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ACESSO E ACOLHIMENTO A SAUDE DO HOMEM

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Sabrina Blasius Faust
Deise Warmling
Sheila Rubia Lindner
Elza Berger Salema Coelho
Acesso e acolhimento
na atenção à saúde
do homem
UFSC
2018
Sabrina Blasius Faust
Deise Warmling
Sheila Rubia Lindner
Elza Berger Salema Coelho
Acesso e acolhimento
na atenção à saúde
do homem
Florianópolis
UFSC
2018
Catalogação elaborada na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária responsável: 
Rosiane Maria CRB 14/1544
A174 
 Acesso e acolhimento na atenção à saúde do homem [recurso eletrô 
 nico] / Sabrina Blasius Faust... [et al.]. -- Florianópolis : Universidade Federal de 
 Santa Catarina, 2018.
 66 p. 
 Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br
 Conteúdo do módulo: Humanização e acesso: garantindo o direito à 
saúde. – O acolhimento dos homens na atenção básica. – A integralidade na 
atenção à saúde do homem
 ISBN: 978-85-8267-138-2 
 1. Atenção básica em saúde. 2. Saúde do homem. 3. Acolhimento. 
I. UFSC. II. Curso de Saúde do Homem. III. Faust, Sabrina Blasius. IV. Warmling, 
Deise. V. Lindner, Sheila Rubia. VI. Coelho, Elza Berger Salema. VII. Título. 
CDU: 364-7
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 5 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Créditos
GOVERNO FEDERAL
Presidente da República
Ministro da Saúde
Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação
na Saúde (SGTES)
Diretora do Departamento de Gestão da Educação
na Saúde (DEGES)
Coordenador Geral de Ações Estratégicas em
Educação na Saúde
Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor 
Ubaldo Cesar Balthazar 
Vice-Reitora 
Alacoque Lorenzini Erdmann 
 
Pró-Reitor de Pós-graduação 
Hugo Moreira Soares 
Pró-Reitor de Pesquisa 
Sebastião Roberto Soares
Pró-Reitor de Extensão 
Rogério Cid Bastos
 6  6  6 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Diretor 
Celso Spada 
Vice-Diretor 
Fabrício de Souza Neves
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA
Chefe do Departamento 
Fabrício Augusto Menegon 
Subchefe do Departamento 
Maria Cristina Marino Calvo
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
Coordenador 
Francisco Norberto Moreira da Silva 
Coordenadora - substituta 
Renata Gomes Soares 
ASSESSORES TÉCNICOS
Juliano Mattos Rodrigues
Michelle Leite da Silva 
Kátia Maria Barreto Souto 
Caroline Ludmilla Bezerra Guerra 
Cícero Ayrton Brito Sampaio
Patrícia Santana Santos 
Thiago Monteiro Pithon
 
Créditos
GRUPO GESTOR
Coordenadora do Projeto 
Sheila Rubia Lindner 
Coordenadora do Curso 
Elza Berger Salema Coelho
Coordenadora de Ensino 
Deise Warmling
Coordenadora Executiva 
Gisélida Garcia da Silva Vieira
Coordenadora de Tutoria 
Carolina Carvalho Bolsoni 
AUTORIA DO CURSO
Sabrina Blasius Faust
Deise Warmling
Sheila Rubia Lindner
Elza Berger Salema Coelho
REVISÃO DE CONTEÚDO
Revisor Interno:
Antonio Fernando Boing
Revisores Externos:
Helen Barbosa dos Santos
Igor Claber
 7 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Créditos
ASSESSORIA PEDAGÓGICA
Márcia Regina Luz
ASSESSORIA DE MÍDIAS
Marcelo Capillé
DESIGN INSTRUCIONAL
Soraya Falqueiro
IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO
Pedro Paulo Delpino
ESQUEMÁTICOS
Tarik Assis Pinto
DIAGRAMAÇÃO
Laura Martins Rodrigues
AJUSTES E FINALIZAÇÃO
Adriano Schmidt Reibnitz
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA E ABNT
Eduard Marquardt
PRODUÇÃO DE MATERIAL ONLINE
Dalvan Antônio de Campos
Naiane Cristina Salvi
Cristiana Pinho Tavares de Abreu
Thiago Ângelo Gelaim
Rodrigo Rodrigues Pires de Mello
PRODUÇÃO TÉCNICA DE MATERIAL:
Ana Lúcia Nogueira Cobra
 8  8  8 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 9  9  9 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Este curso traz conteúdos importantes para você compreender a relação dos homens com 
o serviço de saúde, destacando a importância de promover estratégias para um atendi-
mento integral, bem como a relevância das ações preventivas e de promoção de saúde, 
transcendendo o atendimento agudo e pontual. Para tanto, apresentamos alguns desafios 
a serem superados e estratégias para o acesso e acolhimento, no sentido de auxiliar você, 
profissional da saúde, a qualificar suas práticas, com vistas à atenção integral à saúde do 
homem no âmbito da atenção básica.
Compreendendo a saúde enquanto um direito do cidadão, devemos atuar junto aos serviços 
da área a fim de garantir o atendimento de qualidade, dentro dos princípios e diretrizes do 
Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, é preciso repensar as práticas de saúde com base 
na lógica da humanização, considerar a dinamicidade dos processos de cuidado e a partici-
pação ativa dos sujeitos, além de promover diálogos entre usuários e profissionais a fim de 
construir projetos coletivos. 
Para o acolhimento do homem nos serviços de saúde, é necessário considerar as barreiras 
sócio-culturais e institucionais, como também as possibilidades de organização dos serviços 
de saúde e, dentro desse contexto, alcançar um atendimento qualificado na atenção básica.
Nesta etapa, vamos discutir, inclusive, a relevância do acesso e a reorganização dos serviços 
para aproximar o homem do serviço de saúde. Para que isso ocorra, os profissionais têm pa-
pel fundamental, proporcionando uma escuta qualificada, atendendo de maneira resolutiva e 
realizando os encaminhamentos necessários, de forma articulada com a rede.
Apresentação do curso
 10  10  10 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Apresentação do curso
Existem desafios a serem enfrentados para o acesso dos homens aos serviços de saúde, e 
discutiremos três dimensões principais: relativos ao homem-usuário, aos profissionais da 
equipe e à estrutura e organização dos serviços. Apesar dos desafios, também encontramos 
potencialidades nas práticas de saúde, e a partir destas pode haver a transformação das 
práticas cotidianas.
Esperamos que você se aproxime deste debate, reflita e busque possibilidades para transfor-
mar as práticas de saúde em seu território, junto à sua equipe, no âmbito da atenção básica.
 11  11  11 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Este curso busca refletir sobre as estraté-
gias de ações de acesso e do acolhimento 
das populações masculinas, sob a ótica da 
humanização e da integralidade. 
Objetivos de aprendizagem para este 
curso
Ao final deste curso, você será capaz de 
identificar estratégias de acesso e acolhi-
mento para a população masculina, pro-
veniente da demanda espontânea ou pro-
gramada, nas diferentes especificidades 
de gênero, com vistas à consolidação da 
PNAISH.
Carga horária de estudo
30 horas
Objetivos de aprendizagem e carga horária
 12  12  12 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 13  13  13 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Unidade 1
Humanização e acesso: garantindo o direito à saúde 14
1.1 A humanização do cuidado 18
1.2 O acesso e a qualidade na atenção aos usuários 21
1.3 A importância do papel da equipe de saúde na garantia 
 do acesso e atendimento humanizado 26
1.4 Recomendação de leituras complementares 29
Unidade 2
O acolhimento dos homens na atenção básica 30
2.1 O cuidado em saúde na população masculina 32
2.2 O acolhimento na saúde do homem 36
2.3 Dispositivos do acolhimento e estratégias de aproximação 
 do homem ao cuidado em saúde 38
2.4 Recomendação de leituras complementares 41
Unidade 3
A integralidade na atenção à saúde do homem 42
3.1 A integralidade no acesso e acolhimento 44
3.2 O agir em rede para a integralidade na assistência 50
3.3	 Desafios	e	possibilidades	para	a	atenção	integral	à	saúde	do	homem	 54
3.4 Recomendação de leituras complementares 58
Resumo do curso 59
Referências 61
Sobre os autores 65
SumárioUN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
 15  15  15 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 16  16  16 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 16  16 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
Em âmbito internacional, a discussão sobre 
os direitos sociais, e em especial sobre o 
direito à saúde, iniciou em 1948 com a De-
claração Universal dos Direitos Humanos. 
Este documento reitera que todo homem e 
sua família têm direito à saúde e bem es-
tar, incluindo nesta perspectiva o acesso a 
alimentos, vestuário, habitação, cuidados 
médicos, direito à segurança em caso de 
desemprego, doença, invalidez, viuvez, ve-
lhice ou outros casos de perda dos meios 
de subsistência em circunstâncias fora de 
seu controle (ONU, 1948).
No Brasil, a Constituição de 1988 foi a pri-
meira a conferir a devida importância à 
saúde, tratando-a como direito social fun-
damental, cujo texto apresenta dispositivos 
que tratam expressamente da saúde. O arti-
go 196 da Constituição retrata este direito, e 
dispõe que:
þþ A saúde é direito de todos e dever do 
Estado, garantido mediante políti-
cas sociais e econômicas que visem 
à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso univer-
sal e igualitário às ações e serviços 
para a promoção, proteção e recu-
peração (BRASIL, 1988).
Desta forma, a saúde passou a ser um direito 
público, que subsidia a formulação e imple-
mentação de políticas sociais e econômicas 
que visem garantir aos cidadãos o acesso 
universal e igualitário à assistência à saúde.
Importante! Diante deste cenário, é fundamen-
tal a compreensão de que a saúde é um direito 
e deve assegurar uma atenção integral, huma-
nizada, de qualidade e dentro dos princípios e 
diretrizes preconizados pelo Sistema Único de 
Saúde (SUS).

