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Cartografia Sistemática Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Carlos Eduardo Martins Revisão Textual: Profa. Esp. Natalia Conti 5 Nesta unidade em que trataremos do Sistema UTM, da Carta Internacional do Mundo, da Carta do Brasil ao Milionésimo e da articulação de folhas, você terá acesso a diversos recursos. Além disto, procure pesquisar o máximo que puder sobre o tema “Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas”. Há inúmeros conteúdos na internet que são bastante úteis para o seu estudo e para a sua formação profissional. Neste conteúdo trataremos do Sistema UTM, da Carta Internacional do Mundo, da Carta do Brasil ao Milionésimo e da articulação de folhas por meio dos quais será possível a você perceber a significância dos assuntos abordados na atividade profissional do professor de Geografia. Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas · Introdução · As origens do Sistema UTM e da Carta do Mundo ao Milionésimo 6 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Contextualização Comparação projeção de Mercator de 1569 e projeção UTM Fonte: pages.uoregon.edu Fonte: gpsinformation.org 7 Introdução A origem do tema proposto para esta unidade é baseada na projeção cilíndrica do cartógrafo Gerhard Kremer (1512 - 1594), mais conhecido pelo seu nome latinizado Mercator, nascido na atual Bélgica (JOLY, 2004). A importância da projeção de Mercator está no fato de ter atendido aos interesses mercantis navais em ascensão na Europa no século XVI e que demandavam mais precisão e acurácia na representação tanto das rotas quanto dos locais a estabelecer portos para o intercâmbio comercial ou para a exploração colonial. A projeção clássica de Mercator, se observada à luz da base teórica atual, pode ser classificada como Cilíndrica, Normal e Conforme. Isto quer dizer que em tal projeção o cilindro: » Envolve a figura da Terra em contato tangente ao Equador; » Forma um eixo paralelo como o eixo da rotação da Terra; » Preserva as formas nas Zonas de baixas e médias latitudes; » Preserva os ângulos de 90° entre os círculos máximos e os paralelos e meridianos; » Distorce significativamente as Zonas de altas latitudes. Os parâmetros relacionados anteriormente podem ser observados na Figura 1. Figura1. Projeção Cilíndrica, Normal e Conforme de Mercator Fonte: adaptado de mathworks.com Devido às grandes distorções facilmente perceptíveis, o eixo da projeção normal de Mercator foi convertido à posição transversa por Johann Lambert (1728-1777) no ano de 1772. Já em 1822, Carl F. Gauss adotou a conformidade e o elipsoide de Newton. Finalmente, Johann H. L. Krüger, em 1912, inseriu a grade plano-retangular, definindo os parâmetros atuais da projeção de Mercator. 8 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas As origens do Sistema UTM e da Carta do Mundo ao Milionésimo Todas essas iniciativas foram corroboradas e tornadas convencionais na Comissão da Carta Internacional (International Map Committee), reunida em Londres, em 1909. Tal reunião definiu a Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo – CIM, por meio da adoção dos seguintes padrões: » Escala 1:1.000.000 (por isto diz-se “ao milionésimo”) como padrão para cobertura dos territórios nacionais; » Divisão da superfície de referência em uma superfície de projeção com 60 faixas (Fusos) de amplitude; » O ordenamento de “Fusos” de 1 a 60 a partir do antimeridiano 180ºW até o antimeridiano 180°E no sentido Oeste – Leste; » Cada um dos Fusos seria dividido a partir do Polo Sul, passando pelo Equador, em 21 Zonas de 4º (quatro graus) de amplitude até o Polo Norte, sendo que cada uma delas seria identificada por uma letra. » Entre os paralelos 84° a 90°N e 80° a 90°S estão as duas calotas polares representadas pela letra Z e B, respectivamente, não abrangidas pela projeção UTM. Participara deste evento o Engenheiro Francisco Bhering, maior defensor e idealizador da Carta do Brasil ao Milionésimo. