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Como usar técnicas da redação publicitária para escrever melhor. Todo o conteúdo deste Ebook foi desenvolvido pela Descola em parceria com seus professores. Os direitos de uso e reprodução são exclusivos da Descola.org OLÁ ALUNO, Você já viu ou provavelmente está vendo o curso “Escreva: Como usar técnicas da redação publicitária para escrever melhor”. Es- peramos que você tenha gostado do conteúdo e que tenha perce- bido o poder da escrita persuasiva no contexto da era pós-digital. Você já aprendeu diversas técnicas para melhorar sua escrita, pra- ticou com os briefings propostos e conheceu diversas peças e ca- ses. Já viu também diversos elementos relacionados a Redação Publicitária e como seus recursos podem ser usados muito além do mundo das agências: ela te acompanha em praticamente to- dos os seus textos. Neste ebook, falamos mais dos conceitos apresentados e relacio- namos filmes e livros complementares, para que você siga apro- fundando os conceitos abordados nas videoaulas e aprenda mais. Abraços, EQUIPE DESCOLA Uma escola de inovação online Índice 01 Quem ministra o curso? 6 02 Por que escrever é importante? 8 03 A publicidade e a revolução digital 12 04 O que é Redação Publicitária? 18 05 Aprendizados da redação 24 06 O olhar do redator 28 07 Elementos da comunicação 33 08 Processo criativo 42 09 Como fazer um briefing 47 10 Brainstorming 55 11 Recursos linguísticos 64 12 A Prancha 76 13 Títulos 88 14 Assinaturas de marca 97 15 As peças digitais 103 16 Roteirização 111 17 Além do digital 133 18 Seu projeto final 139 19 Caminhos para começar 145 20 Links e referências 153 21 Livros 162 22 Filmes e Séries 169 01 Quem ministra o curso? Quem sabe, faz. E quem faz bem, ensina! 7 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG ganhou diversos prêmios cultuados na publicidade, como Bronze no festival de Cannes, Clio e do Clube de criação, com campanhas que você vai acompanhar ao longo desse curso. Além de todas essas credenciais de peso, você vai descobrir ao longo do curso que a Sofia é uma pessoa com grande repertório, um olhar bastante profundo e um ótimo senso de humor. Tá imperdível. Vamos começar? Estamos aqui para falar de escrita. De como usamos este recurso de forma ampla, seja para comunicar um amigo por uma mensagem, para expressar nossos sen- timentos em uma rede social ou para comunicar nossas empreitadas ou produtos. São vários os caminhos possíveis para desenvolver a sua escrita. Teorias, ferramentas, modelos, estéticas. Neste curso, escolhemos usar os conhecimentos da pu- blicidade e da Redação Publicitária como base para se escrever melhor. Com esse caminho em mente, convidamos uma ta- lentosa e cuidadosa redatora para dividir seus conhe- cimentos conosco: Sofia Calvit. Sofia é daquelas que ama escrever. Escreve des- de sempre, sobre todas as coisas em todos os forma- tos. Cartas, posts, peças, lembretes, títulos, roteiros ou praticamente tudo que pode ser expresso em palavras. É formada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela UFMG e tem uma pós-graduação em Formação do Escritor pelo Instituto Vera Cruz. Deu pra sacar o quanto de bagagem vem nesse curso, certo? Profissionalmente é redatora na FCB Brasil e já https://www.linkedin.com/in/ sofia-calvit-11baa2b2/ Por que escrever é importante? 02 “Quando as pessoas dizem: ‘você sempre quis ser escritora?’, eu preciso dizer não! Eu sempre fui uma escritora.” Ursula Le Guin 9 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Você quer dizer algo para um amigo e digita logo na hora, sem cerimônias. Alguns segundos - ou, quem sabe, minutos - é o que requer para que você envie a sua mensagem. Pode ser que você tenha acordado ins- pirado ou revoltado o suficiente para escrever um lon- go texto nas suas redes sociais. Mais uma vez, alguns minutos depois e sua mensagem já está lá, no mundo. Às vezes, dá tudo certo, todo mundo entende o que você quer dizer e seus amigos até reagem com elogios, mensagens de apoio ou gifs de aplausos. Mas, de vez em quando, acontece da sua mensagem real se perder no telefone sem fio das relações humanas. Porque, vamos falar a verdade: ninguém sabe se comunicar muito bem. E, quando escrevemos, estamos ainda mais expostos aos riscos de nem todos com- preenderem exatamente o que queremos dizer. Não é à toa que inventaram os emojis para que aquela sua mensagem meio seca ou direta demais não faça parecer que você é grosso. A verdadeira mensa- gem - por trás da própria mensagem - muitas vezes, simplesmente, se perde. ESCREVA 10 Quem nunca passou meia hora procurando as pa- lavras certas para dizer a um amigo que não poderia ir àquele churrasco do final de semana? Agora, parando para pensar... Como uma mensagem tão simples pode se tornar um desafio tão grande de comunicação? A mensagem é a natureza das palavras, sua mani- festação. E elas foram feitas para isso mesmo: sair por aí, despertando sentimentos e sensações diferentes em pessoas completamente diferentes também. As palavras são ferramentas, combinações comuns e incomuns de formas que, juntas, constroem sentidos capazes de despertar novas emoções. Elas foram feitas para transmitir coisas - ou melhor, mensagens. Quando não sabemos utilizar as palavras para co- municar nossas mensagens, corremos o risco de des- pertar no outro impressões e emoções opostas às que desejamos. Todos nós escrevemos, todos os dias. Mensagens, legendas de fotos, desabafos pessoais, opiniões po- lêmicas, venda de serviços, reclamações sobre produ- tos, e-mails do trabalho, relatórios, agendas e por aí vai. Mas, digamos que, estamos com pressa demais e es- quecemos do que verdadeiramente importa. O ato de escrever deveria nos fazer parar, nos co- locar exatamente onde estamos, nos trazer para o mo- mento, para o outro e para nós mesmos. Afinal, ele é, em essência, um exercício de paciência e de encontro com a verdadeira mensagem que queremos passar. lucianaferreira Realce 11 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Escrever te ensina a brincar com as palavras feito criança - arriscando, tropeçando nas sílabas, comen- do algumas letras e se perdendo no abecedário -, até que você tenha o maior domínio possível da mensagem que está tentando comunicar. Escrever bem, com coerência e inteligência impor- ta. E quer saber porque? Porque a sua mensagem im- porta. Seja ela a defesa de uma causa comunitária, a apresentação da ideia de um novo negócio ou aquela desculpa por não ir ao churrasco do seu amigo. Saber escrever é saber se comunicar e passar uma mensagem, e isso nunca foi tão importante quanto na era que estamos vivendo. Queremos compartilhar nos- sas ideias, opiniões e transformar o mundo com elas. Mas, para transformar o mundo no que queremos que ele seja, precisamos das palavras certas. A publicidade e a revolução digital 03 O futuro mais próximo das pessoas. 13 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Você já deve ter visto na sua timeline uma dessas imagens de cachoeiras com pequenos textos sobre como precisamos viver o agora. E estamos, não? Talvez nunca tenhamos visto tantas pessoas vivendo o agora como vemos hoje. O problema é que o “agora” desse pessoal tem pou- cos segundos de duração. Às vezes um parágrafo é de- mais, o que dirá de um vídeo de mais de dois minutos. Nos tornamos zumbis devoradores de conteúdos imediatistas. Ninguém tem tempo de clicar para ler uma notícia inteira com a timeline se atualizando a cada se- gundo. Você ainda tem que ver todas as postagens que você perdeu! Como assim ler um texto? Aquela introdu- çãozinha já valeu tudo, não? Estamos tão focados no agora, AGORA, AGORA! que nos esquecemos de olhar para ele de perto. ESCREVA 14 É o fim dos tempos em que a gente ria e comenta- va sobre nossos comerciais favoritosno sofá de casa. Praticamente saímos de uma plateia inerte para um dos papéis principais em cima do palco. E aprendemos isso com as redes sociais e nossa ca- pacidade infinita de comentar e opinar sobre absoluta- mente tudo: fatos do cotidiano, notícias mundiais, arte, questões sociais, humor, gostos pessoais e por aí vai. Tornamo-nos opinadores profissionais. E como ganhamos a atenção das pessoas quan- do elas não estão olhando? Indo ainda mais longe: como prendemos a atenção delas em um mundo em que todos são constantemente bombardeados por informações? As palavras certas nos lugares certos. As imagens certas nos lugares certos. As mensagens certas nos lu- gares certos. Ou seja, estar no lugar certo, no momen- to certo e com as ferramentas certas. Quanto mais perto chegamos desse “agora” - e do momento dessas pessoas -, mais perto estamos delas. E há uma ferramenta indispensável que tem nos apro- ximado cada vez mais dos consumidores e nos conce- dido novos caminhos de conexão. Você já deve imagi- nar que ferramenta é essa. O nosso portal nem tão secreto assim de transpor- te para o futuro da tecnologia, das relações e do com- portamento humano ou, como chamamos no dia a dia: a internet. Estamos diante de uma revolução digital, ou pos- sivelmente sendo ultrapassados por ela nesse exato instante. E o mais curioso da transição que vivemos é: a grande revolução do digital é ir além dele mesmo. 