Para a consolidação do direito à saúde, a 
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) 
 17  17  17 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 17  17 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
surgiu como resultado de experiências vi-
venciadas por vários atores, como os usuá-
rios, os gestores, os movimentos sociais, 
você, profissional de saúde, e outros traba-
lhadores da área, a fim de consolidar e for-
talecer o SUS.
Alinhada à PNAB, que é a porta de entra-
da ao SUS, o Ministério da Saúde publicou 
a Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde do Homem (PNAISH), que apresenta 
estratégias de humanização em saúde, em 
consonância com os princípios do SUS, pro-
movendo ações a partir da compreensão da 
singularidade masculina nos diversos con-
textos socioculturais e político-econômicos, 
com vistas à redução de morbimortalidade 
por causas evitáveis e o consequente au-
mento da expectativa de vida. A Estratégia 
de Saúde da Família (ESF) tem privilégio 
neste desafio do SUS, podendo evitar a seg-
mentação dos serviços a partir do trabalho 
em equipe e do planejamento de atendimen-
tos e ações, fortalecendo serviços em rede 
e cuidados da saúde.
Ocorre uma invisibilidade dos homens nos 
serviços de atenção básica, e para propiciar 
que os homens acessem a rede de atenção 
à saúde do SUS é necessário que se enten-
da os caminhos na busca pelo cuidado em 
saúde pela população masculina ao invés 
de culpabilizar os homens pela alta incidên-
cia de agravos em saúde que geram inter-
nações e mortalidade precoce em compara-
ção às mulheres (SANTOS, 2013).
Não apenas a garantia de acesso é neces-
sária, mas sim viabilizarmos estratégias 
para que os homens referenciem estes ser-
viços em suas demandas de saúde. No Bra-
sil, sabemos que antes da emergência do 
SUS, somente trabalhadores de carteira de 
trabalho assinada tinham garantidos cer-
tos direitos de acesso à saúde (CARRARA, 
2005).
Na esfera do Programa de Saúde da Famí-
lia uma das questões discutidas é a predo-
minância de mulheres e crianças entre os 
frequentadores dos serviços de atenção 
básica. Os homens procuram os serviços 
como idosos e não como categoria sexual, 
tendência esta alimentada pelo imaginário 
social e pela organização dos serviços de 
atenção primária, que historicamente privi-
legiaram a saúde materno-infantil. A maior 
resistência dos homens em buscar os ser-
viços de saúde, principalmente na aten-
ção básica, relaciona-se também à crença 
de que a prevenção e o autocuidado estão 
relacionadas à fragilidade, ao contrário da 
exposição a situações de risco e invulnera-
bilidade a que está relacionada uma visão 
hegemônica de masculinidade (CARNEIRO, 
et al. 2016). Contudo as maiores vítimas de 
mortalidade são homens, negros de 14 a 24 
anos, e a produção de cuidado ainda se dá 
na posição materno-infantil (SARTI, 2005).
 18  18  18 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 18  18 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
Portanto, é preciso que a saúde, sob essa 
perspectiva de direito, seja uma prática ro-
tineira em nossos serviços. Por isso, propo-
mos repensar as práticas com base na lógi-
ca da humanização. 
Nesta primeira unidade abordaremos a 
humanização como estratégia transfor-
madora de práticas e sujeitos, e o acesso 
como forma de assegurar o direito à saú-
de. Acompanhe!
1.1 A humanização do cuidado
Na trajetória de construção e efetivação do 
SUS, sabemos que muitos obstáculos fo-
ram vencidos e muitos direitos foram con-
quistados, com destaque para a implanta-
ção de políticas, o avanço na discussão de 
saúde integral e o atendimento humaniza-
do. No contexto deste curso, vale destacar 
a implantação da PNAB, a Política Nacional 
de Humanização (PNH) e a PNAISH. 
Todas essas políticas foram criadas com 
a finalidade de efetivar os princípios do 
SUS no cotidiano das práticas de saúde. 
A PHN surgiu como uma política trans-
versal ao SUS e atravessa e problematiza 
diferentes ações do sistema, como a dis-
cussão da PNAB, da PNAISH e de outras 
políticas, buscando construir trocas so-
lidárias e comprometidas com a produ-
ção de saúde, traduzindo os princípios do 
SUS em modos de operar dos diferentes 
equipamentos e sujeitos da rede de saúde 
(BRASIL, 2013).
Mas o que seria essa humanização da saú-
de, considerando que todos somos huma-
nos? Para a PNH, a humanização é enten-
dida como a inclusão das diferenças nos 
processos de gestão e cuidado, que impac-
tam em mudanças práticas. Mas estas não 
se constroem a partir de uma pessoa ou de 
um grupo isolado; devem ser efetivadas de 
maneira coletiva e compartilhada. 
E como você, profissional de saúde pode pro-
mover a inclusão das diferenças?
Dentre as alternativas está a realização de 
rodas de conversa, a atuação em rede e 
junto aos movimentos sociais, e a gestão 
dos conflitos existentes nos serviços. A 
participação dos trabalhadores na gestão 
é fundamental para que eles sejam ativos 
nas mudanças dos seus processos de tra-
balho. A inclusão dos usuários e suas re-
des sociofamiliares também é um recurso 
importante, uma vez que amplia a corres-
ponsabilização do autocuidado (BRASIL, 
2013). 
Humanizar significa ir além de uma boa 
educação ou colocar-se no lugar do outro, 
humanizar é respeitar os sujeitos, sua auto-
nomia, garantir saúde e acesso à informa-
ção, ao serviço.
 19  19  19 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 19  19 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
A PNH, com base nas experiências exitosas 
de humanização, afirma que há um “SUS que 
dá certo”. E, a partir dele, formulam-se prin-
cípios que operam de acordo com diretrizes 
norteadoras para suas ações, permitindo o 
surgimento de arranjos e dispositivos capa-zes de induzir redes cooperativas, a fim de 
superar o caráter centralizado, fragmentado 
e verticalizado dos processos de gestão e 
atenção.
Os princípios da PNH (BRASIL, 2013) são 
o que sustenta e dispara um determinado 
movimento na perspectiva de política pú-
blica. São eles:
• Transversalidade – a PNH é uma política 
transversal à medida que deve estar in-
serida em todas as políticas e programas 
do SUS. Indica a ampliação do grau de 
comunicação entre sujeitos e serviços, 
visando à transformação nas relações 
de trabalho e a alteração das relações de 
poder hierarquizadas entre profissional e 
usuário. 
• Indissociabilidade entre atenção e ges-
tão – afirma que há uma relação inse-
parável entre modos de cuidar (prestar 
serviços), gerir e se apropriar do traba-
lho. É importante que os trabalhadores 
e usuários conheçam as formas de ges-
tão e redes de atenção à saúde, sabendo 
como participar dos processos de toma-
da de decisão. Entretanto, a responsa-
bilidade pelo cuidado é compartilhada 
entre a equipe de saúde e o usuário, que 
também deve assumir uma postura pro-
tagonista. 
• Protagonismo, corresponsabilidade e 
autonomia dos sujeitos e coletivos – as 
mudanças que consideram a autonomia 
e vontade das pessoas tornam-se mais 
concretas, pois acontecem com o reco-
nhecimento da importância do papel de 
usuários e trabalhadores de forma con-
junta. 
As diretrizes da PNH são as orientações 
clínicas, éticas e políticas, que podem ser 
melhor entendidas a partir de alguns con-
ceitos norteadores e suas formas de exe-
cução, conforme o quadro a seguir.
Fonte: Fotolia
Figura 1 - Humanização da assistência à saúde
 20  20  20 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 20  20 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
Quadro 1 - Diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH): conceitos e formas de se colocar em prática.
Diretriz O que é? Como você pode colocar em prática?
Acolhimento
É o reconhecimento do que o outro traz como legítima ne-
cessidade de saúde. Sustenta-se na relação entre equipe 
e usuário, visando à construção de relações de confiança, 
compromisso e vínculo.
Por meio de uma escuta qualificada, que possibilite ao usuário expor suas demandas em saúde, 
garantindo o acesso oportuno às tecnologias necessárias e tornando efetivas as práticas de 
cuidado.
Gestão 
participativa 
e cogestão
É a inclusão de novos sujeitos nos processos de decisão 
referentes à gestão.
Alguns grupos de trabalho, tais como colegiados gestores, mesas de negociação, contratos in-
ternos de gestão, Câmara Técnica de Humanização (CTH), Grupo de Trabalho de Humanização 
(GTH), Gerência de Porta Aberta (GPA) são possibilidades de efetivação da cogestão na saúde.
Ambiência
Consiste na viabilização de espaços saudáveis, acolhedo-
res, que propiciem mudanças no processo de trabalho e 
encontros entre as pessoas.
A ambiência pode se efetivar a partir da decisão compartilhada da organização dos espaços físi-
cos, de acordo com as necessidades de ambos, usuários e trabalhadores. Por exemplo, garantir 
que tenha uma cadeira para o homem no consultório de forma a facilitar a inclusão deste nas 
consultas e colocar cartazes que inclua os homens.
Clínica ampliada
É uma ferramenta que permite a compreensão da singu-
laridade do sujeito, da complexidade do processo saúde-
doença e a superação da fragmentação do conhecimento.
Uma forma de colocá-la em prática é a partir da qualificação do dialogo entre profissionais e 
profissional-usuário, o que desencadeia decisões compartilhadas.
Valorização do 
trabalhador
Consiste no reconhecimento da experiência dos profissio-
nais e sua inclusão nos processos de tomada de decisão.
Buscar espaços de diálogo, para reflexão e análise do que causa sofrimento e adoecimento, bem 
como do que fortalece o grupo de trabalhadores, qualificando as formas de agir no serviço de 
saúde. Também é relevante a participação dos tr’abalhadores nos espaços coletivos de gestão.
Defesa dos 
direitos dos 
usuários
O direito à saúde é garantido por lei, e os serviços de saúde 
têm o papel de informar os usuários sobre isso e assegurar 
que os direitos sejam efetivados.
Assegurar o direito do cidadão de acesso à saúde; mantê-lo informado sobre seu estado de 
saúde e tomar decisões compartilhadas sobre as intervenções necessárias para o seu cuidado.
Fonte: Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2013).
 21  21  21 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 21  21 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
A articulação entre os princípios, as diretrizes 
e os dispositivos da PNH sustenta o que se 
caracteriza como intervenções para transfor-
mação dos processos de trabalho e práticas 
de saúde. Desse modo, constrói-se a perspec-
tiva de uma rede de produção de saúde em 
conexão, na qual sujeitos e pontos de atenção 
se interligam. Esta é uma tarefa de reinven-
ção, que se faz com um trabalho constante de 
produção de outros modos de vida, de novas 
práticas de saúde, de outros modos de cuidar, 
sendo imprescindível a atuação e inovação 
dos profissionais da saúde sob três grandes 
dimensões: atenção, gestão e controle social.
Temos na PNH um método que encontra 
seus caminhos por meio dos seus partici-
pantes, isto é, uma metodologia inclusiva e 
participativa dentro da capacidade e possibi-
lidade daqueles que pensam, planejam e exe-
cutam suas ações. Para a inclusão de sujei-
tos, é necessário que o processo de trabalho 
se aprimore, que haja planejamento de ações, 
considerando que as estratégias podem fun-
cionar ou não e que irão funcionar à medida 
que a equipe der conta de incluir e lidar com 
os fatores que intervêm nas ações. Desta 
forma, você percebe que o planejamento faz 
sentido quando ele é discutido e incluído no 
processo de trabalho da sua equipe. 
A produção da saúde é um processo em rede 
que envolve sujeitos, processos de trabalho 
e ainda diferentes saberes e poderes. A for-
ma como agimos em nosso trabalho cotidia-
no pode contribuir ou não para uma transfor-
mação social. É na tentativa de superação 
da separação entre o usuário e profissional, 
e pela construção de uma relação mais ho-
rizontal que estamos propondo reflexões so-
bre a humanização do cuidado.
1.2 O acesso e a qualidade na 
atenção aos usuários
Para que se possa intervir na situação de 
saúde da população, o acesso e o acolhi-
mento são dimensões essenciais do atendi-
mento. O processo de saúde e doença é uma 
constante na vida de todo cidadão, já que 
sempre haverá necessidade de procura pelo 
serviço de saúde. O modo como o usuário é 
recebido e a oferta de atenção no ambien-
te da instituição de saúde, considerando os 
aspectos de estrutura, acolhimento, as in-
formações repassadas e a rede de atenção 
construída a partir do encontro, todos são 
elementos que favorecem a reorganização 
da assistência e qualificam o atendimento.
Inicialmente, é importante trazer a definição 
de acesso, que é: o alcance do uso adequa-
do dos serviços para o atendimento das 
demandas dos usuários. Ou seja, é a forma 
com que a pessoa experimenta o serviço de 
saúde ao procurá-lo (SOUZA, 2008).
Também é importante destacar que acesso 
difere de acessibilidade, visto que a segun-
 22  22  22 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 22  22 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
da se caracteriza pela possibilidade de as 
pessoas chegarem aos serviços de saúde, 
mais relacionada à existência ou não de 
unidades de saúde no local e ao transporte 
adequado para tal. Desta forma, acesso e 
acessibilidade são conceitos que devem ser 
abordados de forma complementar (STAR-
FIELD, 2004).
Existem diferenças nos acesso aos ser-
viçosde saúde entre homens e mulheres, 
sendo que as mulheres geralmente pos-
suem uma vasta oportunidade de acesso 
à atenção básica (AB) para prevenção, pro-
curando o serviço para realização de exa-
mes de rotina. Desta forma, a AB pode ser 
considerada como porta de entrada ao ser-
viço de saúde para elas. Já o homem, na 
grande maioria das vezes, procura o servi-
ço de saúde quando está com algum caso 
de dor ou doença aguda; logo, sua porta de 
entrada, na maioria das vezes, é a atenção 
secundária ou terciária.
Importante! Pesquisadores anseiam que para 
uma adequada adesão da população masculi-
na, com idade entre 20 e 59 anos, esta deveria 
acessar os serviços de saúde da atenção bási-
ca ao menos uma vez por ano (LEAL, FIGUEI-
REDO, NOGUEIRA-DA-SILVA, 2012). 

