma análise mais aprofundada dos sistemas político, social e econômico, bem como das 
suas interações e dinâmicas. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Assim, partiremos do pressuposto de que esses sistemas interagem de forma permanente, e que nenhum 
deles funciona de forma independente, ou seja, as estruturas constitutivas de cada um interferem na forma 
de funcionamento dos demais. Os temas que serão debatidos estão baseados em diversas áreas do 
conhecimento, em especial: na Ciência Política, Administração Pública, Economia, Sociologia e Direito; 
numa perspectiva interdisciplinar. 
PRINCIPAIS DESAFIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
É entender como o avanço democrático de metas públicas amplas está ligado à administração democrática 
destas organizações e às aspirações pessoais daqueles que trabalham nelas. Constitui meta deste curso, 
portanto, debater o necessário aprimoramento e implementação de mecanismos para uma Administração 
Pública Democrática.  A administração publica é responsável não só pela gestão publica, mas também 
pela efetivação dos direitos fundamentais. Hoje em dia não se pode pensar em administração publica que 
não esteja limitada pela necessidade de efetivar os direitos fundamentais.  A administração publica tem 
que respeitar a democracia e criar mecanismos para funcionar democraticamente. 
“(...) em muitas arenas políticas nem governo nem mercados conseguem dar conta plenamente dos 
problemas que a sociedade enfrenta hoje (são problemas complexos, e numa esfera de sociedade 
capitalista, é preciso encontrar um equilíbrio). Nem o controle top-down* associado à hierarquia 
governamental nem a relativa anarquia associada aos mercados proporcionam um modelo adequado para 
a solução dos complexos problemas atuais. Como assinalam Sorensen e Torfing (2006), a sociedade atual 
está marcada por uma crescente fragmentação em subgrupos relativamente autônomos, por uma 
complexidade na natureza dos problemas públicos e por uma nova dinâmica societária criada, em parte, 
por uma multiplicação e interconexão de horizontes de ação espaciais e temporais e, em parte, por uma 
imprecisão e contestação das fronteiras entre as instituições, setores e níveis regulatórios.” 
 A metodologia top down é um processo sistemático que se baseia na decomposição de um todo 
para poder entender os seus subsistemas e componentes. 
 
DISTINÇÃO TELEOLÓGIC A DA ADMINISTRAÇÃO 
É preciso, entre outras distinções, definir com clareza que há uma distinção de finalidade que separa e 
diferencia a Administração Pública da Privada. 
Administração Pública  Interesses públicos (finalidade social) 
Administração Privada  Lucro (finalidade individualizada) 
O objetivo central da Administração Pública não é a geração de lucro. O atendimento dos fins sociais se 
sobrepõe, o que não deve ser entendido como a admissibilidade de uma administração ineficiente e 
desequilibrada economicamente. 
 Não significa que por ser fim social tem que colocar dinheiro de forma irracional, tem que ter 
equilíbrio. A administração publica também é ineficiente se não consegue atingir finalidade e 
eficiência econômica. O administrador público busca a eficiência para que tenha meios adequados 
economicamente para a concreção dos fins sociais. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
MODELOS DE GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
A administração pública patrimonial vigorou desde o “inicio” do Brasil até a década de 1930. Essa gestão 
patrimonial é baseada no poder monárquico, no qual não se separa o patrimônio publico do privado. O rei 
misturava tudo, usava o dinheiro publico a seu favor e seus bens a favor do Estado. 
 “O Estado sou eu.” 
 O critério adotado aqui era da pessoalidade; a lealdade e a amizade em relação ao rei eram 
fundamentais. 
 