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Instituto de Cartografia do Exército Americano desenvolveu a Projeção Cilíndrica, Transversa, Conforme, Secante e Universal de Mercator, ou simplesmente UTM (Figura 2). Desde então, a projeção UTM tornou-se uma ferramenta cada vez mais adotada tendo em vista a grande influência estadunidense no mundo, daí por diante. Figura 2. Cilindro transverso secante Fonte: IBGE (1998) A alteração do modelo original de Mercator e a opção pelo contato secante favoreceu a diminuição das distorções inerentes à projeção de Mercator. A seguir podemos observar algumas modificações nos parâmetros em comparação ao modelo original. 9 » Cilindro secante: o contato intercepta a circunferência nos paralelos de latitudes 84°N e 80°S. » Eixo transverso: o eixo do cilindro é perpendicular ao eixo polar. » Propriedade conforme: os ângulos não são deformados e a forma se mantém dentro de alguns limites de extensão. » Abrangência universal: adoção do Elipsoide de Hayford de 1924. Os resultados em termos práticos com a modificação dos parâmetros, em especial, com relação à direção do eixo e ao tipo de contato, podem ser observados na prática. A Figura 3 compara duas situações que envolvem processos de confecção de mapas por meio da projeção de Mercator. Figura 3. Projeção de Mercator de contato tangente (“a”) e de contato secante (“b”) Fonte: planetaryvisions.com Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1998) 10 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas A comparação das imagens da Figura 3 deixa bem clara a considerável distorção decorrida da extensão inerente nas altas latitudes. Entretanto, na imagem “a” as distorções são maiores, já que na imagem “b” as Zonas polares estão separadas e representadas por meio de uma projeção independente: o Sistema UPS (Universal Polar Stereographic), ao qual abordaremos à frente. O Fuso UTM Considerando a superfície de referência elipsoidal da Terra, são definidas 60 faixas com meridianos centrais de 6° (seis graus) cada, ou seja, 3° (três graus) para cada lado do Meridiano Central, chamadas de Fusos. Obtemos esses 60 Fusos, rotacionando o cilindro no sentido oeste- leste, perpendicularmente ao eixo polar, a partir do antimeridiano 180° até retornarmos a ele novamente, totalizando, assim, os 360° da superfície de projeção (Figura 4). Figura 4. Projeção Cilíndrica Transversa Conforme Secante Universal de Mercator (UTM) Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 1998) Como já mencionamos anteriormente, os Fusos de 1 a 60 são contados a partir do antemeridiano 180° lado W até o antemeridiano 180° lado E, como pode ser observado na Figura 4, completando a circunferência. A Zona UTM Do Polo Sul ao Polo Norte temos as Zonas definidas pelas letras do alfabeto (exceto “A”, “B”. “I”, “O”, “Y” e “Z”). Assim, localizamos os lugares na projeção UTM com uma correlação alfanumérica que relaciona o Fuso à Zona. A Figura 9, mais à frente apresenta em detalhe a situação do Brasil no sistema de projeção UTM, com destaque para a delimitação de uma coordenada UTM. 11 Se considerarmos a Figura 4 é possível constatar que toda a superfície de referência está representada pela projeção UTM. Entretanto, esta representação não é tão simples assim. Mais uma vez devemos lembrar que estamos convertendo uma figura curva em um plano. Então, como resolvemos as questões de deformação do mapa? Mais uma vez entra em cena o papel da matemática, pois como cada Fuso é gerado a partir da rotação de 6° (seis graus) em 6° (seis graus), no sentido oeste-leste, do cilindro perpendicularao eixo polar. Na prática, o resultado seria o que podemos observar na Figura 5, isto é, 60 faixas ou Fusos de contato equatorial. Figura 5. Fuso UTM Fonte: professores.uff.br Se observarmos os Fusos da figura 5, poderemos notar que eles correspondem apenas na faixa do Equador onde o cilindro tangencia a superfície de