Você e sua equipe já refletiram sobre a pro-
cura do homem pelo serviço de saúde da sua 
instituição? Enquanto profissional da prática 
de saúde, você pode já ter se questionado 
sobre o acesso dos homens, uma vez que os 
serviços de saúde geralmente estão lotados 
e com profissionais sobrecarregados: como, 
então, incluir e garantir o acesso do homem 
na agenda de atendimentos?
Para a melhoria do acesso do homem aos 
serviços de saúde, faz-se necessária a reorga-
nização do atendimento de acordo com a ló-
gica preconizada nas políticas públicas. Para 
isso, são necessárias ações de fortalecimen-
to e qualificação da AB que possibilitem a rea-
lização de atividades de promoção de saúde, 
prevenção de doenças e agravos evitáveis. 
Para aumentar esse acesso, são necessá-
rias, no âmbito das equipes da ESF, refle-
xões para a construção de mecanismos 
para qualificar a assistência a esse públi-
co. Em estudo feito na região Sul do Brasil 
(JULIÃO; WEIGELT, 2011), foram referidas 
as seguintes estratégias para o cuidado da 
saúde do homem na atenção básica:
• realização de exames periódicos para detecção de 
neoplasias ou doenças crônicas;
• orientações sobre planejamento reprodutivo;
• uso de preservativos e prevenção do uso abusivo 
de drogas;
• criação de grupos de educação em saúde.
Estratégias para o cuidado da saúde do homem na
atenção básica:
 23  23  23 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 23  23 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
Em estudo que investigou as perspectivas 
de implantação da PNAISH, os autores pro-
blematizaram a relação entre a oferta de 
serviços e as necessidades em saúde da po-
pulação masculina. Questionou-se se as de-
mandas dos homens são principalmente as 
situações de urgência e prevenção focadas 
nos exames de próstata, ou se é o próprio 
do serviço que, por estar organizado para 
atender essas necessidades, torna-as mais 
visíveis para os profissionais (KNAUTH; 
COUTO; FIGUEIREDO, 2012). 
Convidamos você, profissional de saúde, a 
refletir se a baixa procura dos homens pelas 
ações de saúde deve-se ao modelo tradicional 
de masculinidades, ou, então, se por não haver 
a oferta de serviços, as demandas em saúde 
do homem permanecem invisibilizadas. Qual a 
sua opinião?

Embora existam aspectos culturais que fa-
zem com que os homens procurem menos 
a AB para assistência em saúde, os servi-
ços possuem papel fundamental na rees-
truturação das ofertas em saúde para esse 
público, a fim de aproximá-lo das unidades 
de saúde. 
Uma forma de viabilizar o maior acesso dos 
homens à unidade de saúde é, certamente, 
ampliar o horário de atendimento, voltando 
a organização dos locais de atendimento 
também para a necessidade do usuário. 
Figura 2 - Horários alternativos para atendimento aos ho-
mens
Fonte: Fotolia
Estudos têm apontado que locais que dis-
ponibilizaram atendimento durante os finais 
de semana, horário de almoço, no período 
noturno ou durante 24 horas, obtiveram 
maior frequência do público masculino nos 
novos horários implementados (VIEIRA et 
al., 2013; LEVORATO et. al. 2014).
Para a ampliação do horário de trabalho das 
UBS, cada equipe deve avaliar, preferencial-
mente em conjunto com a população, as ne-
cessidades de cada local. É preciso pensar 
na viabilidade, na eficiência e na efetividade 
da ação. Pode inclusive não ser necessário 
o atendimento 24 horas em todos os locais 
para que o serviço seja mais acessível ao 
homem. Contudo, disponibilizar horários al-
ternativos ao horário de trabalho da maioria 
dos homens da comunidade, em geral, pos-
sui efeitos positivos em relação ao desafio 
do baixo acesso.
Eficiência > Capacidade administrativa de pro-
duzir o máximo de resultados com o mínimo 
de recursos.
Efetividade > Diz respeito ao resultado con-
creto, ou às ações que fizeram acontecer esse 
resultado concreto.