Depois da monarquia, houve a oligarquia com a proclamação da república, com grande força da “politica do 
café com leite”  clientelismo, corrupção e nepotismo. 
A partir de 1930, o Brasil e o mundo passaram a ter mudanças econômicas, sociais e administrativas. 
 Do ponto de vista político, tem-se a ideia das eleições e do voto universal, secreto  Isso quebrou 
a ideia do voto de cabresto. 
 Do ponto de vista econômico, em 1929 teve a crise de superprodução e consequentemente a 
quebra da bolsa de NY  Foi a partir daí que o Estado passou a intervir na economia. 
o No Brasil, isso se refletiu no desenvolvimento industrial. Para que houvesse essa 
industrialização, o Estado teria que “colocar dinheiro” no mercado – seria o Estado 
interventor, protetor. Getúlio Vargas começa a criar estruturas no Estado para 
proporcionar essa mudança  Processo Desenvolvimentista. 
 Do ponto de vista social, a partir de 1930 é que se começa a conceder os direitos sociais. A CF de 
1934, por exemplo, tinha varias normas trabalhistas.  Estado do bem-estar social. 
 Do ponto de vista administrativo, Getúlio Vargas cria o DASP (Departamento Administrativo De 
Serviço Publico), que é o marco da administração pública burocrática. 
No contexto da administração pública burocrática, a meritocracia é forte. A ideia dessa administração era 
acabar com a corrupção e com o nepotismo da administração publica patrimonial. Mas através de que 
práticas? 
 Formalismo  não haveria mais boca a boca, os “amigos do rei”. Passa a ser tudo escrito e público. 
 Hierarquia  Aqui há o controle de tudo que acontece, sobretudo os processos de trabalho, os 
procedimentos, os métodos, etc.  controle a priori. 
 Verticalização  subordinação. Haveria “chefes” para estarem controlando as pessoas. 
o Ideia de carreira do servidor público, por conta do mérito. O profissional não mais ocupa 
um cargo pela confiança, mas sim pelo seu profissionalismo. A ideia é treinar e capacitar os 
servidores públicos para que eles sejam competentes. 
o Seguir regras, leis, etc. 
Esse poder centralizado atrelado ao crescimento do Estado, numa espécie de inchaço, se refletiria em 
problemas de morosidade (porque tinha que chegar ao chefe dos chefes), lentidão, etc. Houve algumas 
tentativas de quebrar essa rigidez/engessamento. // modelo auto referido  modelo cuja referencia do 
estado é ele mesmo. O Estado fica tanto tempo atendendo as normas e regras que acaba deixando de lado 
o atendimento ao cidadão. Aliado a isso, nós tínhamos uma cultura patrimonial que estava impregnada  
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
mesmo com a tentativa de Getúlio de implantar uma administração publica racional-legal (melhor uso dos 
meios para chegar aos fins), ele mesmo tinha uma cultura patrimonial. 
As praticas de corrupção nunca deixaram de existir, assim como as indicações pessoais, etc.  ou seja, 
mesmo na administração publica burocrática havia praticas patrimoniais. 
Importante: A partir de 1930 é administração burocrática!!! (permeadas por praticas patrimoniais). 
Os governos que sucederam o de Getúlio mantiveram a ideia de administração burocrática. Mas essa 
administração já dava sinais de morosidade/engessamento. Com o golpe de 1964, os projetos de reforma 
da administração pública voltam a ser estudados  Em 1967 tem-se uma reforma dentro da administração 
publica burocrática, que seria o primeiro momento de umaadministração publica gerencial. 
É a partir do decreto lei 200/67 que se fala de descentralização, de uma flexibilização  separação da 
administração direta (centralizada) da administração indireta (autarquias, fundações, empresas publicas, 
sociedade de economia mista). 
Outra tentativa aconteceu 1979 com o Programa Nacional De Desburocratização (PrND)  foi um caminho 
rumo a administração publica gerencial. 
Mas depois da abertura democrática em 1985, a CF/88 - mesmo sendo a constituição cidadã em questão de 
direitos fundamentais - em matéria administrativa era considerada um retrocesso democrático, com 
praticas da década de 1930, abandonando tudo que tinha sido feito com o decreto lei 200 e com o PrND. 
Toda a flexibilidade foi abandonada na administração indireta e se aplica à indireta as mesmas regras 
rígidas da direta. 
Crise fiscal – 1980  gera a crise de governabilidade 
Estado neoliberal  pós-crise financeira. Estado que corta despesa, custos etc. 
1995 com FHC  promove outra reforma, em busca de uma governança publica (capacidade de gestão)  
lança o Plano Diretor Da Reforma Do Aparelho Do Estado e nesse plano estão as diretrizes para a 
implantação da Administração Publica Gerencial // EC 19/88  lastro legal p implantar essa administração 
gerencial. Art. 37 da CF/88  maior descentralização, flexibilidade, autonomia, confiança previa, controle 
de resultados etc. maior autonomia do gestor para alcançar objetivos  gestão voltada para resultados. 
 Controle a posteriori. 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNANÇA 
DEFINIÇÃO LEGAL: 
DECRETO Nº 9.203/2017 Art. 2º - I  “Governança pública: conjunto de mecanismos de liderança, 
estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a gestão, com vistas à 
condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade.”. 
 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
 PRINCIPIOS REGENTES DA GOVERNANÇA PÚBLICA 
Art. 3º do Decreto Nº 9.203/2017: 
São princípios da governança pública: 
I - capacidade de resposta;  A capacidade de resposta representa a competência de uma instituição 
pública de atender de forma eficiente e eficaz às necessidades dos cidadãos, inclusive antevendo interesses 
e antecipando aspirações. 
II - integridade;  A integridade tradicionalmente representa a busca pela prevenção da corrupção e pelo 
fortalecimento dos padrões morais de conduta. // só a punição ao corrupto não adianta se não 
prevenirmos. Os contratos administrativos celebrados com as instituições privadas são altamente 
corruptos, fruto de licitações corruptas. 
III - confiabilidade;  A confiabilidade representa a capacidade das instituições de minimizar as incertezas 
para os cidadãos nos ambientes econômico, social e político. Por isso, uma instituição confiável tem que se 
manter o mais fiel possível aos objetivos e diretrizes previamente definidos, passar segurança à sociedade 
em relação a sua atuação e, por fim, manter ações consistentes com a sua missão institucional. 
 Toda instituição precisa ter claramente definido quais são as diretrizes de atuação, seus princípios, 
objetivos e a sua missão; é a partir disso que o gestor planeja o seu planejamento estratégico. 
Parte da ideia de que a administração publica não age aleatoriamente, mas a partir de uma missão 
institucional. 
IV - melhoria regulatória; A melhoria regulatória representa o desenvolvimento e a avaliação de políticas 
e de atos normativos em um processo transparente, baseado em evidências (realidade, aquilo que se tira 
do caso concreto) e orientado pela visão de cidadãos e partes diretamente interessadas. Não se restringe, 
portanto, à regulação econômica de setores específicos realizada pelas agências reguladoras. 
 Realidade, transparência e democracia são os três pilares da melhoria regulatória. 
V - prestação de contas e responsabilidade;  Prestação de contas e responsabilidade (no inglês, 
accountability) representa a vinculação necessária, notadamente na administração de recursos públicos, 
entre decisões, condutas e competências e seus respectivos responsáveis. Trata-se de manter uma linha 
clara e objetiva entre as justificativas e os resultados da atuação administrativa, de um lado, e os agentes 
públicos que dela tomarem parte, de outro. 
 No Brasil, a administração publica tinha certo costume de decidir sem explicar, sem fundamentar 
(Ex.: Jânio Quadros – “filo porque quilo”); 
 Decisão mal fundamentada gera gasto de dinheiro excessivo. 
 Não é só entregar a prestação de contas, uma mera formalidade, pois é obrigado; mas desenvolver 
um real interesse e empenho com a coisa publica; isso se atrelaria ao desenvolvimento da 
responsabilidade dos gestores, em caso de erro. // Discussão: o gestor seria punido por tomar uma 
decisão que estaria dentro da sua discricionariedade?! 
VI - transparência.  A transparência representa o compromisso da administração pública com a 
divulgação das suas atividades, prestando informações confiáveis, relevantes e tempestivas à sociedade. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Inserida em um conjunto de princípios centrais que orienta a atividade pública, a transparência é um dos 
pilares para a construção de um governo aberto (OPEN GOVERNMENT). 
 OPEN GOVERNMENT /Governo aberto  É uma cultura de governança centrada no cidadão que 
utiliza ferramentas, políticas e práticas inovadoras e sustentáveis para promover transparência, 
capacidade de resposta e responsabilização do governo, de forma a incentivar a participação das 
partes interessadas no apoio à democracia e ao crescimento inclusivo. //governo com maior 
capacidade de tomar decisões, respostas tempestivas (dentro do prazo, dentro do tempo da 
necessidade). 
 Dar acesso a todos daquilo que é publico.  Principio constitucional da publicidade. 
 Lei de Acesso à informação (nº 12.527/2011)  relação com o direito fundamental de acesso à 
informação. 
 
DIRETRIZES DA GOVERNANÇA PÚBLICA 
Art. 4º do Decreto Nº 9.203/2017  Pega os princípios e os materializam em práticas da administração 
publica para que eles possam ser implementados. 
Art. 4º São diretrizes da governança pública: 
I - direcionar ações para a busca de resultados para a sociedade, encontrando soluções tempestivas e 
inovadoras para lidar com a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades; 
 Os resultados econômicos são secundários, mas não deixam de ser importantes. O ponto aqui é 
enfatizar que o objetivo primário é atender a sociedade. 
 As limitações de recursos precisam ser provadas (Ex.: o gestor negar algo sendo que tem verba pra 
isso). 
 O que é mudança de prioridade? É a necessidade da administração publica de mudar os seus 
rumos diante da mutabilidade da sociedade. // é preciso uma administração publica ágil, que lide 
com a complexidade de uma realidade dinâmica. 
II - promover a simplificação administrativa, a modernização da gestão pública e a integração dos serviços 
públicos, especialmente aqueles prestados por meio eletrônico; 
 A ideia de integração e cooperação para a prestação de serviços públicos está prevista desde 1988 
(CF). Hoje em dia, o que dificulta isso são os interesses políticos e partidários falam mais alto que o 
interesse publico. 
III - monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a implementação e os resultados das políticas e das 
ações prioritárias para assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas; 
 Não basta dizer que fez, é preciso monitorar todas as fases (concepção, implementação, execução 
e avaliação). 
 Avaliação – olhar para o passado e entender a produção futura. 
 Fazer com que aquilo que foi planejado seja cumprido. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
IV - articular instituições e coordenar processos para melhorar a integração entre os diferentes níveis e 
esferas do setor público,com vistas a gerar, preservar e entregar valor público; 
 Integração entre os entes para uma melhor gestão; a administração pública não deve funcionar 
como ilhas!!! 
V - fazer incorporar padrões elevados de conduta pela alta administração para orientar o comportamento 
dos agentes públicos, em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos e de suas entidades; 
 Isso já existe há muito tempo, não é algo novo. 
 O que se quer com a governança é que isso se institucionalize – em todo âmbito da administração 
publica. 
 Alta administração = agentes políticos e de primeiro e segundo escalão. 
VI - implementar controles internos fundamentados na gestão de risco, que privilegiará ações estratégicas 
de prevenção antes de processos sancionadores; 
 É preciso que a administração publica nos dias de hoje se preocupe também com a prevenção, com 
a gestão de risco  não espera acontecer para agir. 
VII - avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoamento de políticas públicas e de concessão de 
incentivos fiscais e aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios; 
 Os processos de gestão devem levar a fundo as analises econômicas que são realizadas. 
 É preciso que se avalie de todos os ângulos a gestão financeira. 
VIII - manter processo decisório orientado pelas evidências, pela conformidade legal, pela qualidade 
regulatória, pela desburocratização e pelo apoio à participação da sociedade; 
 Orientado pelas evidências = gerir a partir de fatos, comprovações de que a escolha feita seria/é a 
melhor. 
 Toda decisão proferida pela administração publica precisa ser obrigatoriamente motivada. Qual a 
finalidade da administração além de tornar transparente? O controle! 
IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas práticas regulatórias e pela legitimidade, 
estabilidade e coerência do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre que conveniente; 
 A administração publica não pratica apenas atos administrativos em sentido estrito; muitos deles 
são atos normativos (que geram normatização). E o que se está cobrando aqui é a responsabilidade 
do gestor ao expedir esses atos normativos. 
 Quais são os dois parâmetros (um imediato e outro mediato) para a expedição de atos normativos 
pela administração pública? O imediato é a legalidade e o mediato é a constitucionalidade. 
 Os atos da administração pública precisam de coerência, que é mantida pela integridade do 
sistema. 
X - definir formalmente as funções, as competências e as responsabilidades das estruturas e dos arranjos 
institucionais; 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
 Esse inciso é um resquício do modelo burocrático. – clareza organizacional  essa clareza não é 
ruim; no entanto, hoje é preciso que essa formalidade não seja rígida, que tenha um certo grau de 
maleabilidade. Ex.: só a pessoa X pode emitir uma certidão; mas será que na falta dela não pode ter 
outra pessoa? 
XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente das atividades e dos resultados da 
organização, de maneira a fortalecer o acesso público à informação. 
 Materialização do principio constitucional da publicidade. 
 
