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03-ts11ufmg-carvalho-desenvolvimento e caract d nanocomposito hibrido graf

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM 
ENGENHARIA MECÂNICA 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS 
HÍBRIDOS MODIFICADOS COM ESTRUTURAS DE GRAFENO 
 
 
 
Belo Horizonte 
2011
 
 
Maria Gabriela R. Carvalho 
 
 
DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS 
HÍBRIDOS MODIFICADOS COM ESTRUTURAS DE GRAFENO 
 
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais 
como requisito à obtenção do título de Doutor em 
Engenharia Mecânica. 
Área de Concentração: Projeto Mecânico 
Orientador: Prof.Antônio Ferreira Ávila, PhD 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
Escola de Engenharia da UFMG 
2011 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha avó, Dona Ruth. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Sempre, a Deus, por não ter deixado que eu duvidasse de sua existência e de seu amor. 
À minha mãe, Dorinha, pelo carinho, por ter segurado a minha mão e por ter lixado muitos corpos de 
prova. 
A meu pai, Raimundo, pelo incentivo e pelos biscoitos de queijo. 
A meu irmão, Julio Cesar, por ser meu exemplo. 
À “Vó Ruth”, pelas orações diárias. 
Ao Professor Antônio Ávila pela oportunidade e pelo imenso auxílio. 
À Kátia, pela generosidade. 
À Professora Adriana Valladão, do Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, por ter-me dado 
todas as oportunidades e por estar sempre presente. 
Ao Professor José Maria Ferreira (in memorian), que me ensinou o caminho. 
Aos companheiros do Laboratório de Mecânica de Compósitos e Materiais Nanoestruturados: José de 
Ávila, Almir Silva, Caio César Freitas, Daniel Jardim, Elen dos Santos, Luisa Zica , Diego Thadeu e 
Paula Leite , por terem ajudado na realização deste trabalho. 
Às amigas e futuras doutoras Agnes Meireles e Renata Furlan por todo o companheirismo. 
Ao Centro de Microscopia da UFMG, principalmente a Breno Barbosa, Douglas Miquita, Luciana 
Moreira Seara e Erico Freitas por terem auxiliado com a caracterização morfológica dos materiais e por 
terem dado contribuições valiosas à pesquisa. 
 
 
À Professora Maria Sylvia Dantas, do Laboratório de Espectroscopia de Raman, INCT-Aqua, por 
também ter-me ajudado com a espectroscopia de Raman e por ter-me dado um grande exemplo de 
humildade e serenidade. 
À Sara Daniela Costa, do Laboratório de Espectroscopia de Raman, INCIT, do Departamento de Física 
da UFMG, por também ter-me ajudado com a espectroscopia de Raman, análise dos resultados e por 
ter-me apresentado à Professora Maria Sylvia. 
Ao Professor Paulo Brandão e à Isabel de Souza Batista Carvalho, do Departamento de Engenharia de 
Minas, da UFMG, por terem realizado os ensaios de Difração de Raios X. 
Ao Zilmar Lula, do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), por ter contribuído com 
as análises de Difração de Raios X. 
Ao Sr. Leocádio de Lima e à Sra. Dulcinéia Nunes Costa, da Diretoria de Atenção Básica, da Secretaria 
Municipal de Saúde do Município de Betim, pela compreensão. Sem vocês, eu não teria conseguido. 
À Joelma Damasceno, gerente da Unidade Básica de Saúde do PTB, do Município de Betim/MG, pelo 
incentivo e generosidade. 
Ao Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG, por estar me esperando. 
À Mariana Volpinni e Ângela Jammal, da Associação Mineira de Reabilitação, pela oportunidade de 
estar com as crianças. 
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais. 
 
 
 
Ao CNPQ e à CAPES, pela concessão de auxílio para o desenvolvimento do projeto. 
Mais uma vez, ao Mundo de Beakman. Foi onde tudo começou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Oro para que Tu, Senhor, me restaure a alma e conduza-me pelo caminho que tens para minha vida. 
 
 
RESUMO 
Este estudo teve como objetivos principais o desenvolvimento e a caracterização de nanocompósitos 
híbridos contendo estruturas de grafeno para aplicações biomédicas. Como reforço macroscópico 
foram utilizados tecidos de fibra de vidro e de carbono, com tessitura plana e gramatura igual a 
220g/m2. Para a produção das estruturas de grafeno foi utilizado o grafite HC 11-IQ, modificado com 
ácidos clorídrico e nítrico. O grafite foi disperso em diferentes meios (clorofórmio ou DMF) por meio de 
ultrassom de alta potência por 60 minutos. O sistema epoxídico DGEBA foi modificado pela dispersão 
de nanopartículas utilizando-se para isso um processo envolvendo mistura por ultrassom e mistura por 
alto cisalhamento. Em todos os casos, as concentrações de nanopartículas em relação à matriz 
polimérica foram de 0,5% e 1,0%, em peso. A morfologia das estruturas de grafeno foi avaliada por 
meio de Difração de Raios X (DRX), Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET), Microscopia 
Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia de Raman. O desempenho mecânico dos 
nanocompósitos poliméricos foi avaliado por meio de nanoindentação. Já o desempenho mecânico dos 
nanocompósitos híbridos foi avaliado por meio de ensaios de Flexão de Três Pontos (ASTM D790). A 
análise morfológica das nanopartículas por DRX mostrou que o espaçamento basal entre as camadas 
do grafite não se alterou com o processo de dispersão por ultrassom. A análise do tamanho dos 
cristais, a MEV e a MET, por outro lado, indicaram que o grafite foi quebrado em estruturas de grafeno 
contendo poucas lâminas. A espectroscopia de Raman apontou estruturas contendo entre duas e dez 
lâminas de grafeno. Por meio da DRX foi possível verificar que a dispersão das diferentes 
nanopartículas por ultrassom e alto-cisalhamento na matriz polimérica não foi efetivo para o aumento 
do espaçamento basal ente as lâminas das estruturas de grafeno formadas. A nanoindentação apontou 
que a adição de concentrações de nanopartículas iguais a 0,5% e 1%, de um modo geral, não 
alteraram as propriedades locais do polímero. Por meio dos ensaios de flexão, entretanto, observou-se 
que os compósitos contendo nanopartículas que passaram por um processo prévio de dispersão 
 
 
apresentaram melhor desempenho mecânico quando comparados ao compósito convencional e aos 
compósitos produzidos com HC11-IQ. Para o módulo de elasticidade, o compósito contendo 0,5% de 
nanopartículas modificadas com clorofórmio apresentou uma superioridade de 19% em relação ao 
compósito convencional e 10,48% em relação àquele produzido com HC11-IQ. Em relação à tensão 
máxima, a superioridade foi de 16,5% em relação ao compósito convencional e 16,15% em relação ao 
compósito contendo HC11-IQ. Os resultados demonstram, portanto, que a dispersão prévia das 
nanopartículas em solventes orgânicos por meio do método proposto pode influenciar positivamente as 
propriedades mecânicas dos nanocompósitos híbridos. Além disso, verificou-se que as propriedades 
mecânicas dos compósitos desenvolvidos são superiores àquelas dos materiais comumente utilizados 
na fabricação de dispositivos ortopédicos. 
 
 
 
ABSTRACT 
This study has as its principal objectives, the development and characterization of hybrid 
nanocomposites which contain graphene structures. Flat fiberglass and carbon sheets with a weight 
equal to 220g/m2 were used as macroscopic reinforcement. The graphite was dispersed in different 
ways (chloroform or DMF) using high power ultrasound for 60 minutes. The DGEBA epoxy system was 
modified by the dispersion of nanoparticles by using a process involving ultrasound and high shear 
mixers. In all cases, the concentrations of nanoparticles compared to the polymer matrix were 0.5% and 
1.0% by weight. The morphology of graphene structures was evaluated by X-Ray Diffraction (XRD), 
transmission electron microscopy (TEM), scanning electron microscopy (SEM) and Raman 
spectroscopy. The mechanical performance of polymer nanocomposites was evaluated using 
nanoindentation. Whereas the mechanical performance of hybrid nanocomposites was evaluated by 
Three-Point Bending (ASTM D790).Morphological analysis of nanoparticles by XRD showed that the 
basal spacing between the layers of graphite was not altered by the ultrasound scattering process. The 
analysis of crystal size, the SEM and TEM, on the other hand, indicated that the graphite was broken 
into structures containing a few sheets of graphene. Raman spectroscopy indicated structures 
containing between two and ten sheets of graphene. Through the XRD, it was possible to verify that the 
dispersion of different nanoparticles by ultrasound and high-shear in the polymer matrix was not 
effective in increasing the basal spacing between the blades of graphene structures that had formed. 
The nanoindentation showed that the addition of nanoparticle concentrations equal to 0.5% and 1%, in 
general, did not alter the local properties of the polymer. By mean of the bending tests, however, it was 
observed that the composites containing nanoparticles that had undergone a prior process of dispersion 
showed better mechanical performance compared to conventional composites and composites 
produced with HC11-IQ. For the modulus of elasticity, the composite containing 0.5% of modified 
nanoparticles with chloroform showed a superiority of 19% compared to the conventional composite and 
 
 
10.48%. Regarding the maximum strength, the superiority was 16.5% compared to the conventional 
composite and 16.15% compared to the composite containing HC11-IQ. Moreover, properties of the 
hybrid nanocomposite developed showed superior mechanical proprieties than Ezeform®, commonly 
used in the manufacture of orthopedic devices. 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
FIGURA 01 – Classificação dos materiais compósitos 31 
FIGURA 02– Tipos de tessitura 34 
FIGURA 03 – Grupo epóxi 37 
FIGURA 04 – Grupo epóxi 37 
FIGURA 05 – Relações entre dimensões e superfície específica 40 
FIGURA 06– Representação esquemática de reforços nanométricos 41 
FIGURA 07– Estrutura dos silicatos lamelares 42 
FIGURA 08 – Diferentes tipos de nanotubos de carbono 44 
FIGURA 09– Representação esquemática dos tipos de nanoestruturas 47 
FIGURA 10– Compósito particulado 48 
FIGURA 11– Estrutura Intercalada 48 
FIGURA 12– Estrutura Esfoliada 49 
FIGURA 13– Distribuições eletrônicas para as diferentes hibridizações 54 
 