referência. Assim, quanto maior for a distância ao Equador, maior a deformidade encontrada nas áreas representadas na superfície de projeção. Com o objetivo de mitigar estas distorções da projeção UTM, há a necessidade de compensar o que, entre os limites meridionais do Fuso, há de diferença a mais e a menos. A este parâmetro dá-se o nome de Fator de Redução de Escala. Fator de Redução de Escala O Fator de Redução de Escala (k), representado pelo coeficiente 1 1 - 0,9996 2500 K = = Ou seja, 1 metro de redução a cada 2.500 metros, na Zona de redução e 1 metro de ampliação a cada 2.500 metros, na Zona de ampliação, como mostra a Figura 6. 12 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Figura 6. Fator de Redução de Escala Fonte: unalmed.edu.co Observe na Figura 6 que o cilindro de contato secante atravessa a superfície de referência mantendo um Meridiano Central (seta vermelha) equitativamente alinhado no meio da faixa, ou, do Fuso. Como cada Fuso tem exatamente 6° (seis graus) de longitude distribuída paralelamente ao Meridiano Central, “sobram” porções excedentes (área angular entre este Fuso e os adjacentes) sob o cilindro, denominadas de “áreas de ampliação” e faltam porções de áreas próximas aos polos às quais o cilindro não consegue cobrir, chamadas de “áreas de redução”. Para que as compensações matemáticas possam ser feitas e, com isto, diminuir das deformações, adotam-se os seguintes valores para os limites do Fuso e as áreas da superfície de referência. » Meridiano Central: k = 0,9996 » Zonas de ampliação: k > 1 » Zonas de redução: k < 1 » Limites Leste e Oeste do Fuso (deformação nula): k = 1 Desta forma minimizam-se as deformidades angulares da projeção UTM. Determinação das coordenadas UTM Diferentemente das projeções que utilizam o Sistema de Coordenadas Geográficas que é baseado na subdivisão do círculo e mede as posições de acordo com os cruzamentos das latitudes e longitudes em graus, minutos e segundos, com os valores todos referenciados aos círculos máximos (Equador e Meridiano de Greenwich), a unidade de medida UTM é o metro, ou mais precisamente, segue uma lógica bidirecional cartesiana métrica de referência. Ao contrário do que ocorre com as coordenadas geográficas, não há longitudes no sistema UTM. Neste, dividimos os 6° (seis graus) de cada um dos 60 Fusos em duas partes, considerando como referência o Meridiano Central existente em cada Fuso e não mais o Meridiano de Greenwich. 13 Considerando a curvatura e a diminuição progressiva das circunferências dos paralelos na direção dos polos, as distâncias meridionais dentro de cada Fuso variam de 667.916 metros nas proximidades do Equador a apenas 116.309 metros, próximo ao paralelo 80° Sul ou Norte. Por este motivo, adota-se o valor 500.000 metros para todos os meridianos centrais de todos os Fusos para, a partir deste parâmetro, medirmos as distâncias ao Oeste e ao Leste, partindo do Meridiano Central até o limite com os outros Fusos. A estas distâncias damos o nome de Easting (E). Medimos o Easting ao Oeste do Meridiano Central subtraindo metros de 500.000. Assim, o Easting < que 500.000 indica que o ponto está a Oeste do Meridiano Central. Por outro lado, aumentamos a quantidade de metros sobre 500.000 ao Leste do meridiano Central. Com isto, se o Easting for > que 500.000, isto indica que o ponto encontra-se ao Leste do Meridiano Central. As distâncias no sentido perpendicular ao Easting, que corresponderia às latitudes no Sistema de Coordenadas Cartesianas, que são, igualmente, medidas a partir do Equador, mas de uma forma bastante diferente. Denominamos estas distâncias UTM de Northing (N, se Hemisfério Norte e S, se Hemisfério Sul). A medida do Northing é obtida a partir da consideração de que o meio arco do Equador ao polo vale 10.000 km, ou 10.000.000 de metros. Desta forma e para diferenciar as medidas desde o Equador até os polos Norte e Sul. Dividimos estas distâncias da seguinte forma: » Do Equador ao Polo Norte: medimos