 
MECANISMOS DE GOVERNANÇA PÚBLICA 
Art. 5º do Decreto Nº 9.203/2017 
I - liderança, que compreende conjunto de práticas de natureza humana ou comportamental exercida nos 
principais cargos das organizações, para assegurar a existência das condições mínimas para o exercício da 
boa governança, quais sejam: 
a) integridade; 
b) competência; 
c) responsabilidade; 
d) motivação; 
II - estratégia, que compreende a definição de diretrizes, objetivos, planos e ações, além de critérios de 
priorização e alinhamento entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e produtos de 
responsabilidade da organização alcancem o resultado pretendido; e 
 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO!!!  Requisito primordial para qualquer ação de gestão. 
 Não pode haver ação em nome da administração publica que não esteja dentro de um 
planejamento estratégico. 
 Esse PE é “registrado” como norma. Mas existem revisões desse PE diante da dinamicidade da 
sociedade? O ideal é que tenha, e estamos nos aproximando para isso, mas não existe essa ideia 
ainda. Normalmente, o PE é refeito/reavaliado com a mudança de gestão, mas será que isso é 
suficiente? Não estaria engessando o PE?! 
III - controle, que compreende processos estruturados para mitigar os possíveis riscos com vistas ao alcance 
dos objetivos institucionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, eficiente e eficaz das 
atividades da organização, com preservação da legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos 
públicos.  Síntese de tudo que já foi discutido. 
DESAFIOS PARA A GOVERNANÇA PÚBLICA 
Talvez o problema crucial na governança seja a disjunção entre interesses privados e públicos. Indivíduos 
do setor público têm suas próprias preocupações e interesses – econômicos ou não – e podem persegui-los 
por meio de sua posição no setor público. A manifestação óbvia desse interesse próprio é a corrupção. 
Integridade do sistema como um todo! 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
Quando os indivíduos utilizam uma posição neste setor para ganhos pessoais, eles solapam qualquer 
conceito significativo de interesse público e desviam fundos e esforços para longe de objetivos públicos. 
 Isso é basicamente CORRUPÇÃO  não no sentido criminal, mas no sentido amplo – de desvirtuar 
a atuação. O gestor tem que entender o seu papel e cumpri-lo dentro do sistema, diante do que é 
possível pelo direito administrativo. 
Outra barreira potencial para a governança é a ausência de um quadro de pessoal adequado. Os 
servidores públicos são talvez o maior recurso de um governo, mas eles precisam ser treinados para a 
tarefa, recompensados adequadamente e supervisionados de forma eficaz. Isso nem sempre ocorre e a boa 
governança requer a formação servidores educados, treinados e motivados para atuar no serviço público. 
Carreiras qualificadas são essenciais na prestação de serviços públicos, mas estes também podem ser 
aprimorados por pessoas nomeadas, sem vínculo efetivo com a administração, para atividades de curto 
prazo para as quais são selecionadas por suas habilidades – e não apenas por suas filiações políticas. 
 O que dizem sobre todos os servidores públicos ganharem bem não é verdade. Nem todos são bem 
remunerados, e os que são estão “longe” da gente. 
 Muitos dos chamados cargos comissionados são preenchidos pela filiação partidária, e não pela sua 
competência. 
Falhas na coordenação são uma fonte de disfunção no fornecimento de boa governança. O setor público é 
um conjunto complexo de organizações e programas, e tem interações igualmente complexas com o setor 
privado. A estrutura do governo geralmente mantém os programas isolados uns dos outros, de modo que 
tê-los trabalhando juntos em nome dos cidadãos pode ser um desafio. No entanto, para que o setor público 
trabalhe efetivamente, é preciso dar mais atenção à coerência da ação pública e à garantia de que os 
cidadãos recebam bons programas sem sobreposições e sem lacunas. 
 Necessidade de entender a administração publica como um todo e o principal fator disso é 
entregar um “bom produto” para a sociedade. 
 
A HISTORIA DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
A história do direito administrativo é permeada por uma polêmica. É visto, por muitos, como uma área 
nova. 
Esse ramo só é discutido quando em 17/02/1800 lançou-se uma lei na França de direito administrativo. 
Antes disso só tinha o chamado “direito publico”. Era preciso inserir os valores centrais desse novo ramo 
para que as diretrizes pudessem ser traçadas. Essa lei francesa é considerada um “marco”. 
Seria uma ruptura? O inicio de algo inédito?  Odete Medauar aborda que na França há quem defenda 
que surge algo absolutamente novo e outrosque dizem que houve uma adaptação do antigo regime para o 
novo. 
Tal lei sistematizou de forma clara a estrutura do direito administrativo.  Saímos de um modelo de 
administração publica pautado naquilo que o gestor quer (subjetivo) e esse novo modelo surge com 
influencia da RF. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
 Com o lema de “O Estado sou eu” do absolutismo francês refletia a ideia de que o Estado/rei não 
errava, e por isso não haveria dever de indenizar pelo Estado. 
 Monarquias Absolutistas – administração publica pautada na vontade do rei. 
Essa lei francesa traz a perspectiva da LEGALIDADE na administração pública. 
O professor Gustavo Binenbojm se pergunta o porquê de uma administração legalizada.  A transição do 
antigo regime para o novo leva a burguesia para o centro do poder // Escola de Exegese (juiz boca da lei) // 
quem é esse legislativo que faz as leis? A burguesia exerce esse papel. Isso significa a consolidação do poder 
burguês. E quem seria o juiz nesse contexto? A boca que pronuncia a boca da lei (o “faz o que eu quero”). 
// esse processo de “novo direito” está relacionado com a necessidade da burguesia de assumir as “regras 
do jogo”. // construção de um sistema de Estado burguês, no qual a legalidade se torna o epicentro para 
justificar essa nova construção.  O surgimento de um sistema de administração publica não se separa da 
vontade privada!!!!!! A burguesia faz do Estado o lócus de proteção dos seus interesses, mas com o 
discurso de que seria interesse coletivo. 
É com o pós II Guerra que a CF passa a ser o epicentro do sistema constitucional. A grande vitória do 
constitucionalismo se dá quando a CF assume a posição de norma fundamentadora. Gustavo Binenbojm 
fala que todo o conjunto de normas aplicáveis ao direito administrativo deve ser pautado nos cânones da 
Constituição, ou seja, a CF seria a fonte normativa desse novo ramo. // transição do chamado Estado 
Democrático de Direito para o Estado Constitucional.  Esse processo reflete a Constituição como 
garantidora da democracia. 
 Esse processo de constitucionalismo quebra a ideia de submissão (governante acima do governado) 
 há a substituição do governado para o CIDADÃO, com forte peso dos direitos fundamentais. // 
essa é uma das grandes vitorias que o constitucionalismo teve no direito administrativo. 
 Um dos processos sacramentados pelo constitucionalismo foi a diminuição do poder do Estado 
ligados aos direitos fundamentais. 
 
