Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE E ÉTICA EMPRESARIAL Professora: Me. Mirian Aparecida Micarelli Struett DIREÇÃO NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; STRUETT, Mirian Aparecida Micarelli. Gestão Ambiental na Empresa e Sustentabilidade. Mirian Aparecida Micarelli Struett. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 47 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Ambiental 2. Sustentabilidade 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0024-5 CDD - 22 ed. 628 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Nayara Garcia Valenciano Editoração Flávia Thaís Pedroso Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 01 02 03 sumário 06| INVESTIMENTOS SOCIAL E AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEIS 15| RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE 24| INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DE INVESTIMENTOS AMBIENTAIS SUSTENTÁVEIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender o papel da ética empresarial voltada às questões socioambientais. • Verificar como deve ser a atuação empresarial para que os investimentos sejam considerados social e ambientalmente responsáveis. • Descrever a evolução dos Relatórios de Sustentabilidade. • Apresentar os modelos de balanço social e os relatórios de sustentabilidade conhecidos nacionalmente e internacionalmente. • Apresentar os Instrumentos Econômicos Ambientais mais utilizados bem como os Indicadores de Sustentabilidade. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Investimentos Social e Ambientalmente Responsáveis • Relatórios de Sustentabilidade • Instrumentos Econômicos de Investimentos Ambientais Sustentáveis RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE E ÉTICA EMPRESARIAL INTRODUÇÃO introdução Neste material de estudo, será apresentado a você como as organizações realizam suas ações, como são mensurados o seu desempenho empresarial e qual forma de atuação atende às expectativas da sociedade de uma forma geral. Para tanto, inicialmente serão enfatizadas questões como a ética empresarial, o relacionamento, o desempenho e comportamento esperado. Neste sentido, você conhecerá um dos modelos mais utilizados que aborda a responsabilidade social contemplando o desempenho empresarial e o comportamento empresarial considerado responsável e sustentável. A partir de exemplos de empresas que não atuaram com responsabilidade social e ética, você conseguirá compreender como os gestores empresariais devem atuar para que a empresa se transforme em um investimento social e ambientalmente responsável. Os relatórios de sustentabilidade ou balanços sociais constituem o canal de transparência das organizações. Sendo assim, serão apresentados a você em quais modelos estas se inspiram para demonstrarem essas ações bem como alguns modelos de relatórios e indicadores mais utilizados pelas organizações em âmbito nacional e internacional. Dentre os modelos de relatórios de sustentabilidade ou balanço social mais conhecidos, serão apresentados o modelo IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômica, o modelo do Instituto ETHOS de Responsabilidade Social, o modelo do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e, as diretrizes do GRI – Global Reporting Initiative, que trazem resultados tanto internos quanto externos às organizações. Ao final, apresentaremos mecanismos de transferência fiscal (cobrança de taxas e impostos, concessão de subsídios e ajudas financeiras e a eficácia de mecanismos de transferência fiscal), a criação de mercados (reciclados, ecobusiness, licenças negociáveis de poluição, de seguros), o protocolo verde e os índices de sustentabilidade (ISE e DJSI) na bolsa de valores. Desejo a você uma boa leitura! Pós-Universo 6 Antes de iniciarmos o nosso assunto de discussão propriamente dito, sobre os investimentos socialmente responsáveis, é preciso esclarecer o papel da empresa que atua com ética voltada às questões socioambientais e quais são as expectativas geradas na sociedade quanto à forma como as organizações têm realizado a sua gestão. Compreender essas questões nos auxiliará a visualizar: quais, quem e o que são os investimentos considerados social e ambientalmente responsáveis bem como visualizá-los no mercado empresarial. Investimentos Social e Ambientalmente Responsáveis Pós-Universo 7 Iniciemos, portanto, refletindo sobre a definição de Responsabilidade Social atrelada às empresas, de acordo com a definição do Glossário, atualizado em 02 de setembro de 2013, última versão do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2014 online), “ É a forma de gestão que define pela relação ética e transparente de uma empresa com todos os públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionam o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. Observamos que, para atender a tal objetivo, é preciso que a empresa contemple um bom relacionamento com seus stakeholders. Em geral, há muitas expectativas e direitos envolvidos em relação às atividades desenvolvidas pelas organizações, incluindo os colaboradores, consumidores, fornecedores, a comunidade e a sociedade em seu conjunto (ALENCASTRO, 2012). De acordo com Alencastro (2012), o termo “stakeholder”, muito utilizado na literatura desde a década de 70, é usado para definir o grupo de indivíduos que podem ser afetados ou afetar uma organização. De acordo com glossário do Instituto Ethos (2014, online), os stakeholders são também chamados de partes interessadas, ou seja, “são aquelas afetadas pelas decisões e atividades da empresa, como fornecedores, clientes, comunidade, governos, entre outras”, influenciando as decisões da empresa, pois têm suas opiniões e interesses reconhecidos. Disponível em:<http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/ Gloss%C3%A1rio-Indicadores-Ethos-V2013-09-022.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2015. saiba mais Pós-Universo 8 Um dos estudos utilizados como modelo conceitual proposto por Archie Carroll (1991, p. 42 apud ALENCASTRO, 2012, p. 90) traduz a Responsabilidade Social Empresarial como a “que aborda a responsabilidade social tanto pela ótica do desempenho empresarial quanto pelo comportamento empresarial responsável”. Em seu conceito piramidal aborda: • A responsabilidade econômica – situada na base da pirâmide, é considerada indispensável, sem ela nada acontece. Está relacionada à geração de empregos, investimentos e pagamentos de taxas e impostos, por exemplos. • A responsabilidade legal – consiste no respeito às regras da sociedade, ou seja, a empresa tem a obrigação de respeitar as regras determinadas pela sociedade. • A responsabilidade ética – representa o compromisso em fazer o que é correto ser feito, mesmo que contemplada formalmente na lei. • A responsabilidade discricionária (também chamada de filantrópica) – é uma extensãoda dimensão ética e compreende qualidade de vida e da sustentabilidade socioambiental. É preciso salientar que a responsabilidade social está vinculada à estratégia empresarial, fazendo parte, inclusive, do planejamento da empresa, enquanto a filantropia está relacionada às ações, que são quase sempre pontuais entre a instituição e a comunidade, denotando assim práticas assistenciais realizadas pelos voluntariados (empregados e dirigentes). Porém ainda assim, “a filantropia é o primeiro passo para a responsabilidade social” (ALENCASTRO, 2012, p. 91). Pós-Universo 9 A Figura 1 esquematiza o modelo com base em Carroll. Responsabili- dade discricionária Responsabilidade ética Responsabilidade legal Responsabilidade econômica CRÍTICAS Fazer o que é correto Contribui para a comunidade e qualidade de vida Obedecer à lei Ser lucrativa Figura 1: A pirâmide de Carroll Fonte: adaptada de Carroll (1991 apud ALENCASTRO, 2012) Carroll não dormiu em cima dos louros, muitas foram as críticas, inclusive pelo próprio Carrol, a respeito desse modelo, que tratou logo de corrigi-lo criando um novo modelo juntamente com Schwartz, chamado Modelo dos Três Domínios, conforme apontou Barbieiri e Cajazeiras (2009). (III) Exclusivamente ético (V) Econômico e legal (VII) Econômico ético e legal (I) Exclusivamente econômico (II) Exclusivamente legal (VI) Legal e ético (IV) Econômico e ético Figura 2: Modelo dos três domínios Fonte: Schwartz e Carroll (2003, p. 509 apud BARBIERI; CAJAZEIRAS, 2009) Pós-Universo 10 Este modelo surgiu das críticas ao modelo piramidal das quatro responsabilidades. O modelo piramidal gerou confusões e formas inadequadas de uso, principalmente por supor que existiria uma hierarquia entre as