de 0 (zero) a 10.000.000. » Do Equador ao Polo Sul: medimos de 10.000.000 a 0 (zero). Diferentemente do procedimento para descobrir o Easting, para determinarmos o Northing de um ponto consideramos a distância deste em relação ao Equador em ambos os Hemisférios, lembrando que no Hemisfério Norte o valor aumenta do Equador ao polo e no Hemisfério Sul ele diminui. Exemplificando: » O Northing que esteja 1 metro ao Sul do Equador tem valor 9.999.999S. » O Northing que esteja 1 metro ao Norte do Equador tem valor 0.000.001N. A Figura 7 pode nos ajudar a compreender esta particularidade. Figura 7. Medida de Northing S com auxílio da ferramenta Google Earth Fonte: Image Landsat (1970) / Google (2014). 14 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Note na Figura 7 que a linha vermelha representa um vetor de 1 metro dentro do primeiro metro ao Sul do Equador. Podemos observar que na barra de status (retângulo vermelho na margem inferior da imagem) do aplicativo, esta distância decresceu 1 metro em relação ao valor inicial do Equador que é de 10.000.000 de metros. A Figura 8 ilustra a estrutura de um Fuso com todos os parâmetros analisados anteriormente. Figura 8. Modelagem de um Fuso UTM Adaptado de coral.ufsm.br Considerando todos os aspectos analisados anteriormente, determinar uma coordenada UTM requer alguns procedimentos. Vamos utilizar a Figura 9 para nos auxiliar nesta tarefa. 15 Figura 9. Projeção UTM Brasil Fonte: Elaborado pelo Autor O território brasileiro apresenta um alongamento longitudinal que abrange 8 Fusos (do 18º ao 25º). Além disto, também apresenta uma grande amplitude norte-sul, o que lhe confere diversidade de Zonas UTM (de H até N). Observando a Figura 9, temos como origem o Meridiano Central do Fuso 22 e a Zona J. Portanto, uma coordenada UTM dentro deste quadrante deve ser precedida pelo código UTM “22J” além do Northing S (distância em metros ao Sul do Equador) e o Easting E (distância em metros do Meridiano Central). Atualmente existem diversos recursos que permitem localização de lugares e objetos em mapa utilizando a coordenada UTM, incluindo a ferramenta Google Earth, do Google. Há diversos tutoriais na internet para que você opere este aplicativo criando pontos, polígonos e linhas. 16 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Projeção Estereográfica Polar Universal (Universal Polar Stereographic) ou Sistema UPS Como vimos, o sistema UTM é limitado às latitudes 84N e 80S. Isto por que as Zonas polares, nesta projeção ficariam com deformações muito significativas. Para solucionar este problema, mescla-se a projeção UTM até as latitudes mencionadas com outra que serve à representação das Zonas polares. É a da Projeção Estereográfica Polar Universal (Universal Polar Stereographic) ou Sistema UPS, que é azimutal, tangente, conforme, e normal (Figura 10). Figura 10. Grade retangular das zonas polares Norte (esq.) e Sul (dir.) da projeção UPS Fonte: Adaptado de colorado.edu Observe que na Figura 10 as grades retangulares codificadas por duas letras, independem dos meridianos que convergem para os polos Norte e Sul, à esquerda e à direita, respectivamente. Nos mapas e cartas de diversas escalas, é normal que se sobreponham os sistemas de Coordenadas Geográficas e UTM. No Brasil, as escalas mais comuns, em geral pequenas, apresentam esta combinação nas margens das folhas, como pode ser observado na Figura 11. A imagem foi recortada da Carta1:50.000 do IBGE, de denominação Folha “Engenheiro Maia” que representa uma fração do sudoeste do Estado de São Paulo. Figura 11. Sistema de Coordenadas Geográficas e Sistema UTM Fonte: adaptado de IBGE (1975) 17 Note na Figura 11 que a nomenclatura é um conjunto alfanumérico. Este código indica as referências de folhas em escalas cada vez menores até a escala 1:1.000.000, ou a chamada carta ao milionésimo do Brasil, à qual detalharemos em seguida. Analisando a imagem da Figura 11 é possível observar a existência de uma