15 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Por causa disso, hoje a publicidade é uma conver- sa de mão dupla. Achou o comercial dos pôneis malditos engraça- do, genial ou tosco? É só escrever e clicar em publi- car, e todos os seus amigos, conhecidos, família e co- legas de trabalho vão saber. Inclusive a própria marca, que se mantém atenta às diversas reações de seu pú- blico e a influência que suas opiniões têm em outros consumidores. Eles falam com a gente e nós falamos com eles. Com o avanço da internet, fazer publicidade se tor- nou um negócio menos demonstrativo e cem vezes mais interativo. As reações em tempo real dos consumidores fizeram deles participantes ativos das campanhas de suas marcas preferidas ou mais odiadas. E as novas campanhas que estão saindo do pa- pel já não acabam mais quando vão ao ar (seja onde for). O consumidor é como se fosse uma extensão da campanha, fazendo com que seus resultados ultrapas- sem o universo puramente digital. Imagine uma campanha no começo dos anos 2000. Ela impactava um número x de pessoas e é isso aí. Fim de papo. Agora, o próprio consumidor tem o poder, também, de causar reações e gerar impacto com suas opiniões. Seu posicionamento e visibilidade pública por meio das redes sociais potencializa o que ele tem a dizer sobre os produtos e serviços que consome. Afinal, sempre tem alguém que concorda com a gente. A resposta de um é a resposta de muitos (mesmo que não sejam todos). E é por isso que entender com profundidade com quem estamos falando se tornou tão essencial. Você conhece o seu público? E seu consumidor? ESCREVA 16 O que ele vê? O que ele pensa sobre o que ele vê? O que ele sente? Como ele recebe tudo isso e qual é a sua pri- meira reação? Você vai precisar saber de tudo isso para encontrá-lo. Nos últimos anos, o impacto de uma campanha so- mou-se ao impacto da reação de seu público-alvo, e o que antes a gente entendia como impacto ganhou no- vas proporções. Insanas proporções. É até engraçado falar “público-alvo” quando o alvo está dos dois lados. A publicidade foi de um jogo de arco e flecha para um boomerang que nunca sabemos se realmente vai voltar, quando e com que intensidade. Talvez a maior preocupação da atualidade não seja nem se o boome- rang vai voltar, mas como. O ritmo desenfreado da geração de novas tendên- cias e o poder de influência dos consumidores nos le- varam a mais uma questão: como ganhamos não só a atenção, mas a confiança de um público? Bom, como você ganha a confiança das pessoas? Você dá um diamante, empresta seu livro preferido ou repete “confie em mim” duas vezes por dia? Não, você constrói essa confiança a partir de uma série de escolhas feitas com base na sua verdade e na verdade daquela pessoa. QUEM É ESSE CARA? lucianaferreira Realce 17 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG O mesmo acontece com o seu público, que, ao ver uma marca sendo transparente, verdadeira e fiel aos princípios que o move, decide se mover junto. Se mover junto é confiar. Confiar que a direção é a mesma, os meios são os certos e o caminho é inte- ressante o suficiente para te fazer sair de onde você estava. É com a publicidade que aprendemos a utilizar a es- crita como ferramenta para construir um relacionamen- to com nosso público, independente de qual seja nosso produto, serviço ou negócio, ou de qual mensagem te- nhamos para compartilhar com as pessoas. Assim, podemos trazer o consumidor e levar ele com a gente, da mesma forma que te trouxemos até aqui e agora você precisa escolher se quer continuar. Será que a ideia certa chegou até você? A resposta está em para onde você vai agora. O que é Redação Publicitária? 04 É um texto. Só que muito melhor que os outros. 19 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Todo mundo precisa de alguma coisa. A sua coisa pode ser um apartamento ou uma pas- ta de dente. Não importa o tamanho ou a importância que você dá para essa coisa, ela sempre vai ter um va- lor para você. E não estamos falando só do valor que pesa no seu bolso, mas o valor da sua confiança - ou melhor, da sua entrega. A sua entrega requer muito mais do que só confian- ça. Ela requer um certo nível de encanto e, principal- mente, atração. A entrega de um consumidor requer movimento. Não é uma assinatura em um papel, é um salto de quinze metros. Você jamais pagaria vinte reais em uma pasta de dente. É uma pasta branca que você passa para dar há- lito à escovação dos seus dentes, afinal de contas. Não tem nada de interessante, relevante ou atrativo nisso. Mas se alguém te disser que aquela pasta de dente vai garantir sua limpeza por mais tempo, aliviar a sensi- bilidade que você sente quando toma alguma coisa ge- lada, deixar seu sorriso mais branco e te dar mais con- fiança para fazer novos contatos na sua vida social… aí você não vai ligar de pagar vinte reais. ESCREVA 20 Vinte reais vai parecer até pouco para tantos bene- fícios, percebe? O valor da pasta de dente está no pro- duto em si e em tudo que ele representa, que, no caso, é uma aparência mais legal, mais confiança, novos con- tatos e uma vida social mais ativa. Essa história mais sedutora que desperta encanta- mento e atração no consumidor e conquista sua con- fiança - e sua entrega! - é fruto da mente criativa de um redator publicitário. Dentro de uma agência de publicidade, o reda- tor trabalha em colaboração com o diretor de arte na criação de campanhas. Ele é o cara que tem as ideias e executa a maior parte de material textual das peças publicitárias. É ele o tipo de redator que, usando da persuasão presente nos princípios da publicidade, consegue ace- lerar o valor de uma marca dando uma nova aborda- gem para seu produto ou serviço. Qual a diferença entre Redação Publicitária e uma redação “normal”? Realmente, não tem nada de normal na Redação Publicitária. Se você imagina que um redator publicitário senta em sua cadeira confortável para escrever textos lon- gos ou curtos, mas corridos como esse aqui que você está lendo agora, já podemos te contar: é muito mais divertido! Pega essa cena que você visualizou durante bastan- te tempo e imagina aquele mesmo cara em sua cadei- ra batendo com a testa em uma mesa cheia de post- -its e imagens de referências visuais que vão de batata frita à palhaços. 21 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG O redatorpublicitário é ligeiramente mais parecido com isso aí. Pelo menos dentro da cabeça dele. Essa não é aquela mesma “redação” que você fa- zia na escola. A Redação Publicitária não para nos textos: ela está nos outdoors espalhados por aí, nos panfletos que o pessoal distribui na porta da estação de metrô, nos car- tazes, nos comerciais, nas legendas de Instagram e até nos memes que você compartilha. A Redação Publicitária tem muitos formatos. Pôster, vídeo, música, quadrado, triângulo e elefante. No curso, você viu um exemplo incrível da capacida- de da Redação Publicitária de se desconstruir: o case da campanha Re-reborn do Clube de Criação. Nesse link você pode assistir o vídeo da campanha e refrescar a sua memória: http://dsco.la/re-reborn A Re-reborn é uma campanha digital criada a par- tir de um algoritmo que atualiza todo o trabalho gráfi- co de seu pôster principal sempre que alguém acessa o site do projeto. A ideia toda foi pensada por um re- dator publicitário. http://dsco.la/re-reborn ESCREVA 22 Em algum momento você já imaginou um redator fa- zendo algo desse tipo? O trabalho da Redação Publicitária é muito mais di- verso, dinâmico e fora da caixinha do que a maioria das pessoas imagina quando pensa em redação. Redação Publicitária é desafiar conceitos. E diferente do que às vezes passa pela cabeça das pessoas, ter ideias e executar textos de qualidade não é útil apenas para quem trabalha em agências de pu- blicidade. Essas habilidades podem ser usadas em todo tipo de atividade que visa dar uma cara diferente para o que você tem a oferecer para as pessoas. Nem todo mundo estuda Redação Publicitária por- que quer criar anúncios. E ela realmente não se limita somente a anúncios de outdoors, comerciais de televi- são ou redes sociais. lucianaferreira Realce 23 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG A publicidade é um tipo de discurso. O anúncio é um gênero de discurso. Dizer que a redação só é útil para redatores é, por incrível que pareça, muito parecido com dizer que a mú- sica só é útil para cantores de bossa-nova. A publicidade é tão útil para uma agência quanto para um novo negócio. E talvez seja exatamente isso que te trouxe até esse curso. Seja você um amante da carreira de Redação Pu- blicitária ou um profissional em busca do aperfeiçoa- mento de suas habilidades, pode sentar e relaxar. Você está onde deveria estar. Já vamos te contar porque… Aprendizados da redação05 “Você pode dizer a coisa certa sobre um produto e ninguém vai escutar. Você tem que dizer de um jeito que as pessoas vão sentir no intestino. Porque, se eles não sentirem, nada acontecerá.” Bill Bernbach lucianaferreira Realce 25 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Já entendemos que o redator publicitário é um gran- de gerador de ideias. Mas o que são as ideias? Pala- vras? Mensagens? Textos? Imagens? Vídeos? Histórias? Como você viu no capítulo anterior, o redator pu- blicitário trabalha com todos os tipos de ideias, todos os formatos e gêneros que dá para imaginar que uma mensagem possa ser comunicada. O redator é responsável por pensar, criar, idealizar a mensagem que precisa ser comunicada, mas, para que essas ideias sejam executadas, todo redator precisa de um departamento do seu lado. Espera aí, todo redator? Pode ser que você nem queira trabalhar em uma agência. Talvez o seu objetivo seja implementar a Re- dação Publicitária para promover um negócio próprio ou, quem sabe, sua intenção seja começar um novo ne- gócio dentro da área de comunicação. ESCREVA 26 Seja qual for o seu caso, nem sempre - especialmen- te no início - você vai ter uma equipe ou um departa- mento inteiro de publicidade para te dar suporte e tirar aquela sua ideia do rascunho. Às vezes, você vai precisar ser o seu próprio diretor de arte. Ou até mais do que isso. Se você não trabalha - ou não tem pretensão de trabalhar - em uma agência, você se torna a sua pró- pria agência. Já ouviu aquela expressão “a banda de um homem só”? Pense em você, então, como a agên- cia de uma pessoa só. Dentro de uma agência, o redator publicitário é aquele que recebe o insight, rascunha e idealiza a ideia, enquanto o diretor de arte é quem a executa e viabili- za. Fora de uma agência, você é os dois. O que pensa e o que executa. O que desenha e o que tira do papel. Você é o cara que será responsável pelo atendimen- to do seu cliente (quando houver um), que vai entender a demanda do projeto, criar o briefing, fazer a pesqui- sa e o planejamento da campanha, da mídia, da produ- ção gráfica e audiovisual, e além de tudo, criar e exe- cutar a ideia toda. O formato de trabalho de um redator publicitário autônomo dificilmente vai ser o mesmo de uma agên- cia tradicional, é claro, mas as habilidades essenciais que cercam a jornada da construção de uma ideia vão continuar ali, de um jeito ou de outro. Na maioria das vezes, você vai ter que segurar o tranco, ou pelo menos começar fazendo tudo sozinho para no futuro entregar suas funções a outras pessoas. E é no meio dessa confusão toda que você vai acabar desenvolvendo uma série de habilidades interessan- tes, entre elas: Geração de ideias Gerar ideias cada vez mais inovadoras, práticas estratégicas e adaptáveis a diferentes públicos. 