quatro responsabilidades além de não capturar integralmente as interações entre elas. Já o modelo por círculos, dos três campos ou três domínios, teve como novidade a sobreposição de domínios da responsabilidade identificando as diferentes ênfases dadas aos diferentes domínios. Porém ainda assim este modelo não tratou especificamente das questões ambientais. De acordo com Barbieri e Cajazeiras (2009), para que uma empresa seja considerada sustentável, deve incorporar conceitos e objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável em suas políticas e práticas de modo consistente, o que significa adotar estratégias de negócios e atividades que atendam às necessidades das empresas e dos stakeholders nas três dimensões: econômica, social e ambiental. Perceba, caro(a) aluno(a), que contemplamos três termos muito importantes na nossa tentativa de abordar o tema proposto no início deste tópico: o primeiro deles é o “relacionamento”, o segundo é o “comportamento” e o terceiro é o “desempenho”. Para competir com sucesso a empresa tem que levar em conta uma séria reputação de comportamento ético e responsabilidade social com seus stakeholders harmonizando o discurso com a prática. Para Alencastro (2012, p. 91): “ O “capital reputacional” é um elemento muito importante nas relações comerciais, formais, informais quer estas digam respeito à publicidade, quer aos produtos e serviços, quer aos recursos humanos. Caro(a) aluno(a), você deve estar se perguntando: onde queremos chegar? A resposta está na relação entre a conduta socialmente responsável (ética) e os ganhos de reputação da empresa. Pós-Universo 11 De acordo com Matos (2011), a década de 90 exibiu muitos escândalos empresariais de grande repercussão, consistentes com manipulações de balanços para forjar lucros e justificar retiradas indébitas. Esses empresários refletiam ao mesmo tempo uma euforia pelo sucesso financeiro a qualquer preço em detrimento dos valores éticos. Houve insucessos que atingiram negativamente acionistas, investidores e empregados, que se viram lançados ao infortúnio inesperadamente devido a essa conduta humana antiética, como podemos visualizar na Tabela 1, casos que abalaram a imagem e a estrutura do capitalismo e da globalização econômica. Tabela 1: Casos que abalaram o capitalismo e a globalização econômica EMPRESA FATO ENRON Empresa norte-americana de energia (dissimulação de dívida) Em 2001, pede concordata após reconhecer práticas contábeis duvidosas, inflando o volume de negócios do grupo e dissimula- ram dívida na ordem de US$ 22 bilhões. ARTHUR ANDERSEN Empresa de auditoria contábil (Obstrução da justiça e destrui- ção de documentos) Encarregada de verificar a regularidade das contas da Enron, foi considerada culpada por obstrução da justiça e por ter destruído 1,7 tonelada de documentos relacionados à ENRON. PARMALAT Empresa multinacional italiana (falência fraudulenta) Em 2003, descoberta de endividamento de 11 bilhões de euros (38,5 bilhões de reais) - um sistema fraudulento, também com desvios contábeis, orçamentos falsos, documentos falsificados e lucros fictícios. Por ser permanente, a fraude não era detectável, tanto assim que próximo ao escândalo eclodir o Deutsche Bank (Banco Central Alemão) adquiriu 5,1% do capital da Parmalat. Empregava em torno de 37 mil funcionários em mais de 30 países e seu faturamento chegou a 7,6 bilhões de euros em 2002 (27 bilhões de reais). Valor superior ao do PNB – Produto Nacional Bruto dos países Paraguai, Bolívia, Angola e Senegal. WORLDCOM Gigante de telecomunicações (Fraude contábil) Despesas registradas como investimentos em cinco trimestres com fraude contábil de UW$ 3,8 bilhões. GLOBAL CROSSING Grupo de telecomunicações (fis- calização das contábeis) Em concordata, depois de contraído enorme dívida, é alvo de in- vestigação formal do órgão regulador de mercados de capitais sobre suas práticas contábeis. XEROX (fraude no resultado antes dos impostos) Em 2002, reconheceu que seu resultado, antes dos impostos, para o período de 1997 a 2001 era inferior a US$ 1,4 bilhão ao publica- do anteriormente. Pós-Universo 12 EMPRESA FATO TYCO Ex-presidente foi condenado (fraude fiscal e falsificação de prova) Dennis Kozlowski foi condenado, pois fraudou o fisco em US$ 1,017 milhão em impostos pela compra de obras de arte, mani- pulando dados contábeis da Tyco. ADELPHIA Operador de cabo (emprésti- mos a acionista) Em concordata, a empresa reconheceu ter concedido empréstimos no valor de US$ 2,3 bilhões à família Rigas, sua principal acionista. MERCK Cia farmacêutica (falsificação de registro de receitas a Medco) A segunda maior Cia dos EUA registrou receitas em três anos de US$ 14 bilhões de uma de suas subsidiárias a Medco que, na verdade, nunca foram recebidas. Fonte: adaptada de Reportagens do Jornal Zero Hora, de Porto Alegre (apud MATOS, 2011, p. 28-29) No Brasil, conforme aponta Matos (2011, p. 29), “casos idênticos tornaram-se notórios, com grandes empresas tradicionais indo à falência por graves irregularidades éticas”. Além desses exemplos, podemos observar que em uma cultura não ética, ou seja, indiferente às questões morais, tudo acaba sendo permitido e o lucro passa a ser objetivo supremo, fazendo com que a competição ganhe expressão predatória e que todos os concorrentes devam ser eliminados. A maior rede de fastfood do Brasil e do Mundo esteve no centro das atenções de um dos casos mais explícitos de corrupção. Em 2005, foi fiscalizada devido à suspeita de ter comprado uma norma da Receita Federal que permitiria à Multinacional pagar menos impostos e livrar-se de multas milionárias, representando em média uma economia em impostos de 100 milhões de reais. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/211205/p_044.html>. Acesso em: 17 nov. 2014. fatos e dados De acordo com Machado (2006, p. 67 apud ALENCASTRO, 2012, p. 91): “ A construção de um capital reputacional forte cria vantagens competitivas para a empresa, aprimorando sua capacidade de atrair e manter recursos e minimizando risco de perdas reputacionais. Pós-Universo 13 Para Silva (2008, apud ALENCASTRO, 2012, p. 59), as demandas éticascresceram a partir da década de 90, advindas das preocupações dos acionistas em relação às decisões internas dos administradores e de que todas as atividades organizacionais “devem ser regidas por princípios éticos que indicam se o tipo de comportamento praticado é ético ou não”. Para Alencastro (2010, p. 60), “existe hoje uma intensa relação de troca no relacionamento entre as empresas e sociedade” por meio de códigos de conduta, regulamentos, responsabilidade social, políticas, contratos e liderança, estes são exemplos de como a empresa pode desenvolver sua ética no contato com essa sociedade. De acordo com Mazzaroto e Berté (2013), o “Mercado verde” é uma denominação relativamente nova que “surgiu para identificar produtos produzidos de forma ecologicamente correta, em todos os níveis e setores de produção”. Este mercado é formado principalmente por clientes ambientalmente mais conscientizados, mais seletivos, ante os produtos, e criadores de cenários que impulsionam as empresas a adotarem posturas produtivas ambientalmente corretas, estabelecendo inclusive novas exigências na área mercadológica, sendo um grande desafio para as empresas que necessariamente devem adotar novos padrões de produção que incluam indicadores de desempenho e ambientais (MAZZAROTTO; BERTÉ, 2013). “ A transformação e a influência ecológica nos negócios se farão sentir de maneira crescente e com efeitos econômicos cada vez mais profundos. As organizações que tomarem decisões estratégicas integradas às questões ambiental e ecológica conseguirão significativas vantagens competitivas, quando não a redução de custo e incremento nos lucros a médio e longo prazo (MAZZAROTTO; BERTÉ, 2013, p. 56). Segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002 apud MAZZAROTTO; BERTÉ, 2013), pesquisas realizadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Instituto Brasileiro de Opinião Público e Estatístico (IBOPE) demonstraram que há uma tendência por parte do consumidor pela preservação ambiental. Neste sentido, os desempenhos econômicos tornam-se cada vez mais dependentes das estratégias ambientais. Pós-Universo 14 Dessa maneira, chegamos ao âmago da questão: uma empresa que tem uma conduta socialmente responsável aumenta seu capital reputacional, gera oportunidades e minimiza riscos, e isso culmina no aumento do valor da empresa, o que consequentemente passa a ser de interesse da sociedade. Um investimento considerado sustentável deve