 24  24  24 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 24  24 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
A questão do trabalho, que muitas vezes faz 
o homem deixar de buscar os serviços de 
saúde, também pode ser vista sob outro as-
pecto. Em vez de um impedimento, pode vir 
a ser uma potencialidade. As ações de saú-
de do trabalhador podem ser qualificadas 
no sentido de atender também demandas 
de prevenção e cuidados com a saúde que 
envolvam e sensibilizem os homens, trans-
cendendo o papel burocrático dos pontuais 
exames periódicos (GOMES; NASCIMEN-
TO, 2007).
Os homens devem ser protagonistas dos 
processos de ações em saúde; as ações 
devem estar pautadas nas demandas e ne-
cessidades da população masculina con-
siderando seus diferentes segmentos. As 
ações que visam o acesso dos homens na 
atenção básica podem ocorrer no território 
em que os homens circulam, de acordo com 
os contextos loco-regionais.
A partir da reorganização da assistência 
com vistas a ofertar e atender também as 
necessidades em saúde do homem, tem-
-se a possibilidade de despertar no público 
masculino maior sensação de pertencimen-
to a estes espaços. Sobre a estrutura das 
ofertas, é identificado como fator negativo 
para o acesso o tempo gasto para a realiza-
ção dos procedimentos, de agendamento e 
encaminhamentos para serviços de referên-
cia em saúde, além da dificuldade de aces-
so a exames e atendimento, o que implica 
na baixa resolutividade da assistência. 
O fator do tempo gasto e da dificuldade de 
acesso a exames e atendimento é uma bar-
reira que não é exclusiva da população mas-
culina. Mas, em relação aos homens, este 
desafio pode gerar a impressão de que ape-
nas eles não se importam com o cuidado 
da sua saúde. Percebemos, então, mais um 
desafio a ser superado: para o profissional, 
parece tratar-se de falta de interesse ou bai-
xa procura do homem; e para o usuário, por 
não lhe ser acessível, acaba-se por afastá-lo 
dos serviços de saúde (KNAUTH; COUTO; 
FIGUEIREDO, 2012).
Importante! É preciso compreender que os ho-
mens são tão vulneráveis quanto os demais 
grupos (crianças, mulheres, idosos etc.), ne-
cessitando que suas especificidades em saúde 
sejam reconhecidas e valorizadas. 
Tanto as questões estruturais dos serviços 
como os aspectos sociais da população, 
principalmente as questões de masculinida-
des, em que o homem se considera “forte” 
em relação à saúde, interferem no acesso 
à atenção básica. E um dos caminhos pos-
síveis para que os profissionais possam 
reduzir essas barreiras nos serviços é a 
construção do vínculo. O estabelecimento 
do vínculo entre profissional e usuário é o 
primeiro passo a ser dado para se romper 
 25  25  25 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 25  25 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
com a invisibilidade do homem nos servi-
ços, valorizando-se os princípios de equida-
de e integralidade do SUS.
No estudo de Leal, Figueiredo e Silva (2012), 
investigou-se a percepção dos profissionaissobre a presença masculina nas unidades de 
saúde. Em geral, os usuários homens foram 
descritos como o acompanhante da mulher 
gestante, de crianças ou pessoas idosas; ou 
um mediador, que vem marcar uma consulta 
ou um exame para outra pessoa.
Entende-se que, além de aumentar o acesso 
dos homens à unidade de saúde, é preciso 
que a equipe esteja sensível para reconhe-
cer a população masculina também como 
usuária, acolhendo-a, aprimorando a comu-
nicação e construindo vínculo para que esta 
possa estabelecer o cuidado em saúde ne-
cessário. Desta forma, pode-se pensar jun-
to com a equipe sobre as possibilidades de 
ampliação do atendimento e fortalecimento 
da atenção básica. 
A discussão sobre masculinidades nos ser-
viços potencializa o rompimento do estereó-
tipo socialmente construído da invulnerabi-
lidade masculina, tornando os profissionais 
mais sensíveis às demandas de saúde do 
homem. Também torna essas necessida-
des em saúde mais aparentes, favorecendo 
mudanças relevantes, e contribuindo para a 
ampliação da equidade, integralidade e uni-
versalidade na assistência (STORINO; SOU-
ZA; SILVA, 2013). 
A questão de vulnerabilidade masculina é 
vista sob dois ângulos distintos: há uma 
contradição entre os resultados das in-
formações epidemiológicas, que apontam 
para a vulnerabilidade masculina, e o sen-
so comum, que reforça a invulnerabilidade 
masculina. Ambas as percepções, embo-
ra contraditórias, complementam-se, pois 
justamente por serem vistos como invulne-
ráveis é que os homens tendem a se expor 
mais – tornando-se mais vulneráveis (GO-
MES E NASCIMENTO, 2007).
Convidamos você, profissional, a refletir sobre 
a colocação de Gomes e Nascimento (2007), 
que enxergam a questão de vulnerabilidade 
masculina sob dois ângulos distintos: há uma 
contradição entre os resultados das informa-
ções epidemiológicas, que apontam para a vul-
nerabilidade masculina, e o senso comum, que 
reforça a invulnerabilidade masculina. Ambas 
as percepções, embora contraditórias, comple-
mentam-se, pois justamente por serem vistos 
como invulneráveis é que os homens tendem a 
se expor mais – tornando-se mais vulneráveis.

É preciso que as equipes de saúde estejam 
atentas para esse fenômeno, a fim de pro-
mover práticas e estratégias de cuidado que 
possam transcender este paradoxo, promo-
vendo a saúde e a qualidade de vida desta 
população.
 26  26  26 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 26  26 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
1.3 A importância do papel da equipe 
de saúde na garantia do acesso 
e atendimento humanizado
A disponibilidade e o acesso a um conjun-
to de ações e serviços influenciam a saúde 
da população, mas não o suficiente para 
resolverem todas as questões implicadas. 
No contexto da implementação do SUS, 
os debates firmaram a perspectiva de que 
não basta aumentar a disponibilidade e o 
acesso ao atendimento; há que se pensar 
em que tipo de atendimento é esse. A for-
ma como o serviço em saúde é oferecido 
potencializa o seu grau de resolubilidade. 
Não é suficiente que o usuário tenha aces-
so ao SUS, se esse acesso não garante a 
sua saúde em todos os componentes en-
volvidos no binômio saúde–doença. A ori-
gem e o transcurso histórico dos problemas 
devem necessariamente ser considerados, 
bem como as diferentes conformações e os 
espaços onde se situam. Isso tem relação 
direta com a maneira de executar o trabalho 
em saúde – ou seja, como o processo de 
trabalho é orientado.
Em seu cotidiano, você já deve ter percebido 
que apenas o conteúdo técnico da assistên-
cia não é suficiente para resolver os proble-
mas relacionados à saúde. Uma assistência 
de qualidade e ações de promoção e pre-
venção são fundamentais, mas também é 
muito importante o comprometimento dos 
indivíduos envolvidos, ao que se denomina 
corresponsabilidade e coparticipação. 
Os trabalhadores de saúde, como você, 
possuem projetos individuais e coletivos 
próprios que de alguma forma interferem 
no contexto das unidades onde trabalham. 
Isso se dá porque, antes de serem traba-
lhadores, são sujeitos que trazem no ato da 
produção de saúde a subjetividade, a histo-
ricidade e os contextos da corporação a que 
pertencem.
Subjetividade > É produzida por instâncias in-
dividuais, coletivas e institucionais. Aquilo que 
produzimos – tecnologias, conceitos, ideias, 
técnicas – também transforma nosso modo 
de ser. Portanto, os “objetos” que produzimos 
interferem no processo de produção de subje-
tividades (TEIXEIRA, 2003).

A dimensão humana do trabalho reflete o 
vínculo dos profissionais com os usuários, 
assim como as próprias formas de viver o 
trabalho em saúde. Compreender o trabalho 
em saúde como relacional é imprescindível, 
considerando-o a interação entre trabalha-
dores e usuários, envolvidos com a produ-
ção do cuidado (CECÍLIO, 2001).
Figura 3 - Interdisciplinaridade nas equipes de saúde
Fonte: Shutterstock
 27  27  27 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 27  27 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
Considerando o exposto, a atenção básica 
possui outro potencial para a integralidade 
do atendimento, que é a equipe de profissio-
nais de saúde, considerando as equipes de 
ESF e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família 
(NASF). O trabalho em equipe não deve ser 
apenas uma simples superposição de pro-
fissionais em um mesmo espaço ou serviço 
de saúde. Este trabalho se caracteriza pela 
relação interativa entre os trabalhadores, 
que trocam conhecimentos e se articulam 
para a produção de saúde da comunidade, 
relacionando e interagindo dimensões com-
plementares de trabalho. 
O sistema de saúde vigente preconiza a in-
terdisciplinaridade. Para tanto, há a neces-
sidade de dois ou mais profissionais que 
interajam e se comuniquem por meio de 
seus diferentes saberes. Porém, a interdis-
ciplinaridade é um desafio percebido pelas 
equipes de saúde, que têm dificuldade de 
se relacionar devido aos níveis hierárqui-
cos. Além disso, há certa fragmentação 
do trabalho, ocasionando contradições em 
que muitas vezes o profissional atua ape-
nas individualmente. Para apoiar o usuário 
em suas necessidades – física, subjetiva, 
social –, é necessário que os trabalhado-
res também constituam espaços de apoio 
à equipe, discutindo suas fragilidades e li-
mites como sujeitos, como coletivo, como 
serviço. 
A humanização do cuidado passa por se 
considerar que as necessidades de saúde 
devam ser definidas tanto pelos profissio-
nais quanto pelos usuários. Isso nos alerta 
para a necessidade de escutar com atenção, 
dando legitimidade à demanda apresentada 
pelo usuário, pois o sentido dado por ele ao 
problema pode ser a chave para uma solu-
ção efetiva do caso. É alta a chance de que 
um usuário que não se sentiu minimamente 
compreendido em sua queixa desconsidere 
as orientações de tratamento.
Uma tecnologia que possibilita acessar me-
lhor o problema de saúde é a realização da 
escuta qualificada pelo trabalhador de saú-
de. O adjetivo “qualificada” aqui significa 
que há um processo de reflexão desse tra-
balhador sobre os sentidos que a escuta do 
outro tem na clínica, seja ela qual for: de me-
dicina, de enfermagem, de psicologia etc.
Escuta qualificada > É um dos dispositivos 
da PNH. A escuta qualificada deve ser prática 
corrente de toda a equipe de saúde, poden-
do-se identificar os sinais de maior risco ou 
sofrimento do usuário, proporcionando a prio-
rização do atendimento e fazendo os devidos 
encaminhamentos.