 
FIGURA 14– Imagem de microscopia de transmissão do grafeno mostrando os átomos de carbono 
conectados em uma estrutura honeycomb 55 
FIGURA 15– Formas alotrópicas do carbono que podem ser obtidas a partir do grafeno 56 
FIGURA 16 – Arranjo hexagonal do átomos de carbono, com dois átomos por célula unitária e os 
vetores ��	�	�� 56 
FIGURA 17 – Representação esquemática da rede cristalina de uma estrutura de grafeno 57 
FIGURA 18 – Imagens de Microscopia Eletrônica de Transmissão das estruturas de grafeno obtidas 
por CVD 61 
FIGURA 19– Imagem de Microscopia de Força Atômica de uma monolâmina de grafeno 62 
FIGURA 20 – Imagens de Microscopia de Varredura mostrando a estrutura wormlike do grafite 
expandido 64 
FIGURA 21 – Desruptor de células 78 
FIGURA 22 – Material resultante da mistura por ultrassom, depositado em filtro de papel absorvente 79 
FIGURA 23– Nanopartículas prensadas em um graal de cerâmica após fase de secagem na estufa 79 
FIGURA 24 – Fluxograma apresentando as etapas de esfoliação e dispersão realizadas no estudo 80 
FIGURA 25 – Tecidos multidirecionais de fibra de carbono e fibra de vidro utilizados para a produção 
dos compósitos híbridos 82 
 
FIGURA 26 – - Microscopia eletrônica de varredura de um dos compósitos híbridos desenvolvidos 82 
 
 
FIGURA 27– Espectro de Raman para o grafite e para uma monolâmina de grafeno 86 
FIGURA 28 – Espectro de Raman para monolâminas de grafeno e estruturas de grafeno contendo 2, 3 
e 4 lâminas 87 
FIGURA 29 – Padrões de difração de elétrons correspondentes a: a) monolâmina de grafeno; b) 
estruturas de grafeno 89 
FIGURA 30 – Curva típica força x deslocamento obtida a partir de um ensaio de indentação 91 
FIGURA 31 – Dimensões do corpo de prova de flexão 94 
FIGURA 32 – Corpos de prova para ensaio de flexão 95 
FIGURA 33– Ensaio de Flexão de Três Pontos 95 
FIGURA 34 – Difratograma referentes ao HC 11-IQ natural e àquele submetido à esfoliação mecânica 
com diferentes solventes 97 
FIGURA 35 – Micrografia, feita por MEV, de um floco de grafite HC 11-IQ 99 
FIGURA 36 – Micrografias, feita por MET, de um floco de grafite HC 11-IQ 100 
FIGURA 37 – Micrografias, feita por MEV, do grafite modificado com DMF 102 
FIGURA 38 – Micrografias, feita por MEV, do grafite modificado com clorofórmio 103 
FIGURA 39– Rearranjo de lâminas de grafeno 104 
 
 
FIGURA 40 – Estruturas de grafeno obtidas por moagem 105 
FIGURA 41 – Micrografias, feita por MET, do grafite modificado com DMF 106 
FIGURA 42 – Micrografias, feita por MET, do grafite modificado com clorofórmio 107 
FIGURA 43 – Espectro de Raman para diferentes nanopartículas que foram dispersas em 
clorofórmio 108 
FIGURA 44 –Espectro de Raman para nanopartícula modificada com clorofórmio, contendo três 
lâminas de grafeno 110 
FIGURA 45- Espectro de Raman para diferentes nanopartículas que foram dispersas em DMF. Em 
rosa, encontra-se a curva correspondente ao grafite 111 
FIGURA 46 – Espectro de Raman, em melhor resolução, para nanopartículas modificadas com DMF. 
Espectro correspondente a estruturas contendo entre duas e cinco lâminas de grafeno 112 
FIGURA 47– Curvas de Força X Deslocamento obtidas para o nanocompósito polimérico 0,5CL. 118 
FIGURA 48 – Valores médios para o módulo de elasticidade (em MPa) verificados em cada condição 
experimental testada 119 
FIGURA 49 – Valores médios para a Tensão Máxima à Flexão (em MPa) verificados em cada condição 
experimental testada 124 
FIGURA 50 – Área de fratura do compósito convencional, em diferentes aumentos 125 
FIGURA 51 – Área de fratura dos nanocompósitos híbridos modificados com HC11IQ 126 
 
 
FIGURA 52 – Área de fratura dos nanocompósitos híbridos contendo nanopartículas modificadas com 
clorofórmio 127 
FIGURA 53 – Área de fratura dos nanocompósitos híbridos contendo nanopartículas modificadas com 
DMF 129 
FIGURA 54 – Distribuição das condições experimentais considerando-se a tensão máxima à flexão e o 
módulo de elasticidade à flexão 131 
QUADRO 1 – Características dos Grupos Experimentais de Nanocompósitos Poliméricos 81 
QUADRO 2 – Características dos Grupos Experimentais de Nanocompósitos Híbridos 84 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 01 - Valores de espaçamento basal obtidos para as diferentes nanopartículas 98 
 
TABELA 02 - Valores de tamanho de cristal obtidos para as diferentes condições experimentais 99 
 
TABELA 03 - Valores de espaçamento basal obtidos para os nanocompósitos poliméricos contendo 
diferentes nanopartículas em diferentes concentrações 113 
 
TABELA 04 - Índices de média e desvio padrão para o módulo de elasticidade à indentação verificada 
em cada condição experimental testada 115 
 
TABELA 05 - Teste de Bonferroni para comparação dos módulos de elasticidade e dureza entre o epóxi 
e os nanocompósitos poliméricos 116 
TABELA 06 - Teste de Bonferroni para comparação dos módulos de elasticidade e dureza entre os 
nanocompósitos do grupo NG e os dos grupos CL e DMF 117 
TABELA 07 - Teste de Bonferroni para comparação dos módulos de elasticidade e dureza entre as 
concentrações de nanopartículas 117 
TABELA 08 - Índices de média e desvio padrão para o módulo de elasticidade à flexão verificada em 
cada condição experimental testada 119 
 
TABELA 09 - Teste de Bonferroni para comparação entre os módulos de elasticidade à flexão do 
compósito convencional e dos compósitos híbridos 120 
 
TABELA 10 - Teste de Bonferroni para comparação entre os módulos de elasticidade à flexão dos 
compósitos híbridos contendo nanopartículas modificadas e aquele contendo HC 11-IQ 121 
 
 
TABELA 11 - Teste de Bonferroni para comparaçãoentre os valores de módulo de elasticidade à flexão 
dos compósitos híbridos contendo diferentes concentrações de nanopartículas 123 
TABELA 12 - Índices de média e desvio padrão para a tensão máxima à flexão verificada em cada 
condição experimental testada 123 
 
TABELA 13 - Teste de Bonferroni para comparação entre os valores de tensão máxima à flexão do 
compósito convencional e dos compósitos híbridos 125 
TABELA 14 - Teste de Bonferroni para comparação entre os módulos de elasticidade à flexão dos 
compósitos híbridos contendo nanopartículas modificadas e aquele contendo HC 11-IQ 130 
TABELA 15 Teste de Bonferroni para comparação entre os valores de tensão máxima à flexão do 
compósito dos compósitos híbridos contendo diferentes concentrações de nanopartícula 130 
 
TABELA 16 - Índices de média e desvio padrão para o módulo de elasticidade e tensão máxima do 
nanocompósito híbrido e do Ezeform® 132 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
ANOVA – Análise de Variância 
ASTM – American Society for Testing and Materials 
CCD – Charge Couple Device 
CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
CVD – Deposição química de vapor 
DGEBA – Diglicidil éter de bisfenol A 
DMA – Dimetilacetamida 
DMEU – 1,3 dimetil 2-imidazolidinona 
DMF – Dimetilformamida 
DMI – Difenil diisocinato 
DRX – Difração de Raios X 
GBL – � −butirolactona 
HC 11-IQ – Grafite modificado com ácidos sulfúrico e nítrico 
 
 
HCTP – Hexaclorociclotrifosfeno 
HOPG – Grafite Pirolítico 
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura 
MMT – Montmorilonita 
MET – Microscopia Eletrônica de Transmissão 
NG – Nanografite 
NMP – N-metilpirrolidona 
MWCNT – Nanotubos de carbono de paredes múltiplas 
Tg – Temperatura de Transição Vítrea 
PAN – Poliacrilonitrila 
PCL – Prolactona 
POP – Plaster of Paris 
SDBS – Dodecilbenzeno sulfonato de sódio 
SDS – Dodecil sulfato de sódio 
 
 
SWCNT – Nanotubos de carbono de paredes simples 
THF – Tetrahidrofurano 
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO 23 
2. OBJETIVOS 27 
2.1 Objetivo Geral 27 
2.2 Objetivos Específicos 27 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29 
 3.1 Compósitos 29 
3.1.1 Definição 29 
3.1.2 Classificação 30 
3.1.3 Materiais Constituintes 32 
3.1.3.1 Reforço 32 
3.1.3.2 Matriz 35 
3.2 Nanocompósitos Poliméricos 39 
3.2.1 Definição 39 
 
 
3.2.2 Nanopartículas 40 
3.2.3 Métodos de Preparação dos Nanocompósitos Poliméricos 45 
3.2.4 Morfologia dos Nanocompósitos Poliméricos 47 
3.3 Nanocompósitos Híbridos 50 
4. GRAFENO 54 
4.1 Estrutura Cristalina 54 
4.2 Principais Propriedades das Nanolâminas de Grafeno 58 
4.3 Métodos de Preparação do Grafeno 59 
4.4 Nanocompósitos Reforçados com Estruturas de Grafeno 68 
5. METODOLOGIA 76 
5.1 Esfoliação do Grafite 76 
5.2 Desenvolvimento dos Nanocompósitos Poliméricos 80 
5.3 Desenvolvimento dos Nanocompósitos Híbridos 81 
5.4 Caracterização Morfológica 84 
5.4.1 Caracterização Morfológica por Difração de Raios X 84 
 