levar em consideração os impactos que causa à sociedade. Deve combinar os objetivos financeiros dos investidores demonstrando que tem preocupação com as questões ambientais, sociais, éticas e de governança. De maneira geral, serve para endossar as atividades de uma empresa ou ser um meio de encorajar as empresas a mudarem seu comportamento (BUCKLEY; SALAZAR-XIRINACHS; HENRIQUES, 2012). Como afirma Berns (2009), uma das questões básicas, a saber, é que você precisa ser justo o tempo todo e a outra é qual o momento certo de investir. As empresas devem estar preparadas, realizando o inventário básico sobre as questões da sustentabilidade, apontando seu desempenho nessas áreas. Assim, quando os regulamentos vierem, já terão a clareza e serão as primeiras a agirem. “ A preocupação dos investidores em investirem em organizações com um desempenho ambiental superior está, sem dúvida, predominantemente associada ao fato de o risco inerente ao desempenho ambiental regular de uma organização poder vir a ser alvo de escrutínio público, afetando automaticamente o valor de suas ações. Ao se investir em empreendimentos considerados sinônimos de excelência em desempenho ambiental, esse risco é automaticamente eliminado, tendo como consequência uma menor probabilidade de oscilações, do preço de compra e venda das ações do mercado (SEIFFERT, 2011, p. 261). As ideias, os valores de produção de consumo sustentável, surgiram a partir da percepção do consumidor da necessidade da preservação ambiental e da qualidade de vida no planeta, e quem não deseja isto e não gostaria de investir em uma empresa considerada sustentável? Pós-Universo 15 Prezado(a) aluno(a), para iniciarmos a nossa discussão, é importante ressaltar que os relatórios de sustentabilidade proporcionam diversos benefícios, dentre eles, podemos citar o fortalecimento do diálogo, a geração de confiança das partes interessadas, que fazem com que haja uma aproximação entre empresas e investidores. O Balanço Social ou também chamado Relatório de Sustentabilidade surgiu nos Estados Unidos há algumas décadas, mas espalhou-se pelo mundo a partir da década de 1970. Para Alencastro (2012, p. 108), “o Relatório de Sustentabilidade serve para identificar, mensurar, divulgar e prestar contas sobre as ações das organizações com vistas à sustentabilidade”. Relatórios de Sustentabilidade Pós-Universo 16 No Brasil, segundo Alencastro (2012, p. 109), “a contribuição brasileira ao esforço global de formulação e padronização de indicadores de sustentabilidade é o balanço social”. “ Apesar de não ser obrigatória, a publicação do balanço social é muito desejável. Além dos ganhos em termos de “capital reputacional” (imagem) que a empresa obtém, sua divulgação permite a comparação saudável entre as empresas em relação à responsabilidade social, além de proporcionar elementos para o estabelecimento de indicadores setoriais na área. Sobre o aspecto econômico, cabe lembrarmos que grandes bancos e instituições financeiras estão exigindo o balanço social para liberação de empréstimos e outras vantagens (ALENCASTRO, 2012, p. 110). De acordo com Caetano (2006), o balanço social é considerado um instrumento de gestão e de informação que visa divulgar as ações econômicas, sociais e ambientais que são realizadas por uma organização, aos seus diferentes usuários. Embora não seja obrigatório, ele deve ser transparente quanto às descrições das informações. É composto por indicadores previamente definidos referentes aos aspectos sociais, ambientais e econômicos da organização, contemplando o modelo TBL – Triple Bottom Line. Diversos modelos de Gestão Empresarial foram criados no intuito de incorporar as dimensões da sustentabilidade. Um dos mais utilizados até hoje pelos relatórios de sustentabilidade e os indicadores sustentáveis é o modelo focado no Triple Bottom Line (TBL). De acordo com Barbieri e Cajazeiras (2009), o TBL é conhecido como a tríplice linha de resultados líquidos e foi desenvolvido pela consultoria britânica Sustainnability, tornando-se bastante conhecido a partir da publicação do livro Cannibals with forks (Canibais com garfo e faca), publicado em 1997. De acordo com Elkington, autor do livro, na tentativa de buscar uma resposta para a questão: o capitalismo, assim como o canibal, tornar-se-ia civilizado se utilizasse o garfo? O garfo, na verdade, retrata a metáfora das três dimensões da sustentabilidade: ecológica, econômica e ambiental em termos de resultados líquidos. Elkington (1997 apud BARBIERI; CAJAZEIRAS, 2009) discorre sobre a relação entre as responsabilidades e os resultados líquidos de cada uma das dimensões nos levando à reflexão: Pós-Universo 17 • Dimensão econômica - no âmbito empresarial, é reconhecida a necessidade da empresa em gerar lucro e ter seu valor de mercado aumentado, gerando assim riquezas aos acionistas. Porém o conceito de lucro contábil, apurado de maneira convencional, ou seja, de maneira contábil, não é suficiente quando se fala em desenvolvimento sustentável. Uma das perguntas é: como mensurar o capital humano gerado pela competência profissional, experiência e habilidade? Além deste, há também outros bens intangíveis como o conhecimento agregado às marcas, patentes, entre outras formas de capital. Da mesma forma, o que dizer dos custos sociais e ambientais? Estes muitas vezes não são registrados pela contabilidade convencional e sabemos que decorrentede suas responsabilidades há a geração de passivos ambientais, como a poluição de uma fábrica, considerada uma externalidade negativa. • Dimensão ambiental - uma questão importante está relacionada ao capital natural, como considerá-la como resultado líquido quando relacionamos aos bens e serviços ambientais. Os bens ambientais podem ser renováveis e não renováveis, embora a classificação seja enganosa, considerando-se os processos de manejos e a dimensão temporal na perspectiva humana, como um aquífero, considerado um recurso renovável, passa a ser não renovável dependendo de sua taxa de exploração e renovação, e os serviços ambientais que envolvem bens intangíveis, como a polinização, a circulação do ar. Há divergências sobre a sustentabilidade dos recursos naturais, de acordo com correntes da sustentabilidade fraca e da sustentabilidade forte. Na primeira, o capital natural não difere de outras formas de capital, ou seja, podem ser substituídos. Já na segunda, a sustentabilidade forte, essas formas de capital são complementares e uma não pode substituir a outra completamente. De acordo com Elkington, em seu livro, a sustentabilidade fraca deve ser descartada, pois separa o capital natural do capital crítico e renovável. A grande questão é como saber quais formas de capital são afetadas pelas atividades da empresa. Pós-Universo 18 • Dimensão social – nesta dimensão, a noção e capital social não se restringem ao capital humano. Deve-se incluir também a saúde da sociedade e a criação de riquezas. O capital social está relacionado às características de organização social como confiança, normas e sistema, aumentando a eficiência e facilitando as ações coordenadas entre as pessoas. Nesse sentido, por exemplo, a falta de confiança faz com que as pessoas e empresas tenham baixa credibilidade e geralmente paguem juros com taxas mais elevadas quando contraem empréstimos, aumentando seus custos para valer contratos e defender direitos. O capital social está fortemente vinculado à conduta da empresa nas três dimensões da sustentabilidade. Os capitais - intelectual, natural e social - iguais ao capital econômico na forma tangível e intangível, concorrem para a produção de outros bens (aumenta ou diminui) sendo o ideal que estes aumentem para uma gestão ambientalmente responsável. A partir deste modelo, também outros como o dos 3Ps (Profit, People and Planet), lucro, pessoas e planeta representam as três dimensões da sustentabilidade, ou seja, a social, a econômica e a ambiental. Porém a aplicação dos 3Ps é restrita apenas às empresas, dada a sua característica associativa de lucro na dimensão econômica. Há muito ceticismo a respeito dos modelos de sustentabilidade, uma vez que as práticas de gestão convencional não tratam de questões complexas como a inclusão do capital social e natural, e do risco das três linhas (triple bottom line) de resultados líquidos se tornarem uma única linha (single bottom line), sendo necessário, portanto, o desenvolvimento de novos instrumentos de trabalho; da mesma forma os 3Ps correm o risco de centrar-se no econômico, neste caso, no P de profit (lucro). A problemática a respeito da operacionalização dos modelos