Nesta reflexão sobre a escuta, a pessoa 
que fala deixa de ser um mero informante, 
que fornece ao profissional de saúde da-
dos objetivos sobre seu problema, e pas-
sa a ser compreendida como um sujeito 
atravessado por uma subjetividade,que é 
singular, que interage com o profissional 
durante o atendimento e que pode ser uma 
 28  28  28 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 28  28 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
manifestação ativa, protagonista da mu-
dança na sua própria saúde.
Na escuta qualificada, informações, dados, 
fatos e demandas são considerados, mas 
não somente isso. Os afetos e vínculos que 
podem ser estabelecidos ali também são 
alvo de atenção, pois o que o usuário sabe, 
pensa e sente em relação à situação que 
está enfrentando é crucial para o processo 
de atenção à saúde.
Figura 4 - Escuta qualificada do profissional da saúde com 
o usuário
Fonte: Fotolia
Exatamente por identificar demandas que 
não estavam explícitas na queixa inicial, e 
que frequentemente são decisivas para a 
melhora geral do quadro de saúde do usuá-
rio, a escuta qualificada nos possibilita sa-
ber quando um caso demandará conversas 
com outros profissionais, possibilitando um 
cuidado mais integral.
Mas, se a escuta qualificada é tão potente, por 
que ela acontece com uma frequência bem 
menor do que gostaríamos nos serviços de 
saúde?
As estratégias de saúde do homem devem 
estar contempladas em outras políticas de 
saúde existentes no contexto da atenção 
básica, como saúde bucal, saúde da mu-
lher, saúde da população negra, saúde do 
adolescente. Ou seja, a saúde do homem, 
constituída enquanto política de saúde 
estar contemplada no cotidiano dos ser-
viços, sem desconsiderar que as popula-
ções masculinas sofrem determinadas ini-
quidades e desta forma ações específicas 
são necessárias para fomentar o acesso 
destes.
Aprendemos, geralmente, em nossa for-
mação na saúde, a valorizar condutas 
objetivas, neutras, junto ao usuário, por 
estarem associadas ao que convenciona-
mos designar rigor científico. Tal escuta 
“objetiva” deixa de lado tudo aquilo que 
não é da ordem da “evidência científica”.
Assim, o portador de cefaleia crônica, por 
exemplo, na maioria das vezes, será con-
duzida apenas com base em perguntas de 
ordem técnica ou protocolar. Esse tipo de 
atendimento consegue captar pouco das 
singularidades do usuário, reduzindo a es-
cuta a um ato protocolar, a uma técnica de 
coleta de evidências. Uma escuta assim 
pode reduzir ou enquadrar o usuário em 
uma identidade estereotipada, reducio-
nista como, por exemplo, supostamente 
 29  29  29 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 29  29 
UN1
Humanização e acesso:
garantindo o direito à saúde
alguém que ao expressar suas queixas e 
reclamações legítimas acaba sendo intitu-
lado de “reclamão”.
A escuta qualificada tem se organizado de 
modos distintos nas diferentes experiên-
cias de acolhimento em curso pelo país. 
Em geral, é realizada em espaço privativo, 
podendo ser acionada em diferentes mo-
mentos, por diferentes profissionais. A fim 
de garantir melhor acesso e resolutividade 
possível, já sabemos que a escuta qualifica-
da é fundamental. Além dela, é importante 
analisarmos nosso processo de trabalho 
para organizá-lo de modo que nos ajude a:
• atender a todos com resolutividade;
• priorizar o que é mais grave;
• encaminhar adequadamente o que preci-
sa de continuidade no atendimento.
Processo
de trabalho
Escuta
qualificada
Atendimento
resolutivo
Priorização
do que é
mais grave
Encaminhamento
adequado
Para alcançar tais objetivos, há ferramentas 
que nos auxiliam nessa organização do aco-
lhimento. Vale lembrar que este sempre será 
um processo singular, específico em cada 
serviço, envolvendo um conjunto de ações 
articuladas que deverão ser construídas co-
letivamente, para refletirem as vontades e o 
entendimento não só da equipe de saúde, 
mas também dos usuários e gestores.
1.4 Recomendação de leituras 
complementares
Para aprofundar seus estudos sobre a hu-
manização e acesso da população mascu-
lina aos serviços de saúde, sugerimos as 
seguintes leituras:
BRASIL. Humaniza SUS: Política Nacional de 
Humanização, 2013. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politi-
ca_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf>. 
MACHADO, M. F.; RIBEIRO, M. A. T. Os discursos 
de homens jovens sobre o acesso aos serviços 
de saúde. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 16, n. 
41, p. 343-356, jun. 2012. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/icse/2012nahead/aop2912>.

UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
 31  31  31 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 32  32  32 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 32  32 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Para iniciar o estudo desta etapa, é importante 
lembrar que a partir da criação da Política Na-
cional de Atenção Integral à Saúde do Homem 
(PNAISH), em 2009, começou-se a buscar o 
fortalecimento da assistência ao homem, a 
garantia do acesso e a qualidade da atenção 
para o tratamento de agravos, além da pre-
venção de doenças e promoção da saúde, sob 
uma perspectiva integral de cuidado. 
Como temos ressaltado, a PNAISH está ali-
nhada com a Política Nacional de Atenção 
Básica (PNAB). Desta forma, para o acesso, 
o acolhimento e o atendimento às necessi-
dades em saúde da população de homens 
foi priorizada a atenção básica (AB) com 
foco na Estratégia Saúde da Família (ESF), 
como portas de entrada principais. 
A partir da compreensão dos aspectos socio-
culturais e político-econômicos que influen-
ciam nas especificidades em saúde da po-
pulação masculina, e em consonância com 
as estratégias de humanização, a PNAISH 
emerge no sentido de reconhecer as especi-
ficidades em saúde da população masculina 
enquanto uma questão relevante e que preci-
sa ser observada com a devida atenção pelos 
profissionais das equipes de saúde.
Para a consolidação da PNAISH, é preciso 
compreender os contextos nos quais estão 
imersos os homens, para que seja possível aos 
profissionais tornarem suas práticas mais qua-
lificadas e avançarem em direção ao acesso e 
acolhimento, rumo a uma atenção integral à 
saúde do homem no âmbito da atenção básica.
2.1 O cuidado em saúde na 
população masculina
Para iniciar o diálogo sobre o cuidado em 
saúde da população masculina, é impor-
tante termos clareza sobre qual cuidado 
estamos falando. O cuidado é algo que se 
produz no próprio ato de cuidar e se esta-
belece nas relações entre usuários e profis-
sionais de saúde. O cuidado apresenta-se 
 33  33  33 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 33  33 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
enquanto um processo relacional comple-
xo, multifacetado e plural, que se constitui 
a partir de olhares e significações diversas. 
Essa definição de cuidado está associada 
ao conceito de saúde adotado pelo SUS, o 
qual está expresso na Lei nº 8080/90:
þþ Os níveis de saúde expressam a orga-
nização social e econômica do País, 
tendo a saúde como determinantes 
e condicionantes, entre outros, a ali-
mentação, a moradia, o saneamento 
básico, o meio ambiente, o trabalho, a 
renda, a educação, a atividade física, o 
transporte, o lazer e o acesso aos bens 
e serviços essenciais (BRASIL, 1990).
Para que se contemple a complexidade 
deste conceito ampliado de saúde, o exer-
cício do cuidado necessita ser mais que um 
momento de atenção e zelo. É preciso que 
se estabeleça entre o profissional e o usuá-
rio uma relação de preocupação, responsa-
bilização e desenvolvimento afetivo mútuo. 
A PNAISH enfatiza a necessidade de mudan-
ças de paradigmas relativas à percepção da 
populaçãomasculina a respeito do cuidado 
com a sua saúde. Assim, é essencial que os 
serviços públicos de saúde sejam organiza-
dos para acolher e fazer com que o homem 
sinta-se parte integrante destes.
Importante! Embora a PNAISH tenha como 
porta de entrada os serviços de atenção bási-
ca, conforme preconizado pela PNAB, os ser-
viços especializados de atenção secundária e 
terciária ainda são onde ocorrem os principais 
acessos da população masculina aos serviços 
de saúde (BRASIL, 2008).

Para se compreender por que os homens 
entre 20 e 59 anos procuram menos os 
serviços de saúde (e, consequentemente, 
cuidam menos da sua saúde), foi realizado 
um estudo em uma Unidade Básica de Saú-
de (UBS) do Sul do Brasil. Nesta pesquisa, 
constatou-se que um dos motivos é o fato 
de se sentirem saudáveis, o que os deixa 
até 10 anos ou mais sem procurar por aten-
dimento em saúde. Destaca-se como moti-
vo pela baixa procura dos serviços o medo 
de descobrir que algo está errado, e evitam 
os atendimentos como uma forma de evitar 
receber um diagnóstico desanimador. Além 
de ter que depender de outras pessoas para 
se recuperar, atrapalhar sua vida diária e in-
fluenciar no desempenho do trabalho (TEI-
XEIRA, 2016). O horário de funcionamento 
da UBS também é outra fator limitante, pois 
muitas vezes choca com o horário de tra-
balho (VIEIRA et al., 2013).
A influência das masculinidades hegemô-
nicas também aparecem como um fator 
para a não procura dos serviços de saúde, 
em especial os da atenção básica, que pos-
sui enfoque preventivo e de promoção da 
saúde. Esta representação é predominante 
na sociedade, quer seja entre os usuários 
homens, quer seja entre os profissionais do 
setor da saúde (FIGUEIREDO, 2005).
 34  34  34 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 34  34 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Masculinidades hegemônicas > Traduz-se na 
representação de uma imagem de força, viri-
lidade, sexualidade instintiva e autossuficiên-
cia, que oculta a vulnerabilidade do homem e 
influencia na capacidade de falar sobre suas 
necessidades de saúde (BRASIL, 2008).