27 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Multipotencialidade Desenvolver habilidades diversas por meio de projetos solos e novos desafios que levam seu potencial de escrita e comunicação ao nível má- ximo das suas capacidades. Qualquer um é capaz de notar que essas habilida- des estão muito além do ato de escrever ou de traba- lhar com publicidade. É também por isso que os pro- cessos da Redação Publicitária podem ser úteis para diversas outras coisas. Redação Publicitária pode ser saber contar a his- tória do seu produto ou serviço, falar melhor sobre o seu negócio ou direcionar soluções mais eficazes para as necessidades dos seus clientes - estejam eles con- tratando seu trabalho como redator ou como artesão. Você não está aqui somente para aprender Redação Publicitária, e sim para aprender a potencializar o que você já tem, usando recursos inimagináveis para con- tar histórias que merecem e precisam ser contadas. Olhar para o mundo com os olhos de um redator é o que vai te despertar para as possibilidades que você ainda não consegue perceber. Desformatação de ideias Criar ideias fora da sua zona de conforto, em for- matos que provavelmente você nunca imaginou que era possível contar uma história ou passar uma mensagem. Identificação de necessidades Identificar com cada vez mais facilidade a ne- cessidade de comunicação de uma campanha e criar seu próprio briefing. Relação emocional Desenvolver uma relação emocional com seus textos, tornando muito mais fácil e natural a co- nexão com a essência por trás deles: a mensa- gem, o seu público, o propósito do negócio - seu ou de um cliente. O olhar do redator06 “Quanto mais referência você tiver, mais material terá para escrever.” Sérgio Calderaro 29 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG O que é escrever bem para você? Quando você lê um texto, um título ou uma propaganda, o que chama sua atenção e faz você pensar “isso é bacana”? Se você nunca refletiu sobre isso e não percebeu algum padrão nos textos que você gosta, leia alguns novamente e tente pensar no porquê de eles estarem na sua listinha pes- soal de livros, peças ou roteiros favoritos. Você certamente vai perceber que gosta deles não porque o redator soube utilizar corretamente os pro- nomes do caso reto e do caso oblíquo e dos advér- bios de modo. Ninguém pensa nisso quando está len- do. E mais: a maioria das pessoas nem lembra o que é isso. E tudo bem. Você vai notar que o que prende sua atenção é mui- to mais a forma com que você se envolvecom a histó- ria, a construção da narrativa, os personagens - se eles existirem - e diversos outros elementos. É muito mais a alma do texto do que seu corpo físico. E aí você liga os pontos: Não precisa ser um gênio da gramática para escrever bem. Aí você seria um bom corretor, não um bom redator. Um bom redator consegue trazer sensações aos seus textos, e faz isso usando diversas técnicas (que abor- damos ao longo do curso). Não é um dom, não é um ta- lento sobrenatural. O segredo para fazer isso acontecer está em uma palavra: repertório. O repertório é uma bagagem que você carrega du- rante a sua vida e que só vai aumentando de tamanho, sem pagar taxas pelo excesso de peso. É um amontoa- do de referências que surgem de todos os lados. ESCREVA 30 Sabe aquele programa de domingo que você as- sistia com a sua avó? Repertório. O filme adolescente horrível que você pagou para ver no cinema? Repertó- rio. O romance mais clichê e mal escrito da prateleira? Repertório. Dá para usar até como desculpa. “Nossa, como assim você não perde um capítulo daquela no- vela sem noção?”. Repertório, é claro! Ter boas referências facilita sua escrita, seja na hora do brainstorming ou para criar coisas inspiradas naqui- lo que já existe. É o que Lavoisier enunciou lá no sécu- lo XVIII: nada se cria, nada se perde, tudo se trans- forma. Viu? Até o princípio de conservação da matéria é repertório. E isso nos faz pensar em mais uma coisa: repertório não é só aquilo que a gente gosta de assistir, de estudar ou de praticar. Ser redator requer muita prática. E não é uma práti- ca de repetição, escrevendo sempre sobre as mesmas coisas. Na verdade, é escrever sobre tudo, em formatos diferentes, para públicos diferentes. E como é possível escrever coisas diferentes se você só tem como refe- rência as mesmas coisas de sempre? Só assiste às sé- ries daquele seu gênero favorito, só vai às exposições de artistas que você já conhece, só escolhe os títulos mais cults na livraria. 31 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG O olhar do redator ultrapassa seus gostos pessoais e enxerga o todo, numa visão macro. Não precisa entender tudo de física nem tudo de moda da África Ocidental, mas precisa saber que isso existe e que pode ser útil na hora de escrever um bom texto. Repertório não tem a ver só com elementos cultu- rais - filmes, peças, exposições etc. Tem também a ver com experiências. Ser solteiro, ser casado, fazer com- pras online, comprar frutas na feira livre, adotar um ca- chorro, viajar para Itália ou para Pindamonhangaba. Cada um desses cenários traz aprendizados que você pode não usar constantemente, mas que estão ali guar- dados no seu subconsciente e fazem de você um óti- mo redator. Sim! É claro que você não precisa testar tudo no mundo. Aí você vai se valer da empatia, dos seus contatos so- ciais e da boa e velha pesquisa na internet para enten- der como funcionam outras viagens, outras culturas, outros planetas. E isso é requisito obrigatório para se tornar um bom redator: Ser curioso e querer sempre aprender um pouco de tudo. ESCREVA 32 Construa seu repertório das mais diversas formas possíveis. Leia manuais de instrução e best-sellers; as- sista a filmes do Godard e também a filmes de terror malfeitos; vá a exposições em grandes museus e em pequenos centros culturais periféricos. Para escrever bem, você vai precisar deixar de lado o preconceito e buscar tudo quanto é referência nos lugares mais dis- tintos. Aproveite! Vai ser incrível. Se estiver perdido sobre onde encontrar conteúdo bacana, no final do ebook deixamos algumas listas de links interessantes, filmes e séries que vão te dar um em- purrãozinho. Esteja aberto ao novo e você mesmo vai se surpreender com a sua melhora. Elementos da comunicação07 “Um pouco de amargura não resolve. Um pouco de amargura se dissolve, se nesta cidade não conheces o outro que está perto e pouco. Trecho da Poesia Palavra de Homem - de Mário Chamie ESCREVA 34 CONTEXTO EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR CANAL CÓDIGO Além de ter um bom repertório, você vai precisar também de algumas noções teóricas para começar a mandar ver nos seus textos. Nada do que vem a seguir é um bicho de sete cabeças. Pelo contrário: você vai entender diversos elementos e teorias do processo co- municacional e vai conseguir percebê-los nos textos e na comunicação em geral do seu dia a dia. A comunicação nada mais é do que o processo de transmitir mensagens. Durante esta transmissão, existem seis elementos que tornam o processo possível, como mostra o diagrama a seguir: 35 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG transmitir a mensagem das nossas aulas é a inter- net, por meio de vídeos. Os canais podem ser jor- nal, televisão, telefone, revista, enfim, uma infinida- de de meios que possibilitam a transmissão de uma mensagem. Código: define o conjunto de signos utilizados na mensagem. Aqui estamos utilizando a língua por- tuguesa, com o alfabeto latino. Às vezes, mescla- mos alguns códigos numa mesma mensagem, como quando utilizamos palavras estrangeiras como “brainstorm”, “mindset” etc. Contexto: também um conceito literal, refere-se à situação em que o emissor e o receptor estão inse- ridos. Este é um elemento que pode gerar muitas po- lêmicas, já que uma mesma mensagem pode signi- ficar coisas muito distintas em contextos diferentes. Neste esquema, encontramos os seguintes elementos: Emissor: é justamente quem emite a mensagem, co- nhecido também como falante ou locutor. Depois de aprender tudo neste curso, o emissor será você. Por enquanto, enquanto estamos conversando aqui, es- crevendo para você, nós somos os locutores. Receptor: se nós somos os locutores, você é o in- terlocutor, o ouvinte - mesmo na linguagem escrita. O receptor é o elemento que representa aquele