 
5.4.2 Caracterização Morfológica por Espectroscopia de Raman 86 
5.4.3 Caracterização Morfológica por Microscopia Eletrônica de Varredura e por Microscopia 
Eletrônica de Transmissão 88 
5.5 Caracterização Mecânica 90 
5.5.1 Caracterização dos Nanocompósitos Poliméricos por Nanoindentação 90 
5.5.2 Caracterização dos Nanocompósitos Híbridos por Flexão de Três Pontos 94 
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO 97 
6.1 Caracterização Morfológica 97 
6.1.1 Caracterização Morfológica do Grafite Esfoliado 97 
6.1.2 Caracterização Morfológica dos Nanocompósitos Poliméricos 113 
6.2. Caracterização Mecânica 114 
6.2.1 Caracterização dos Nanocompósitos Poliméricos por Nanoindentação 114 
6.2.2 Caracterização dos Nanocompósitos Híbridos por Flexão de Três Pontos 118 
 
 
 
 
 
7 CONCLUSÕES 133 
 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 136 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 137 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Órteses, ou splints, são equipamentos posicionados externamente ao corpo humano para, mediante a 
aplicação de forças de maneira controlada, modificar as características estruturais do sistema 
musculoesquelético (TAYLOR et al., 2003). Os objetivos relacionados à utilização de uma órtese estão 
associados às necessidades de cada cliente, podendo ser utilizadas para proteger segmentos 
corporais que estão em processo de cicatrização (OETGEN e DODDS, 2008); aumentar a amplitude de 
movimento de uma determinada articulação (LUCADO e LI, 2009); promover o repouso articular 
(BURTNER et al., 2003); reduzir a dor; prevenir ou corrigir deformidades (AUTTI-RÄMÖ et al., 2006); 
sendo o seu objetivo principal a restauração da capacidade funcional máxima do indivíduo (FESS, 
2002). 
Um dos avanços feitos na área de dispositivos ortopédicos foi o desenvolvimento de um material 
compósito1 alternativo para a fabricação de órteses, proposto por Rodrigues (2007). O material 
desenvolvido se constituiu de um compósito sanduiche invertido, com 3,2 mm de espessura, no qual o 
núcleo foi formado por um laminado contendo três camadas de fibras de vidro e resina, e as camadas 
externas constituídas por Neoprene, um tecido de base borracha. Assim, o núcleo do compósito seria 
responsável para sustentação dos carregamentos e as faces externas teriam a função de, em relação 
ao produto final, promover conforto e uma melhor ajuste ao segmento corporal. No estudo, Rodrigues 
avaliaram as propriedades mecânicas do compósito em comparação ao material convencional- 
Ezeform2. Os resultados mostraram que o compósito desenvolvido apresentou valores de módulo de 
elasticidade e tensão máxima semelhantes àqueles apresentados pelo material comumente empregado 
na confecção de órteses. As órteses confeccionadas com o material compósito foram mais leves e
 
1 Um compósito é um material onde dois ou mais materiais distintos são combinados de forma que seus constituintes são 
facilmente identificados. 
2 Efezorm é o nome comercial de um termoplástico de baixa temperatura muito utilizado para fabricação de órteses. 
 24 
 
tiveram um custo de aproximadamente 1/3 daquele verificado para o Ezeform. Em testes clínicos, 
Rodrigues verificou que o peso do equipamento está relacionado ao conforto percebido pelo cliente e 
ao desempenho de atividades funcionais. Este estudo, portanto, indica que os compósitos são um 
caminho interessante a ser seguido para a produção de dispositivos ortopédicos. Além disso, o estudo 
motiva a realização de novas pesquisas voltadas ao desenvolvimento de materiais compósitos ainda 
mais leves, de baixo custo e com elevada resistência mecânica. 
A busca de novas tecnologias de materiais compósitos tem crescido. Neste panorama, a 
nanotecnologia, definida como a criação e utilização de materiais, dispositivos e sistemas a partir do 
controle de materiais cujas dimensões variam entre 1 e 100 nanometros (KOO, 2006), têm-se 
mostrado como importante ferramenta para o desenvolvimento de novos materiais. Uma de suas 
grandes áreas são os nanocompósitos poliméricos, materiais nos quais partículas, com pelo menos 
uma de suas dimensões em escala nanométrica, encontram-se dispersas em uma matriz polimérica (LI 
e ZHONG, 2011). A adição de reforços inorgânicos com pelo menos uma dimensão em escala 
nanométrica ao polímero, pode não só melhorar as propriedades mecânicas do material, mas pode 
também permitir uma combinação de propriedades adicionais, como redução do coeficiente de 
expansão térmica, melhoria da condutividade elétrica e redução da permeabilidade a gases (KOO, 
2006). 
Para aplicações estruturais, os nanocompósitos têm sido combinados aos compósitos convencionais,formando um novo tipo de material, os nanocompósitos híbridos. Estes materiais apresentam-se, 
portanto, como uma oportunidade de potencialização das propriedades dos compósitos convencionais 
(RANA et al., 2011). Nos nanocompósitos híbridos, a fase principal de reforço é formada pelas fibras 
contínuas em alta fração volumétrica, cerca de 40%. A matriz, por outro lado, é, por si mesma, um
 25 
 
 outro compósito. Ela contém partículas de reforço com dimensões nanométricas e em uma fração 
volumétrica inferior a 10%. (VLASVELD et al., 2005). 
Em 2009, Carvalho, com base no estudo inicialmente desenvolvido por Rodrigues (2007) deu início ao 
processo de desenvolvimento e caracterização mecânica de um nanocompósito híbrido formado por 
fibras de vidro e matriz epóxi modificada com nanopartículas de grafite. Durante seu estudo Carvalho 
percebeu que a esfoliação3 do grafite em estruturas de grafeno contendo poucas lâminas, entretanto, é 
reconhecida com um grande desafio. Os métodos atuais geralmente partem do grafite oxidado com 
fortes ácidos ou do grafite disperso em solventes orgânicos ou soluções de surfactante por meio 
mecânico. Em geral, estes métodos envolvem longos períodos de dispersão e resultam em baixa 
produtividade (KUILLA et al., 2010). A dispersão das estruturas de grafeno na matriz poliméricas 
também necessita ser aprimorada. De acordo com Yuan (2011), as técnicas de dispersão até então 
testadas, como o ultrassom, baixo cisalhamento e agitação magnética ainda não são capazes de 
dispersar adequadamente as partículas na matriz polimérica, resultando em materiais com 
propriedades mecânicas ainda marginais. 
No presente estudo, buscou-se desenvolver um nanocompósito híbrido com matriz modificada com 
estrutura de grafeno contendo poucas lâminas. A fim de promover a quebra do grafite e melhorar a 
interface entre as fibras e a matriz, foi testado um método de dispersão prévia do grafite em diferentes 
solventes utilizando-se ultrassom de alta potência por um curto período de tempo. Além disso, para a 
dispersão das nanopartículas na matriz foi utilizado um procedimento associando uma segunda 
dispersão por ultrassom e uma dispersão por alto cisalhamento a 17.500 rpm. Os nanocompósitos 
resultantes foram utilizados como matriz para os nanocompósitos híbridos reforçados por tecidos de 
fibras de vidro e fibras de carbono. Os nanocompósitos híbridos tiveram suas propriedades avaliadas
 
3 Esfoliação é o processo de transformação do grafite em lâminas de grafeno 
 26 
 
 por meio de ensaio de flexão de três pontos. Esta tese apresenta os resultados do estudo envolvendo 
o desenvolvimento de nanocompósitos híbridos produzidos a partir destes métodos. 
27 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral 
Desenvolver nanocompósitos híbridos compostos por uma configuração mista de tecidos de fibra de 
carbono e fibras de vidro e por uma matriz polimérica (epoxídica), nanomodificada com diferentes 
concentrações de estruturas de grafeno. O estudo propõe um método de modificação e dispersão das 
nanopartículas em três etapas: dispersão prévia em diferentes solventes com uso de ultrassom de alta 
potência; primeira dispersão na matriz polimérica por meio de ultrassom de alta potência; e segunda 
dispersão na matriz polimérica por meio de alto cisalhamento. 
2.2 Objetivos Específicos 
• Testar diferentes métodos de modificação do grafite em solução a fim de se obter uma nova 
rota simplificada de produção de estruturas de grafeno. 
• Caracterizar morfologicamente as estruturas de grafeno por meio de Difração de Raios X, 
Espectroscopia de Raman, Microscopia Eletrônica de Varredura e Microscopia Eletrônica de 
Transmissão. 
• Avaliar, por meio da nanoindentação, os efeitos da modificação da matriz polimérica com as 
estruturas de grafeno nas propriedades mecânicas dos nanocompósitos poliméricos. 
• Avaliar a influência das diferentes concentrações de nanopartículas sobre as propriedades 
mecânicas (rigidez e resistência à flexão) dos nanocompósitos híbridos. 
28 
 
• Avaliar a influência do processo composto ultrassom-alto cisalhamento nas propriedades 
mecânicas dos nanocompósitos híbridos. 
• Caracterizar morfologicamente a área de fratura dos nanocompósitos híbridos via Microscopia 
Eletrônica de Varredura. 
 