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 
O que fundamenta o direito administrativo como um campo especializado? A existência de um regime 
jurídico próprio. O regime comum é afastado para dar espaço a um regime especial. 
Dentro dessa perspectiva, esse regime jurídico passa a ser evidenciado a partir de uma noção 
principiológica  principio da supremacia do interesse publico (Interesse coletivo em detrimento dos 
interesses particulares) + indisponibilidade do interesse público. 
 Esse princípio estaria subentendido dentro de um principio maior?  REPÚBLICA. 
 Ou seria necessário estar expresso na CF para que seja válido? 
 Discussão: Essa supremacia seria absoluta? Estaria no sentido retórico? 
Historicamente, muitas barbaridades foram cometidas com a desculpa do “interesse público” pelo gestor 
 Dentro de um novo direito administrativo, que se diz constitucionalizado, faz com que se ponha um freio 
na administração pública “exagerada”. Ou seja, não se pode admitir a violação de direitos fundamentais em 
nome do interesse publico. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
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É possível utilizar a expressão interesse publico hoje? Ou ela teria, na sua essência, um problema?  O erro 
estaria no singular: interesse público; colocando no plural (interesses públicos) englobaria a pluralidade. O 
que pode ser interesse de um certo “grupo” pode não ser de outro. Falar em interesse público no singular é 
maldade, pois negaria outras perspectivas que devem ser observadas. // preâmbulo da CF/88. 
 Gustavo Binejbom diz que a solução para isso é a ponderação  quando se chega a esse ponto, a 
decisão seria discricionária. (Geovane discorda do que diz Binejbom). 
 
OBS.: Da mesma forma que a Administração Pública goza de poderes especiais, exorbitantes ao direito 
comum, deve sofrer restrições em sua atuação que não existem para os particulares. Essas limitações se 
baseiam no fato de que a administração não é titular do patrimônio público e do interesse público, mas sim 
o povo. 
OBS.: Interesse Público Primário ≠ Interesse Público Secundário  o interesse primário é composto pelas 
necessidades da sociedade, ou seja, dos cidadãos enquanto partícipes da coletividade, não se confundindo 
com a vontade da máquina estatal, a qual configura o interesse secundário. O primeiro seria o equivalente 
ao interesse do indivíduo desta sociedade, e o segundo são os anseios, necessidades do Estado como 
sujeito de direito. 
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Os princípios da administração pública estão constitucionalmente tutelados no art. 37 caput da CF que os 
entabulam como normas de natureza valorativa no âmbito do direito administrativo  os princípios são a 
forma de raciocinar o Direito Administrativo e compreender toda sua lógica. 
 O estudo desses princípios orientadores da atuação estatal é o que se denomina de REGIME 
JURÍDICO ADMINISTRATIVO. 
o Regime Jurídico Administrativo é o conjunto de princípios que definem a logica da atuação 
do ente público, a qual se baseia na existência de limitações e prerrogativas em face do 
interesse público. Esses princípios devem resguardar essa lógica, havendo, entre eles, um 
ponto de coincidência. 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: 
 
Legalidade 
Impessoalidade 
Moralidade 
Publicidade 
Eficiência 
 
PRINCÍPIOS EXPRESSOS NO 
ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL 
 
OBS.: o principio da eficiência foi 
implementado em 1988 por EC. 
 
 
 
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Princípios Expressos e Implícitos  Esses princípios são chamados de “princípios expressos da 
administração pública”, mas existem outros princípios que o direito administrativo considera como 
implícitos na CF.  o que isso gerou? Autores de direito administrativo falavam de números diferentes de 
princípios. 
No Brasil, temos uma lei de processo administrativo (n º 9784/1999)  aqui se tem a discussão da 
diferença entre processo e procedimento, e se formos ver essa lei como processo, só se aplicaria à União. 
Essa lei é de natureza híbrida!!! A mesma coisa ocorre com a lei de licitações. 
 Art. 2º da Lei 9784/99: A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da 
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, 
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.  Os manuais colocam esses 
princípios destacados como sendo implícitos na CF, mas eles estão em uma lei administrativa 
específica como princípios que também norteiam as diretrizes da administração pública. 
As decisões estatais devem sempre ser tomadas no âmbito processual; assim, o agir processual não é algo 
limitado ao poder judiciário. Ele também faz parte de atuação do estado para que ele tome decisões  a 
ação da administração pública sempre se pautará em processo administrativo. 
Onde estão os princípios da administração pública no Brasil?  Art. 37 caput da CF + Art. 2º da lei 9784/99. 
Qual princípio da administração pública, previsto expressamente na CF que não está previsto na lei 
9784/99?  O principio da Impessoalidade. 
 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: 
A administração publica somente pode fazer o que está previstoem lei. O administrador, para agir, tem 
que assim o fazer de acordo com o que está expressamente legalizado. 
“Da legalidade à juridicidade” – Paulo Otero  isso significa que a administração pública não age em 
legalidade estrita, mas em consonância com todo o sistema jurídico, inclusive à luz das decisões judiciais. 
 Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 
dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar 
súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos 
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, 
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida 
em lei.  O administrador público tem que seguir a sumula vinculante!!! E caso não o faça, outro 
seguirá em seu lugar e o que não cumpriu será responsabilizado por isso. 
OBS.: Discricionariedade (age dentro de limites) X Livre Arbítrio (só nós temos). 
O gestor público, ao agir, deve estar sempre amparado pelo sistema jurídico, buscando nele o fundamento 
(tanto aspectos procedimentais como materiais) para as suas decisões. 
O administrador público só pode atuar conforme determinada lei, amplamente considerada, abarcando 
todas as formas legislativas – desde o próprio texto constitucional até as leis ordinárias, complementares e 
 
 
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delegadas.  Ou seja, no Direito Administrativo, se aplica o Princípio da Subordinação à Lei. Não havendo 
previsão legal, está proibida a atuação do ente público e qualquer conduta praticada ao alvedrio do texto 
legal será considerada ilegítima. 
 OBS.: essa atuação pode ser expressa ou implicitamente prevista em lei, diante da possibilidade de 
edição de atos administrativos discricionários nos quais o administrador poderá, mediante 
interpretação baseada no princípio da razoabilidade, definir a possibilidade de atuação, inferido de 
uma disposição normativa. 
 OBS.: Não se pode confundir legalidade com reserva legal. 
 