que recebe a mensagem emitida. Mensagem: trata-se basicamente daquilo que é transmitido. A própria mensagem é o objeto da co- municação, que representa um conjunto de informa- ções que sai do emissor e vai até o receptor. Canal: para sair de um ponto e chegar a outro, exis- te algum canal que torna possível a transmissão da mensagem. Por exemplo, o canal que utilizamos para ESCREVA 36 Estes elementos já estão muito enraizados na nos- sa comunicação, de forma que não pensamos separa- damente em cada um deles. Mas, na hora de escrever um bom texto, é essencial que você pense em cada um dos elementos. Emissor: você vai escrever em seu nome ou em nome de um setor, uma empresa? Receptor: como é o perfil do público-alvo da sua mensagem? Mensagem: o que você deseja comunicar? Uma propaganda, uma mensagem de aniversário, uma declaração de amor, um e-mail para seus clientes? Canal: quais os canais disponíveis para transmitir sua mensagem? Qual deles é o melhor, de acordo com o teor da mensagem? Código: será escrito em que idioma? Contexto: levando em consideração o perfil do receptor, a mensagem e o canal, em que contexto sua comunicação será inserida, para que ela seja compreendida corretamente? Na hora de organizar essas informações, algumas terão mais importância do que outras em determina- das situações. É por isso que cada um dos elementos da comunicação tem a sua própria função de linguagem. Funções? Que funções? Calma! É simples: estas fun- ções servem como um direcionamento da mensagem, indicando se ela é mais centrada no emissor, no con- texto, na própria mensagem etc. 37 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Além de direcionar, as funções da linguagem po- dem reforçar aquilo que você quer transmitir - e isso faz com que estas funções sejam muito importantes para os escritores. Dominar as diferentes funções não é só um exercício teórico, mas também formado por seu repertório. Va- mos entender um pouco mais delas: Função referencial (ou informativa) Centradano contexto Esta é a função mais utilizada nas nossas comunica- ções de rotina, e seu nome é autoexplicativo: é infor- mativa porque evidencia o assunto da mensagem, o tema tratado, e por isso é a função que é centrada no contexto da comunicação. Sabe aquela notícia que você leu hoje? Ela utiliza a função referencial para dar ênfase ao contexto em que se passou tal fato, informando aos interlocutores aquilo que aconteceu. É amplamente utilizada não só no contexto jornalístico, mas também científico (como os livros didáticos das escolas) e tudo aquilo que envolve o mundo real, a não-ficção. Exemplo: “Star Trek VI: The Undiscovered Coun- try é um filme norte-americano de ficção científica lançado em 1991 dirigido por Nicholas Meyer, escri- to por Meyer e Denny Martin Flinn e produzido por Ralph Winter e Steven-Charles Jaffe. É o sexto lon- ga-metragem da franquia Star Trek e o último es- trelado pelo elenco original da série de televisão da década de 1960.” (Página na Wikipédia do fil- me Star Trek VI) Por mais que Star Trek seja uma história fictícia, o texto da Wikipédia é um informativo sobre o fil- me, caracterizando-o como um texto de função referencial. Embora seja a mais comum, essa função pode não ser a melhor para o tipo de texto que estamos apren- dendo neste curso, que tem um maior poder de per- suasão e de retenção do interlocutor. Utilize apenas caso você esteja objetivamente comunicando algo. lucianaferreira Nota parei aqui ESCREVA 38 Função apelativa (ou conativa) Centrada no receptor A função apelativa é a mais utilizada no mundo da propaganda, já que é centrada no receptor. Por isso, ela também será uma das mais importantes para nós durante este curso, já que o nosso intuito é conseguir a atenção dos interlocutores. Exemplo: O exemplo mostra uma propaganda contra a den- gue da Prefeitura de Sorocaba. Observe os verbos no imperativo (“deixe”, “elimine”, “acabe”). Estes são usados justamente para apelar ao interlocutor a fim de levá-lo à ação, seja para acabar com o mosqui- to, para comprar algo ou para convencê-lo de que seu produto é o melhor do mercado. 39 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Função emotiva (ou expressiva) Centrada no emissor A função emotiva é aquela que expressa as emo- ções do emissor, e por isso podemos encontrá-la com muita frequência nas artes em geral. É possível observar a função emotiva através do uso da pri- meira pessoa do singular (“eu”) e de adjetivos que expressem emoções, angústias, anseios, opiniões pessoais etc. Exemplo: “Alguma coisa acontece no meu coração Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi Da dura poesia concreta de tuas esquinas Da deselegância discreta de tuas meninas” (Sampa - Caetano Veloso) Para você, a função emotiva pode ser útil na hora de construir uma história emocionante para o seu ne- gócio, como por exemplo dar personalidade a sua empresa e descrever os sentimentos dela como hu- mano, ou até mesmo na hora de escrever uma de- claração de amor, um pedido de desculpas ou o que mais envolver seus sentimentos. ESCREVA 40 Função metalinguística Centrada no código A metalinguagem é uma função que fala sobre ela mesma, centrada no código da comunicação. É uti- lizar as palavras para falar sobre palavras. É dese- nhar um lápis usando um lápis. É uma propaganda sobre o ato de anunciar. Enfim, existem muitas pos- sibilidades - que, usadas de forma criativa, dão um tom bastante sofisiticado aos seus textos. Exemplo: Função poética Centrada na mensagem A função poética também é muito utilizada por ar- tistas, que têm as famosas “licenças poéticas” para es- crever as coisas fora das normas cultas da língua, pro- duzindo efeitos estruturais muito ricos. Exemplo: O exemplo acima nada mais é do que uma tirinha sobre a tirinha. É quase como quebrar a quarta pa- rede e fazer com que a ideia interaja com aquilo que a tornou possível. O logo de natal do projeto Arte Na Rua, da Rede Globo, constrói com suas palavras uma árvore de na- tal, representando perfeitamente a função poética. É uma mensagem que se preocupa primordialmente com a mensagem, levando em conta muito mais a estética do que a comunicação informativa. 41 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Função fática Centrada no canal Esta função é bastante simples. Serve para testar o canal da comunicação. Incluem palavras que muitas vezes nem sabemos o seu significado, mas sabemos que se trata do início ou de um teste da comunicação. Exemplo: Oi! Alô! Bom dia! Hum... Expressões como “bom dia”, “olá, tudo bem?”, entre outras, podem até ter um verdadeiro significado, mas são constantemente utilizadas para iniciar uma con- versa. Nem sempre você quer realmente que a pessoa conte se está tudo bem na vida dela ou deseja de fato que ela tenha um bom dia ou uma boa tarde. São con- venções possibilitadas pela função fática. Você não precisa decorar todas as funções de cada elemento, mas é sempre bom relembrar essas teorias para te ajudar a construir textos originais e bem forma- tados. Sempre que precisar, volte neste capítulo para consultar as diversas possibilidades que o rumo do seu texto pode tomar. Processo criativo08 “Grandes realizações não são feitas por impulso, mas por uma série de pequenas realizações.” Vincent Van Gogh 43 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Um cartunista resolveu desenhar uma lâmpada acesa no topo da cabeça de um de seus personagens para simbolizar o nascimento de uma ideia e, desde então, todo mundo acha que ter ideias é algum tipo de iluminação. Ter ideias ganhou uma visão meio surrealista. A gen- te acha que alguma coisa vai cair do céu, brotar do chão ou simplesmente chegar a nós. Ou é um dom di- vino ou um feitiço criado há cem anos com escritas em latim e varinha mágica. Mas ter ideias é muito mais singular e pessoal. Às ve- zes, previsível, estável e racional. Outras, algo parecido com um trem desgovernado, sem trilhos, sem vagões, sem motorista ou passageiros. Espera, cadê o trem? Ele estava aqui antes? Para onde ele foi? Olha só quanta coisa a gente pode usar até para fa- lar sobre as ideias! É um universo bem distante do nosso senso comum. E qualquer redator precisa estar cons- tantemente aberto para este universo. Afinal, estamos aqui para ter ideias - ou encontrá-las por aí. ESCREVA 44 Neste capítulo, vamos introduzir um pouquinho do processo criativo por trás da Redação Publicitária, destacando alguns de seus pontos de atenção mais importantes. Identificar a necessidade de comunicação Toda ideia começa com uma necessidade. Um clien- te chega até você porque quer falar algo para seu público - divulgar um produto ou serviço novo, por exemplo - e não sabe quando, onde e, principal- mente, como falar. Para quem não trabalha em uma agência, essa é a hora de identificar por contra própria qual é a ne- cessidade de comunicação daquela empresa, qual a demanda da campanha e traduzir tudo isso com clareza em um briefing bem estruturado. Aguenta fir- me aí, porque mais para frente você vai aprender o que é e como criar um briefing. 