 
29 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
3.1 Compósitos 
3.1.1 Definição 
Os compósitos são materiais constituídos por duas ou mais fases, em escala macroscópica, cujas 
características e propriedades mecânicas são diferentes daquelas apresentadas, individualmente, por 
cada um de seus componentes (DANIEL e ISHAI,1994). Estruturalmente os compósitos são formados 
por uma matriz e por um reforço. A matriz é geralmente composta por um material com tenacidade e 
ductilidade maiores e resistência mecânica e rigidez menores. O reforço, por outro lado, é formado por 
um material mais rígido e resistente, porém, com menores tenacidade e ductilidade. Em virtude de 
interações químicas ou outros efeitos do processo, é verificada uma fase adicional, denominada 
interfase, responsável pela transferência de esforços das fibras para a matriz (DANIEL e ISHAI,1994). 
Quando projetados adequadamente, os compósitos podem exibir combinações de diferentes 
características mecânicas, como resistência, rigidez, resistência à fadiga, dureza, além de 
condutividade térmica e elétrica e baixa densidade (JONES, 1999), que são difíceis de serem 
encontradas em materiais convencionais. As propriedades de um compósito dependem, portanto, das 
características de cada um de seus constituintes, ou fases, de sua geometria, orientação e distribuição. 
Deste modo, por meio da combinação de componentes, um novo material pode ser criado, enfatizando 
certas características desejáveis e minimizando as indesejáveis (DANIEL e ISHAI, 1994). 
Outro importante parâmetro que determina as propriedades de um compósito é a proporção 
volumétrica, ou em peso, da matriz em relação ao reforço. Além desses aspectos, a distribuição da 
matriz no reforço tem importante papel no desempenho dos materiais compósitos. Quanto mais 
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heterogênea for essa distribuição, maior a probabilidade de falhas do material (DANIEL e ISHAI,1994). 
As possibilidades de diferentes combinações oferecem oportunidades de aplicações diversas. Esse 
potencial faz com que cada vez mais, além dos setores automotivo, petroquímico, aeroespacial e 
aeronáutico (ROMHANY e SZEBENYI, 2009), o setor de dispositivos ortopédicos se interesse por este 
tipo de material (RODRIGUES, 2007). 
3.1.2 Classificação 
De acordo com Daniel e Ishai (1994), características do reforço, tais como o tipo, geometria e 
orientação são informações importantes na classificação dos compósitos. Considerando-se estes 
elementos, os compósitos podem ser classificados como particulados, de fibras contínuas ou de fibras 
curtas (FIG. 01). Cada uma dessas configurações resulta em propriedades específicas que determinam 
as possibilidades de aplicação do compósito. 
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FIGURA 01 – Classificação dos materiais compósitos 
Adaptado de: DANIEL e ISHAI, 1994, p.19 
 
Os compósitos particulados são formados por partículas de vários tamanhos e formas dispersas 
aleatoriamente dentro da matriz. As partículas, bem como a matriz, podem ser metálicas ou não-
metálicas, gerando muitas possibilidades de combinação de diferentes categorias de materiais para a 
formação do compósito. Em virtude da dispersão aleatória das partículas na matriz, os compósitos 
particulados são considerados materiais quase homogêneos e quase isotrópicos. Os compósitos de 
fibras curtas são formados por pequenas fibras ou por “whiskers” dispersos de modo orientado ou 
aleatório na matriz. Ainda que consideradas curtas, estas fibras possuem elevada relação 
comprimento/diâmetro e quando dispersasde modo orientado, o material pode ser ortotrópico, 
transversalmente ortotrópico ou até mesmo anisotrópico. Os compósitos de fibras contínuas também 
são conhecidos como compósitos de fibras longas. As fibras longas notoriamente apresentam maior 
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relação comprimento/diâmetro, quando comparadas às fibras curtas, sendo mais eficientes quando 
rigidez e resistência mecânica são consideradas. Nos compósitos de fibras longas, as fibras podem 
estar alinhadas em paralelo, formando uma estrutura unidirecional; podem ainda formar entre si 
ângulos retos, sendo consideradas bidirecionais; ou podem estar orientadas ao longo de várias 
direções, formando uma trama multidirecional. Cada uma dessas configurações resulta em 
propriedades específicas que determinam as possibilidades de aplicação do compósito (DANIEL e 
ISHAI, 1994). 
3.1.3 Materiais Constituintes 
3.1.3.1 Reforço 
As estruturas de reforço mais comumente utilizadas são as fibras (STRONG, 2008). As fibras longas 
são mais resistentes e mais rígidas que o mesmo material na forma convencional. As propriedades 
diferenciadas do material quando em forma de fibra estão relacionadas ao fato de as fibras 
apresentarem alta relação entre o comprimento e o diâmetro. Além disso, os cristais que compõem as 
fibras estão alinhados em seu eixo, gerando um material com menos defeitos, quando comparado ao 
material bruto (STRONG, 2008; JONES, 1999). Atualmente, estão disponíveis no mercado diversos 
materiais para a produção de fibras, sendo que os mais utilizados são o vidro, o carbono e a aramida. 
As fibras de carbono são consideradas fibras de alto desempenho, com estrutura flexível e com 
elevado limite de ruptura (HERAKOVICH, 1998), além de possuírem propriedades anisotrópicas 
(DANIEL e ISHAI, 1994). As tecnologias de fabricação das fibras de carbono baseiam-se na 
decomposição térmica de fibras orgânicas de materiais percussores como o piche, a poliacrilonitrila 
(PAN) e, em menor escala, o raion. Em cada um das fibras, arranjos de carbono encontram-se 
empilhados em arranjos tridimensionais e orientados no eixo das fibras. Uma vez que os átomos de 
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carbono encontram-se ligados por fortes ligações covalentes, a resistência das fibras à tração é 
elevada. Dentre todos os materiais de reforço como fibras, as fibras de carbono apresentam o maior 
módulo de elasticidade (entre 228 e 883 GPa) e a melhor resistência mecânica à tração (entre 758 e 
6337 MPa), além de manter suas propriedades mesmo em condições de temperatura elevada e 
umidade (STRONG, 2008). Em virtude de suas propriedades, são comumente utilizadas em 
compósitos avançados de matriz polimérica empregados em componentes estruturais de aeronaves e 
na indústria esportiva (STRONG, 2008). 
As fibras de aramida foram produzidas primeiramente pela indústria Du Pont, no início da década de 
1970, com o nome comercial de Kevlar® (HERAKOVICH, 1998). São fibras orgânicas aromáticas 
produzidas à base de poli-parafenileno-teraftalamida. Mecanicamente, essas fibras possuem alto 
módulo de elasticidade, elevado limite de resistência à tração longitudinal e grande resistência ao 
impacto. Além disso, são conhecidas por sua resistência à combustão e estabilidade a altas 
temperaturas (STRONG, 2008; HERAKOVICH, 1998). As aplicações típicas de compósitos produzidos 
com fibras de aramida são produtos balísticos e revestimentos de vasos de pressão (STRONG, 2008). 
As fibras de vidro são reconhecidamente os reforços mais utilizados na produção de compósitos 
(STRONG et al., 2008; HERAKOVICH, 1998; DANIEL e ISHAI, 1994). Seu importante papel na 
engenharia está relacionado à alta resistência específica e ao seu baixo custo (HERAKOVICH,1998; 
DANIEL e ISHAI, 1994). Por outro lado, seu uso é limitado em algumas aplicações devido à relativa 
baixa rigidez e à rápida degradação quando expostas a condições de temperatura e umidade elevadas 
(DANIEL e ISHAI, 1994). Estas fibras podem ser formadas por vários tipos de vidro, sendo as mais 
comuns fabricadas com os vidros “E” e “S”. Fibras de vidro do tipo “E” apresentam resistência à tração 
de cerca de 3,4 GPa e módulo de elasticidade de 72,3 GPa. Em geral, este tipo de fibra é utilizado em 
casos onde é requerida alta resistência mecânica e elétrica (JONES, 1999). As fibras de vidro do tipo 
“S” possuem maior resistência mecânica que as fibras do tipo “E” e são utilizadas em compósitos de 
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aplicações estruturais em que, sob altas temperaturas ou condições de corrosão, são necessárias alta 
resistência mecânica, alto módulo de elasticidade e estabilidade (STRONG, 2008). 
As fibras podem ser arranjadas sob a forma de tecidos que se adaptam melhor em configurações 
estruturais nas quais há curvatura e, além disso, são baratos, de fácil manuseio e muito resistentes à 
laminação manual (HERAKOVICH, 1998). A quantidade de fibras em cada direção pode variar, 
gerando diferentes padrões de entrelaçamento. Em um tecido unidirecional, por exemplo, as fibras são 
arranjadas de modo que cerca de 95% delas esteja na direção 0o; já em um tecido plano, as fibras nas 
direções 0o e 90o estão igualmente distribuídas. Os tecidos multidirecionais possuem melhores 
propriedades no plano transversal quando comparados às lâminas unidirecionais, porém, apresentam 
baixo módulo de elasticidade, em razão das ondulações que cada mecha faz ao longo da trama. As 
formas de trama (FIG. 02) determinam as propriedades mecânicas nas duas direções principais, 
longitudinal e transversal (MAZUMDAR, 2002). 
 
 
 
FIGURA 02 – Tipos de tessitura 
Fonte: ÁVILA et al. (2001) 
 
 
A configuração dos tecidos tem grande impacto no comportamento mecânico do compósito final. 
Belingardi et al. (2006), por exemplo, avaliaram o comportamento à tração de compósitos híbridos 
35 
 
compostos por um tecido misto, bidirecional de fibras de vidro e fibras de carbono (0 o/ 90 o e ± 45 o). As 
fibras de carbono formaram as faces externas do laminado, já as fibras de vidro formaram o núcleo. A 
curva tensão-deformação obtida para o compósito com a configuração 0 o/ 90 o apresentou uma 
linearidade até o momento da fratura. Já a curva referente à configuração ± 45 o foi não-linear. Os 
resultados experimentais mostraram que, dentre as condições experimentais avaliadas, o laminado 
contendo fibras dispostas na configuração 0 o/ 90 o apresentaram melhores resultados relacionados à 
resistência mecânica à tração e módulo de elasticidade. Uma das formas de melhorar ainda mais o 
desempenho dos compósitos fibrosos é a utilização de combinações de diferentes fibras. 
Os compósitos podem também ser formados por uma combinação de diferentes tipos de fibras, com 
um único tipo de matriz, sendo chamados de compósitos híbridos (CHIANG, 2005). De acordo com 
Hwang e Shen (1998), há duas formas de se produzir um compósito híbrido. A primeira seria a partir da 
entremeação das diferentes fibras. A segunda seria a o empilhamento de diferentes laminados com as 
diferentes fibras, formando, cada um, um sistema de fibras e resina. Embora vários tipos de fibra 
possam ser utilizados para a formação de compósitos híbridos, as fibras de carbono e de vidro são as 
mais comuns. As fibras de carbono funcionam como um reforço de baixa densidade, elevada rigidez e 
resistência mecânica. São, porém, frágeis e apresentam custo elevado. Já as fibras de vidro possuem 
um custo inferior, porém são menos resistentes e rígidas. Por meio da combinação entre essas duas 
fibras, é possível alcançar um balanço entre as propriedades mais elevadas de cada um dos tipos de 
reforços, além de reduzir os custos do material final (STRONG, 2008). 
3.1.3.2 Matriz 
Comparada ao reforço, tipicamente a matriz possui menor densidade, resistência e rigidez. A matriz 
envolve as fibras e é responsável pelo suporte, proteção e manutenção do espaçamento entre elas. 
Além disso,o material da matriz promove a transferência e distribuição de cargas para o reforço. A 
36 
 