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE: 
É destrinchado em subprincípios  Está ligado à imparcialidade e também à igualdade. 
Esse princípio se traduz na ideia de que a atuação do agente público deve se pautar pela busca dos 
interesses da coletividade, não visando a beneficiar ou prejudicar ninguém em especial – ou seja, a norma 
prega a não discriminação das condutas administrativas que não devem ter como lema a pessoa que será 
atingida pelo seu ato. 
Via de regra, o não cumprimento dos princípios da administração publica viola direito liquido e certo, 
cabendo, portanto, Mandado de Segurança. 
Ao Estado é irrelevante conhecer quem será atingido pelo ato, pois sua atuação é imparcial.  Base no 
princípio da isonomia. 
O gestor público impessoal é aquele que cumpre a lei (legalidade). Mas hoje não é só isso, é preciso que ele 
se coloque em uma perspectiva equidistante. 
É difícil ter uma ideia concreta de imparcialidade. Hoje em dia, uma forte marca da imparcialidade dentro 
da administração pública é a igualdade – formal e material. 
Não se deve confundir o interesse particular/particularizados com o interesse público (esse último deve 
prevalecer, e o gestor tem que ter consciência disso). 
OBS.: Quando o agente público atua, não é a pessoa do agente quem pratica o ato, e sim o Estado – teoria 
do órgão (ou teoria da imputação volitiva) – ou seja, a vontade do agente público se confunde com a da 
própria pessoa jurídica estatal, não se admitindo a responsabilização do administrador pelos danos 
causados nem o seu reconhecimento pelos benefícios gerados à coletividade. 
 Art. 37, § 1º CF - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos 
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo 
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou 
servidores públicos. 
Costuma-se apontar como violação ao principio da Impessoalidade a nomeação de parentes e cônjuge para 
assunção de cargos públicos com função de chefia, direção ou assessoramento, por se tratar de ato 
praticado com a clara intenção de beneficiar um particular, sem preocupação real com o interesse público. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
Marianna Campelo 
 
 Súmula Vinculante nº 13 do STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da 
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício 
de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública 
direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
o A súmula veda a realização de designações reciprocas, ou seja, não se admite que, de 
forma indireta, se garanta a nomeação do parente do agente publico, por meio de troca de 
favores ou favorecimentos pessoais para parentes de outros agentes. 
o Veda o nepotismo cruzado também. 
o Ocorre que, a jurisprudência do próprio STF já se manifestou a respeito da inaplicabilidade 
da vedação ao nepotismo quando se tratar de nomeação de agentes para o exercício de 
cargos políticos, como é o caso de secretário ou ministro de estado, situação na qual a 
nomeação do parente não encontra obstáculo, desde que o sujeito tenha condições 
técnicas de o múnus público a ele conferido por meio da nomeação. 
 
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: 
Publicidade exige que todos os atos da administração pública sejam sempre publicizados para a sociedade. 
Dentro de uma democracia, os atos da administração pública não podem ser escondidos – tem que haver o 
controle social. 
Um dos aspectos da governança é o controle judicial, como esse controle será feito se não houver o acesso 
à informação? Salvo quando houver a possibilidade de colocar em risco a própria administração pública, 
não poderá ser omitido nenhum ato administrativo. 
Necessidade de informar a sociedade sobre o funcionamento da administração pública – garantia do acesso 
à informação. Há exceção disso nos casos em que tenha um risco contra o interesse público. 
Para que o principio da publicidade seja relativizado, é preciso uma previsão legal. 
Trata-se de premissa que proíbe a edição de atos secretos pelo poder público, definindo a ideia de que a 
administração deve atuar de forma plena e transparente. A principal finalidade do principio da publicidade 
é o conhecimento público, pois se tudo é feito em nome do cidadão, nada mais justo ele saiba o que está 
acontecendo com os seus direitos  exercício da cidadania. 
 A publicidade tem grande abrangência não só pela divulgação oficial, mas também para conhecimento e 
fiscalização de seus agentes. // a essência desse principio é controle da administração pelos cidadãos. 
Lei de Acesso às Informações – nº 12.527/11  define o dever de publicidade a todos os órgãos da 
administração direta, além de suas autarquias, fundações públicas, etc. 
 Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante 
procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil 
compreensão. 
 
 
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Atualmente, a doutrina também analisa a publicidade como requisito de eficácia dos atos administrativos, 
definindo que mesmo depois de expedidos regularmente, esses atos não produzem efeitos em relação à 
sociedade antes de garantida a sua publicidade.  Ex.: um gestor que proíbe que carros estacionem em 
determinada rua; após a sua assinatura, o ato é perfeitamente válido, mas ineficaz até que se coloquealgum tipo de aviso (como uma placa) informando a proibição de estacionar ali. Ate que se faça isso, as 
pessoas podem estacionar ali. // OBS.: a eficácia dos atos depende da sua publicidade, mas não a sua 
validade. 
OBS.: não confundir publicidade com publicação!!! Publicação é só uma das hipóteses de publicidade. 
ATENÇÃO: o conhecimento do ato pela sociedade é imprescindível para a contagem de prazos, que só tem 
inicio a partir da sua publicização.  Ex.: prazo para recorrer de uma multa só conta do dia da notificação. 
O princípio da publicidade não é absoluto!!! A própria CF ressalva que devem ser resguardadas a Segurança 
Nacional e o Relevante Interesse Coletivo – o que poderá, de forma fundamentada, excepcionalizar o 
princípio da publicidade. 
 O texto constitucional determina em seu art. 5º, X que são invioláveis a vida privada, a imagem das 
pessoas, assim como a honra e intimidade. Nesses casos, a administração deve manter sigilo de 
suas condutas sempre que a publicidade dos seus atos for de encontro a alguma dessas garantias 
constitucionais  ponderação de interesses. 
Atenção: a informação em poder dos órgãos e entidades publicas, observado o seu teor e em razão de sua 
imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como: Ultrassecreta, 
Secreta ou Reservada. 
 Nesses casos, os prazos máximos de restrição de acesso à informação conforme a classificação, 
vigoram a partir da data de sua produção. 
o Ultrassecreta  25 anos; 
o Secreta  15 anos; 
o Reservada  5 anos. 
 
 
PRINCÍPIO DA MORALIDADE: 
Trata-se de princípio que exige a honestidade, lealdade, boa-fé de conduta no exercício da função 
administrativa – ou seja, a atuação não corrupta dos gestores públicos, ato tratar com a coisa de 
titularidade do Estado.  Observância a padrões éticos de conduta. 
A moralidade é um conceito jurídico indeterminado, e por isso a jurisprudência aplica a sua violação como 
vicio de legalidade da atuação administrativa. No entanto, a moralidade deve ser analisada como principio 
autônomo, sendo possível a retirada de um ato administrativo imoral ainda que não haja violação direta ao 
principio da legalidade. 
 Embora não se identifique com a legalidade, a imoralidade administrativa produz efeitos jurídicos, 
porque acarreta a invalidade do ato, que pode ser decretada pela própria Administração ou pelo 
Poder Judiciário. 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
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o A apreciação judicial da imoralidade ficou consagrada pelo dispositivo concernente à ação 
popular. 
Moralidade Jurídica ≠ Moralidade Social  moralidade social procura fazer uma diferenciação entre o 
bem e o mal, o certo e o errado no senso comum da sociedade. Já a moralidade jurídica está ligada sempre 
ao conceito de bom administrador, de atuação que vise alcançar o bem estar de toda a coletividade e dos 
cidadãos aos quais a conduta se dirige. 
Art. 2º. PU, IV da Lei nº 9784/99.  Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre 
outros, os critérios de: IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; 
A noção de moralidade passando por boa-fé  no Brasil, em função da nossa tradição de civil law, muitos 
assunto que são típicos da teoria do direito são vistos no direito civil, como o de boa-fé – ou seja, não é algo 
restrito ao direito privado, e sim de todo o direito. // administradores públicos sendo guiados pelo sentido 
da boa-fé.  Presunção de veracidade dos atos praticados pela administração pública (boa-fé se presume). 
“Todo funcionário publico tem fé pública”  noção de moralidade que associa a boa-fé aos atos praticados 
pela administração publica que pressupõem uma confiança. 
É dever de todo agente publico agir de acordo com a legalidade. 
É interessante notar que a historia da relação entre os particulares e os administradores públicos é de 
desconfiança mútua. // é preciso que a administração pública confie no cidadão, que está exercendo seu 
legitimo direito (e se for para negar esse direito, que seja com fundamento no ordenamento jurídico). 
No tocante à boa-fé subjetiva, os administradores entram no campo na probidade. O que seria agir com 
probidade? 
Probo = praticado com boa-fé subjetivo do agente. // o nosso sistema é invertido, ao invés de definir o que 
é probo, define o que é probidade.  e o que não é probo? Aquilo que está definido em lei de 
improbidade. 
A improbidade administrativa consiste na ação ou omissão, no exercício da função pública, caracterizada 
por danosidade ou reprovabilidade extraordinárias, que acarreta a imposição de sanções civis, 
administrativas, penais e politicas, de modo cumulativo ou não, tal como definido em lei. 
A improbidade administrativa é conduta reprovável praticada por agente estatal, o que indica um sujeito 
que forma ou manifesta a vontade estatal. 
OBS.: improbidade não se confunde com ilicitude em sentido amplo. 
 Art. 37, § 4º CF  Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos 
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na 
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
o Discussão: significa então dizer que mesmo que um agente público responda por 
improbidade administrativa ele também poderá ser processado na esfera penal? A CF/88 
diz que sim!!! 
 