45 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Planejar, planejar e planejar Dentro de uma agência, o briefing vai direto para o pessoal do planejamento. A diferença aqui é que, bom… você é os dois. Nesta etapa, a ideia é pensa- da de forma estratégica, criando um raciocínio de marca que seja fiel à demanda do cliente e que sirva de orientação para a criação da campanha. O planejamento requer uma pesquisa a fundo a res- peito do público do cliente: suas necessidades, ten- dências, interesses e quais são as oportunidades mais recentes de comunicação (e conexão) com esse público-alvo. Idealização da peça/campanha E, finalmente: a criação, sobre a qualfalamos desde o início deste ebook. A criação de uma ideia ou de uma campanha é feita em conjunto entre um reda- tor e um diretor de arte, o que pode ser você e você mesmo também. Vai depender do seu contexto, da sua estrutura e da sua demanda. Nesta etapa, damos vida ao briefing e criamos uma proposta de solução da necessidade do cliente a partir da idealização de uma campanha. ESCREVA 46 Tá bom, conhecemos os pontos principais do pro- cesso criativo e entendemos que um dos nossos pa- péis na hora de escrever é ter boas ideias. Mas como ter ideias ainda melhores? Como criar soluções melhores? Ao longo dos próximos capítulos, você vai apren- der uma série de técnicas, recursos e ferramentas que vão facilitar o seu processo criativo. No meio do cami- nho, vamos te apresentar exemplos de formatos de re- dação, cases e exercícios que serão essenciais para o seu aprendizado. Pronto para começar? Como fazer um briefing09 Uma forma clara e fácil de falar o que se precisa é metade do caminho. ESCREVA 48 Qualquer necessidade de comunicação nasce de um problema. Se a comunicação não está sendo feita é porque existe uma limitação. Entender essa limitação é o que a gente precisa para criar um caminho para a men- sagem que deve chegar a um público-alvo é essencial. Mas antes de qualquer coisa, é preciso reconhe- cer essa limitação ou, em outras palavras, reconhecer o próprio problema. Porque, como todo bom proble- ma, os que você vai encontrar aqui precisam de boas - ótimas! - soluções, e só o reconhecendo que podemos transformá-lo em um desafio real. Uma empresa precisa comunicar algo - um produ- to ou um serviço - e não consegue ou não sabe como fazer. Aí está o seu problema. O desafio é criar aque- le tal caminho: como chegar até o público-alvo? O que dizer? Como dizer? Todas as respostas vão estar na ideia que você vai propor para o seu cliente ou criar para si mesmo. Mas como chegar a essas ideias da maneira mais coerente possível com o problema real e a necessidade de co- municação de uma empresa? 49 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG É aí que entra o briefing. O briefing é um documen- to que contém todas as informações essenciais para a criação da ideia de uma peça publicitária. Diferentes agências e profissionais seguem dife- rentes modelos de briefing, mas todos eles têm o mes- mo propósito e, por isso, possuem características em comum. Aí vai o modelo de briefing que utilizamos neste curso: Quem é o cliente? Descreva aqui, em linhas gerais, o que é mais importante de saber sobre essa marca/empresa/serviço. Qual é o problema do negócio? Descreva aqui qual problema a peça ou a campanha precisa resolver ou comunicar. Como é o público? Descreva aqui as informações essenciais sobre quem esta campanha precisa atin- gir: gênero, faixa etária, renda, interes- ses, comportamento de consumo, compor- tamento digital, como se relaciona com a marca ou com a categoria, por exemplo. Qual é o objetivo final desta peça/ campanha? Descreva aqui qual é o resultado concreto esperado. Por exemplo: aumentar o acesso ao site, aumentar o engajamento do consu- midor, aumentar vendas do produto. Qual é a reason to believe? Descreva aqui todas as razões que susten- tam a mensagem. ESCREVA 50 Qual é o tom que deve ser expresso? Descreva aqui o tom desejado para a co- municação: humor, emotivo, funcional, di- dático etc. Existe algum aspecto mandatório que deve ser levado em conta? Descreva aqui as obrigatoriedades da campanha. Por exemplo: não pode ser ilus- tração ou deve ter necessariamente uma família ou usar o slogan X. O que deve ser entregue? Descreva aqui quais peças precisam ser desenvolvidas. Prazo: Defina a data de entrega. Verba: Enumere o montante financeiro disponível para essa ação. + +Reason to believe Tradução literal do inglês: “razão para acreditar”. Dados, informações e vantagens concretas que a empresa tem para que o consumidor acredite nela. Às vezes, também aparece como “unique selling proposition” (USP). 51 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Agora, vamos dar uma olhada em como este modelo é aplicado na vida real? Vamos retomar um exemplo que você já viu no curso para visualizar como ele fica quan- do colocado dentro do modelo que aprendemos aqui: EXEMPLO 1 Quem é o cliente? Precisamos criar uma campanha de lança- mento de produto para a Bio-beauty. É uma marca de beleza tradicional no Brasil, no mercado há 20 anos, conhecida e amada pelos seus hidratantes corporais. Qual é o problema do negócio? Lançamento do primeiro creme facial da Bio-beauty, o Bio-face. É um creme de rá- pida absorção, formulado para deixar a pele do rosto mais macia e uniforme. É leve e eficiente. Como é o público? Mulheres das classes B e C, 25+. Qual é o objetivo final desta peça/ campanha? A campanha precisa resolver um desafio: as mulheres do target não costumam usar cremes para o rosto. Elas acham que os cremes faciais baratos são gordurosos e os caros estão completamente fora do seu or- çamento. Preferem investir em maquiagem. Qual é a reason to believe? A exclusiva enzima R23, que rejuvenesce a pele. Qual é o tom que deve ser expresso? Tom de comunicação bem humorado. ESCREVA 52 Existe algum aspecto mandatório que deve ser levado em conta? A empresa foge do padrão de filmes muito emocionais e não gosta de mostrar a mu- lher em um papel estereotipado. O que deve ser entregue? Campanha digital com vídeo de no máximo 1 minuto para YouTube, Instagram e Face- book e mídia display. Prazo: 23/04 Verba: 10 mil E aí vai mais um exemplo extra de aplicação do modelo: EXEMPLO 2 Quem é o cliente? Safe é uma empresa de seguros que está há 50 anos no mercado e oferece seguros de carro, residência e vida. Qual é o problema do negócio? Apesar dos 50 anos de história significarem confiança e estabilidade, a empresa está sendo percebida pelo consumidor como velha. Precisamos mostrar para o nosso público que a Safe é inovadora e moderna e está 100% adaptada às novas necessida- des do consumidor. Como consequência, chegar também a um público mais jovem. Como é o público? Os consumidores da Safe são classe AB, predominantemente do Sudeste, entre 35 e 55 anos. São pessoas interessadas em 53 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG proteger seus bens, em viver com tranquili- dade e que pensam no futuro. Qual é o objetivo final desta peça/ campanha? Mostrar ao consumidor Safe que a empre- sa não ficou para trás: também conta com todas as conveniências digitais das con- correntes e recursos inéditos no app e no atendimento. Como objetivo secundário, está a conside- ração da Safe por um público mais jovem. Qual é a reason to believe? O app da Safe é o que tem mais funciona- lidades dentre as outras seguradoras: con- trole de velocidade na direção, alarme para residência, acompanhamento de reboque pelo mapa. Qual é o tom que deve ser expresso? Moderno e tecnológico. Existe algum aspecto mandatório que deve ser levado em conta? O app precisa aparecer em todas as peças. O que deve ser entregue? → Filme de 30” para televisão → Filmes digitais de 10” → Out of home digital Prazo: Indefinido. Verba: Ilimitada. ESCREVA 54 Estes são exemplos básicos de briefing voltado para o trabalho publicitário, mas você pode utilizar o mesmo modelo para criar briefings de curta-metragens de ci- nema, livros e qualquer outro projeto no qual você pre- cise comunicar algo específico. Para quem não trabalha em uma agência, o briefing não deixa de ser importantíssimo, afinal, ele facilita a identificação de tudo o que você precisa para idealizar e executar seu trabalho. É bem provável, também, que você dê de cara com outros briefings mais complexos dependendo da evolução do seu trabalho como redator. Isso vai acon- tecer porquealguns projetos são bem mais complica- dos do que outros e necessitam de uma maior instru- ção e orientação. Ao colocar todas essas informações no papel, você vai ter maior clareza sobre a necessidade de comuni- cação da sua criação, além de seus objetivos e restri- ções. É exatamente isso que vai te levar à raiz do seu problema. Brainstorming10 Ou como jogar suas ideias no papel sem medo de ser feliz. ESCREVA 56 BRAIN- STORMING Às vezes, parece mais fácil fazer uma viagem da África à Europa montado em um elefante do que ter uma ideia. Você com certeza já passou por isso. Escrever é mais do que criar coisas, é recriar também. Talvez você nunca tenha escrito sobre o produto do seu cliente antes e não faça ideia de por onde come- çar ou, em outro cenário, você pode ter escrito dez ve- zes sobre aquele produto e estar com dificuldade para pensar em algo diferente e interessante para falar. Tenha você escrito zero ou dez vezes sobre um as- sunto, nem sempre a ideia vai fluir daquele jeito bonito e prazeroso que algumas fluem. O seu texto pode tra- var no meio do caminho (ou nem começar) e te custar aquela uma hora desperdiçada olhando para uma tela em branco. E tudo bem. Vamos começar dando aquela respira- da bem profunda e repetindo o mantra da vez: eu não sou um desenho animado e nem todas as ideias vão vir no formato de lâmpadas. Aliás, Thomas Edison também não descobriu a lâm- pada no topo de sua própria cabeça. Ela não apareceu assim, de repente, em um momento de iluminação - lite- ralmente. Pelo contrário, foi preciso que Edison errasse mil vezes até encontrar a ideia certa, a resposta certa para o problema que ele queria resolver. Como ele mesmo diz: ele não falhou, apenas desco- briu mil maneiras que não funcionam. Mas tudo aconte- ceu porque ele se permitiu errar e errar e errar até che- gar a sua ideia. E a ferramenta sobre a qual vamos falar neste capítulo tem tudo a ver com isso. 57 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG O brainstorming parte de um princípio essencial: o que te faz ter ideias é abrir espaço para elas. É desis- tir de acertar. Quando a gente desiste de acertar, abrimos mão do nosso filtro crítico por um momento. A gente para de fi- car selecionando, descartando e inibindo nossas ideias. Ao abraçar as ideias mais ridículas e nonsense que passam pela nossa cabeça, criamos um espaço con- fortável para que ideias melhores se manifestem atra- vés de insights e, também, de combinações. Na prática, o brainstorming é assim: nos juntamos a um grupo de pessoas - ou pelo menos a uma dupla - e geramos uma tempestade de ideias. Sem filtro, sem certo ou errado. Apenas criação, abertura e a quanti- dade certa de caos. É importante que o brainstorming seja feito em co- letivo justamente para gerar uma diversidade maior e ainda mais maluca de ideias. Brainstorming é um caos criativo, só que muito bem organizado. Essa ferramenta foi criada para gerar ideias, mas, acima de tudo, ideias que solucionem problemas e de- safios. Seu real propósito é ampliar a percepção de problemas e dos recursos que possuímos para solucio- ná-los, dando lugar para a criatividade na solução de desafios mais complexos. Existem vários jeitos de “organizar” e guiar um brainstorming. O que acontece é que a maioria das pes- soas acaba encontrando seu jeito particular de gerar ideias ao longo do tempo e da experiência. Depois que experimentamos, exercitamos a ferra- menta e colocamos, de fato, a mão na massa, perce- bemos o que funciona melhor para cada grupo e cada objetivo de criação. E daí surgem diversas dinâmicas diferentes de brainstormings. ESCREVA 58 Mas todo brainstorming tem uma essência básica que pode ser entendida em três etapas: imersão, pau- sa e inspiração. IMERSÃO A primeira etapa fundamental de um brainstorming é a imersão no assunto. A proposta é mergulhar o mais fundo possível. Fazer pesquisas sem fim, estudar a concorrência e ir atrás de todo tipo de referência que estiver ao seu alcance - o que vai desde assistir filmes a experimentar um estilo de vida alternativo. Mas é muito difícil arrumar tempo para isso tudo, né? Especialmente quando o prazo é apertado e a sua demanda é urgente. O objetivo principal da imersão é entender com profundidade o produto ou servi- ço e ter uma compreensão muito clara do segmen- to do seu cliente. 59 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG PAUSA A pausa é a etapa em que você coloca a massa para descansar antes de montar a pizza. É quando você vai para casa, sai para uma caminhada, toma um banho, faz uma janta bacana, brinca com o ca- chorro e, enquanto isso, deixa seu cérebro traba- lhar sozinho. Sabe aquela história de que as melhores ideias só aparecem durante o banho? Isso acontece porque é um daqueles momentos em que você está em pausa, relaxado, e não excessivamente focado em encon- trar uma solução para o seu problema. Mesmo quando você está em casa fazendo uma omelete, suas ideias estão criando conexões no se- gundo plano do seu cérebro sem que você perce- ba. E é desse suposto “nada” que saem os insights mais valiosos, por isso ele é tão importante para o processo de geração de ideias. ESCREVA 60 INSPIRAÇÃO E boom, nasce o insight, seja lá de onde ele vem. Não dá para apontar um ponto no mapa ou na linha do tempo que seja fiel a sua origem ou o exato instan- te em que ele surgiu, embora a ciência já tenha dito que ele nasce no cantinho da nossa cabeça, próxi- mo à nossa orelha. Em um momento você está passando condiciona- dor no cabelo, e no outro ela está lá: a ideia. Dificil- mente ela vai chegar até você pronta, um diamante lapidado. Você vai precisar trabalhar nela e ajustar bastante coisa para torná-la viável. Mas uma coisa é certa: você já tem a sua ideia. 61 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Falando assim, em apenas três etapas, parece muito mais simples, mas nem tão prático. É por isso que segui- mos modelos e métodos diferentes de brainstormings a fim de tornar a ferramenta mais tangível. Uma das diretrizes do brainstorming são suas sete regras: 1. Uma conversa por vez 2. Quantidade importa 3. Construa sobre as ideias dos outros 4. Encoraje ideias malucas 5. Seja visual 6. Mantenha o foco 7. Não faça críticas e nem julgamentos Vamos dar um zoom nestas regras para entender melhor? 1. Uma conversa por vez Você não está sozinho no brainstorming. Se você, o Pedro e a Larissa começarem a falar juntos sobre questões diferentes, o processo corre o risco de vi- rar uma bagunça. É importante dar a devida aten- ção para cada conversa, uma de cada vez. 2. Quantidade importa Tenha muitas, muitas (mas muitas mesmo!) ideias. Boas ou ruins, ótimas ou péssimas. Aqui, a quantida- de é tão importante quanto a qualidade. Para falar a verdade, esquece a qualidade. Tenha ideias hor- ríveis, as piores que puder. Mas que sejam muitas. Acredite ou não, todas elas vão ajudar o processo a ganhar movimento, além de deixar todo mundo mais confortável para compartilhar, que é essencial den- tro de um brainstorming. ESCREVA 62 3. Construa sobre as ideias dos outros Uma das características mais determinantes do brainstorming é sua capacidade de utilizar o pen- samento coletivo como um meio de fomentar o pro- cesso criativo. Durante ele, você vai ouvir a opinião de várias pessoas e nem todas elas vão ser lá muito produtivas. Mesmo assim, não as descarte. Construa novas ideias sobre as ideias dos outros e colabore para potencializá-las. 4. Encoraje ideias malucas Ideias malucas quebram linhas de raciocínio e dão origem a novos caminhos alternativos. É por isso que elas são encorajadas durante o brainstorming. Na maioria das vezes, ideias malucas despertam insights que jamais apareceriam se não fosse pela cara de pau de um dos colaboradores. 5. Seja visual O pensamento visual é outrogrande aliado do brainstorming. Por meio dele, fica mais fácil visuali- zar as ideias, fazer melhores conexões e dar fluidez ao processo com ideias mais objetivas, concisas e direcionadas. Aquele estojo de canetinha que você guardou no armário anos atrás vai ser seu melhor amigo agora, se ele ainda estiver lá. Se não estiver, caneta azul já serve. Até guardanapo pode virar pa- pel. Quanto mais visual for o seu brainstorming, mais - e melhores - ideias ele pode gerar. 6. Mantenha o foco Nessa onda de gerar ideias malucas, em grande quantidade, fica fácil se perder e acabar discutindo sobre o último episódio daquela série que todo mun- do do grupo acompanha. Por mais que o brainstor- ming seja um momento de liberdade de expressão, é de extrema importância manter o foco naquele pro- blema a ser resolvido. 63 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG 7. Não faça críticas e nem julgamentos Durante o brainstorming não é hora de classificar as ideias (“essa é boa” ou “essa não é tão legal”), e sim de colocar tudo para fora, deixar rolar, libertar todas as ideias e combinações possíveis sem julgamentos. O julgamento bloqueia as pessoas, faz com que se sintam desconfortáveis, pressionadas e, por causa disso, acaba espantando a criatividade num sus- to. E não dá para gerar ideias sem criatividade, né? As regras do brainstorming vão te ajudar a tirar o máximo do processo, de você mesmo e da equipe que estará colaborando com você. Alimentando um ambiente de geração de ideias de qualidade, nossas ideias ganham novas qualidades, ân- gulos, formatos e quebram os padrões do óbvio. Para a escrever bem, isso é mais do que essencial, já que leva a mensagem que queremos comunicar a um outro nível. Recursos linguísticos11 A língua portuguesa te traz maneiras de deixar seus textos ainda mais incríveis. 65 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Por mais que você gostasse de escrever desde mais jovem, as aulas de português do ensino médio não pa- reciam a coisa mais útil e convidativa do universo. Se não era a sua praia, então, você não deve nem lembrar do que são eufemismos e hipérboles. Se você achou que não ia usar aquilo tudo nunca mais, achou errado. Cá estamos para falar de uma matéria que ficou lá no passado: os recursos linguísticos. Os recursos linguísticos são como a cobertura de um bolo, enquanto as palavras são a massa e a ideia o recheio. Você pode fazer um bolo sem cobertura, mas ele fica muito mais bonito e apetitoso com ela. É bem isso que os recursos linguísticos fazem: estilizam o tex- to, conferem inteligência à mensagem e deixam tudo muito mais amarrado. A seguir, separamos uma grande lista com recursos linguísticos que serão extremamente úteis para escre- ver textos dignos de um grande escritor: ESCREVA 66 Clichê O clichê é um recurso simples, mas muito utilizado na nossa linguagem do dia a dia - e isso faz com que seja tão interessante e rico de se utilizar. Na reda- ção publicitária, os clichês são usados para apro- veitar frases feitas de forma inesperada, quebran- do a linearidade do receptor e gerando sensações de riso, surpresa, entre outras. 67 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Exagero (ou hipérbole) Na escrita sempre há espaço para você dar uma exagerada. Esse é um recurso ainda mais evidente na publicidade, exaltando de forma intensa os be- nefícios do seu produto ou serviço, lembrando sem- pre que isso não tem nada a ver com propaganda enganosa. É mais simples do que parece, como o nosso primeiro exemplo: é claro que ninguém exami- nou milhões de pés. No segundo exemplo, a mesma coisa: Michael Jordan não ganhou uma partida de basquete contra Isaac Newton. Tem muito mais a ver com desafiar a gravidade do que fazer uma cesta. Linha Mizuno Wave. Um modelo adequado para cada tipo de pisada Depois de analisar mihões de pés, fizemos duas coisas: 1. Criamos um mode- lo de tênis pra cada tipo. 2. Lavamos as mãos 68 DESENHE SUA CARREIRA Contexto Dependendo do meio e da localidade que você escolher veicular o seu texto publicitário, dá para aproveitar algumas brechas para conversar com o contexto. Este é um daqueles recursos que encan- tam logo de primeira o seu interlocutor. O exemplo, do Passat, a seguir foi veiculado nas últimas pági- nas de uma revista (página dupla). Olha que baca- na a sacada: Golpes de Estado, ditaduras, diretas já, impeachment, copas do mundo, CPIs. Um povo com tantos motivos pra ir às ruas não podia ficar a pé. Pusemos o anúncio no fim da revista porque diz a boa educação que os mais velhos sempre devem passar na frente. Novo Passat. 