distribuição adequada de cargas é um dos principais atributos para um bom desempenho dos materiais 
compósitos (STRONG, 2008; DANIEL e ISHAI,1994). 
As propriedades de um compósito são altamente influenciadas pelo tipo de material utilizado como 
matriz e pela compatibilidade desta fase com o reforço. A interface formada entre a matriz e o reforço 
deve ser suficientemente forte para assegurar que as forças às quais o material será submetido sejam 
distribuídas de forma eficiente, evitando falhas precoces e a separação interfacial (WICKS et al., 2010). 
Vários materiais como polímeros, cerâmicas, metais e carbono podem ser empregados como matriz 
em um compósito (STRONG, 2008; DANIEL e ISHAI, 1994). Os compósitos mais avançados e mais 
estudados na atualidade são os compósitos de base polimérica, devido ao baixo custo, alta resistência 
mecânica e à facilidade de manufatura. De acordo com Strong (2008), cerca de 90% dos compósitos 
produzidos na atualidade possuem polímeros como elemento de matriz. Para a produção da matriz 
podem ser empregados polímeros termoplásticos ou termofixos. Os termoplásticos podem ser fundidos 
com o aquecimento e solidificam quando resfriados. Os processos de solidificação e fusão são 
totalmente reversíveis, podendo ser repetidos. O seu processamento, entretanto, requer condições de 
alta temperatura e pressão (STRONG, 2008; MAZUMDAR, 2002). Os polímeros termoplásticos mais 
comumente utilizados na fabricação de compósitos são o polipropileno, cloridrato de polivinila, 
poliamida e poliuretano (STRONG, 2008). Os polímeros termofixos, por outro lado, formam ligações 
covalentes cruzadas durante a reação química, não podendo ser remoldados após o processo de cura. 
Em geral, são materiais leves, baratos, de fácil processamento e com boa impregnação nas fibras, 
devido a sua baixa viscosidade. Comparados aos termoplásticos, os polímeros termofixos são 
geralmente mais rígidos e mais resistentes (STRONG, 2008). As resinas epoxídicas são as resinas 
termofixas mais utilizadas na fabricação de compósitos pois, quando comparadas às demais resinas, 
apresentam boa resistência mecânica, elevado módulo de elasticidade, baixa viscosidade, boa 
aderência às fibras e pouca volatilidade durante o processo de cura (HERAKOVICH,1998; DANIEL e 
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ISHAI, 1994). Quimicamente, são consideradas resinas epoxídicas todas aquelas que apresentam um 
grupo epóxi (FIG. 03) em sua estrutura. 
 
FIGURA 03 - Grupo epóxi 
Fonte: STRONG, 2008, p 88. 
 
 
De acordo com Strong (2008), a resina epóxi mais comumente utilizada tem como base o diglicidil éter 
do bisfenol A (DGEBA), sendo sintetizada a partir de uma reação entre a epicloridrina e o bisfenol A 
(FIG.04). 
 
 
FIGURA 04- Reação de síntese do DGEBA 
Fonte: STRONG, 2008, p. 88. 
 
38 
 
A formação de ligações cruzadas nas resinas epoxídicas, se dá pela abertura do anel epóxi por meio 
de um grupo reativo que é introduzido por meio dos agentes de cura, ou endurecedores, que 
permanecem firmemente ligados à estrutura da resina, influenciando as propriedades do polímero final. 
Dentre os agentes cura estão as aminas aromáticas, aminas alifáticas e anidridos (STRONG, 2008). 
Embora a fase de reforço confira resistência e rigidez ao material, a matriz é que determina as 
propriedades do material em condições de calor e umidade, além de influenciar fortemente a 
tenacidade, resistência à chama e processamento do material (STRONG, 2008). Os polímeros em 
geral, entretanto, exibem propriedades mecânicas pouco atrativas, como baixo módulo de elasticidade 
e resistência mecânica reduzida, quando comparados aos metais e cerâmicas. Uma das formas de 
melhorar as propriedades dos sistemas poliméricos é a adição de partículas de material de alta rigidez. 
A introdução de partículas com dimensões micrométricas à resina tem sido uma prática utilizada pela 
indústria dos polímeros, há décadas. Comumente, são utilizados os reforços micrométricos como forma 
de aumentar a área de interação com a matriz. A fração volumétrica de reforço requerida para impactar 
as propriedades mecânicas, térmicas e elétricas do material, entretanto, é elevada, cerca de 40 a 60% 
em peso. Isso pode afetar negativamente algumas das propriedades da matriz polimérica, como a 
processabilidade, densidade, e “ageing performance”4 (JORDAN et al., 2005). Há, portanto, uma 
crescente busca pelo desenvolvimento de um material compósito de alto desempenho e com reduzida 
concentração de materiais de reforço. Recentemente, o advento das pesquisas em nanomateriais 
tornou possível o processamento de reforços com dimensões nanométricas, sua dispersão em 
polímeros e a formação de um novo tipo de material compósito, os chamados nanocompósitos 
poliméricos. 
 
 
4 Taxa de envelhecimento do material 
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3.2 Nanocompósitos Poliméricos 
3.2.1 Definição 
Nanocompósitos poliméricos são materiais nos quais partículas, com pelo menos uma de suas 
dimensões em escala nanométrica, encontram-se dispersas em uma matriz polimérica (LI e WEI-
HONG ZHONG, 2011). A interação entre as cadeias poliméricas e as nanopartículas confere aos 
nanocompósitos propriedades superiores àquelas apresentadas pelos polímeros convencionais (LI e 
ZHONG, 2011). Além disso, a combinação da matriz polimérica com reforços inorgânicos com pelo 
menos uma dimensão em escala nanométrica pode melhorar as propriedades mecânicas do material, 
tais como rigidez, resistência mecânica, resistência ao impacto e tenacidade, mantendo a 
processabilidade e baixa densidade da resina. Pode também permitir uma combinação de propriedades 
adicionais, como redução do coeficiente de expansão térmica, melhoria da condutividade elétrica e 
redução da permeabilidade a gases. Este fenômeno em que há combinação de propriedades é 
denominado multifuncionalidade (LI e ZHONG, 2011). 
Os nanocompósitos diferem dos compósitos tradicionais pelas dimensões reduzidas dos componentes 
de reforço, denominados nanopartículas, ou nano-reforços. As nanopartículas possuem, em geral, 
dimensões variando entre 1 nm e 100 nm, o que representa uma elevada área de superfície específica. 
Como pode ser visto na FIG. 05 as mudanças no diâmetro das partículas ou das fibras e na espessura 
da lamela alteram a razão entre a superfície específica e o volume em três ordens de grandeza 
(THOSTENSON et al., 2005). 
40 
 
 
 
FIGURA 05 – Relações entre dimensões e superfície específica 
FONTE: THOSTENSON et al. 2005, p. 494. 
 
 
Uma elevada área superficial está relacionada a uma grande área de interação, ou interface, com a 
matriz (MILLER et al., 2010). Uma vez que importantes interações químicas e físicas são governadas 
pela interface, a formação de nanocompósitos poliméricos, pela adição de pequena fração volumétrica 
de nanopartículas à matriz, conduz a propriedades mecânicas e termomecânicas únicas e 
excepcionais, substancialmente diferentes daquelas apresentadas pelos polímeros convencionais (LI e 
WEI-HONG ZHONG, 2011). 
 
3.2.2 Nanopartículas 
As nanopartículas, de acordo com seu tamanho e forma, podem ser classificadas em três categorias 
principais: nanofibras e nanotubos, nanopartículas lamelares e nanopartículas tridimensionais, 
conforme mostrado na FIG 06. 
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FIGURA 06 – Representação esquemática de reforços nanométricos 
Adaptado de: AJAYAN et al. 2003, p. 77. 
 
As nanofibras e nanotubos são nanopartículas com diâmetro menor que 100 nm e razão de aspecto 
(razão entre comprimento e diâmetro) de pelo menos 100, podendo chegar até a 106. Estas 
nanopartículas, portanto, se apresentam como estruturas alongadas. Os nanotubos de carbono são os 
principaisrepresentantes desta categoria. As nanopartículas lamelares são caracterizadas pela 
estrutura em forma de folha com apenas uma dimensão em escala nanométrica e espessura da ordem 
de 1nm. As principais nanopartículas que formam essa classe são os silicatos lamelares e as 
nanolâminas de grafite. As partículas tridimensionais, como por exemplo, a sílica, são relativamente 
equiaxiais e sua maior dimensão possui menos que 100 nm (AJAYAN et al., 2003). Dentre a gama de 
nanopartículas disponíveis para a produção de nanocompósitos poliméricos, os silicatos lamelares são 
consideradas nanopartículas de alto poder comercial, tendo, na primeira década dos anos 2 000, a 
maior participação na produção de nanocompósitos poliméricos (VELMURUGAN e MOHAN, 2009; 
YASMIN et al., 2006a; MOHAN et al., 2006; OGASAWARA et al., 2006; ZUNJARRAO et al., 2006). 
Estas nanopartículas são argilas cuja estrutura cristalina consiste de várias camadas, ou folhas, 
conforme pode ser observado no esquema da FIG. 07. 
Nanofibras e 
nanotubos
Nanopartículas 
lamelares
Nanopartículas tridimensionais
Nanofibras e 
nanotubos
Nanopartículas 
lamelares
Nanopartículas tridimensionais
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FIGURA 07 – Estrutura dos silicatos 
Adaptado de: CHEN e EVANS, 2006, p. 1582. 
 