 
Direito Administrativo I – 2019.2 
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o Geovane diz que essa redação do art. 37. § 4º, na época em que foi feita, não era com a 
intenção que está expressa. A intenção era colocar “crimes de improbidade”, e não “atos 
de improbidade” – por disputa política. 
o Todas as penas de improbidade administrativa podem ser alcançadas pela lei penal. 
o Qual a natureza jurídica da improbidade administrativa? Parte da doutrina acha que é civil, 
porque acumula com a penal. Outra parte, já diz que é penal. Qual dos dois está certo? 
Nenhum deles.  Marçal Justen Filho diz que a improbidade administrativa tem natureza 
própria, que se inclui dentro da perspectiva do direito administrativo sancionador. 
 Outra corrente já diz que isso é loucura, pois se é direito administrativo 
sancionador, quem sanciona é a administração publica – e não o poder judiciário. 
 Geovane diz que isso não está certo, porque o que define o ato de 
sancionar não é a competência de quem pode fazer isso, e sim a sua 
essência (que é administrativa). 
 Ação civil publica de improbidade administrativa = não está errado do ponto de vista pratico, mas o 
ideal seria chamar de “improbidade administrativa”. 
Por que é preciso a definição por legalidade dos atos que caracterizam a improbidade administrativa no 
Brasil? Em se tratando de exercício do jus puniendi, o Estado pode e tem poder coercitivo (de punir); para 
isso, ele precisa de legalidade, ou seja, precisa que os atos estejam descritos em lei (tipificados). // quando 
age para além do que está previsto, há abuso de poder. 
 Art. 20 LINDB - Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em 
valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.  A 
lei só ganha significado no próprio caso concreto (superação do positivismo). 
 
Lei de Improbidade Administrativa - Nº 8429/1992: 
Contra quem se considera praticado o ato de improbidade administrativa? Quem é a vitima? 
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra 
a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio 
público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com 
mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta 
lei. 
 Parágrafo único. Estão tambémsujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade 
praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, 
fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o 
erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou 
da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito 
sobre a contribuição dos cofres públicos. 
 
 
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Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas 
entidades mencionadas no artigo anterior. 
OBS.: prevalece lei especial de improbidade quando houver  para não haver bis in idem. 
E o cidadão que não tem vínculo pode responder também?  Art. 3° As disposições desta lei 
são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou 
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta 
ou indireta. // Ex.: um empresário paga a um funcionário publico para que na licitação a 
empresa dele seja favorecida. Responde tanto o funcionário quanto o empresário. 
 É preciso o nexo de conexão entre o particular e o agente público!!! Se não houver 
essa comprovação, o particular será absolvido. 
 Não configura a improbidade por atuação isolada do particular. 
 O dolo exigível é o genérico previsto no direito penal 
TIPOS QUE CARACTERIZAM A IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: 
 Art. 9º da LIA  Enriquecimento Ilícito do Agente Público. – “Constitui ato de 
improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de 
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, 
emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e 
notadamente...”. 
o 12 incisos que caracterizam esse tipo. 
o O Estado, muitas vezes, paga bem mais do que o setor privado. Mas para que 
serve a licitação então?  Indícios de Corrupção. 
 Art. 10 da LIA  Causar Prejuízo ao Erário – “Constitui ato de improbidade 
administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, 
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação 
dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente...”. 
o 21 condutas definidas pelos incisos. 
 Art. 10-A da LIA  Concessão Ou Aplicação Indevida De Beneficio Financeiro Ou 
Tributário – “Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação ou omissão 
para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que 
dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 
2003”. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016) 
o Há uma conexão entre esse artigo e o caput do art. 10. 
o Geovane acha esse artigo poderia estar como inciso no artigo anterior, porque 
também trata de prejuízo ao erário. 
 Art. 11 da LIA  Violação de Princípios. – “Constitui ato de improbidade 
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação 
ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade 
às instituições, e notadamente...”. 
 
 
 
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QUAIS SÃO AS SANÇÕES APLICÁVEIS PELA PRATICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA? 
 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação 
específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que 
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: 
 Elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente dentro de cada inciso, ou seja, 
dentro do tipo praticado pelo agente. 
 Como o juiz determina isso?  Parágrafo único. 
 
 I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, 
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos 
direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do 
acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou 
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa 
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; 
 
 II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores 
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, 
suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas 
vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou 
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa 
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos; 
 
 III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função 
pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até 
cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder 
Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda 
que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos. 
 
 IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função pública, suspensão dos direitos 
políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício 
financeiro ou tributário concedido. Toxica oi amada 
 
 Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a extensão 
do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente. 
 Isso acaba gerando uma subjetivação excessiva na avaliação do caso concreto para o 
juiz. 
 
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA: 
Eficiência é produzir bem, com qualidade e com menos gastos.  Busca de melhores resultados práticos e 
menos desperdício nas atividades estatais, uma vez que toda a coletividade se beneficia disso. 
 
 
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Marianna Campelo 
 
A prestação dos serviços públicos, seja feita mediante execução direta do Estado ou por delegação a 
particulares, por contratos de concessão ou permissão de serviços, deve respeitar a busca pela eficiência, 
como forma de satisfazer as necessidades da sociedade que usufrui dessas atividades. 
Uma prestação de serviços eficiente deve garantir uma célere solução de controvérsias, razão pela qual a 
eficiência está diretamente ligada ao principio da celeridade nos processos administrativos, inserido na CF 
no art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
 É possível considerar que a rápida solução das controvérsias enseja uma eficiência na execução 
das atividades estatais, contribuindo para a satisfação dos interesses da sociedade. 
Esse princípio existe dentro da lógica capitalista. // O Brasil e a sua CF seguem uma lógica socialdemocrata. 
 A CF é eclética, mas a sua base é socialdemocrata. 
Foi implementado na CF a partir da EC nº 19/1998  A noção de eficiência que pensou o legislador 
constituinte com essa emenda não é necessariamente a mesma noção de eficiência que temos hoje. Era 
um conceito de eficiência que introduzisse na administração pública conceitos da administração privada 
(Ex.: Não é eficiente a empresa publica que não dá lucro). 
A noção de eficiência vem com o processo de desburocratização da administração pública. 
Diogo Figueiredo de Moreira Neto diz queao interpretar a eficiência, temos que olhar além de uma logica 
globalizada neoliberal  devemos interpretar a Constituição como um todo. 
A noção de eficiência está voltada ao investimento social, sem ter o foco em “poupar”. O controle 
financeiro é necessário, não significa que o gestor vai gastar desenfreadamente, mas o foco tem que ser o 
social!! O gestor tem que saber usar os recursos de maneira adequada.  Noção de primeiro plano e 
segundo plano. 
 Nesse sentido, pode ser aceitável falar em de uma empresa pública deficitária, desde que a lógica 
social esteja sendo atendida. 
A depender da ideologia econômica adotada por quem está fazendo a interpretação, o lucro pode vir 
primeiro que o social – ou vice-versa. Mas no contexto brasileiro, e da CF/88, o social vem primeiro por 
conta da sua base socialdemocrata. 
 