69 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Informações precisas Não é porque apareceram um monte de especifica- ções técnicas no briefing que você, criativo, vai igno- rar tudo e deixar o outro lado do seu cérebro traba- lhar - o lado mais criativo. Se juntar sua criatividade com essas informações, você pode chegar a um tex- to bem-humorado e de muito valor. ESCREVA 70 Metáfora/comparação Este é um dos recursos mais utilizados na Redação Publicitária e que você pode usar em praticamen- te qualquer coisa, já que permite uma infinidade de comparações inusitadas, resultando em trabalhos bem inteligentes, por mais simples que sejam. Os re- cursos da metáfora e da comparação são daque- les que podem funcionar sozinhos, até mesmo sem uma arte. Por conta disso, é valioso para você que vai escrever textos de muitos tipos além das peças publicitárias padrão. Um spolier do bem: A câmera de ré avisa quando você vai bater. 71 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Metalinguagem Falamos sobre a metalinguagem lá no capítulo de elementos da comunicação, mas vamos reforçar aqui, com mais exemplos. Para relembrar: a meta- linguagem é o recurso que utiliza o meio para falar do próprio meio. Nos exemplos a seguir, é um anún- cio falando sobre um anúncio. ESCREVA 72 Opções O recurso de opções é um daqueles que pode mes- clar recursos anteriores dentro dele. Pode ser usado para mostrar quantas coisas legais você quer ofere- cer, para comparar com situações diferentes e ines- peradas e para o que mais sua imaginação quiser, e aí não precisam necessariamente ser opções vá- lidas no mundo real. 73 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Repetição (ou anáfora) Outro recurso simples que também é bastante utili- zado na nossa linguagem falada, mas que não deixa de ser bem-vindo em seus textos publicitários. Se a repetição fica feia em textos formais, ela cabe muito bem nos modelos mais leves e descolados que es- tamos vendo neste curso. ESCREVA 74 Contraste (ou antítese) A antítese é o contraste entre dois elementos ou ideias no mesmo texto. É um recurso bastante usa- do não só pelos artistas, para dar vida a seus sen- timentos mais profundos, mas também pelos reda- tores, a fim de produzir efeitos como este: Ironia Nada como a boa e velha ironia para dar um tom mais próximo ao seu interlocutor. Veja o exemplo: com apenas uma frase, a marca conseguiu criar uma ironia simples entre seu nome, o serviço que ela oferece e sua assinatura, mas ainda assim cheia de significado. 75 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Sinestesia A sinestesia é o recurso linguístico que envolve mais de um dos nossos cinco sentidos em sua compo- sição - visão, audição, tato, olfato e/ou paladar. Cruzar sensações com o uso da sinestesia pode ser uma arma poderosa para o seu texto, remeten- do seus interlocutores a sensações que lhe tragam boas lembranças. No exemplo, observe o slogan da Malwee, uma marca de roupas que usa a sineste- sia para trazer a sensação do toque de um abraço às suas peças. Você também não precisa decorar todos estes no- mes paraser um bom redator. Encare este capítulo como uma inspiração para os seus próximos textos, ob- servando os exemplos que a gente deu e sempre pes- quisando por mais. Na sua pesquisa, inclusive, você vai reparar que estes não são os únicos recursos de lingua- gem existentes (pois é, ainda tem mais!). Tudo isso nos leva de volta sempre ao capítulo so- bre o olhar do redator: sua vida vai ficar muito mais fácil conforme você for construindo seu repertório e ligando diversas referências de maneiras originais. Estude bas- tante, saia muito e viva muitas experiências sempre pen- sando que, dali, dá para levar muita coisa. A Prancha12 Um recurso para você apresentar ideias, conceitos, textos ou resultados. 77 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Nessa altura do curso você já teve uma série de ideias para criar textos nos mais diversos formatos. Mas antes de refinar e ajustar suas ideias vamos te tra- zer uma ferramenta para apresentar conceitos, ideias e até projetos prontos. Seu chefe, seu diretor de arte, sua equipe, um forne- cedor ou o seu melhor amigo. Não importa quem seja, é preciso que essa pessoa saia dali compreendendo sua ideia e tendo uma visão tão clara quanto a sua a res- peito da execução. É preciso ser compreensível, relevante e tangível. Mais uma vez vamos usar um recurso da publicida- de para ajudar na nossa apresentação. Você vai usar uma ferramenta de apresentação que chamamos carinhosamente de prancha. Em essência, trata-se de um texto curto, persuasivo e fácil de enten- der sem esforço. Esse texto pode ter um super layout todo criativo e bonito, mas, na maioria das vezes, o texto dá conta de contar a história. De qualquer forma, se você tiver essa habilidade nas mãos ou conhecer alguém próximo que possa fazer isso para você, um layout de qualidade tem tudo para ajudar. Você pode usar a prancha para apresentar mais do que uma campanha ou peça publicitária. Dá para apre- sentar uma ideia de negócio, um projeto ou qualquer coisa que passar pela sua cabeça. ESCREVA 78 A prancha pode ser pensada e estruturada de duas formas: em um texto corrido ou numa separação em blocos. Vai depender muito da sua ideia, do seu estilo de apresentação e de como você acredita que vai ser mais fácil para as pessoas entenderem sua proposta. Os dois formatos são bem parecidos em termos de conteúdo, mas vamos te ajudar a montar qualquer um dos dois: Texto corrido O texto começa com o NOME DA IDEIA, que pode ser desde algo simples - como, por exemplo, o “Ni- vea Doll” que vimos durante o curso - a algum títu- lo um pouquinho mais complexo com uso de recur- sos linguísticos. Em seguida, vem o NOME DO CLIENTE - que a gente nem precisa te explicar como é que faz, né? É comum a apresentação começar com uma FRASE curta e vendedora descrevendo a ideia de forma mais geral. A partir daí, a pessoa já vai saber se ela quer continuar descobrindo mais sobre a ideia ou não. É o primeiro contato com a proposta, aquilo que vai con- quistar de primeira as pessoas certas. Depois disso, usamos uma descrição mais longa que pode ser dividida em mais um ou dois parágrafos de APROFUNDAMENTO da ideia, para quem esco- lheu saber mais detalhes da solução que está sen- do apresentada. De todo jeito, mesmo a descrição mais longa deve ser mais breve e focada no essencial. Se no caminho você perceber que está difícil demais explicar sua ideia em poucas linhas, é um sinal de que a própria ideia precisa ser repensada. Quanto mais fácil for de explicar sua ideia, mais madura ela está e maior é a qualidade da mensagem que ela deve comunicar. 79 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Blocos Você também tem algumas opções de divisão em blocos para a sua prancha. Tem uma alternativa mais simples e outra levemente mais complexa, que pode apresentar ou não de forma mais sucinta a sua ideia. Vai do seu gosto e do seu julgamento. CONTEXTO (ou CENÁRIO) + IDEIA O contexto (ou cenário) descreve boa parte do que sabemos por meio do briefing da campanha ou da peça publicitária: o problema do cliente, o contexto desse problema e pontos importantes. A ideia, bom, você já sabe: é a solução que você tem para o problema, como ela conversa com o cenário e sua sugestão de execução. PROBLEMA + SOLUÇÃO + EXECUÇÃO O problema é nada mais do que foi entregue para você no briefing do cliente, a necessidade de comunicação por trás da campanha ou da peça que foi feita. A solução é a sua ideia, um resumo bem claro (mas sem muita enrolação) da proposta, demonstrando como ela resolve o problema do cliente. A execução é o que vai ser colocado em prática, como a solução vai chegar ao público-alvo. ESCREVA 80 Prancha de resultados Tem um outro formato de prancha que funciona não só para apresentar a ideia ou a solução que você tem para o seu cliente, mas também para mostrar o sucesso de uma ideia ou do seu negócio, gerar uma visualização ampla dos resultados, demonstrar o aumento de engajamento, de mídia espontânea e awareness da marca. Chamamos essa prancha de prancha de resulta- dos. Ela pode ser extremamente útil para evidenciar o impacto da sua criação nos resultados do pro- duto, do serviço ou da marca com a qual você está trabalhando. Você pode incluir na sua prancha de resultados da- dos como quantidade de visualizações, comparti- lhamentos, comentários, interações e, se possível, o lucro das vendas. Veja o exemplo simples: 81 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Agora vamos aos exemplos e cases de pranchas... Durante o curso, você fez um exercício com um brie- fing parecido com este aqui, lembra? Quem é o cliente? ONG especializada em ajudar alcoólatras e suas famílias. Qual é o problema do negócio? Os primeiros sinais do alcoolismo passam despercebidos pela maioria dos familiares e dos amigos de uma pessoa alcoólatra. Como é o público? Público geral, já que qualquer pessoa pode passar por isso. Qual é o objetivo final