O silicato lamelar de maior aceitabilidade na produção de nanocompósitos é a montmorilonita (MMT) 
devido ao seu baixo custo, elevada área de superfície, boa capacidade de delaminação, e resistência 
das partículas a solventes, a altas temperaturas e ao atrito (KORNMANN et al., 2005). Estruturalmente, 
a MMT é formada por empilhamentos regulares de várias lâminas finíssimas, que podem ser dispersos, 
dando origem a estruturas com 1nm de espessura, dimensões laterais variando entre 100 nm e alguns 
micrometros, e razão de aspecto variando entre 100 e 1000 nm (MOHAN et al., 2006). A fina espessura 
e a elevada razão de aspecto conferem à MMT uma elevada área de superfície, cerca de 750 m2/g 
(LUO e DANIEL, 2003). Além disso, cada lâmina individual possui módulo de elasticidade variando 
entre 170 e 180 GPa (LUO e DANIEL, 2003). 
Em geral, a adição da montmorilonita organicamente modificada à matriz polimérica conduz a melhoria 
do módulo de elasticidade e resistência mecânica do material. Uma melhor rigidez está associada à 
intercalação e esfoliação das nanopartículas na matriz polimérica. De acordo com Yasmin et al. 
(2006ª), a dispersão das nanopartículas resulta na redução da mobilidade das cadeias poliméricas 
quando o material é submetido a um carregamento, conferindo assim maior resistência à deformação 
plástica. Além disso, de acordo com Velmurugam e Mohan (2009), uma boa adesão entre a matriz e o 
43 
 
reforço, por sua vez, possibilitaria uma transferência adequada da carga, aumentando a resistência 
mecânica do material. 
Velmurugan e Mohan (2009) avaliaram o efeito da adição de montmorilonita no módulo de elasticidade 
e resistência mecânica da resina epóxi. Os autores, dispersando diferentes concentrações de 
nanopartículas, que variaram entre 1 e 10% em peso, verificaram aumento do módulo de elasticidade 
em função do aumento da concentração. A rigidez do nanocompósito contendo 10% de nanopartículas 
cerâmicas (3,6 GPa) foi cerca de três vezes superior ao da resina pura (1,1 GPa). Em relação à 
resistência à tração, o valor máximo alcançado foi 48,7 MPa, a uma concentração de nanopartículas 
igual a 3%. Este valor é cerca de 20 % superior aquele apresentado pela resina pura (40,5 MPa). Para 
concentrações de nanocerâmica superiores a 3%, os autores verificaram um decréscimo da resistência 
mecânica do material. Este fenômeno foi atribuído à presença de aglomerados de nanopartículas na 
matriz polimérica, os quais funcionaram como concentradores de tensão, provocando a falha precoce 
do material. 
Mohan et al. (2006) observaram que, com a adição de 10% em peso de nanopartículas cerâmicas à 
matriz epoxídica, a temperatura inicial de degradação da resina aumentou em 44oC, passando de 280 
para 324oC. Este comportamento indica que as nanopartículas podem funcionar como barreira, 
dificultando a difusão dos produtos voláteis gerados durante o processo de degradação. 
Apesar das excelentes propriedades mecânicas das nanopartículas cerâmicas, as nanopartículas de 
base carbono têm sido nos últimos anos, consideradas interessantes opções para a produção de 
nanocompósitos de base polimérica. Isso, em virtude da associação entre excelentes propriedades 
mecânicas, tais como módulo de elasticidade e resistência mecânica e elevadas condutividade térmica 
e elétrica (ZAMAN et. al. 2011). Dentre as nanopartículas de base carbono mais recentemente 
pesquisadas estão os nanotubos de carbono e as estruturas de grafeno. 
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Desde sua descoberta em 1991, por Ijima, os nanotubos de carbono têm atraído a atenção da 
comunidade científica em razão de suas propriedades elétricas e mecânicas. Os nanotubos são 
estruturas dimensionais de formato tubular, cujas paredes são formadas por arranjos hexagonais de 
átomos de carbono (WONG e AKINWANDE,2011). Há duas famílias de nanotubos de carbono: os de 
parede simples e os de paredes múltiplas (FIG. 08). Os nanotubos de paredes simples- SWCNT (do 
inglês Single Wall Carbon Nanotubes)-, possuem diâmetro variando entre 0,5 e 5 nm, e comprimento 
da ordem de micrômetros a mícrons (FIG. 08a). Os nanotubos de paredes múltiplas- MWCNT (do 
inglês Multiwall Carbon Nanotubes)- possuem uma estrutura tubular semelhante à dos SWCNT, mas é 
formado por vários cilíndricos concêntricos, cujo espaçamento é de, aproximadamente, 0,34 nm (FIG. 
08b). Nas extremidades do nanotubos, geralmente verificam-se hemisferas denominadas end caps, 
que são arranjos pentagonais de carbono (WONG e AKINWANDE, 2011). 
 
 
 
FIGURA 08-Diferentes tipos de nanotubos de carbono. a) Nanotubo de parede simples; b) Nanotubos de paredes múltiplas. 
Fontes: a) BETUNE et al., 1993, p. 506; b) IJIMA, 1991, p. 56 
 
Embora não haja na literatura, um consenso sobre as propriedades mecânicas exatas dos nanotubos, 
estudos teórico-experimentais têm verificado valores de módulo de elasticidade superiores a 1 TPa e 
resistência à tração entre 50 e 200 MPa (QIAN et al., 2002). Além disso, os nanotubos apresentam, 
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45 
 
elevadas mobilidade de elétrons -100 000 cm
2
/Vs (DÜRKOP et al., 2004) e condutividade térmica- 3 
500 W/mk (POP et al., 2006). Em virtude dessas propriedades, diversos estudos se voltaram ao 
desenvolvimento de compósitos de base polimérica reforçados com os nanotubos de carbono. Zhu et 
al. (2003) dispersaram 1% em peso de nanotubos de carbono de paredes simples em matriz epóxi e 
avaliaram os efeitos dessa adição nas propriedades mecânicas do nanocompósito resultante. Os 
autores verificaram que o módulo de elasticidade à tração do epóxi passou de 2026 MPa para 2636 
MPa. Já o valor de tensão máxima à flexão passou de 83,2 MPa para 95 MPa. Thosthenson e Chou 
(2006), além de verificarem uma melhoria da tenacidade à fratura do epóxi com a adição de nanotubos 
de carbono, também verificaram um aumento da condutividade térmica em cerca de 60%, com a 
adição de 5% de nanopartículas à matriz, e redução da resistividade elétrica. Os efeitos positivos da 
incorporação de nanotubos de carbono em matrizes poliméricas têm sido, entretanto considerados 
marginais quando considerado o potencial destas nanopartículas. Isso, em virtude da dificuldade de 
dispersão dos nanotubos em polímeros e à baixa interação com a matriz polimérica (MA et al., 2010). 
Além disso, Shokrieh e Rafiee (2010) verificaram, por meio de análise por elementos finitos, que 
nanotubos com comprimento inferior a 100 nm não contribuem de forma significativa para o aumento 
do módulo de elasticidade dos nanocompósitos poliméricos. Estas evidências, associadas ao ainda 
elevado custo de produção, faz com que cada vez mais, outrosmateriais de base carbono sejam 
considerados como opção para a produção de nanocompósitos poliméricos (MA et al., 2010). Dentre os 
demais materiais de base carbono, estão as estruturas de grafeno, formadas por uma estrutura 
lamelar, que serão objetos deste estudo, sendo apresentadas em detalhe no capítulo 4. 
3.2.3 Métodos de Preparação dos Nanocompósitos Poliméricos 
Polimerização in situ, intercalação por solução e intercalação por fusão têm sido os métodos mais 
utilizados para a dispersão das nanopartículas na matriz polimérica (KUILA et al., 2010). No método da 
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polimerização in situ, as nanopartículas são dispersas primeiramente no monômero líquido do 
polímero. Com a adição do agente iniciador, a polimerização se dá por calor ou radiação (POTTS et al, 
2011). A polimerização in situ tem sido utilizada para a produção de nanocompósitos poliméricos com 
diversos polímeros, tais como polimetilmetacrilato (JANG et al., 2009), polietileno (FIM et al, 2010) e 
epóxi (GUO et al., 2011), além de ser considerado um dos métodos mais eficientes para a produção de 
nanocompósitos poliméricos de base epoxídica reforçados com nanopartículas de base carbono. Isso 
porque, na polimerização in situ, ligações covalentes são formadas entre as nanopartículas e a matriz, 
resultando em uma interface estável e, por isso, com melhores propriedades mecânicas (MA et al., 
2010). 
A intercalação por solução é baseada em um sistema de solventes, no qual o polímero ou pré-polímero 
é solubilizado e as nanopartículas são misturadas. O solvente é retirado do polímero por meio de vácuo 
ou por precipitação (POTTS et al., 2011). Neste caso, o grau de esfoliação das nanopartículas na 
matriz polimérica é determinado pelo nível de esfoliação obtido antes e depois da incorporação do 
polímero. A intercalação por solução também tem sido aplicado para a produção de nanocompósitos de 
base epoxídica (AVILA et al, 2010) em uma associação com a polimerização in situ. Um dos problemas 
verificados em casos como este, é a remoção total do solvente. A presença de excesso de solvente 
nos nanocompósitos pode alterar o processo de cura do material e conduzir ao aparecimento de um 
material interfásico, comprometendo as propriedades térmicas e mecânicas do compósito 
(MONIRUZZAMAN et al., 2006). Além disso, de acordo com Rana et al (2011), as nanopartículas 
tendem a reaglomerar com o tempo devido à baixa viscosidade do meio. 
A intercalação por fusão é um método utilizado para a produção de nanocompósitos de matriz 
polimérica termoplástica. Nele, os polímeros termoplásticos são misturados mecanicamente às 
nanopartículas a temperaturas elevadas por meio de extrusão e injeção (KALAITZIDOU et al., 2007b). 
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Uma vez que nenhum tipo de solvente ou surfactante é requerido, este método é considerado mais 
economicamente viável para a produção de nanocompósitos poliméricos. (MA et al., 2010). 
3.2.4 Morfologia dos Nanocompósitos Poliméricos 
As propriedades mecânicas, elétricas e térmicas dos nanocompósitos poliméricos dependem tanto da 
interação entre as nanopartículas e a matriz quanto do grau de dispersão destas nanopartículas no 
polímero (KUILLA et al., 2010). Dependendo do grau de separação, três tipos de morfologias básicas 
podem ser evidenciados: compósito particulado convencional, nanoestrutura intercalada ou 
nanoestrutura esfoliada (ALEXANDRE e DUBOIUS, 2000), conforme apresentado na Figura 09. 
 
 
FIGURA 09 – Representação esquemática dos tipos de nanoestruturas 
Adaptado de: ALEXANDRE e DUBOIS, 2000. p. 5 
 
 
Em um compósito particulado convencional (FIG. 10), as nanopartículas se mantêm em um estado 
naturalmente agregado, sem que haja inserção das cadeias poliméricas entre as lâminas. Observa-se, 
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portanto, uma separação de fases. Os compósitos desta categoria, em geral, apresentam propriedades 
semelhantes às de microcompósitos tradicionais. 
 