está em como fazer as três dimensões caminharem em sintonia (BARBIERI; CAJAZEIRAS, 2009). Pós-Universo 19 Figura 3: Comparação entre Companhia A e B Fonte: a autora. Segundo o Global Reporting Initiative–GRI, uma “importante ferramenta no que diz respeito às diretrizes para o acompanhamento do desempenho socioambiental de uma empresa”, de acordo com Alencastro (2012, p. 108), as companhias e organizações relatam suas ações nas dimensões da sustentabilidade, baseadas no modelo Triple Bottom Line (TBL), por várias razões, segundo o GRI (2014, online): a. Para aumentar a compreensão sobre os riscos e oportunidades enfrentados. b. Melhorar a reputação e fidelização de seus clientes pela marca. c. Apoiar seus stakeholders a compreender os impactos da sustentabilidade e seus desempenhos. d. Enfatizar a relação existente entre o desempenho financeiro e não financeiro. e. Influenciar na estratégia e política de gestão dos negócios ao longo prazo. f. Servir como padrão (Benchmarking) e avaliação de desempenho (normas, códigos, ética, iniciativas voluntárias, entre outros). g. Demonstrar como a organização influencia e é influenciada pelas expectativas em relação ao desenvolvimento sustentável. h. Comparar desempenho interno e entre organizações. i. Conformidade com os regulamentos nacionais ou com requisitos referentes à bolsa de valores. Pós-Universo 20 No Quadro 1, apresentamos alguns modelos utilizados pelas organizações como formas de transparência de suas ações de sustentabilidade organizacional e/ou empresarial. Quadro 1: Modelos de Balanço Social Modelo Fonte: ibase.br IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas Em 1997, o sociólogo Herbert de Souza e o Instituto IBASE chama- ram a atenção do empresariado e de toda a sociedade brasileira para a importância e a necessidade da realização do balanço social em um modelo único e simples que contemplasse as três dimen- sões econômica, social e ambiental (indicadores sociais internos, externos e ambientais). Fonte: www.globalreporting.org/ GRI – Global Reporting Initiative Em 1997, foi criado pela (ONG) norte-americana Coalition for Environmentally Responsible Economics (CERES) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP). Produz a mais abrangente Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade do mundo, já em sua quarta geração de relatórios. Fonte: www3.ethos.org.br Instituto ETHOS de Responsabilidade Social As diretrizes do GRI abordam os indicadores da sustentabilidade social, econômica e ambiental. Em setembro de 2013, foram lança- dos os Indicadores Ethos para Negócios Sustentáveis e Responsáveis, com nova arquitetura: 47 indicadores (abrangentes), 36 (ampla), 24 (essencial) e 12 (básicas), envolvendo as dimensões visão e estraté- gia, social, governança e gestão e ambiental. Fonte: www.cebds.org.br CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável Em 1997, foi constituído pela iniciativa privada como integran- te da rede de conselhos vinculada ao World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Menos da metade das empre- sas associadas ao CEBDS realizou os relatórios no padrão GRI, onde, atualmente, 70 grandes grupos empresariais respondem por cerca de 40% do PIB nacional. Fontes: adaptado de Alencastro (2012), Ethos (2014), IBASE (2014), CEBDS (2014), GRI (2014) Pós-Universo 21 Você sabe quais são as ações empresariais consideradas sustentáveis e como mensurá-las? reflita Esse relatório de sustentabilidade produz resultados internos e externos às organizações, permitindo, segundo Alencastro (2012, p.111, grifo nosso): “ Internamente: a sistematização e o reporte de informações, melhorias de desempenho no nível de eficiência de processos, motivação de colaboradores e alinhamento dos objetivos socioambientais com os objetivos globais da empresa. Externamente: possibilitam a prestação de contas (transparência), aos stakeholders, o que pode resultar em satisfação, reconhecimento e projeção da marca e, também, o aumento do contato com os investidores e instituições financeiras. De acordo com a Revista Exame, já em 2012 havia mais de 60 países seguindo as diretrizes do desenvolvimento de relatórios de sustentabilidade estabelecidas pela Global Reporting Initiative (GRI). A conquista de tanta credibilidade se deve à consulta dos acionistas e à busca de consenso entre as empresas, sociedade civil, trabalhadores, economistas, acadêmicos e governos em suas deliberações. Dentro do G250, ou seja, das 250 maiores empresas do mundo, 95% dos membros desenvolvem relatórios de sustentabilidade. No Brasil, 88 das 100 maiores empresas o fazem, e estima-se que 6 mil empresas em todo o mundo o façamtambém. Fonte: Bitarello (2012, online) fatos e dados Pós-Universo 22 O Quadro 2 traz uma comparação entre os indicadores de sustentabilidade. Quadro 2: Comparação entre os indicadores de sustentabilidade Entidade Abrangência Ambiental Econômica Social Saúde e Segurança Qualidade Ecoeficiência 1 Global ReportingInitiative (GRI) * * * * * * Indicadores Ethos * * * * Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) * * * * * Conselho Empresarial Brasileiro para o desen- volvimento Sustentável (CBDS) * * * * * Fonte: adaptado de Alencastro (2012), Vellani e Gomes (2010) e CEBDS (2014, online) Como podemos perceber, caro(a) estudante, os modelos de relatórios de sustentabilidade ou balanço social disponíveis, em sua maioria, contemplam o modelo TBL, ou seja, contemplam as dimensões social, econômica e ambiental. Uma abordagem mais ampla dos modelos contempla qualidade e indicadores de ecoeficiência. O termo Ecoeficiência está relacionado com a prática de produção de bens e serviços de forma mais eficiente, ou seja, produzir reduzindo o consumo de recursos naturais e disposição de poluentes como os gases do Efeito Estufa. A Expressão Ecoeficiência foi criada em 1991 pelo Conselho Empresarial Mundial para Desenvolvimento Sustentável (WBCSD). De acordo com o WBCSD, para ser Eco eficiente deve haver a redução de consumo de recursos, de impacto na natureza e aumento da produtividade ou do valor do produto. Fonte: Barata (2005, online) saiba mais Pós-Universo 23 Um grande conglomerado alimentício localizado no Brasil foi listado, em 2014, pela primeira vez, entre as 100 Empresas Globais Mais Sustentáveis do Mundo, também conhecido como Global 100, considerando o índice de ações de sustentabilidade preeminente do mundo utilizado como referência pelos investidores. A colocação alcançada pelo conglomerado no ranking foi 95ª, justificada pela incorporação de iniciativas para a redução das emissões de toda a sua cadeia de valor e das suas decisões estratégicas, medindo tudo, do impacto ambiental da sua logística até as viagens de negócios de seus funcionários. Além disso, a empresa desenvolveu diversas acões para diminuir o uso de energia e cortar a produção de resíduos bem como uma referência de mais de 20% para a reutilização da água em suas instalações. O conglomerado em questão celebrou o seu 80º aniversário em 2014 e, atualmente, opera com 47 unidades no Brasil e 10 internacionais, e conta com mais de 100 mil funcionários. Os produtos exportados em seus segmentos de carne avícola e alimentos processados estão presentes em cem países, sendo a primeira processadora de alimentos brasileira a ser incluída na lista Global 100. Outras empresas notáveis de alimentos listadas são: Nestlé, Coca- Cola, Unilever, Danone e Campbell Soup Company. Fonte: Caso real adaptado de BRF (2014, online) saiba mais Pós-Universo 24 A partir da Revolução Industrial, com o uso intensivo dos recursos naturais e, por que não dizer, das atividades que os recursos humanos demandaram sobre a base de recursos do planeta, incluem-se: os recursos não renováveis, vários princípios ecológicos deixaram de ser respeitados e a sua expansão tem ultrapassado a capacidade de carga do planeta em algumas áreas. Isso implica em criar condições socioeconômicas, culturais e institucionais o quanto antes, possibilitando a utilização racional dos recursos. Neste sentido, “a consideração da dimensão econômica associada às questões ambientais representa um imperativo”, como afirma Calderoni (2004 apud SEIFFERT, 2011, p. 232). Instrumentos Econômicos de Investimentos Ambientais Sustentáveis Pós-Universo 25 “ Ela é essencial para a formulação de diretrizes de atuação do governo, das empresas e dos cidadãos, bem como para a própria compreensão dos fatos e das relações sociais, culturais e políticas. Como os recursos naturais não são apropriados nas estruturas de produção e de consumo, como também pelo fato de que não