Uma vez que essas características das 
masculinidades têm pouca afinidade com 
os sentimentos que muitas vezes acompa-
nham a procura por assistência, tais como 
medo, insegurança e ansiedade (que se 
aproximam do papel social atribuído ao fe-
minino), obtém-se como efeito a menor pro-
cura pelos serviços de saúde. Isso faz com 
que homens adoeçam precocemente, uma 
vez que, no desempenho das características 
daquilo que acreditam e que é socialmente 
aceito como masculinidades, acabam dan-
do pouca atenção às suas condições, pois 
não querem passar a imagem de fragilidade, 
indicada pela doença nesse contexto.
A partir de uma perspectiva de gênero, as 
doenças passam a ser entendidas como 
uma combinação de efeitos biológicos e 
socioculturais. As questões de gênero in-
fluenciam nos riscos a que os homens ex-
põem sua saúde, uma vez que interferem 
na forma com a qual eles percebem e utili-
zam seus corpos, caracterizando-se como 
determinantes sociais em saúde que de-
vem ser observados para a qualificação da 
assistência e do cuidado (SCHRAIBER; GO-
MES; COUTO, 2005).
Gênero > O conceito de gênero é socialmente 
construído, e refere-se à organização das rela-
ções sociais e econômicas entre os sexos, es-
pecialmente na divisão do trabalho e do poder 
(GÓMEZ, 2011).

Para a definição da categoria de gênero en-
quanto um determinante social de saúde, não 
se trata apenas da diferenciação do sexo bio-
lógico, mas sim dos papéis que são definidos 
socioculturalmente para homens e mulheres.
A identidade do homem no contexto socio-
cultural brasileiro posiciona-o como o res-
ponsável pelo provimento financeiro da famí-
lia. Dentre as constatações da PNAISH está 
que os homens tendem a buscar os serviços 
de saúde apenas quando perdem sua capa-
cidade produtiva no trabalho. Em função da 
relevância do trabalho para os homens em 
geral, eles têm medo de descobrir alguma 
doença que os impossibilite de exercer suas 
atividades como provedor da família. Logo, 
eles passam a não considerar a possibilida-
de de adoecer, motivo o qual os deixa menos 
sensíveis às políticas saúde. Dessa forma, o 
tempo de diagnóstico precoce e prevenção é 
muitas vezes perdido, ocasionando necessi-
dades em saúde mais complexas.
Importante! Quando estão estruturadas e or-
ganizadas adequadamente, as equipes de saú-
de da família têm no âmbito da atenção básica 
resolutibilidade de 85% das necessidades de 
saúde da sua população adscrita (BRASIL, 
2008).

A atenção básica, enquanto nível de aten-
ção que deve ser a porta de entrada do sis-
 35  35  35 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 35  35 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
tema de saúde, precisa reconhecer também 
a população masculina como um grupo 
que necessita de atenção integral à saúde. 
A partir das características sociais e epide-
miológicas dos homens, os profissionais 
da saúde devem estar atentos e receptivos 
para desenvolver ações que acolham tam-
bém o público masculino, tal como já ocorre 
em outros segmentos populacionais, como 
mulheres, crianças, adolescentes e idosos.
Figura 5 - Construção de ações voltadas à saúde do homem
Fonte: Fotolia
Para auxiliar na compreensão do motivo 
pelo qual a oferta de serviços direcionados 
à população masculina ainda é um desa-
fio para as equipes de saúde, é relevante 
refletir sobre a forma de organização da 
atenção básica. Esta esteve historicamente 
estruturada em torno de questões relativas 
à saúde materno-infantil. Apenas por meio 
de alguns programas para doenças crôni-
cas, tais como o Hiperdia para hipertensos 
e diabéticos, além das campanhas de pre-
venção do câncer de próstata, passaram a 
priorizar também demandas que são dos 
homens. Entretanto, verifica-se que a faixa 
etária da população masculina que mais 
acessa essas ofertas nas Unidades Bási-
cas de Saúde (UBS) corresponde aos ido-
sos, permanecendo ainda alheia aos servi-
ços a parcela de jovens e adultos.
A baixa frequência da população masculi-
na nos serviços de saúde, em especial na 
atenção básica, além de onerar a sociedade 
pela maior procura aos níveis de atenção 
especializada, com maior custo, sobrecar-
regam também emocionalmente as famí-
lias que estão envolvidas. Para que você, 
profissional, possa ampliar o olhar sobre 
esta questão, a saúde do homem precisa 
ser destacada também como relevante, 
num movimento de promoção da igualdade 
de gênero, enquanto direito humano.
O público masculino possui especificida-
des em saúde permeadas por processos 
sociais que exigem um olhar profissional 
mais atento. A taxa mais elevada de mor-
bimortalidade masculina é apenas um pa-
râmetro a ser observado para o cuidado na 
saúde do homem. É importante que outros 
aspectos sociais e culturais sejam consi-
derados e se tornem visíveis as vulnera-
bilidades em saúde, com vistas à conso-
lidação de um modelo de atenção integral 
(LEVORATO et al., 2014). 
Considerando estes aspectos, de que modo 
você, profissional, em conjunto com a sua 
equipe, pode analisar os principais temas re-
lacionados à situação em saúde do homem no 
seu território?

 36  36  36 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 36  36 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Para que seja possível qualificar a atenção 
à saúde do homem, é preciso que os pro-
fissionais estejam atentos ao contexto so-
cial e epidemiológico, e também articula-
dos como equipe, paraplanejarem ações 
específicas às necessidades em saúde que 
os homens apresentam. A fim de colaborar 
com o enfrentamento deste desafio, o próxi-
mo tópico abordará o acolhimento como um 
instrumento potente para a aproximação da 
população masculina e para a promoção da 
atenção integral à saúde.
2.2 O acolhimento na saúde do homem
Em uma perspectiva de cuidado integral, tan-
to o acesso aos serviços de saúde como o 
acolhimento se articulam como dimensões 
relevantes das práticas em saúde a serem 
asseguradas. O acolhimento pode ser de-
finido pela postura assumida nas relações 
de cuidado, nos encontros entre usuários 
e profissionais de saúde. Existem formas 
variadas de acolhimento, sendo válido ana-
lisar como este se dá nos diferentes contex-
tos, não bastando simplesmente considerar 
se ele existe ou não. Sendo o acolhimento 
um processo relacional, este se define me-
nos enquanto conceito e mais nas práticas 
concretas de saúde pelas quais se consoli-
da (BRASIL, 2013).
Em consonância com a Política Nacional 
de Humanização, o acolhimento deve partir 
de uma postura ética assumida pelos pro-
fissionais da equipe, que, ao terem contato 
com o usuário, devem colocá-la em prática, 
compartilhando saberes, angústias e deci-
sões sobre as intervenções de saúde a se-
rem adotadas. Chamamos a atenção para 
o fato de que acolher não é apenas ser edu-
cado e tratar bem o usuário, pois além de 
civilidade e respeito, o acolhimento pressu-
põe que seja assumida a responsabilidade 
de se adotar a melhor resolubilidade para o 
caso atendido.
Importante! O acolhimento se distingue da 
triagem, pois tem como finalidade a inclu-
são, que vai além da recepção. O ato de aco-
lher pressupõe uma aproximação em relação 
a alguém. É nesse sentido que a PNH propõe 
o acolhimento, ou seja, no compromisso de 
envolver-se e potencializar os protagonismos 
dos sujeitos, acolhendo-os nas suas diferen-
ças, dores, alegrias, modos de vida, sentir e 
estar na vida.

O acolhimento não se restringe à recepção, 
ele só acontece quando é adotado por toda 
a equipe como parte do processo de produ-
ção de saúde, podendo ser trabalhado em 
todos os encontros nos serviços de saúde. 
O acolhimento se estabelece como uma 
forma de reconhecer a capacidade de todos 
os membros de uma equipe para atuarem 
sobre os problemas de saúde, exercendo a 
atividade dentro de suas competências pro-
fissionais específicas, em um trabalho cen-
trado no usuário.
 37  37  37 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 37  37 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Dessa forma, o acolhimento deve ser com-
preendido e trabalhado como um processo 
de encontro entre indivíduo, família, comu-
nidade e trabalhadores de saúde, capaz de 
colocar em prática, na atenção à saúde, a 
integralidade, a equidade e a resolubilidade.
O acolhimento, como processo de constru-
ção do vínculo, humanização da atenção 
em saúde e escuta qualificada em relação 
às necessidades dos usuários, deve aconte-
cer em todo e qualquer espaço de encontro 
no qual a atenção à saúde se realize, e não 
apenas na porta de entrada do sistema.
A perspectiva do acolhimento, não como uma 
atividade específica, mas como prática de 
toda e qualquer atividade assistencial, possi-
bilita ao usuário transitar em diferentes espa-
ços da rede de saúde, consistindo em um pro-
cesso contínuo de investigação, elaboração e 
negociação das necessidades de saúde.
O acolhimento precisa ter continuidade me-
diante a construção de uma rede de con-
versação, efetivada por meio do serviço de 
saúde, e ao longo da qual são definidas as 
trajetórias que cada usuário e sua família 
necessitam na busca de satisfação para 
suas demandas. Ou seja: quando desenha-
do na atuação da equipe, este processo 
orienta a organização do atendimento para 
responder adequadamente às necessida-
des identificadas.
Figura 6 - A importância do acolhimento adequado dos 
usuários
Fonte: Fotolia
Nos serviços de saúde, o acolhimento tem 
o potencial de transformar as relações entre 
usuários e profissionais e na maneira com 
que a população tem acesso aos cuidados 
em saúde. É um espaço no qual pode haver 
a informação e orientação sobre as ações 
disponíveis, de modo a atender o homem in-
tegralmente (CAVALCANTI et al., 2014).
Importante! O trabalho em equipe favorece a 
contribuição dos diferentes saberes, o que não 
deve eliminar o caráter particular de cada pro-
fissional ou de cada profissão, pois todos de-
vem participar de modo a articular um campo 
que assegure saúde à população e realização 
pessoal aos trabalhadores (CAMPOS, 2003).