numeração dupla na margem do mapa. O vértice das duas linhas azuis da imagem corresponde exatamente à coordenada geográfica do ponto que o vértice representa, ou seja, 49°00’W e 24°00’S. A outra numeração diz respeito às linhas vermelhas que se entrecruzam dentro da imagem. Trata-se das coordenadas UTM. A coordenada UTM mais extrema, próxima ao canto do mapa é o Easting 702(000)E e o Northing 7.344(000)S. Norte(s) Magnético, Geográfico ou Verdadeiro e da Quadrícula Do ponto de vista da Cartografia, denominamos mapas ou cartas aqueles recursos que apresentam alguns parâmetros convencionais. Um dos parâmetros indispensáveis, além da escala, da legenda entre outros, é o Norte. Atualmente a palavra Norte pode apresentar diversos significados e, dependendo de como a empreguemos, pode não ter nenhuma relação com a Cartografia em si. Afirmamos que uma pessoa que esteja apresentando um comportamento fora do padrão está “desnorteada”. Quando um projeto de empreendimento ou mesmo um estudo não deslancha em termos de resultados práticos, dizemos que ele precisa de um “norte”. O que acabamos de perceber é que o termo “norte” adquiriu um caráter polissêmico e é empregado no nosso cotidiano sem nenhum tipo de apego aos aspectos cartográficos que representa. Agora, e na Cartografia, será que o “norte” apresenta algum desvio da sua real significância? Desvios, de fato, não, mas por mais surpreendente que possa parecer, em Cartografia temos que lidar com diferentes “nortes”. Vejamos como distingui-los. Norte Magnético O que denominamos de Polo Norte Magnético é o local na superfície da Terra para o qual apontam os objetos magnetizados, como as agulhas das bússolas, inventadas pelos chineses e usadas pelos europeus no século XV. A agulha da bússola é atraída pelo magnetismo negativo da Terra (o positivo fica na posição inversa, no Hemisfério Sul). Quer dizer, o magnetismo da Terra é um fluxo que converge de um polo ao outro e que, além de orientar a navegação por bússola magnética, os meios de transporte aéreo, naval e terrestre tem um importante papel ecológico, pois é o “guia” das espécies migratórias aéreas, terrestres e aquáticas. Norte Geográfico ou Verdadeiro O Norte Geográfico ou Verdadeiro é o que coincide com o eixo da rotação da Terra. Entre o Norte Geográfico e o Norte Magnético há uma diferença de ângulo, chamada de Declinação Magnética, que oscila anualmente entre 7’ (sete minutos) a 20’ (vinte minutos) para o Oeste. Isto quer dizer que uma bússola, por melhor que funcione, não vai nos guiar até o Norte Geográfico. Este é delimitável, atualmente, pelo Sistema GPS. 18 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Norte da Quadrícula O Norte da Quadrícula é o único que não existe fisicamente, isto é, ele corresponde à direção dos meridianos das cartas e mapas que utilizamos. No caso das cartas e mapas, planos nos quais os meridianos são paralelos e formam ângulo de 90° com os paralelos, o Norte da Quadrícula é o paralelo que delimita o mapa propriamente dito e a margem da folha (linha horizontal azul da Figura 11). Além de todos estes aspectos levantados, deve-se considerar para todos os efeitos que o Norte da Quadrícula, devido ao fato de a carta ou mapa serem planos por contato tangente ou secante, aponta na direção do infinito, como mostra a Figura 12. Figura 12. Projeção hipotética dos nortes geográfico, magnético e da quadrícula sobre a elipsoide Fonte: Adaptado de vector.agr.br A Carta do Brasil ao Milionésimo A Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo - CIM, composta por 52 (cinquenta e dois) folhas articuladas, que cobrem todo o Brasil, constitui elemento de fundamental importância na caracterização do território nacional, compondo o Sistema Cartográfico Nacional (SCN) no que tange ao mapeamento terrestre de referência, na escala de 1:1.000.000, único cobrindo todo o território (adaptado de IBGE, 2003). A Carta do Brasil ao Milionésimo (CBM) confeccionada para os festejos do centenário da independência, em 1922, faz parte da Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo - CIM, de escala padrão 1:1.000.000, convencionada para cobrir toda a superfície terrestre entre as latitudes 84° N e 80°S. Articulação das folhas 1:1.000.000 A Carta do Brasil ao Milionésimo é composta de 52 folhas com área de 4° (quatro graus) de latitude por 6° (seis graus) de longitude (Figura 13). 