serem economicamente valorados, não lhes são atribuídos preços adequados. Assim, o custo ou benefício privado não reflete o custo do bem ambiental nem o benefício econômico. Portanto, para corrigir perdas sofridas no bem-estar da população, reduzindo as externalidades negativas ambientais, o que se procura é a transferência dos custos para seus causadores, pela adoção de instrumentos econômicos a serem incorporados às políticas Para Buckley, Salazar-xirinachs e Henriques (2012, p.208), além de tornar os mercados financeiros mais inclusivos, há a preparação da infraestrutura e serviços financeiros para apoiar os investimentos socialmente sustentáveis – ISR, ou seja, o uso do crédito, por exemplo, “para encorajar ecoeficiência ou investimentos verdes, e o uso do crédito ao consumidor para gerar, paralelamente, aquisição de financiamentos, benefícios às instituições de caridade e outras causas”. Soma-se a isso a administração de taxas, política de impostos, por exemplo. De acordo com Seiffert (2011, p. 232): “ O modelo de crescimento econômico que deu ensejo à expansão da escala de produção foi o fator determinante para a degradação ambiental observada por todo o mundo, o qual foi conduzido a expensas da exploração irracional dos recursos naturais e do próprio trabalhador. Mecanismos que visam reduzir os problemas com exploração da classe trabalhadora foram desenvolvidos ao longo dos anos; contudo, em relação à questão ambiental, muito ainda necessita ser refletido e implementado. Pós-Universo 26 Uma importante iniciativa no terreno de Investimento Socialmente Responsável - ISR é a dos Princípios do Equador, criado em 2003 e relançado pelos signatários em 2006, com a participação de mais de 40 bancos e outras instituições financeiras. Esses princípios se referem a uma estrutura voluntária que cuida dos riscos sociais e ambientais associados a todos os financiamentos com custos acima de US$ 10 bilhões que devem seguir os padrões de desempenho da Corporação Financeira Internacional – IFC, devendo cumprir uma série de políticas e práticas sociais e ambientais. Fonte: Buckley, Salazar-Xirinachs e Henriques (2012) saiba mais A Estrutura de Sustentabilidade da IFC articula o compromisso estratégico da Corporação com o desenvolvimento sustentável e é parte integrante da abordagem da IFC à gestão de risco. Esta estrutura é composta por oito áreas: (1) sistemas de avaliação e gestão social e ambiental, (2) prevenção e redução da poluição, (3) segurança e saúde da comunidade, (4) aquisição de terras e assentamento involuntário, (5) conservação da biodiversidade e gerenciamento sustentável de recursos naturais, (6) povos indígenas, (7) herança cultural e (8) mão de obra e condições de trabalho. Para conhecer mais sobre este assunto, acesse: <http://www.ifc.org/wps/ wcm/connect/dfa5bc804d0829b899f3ddf81ee631cc/PS_Portuguese_2012_ Full-Document.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 02 dez. 2014. saiba mais Torna-se, desta forma, importante que haja maior investimento nos controles ambientais e na conservação da qualidade ambiental, pois são preocupações crescentes trazendo incentivos, com base no mercado, a serem implementados por vários países como forma de promover o crescimento econômico, melhorar a qualidade ambiental, motivar a consciência ecológica quanto aos recicláveis, a eficiência energética e a redução do custo com poluição. Pós-Universo 27 A seguir, são apontados alguns tipos de instrumentos econômicos utilizados como um conjunto de mecanismos que afetam o custo-benefício dos agentes econômicos, transferindo e distribuindo responsabilidades pelo controle ambiental, buscando melhores alternativas de custo-efetividade. De acordo com Seiffert (2011), são apontados os mecanismos de transferência fiscal, a criação de mercados, o protocolo verde e os índices de sustentabilidade na bolsa de valores: 1. Os Mecanismos de Transferência Fiscal: representam as relaçõesde transferências entre os agentes poluidores e a sociedade, servindo para internalizar os custos de poluição advindos do processo produtivo, aproximando os custos ambientais públicos e privados. a. Cobrança de taxas – consiste em cobrar dos poluidores um imposto equivalente aos custos das externalidades, funcionando como uma equalização dos custos sociais e privados. As taxas ambientais podem ser classificadas em três categorias: (1) taxa de produto - essa taxa incide sobre produtos geradores de poluição; (2) taxa de serviço prestado – o usuário paga pelos custos de despoluição e; (3) taxa de emissão – incide diretamente sobre as causas. A Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, institui a taxa de controle e fiscalização ambiental – TCFA, cujo fator gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L10165.htm>. Acesso em: 10 dez. 2014. saiba mais Pós-Universo 28 b. Cobrança de impostos – neste caso, é cobrado um valor de unidade do produto da mesma maneira que a taxa, porém deve ser implantada de modo criterioso, pois poderia ser inviável para determinadas atividades econômicas, trazendo inclusive caos social pela sua atuação extrafiscal. É mensurado pelo valor fiscal adicionado (VFA), critério de distribuição do principal Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS. A instituição do ICMS ecológico se deu em vários estados do Brasil. Nos EUA, foi criado um imposto resultado da Lei Comprehensive Response, Compensation and Liability Act – CERCLA, na qual foram gastos US$ 9,1 bilhões no processo. c. Concessão de subsídios e ajudas financeiras – ao contrário das taxas ambientais, são instrumentos que servem de assistência financeira, importando também em grandes ganhos obtidos por meio das melhorias no gerenciamento e da proteção ambiental. De acordo com Maimom (1996 apud SEIFFERT, 2011), o tipo de ajuda pode ser por meio de (1) subsídios (ajudas não reembolsáveis que estimulam a redução da poluição), (2) pela ajuda fiscal (aplicada às políticas tributárias, reduzindo- se os impostos e taxas na adoção de medidas antipoluidoras), (3) sistema de consignação (aplicação de sobretaxa sobre produtos potencialmente poluidores – PPPs, sendo a poluição evitada pelo retorno destes produtos ou de seus resíduos) e (4) incentivos financeiros por conformidade (por não conformidade calculados pelo montante de ganhos decorrentes do desrespeito pela regulamentação ou por depósitos e boa conduta, quando cumprem as regras). Pós-Universo 29 O Banco Axial de São Paulo administra recursos de investidores e cita o Banco Mundial e o do Governo Suíço como os que estão interessados em aplicar recursos na Preservação da Biodiversidade da América Latina. Seiffert (2011) salienta que os recursos utilizados para a concessão de ajudas financeiras às organizações são originários de impostos pagos pelos contribuintes brasileiros quando oriundos de órgãos públicos de apoio à pesquisa e tecnologia, como a fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (FAPESP), o Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), entre outros. Dentre os Internacionais, destacam- se o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e de agências de fomento, como Japan Internacional Cooperation Agency (JAICA) e a Deutsche Gesellschaft für technische Zusammenarbeit GmbH (GTZ) e os nacionais Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS) e Santander. Fonte: Seiffert (2011) saiba mais d. Eficácia dos mecanismos de transferência fiscal – é muito difícil tecer considerações sobre a efetividade das condicionantes que influenciam a implantação desses mecanismos. Por exemplo, citamos como fatores: complexidade das variáveis utilizadas; o uso dos subsídios apresentando lógica inversa à da taxação ou do imposto; os preços dos produtos tendendo a aumentar, o que, em geral, sai do bolso dos contribuintes; a taxação pode ser alta em relação à elevação da poluição. No Brasil, são exemplos, segundo Maimom (1996 apud SEIFFERT, 2011): a cobrança pelo uso da água em bacias hidrográficas por volume captado e efluente tratado; tarifa de esgoto industrial, baseada no conteúdo de poluentes; compensação financeira pela exploração, na forma de royalties; preço das análises de estudos ambientais e ICMS ecológico. Pós-Universo 30 2. Criação de Mercados: refere aos mercados artificiais, em que os agentes transacionam os produtos, quotas ou licenças que não tinham valor econômico antes da criação do mercado. São classificados em três tipos a seguir (MAIMOM, 1996 apud SEIFFERT, 2011): a. Mercado de reciclados e ecobusiness – os resíduos passam a ter valor econômico, e evoluíram para a perspectiva do