Como trabalhadores da saúde, devemos re-
ceber os usuários de modo a conhecê-los 
pelo nome, procurando saber os motivos 
de sua vinda à unidade. O simples fato de 
darmos boas vindas já abre um leque para 
o usuário relatar com confiança suas reais 
 38  38  38 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 38  38 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
necessidades de saúde. O atendimento 
deve ser do tipo dialogado, como uma téc-
nica de conversa possível de ser realizada 
por qualquer profissional, em qualquer mo-
mento de atendimento – isto é, em qual-
quer um dos encontros, que são, enfim, os 
“nós” dessa imensa rede de conversações 
que caracterizam os serviços (TEIXEIRA, 
2005).
Portanto, o acolhimento consiste na huma-
nização das relações entre trabalhadores e 
serviço de saúde para com seus usuários. 
O encontro entre esses sujeitos se dá num 
espaço onde se produz uma relação de es-
cuta e responsabilização, a partir do que se 
constituem vínculos e compromissos que 
norteiam as ações para o cuidado em saú-
de. Esse espaço permite que o trabalhador 
use de sua principal tecnologia, o saber, 
tratando o usuário como sujeito portador e 
criador de direitos.
2.3 Dispositivos do acolhimento e 
estratégias de aproximação do 
homem ao cuidado em saúde
O vínculo e o acolhimento são dispositivos 
que favorecem aos homens a percepção 
das suas necessidades em saúde. A partir 
do reconhecimento pelos profissionais das 
especificidades da saúde do homem, assim 
como do estabelecimento de ações para 
atendê-las, sob uma perspectiva de cuidado 
continuado e integral, os serviços de saúde 
passam a ser também reconhecidos pelos 
homens como um espaço onde podem en-
contrar assistência.
Em estudo feito na cidade de São Paulo (FI-
GUEIREDO, 2005), a discussão sobre temas 
relativos às masculinidades e que impac-
tam na saúde específica desta população 
destacou-se como estratégia de cuidado 
nas salas de espera dos serviços de saúde, 
a partir de assuntos como violência, alcoo-
lismo e paternidade. Tanto homens quanto 
mulheres de diferentes idades participaram 
destas conversas. Observou-se que eram 
temas de grande interesse da população e 
também relevantes para a criação de novas 
práticas assistenciais. Estes momentos ti-
nham o objetivo de sensibilizar a população 
como um todo, sobre a importância da saú-
de do homem.
Figura 7 - O profissional de saúde planejando ações inte-
grais e integradas
Fonte: Fotolia
 39  39  39 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 39  39 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Já os grupos de educação em saúde devem se 
realizar em um horário mais flexível, que não 
seja compatível com o horário de trabalho, para 
que os homens possam participar. Nos grupos 
pode haver trocas de experiência e discussão 
sobre temas cruciais, que forem de interesse 
da equipe e dos participantes (FIGUEIREDO, 
2005). Para o chamamentodos participantes, 
a divulgação pode ser feita por meio dos Agen-
tes Comunitários de Saúde (ACS) e demais 
profissionais da equipe durante as atividades 
na UBS e na comunidade; pela distribuição de 
cartazes e panfletos informativos, bem como 
pela utilização das mídias locais, tais como rá-
dios, jornais, informativos impressos, parceria 
com líderes comunitários, entre outros.
Em uma pesquisa realizada no interior da 
Paraíba (CAVALCANTI et al. 2014), traba-
lhou-se com um grupo de homens existente 
na igreja da localidade, com o objetivo de 
conhecer os obstáculos para o acesso dos 
homens e traçar estratégias de superação 
para estes desafios. Encontraram-se como 
possibilidades: 
Possibilidades para aumentar
o acesso dos homens
Ampliação do horário de atendimento
Maior resolutividade das ações
Acolhimento caracterizado pelo bom 
atendimento
Comunicação por meio da transmissão 
de informações relevantes ao usuário
Estabelecimento de vínculo por meio 
das visitas domiciliares e fixação de 
profissionais na equipe de saúde
Fonte: CAVALCANTI et al. 2014.
Todas essas estratégias estão diretamente 
relacionadas à humanização do atendimen-
to, tornando esta um ponto crucial na quali-
ficação do acesso.
Chamamos a atenção para o fato de que o 
estudo foi realizado em um grupo já existen-
te, vinculado a um espaço coletivo local, no 
caso a igreja, que possuía em média 50 in-
tegrantes. Ressalta-se que nem sempre as 
unidades de saúde precisam criar grupos 
próprios; é possível se articular com inicia-
tivas já existentes na comunidade, facilitan-
do a adesão dos participantes e o alcance 
do público-alvo.
Importante! Não há um padrão ou protocolo a 
ser seguido, que seguramente será efetivo em 
qualquer unidade de saúde. É preciso conside-
rar os aspectos socioeconômicos e culturais, 
bem como a dinâmica de cada local, juntamen-
te com a avaliação de quais recursos humanos 
e materiais estão disponíveis pela unidade.

Nesse contexto, as alternativas vistas cer-
tamente servem para estimular que outras 
possibilidades sejam criadas, a fim de con-
tribuir com práticas cotidianas que visem à 
atenção integral à saúde do homem.
 40  40  40 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 40  40 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Em função da predominância do acesso 
dos homens aos serviços de urgência e 
emergência, e menor frequência na atenção 
básica, tende-se a ter maior reconhecimen-
to pela figura do médico. Em geral, estes 
usuários desconhecem ações de prevenção 
e o papel dos demais profissionais (CAVAL-
CANTI et al. 2014). Entretanto, os demais 
profissionais da equipe de saúde da família 
possuem papel significativo na assistência 
integral à saúde do homem.
Os ACS são elos importantes entre as uni-
dades de saúde e a população, atuando na 
interlocução da marcação de consultas e 
exames, retirada de medicamentos, além da 
divulgação de quais serviços estão disponí-
veis na UBS. Os ACS também contribuem 
para a identificação das necessidades da 
população, levando a demanda à equipe e 
orientando os usuários sobre a procura da 
unidade de saúde. O enfermeiro também 
tem um papel muito relevante, pois costu-
ma prestar atenção individualizada desde 
o acolhimento às consultas e visitas domi-
ciliares. Este profissional, como integrante 
da equipe de saúde da família, costuma 
participar do planejamento, organização e 
execução das ofertas em saúde conforme 
as necessidades da comunidade (JULIÃO; 
WEIGELT, 2011).
Com a criação dos Núcleos de Apoio à Saú-
de da Família (NASF), amplia-se o escopo 
e a oferta de serviços da atenção básica, o 
que pode contribuir de maneira valiosa para 
o cuidado da população masculina.
De acordo com a Política Nacional de Huma-
nização (PNH), o processo de humanização 
constitui-se em qualificar os serviços ofer-
tados, articulando-se o acolhimento com os 
avanços tecnológicos em saúde, promoven-
do a melhoria do ambiente de cuidado para 
o usuário e de trabalho para os profissionais 
(BRASIL, 2004). 
Os profissionais, para que estejam preparados 
para o acolhimento e atendimento integral, 
além de capacitados, devem problematizar a 
realidade da sua comunidade com usuários e 
gestores, a fim de propor estratégias inclusi-
vas para este público (VIEIRA et al. 2014). A 
capacitação e a sensibilidade da equipe para 
o acolhimento e para a construção da lon-
gitudinalidade do cuidado contribuem para 
que os homens se identifiquem como parte 
dos serviços de saúde, potencializando o seu 
acesso (SILVA et al., 2012). Compreende-se 
que quando o profissional busca o usuário, 
promove-se a aproximação entre ambos, es-
tabelecendo-se o vínculo e a valorização do 
homem enquanto usuário dos serviços da 
atenção básica (CAVALCANTI et al., 2014).
Longitudinalidade > Na Atenção Primária à 
Saúde, longitudinalidade é empregada para 
significar “uma relação pessoal de longa dura-
ção entre os profissionais de saúde e os usuá-
rios em suas unidades de saúde” (STARFIELD, 
2002, p. 247).

 41  41  41 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 41  41 
UN2
O acolhimento dos homens 
na Atenção Básica
Dessa forma, é importante lembrar que a 
humanização nos serviços de saúde é ca-
racterizada pelo acesso, acolhimento, co-
municação e construção de vínculo, sendo 
uma estratégia efetiva e fundamental para 
qualificar a assistência à saúde. É também 
relevante para o aumento da agilidade e re-
solutividade nos serviços de saúde (CAVAL-
CANTI, 2014).
Importante! Quando há vínculo entre o pro-
fissional e o usuário, os homens demonstram 
maior satisfação com o serviço, indicando que 
foram bem acolhidos. Mesmo compreenden-
do-se que o vínculo isoladamente não asse-
gura o atendimento integral, considera-se que 
essa relação de aproximação entre ambos é 
essencial para que se possa pensar em inte-
gralidade (STORINO; SOUZA; SILVA, 2013).