FIGURA 10 – Compósito particulado 
FONTE: FISCHER, 2003, p. 766 
 
A morfologia intercalada é obtida quando algumas cadeias poliméricas se inserem de modo regular 
entre as lâminas que formam as nanopartículas, mantendo, entretanto, seu arranjo em paralelo, 
conforme pode ser observado na Figura 11. 
 
 
FIGURA 11 – Estrutura Intercalada 
FONTE: HUSSAIN et al., 2006, p. 1532 
 
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Os nanocompósitos do tipo esfoliado (FIG. 12) se caracterizam pela dispersão das lâminas das 
nanopartículas na matriz polimérica. Neste caso, as lâminas encontram-se totalmente separadas umas 
das outras (ALEXANDRE e DUBOIS, 2000). 
 
 
FIGURA 12 – Estrutura Esfoliada 
FONTE: HUSSAIN et al., 2006, p. 1532 
 
A resistência mecânica, módulo de elasticidade e tenacidade dos nanocompósitos poliméricos estão 
relacionadas ao grau de dispersão das nanopartículas na matriz e à estabilidade da interface entre o 
polímero e as nanopartículas. Uma dispersão adequada em uma ligação interfacial forte pode favorecer 
a transferência de cargas no nanocompósito (LI e ZHONG, 2011). Assim, a uma mesma concentração 
de nanopartículas, os nanocompósitos com morfologia esfoliada exibem melhores propriedades que os 
compósitos com morfologia intercalada. Este fato se deve à interação individual das lâminas com a 
matriz e a uma maior superfície específica (STANKOVICH et al., 2007). Sem uma dispersão adequada 
das nanopartículas, o potencial destes materiais para formar uma elevada área de interface com o 
polímero diminui. Além disso, os aglomerados de nanopartículas podem funcionar como “defeitos”, 
comprometendo as propriedades do material (LI e ZHONG, 2011). 
 
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nem cita qual meio foi feita imagem.
mas da pra visualizar a diferença entre elas
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3.3 Nanocompósitos Híbridos 
As propriedades mecânicas dos compósitos dependem não apenas as propriedades de seus 
constituintes, mas também das características da interface entre eles. Havendo uma interface fraca, as 
forças não são transferidas adequadamente ao elemento de maior resistência mecânica, conduzindo, 
portanto, a uma falha precoce do material (SAGER et al., 2010; WICKS et al., 2010). A região 
interlaminar é conhecida como a região crítica de um laminado e pode sofrer diferentes tipos de falha, 
sendo a fratura da matriz e delaminação os mais comuns. A resistência interfacial pode ser melhorada 
por diferentes métodos, como a aplicação de tratamentos superficiais às fibras ou por meio da 
modificação da matriz com a introdução de nanopartículas de alto módulo e resistência mecânica. 
Neste caso, tem-se a formação de um novo tipo de material compósito, o denominado nanocompósito 
híbrido (WICKS et al., 2010). 
A combinação de nanocompósitos poliméricos e os reforços fibrosos torna possível a otimização das 
propriedades dos materiais compostos, além de favorecer sua utilização em aplicações estruturais 
(RANA et al., 2011). Nos nanocompósitos híbridos, a fase principal de reforço é formada pelas fibras 
contínuas em alta fração volumétrica, cerca de 40%. A matriz, por outro lado, é, por si mesma, um 
outro compósito. Ela contém partículas de reforço com dimensões nanométricas e em uma fração 
volumétrica inferior a 10%. (VLASVELD et al., 2005). 
Estudos recentes têm relatado melhoria nas propriedades de compósitos fibrosos por meio da 
modificação da matriz polimérica com nanopartículas lamelares cerâmicas. Em geral, as pesquisas 
relatam melhoria das propriedades do compósito governadas pela matriz, dentre as quais: resistência 
transversal à flexão (TSAI e WU, 2008), resistência à compressão (SUBRAMANIYAN e SUN, 2006) e 
resistência transversal à tração (TSAI e WU, 2008). 
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Tsai e Wu (2008) avaliaram o efeito da direção do carregamento no desempenho mecânicode 
compósitos híbridos formados por fibra de vidro unidirecional e matriz nanoestruturada a partir de 
ensaios de flexão longitudinal e transversal. Para isso, foram produzidos compósitos contendo 2,5%, 
5% e 7,5% de nanopartículas cerâmicas dispersas em uma matriz epoxídica. Como reforço, foi utilizado 
um tecido unidirecional de fibras de vidro. Considerando-se os carregamentos em flexão e tração na 
direção longitudinal, não foram observadas alterações significativas da resistência mecânica entre os 
diferentes compósitos modificados com nanopartículas e o compósito convencional, isso porque as 
propriedades de flexão e tração longitudinal são governadas pelas fibras, sofrendo apenas pequena 
interferência da matriz. Quando avaliadas a resistências à flexão e tração na direção transversal, as 
quais são governadas pela matriz, verificou-se um aumento da tensão máxima com o aumento da 
concentração de nanopartículas. 
Subramaniyan e Sun (2006) verificaram os efeitos da adição de 3% e 5% de nanopartículas cerâmicas 
à matriz epoxídica na resistência à compressão de compósitos de fibra de vidro. Os compósitos foram 
produzidos com cerca de 26% de fibras e por moldagem à vácuo. Os autores verificaram aumentos de 
22% e 36% na resistência à compressão para os compósitos contendo, respectivamente, 3% e 5% 
nanopartículas cerâmicas. Este aumento pode ser atribuído à presença de nanopartículas de alto 
módulo à matriz que dificultam a flambagem das fibras, aumentando a resistência à compressão do 
material. 
Poucos estudos, porém, avaliam a aplicação de partículas de base carbono para modificação da matriz 
polimérica de compósitos fibrosos (AVILA et al., 2010; KIM et al., 2009; CARVALHO, 2009; CHO et al., 
2007). KIM et al. (2010) desenvolveram compósitos híbridos de fibra de carbono e matriz epoxídica 
modificada com nanotubos de carbono. Os nanotubos de carbono foram primeiramente dispersos no 
agente endurecedor, de menor viscosidade, por meio de um ultrassom, por 30 minutos. Após este 
período, à solução foi adicionada a resina. A mistura foi mantida sob ultrassom por períodos entre 10 
52 
 
minutos e três horas. Os compósitos foram laminados por moldagem a vácuo. Os resultados 
mostraram que a dispersão de 0,3% de nanotubos de carbono à matriz polimérica, por 10 minutos, 
conduziu a melhores resultados: um aumento de 11,6% e 18% no módulo de elasticidade à flexão e na 
resistência mecânica quando comparado ao compósito convencional. De acordo com os autores, o 
desempenho de um compósito à flexão é determinado pelas propriedades da matriz. Assim, a melhoria 
dos valores de tensão máxima e módulo de elasticidade pode ser atribuída ao efeito de reforço 
exercido pelos nanotubos de carbono. Quando analisado o efeito do tempo de dispersão, Kim et al. 
(2010) concluíram que com o aumento do tempo de dispersão, a matriz torna-se mais viscosa, 
dificultando a impregnação do tecido e a capacidade de o polímero entrar nos espaços entre as fibras. 
Wicks et al. (2010) avaliaram os efeitos da deposição de nanotubos de carbono alinhados na superfície 
das fibras nas propriedades mecânicas de compósitos. Os autores relataram um aumento de 76% na 
tenacidade à fratura dos compósitos modificados com nanotubos de carbono alinhados. Esses 
resultados foram associados à capacidade de os nanotubos ancorarem as fibras e a matriz, impedindo 
a propagação da trinca. Apesar do potencial dos nanotubos de carbono para o desenvolvimento de 
compósitos híbridos de matriz polimérica, sua utilização ainda é restrita em virtude do custo ainda 
elevado de produção destas nanopartículas e da dificuldade de dispersão na matriz polimérica. 
Rana et al. (2011) investigaram os efeitos da adição de nanofibras de carbono à matriz polimérica nas 
propriedades mecânicas de compósitos de fibras de carbono. Para a dispersão das nanofibras no 
epóxi, nas concentrações de 0,1%, 0,5% e 1%, os autores utilizaram um banho de ultrassom e um 
misturador mecânico, a uma rotação de 2 000 rpm, por duas horas. A fim de reduzir a viscosidade da 
resina, foi utilizada acetona e para garantir a estabilidade da dispersão das nanopartículas, foi utilizado 
um surfactante, o polioxietileno lauril eter. Os autores observaram, à microscopia eletrônica de 
varredura, que o método de dispersão foi adequado para promover a dispersão uniforme das 
nanofibras de carbono na matriz polimérica quando na concentração de 0,5%. Entretanto, para uma 
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concentração de 1% de nanofibras, foram formados aglomerados de nanopartículas. Os autores 
também verificaram que a acetona, durante o processo de preparação dos nanocompósitos, auxiliou a 
dispersão das nanopartículas, porém, estas partículas reaglomeraram. Esse resultado indica que a 
acetona pode não ser um dispersante adequado para as nanopartículas na matriz epoxídica. 
 
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4 GRAFENO 
4.1 Estrutura Cristalina 
O carbono é um elemento da coluna 4A da tabela periódica, possuindo seis elétrons, dentre os quais, 
dois estão fortemente ligados ao núcleo e quatro estão na camada de valência. Em sua forma 
elementar, os átomos ocupam os orbitais 2s, 2px, 2py e 2pz. Ao se ligarem a outros átomos de carbono, 
estes orbitais se combinam, formando novas orbitais, os orbitais híbridos, em um processo chamado 
hibridização (WONG e AKINWANDE,2011). 
 
A hibridização pode ocorrer de três formas: hibridização sp3, hibridização sp2 e hibridização sp. Na 
hibridização sp3, o orbital s é combinado a três orbitais p (px, py e pz), formando quatro orbitais. Na 
hibridização sp2, um orbital s combina-se a dois orbitais p (px e py), formando três orbitais sp2 no plano 
xy. Na hibridização sp, o orbital s se combina apenas com um dos orbitais p, formando duas orbitais sp 
(WONG e AKINWANDE,2011) (FIG. 13). 
 
 
FIGURA 13 – Distribuições eletrônicas para as hibridizações a) sp; b)sp2; e c) sp3. 
Fonte: BARBOZA, 2008, p. 1. 
 