ecobusiness em virtude da necessidade da criação de novos processos concebidos a partir da preocupação com o meio ambiente, também chamados de mercados verdes, e podem ser identificados por (1) ecoprodutos, onde os consumidores estão dispostos a pagar por produtos ecologicamente corretos como o papel reciclado, (2) equipamentos utilizados para o controle ambiental pela imposição e regulamentação ou proatividade empresarial, (3) empresas prestadores de serviços como as despoluidoras, empresas de reciclagem, por exemplo, (4) biotecnologia com a melhoria genética e uso de menos agrotóxicos, por exemplo, e (5) bioeconomia, abrindo possibilidades de exploração sustentável da fauna e flora, na área de pesquisa e produção. b. Mercado de licenças negociáveis de poluição – advindo dos direitos de poluir, os agentes econômicos por quotas ou leilão criaram um mercado artificial negociando-as inclusive com outros países. Vale-se dos certificados negociáveis de poluição e da consequente permissão de uso limitado da capacidade assimilativa do mesmo. Tem como base a teoria do direito da propriedade de Coase (1996) que ocorreu por meio de três tipos básicos de licenças negociáveis: (1) bubbles – estabelecido a partir do Protocolo de Kyoto – refere-se a duas fontes estacionárias de poluição que podem se reajustar, compensando o aumento da poluição de uma pela diminuição da outra, (2) offset – são dispositivos que permitem a entrada ou expansão de uma firma em zonas geográficas com interdição de entrada, onde a nova compra o direito de poluir de uma firma existente e, (3) quotas – instrumentos que estabelecem nível máximo de poluição ou produção de bens tóxicos que podem ser comercializados. Pós-Universo 31 A ALCOA (EUA) vendeu por 7,5 milhões seus direitos de poluir o ar para o Ohio Edson, em julho de 1992, cujos direitos haviam sido obtidos pela troca de combustível com teor mais baixo de enxofre, na Usina de Indiana. Fonte: Seiffert (2011) fatos e dados c. Mercado de seguros - a partir da responsabilidade legal pelos danos causados ao ambiente, os agentes econômicos se preveniram utilizando procedimentos securitários. Os passivos ambientais são onerosos para a organização, portanto, o processo de cobertura por seguros culmina na realização de uma criteriosa análise ambiental. Neste sentido, a implantação de um sistema de gestão ambiental como a ISO 14001 ou produção mais limpa reduz significativamente o risco ambiental. 3. Protocolo Verde: criado a partir de documento firmado entre o Governo Federal e diversos grupos de trabalho e instituições objetivando incorporar a variável ambiental na gestão, a concessão de crédito oficial e benefícios fiscais em atividades e empreendimentos que possam vir a prejudicar o meio ambiente. Este documento foi estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e os empreendimentos não podem ter dívidas com o IBAMA, sendo considerados inadimplentespelo Sistema do Banco Central (CADIN), impedidos, inclusive, de participarem de concorrências públicas, ou de qualquer outro tipo de transação com instituições financeiras governamentais. Participam os representantes dos Ministérios do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, do IBAMA, do Banco Central do Brasil, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do Nordeste e Amazônia, e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social. Pós-Universo 32 4. O Índice de Sustentabilidade nas Bolsas de Valores: as empresas que se utilizam desse mecanismo têm o intuito de cuidar dos aspectos sociais e ambientais, incluindo também o contexto de cidadania, e buscam benefícios econômicos e maior durabilidade em longo prazo, principalmente em relação ao risco do investidor. As preocupações com o desempenho econômico de um empreendimento fizeram com que surgissem os indicadores de sustentabilidade. O primeiro deles foi o Índice Dow Jones de Sustainabitlity World Index (DJSI), criado pelo Sustainability Asset Management (SAM) na Suíça, atualmente é a principal ferramenta de escolha de ações de empresas com responsabilidade social empresarial, sendo precursor do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) no Brasil, criado pela Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA). Como podemos perceber, prezado(a) estudante, os fundos de investimento adaptaram-se facilmente à realidade de atender ao investidor ambientalmente ético, sendo criados para isso novos fundos, os chamados Fundos de Investimentos Socialmente Responsáveis (Socially Responsible Investments – SRI). Prezado(a) aluno(a), a preocupação dos investidores com a sustentabilidade é cada vez mais crescente. Os números demonstram que investir em organizações com bons desempenhos socioambientais está associado a um fator menor de risco para as empresas. O mercado de empresas que assumiram a sustentabilidade está aumentando e a busca pela excelência no desempenho ambiental pode representar uma maior lucratividade para os acionistas. Tanto o desenvolvimento dos instrumentos econômicos quanto da gestão socioambiental em busca da sustentabilidade por meio dos indicadores econômicos demonstra que os empreendimentos estão cada vez mais responsáveis pela minimização dos impactos ambientais. Pós-Universo 33 Em 2013, a Carteira de ISE representava 44,81% do valor total de mercado. Em 2014, passou para 47,16%, representando um valor de R$ 1.148.628.128.391,40. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt-br/a-bmfbovespa/ download/Material-ISE.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2014. fatos e dados Atendendo a crescente demanda da transparência, é facultativa às empresas da carteira a publicação do seu questionário respondido. Em cada indicador (geral, natureza do produto, governança corporativa, econômico-financeira, ambiental, social e mudanças climáticas) onde houver o desenho da lupa estão disponíveis as informações da empresa para consulta. Apenas as empresas controladoras (holdings) de um grupo econômico respondem aos três primeiros itens e cada controlada aos demais itens. Disponível em: <http://www.isebvmf.com.br/index.php?r=relatorio&qid= 2014>. Acesso em: 02 dez. 2014. saiba mais atividades de estudo 1. Compreendemos com a pirâmide de Carroll que a partir das responsabilidades econômica, legal, ética e discricionária ou filantrópica a empresa demonstra suas responsabilidades perante a sociedade e seus stakeholders. Considerando as responsabilidades apontadas pelo autor Carroll, leia as afirmações a seguir. I. A responsabilidade econômica não é considerada indispensável, sem ela, as demais responsabilidades acontecem naturalmente. II. A responsabilidade ética representa um compromisso com a sociedade em fazer o que é correto. III. A responsabilidade legal implica em obedecer à lei e agir conforme as regras da sociedade. IV. A responsabilidade discricionária compreende gerar recursos econômico- financeiros para a organização. Assinale a alternativa correta: a) Somente as afirmações I e II estão corretas. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. c) Somente as afirmações III e IV estão corretas. d) Somente as afirmações I e IV estão corretas. e) Somente as afirmações I e III estão corretas. 2. Houve muitos escândalos envolvendo as questões éticas na sociedade capitalista. As demandas éticas cresceram a partir da década de 90 advindas das preocupações dos acionistas em relação às decisões internas dos administradores e de que todas as atividades organizacionais deveriam: a) atuar com ética, o que significa buscar o equilíbrio financeiro levando em consideração somente o lucro. b) praticar o mercado verde, ou seja, aumentar as reservas naturais preservando o meio ambiente. c) ser regidas por princípios éticos corretos perante a sociedade. d) criar vantagens competitivas a partir do uso de indicadores socioambientais. e) nenhuma das alternativas anteriores está correta. atividades de estudo 3. O Global Reporting Initiative – GRI é uma importante ferramenta no que diz respeito às diretrizes para o acompanhamento do desempenho socioambiental de uma empresa. Além dela, outras ferramentas foram apresentadas. Considerando o contexto sobre os relatórios de sustentabilidade e balanço social, leia as afirmações a seguir: I. As companhias e as organizações relatam suas ações nas dimensões da Sustentabilidade, seguindo o padrão do Triple Bottom Line. II. O balanço social ou os relatórios de sustentabilidade servem para identificar, mensurar, prestar contas e divulgar as ações empresariais. III. Os relatórios de sustentabilidade são obrigatórios e devem necessariamente seguir o padrão do GRI. IV. O uso dos relatórios implica em ganhos de capital reputacional ou de imagem para a empresa permitindo ainda uma comparação saudável entre empresas que praticam a responsabilidade social. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I está correta. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. c) Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. d) Somente as afirmações I, II e IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. atividades de estudo 4. O Triple Bottom Line (TBL) é conhecido como a tríplice linha de resultados líquidos, sendo conhecido no mundo todo como um dos modelos de sustentabilidade. Considerando este contexto, leia as afirmações a seguir: I. A ideia do TBL era estabelecer uma relação entre as responsabilidades e os resultados líquidos de cada uma das dimensões. II. As dimensões contempladas pelo TBL são três: social, econômica e ambiental. III. Esse modelo originou o modelo dos 3Ps (Profit, People and Planet). IV. Vários relatórios de sustentabilidade se baseiam no modelo TBL. V. As organizações utilizam o modelo TBL para enfatizar e melhorar sua relação com os stakeholders. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I está correta. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. c) Somente as afirmações II, III e IV estão corretas. d) Somente as afirmações I, II, IV e V estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. atividades de estudo 5. Conforme discorremos, há vários princípios ecológicos que deixaram de ser respeitados ultrapassando a capacidade de carga do planeta em algumas áreas. Isso implica em criar, o quanto antes, condições socioeconômicas, culturais e institucionais possibilitando a utilização racional dos recursos. Considerando o contexto, leia as afirmações a seguir: VI. A dimensão econômica associada às questões ambientais é essencial para a formulação de diretrizes de atuação do governo, das empresas e cidadãos. VII. Os recursos naturais têm fácil mensuração, sendo fácil valorá-los nas estruturas de produção e consumo. VIII. O custo ou benefício privado reflete o custo do bem ambientale do benefício econômico. IX. Para corrigir perdas sofridas no bem-estar da população, reduzem-se as externalidades negativas ambientais a partir da transferência dos custos para seus causadores. Assinale a alternativa correta: a) I e II estão corretas. b) I e III estão corretas. c) I e IV estão corretas. d) I e V estão corretas. e) Nenhuma das anteriores. atividades de estudo 6. Em nosso material didático foram apresentados alguns mecanismos que afetam o custo-benefício dos agentes econômicos, transferindo e distribuindo responsabilidades pelo controle ambiental e buscando melhores alternativas de custo-efetividade. Considerando esses mecanismos ou instrumentos, leia as afirmações a seguir: I. A concessão de subsídios e ajudas financeiras é similar às taxas ambientais, que servem de assistência financeira. II. A criação de mercados artificiais ocorre quando os agentes transacionam os produtos, quotas ou licenças que não tinham valor econômico antes da criação do mercado. III. No mercado de recicláveis e ecobusiness os resíduos passam a ter valor econômico. IV. A cobrança de impostos é um valor de unidade do produto da mesma maneira que a taxa, porém deve ser implantada de modo criterioso, pois poderia ser inviável para determinadas atividades econômicas. V. Os mecanismos de transferência fiscal representam as relações de transferências entre os agentes poluidores e a sociedade, servindo para externalizar os custos de poluição. Assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I está correta. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. c) Somente as afirmações I e III estão corretas. d) Somente as afirmações I, II, IV estão corretas. e) Todas as afirmações estão corretas. resumo Para que seja um investimento socialmente responsável, a empresa precisa ser ética, atuar com responsabilidade social empresarial nas dimensões social, econômica, ética, preocupando com seu capital reputacional. Portanto, para ter uma reputação ilibada, é preciso não cometer deslizes ou escândalos que causem impactos importantes à sociedade atreladas a essas questões. Um investimento socialmente responsável envolve um comportamento e um desempenho que leve em conta o relacionamento com seus stakeholders bem como com a sociedade compreendendo as questões ambientais, sociais, econômicas e éticas. Todos esses fatores juntos podem levar a empresa a uma vantagem competitiva. Para tanto, os balanços sociais ou relatórios de sustentabilidade foram evidenciados a partir do modelo TBL, em que o Balanço Social serve como uma forma de demonstração das ações de sustentabilidade empresarial que visa divulgar as ações econômicas, sociais e ambientais realizadas por uma organização aos seus diferentes usuários, porém não é obrigatório. Um dos modelos mais utilizados até hoje pelos relatórios de sustentabilidade e indicadores sustentáveis é o focado no Triple Bottom Line (TBL), pois contempla as três dimensões empresariais da sustentabilidade econômica, social e ambiental. A partir do modelo TBL, também outros como o dos 3Ps (Profit, People and Planet) - Lucro, Pessoas e Planeta - representam as três dimensões da sustentabilidade, porém este último é restrito apenas às empresas. Os modelos de relatórios de sustentabilidade ou balanço social apresentados foram o modelo IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômica, o modelo do Instituto ETHOS de Responsabilidade Social, o modelo do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, e as diretrizes do GRI – Global Reporting Initiative, que trazem resultados tanto internos quanto externos às organizações. A consideração da dimensão econômica associada às questões ambientais representa um imperativo, sendo necessário tornar os mercados financeiros mais inclusivos, e, para tanto, deve haver uma preparação da infraestrutura e serviços financeiros para apoiar os investimentos socialmente sustentáveis – ISR. Neste sentido, os mecanismos de transferência fiscal (cobrança de taxas e impostos, concessão de subsídios e ajudas financeiras, e a eficácia de mecanismos de transferência fiscal), a criação de mercados (reciclados, ecobusiness, licenças negociáveis de poluição, de seguros), o protocolo verde e os índices de sustentabilidade (ISE e DJSI) na bolsa de valores devem corroborar esses objetivos e os novos fundos de investimento adaptarem-se facilmente à realidade de atender ao investidor ambientalmente ético. leitura complementar Como medir a ecoeficiência empresarial? Pela contabilidade da Gestão Ambiental, a medição teorizada pela World Business Council for Sustainable Development WBCSD em 2000 referente à fórmula da ecoeficiência não compreende uma maneira simplista e cartesiana, de dois valores, cuja medição significa identificar a função das atividades ambientais. Em síntese, a fórmula amplia a visão do que significa a ecoeficiência. Vejamos, portanto, a fórmula teorizada da WBCSD (2000 apud VELLANI; RIBEIRO, 2010). Ecoeficiência = valor adicionado/impacto ambiental O valor adicionado é representado pelo montante de vendas durante um período, deduzido do valor total de recursos necessários para a produção da receita, já o impacto ambiental é expresso em valores físicos (consumo ou emissão) ou monetários (custo de compliance ou do valor do custo de adequação legal ou contratual). Há investimentos ambientais internos e externos. Foi realizado um estudo de forma que 30 empresas foram avaliadas durante 10 anos, de 2000 a 2009, com 40 cálculos de ecoeficiência e levantado os seguintes questionamentos com base nos dados coletados. Suponha que uma empresa gere R$ 100 de valor adicionado, cause impacto no ecossistema e não invista em atividades para reduzir o impacto no meio ambiente, o resultado seria R$ 1,00 (R$ 100/0 = 1). Já outra que apresente também R$ 100 de valor adicionado, cause impacto ao meio ambiente e invista R$ 100 em atividades ambientais, o resultado também seria R$ 1,00 (R$100/R$100= 1,00). Será que as duas empresas estariam no mesmo nível de ecoeficiência? Além do problema teórico, vejamos o prático. Comparabilidade comprometida com a falta de clareza ao se comparar índices na interpretação dos resultados. Por exemplo: uma usina apresentou índice de 3.422,12, em 2002; em 2003, 1.808, por exemplo; e em 2004, cai para 274,45. Será que ela ficou menos eficiente, passou a investir mais em atividades internas ou reduziu o valor adicionado? O mesmo acontece na comparação entre uma empresa e