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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA IMUNOLOGIA CLÍNICA CASOS CLÍNICOS JÉSSICA BASTOS LEAL Jéssica Bastos Leal IMUNOLOGIA CLÍNICA CASOS CLÍNICOS Feira de Santana 2020 Trabalho solicitado como avaliação parcial da disciplina de Imunologia Clínica do 7º semestre, do curso de Bacharelado em Farmácia da Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana-Ba. Ministrado pela Docente Isabela Peixoto. Caso clínico 3: M.L.L., 27 anos, primeira gestação, foi admitida após sangramento, e foi realizado a ultrassonografia de emergência, que demonstrou oligoidrâmnio e múltiplas malformações fetais. As hipóteses diagnósticas, no ato do internamento, foram de gestação única tópica de 26 semanas e 6 dias, ultrassonografia e malformação fetal a esclarecer. Foram realizados exames de rotina, além das sorologias maternas, ecocardiografia fetal e ressonância nuclear magnética. Foram demonstrados hemoglobina de 10,8 g%, hematócrito de 33,7% e leucograma normal. O sumário de urina e o teste de tolerância à glicose simplificado (50 g de dextrosol) foram normais. A classificação sanguínea era “A”, fator Rh positivo, sorologia para HIV negativa e VDRL não reagente. As sorologias maternas revelaram IgG positiva e IgM negativa para toxoplasmose e rubéola, sendo IgG e IgM positivas para citomegalovírus. A gestação evoluiu para abortamento espontâneo, e então foi confirmado o diagnóstico. 1) Qual o diagnóstico do paciente apresentado? Justifique. Infecção congênita por citomegalovírus do bebê. É adquirida intra-útero por via transplacentária, através de uma transmissão vertical (de mãe para filho) durante a gestação. A mãe apresentou o teste pra citomegalovírus reagente, por isso pode se confirmar por meio da ultrassonografia realizada os sintomas que estão relacionados com a citomegalovírus congênita, a malformações letais e o oligoidrâmnio. 2) O protocolo de diagnóstico foi adotado? O diagnóstico está correto? O protocolo não foi adotado, pois era necessário além dos exames de imagem que foi feito, a realização do teste PCR no bebê para confirmar o diagnóstico. 3) Relate sobre os exames sorológicos realizados. O IgM é o primeiro anticorpo produzido quando há uma infecção ainda na fase aguda, o resultado reagente indica que ele teve a doença e que ela se mantém estável. O IgG é um anticorpo produzido logo após, permanece circulando no sangue com intuito de proteger os indivíduos contra infecções futuras pelo mesmo organismo, o resultado reagente indica que o indivíduo está com a doença e que precisa ser tratada. O exame para o HIV é realizado com o objetivo de detectar a presença do vírus HIV no organismo, é simples de ser feito através de análise de uma amostra de sangue, o exame negativo indica que a pessoa não está contaminada com o vírus da Aids. O VDRL é um exame de sangue com intuito de identificar se a pessoa tem sífilis ou já teve em algum momento, esse teste identifica anticorpos que o organismo produz para combater a bactéria. O resultado não reagente demonstrou que a paciente nunca teve contato com a doença, descartando a possibilidade de uma possível sífilis. Caso clínico 4: Homem, de 23 anos de idade, sem histórico médico passado, apresentou um histórico de cinco dias de febre, mal-estar, náusea e dor nas costas. Ele tinha uma parceira estável que apresentava diagnóstico de hepatite B com soroconversão para HBsAg + cerca de quatro meses. Ao exame físico, o paciente apresentava boas condições gerais, com índice de massa corporal de 24 kg / m 2, fígado palpável a 2 cm da margem costal direita e baço palpável a 2 cm da margem costal esquerda. Ele não tinha estigmas de doença hepática crônica. Foram solicitados exames de rotina: Hemograma: anemia ( Hb: 8g/dL ), A linfopenia e a reatividade linfocitária, e plaquetopenia. Bioquímico: Aspartato aminotransferase (AST) era 347 UI / mL, alanina aminotransferase (ALT) 604 UI / mL, lipidograma normal. Sorologia: HBsAg +, HBeAg +,Anti-HBc IgG +, anti-HBc IgM +, anti-HBe-, anti-HBs-, anticorpo para vírus da hepatite C (HCV) negativo e anticorpo para hepatite A (HAV) IgG +, IgM, anti-HIV 1 e 2 reagente. Com relação a esse caso clínico: 1) Qual o diagnóstico do paciente? A paciente está cursando um quadro clínico de infecção aguda por HBV. Esse diagnostico pode ser comprovado através da associação dos resultados dos exames bioquímicos e sorológicos realizados pela paciente: Exames bioquímicos: Asparto aminotransferase (AST) que obteve o valor de 347 UI / mL, e alanina aminotransferase (ALT) que teve o resultado de 604 UI / mL, ambos encontram- se acima dos valores de referência. Marcadores sorológicos: Foram encontrados os marcadores: AgHBs;Anti-HBc IgM; Anti-HBc IgG e HBe Ag, comprovando assim o diagnostico de Hepatite B, pois sua presença ocorre mediante ao contato com o vírus, e o resultado reagente para esses marcadores indica que o paciente está infectado pois o Anti-HBs foi não reagente, comprovando que o mesmo ainda não desenvolveu anticorpo contra o vírus e que encontra-se em meio a um quadro clinico de infecção aguda. De acordo com o Ministério da Saúde a presença dos marcadores HBsAg, Anti-HBc, IgM Anti-HBc total (reagentes) e Anti-HBs (não reagente), se trata de uma infecção recente com menos de seis meses de infecção pelo HBV. Desta forma conclui-se o diagnóstico de Hepatite B aguda no paciente, porém o mesmo apresentou resultado reagente para o teste rápido de HIV, porém como os testes realizados foram de triagem é preciso que sejam realizados testes sorológicos confirmatórios propostos pelo Ministério da Saúde, sendo eles: ELISA Indireto de terceira geração, Imunoflurescência Indireta (IFI) ou Western Blot. O Western Blot. É um teste padrão ouro de alta especificidade e sensibilidade diagnostica comparado com o ELISA indireto). Desta forma não temos embasamento suficiente para dizer que o caso trata-se de uma co-infecção HIV/HBV, pois o teste rápido realizado pode fornecer um resultado falso positivo, sendo preciso confirmar através dos testes sorológicos confirmatórios citados. 2) Quais os marcadores imunológicos podem ser usados para a confirmação diagnóstica? Os marcadores imunológicos utilizados para confirmação diagnóstica da HBV são: HBsAg (antígeno de superfície do HBV) que é o primeiro biomarcador a surgir na infecção por HBV, sendo um antígeno encontrado na superfície do vírus e se encontra presente tanto na fase aguda como na crônica. HBeAg (antigeno “e” do HBV) – esse antígeno surge logo após o aparecimento do HBsAg, o mesmo está presente na fase aguda da patologia encontrando-se presente no organismo do indivíduo infectado, apenas por 10 semanas, caso seja encontrado esse marcado na fase crônica da infecção, sua presença é um forte indicativo de cirrose hepática. Não é muito recomendado sua solicitação em indivíduos que não possui confirmação concreta de diagnostico para HBV, porém o mesmo apresenta grande relevância no que diz respeito a avaliação do desfecho da infecção do paciente, sendo indicativo de alta infectividade (replicação viral). Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do HBV) – É um anticorpo que atua como um indicativo de bom prognostico na fase aguda HBV, sua presença na fase crônica indica menor atividade viral decorrente a ausência da replicação do vírus e consequentemente um menor risco de desenvolvimento de cirrose. Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV) –Esse marcador é indicativo de bom prognostico, pois indica que indivíduo está adquirindo uma imunidade contra o vírus, desta forma sua presença pode também ser indicativo de vacinação.Esse marcador é detectado entre uma a dez semanas após o aparecimento do AgHBs. Anti-HBc (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do HBV) – A presença desse marcador indica que o indivíduo teve contato prévio com o vírus, sendo assim esse anticorpo permanece circulante na corrente sanguínea do indivíduo por toda sua vida. Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do HBV) – Esse marcador permanece presente e detectável durante seis meses após a infecção, sendo considerado assim um biomarcador de infecção aguda da patologia. 3) Quais métodos diagnósticos são usados para a dosagem desses marcadores? Os métodos diagnósticos utilizados para dosagem de marcadores do HBV são técnicas de imunoensaios, que apresentam alta especificidade (99%) e sensibilidade (98%), que detectam antígenos e anticorpos virais. As técnicas utilizadas são os testes rápidos, ensaios imunoenzimáticos, sendo o ELISA o mais utilizado, pois é o teste mais comumente usado em laboratórios de saúde pública e quimioluminescência que também são utilizadas como testes confirmatórios de HBV. A dosagem do marcador HBsAg podem ser detectados por meio de testes rápidos que utilizam a tecnologia de imunocromatografia de fluxo lateral. Os demais são dosados através de técnicas de imunoensaios laboratoriais. 