OBS.: Acaba aqui os princípios EXPRESSOS. Os princípios seguintes estão implícitos na Constituição 
Federal e nas respectivas legislações. 
 
PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA: 
Não está na constituição, mas, se coloca em seu preâmbulo, mas essa segurança pode ser social, 
econômica, publica e jurídica. A ideia da segurança jurídica se origina no inicio do pensamento ocidental na 
 
 
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Marianna Campelo 
 
Grécia, de qual seria o papel assumido pelo Direito. Refere-se muito à capacidade que o direito possui de 
estabilizar as condições sociais. 
O papel do Direito é trabalhar com o controle (e não fim) de riscos  Estabilizar as expectativas sociais com 
o objetivo de controlar e pôr fim aos conflitos. 
Segurança jurídica não deve ser vista como um princípio do direito administrativo apenas, mas sim como 
princípio do DIREITO como um todo. 
É a base do Estado de Direito que garante aos cidadãos não serem surpreendidos por alterações repentinas 
na ordem jurídica posta. Assim sendo, as modificações supervenientes de normas jurídicas não devem 
retroagir para atingir situações pretéritas, sob pena de se tornar instável o sistema de regras imposto pelo 
Poder Público, causando transtorno social. 
Art. 30 da LINDB - As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação 
das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. 
Não quer dizer que o poder publico não possa realizar novas interpretações em relação às normas jurídicas 
e às disposições legais atinentes a suas condutas. O que se proíbe é que esta nova interpretação retroaja de 
forma a prejudicar situações previamente consolidadas no ordenamento jurídico. 
 A doutrina define como ESTABILIZAÇÃO DE EFEITOS dos atos administrativos. 
 
PRINCÍPIO DA FINALIDADE: 
O ser humano, quando produz algo, o faz para atender a um determinado objetivo. Ou seja, as ações do ser 
humano são racionalmente projetadas para atingir fins. 
O Estado é uma criação do ser humano, assim como a administração pública e o Direito; 
A ideia aqui é entender quais os fins que pretendeu o ser humano atingir quando criou, dentro de uma 
lógica racional, a administração pública. Juridicamente, o direito administrativo tem como papel, por uma 
questão de segurança jurídica, definir quais são esses fins. 
Aqui, o Estado age para atingir fins. Esses fins devem estar previstos dentro da legalidade (dentro do 
sistema jurídico).  a finalidade estaria intimamente ligada ao principio da legalidade, haja vista exigir que 
o poder público atuem em respeito às disposições legais e visando alcançar os objetivos de interesse 
público que estão definidos na legislação. 
A norma administrativa deve ser interpretada e aplicada pelo agente do Estado da forma que melhor 
garanta a realização do fim público a que se dirige. 
ATENÇÃO: mesmo que a conduta pareça estar permitida na legislação aplicável, ela será ilegítima se o 
administrador público estiver exercendo suas atividades visando a outro fim que não aquele que estava 
previsto no texto legal, sempre orientado na busca pelo interesse da coletividade. 
 
 
 
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PRINCIPIO DA PROPORCIONALIDADE E DA RAZOABILIDADE: 
 
Discussão teórica sobre eles. Uma das perspectivas adotada pela doutrina é que não há distinção entre 
eles, e os que adotam essa posição dizem que a diferença é que o da proporcionalidade teria sido 
desenvolvido na Alemanha e o da razoabilidade nos EUA. 
 
Foram positivados na Lei 8794/99 estão previstos no art. 2º dessa lei  se fossem realmente a mesma 
coisa, porque foi colocado expressamente os dois? Não são princípios previstos na CF, por isso a lei é 
importante para elucidar esses princípios. 
O paragrafo único, em seus incisos, tenta estabelecer parâmetros para entender os princípios. Nesse 
contexto, ao disciplinar o sentido de proporcionalidade e razoabilidade, o legislador coloca tudo junto, ou 
seja, junta as ideias. Por isso que passa a caber à doutrina o desenvolvimento desses conceitos. 
A decisão proporcional é aquela que utiliza os meios adequados para atingir os fins. // Os fins se relacionam 
com o principio da finalidade. Ou seja, na adequação entre meios e fins, eles não são pressupostos 
(subjetivos), eles são POSTOS pelo sistema jurídico. O caso concreto que vai permitir fazer o juízo de valor 
necessário para saber se aquele meio é aduado para atingir tal finalidade. 
Mas como saber se o meio é adequado? Usando a razoabilidade. 
Não se pode ter nada na decisão que desequilibre o sistema, além daquilo que foi suficiente.  A medida 
desse “suficiente” é o fato. 
Não se trata de ponderação subjetiva. A própria legislação prevê os meios. O que se dá “abertura” para 
discricionariedade é como cada interprete olha os FATOS. 
Sobre o princípio da razoabilidade: esse principio visa impedir uma atuação desarrazoada ou 
despropositada do administrador, definindo que o agente não se pode valer de seu cargo ou função, com a 
falsa intenção de cumprir a lei, para agir de forma ilegal e arbitrária fora dos padrões éticos e adequados ao 
senso comum. Esse princípio representa certo limite para a discricionariedade do administrador. 
 Todas as vezes que o mérito administrativo extrapola os limites da lei, seja por atuação que 
afronta expresso dispositivo legal, seja pela violação ao princípio da razoabilidade, compete ao 
judiciário, desde que provocado, sanar o vício da conduta estatal, determinando a anulação do 
ato ilícito. 
Sobre o principio da proporcionalidade: Espera-se sempre uma atuação proporcional do agente público, um 
equilíbrio entre os motivos que deram ensejo à prática do ato e a consequência jurídica da conduta. // 
Impedir que as condutas inadequadas desses agentes ultrapassem os limites no que tange à adequação // 
equilíbrio entre o ato praticado e os fins a serem alcançados pela administração pública é a essência desse 
princípio. 
 A aplicação do principio da proporcionalidade torna ilegal qualquer conduta do agente que seja 
mais intensa ou mais extensa do que o necessário para atingir o objetivo da norma que ensejou 
sua prática. 
 Decisões manifestamente inadequadas, que extrapolem os limites da legalidade por 
desrespeitarem o equilíbrio no exercício da discricionariedade, podem ser consequentemente 
 
 
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Marianna Campelo 
 
anuladas pelo poder judiciário. Aqui pode, inclusive, o administrador público ser responsabilizado 
por abuso de poder, nos termos da lei. 
 