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nao ta batendo isso
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Grafeno é o nome dado a uma lâmina plana e única de átomos de carbono hibridizados na forma sp2 e 
arranjados em hexágonos dispostos em uma rede cristalina hexagonal conhecida como colmeia ou 
“honeycomb” (FIG. 14). A hibridização sp2 conduz a uma estrutura trigonal planar com a formação de 
três ligações � entre os átomos de carbono, os quais são separados por uma distância de 1,42 Å 
(WONG e AKINWANDE, 2011). 
 
FIGURA 14: Imagem de microscopia de transmissão do grafeno mostrando os átomos de carbono conectados em uma 
estrutura honeycomb. 
Fonte: WONG e AKINWANDE, 2011, p. 48. 
 
 
 
As ligações � são as mais fortes conhecidas em um sólido e são responsáveis pela robustez da 
estrutura cristalina do grafeno. O orbital pz restante, perpendicular à estrutura planar, pode ligar-se a 
átomos de carbono vizinhos formando ligações covalentes 	, mais fracas que as ligações �. As 
ligações 	 são aquelas responsáveis por quase todas as excepcionais propriedades eletrônicas do 
grafeno (WONG e AKINWANDE, 2011). 
 
 
O grafeno pode ser considerado o precussor dos demais alótropos do carbono. Cada folha pode ser 
dobrada em estruturas zero dimensionais- os fulerenos, enroladas em estruturas unidimensionais- os 
nanotubos, ou empilhadas em uma estrutura tridimensional - o grafite (GEIM e NOVOSELOV, 2007), 
conforme apresentado na Figura 15. 
 
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FIGURA 15: Formas alotrópicas do carbono que podem ser obtidas a partir do grafeno. Da esquerda para direita estão o 
fulereno, o nanotubo e o grafite. 
Fonte: GEIM e NOVOSELOV, 2007 
 
A estrutura honeycomb do grafeno é uma rede Bravais do tipo trigonal 2D. A Figura 16 representa a 
rede direta do grafeno, sendo ��	e ��	 os vetores primitivos. Os átomos A e B, inequivalentes, formam 
a base da rede e estão separados por uma distância sendo � 
 	0,142	��. O losango representa a 
célula unitária (WONG e AKINWANDE,2011; SÁ, 2011) 
 
FIGURA 16 - Arranjo hexagonal do átomos de carbono, com dois átomos por célula unitária e os vetores ��	�	��	 
Fonte: CANÇADO, p. 6, 2006. 
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De acordo com Choi et al., 2010, a nomenclatura “grafeno” pode estar associada a organizações 
planares de átomos de carbono contendo mais de uma lâmina. Neste trabalho, optou-se por nomear 
como monolâminas, o grafeno contendo apenas uma camada, e estruturas de grafeno as amostras 
com poucas lâminas (entre 2 e 10). Nas estruturas de grafenos, as lâminas encontram-se sobrepostas 
na direção perpendicular ao plano basal com um arranjo Bernal (AB). Conforme dito anteriormente, 
cada camada de grafeno é formada por átomos A e B. No arranjo Bernal, as camadas de grafeno estão 
dispostas de modo que os átomos A de cada camada ficam alinhadas no eixo perpendicular com os 
átomos das camadas superiores e inferiores. Já os átomos B ficam posicionados no centro do 
hexágono formado pelos átomos A, conforme observado na Figura 17, para o grafite (CANÇADO, 
2006). 
 
 
 
FIGURA 17- Representação esquemática da rede cristalina de uma estrutura de grafeno a) vista lateral; b) vista superior; c) 
célula unitária; d) vista superior da célula unitária. 
Fonte: CANÇADO, p. 13, 2006. 
 
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A célula unitária deste tipo de arranjo tridimensional consiste de quatro átomos de carbono A1, A2, B1 e 
B2, em dois planos. As constantes no plano e no eixo � são � 
 0,142	�� e � = 0,670	��, 
respectivamente. 
4.2 Principais Propriedades das Monolâminas de Grafeno 
As propriedades térmicas, elétricas, ópticas e mecânicas únicas do grafeno o fazem um excelente 
candidato para uma variedade de aplicações em nanociência e nanotecnologia. Baladim et al. (2008), 
avaliaram a condutividade térmica à temperatura ambiente de monolâminas de grafeno por meio da 
espectroscopia de Raman confocal. Os valores encontrados para essa propriedade variaram entre 
4.840 W/mk e 5.300 W/mk, superiores àqueles obtidos experimentalmente para um nanotubo de 
carbono de parede simples, com 2,6μm de comprimento e 1,7 nm de diâmetro- 3.500 W/mk, também à 
temperatura ambiente (POP et al., 2006). Outro parâmetro que também foi avaliado por diferentes 
pesquisadores foi a mobilidade eletrônica dos átomos de carbono no grafeno. CHEN et al. (2008) 
verificaram um valor de mobilidade intrínseca, que representa a velocidade com a qual o material 
conduz uma corrente elétrica, igual a 200.000 cm2/Vs, sendo superior àquela verificada para 
nanotubos de carbono semicondutores (DÜRKOP et al., 2004), e considerada a maior mobilidade já 
apresentada por qualquer sólido. 
As propriedades elásticas e resistência intrínseca das monolâminas de grafeno foram investigadas 
experimentalmente por Lee et al. (2008). Para isso, foi realizada nanoindentação utilizando microscopia 
de força atômica. Os autores verificaram, para cada uma das monolâminas, um módulo de elasticidade 
de cerca de 1 TPa e uma resistência mecânica de 130 GPa. O óxido de grafeno, formado pelo 
empilhamento de camadas de grafeno, obtido pela oxidação do grafite quimicamente modificado e 
amplamente estudado como reforço para nanocompósitos poliméricos, também teve suas propriedades 
mecânicas avaliadas por meio da nanoindentação utilizando força atômica. Apesar dos defeitos 
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produzidos na rede cristalina em virtude das modificações químicas, óxido de grafeno também 
apresentou elevada rigidez, cerca de 0,25 TPa. Estes valores, combinados ao baixo custo do grafite, 
torna o óxido de grafite também um excelente candidato para a produção de nanocompósitos 
poliméricos. 
4.3 Métodos de produção do grafeno 
O grafeno tem sido produzido por meio de diferentes rotas que, de acordo com a Kim et. al. (2010), 
podem ser classificadas em rotas do tipo bottom-up e rotas top-down. Nos processos do tipo bottom-
up, o grafeno é sintetizado por métodos tais como o crescimento epitaxial em um substrato de carbeto 
de silício- SiC (EMTESEV et al., 2009) e deposição química na fase vapor (CVD) (YU et al., 2008; 
SOMANI et al., 2006). 
De acordo com Sá (2011), o crescimento epitaxial em carbetos de silício é um dos métodos bottom-up 
mais populares para a produção de lâminas de grafeno. Uma vez que os carbetos de silício possuem 
grande concentração de carbono e que o carbono é o elemento químico conhecido com maior ponto de 
fusão, o aquecimento do SiC, a temperaturas entre 1.650 e 2.000 oC, em atmosfera de argônio, 
conduz à decomposição do silício. Os átomos de carbono remanescentes se ligam na forma sp2. O 
número de camadas pode ser controlado por meio da limitação do tempo e da temperatura do 
tratamento térmico. Estudos como o de Emtesev et al. (2009) verificaram, por este método, a formação 
de estruturas de grafeno com espessura equivalente a 1,2 camadas. No estudo, os autores utilizaram 
amostras de 6H-SiC(0001), temperaturas variando entre 1.500 e 2.000 oC, e pressões de 900 mbar. 
Verificou-se que a sublimação do silício e consequente enriquecimento da superfície teve início a um a 
temperatura de 1.550 oC. A uma temperatura superior, 1.650 oC, já foi possível observar um fino filme 
de grafeno com espessura equivalente a 1 e 2 camadas. Para a formação da segunda camada, foi 
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necessário mais tempo, uma vez que a camada já formada dificulta a saída do Si. Deste modo, por 
meio do controle da temperatura, é possível controlar o número de camadas de grafeno formadas. 
Nos processos por deposição química na fase vapor (CVD) um substrato fino de um metal de transição, 
tal como Ni, Cu, Co e Ru, é colocado em um forno com um gás que contém carbono em sua 
composição, como metano, etileno, acetileno e benzeno. Com o aumento da temperatura, as moléculas 
do gás são dissociadas e o carbono adere à superfície do material, formando grafeno (SÁ, 2011). Os 
processos CVD são reconhecidos como métodos relativamente novos para a produção de grafeno, 
tendo sido primeiro descritos em 2006, por Somani et al. (2006), que relatou a formação de blocos de 
grafeno contendo cerca de 35 camadas a partir da pirólise de cânfora em um substrato de níquel. 
Estudos atuais, por meio do controle do processo de sublimação, tem demonstrado a formação de 
estruturas de grafeno de alta qualidade, com poucos defeitos e com uma quantidade controladas de 
lâminas. Yu et al. (2008), por exemplo relataram a formação, por meio do CVD em subtsrato de níquel, 
de estruturas de grafeno contendo entre três e quatro camadas (FIG. 18). Para isso, os autores 
submeteram o substrato a uma combinação de gases- CH4, H2 e Ar, por 20 minutos a 1.000 oC e a um 
posterior resfriamento em diferentes taxas (rápido, médio e lento). Verificou-se que, quando o 
resfriamento do substrato foi lento, poucos átomos foram segregados na superfície, uma possível 
explicação é a de que os átomos de carbono ali depositados tiveram tempo para se difundir para o 
interior do substrato. No caso do resfriamento em taxas médias, pode ter ocorrido uma redução da 
migração da superfície para o interior do metal, levando à formação de três ou quatro lâminas de 
grafeno. No caso de um resfriamento rápido, não houve a formação de lâminas de grafeno, 
possivelmente porque, embora uma grande quantidade de átomos de carbono tenha segregado na 
superfície, os mesmos não tiveram tempo de atingir um estado de cristalinidade, apresentando muitos 
defeitos de sua rede cristalina. Os autores demostraram, portanto, que a partir da taxa de resfriamento 
do substrato, é possível que se obtenha o controle do número de camadas formadas. 
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Figura 18- Imagens de Microscopia Eletrônica de

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