outra. leitura complementar Último exemplo: uma empresa apresenta valor adicionado igual a R$ 1.000 e investimento interno em meio ambiente, referente a pagamento de multas, igual a R$ 50. A ecoeficiência pela fórmula ficaria igual a 1.000/50 = 20. Em um outro período, imagina-se que a empresa passa a gastar R$ 50 para tratar o resíduo que causava multas. Agora a ecoeficiência continuaria equivocada. R$ 1.000/50= 20. Mas, na verdade, houve algum aumento da ecoeficiência ao reduzir a poluição com o tratamento dos resíduos e ganho econômico ao deixar de pagar multas. Como se percebe, a fórmula em si não consegue captar aumentos da ecoeficiência empresarial. Conclusão: o conceito é muito útil para refletir sobre ecoeficiência, porém se faz necessária uma visão mais ampla do que a simples visão reducionista de valores ou índices. Na visão dos autores, a fórmula proposta pela WBCSD (2000) não se mostra adequada para medir e gerenciar a ecoeficiência empresarial. Sustentabilidade empresarial significa integrar os três desempenhos necessários para as empresas se manterem, e a integração de dois deles, o econômico e o ecológico, chama-se ecoeficiência, valorizando a empresa. Desta forma, a contabilidade de gestão ambiental pode ser um instrumento para gerenciar, aumentar e divulgar a ecoeficiencia empresarial. Fonte: Vellani e Gomes (2010, online) material complementarBalanço Social e o Relatório de Sustentabilidade Autor: João Eduardo Prudêncio Tinoco Sinopse: trata-se de um livro que tem por objetivo ser equitativo e divulgar informação que satisfaça à necessidade dos usuários. O livro explicita que a sustentabilidade possui vários olhares. Um desses olhares é aqui comentado a partir da Contabilidade e da Gestão Socioambiental. Insere-se no âmbito do conceito da Accountability, mostrando como a Contabilidade pode e deve em muito enriquecer a informação que reporta aos seus mais diferenciados usuários, seus parceiros sociais. Envolve a elaboração, o desenvolvimento e sua divulgação de forma inovadora em cinco vertentes: o Balanço Social em sentido restrito, que trata do balanço das pessoas; a Demonstração do Valor Adicionado, que evidencia a riqueza nova gerada pelas entidades e sua distribuição aos seus beneficiários; a Inserção Ambiental, a Responsabilidade Social e as Atividades que as empresas, corporações e governos exercem na produção, na distribuição e na gestão de produtos e serviços para o atendimento das necessidades cidadãs. Na Web Instrumentos Econômicos de proteção ao meio ambiente: reflexões sobre a tributação e os pagamentos por serviços ambientais Carolina Vieira Ribeiro de Assis Bastos Sinopse: este artigo tem por objetivo refletir sobre os instrumentos econômicos para a proteção do meio ambiente, apresentando dois instrumentos, a tributação ambiental e os pagamentos por serviços ambientais, analisando seus fundamentos e tecendo uma crítica sobre os mesmos. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/iuris/article/view/4122/3525>. Acesso em: 08 abr. 2015. material complementar The Burning Season Ano: 1994 Sinopse: a trama envolve empresários que olhavam a Amazônia enxergando dinheiro e oportunidade de ganhos financeiros à custa da degradação ambiental. Os fazendeiros tinham de fazer seus investimentos darem lucros, daí a intenção de construírem uma rodovia cortando a floresta Amazônica em direção ao Oceano Pacífico. Nada poderia impedi-los de realizar seus objetivos, a não ser Chico Mendes em sua trajetória em defesa do desenvolvimento sustentável. Essa estória aborda a questão de empréstimos e investimentos internacionais em empreendimentos causadores de impactos ambientais. O combate ao desmatamento da floresta para abertura daquela rodovia, no Estado do Acre, que vivia a exploração das seringueiras veicula em jornais do mundo todo noticiando o conflito sobre o desmatamento. Autoridades, políticos e empresários procuram Chico Mendes para negociar em face das pressões da mídia internacional. Com sua morte e intensa repercussão, é criada a reserva federal e suspenso o desmatamento da Amazônia. Comentário: este é um filme que retrata o movimento que ocorre entre o ambientalista e o capitalista, envolvendo também um olhar estrangeiro sobre a Amazônia, principalmente porque é todo em Inglês ou Espanhol e não houve nenhuma relação da produção com o Brasil, exceto pela presença da Atriz Sônia Braga, conhecida pela maioria dos brasileiros, mas que vive há muitos anos fora do país. referências ALENCASTRO, Mario Sérgio Cunha. Empresas, ambiente sustentável e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2012. ____. Ética empresarial na prática: liderança, gestão e responsabilidade corporativa. Curitiba: Ibpex, 2010. ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de; WHITAKER, Maria do Carmo; RAMOS, José Maria Rodrigues. Fundamentos de ética empresarial e econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. BARATA. Marta Macedo de Lima. Importância dos Indicadores de Ecoeficiência para o Transporte de Gás Natural. 2005. Disponível em: <http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/ vi_en/artigos/mesa3/gas_natural.pdf>. Acesso em: 05 fev. 2015. BARBIERI, José Carlos; CAJAZEIRA, Jorge Emanuel Reis. Responsabilidade social empresarial e empresa sustentável: da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2009. BERNS, Maurice et al. The Businnes of Sustainability: what it means to managers now. MIT sloan management review, Fall, 2009. Disponível em: <http://www.monitorpro.si/media/objave/ dokumenti/2010/4/20/sas___the_business_of_sustainability.pdf>. Acesso em: 08 ago. 2014. BITARELLO, Maria. Qual é a importância dos relatórios de sustentabilidade? Revista Exame, online. 2012. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/qual- e-a-importancia-dos-relatorios-de-sustentabilidade>. Acesso em: 02 dez. 2014. BMF&BOVESPA. ISE. Disponível em: <www.bmfbovespa.com.br>. Acesso em: 08 ago. 2014. BRF chega à lista ‘Global 100’ de sustentabilidade. Avicultura Industrial. 2014. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/noticia/brf-chega-a-lista-global-100-de-sustentabilida de/20141003084923_Q_811>. Acesso em: 18 dez. 2014. BUCKLEY, Graeme; SALAZAR-XIRINACHS, José Manuel; HENRIQUES, Michael. Ilka Maria de Oliveira Santi e Pedro Barros (Trad). A promoção de empresas sustentáveis. Curitiba: Intersaberes, 2012. CAETANO, Gilberto. Terceiro setor – as tendências em ambiente globalizado: responsabilidade social e parcerias sociais. In: CAVALCANTI, Marly (Org.) Gestão social, estratégias e parcerias: redescobrindo a essência da administração brasileira de comunidades para o terceiro setor. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 101-137. referências CORPORAÇÃO FINANCEIRA INTERNACIONAL - IFC. Grupo Banco Mundial. Padrões de desempenho sobre sustentabilidade socioambiental. 1 jan. 2012. Disponível em:<http://www.ifc.org/wps/ wcm/connect/dfa5bc804d0829b899f3ddf81ee631cc/PS_Portuguese_2012_Full-Document. pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 14 set. 2014. DOW Jones Indexes. Disponível em: <http://www.djindexes.com/>. Acesso em: 08 ago. 2014. ETHOS, Instituto. Glossário. Disponível em: <http://www3.ethos.org.br/wp-content/ uploads/2013/09/Gloss%C3%A1rio-Indicadores-Ethos-V2013-09-022.pdf>. Acesso em: 24 out. 2014. GLOBAL Reporting Initiative. Disponível em: <https://www.globalreporting.org/Pages/default. aspx>. Acesso em: 08 ago. 2014. ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL - ISE. Disponível em: http://www.bmfbovespa.com. br/indices/ResumoIndice.aspx?Indice=ISE&idioma=pt-br. Acesso em ago 2014. MATOS, Francisco Gomes. Ética na gestão empresarial. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. MAZZAROTTO, Angelo Augusto Vale de Sá; BERTÉ, Rodrigo. Gestão Ambiental no Mercado Empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2013. PASSOS, Elizete. Ética nas organizações. São Paulo: Atlas, 2006. VELLANI, Cássio Luiz; GOMES, Carla Cristina M. Pereira. Como medir ecoeficiência empresarial? In: SEMEAD – Seminários em Administração, 13, set. 2010. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/ vgbarros/como-medir-ecoeficiencia-empresarial>. Acesso em: 02 dez. 2014. resolução de exercícios 1. b) Somente as afirmações II e III estão corretas. 2. c) ser regidas por princípios éticos corretos perante a sociedade. 3. d) Somente as afirmações I, II e IV estão corretas. 4. e) Todas as afirmações estão corretas. 5. c) I e IV estão corretas. 6. c) Somente as afirmações I e III estão corretas. Investimentos Social e Ambientalmente Responsáveis
Compartilhar