2.4 Recomendação de leituras 
complementares
Para aprofundar seus estudos sobre o aco-
lhimento dos homens na atenção básica, 
sugerimos as seguintes leituras:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de 
Atenção à Saúde. Departamento de Atenção 
Básica. Acolhimento à demanda espontânea. 
Cadernos de Atenção Básica, Brasília, n. 28, v. 
1, 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/acolhimento_deman 
da_espontanea_cab28v1.pdf>. 
ALVES, R. F. et al . Gênero e saúde: o cuidar do 
homem em debate. Psicologia teoria e práti-
ca.  São Paulo, n. 3, v. 13,  dez.  2011. Dispo-
nível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/
v13n3/v13n3a12.pdf>.

UN3
A integralidade na atenção 
à saúde do homem
 43  43  43 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 44  44  44 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 44  44 
UN3
A integralidade na atenção 
à saúde do homem
Para a oferta de serviços e atendimento de 
qualidade, é fundamental uma discussão 
sobre a integralidade, considerando a rede 
de atenção à saúde e as potencialidades 
da relação profissional-usuário. O Sistema 
Único de Saúde (SUS) inclui a integralida-
de como um princípio para sua efetivação. 
Desta forma, o atendimento integral está 
presente nas políticas de saúde como a 
PNAISH, de forma a responder as necessi-
dades do homem.
Neste contexto, a atenção básica torna-se 
um espaço importante para garantia da 
saúde integral do homem, uma vez que o 
ambiente é considerado pelo SUS como 
porta de entrada do usuário. Desta forma, 
precisa-se pensar nas potencialidades e 
oportunidades, além da estrutura das insti-
tuições de saúde, garantindo assim o aces-
so, o acolhimentoe um atendimento efetivo 
e resolutivo para os homens.
A PNAISH está alinhada com a Política Na-
cional de Humanização (PNH), trazendo à 
atenção básica o desafio de incluir os ho-
mens de diferentes faixas etárias em suas 
particularidades de gênero no serviço de 
atenção à saúde.
Desta forma, para a consolidação da PNAISH 
é preciso compreender as fragilidades e as 
potencialidades do contexto masculino, a 
fim de proporcionar ambientes favoráveis. 
Isso torna possível aos profissionais quali-
ficarem suas práticas e construírem vínculo 
com a população masculina.
3.1 A integralidade no acesso 
e acolhimento
A integralidade é uma das diretrizes que es-
truturam o Sistema Único de Saúde (SUS) e 
está centrada na reorientação das práticas 
de cuidado no cotidiano dos serviços. Essa 
 45  45  45 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 45  45 
UN3
A integralidade na atenção 
à saúde do homem
diretriz emerge do contexto da reforma sa-
nitária, com lutas e movimentos sociais 
em prol da saúde na década de 1980, que 
culminaram na construção do SUS (LUZ, 
2006). 
A Política Nacional de Humanização (PNH) 
prioriza a integralidade e o acolhimento 
para a maior resolubilidade das necessida-
des dos usuários do SUS. A ideia da inte-
gralidade está relacionada ao acesso aos 
serviços de saúde, ou seja, a qualidade que 
buscamos nos serviços de saúde deve ter 
como eixo o acesso adequado e oportuno 
às ações e serviços de saúde que tenham 
potência de responder às necessidades 
das pessoas (BRASIL, 2007).
Como um dos fundamentos da atenção bá-
sica, a integralidade é ressaltada na PNAB, 
sendo definida como: 
Integralidade
Integração de ações programáticas e 
demanda espontânea
Articulação das ações de promoção, 
prevenção, vigilância à saúde, tratamento 
e reabilitação
Trabalho interdisciplinar e em equipe
Coordenação do cuidado na rede de 
serviços
Fonte: Brasil, 2011.
Importante! Temos muitos sentidos para a in-
tegralidade, mas independentemente destes, 
refere-se à importância de tratar os sujeitos 
com suas particularidades e não como núme-
ros ou marcadores de saúde, ampliando as for-
mas de olhar para o contexto em determinada 
situação ou para o usuário.

Neste sentido, retomamos a ideia de que 
para garantir práticas de cuidado com foco 
na integralidade, estas precisam ser pauta-
das por uma estrutura de organização do 
processo de trabalho no cotidiano dos servi-
ços, que necessitam conhecer as necessida-
des de saúde da comunidade que abrangem.
A PNAISH apresenta a integralidade como 
meta e busca orientar as práticas de saú-
de com ações para a população masculina, 
primando pela humanização da atenção. 
Embora a integralidade seja um dos princí-
pios norteadores do SUS, ainda há desafios 
para sua efetivação nas práticas assisten-
ciais cotidianas. Para a sua efetivação, é 
necessário conhecer o contexto e a forma 
com que as pessoas vivem, levando-se es-
tes fatores em conta para a estruturação do 
cuidado. O espaço da atenção básica é re-
levante para a consolidação desta prática, 
 46  46  46 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 46  46 
UN3
A integralidade na atenção 
à saúde do homem
pois é o nível de atenção mais próximo do 
usuário do SUS e parte do reconhecimento 
do território para a organização dos servi-
ços (MATTIONI; BUDÓ; SCHIMITH, 2011).
Território > O território no qual o serviço está 
inserido é um espaço vivido, no qual são tra-
vadas as relações sociais que dão sentido às 
características locais (SANTOS, 2001).
Figura 8 - Construção do vínculo entre usuário e profissional
Fonte: Fotolia
É importante lembrar que uma forma para 
atender o desafio da consolidação da inte-
gralidade é potencializar o acesso do usuá-
rio. A integralidade exige que você, enquanto 
profissional de saúde, reconheça a varieda-
de completa de necessidades relacionadas 
à saúde do usuário e disponibilize os recur-
sos para abordá-las (Starfield, 2002). Para 
facilitar o acesso, o SUS apresenta como 
estratégia organizacional a Estratégia Saú-
de da Família (ESF), que propõe a reorien-
tação do modelo de atenção à saúde, histo-
ricamente centrado na perspectiva da cura, 
passando a constituir uma nova prática as-
sistencial, construindo relações de vínculos 
entre os serviços de saúde e a comunidade. 
Desta forma, a ESF potencializa o acesso, já 
que pode ir ao encontro do homem, no am-
biente de trabalho, de lazer, em casa, pro-
pondo atividades e cuidados para além do 
espaço físico das unidades de saúde.
As interações e envolvimento entre profis-
sional e usuário que acontecem além da 
unidade não fornecem apenas discernimen-
to quanto aos prováveis determinantes da 
má saúde; podem oferecer informações e 
indicações quanto à saúde de outros ho-
mens envolvidos naquele espaço. Ou seja: 
as mesmas predisposições à doença que 
ocorrem no usuário específico também po-
dem existir em outros que vivem na mesma 
comunidade ou estão expostos às mesmas 
condições sociais, ambientais ou ocupacio-
nais (STARFIELD, 2002).
Importante! O acolhimento e o vínculo aumen-
tam a capacidade de se prestar uma assistên-
cia qualificada e integral. Embora a atenção 
básica não seja capaz de alterar isoladamen-
te a atenção à saúde na rede assistencial, ela 
é a porta de entrada, e certamente impacta 
positivamente no acesso dos usuários e pela 
qualidade do atendimento quando é permeada 
por um olhar humanizado e integral (STORINO; 
SOUZA; SILVA, 2013).

Em relação às estratégias de cuidado da 
saúde do homem, na atenção básica são 
comuns ações pontuais, tais como campa-
nhas para prevenção de IST/AIDS, com dis-
tribuição de preservativos, e campanhas de 
prevenção do câncer de próstata. Para que 
se alcance a integralidade do cuidado, essas 
estratégias devem ser complementadas por 
 47  47  47 
Acesso e acolhimento na
atenção à saúde do homem
 47  47 
UN3
A integralidade na atenção 
à saúde do homem
outras mais amplas que considerem o aces-
so, a resolubilidade e a qualidade do atendi-
mento efetuado por toda a rede de saúde.
Sinalizamos a nota técnica conjunta do MS 
sobre o rastreamento do câncer de próstata 
nas leituras complementares desta unidade, 
não deixe de ler.
É preciso considerar que no Brasil a saúde 
do homem vem sendo inserida lentamen-
te na pauta da saúde pública. Visto que as 
ações de saúde do homem muitas vezes são 
baseadas em procedimentos e exames que 
reforçam a centralidade da atenção no apa-
relho genital masculino, ainda é necessário 
discutir com as equipes de saúde e com a 
população a incorporação da abordagem 
de gênero no serviço de saúde e a atuação 
da equipe a partir das particularidades dos 
homens que constroem aquela população, 
que são pescadores, agricultores, empresá-
rios, pedreiros, mineiros, entre outros. Para 
que se contemple o atendimento integral, 
é importante valorizar a equipe multiprofis-
sional, e não apenas a figura do médico.
Você percebe como é preciso haver maior 
sensibilidade sobre a demanda do seu territó-
rio? Percebe que para isso precisa haver uma 
compreensão ampliada dos aspectos diversos 
que influenciam o estado de saúde do usuário 
atendido? Quando o profissional tem um olhar 
ampliado sobre o contexto da comunidade, 
ele pode influenciar positivamente na capaci-
dade de resolução das necessidades em saú-
de pelos serviços.

Foi realizado um estudo junto a uma equi-
pe de saúde da família de um município da 
região Sul do Brasil, com o objetivo de se 
conhecer as formas de cuidado e a inter-
face da integralidade com essas práticas. 
Observaram-se os seguintes aspectos do 
cuidado integral, sob a perspectiva de sa-
beres e práticas, elencando-se cinco eixos 
principais para demonstrar

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