Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE CARTOGRAFIA BÁSICA VENDA NOVA DO IMIGRANTE – ES SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À CARTOGRAFIA ............................................................... 5 1.1 O surgimento ......................................................................................... 6 2 LOCALIZAÇÃO NA SUPERFÍCIE DA TERRA ............................................. 7 2.1 Orientação e localização ........................................................................ 8 2.2 Rede Geográfica .................................................................................. 12 2.3 Coordenadas Geográficas ................................................................... 14 3 A FORMA E AS DIMENSÕES DA TERRA ................................................. 16 3.1 Determinação das Coordenadas Geográficas ..................................... 17 3.2 Rumos e Azimutes ............................................................................... 18 3.3 Rumo......... .......................................................................................... 18 3.4 Azimute..... ........................................................................................... 20 4 INSTRUMENTOS ....................................................................................... 21 4.1 Bússola...... .......................................................................................... 21 4.2 Princípio de Funcionamento ................................................................ 22 4.3 GPS........... .......................................................................................... 24 4.4 Aplicações............................................................................................ 25 4.5 Altímetro............................................................................................... 26 4.6 Curvímetro. .......................................................................................... 28 5 Formas de representação da Terra ............................................................ 31 5.1 Elementos Fundamentais dos Mapas .................................................. 33 5.2 A escalas nos mapas ........................................................................... 33 5.3 Continentes e Oceanos........................................................................ 33 5.4 Tipos de localização dos lugares ......................................................... 34 6 HISTÓRIA DOS MAPAS E DA CARTOGRAFIA ........................................ 35 6.1 História da Cartografia ......................................................................... 37 6.2 A História dos Mapas e sua Função Social .......................................... 41 6.3 Analisar as Produções Antigas e ver além do que foi desenhado ........ 42 6.4 Evolução dos mapas ............................................................................ 44 6.5 Tipos de Mapas ................................................................................... 47 7 ESCALA CARTOGRÁFICA ........................................................................ 50 7.1 Escala Gráfica ...................................................................................... 51 7.2 Escala Numérica .................................................................................. 53 7.3 Precisão Gráfica .................................................................................. 54 8 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS .............................................................. 56 8.1 Projeção Cilíndrica ............................................................................... 56 8.2 Projeção Cônica ................................................................................... 57 8.3 Projeção Plana ou Azimutal ................................................................. 57 8.4 Projeções Cartográficas ....................................................................... 60 8.5 Projeção Universal Transversa de Mercator ........................................ 61 9 SÉRIES CARTOGRÁFICAS....................................................................... 64 9.1 Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo – CIM ........................... 64 9.2 Cartas do Brasil – Desdobramento e Escalas ...................................... 66 10 FUSOS HORÁRIOS ................................................................................ 69 10.1 Fusos Horários no Brasil ..................................................................... 72 10.2 Fuso Horário no Mundo ....................................................................... 73 10.3 Como calcular os Fusos Horários? ...................................................... 74 10.4 Algumas Curiosidades Sobre os Fusos Horários ................................. 75 10.5 Como Calcular Fusos Horários ............................................................ 75 10.6 Tempo Universal Coordenado ............................................................. 77 10.7 Horário de verão .................................................................................. 78 11 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ......................................... 79 11.1 Sensoriamento Remoto ....................................................................... 