19 Figura 13. Carta do Brasil ao Milionésimo de escala 1:1.000.000, com destaque para a Folha “Rio de Janeiro”, denominada SF.23 Fonte: Adaptado de ibge.gov.br Da mesma forma como ocorre com o padrão mundial, o intervalo de 6° (seis graus) no sentido das longitudes determina os Fusos, ou seja, as faixas com meridianos centrais. Os paralelos limitam as Zonas em faixas de 4° (quatro graus) em 4° (quatro graus) de latitude a partir do Equador até os paralelos de 88° Norte e Sul, denominadas Zonas. A nomenclatura das folhas recebe o nome do hemisfério (N ou S), a letra da Zona e o número do Fuso. No caso exemplificado na Figura 13, destacamos a folha de toponímia “Rio de Janeiro” denominada de “SF – 23” (“S” = Hemisfério Sul; “F” = Zona e “23” = Fuso) e que cobre parte dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. As folhas de escala 1:500.000 resultam da subdivisão em quatro partes das 52 folhas de escala 1:1.000.000 e são codificadas com os signos anteriores acrescidos das letras “V”, “X”, “Y” e “Z”. Cada uma destas folhas ocupa 2° (dois graus) de latitude por 3° (três graus) de longitude (Figura 14). 20 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Figura 14. Carta do Brasil ao Milionésimo de escala 1:500.000, denominada SF.23-Z Fonte: Adaptado de IBGE, 2003 As folhas 1:500.000 são subdivididas em novas quatro folhas cada, de escala 1:250.000 igualmente denominadas com os signos anteriores acrescidas as letras “A”, “B”, “C” e “D”. As folhas 1:250.000 ocupam 1° (um grau) de latitude por 1° 30’ (um grau e 30 minutos) de longitude (Figura 15). Figura 15. Carta do Brasil ao Milionésimo de escala 1:250.000, denominada SF.23-Z-D Fonte: Adaptado de IBGE, 2003 Para obtermos novas folhas de escala 1:100.000 dividimos as folhas 1:250.000, desta vez, em seis. As folhas 1:100.000 são também denominadas a partir dos signos anteriores acrescidos os algarismos “I”, “II”, “III”, “IV”, “V” e “VI”. Estas folhas ocupam 30’ (30 minutos) de latitude por 30’ (30 minutos) de longitude (Figura 16). 21 Figura 16. Carta do Brasil ao Milionésimo de escala 1:100.000, denominada SF.23-Z-D-VI Fonte: Adaptado de IBGE, 2003 Cada uma das folhas 1:100.000 é dividida em quatro novas folhas de escala 1:50.000 denominadas exatamente como as anteriores com os respectivos signos acrescidos os números “1”, “2”, “3” e “4”. Uma folha 1:50.000 ocupa 15’ (quinze minutos) de latitude por 15’ (quinze minutos) de longitude (Figura 17). Figura 17. Carta do Brasil ao Milionésimo de escala 1:50.000, denominada SF.23-Z-D-VI-4 Fonte: Adaptado de IBGE, 2003 Por sua vez, as folhas 1:50.000 são subdivididas em quatro novas folhas de escala 1:25.000, denominadas com os signos utilizados nas escalas anteriores acrescidos desta vez os pontos colaterais “NO”, “NE”, “SO” ou “SE”. Cada folha 1:25.000 ocupa 7’30” (sete minutos e trinta segundos) de latitude por 7’30” (sete graus de trinta minutos)de longitude (Figura 18). A mesma figura 18 apresenta a subdivisão das folhas 1:25.000 em seis novas folhas de escala 1:10.000, denominadas como as anteriores acrescidas as letras “A”, “B”, “C”, “D”, “E” e “F”. As folhas 1:10.000 ocupam 3’45” (três minutos e quarenta e cinco segundos) de longitude por 2’30” (dois minutos e trinta segundos) de latitude (Figura 18). 