4) Quais as complicações e sintomas dessa patologia? São muito diversificados os quadros clínicos da fase aguda da Hepatite B normalmente essa fase é bastante assintomática, porém os sintomas tendem a ir diminuindo com a progressão da patologia, a medida que o paciente vai evoluir para cronicidade, na maioria das vezes essa fase da infecção é assintomática, por isso a progressão da doença gera grande preocupação pois pode levar o paciente ao óbito devido a dificuldade de diagnosticar a HBV apenas pelos sinais e sintomas apresentados pela mesma, por isso é de extrema necessidade a preparação da equipe de saúde frente ao diagnostico precoce desta patologia. Na maioria dos casos subclinicos os pacientes portadores do vírus HBV na fase aguda, manifestam: fagida; náuseas; mal-estar geral e fadiga, sendo esses sinais insuficientes para detecção de uma possível infecção por HBV por isso na maioria dos casos ocorre um diagnostico tardio. A medida que que a infecção vai evoluindo, os pacientes começam a manifestar alguns sinais e sintomas, como colúria, fezes esbranquiçadas e icterícia, são os sinais característicos da hepatite B. Porém em alguns casos os indivíduos infectados pelo HBV podem apresentar sinais e sintomas mais graves como: cirrose, encefalopatia hepática, hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia e carcinoma, esses sinais clínicos costumam manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença, e em pacientes imunossupressores e com comprometimento do sistema imunológico, principalmente pacientes HIV positivo que apresentam uma co-infecção por HBV. 5) E se houver tratamento, qual o melhor método? Não existe uma forma especifica para o tratamento na fase aguda sintomática da hepatite B, a grande maioria dos infectados por HBV evoluem para cura de forma espontânea, devido o mecanismo de resposta imune humoral e desenvolvimento e aparecimento dos anticorpos anti-Hbs. Porém existem algumas opções terapêuticas como: Utilização de citocinas como o intérferon alfa, que age por meio da modulação imunológica estimulando e ativando a resposta imune contra o vírus e também possui propriedades antiviral. Desta forma é utilizada uma dose que varia de acordo com o grau de necessidade do paciente, normalmente a dose varia entre 5 a 10 milhões de unidades, três vezes por semana, por via subcutânea. Também existe tratamentos farmacológicos com medicamentos como:entecavir, tenofovir, lamivudine, adefovir e telbivudine, que são os agentes nucleosídeos que agem diminuindo a carga viral por meio da interrupção da multiplicação viral além de estimular a destruição das células infectadas. O SUS (Sistema Único de Saúde) disponibiliza gratuitamente o tratamento de Hepatite B, além de ofertar a profilaxia por meio da vacinação contra o vírus HBV. O tratamento possui como objetivo evitar a progressão da doença, evitando o desenvolvimento de cirrose hepática, insuficiência hepática e o óbito do paciente, desta forma o SUS oferece tratamento tanto na fase aguda quanto na crônica. Em relação ao caso clinico acima, o paciente além de apresentar uma infecção por HBV, teve também resultado reagente para HIV, porém como esse resultado trata-se do teste rápido, precisando assim ser confirmado por meio de um teste confirmatório. Desta forma apenas pode-se dizer que o caso é sugestivo para co-infecção HBV/HIV. Se caso realmente se tratar de uma co- infecção é que seu tratamento seja feito por meio da administração de intérferons evitando assim a progressão da doença e redução da carga viral e caso necessário pode ser feito uma associação com antirretrovirais como tenofovir + lamivudina. O tratamento é feito de acordo com o grau de comprometimento do paciente, sendo avaliadas questões como carga viral, tempo de infecção, idade e funcionamento hepático. Referências AZEVEDO, Patrícia de Fátima et al . Citomegalovirose congênita: relato de caso. Rev. Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 12, p. 750-758, Dez. 2005 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 72032005001200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 de Abril de 2020. BRASIL. Manual técnico para o diagnóstico das hepatites virais; MS-Ministério da Saúde. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. DEPARTAMENTO DE IST, AIDS E HEPATITES VIRAIS.2015. LEVINSON, W.; Microbiologia Médica e Imunologia. 10ª Edição. Editora Artmed: 2010.
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