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO: 
 
Todo ato da administração pública deve ser motivado. Esta motivação está relacionada à apresentação do 
motivo que levou à prática do ato. E como saber qual o motivo? 
Art. 2º, PU da lei 8794/99. - Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio 
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos 
interessados. 
Art. 50, caput da lei 8794/99 - Os atos administrativos deverão sermotivados, com indicação dos fatos e 
dos fundamentos jurídicos, quando: 
Não só apresenta principiologicamente a noção de motivo, mas na própria lei há uma regra para isso (Art. 
50). 
O motivo é a relação de causalidade existente entre o direto apontado na decisão e o fato. 
Para que uma decisão da administração publica seja considerada motivada é preciso que essa decisão 
aponte qual é o fundamento jurídico e o seu nexo de causalidade com o fato. 
Decisão da administração sem esses fundamentos está em inconformidade com o ordenamento  é NULA. 
Motivo é conteúdo!!!  Não é escrever qualquer justificativa, é preciso analisar o conteúdo da decisão e 
analisar o suporte fático abordado.  Nexo de causalidade entre suporte fático e suporte jurídico. 
A motivação é indispensável ao controle dos atos administrativos, uma vez que demonstra à sociedade as 
razões pelas quais o poder público atuou de determinada forma, tornando possível a análise dos cidadãos 
acerca da legitimidade e adequação de seus motivos. 
ATENÇÃO: não se confundem motivação e motivos dos atos administrativos, uma vez que estes são 
elementos formadores da atuação e que a motivação é somente a fundamentação deste ato. 
 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: 
 
Para que o devido processo legal se efetue, esses dois princípios são fundamentais. 
Não são a mesma coisa!!! Se fossem a mesma coisa, a CF não teria colocado os dois. 
A essência do contraditório é a não admissão de “surpresas” no processo, gerando o direito que cada um 
tem de contra ditar  esse direito de reação só pode ser alcançado quando se tem o conhecimento de 
tudo. O contraditório não precisa se realizar, ou seja, a parte não é obrigada a se manifestar, mas tem esse 
direito. Pode não exercer, mas tem que saber. // exercer a contradição é uma opção (Ex.: às vezes o 
advogado pode achar que o silencio em determinado momento é favorável). 
 
 
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Marianna Campelo 
 
Quando se fala de ampla defesa, de acordo com as regras procedimentais do processo, é preciso que as 
partes tenham acesso a todos os mecanismos procedimentais para que possam da forma mais ampla 
defender os seus interesses. // não cabe só ao réu!!!! É a ampla defesa do DIREITO  não é só réu que tem 
direito. (Ex.: uma parte só tem como meio de prova a pericia, aí o juiz nega – feriu a ampla defesa). 
Direito Fundamental importante inserido aqui: IGUALDADE. // o contraditório e a ampla defesa 
materializam a igualdade formal no processo. 
 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Poder do Estado dividido em três poderes que exercem, em nome do poder estatal, funções. Em verdade, o 
que estudaremos não é um poder administrativo propriamente dito, mas sim aquilo que está relacionado 
ao exercício do poder na consecução da função administrativa do Estado. 
No exercício das funções administrativas, tem-se peculiaridades para que sejam realizadas. 
Quando se discutia o poder na administração, criava-se uma perspectiva de hierarquização – o súdito 
diante do Estado. (hoje em dia isso não é mais aceitável). // Celso Antônio Bandeira de Melo foi um dos 
primeiros a desconstruir essa ideia  ele diz que antes dos poderes, existem os deveres da administração 
pública. 
 Dentro da estrutura organizacional tem sim essa estrutura, mas é INTERNAMENTE. 
 Lei nº 8.112/90  Art. 116. São deveres do servidor: IV - cumprir as ordens superiores, exceto 
quando manifestamente ilegais; 
Falar em poderes administrativos como se fosse um poder dado àqueles que exercem a função 
administrativa é um erro, porque existe uma CF que impõe limites. Antes de tudo eles servem o público, e 
não mandam no público. 
O Estado sempre deve estar a serviço da coletividade e age por meio de seus agentes, o elemento físico 
através do qual o Estado se movimenta para exercer suas funções. 
Os poderes administrativos são chamados de Poderes-Deveres (ou deveres-poderes, na visão de Celso 
Antonio) e esses poderes são instrumentais, ou seja, não são poderes em si mesmos, mas sim mecanismos 
ou instrumentos de trabalho por meio dos quais os órgãos e entidades administrativas executam suas 
tarefas e cumprem suas funções.  Daí a característica da INSTRUMENTALIDADE. 
Esses poderes são irrenunciáveis, logo, o administrador não pode dispor deles livremente e somente 
existem e são legitimamente exercidos enquanto instrumentos necessários à busca do interesse público 
por parte do Estado. 
ATENÇÃO: Poderes da Administração ≠ Poderes do Estado  poderes do Estado = ideia de tripartição de 
poderes. Já os poderes da administração são os instrumentos e mecanismos para satisfação do bem 
comum, como já mencionado. // os Poderes do Estado não são instrumentais, são poderes estruturais que 
realizam a atividade pública. 
 
 
 
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Marianna Campelo 
 
PODER DISCIPLINAR DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Antes dos poderes, há os DEVERES do servidor público. // quando não o cumprem ou fazem algo que está 
proibido pelo estatuto jurídico, ele passa a se submeter a um regime disciplinar.  O poder disciplinar é 
aquele atribuído à administração pública que tem como objetivo garantir que o agente público que não 
cumprir os seus deveres ou praticar atos proibidos responderá juridicamente conforme o regime disciplinar 
estatutário. 
 O PAD representa o procedimento jurídico administrativo utilizado para garantir a aplicação do 
regime disciplinar. 
 OBS.: os servidores públicos não são regidos pela CLT, eles possuem lei própria. 
O poder disciplinar trata da atribuição pública de aplicação de sanções àqueles que estejam sujeitos à 
disciplina do ente estatal. 
A função desse poder é sempre aprimorar a prestação do serviço público punindo a malversação do 
dinheiro público ou atuação em desconformidade com a lei. 
Trata-se de um sistema punitivo interno, e por isso não se confunde com o sistema punitivo exercido pela 
justiça penal muito menos com o exercício do poder de polícia. 
Para o entendimento majoritário da doutrina, os atos decorrentes do poder disciplinar são praticados, em 
regra, no exercício de competência discricionária. A discricionariedade, no entanto, não é ampla no que 
tange à opção de sancionar ou não o agente infrator. Em verdade, a administração pública, uma vez tendo 
conhecimento de um fato, não tem escolha se vai punir ou não o agente infrator (obrigação de instaurar, 
imediatamente, o PAD). A sanção correspondente é expressa em lei, não sendo de escolha do 
administrador. A discricionariedade, nesses casos, fica limitada à extensão da sanção (como, por exemplo, 
por quanto tempo se estenderá uma penalidade de suspensão). // observância estrita ao principio da 
proporcionalidade. 
 A doutrina mais moderna vem incluindo também os contratos administrativos como hipóteses de 
vinculo ensejador de aplicação de sanções disciplinares. 
 O poder disciplinar pode, ainda, incidir sobre servidor aposentado. 
 Não se pode deixar de garantir o direito ao contraditório e a ampla defesa do PAD. A punição 
administrativa pelo ilícito praticado pelo agente publico não impede que haja responsabilização, pelo 
mesmo fato, na espera penal e na esfera cível, caso a conduta do agente também se configure infração 
nessas duas instâncias. A regra a ser observada é a incomunicabilidade das instâncias, uma vez que a 
decisão do PAD não deverá influenciar o julgamento civil e criminal. 
 Excepcionalmente, o ordenamento jurídico, seguido pela jurisprudência dos tribunais 
superiores, define que a absolvição criminal que decorra da inexistência do fato ou negativa de 
autoria, enseja absolvição na esfera administrativa automaticamente, configurando-se exceção 
à independência das instâncias. 
 O poder disciplinar também está sujeito ao controle feito pela própria administração pública e pelo 
poder judiciário, sempre que a conduta ao administrador fugir à legalidade ou

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