desta peça/ campanha? Alertar as pessoas para a possibilidade de ter um alcoólatra muito perto delas sem que elas percebam. Existe algum aspecto mandatório que deve ser levado em conta? Deve ser uma campanha compartilhável, que possa ser facilmente espalhada pelas pessoas e, preferencialmente, se tornar vi- ral de forma espontânea. O que deve ser entregue? A ideia final e uma prancha de pelo menos três parágrafos explicando a proposta. ESCREVA 82 Existe algum aspecto mandatório que deve ser levado em conta? Não. Prazo: Indefinido. Verba: Pequena, porque se trata de uma ONG. Pegue aí o resultado do seu exercício e compare com a solução real que foi pensada para essa campanha: Prancha de Apresentação - Texto (nome da ideia) Like My Addiction (nome do cliente) Addict Aide (descrição curta e vendedora, quase um tí- tulo) Como aumentar o awareness so- bre alcoolismo no Instagram sem custo de mídia. (descrição longa) Problema É fácil não perceber o vício de alguém próximo. Nossa intimidade impede que vejamos os primeiros sinais do alcoo- lismo. Addict Aide, uma organização fran- cesa especializada em alcoolismo, queria ressaltar essa dificuldade. Ideia Para que os usuários vejam, na práti- ca, como é difícil perceber os sintomas do alcoolismo, eles vão viver a situação em primeira mão. Vamos criar um perfil de Ins- tagram de uma jovem com a vida perfeita: suas fotos vão mostrá-la em viagens, fes- tas, reuniões com amigos. O detalhe é: em todas as fotos, o álcool estará presente de 83 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG alguma forma. No fim, um vídeo vai revelar o que todos os usuários provavelmente vão deixar passar. Prancha de Resultados - Texto (nome da ideia) Like My Addiction (nome do cliente) Addict Aide (descrição curta e vendedora, quase um tí- tulo) Como louisedelage.com aumen- touawareness sobre o alcoolismo no Instagram. (Resultados) +110.000 seguidores +500.000 shares 9,8 milhões de mídia espontânea Com 0 investimento de mídia (descrição longa) Problema É fácil não perceber o vício de alguém próximo. Nossa intimidade impede que vejamos os primeiros sinais do alcoo- lismo. Addict Aide, uma organização fran- cesa especializada em alcoolismo, queria ressaltar essa dificuldade. Ideia Criamos um relacionamento pró- ximo entre uma alcóolatra e usuários do Instagram. Durante 2 meses, Louise Delage comparti- lhou sua vida perfeita no Instagram. Usando técnicas de growth hacking, ela ganhou vários seguidores organicamente ESCREVA 84 e virou uma influenciadora nacional. Mas mesmo depois de 149 fotos e vídeos, seus seguidores deixaram passar o mais impor- tante: o alcoolismo. Seu último post foi um vídeo viral mostrando a presença do álcool em todas as fotos. Separamos para você a versão mais visual e capri- chada da prancha da campanha Re-reborn do Clube de Criação, que vimos no curso e retomamos no capí- tulo 4 deste ebook. Olha que coisa mais linda: Mas, como você já sabe, a prancha está muito além de um rostinho bonito. Que tal mais alguns cases para você até cansar de tanto ver pranchas de apresenta- ção e aprender mais sobre o que está por trás do visual? A Voz da Arte ANÁLISE Essa aí é uma prancha de resultados bem demonstrativa e detalhada do projeto “A Voz da Arte”, criado para a Pinacoteca de São Paulo em 85 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG conjunto com a IBM. Você vai notar que a fórmula do modelo seguido por essa prancha é um pouco diferente das que vimos aqui. A divisão é: desafio, ideia, como funciona (na práti- ca) na lateral esquerda e os resultados da campanha na lateral direita. Se fosse uma prancha de apresen- tação, ela seria mais ou menos assim: PROBLEMA 72% dos brasileiros nunca estiveram em um museu, por conta de um déficit na valorização e priorização da cultura e da educação. IDEIA Utilizar a computação cognitiva para tornar o passeio ao museu ainda mais interativo e persona- lizado. Foi criado um assistente cognitivo que res- ponde perguntas recorrentes dos visitantes a res- peito das obras do acervo, exatamente como uma visita guiada. Assista o vídeo oficial da campanha: http://dsco.la/voz-da-arte-youtube Saiba mais sobre o case: http://dsco.la/voz-da-arte-case Futebol vs Alzheimer ANÁLISE Essa prancha segue um modelo bem mais parecido com o que vimos no início do capítulo, ex- ceto que eles não especificam a separação dos blo- cos, apresentando o texto corrido. Logo a seguir, se- paramos as informações traduzidas em blocos para você dar uma olhada. É legal reparar também que na lateral direita da prancha há um depoimento breve sobre o resulta- do da campanha. http://dsco.la/voz-da-arte-youtube http://dsco.la/voz-da-arte-case ESCREVA 86 CONTEXTO Um estudo da Universidade Autônoma de Barcelona demonstrou que falar de futebol aju- da as pessoas com Alzheimer e deterioração cog- nitiva, melhorando sua memória, atenção e ânimo. IDEIA A Libero decidiu criar uma ferramenta para se conectar com elas e ajudá-las: uma revista. EXECUÇÃO Quatro edições especiais da Libero fei- tas como se falassem com o mesmo público de dé- cadas atrás, relembrando grandes memórias clás- sicas do futebol. Assista ao vídeo da campanha: http://dsco.la/futebol-alzheimer-youtube Saiba mais sobre o case: http://dsco.la/futebol-alzheimer-case La Tomatina Solidária ANÁLISE Essa prancha pode parecer simples e fá- cil de reproduzir, mas faz o trabalho de apresentar a campanha perfeitamente. E o mais legal de observar neste exemplo é a frase em destaque que vem an- tes de apresentar o cenário e a ideia. Lembra a tal da “frase que descreve a ideia geral” que você viu no início do capítulo? É isso aí! http://dsco.la/futebol-alzheimer-youtube http://dsco.la/futebol-alzheimer-case 87 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Perceba que ela é um resumão da proposta final e se comunica de maneira bem direta, com uso de pala- vras-chave que passam a mensagem de cara sem muita explicação. Agora, uma curiosidade bem legal: essa campanha não saiu do papel. Foi pensada por um profissional de Redação Publicitária e designer - o Bernardo Sil- veira - como parte de seu portfólio. Aí vai uma transcrição do texto da prancha: FRASE A tradicional tomatina, pela primeira vez sem tomates. 100 toneladas de tomate substituídas para alimen- tar milhares de pessoas. CENÁRIO Apesar de toda a alegria proporcionada pela tradicional festa da tomatina, a Espanha é um dos países mais atingidos pela crise europeia. Fal- tam empregos e a população sem teto aumenta a cada dia. IDEIA A Heinz irá patrocinar a tomatina, fornecendo embalagens contendo o substrato natural da produ- ção do Ketchup, com a mesma coloração e textura dos tomates originais. Os balões Heinz vão funcio- nar exatamente como a fruta, estourando quando arremessados contra o alvo. As 100 toneladas de tomate que seriam desperdiça- dos serão revertidas em uma gigantesca sopa que será distribuída nos dias seguintes em diversos abri- gos para família sem teto. Apresentar sua ideia é mais fácil do que você es- tava imaginando, não é? Seguindo os modelos e algu- mas das fórmulas de estrutura que te ensinamos, você pode exercitar suas habilidades de apresentação para levar sua ideia para o maior número de pessoas. Ago- ra é hora de aprender como refinar suas ideias com os conceitos a seguir. Títulos13 É como olhar no olho de uma pessoa antes de conversar com ela. Ele pode te instigar, provocar e te manter conectado. Mas se o título for ruim, você pode perder o interesse. 89 COMO USAR TÉCNICAS DA REDAÇÃO PUBLICITÁRIA PARA ESCREVER MELHOR | DESCOLA.ORG Você já foi assistir a um filme no cinema e ficou com- pletamente decepcionado com a tradução que fizeram do título original? Ou, então, já esteve em uma palestra que não entregou nada do que seu título dizia? Afinal, quantas coisas você já deixou de comprar ou consumir por causa do nome delas? Quando começamos a falar de títulos pensamos em praticamente tudo: um post no blog, uma palestra, um curso, uma proposta estratégica dentro da sua empre- sa, um novo negócio. No contexto da publicidade pen- samos no título da campanha, de uma peça ou de uma ação. Os títulos estão por todo lado e até esse capítulo começa com um título. A gente dá nome para tudo, até para o grupo do WhatsApp. Então, o que realmente estamos falando quando o assunto são títulos? Títulos são uma forma de apresentação da ideia. Al- gumas pessoas os entendem como uma prévia, mas é muito mais do que isso: um título é uma promessa, ele deve introduzir e entregar tanto conteúdo quanto um texto. Às vezes, um bom título pode valer por uma ma- téria inteira. Por isso que o título de uma ideia pode, também, acabar com ela inteira. Segundo David Ogilvy - consi- derado o pai da propaganda -, o título é lido cinco ve- zes mais que o texto. É daí que vem sua importância. As funções dos títulos vão além de introduzir e en- tregar algo. É comum atribuirmos aos títulos a intenção de chamar e conquistar a atenção das pessoas, mas é ainda mais profundo que isso: o título deve capturar a atenção das pessoas certas. Sua função mais impor- tante é a de selecionar um público. Para divulgar o lançamento da Secadora Compac- ta Brastemp Talent, a marca apostou no seguinte título: ESCREVA 90 O título brinca com a substituição da palavra “se- car” por “sujar”, fazendo alusão a algo que acontece com muita frequência. no dia a dia de quem lava a rou- pa. Pense no público em questão e no que a Brastemp quer comunicar (sua necessidade de comunicação). Eles querem chamar a atenção do público que está acostumado a lavar roupas a fim de convencê-los a comprar uma secadora. Sabendo disso, eles se aprovei- taram de uma circunstância
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