80 11.2 GPS [Sistema de Posicionamento Global]........................................... 81 11.3 Geoprocessamento ............................................................................. 82 12 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 83 12.1 Bibliografia Básica ............................................................................... 83 12.2 Bibliografia Complementar .................................................................. 83 5 1 INTRODUÇÃO À CARTOGRAFIA Cartografia é a ciência de produzir mapas (representação visual de aspectos naturais, políticos, populacionais e outros de uma região) a partir de dados e técnicas matemáticas. Segundo a Associação Cartográfica Internacional – ACI (1966) ACI (1966) “Conjunto de estudos e operações científicas, técnicas e artísticas que, tendo por base o resultado de observações diretas ou da análise da documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras formas de expressão e representação de objetos, fenômenos e ambientes físicos e socioeconômicos, bem como sua utilização. ” Fonte: www.enfoquecapacitacao.com.br Com a realização de constantes guerras e com o crescimento do comércio, das cidades e dos países, os mapas deixaram de ser usados apenas para facilitar e indicar deslocamentos. Passaram a ter também a função de transmitir conhecimentos para favorecer a dominação e o controle de territórios. Isso levou a cartografia a grandes avanços técnicos, tornando os mapas cada vez mais fiéis à realidade. Em cartografia, diferenciam-se os mapas de outras representações, como a carta. Enquanto os mapas oferecem representações mais genéricas e menos detalhadas do espaço (como planisférios), a carta representa espaços mais restritos com mais detalhes (como os guias de rua). http://www.enfoquecapacitacao.com.br/ 6 A palavra cartografia tem origem na língua portuguesa, tendo sido registrada pela primeira vez em 1839 numa correspondência, indicando a ideia de um traçado de mapas e cartas. Hoje entendemos cartografia como a representação geométrica plana, simplificada e convencional de toda a superfície terrestre ou de parte desta, apresentada através de mapas, cartas ou plantas. Por meio da cartografia, quaisquer levantamentos (ambientais, socioeconômicos, educacionais, de saúde, etc.) podem ser representados espacialmente, retratando a dimensão territorial, facilitando e tornando mais eficaz a sua compreensão. Não se pode esquecer, noentanto, que os mapas, como meios de representação, traduzem os interesses e objetivos de quem os propõe, podendo se aproximar ou se afastar da realidade representada. Além disso, enfrentam, como veremos mais adiante, as limitações e distorções que inevitavelmente surgem quando da transposição da realidade para o plano. Todo produto cartográfico é sempre útil e válido para uma determinada aplicação, em um determinado instante do tempo. 1.1 O surgimento Os primeiros mapas foram traçados no século VI a.C. pelos gregos que, em função de suas expedições militares e de navegação, criaram o principal centro de conhecimento geográfico do mundo ocidental. O mais antigo mapa já encontrado foi confeccionado na Suméria, em uma pequena tábua de argila, representando um Estado. A confecção de um mapa normalmente começa a partir da redução da superfície da Terra em seu tamanho. Em mapas que figuram a Terra por inteiro em pequena escala, o globo se apresenta como a única maneira de representação exata. A transformação de uma superfície esférica em uma superfície plana recebe a denominação de projeção cartográfica. Na pré-história, a Cartografia era usada para delimitar territórios de caça e pesca. Na Babilônia, os mapas do mundo eram impressos em madeira, mas foram Eratosthenes 7 de Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da cartografia moderna, usando um globo como forma e um sistema de longitudes e latitudes. Ptolomeu desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um círculo. Com a era dos descobrimentos, os dados coletados durante as viagens tornaram os mapas mais exatos. Após a descoberta do novo mundo, a cartografia começou a trabalhar com projeções de superfícies curvas em impressões planas. 2 LOCALIZAÇÃO NA SUPERFÍCIE DA TERRA Por muito tempo os estudos cartográficos são direcionados à estrutura do planeta em que vivemos e suas nuances, buscando conclusões racionais e concretas acerca de sua forma, bem como outras peculiaridades. Desde então, a definição da Terra se dá por geoide, ou seja, ela tem uma superfície irregular – e não redonda como muita gente pensa. Na geografia, uma superfície geoidal possui características complexas. Segundo o manual de cartografia do IBGE, é uma "superfície equipotencial do campo da gravidade, ou seja, sobre essa superfície o potencial do campo da gravidade é constante, coincidindo, portanto, com uma superfície de equilíbrio de massas d’água". Para chegar a esse formato, estudiosos usaram cálculos relativos a distâncias, ângulos, áreas, coordenadas geográficas, bem como a elipsoide de revolução, um campo de referência com linhas matemáticas exatamente definidas. A partir daí a estimativa é que a geoide apresenta formato levemente irregular e ondulatório, como mostra a imagem: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv44152_cap2.pdf 8 2.1 Orientação e localização Para chegar a um determinado lugar pela primeira vez é preciso ter referências ou o endereço, isso no campo ou na cidade, no entanto, nem sempre temos em nossas mãos instrumentos ou informações para a orientação. Em áreas naturais como as grandes florestas, desertos e oceanos não têm placas ou endereços para informar qual caminho se deve tomar. Nessas circunstâncias temos duas opções para nos orientar, que são pelos astros ou por instrumentos. O primeiro tem sua utilização difundida há muito tempo, principalmente no passado quando pessoas que percorriam grandes distâncias se orientavam por meio da observação do sol, da lua ou das estrelas, apesar de que não possui a mesma precisão dos instrumentos esse tipo de recurso pode ser bem aproveitado dependendo da ocasião. 