22 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Figura 18. Carta do Brasil ao Milionésimo de escala 1:25.000 (subtraída da folha “4” de escala 1:50.000), denominada SF.23-Z-D-VI-4-SE e de escala 1:10.000 denominada SF.23-Z-D-VI-4-SE-F Fonte: Adaptado de IBGE, 2003 A nomenclatura das folhas de escalas grandes seguem o mesmo padrão da 1:1.000.000 com a relação de elementos alfanuméricos. Peguemos o exemplo da nomenclatura da Folha “Rio Betari”, de escala 1:10.000 do IGC/SP, de 2001 (Figura 19), que não corresponde aos exemplos das figuras anteriores, mas obedece à mesma padronização. Figura 19. Nomenclatura da Folha “Rio Betari” do IGC (2001) Fonte: adaptado de IGC/SP (2001) 23 Considerando a Figura 19 é possível notar que a folha 1:10.000 é identificada pela combinação de oito signos correspondentes ao dela própria e aos das escalas inferiores. Lembre-se que quanto maior o denominador (o valor à direita do sinal), menor é a escala cartográfica. Evidentemente que as reduções não param por aí. Quando se trata de trabalhos com demanda por mapas mais detalhados ainda é possível fracionar as folhas em escalas menores. A subdivisão das folhas 1:100.000 de 30’ (trinta minutos) por 30’ (trinta minutos), pode gerar diversas folhas de 6’ (seis minutos) de latitude por 6’ (seis minutos) de longitude com escala 1:20.000. Se dividirmos as folhas de escala 1:20.000 de 6’ por 6’ em quatro folhas de 3’ (três minutos) por 3’ minutos (três minutos) conseguiremos obter folhas de escala 1:10.000 que, por sua vez, se desmembrada em folhas de 1,5’ (um minuto e meio) de latitude por 1,5’ (um minuto e meio) de longitude chegaremos às folhas 1:5.000. Para obtermos folhas de escala 1:2.000, basta subdividirmos as folhas 1:10.000 de 3’ por 3’ em folhas de 36” (trinta e seis segundos) de latitude por 36” (trinta e seus segundos) de longitude. Se dividirmos estas em 4 folhas de 18” (dezoito segundos) de latitude por 18” (dezoito segundos) de longitude, chegamos às folhas de escala 1:1.000 e destas podemos alcançar a escala 1:500 subdividindo-as em 4 folhas de 9” (nove segundos) de latitude por 9” (nove segundos) de longitude. Nas folhas 1:500, um centímetro traçado sobre o mapa equivale a cinco metros no terreno, isto é, estamos falando em escalas muito grandes, capazes de pormenorizar os detalhes do terreno em trabalhos cartográficos. Por fim é importante refletirmos sobre os conceitos tratados nesta unidade e lembrar que se trata de uma convenção internacional e que todas as nações realizam as subdivisões escalares dos seus mapas da mesma forma. Este é o propósito da Carta Internacional ao Milionésimo e da projeção UTM. 24 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Material Complementar Carta do Brasil ao milionésimo digital (IBGE) » http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/topo_doc3.shtm » http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/115/rbg_1960_v22_n1.pdf O IBGE e a evolução da Cartografia no Brasil » http://terrabrasilis.revues.org/942 Uma aplicação temática da Carta do Brasil ao Milionésimo » http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=298&sid=26 25 Referências BARBOSA, R. P. A Carta do Brasil ao Milionésimo. Revista Brasileira de Geografia/IBGE, 1960. Versão digital, disponível em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/115/ rbg_1960_v22_n1.pdf. Acessado em 09/11/2014. DUARTE, R. B. No Céu o Corpo da Pátria: A Elaboração da Carta do Brasil ao Milionésimo. Versão digital, disponível em http://www.sbhc.org.br/resources/ anais/10/1344180847_ARQUIVO_Trabalho_rildo_SBHC.pdf. Acessado em 09/11/2014. FITZ, P. R. Cartografia Básica. 3ª edição. Editora Oficina de Textos. São Paulo, 2008. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Noções básicas de Cartografia. Rio de Janeiro, 1998. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/ cartografia/nocoes_basicas_cartografia.pdf. Acessado em 31/10/2014. JOLY, F. A Cartografia. 6ª Edição. Papirus Editora. Campinas, 2004. LIBAULT, A. Geocartografia. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1975. 26 Unidade: Sistema UTM, Carta Internacional do Mundo, Carta do Brasil ao Milionésimo e articulação de folhas Anotações
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