9 Até nos dias atuais pequenas embarcações desprovidas de equipamentos de orientação fazem o uso dos astros para se localizar e orientar. Nos grandes centros urbanos parte deles ou mesmo um conjunto de bairros são chamados de zona oeste, zona leste e assim por diante, as pessoas se orientam sem estar munidas de bússola, basta saber que o sol nasce leste para se localizar. Já no caso da orientação por instrumentos foram criados diversos deles com objetivo de tornar o processo mais dinâmico e preciso. Dentre vários instrumentos inventados o mais utilizado é a bússola, esse corresponde a um objeto composto por uma agulha com imã que gira sobre uma rosa-dos-ventos. Bússola A bússola é instalada em aviões, navios e carros e motos de competição de rally, isso para manter as pessoas em sua devida direção pretendida. Apesar da importância da bússola até os dias de hoje, existem aparelhos de orientação mais eficientes, geralmente orientados por sinais de radar ou satélites, devido 10 a isso conseguem emitir informações de qualquer ponto da Terra, tais como altitude, distâncias, localização entre outras. Todas as informações citadas acima referem-se a regiões um tanto quanto restritas. O planeta Terra possui uma superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados, devido esse imenso espaço a localização se torna mais complexa, dessa forma o homem criou linhas imaginarias para facilitar a localização, os principais são os paralelos e latitudes e meridianos e as longitudes. Os paralelos são linhas imaginarias que estão dispostas ao redor do planeta no sentido horizontal, ou seja, de leste a oeste. O paralelo principal é chamado de Linha do Equador que está situado na parte mais larga do planeta, a partir dessa linha tem origem ao hemisfério sul e o hemisfério norte. Existem outros paralelos secundários mais de grande importância como Trópico de Câncer, O Trópico de Capricórnio, o Círculo Polar Ártico e o Círculo Polar Antártico. 11 As latitudes são medidas em graus entre os paralelos, ou qualquer ponto do planeta até a Linha do Equador, as latitudes oscilam de 0º Linha do Equador e 90º ao norte e 90º ao sul. Meridianos correspondem a semicircunferências imaginarias que parte de um polo até atingir o outro. O principal meridiano é o Greenwich, esse é o único que possui um nome especifico, esse é utilizado como referência para estabelecer a divisão da Terra entre Ocidente (oeste) e Oriente (leste). As longitudes representam o intervalo entre os meridianos ou qualquer ponto do planeta com o meridiano principal. As longitudes podem oscilar de 0º no meridiano de Greenwich até 180º a leste e a oeste. Através do conhecimento da latitude e longitude de um lugar é possível identificar as coordenadas geográficas, que correspondem a sua localização precisa ao longo da superfície terrestre. 12 2.2 Rede Geográfica A rede geográfica é um conjunto de linhas imaginárias, formadas por paralelos e meridianos, que servem para localizar qualquer ponto na superfície terrestre. Esta rede é de fundamental importância para a confecção de mapas e é o princípio de funcionamento de um GPS, dentre outras utilizações. Os paralelos e meridianos são linhas imaginárias traçadas para definir cartograficamente os diferentes pontos da Terra. A principal função dessas linhas é estabelecer as latitudes e as longitudes para assim precisar as coordenadas geográficas dos diferentes lugares do planeta. Trata-se, portanto, de círculos ou semicírculos que circundam a Terra nos sentidos norte-sul e Leste-Oeste. Os paralelos são os eixos que circundam imaginariamente o planeta no sentido horizontal. A partir deles, são medidas, em graus, as latitudes, que variam de -90º a 0º para o sul e de 0º a 90º para o norte. Existem alguns paralelos “especiais”, como é o caso da Linha do Equador. Essa linha imaginária possui o mérito de possuir uma igual distância em relação aos dois polos do planeta. Desse modo, tudo que está acima dela representa o hemisfério norte, também chamado de boreal ou setentrional, e tudo o que está abaixo representa o hemisfério sul, tambémchamado de austral ou meridional. O Equador também é importante por ser a zona da Terra que mais recebe os raios solares no sentido perpendicular, quando eles são mais fortes. Existem outros importantes paralelos: os trópicos. O Trópico de Câncer, localizado ao norte na latitude de 23º27 (23 graus e 27 minutos), é a linha que indica o limite máximo em que os raios solares incidem verticalmente sobre a Terra durante os solstícios. O Trópico de Capricórnio, por sua vez, possui a mesma função em relação ao hemisfério sul, com latitude de -23º27'. Além desses exemplos, também merecem destaque os círculos polares. Ao Norte, o círculo polar ártico, com latitude de 66º33', assinala o limite da zona de iluminação solar sobre as regiões polares durante os solstícios. O mesmo acontece com o círculo polar antártico em relação ao sul, apresentando, dessa forma, uma latitude inversa de -66º33'. https://brasilescola.uol.com.br/geografia/coordenadas-geograficas.htm https://brasilescola.uol.com.br/geografia/coordenadas-geograficas.htm https://brasilescola.uol.com.br/geografia/linha-equador.htm 13 Quando os solstícios acontecem, iluminando o hemisfério norte, tem-se o chamado “longo dia” nas zonas localizadas acima do círculo polar ártico, não havendo noite e deixando as regiões ao sul do círculo polar antártico em um longo período de escuridão. Seis meses depois, o processo inverte-se e é o polo sul quem se ilumina e o polo norte quem fica no escuro. Observe o esquema a seguir e note a importância dos paralelos mencionados para medir a precisão dos solstícios conforme o nível de inclinação dos raios solares. Esquema dos paralelos da Terra durante o solstício Os meridianos representam as linhas imaginárias traçadas verticalmente sobre o globo terrestre. Nesse sentido, ao contrário do que acontece com a Linha do Equador, não existe uma zona de iluminação mais acentuada, não havendo, portanto, um “centro” da Terra. Eles são utilizados para medir as longitudes, que variam de -180º a 0º a oeste e de 0º a 180º a leste. No final do século XIX, por convenção, foi criado o Meridiano de Greenwich, com longitude de 0º. Esse meridiano divide a Terra no sentido vertical, originando, dessa forma, o hemisfério leste ou oriental, com longitudes positivas, e o hemisfério oeste ou ocidental, com longitudes negativas. https://brasilescola.uol.com.br/geografia/solsticio.htm 14 O Meridiano de Greenwich “corta” a cidade de Londres ao meio, representando, de certa forma, a visão de mundo na época de seu estabelecimento, nitidamente eurocêntrica, ou seja, com a Europa colocada no cerne principal do mundo. Acrescenta-se a isso a função dos meridianos em relação aos fusos horários, igualmente contados a partir de Greenwich. Assim, dividiram-se 24 eixos (12 a leste e 12 a oeste), em que cada um representa a alteração de uma hora em relação ao meridiano mencionado, com horários somados quando se desloca para o leste e diminuídos quando se desloca para o oeste. 2.3 Coordenadas Geográficas Coordenadas Geográficas são linhas imaginárias que cortam o planeta Terra nos sentidos horizontal e vertical, servindo para a localização de qualquer ponto na superfície terrestre. 15 Sistema de coordenadas geográficas: latitude e longitude As distâncias das coordenadas geográficas são medidas em graus, minutos e segundos. Um grau corresponde a 60 minutos, e um minuto corresponde a 60 segundos. Dessa maneira, temos dois tipos de coordenadas geográficas: Latitude: São as linhas que tracejam a Terra no sentido horizontal, também conhecidas como paralelas. O círculo máximo da esfera terrestre, na horizontal, é chamado de Equador. O Equador corresponde à latitude 0°, dividindo o planeta em hemisférios Norte e Sul. As latitudes variam de 0 a 90°, tanto ao Norte quanto ao Sul. A latitude, além de servir para localização geográfica, é uma variável importante para estudar os tipos de clima da Terra, pois a incidência de raios solares no planeta é maior nos lugares com latitudes menores, isto é, mais próximas à linha do Equador. Longitude: São as coordenadas geográficas que cortam a Terra no sentido vertical, também conhecidas como Meridianos. A distância das longitudes varia de 0° a 180°, nos sentidos Leste e Oeste. 16 Como padronização internacional, adotou-se o Meridiano de Greenwich como ponto de partida, a longitude de 0°. Assim, tal meridiano divide a Terra em Ocidental (a Oeste) e Oriental (a leste). Foi a partir das longitudes que se criaram os fusos horários. Todos os meridianos se encontram e se cruzam nos polos Norte e Sul. 3 A FORMA E AS DIMENSÕES DA TERRA O planeta Terra possui uma forma de uma esfera com um leve achatamento em seus olhos, que é conhecido como forma geoide. O planeta ao todo possui cerca de 510 milhões de km quadrados de superfície, e apesar desse valor, muito aparentemente, ser grande, a Terra é considerado um astro pequeno, quando considerados as dimensões de outros planetas que formam o Sistema Solar. O planeta Terra é 1,3 milhão de vezes menor do que o Sol, por exemplo. Seu diâmetro equatorial é de 12. 756 km; já o diâmetro polar fica em 12.713 km; o volume é de 1.083 bilhão de km cúbicos, e sua massa é de 6 sextilhões de toneladas. Quando traçada uma linha imaginária ao longo da região que é a mais larga da esfera da Terra, conhecida como Linha do Equador, é ainda possível dividir o planeta em dois hemisférios: o norte e o sul. Esta convenção de linha imaginária é de extrema relevância para os estudos da geografia da Terra. A Terra é considerado um planeta vivo, pois até o presente momento, trata-se do único planeta conhecido no Sistema Solar que reúne todas as condições necessárias para o desenvolvimento da vida, em todas as suas formas. Coexistem no planeta Terra, milhares de espécies vegetais e animais que constituem, respectivamente, a flora, a fauna terrestre, sendo que nesta constituição, é a raça humana que mais povoa a superfície da Terra. Com algumas poucas exceções, a superfície do planeta Terra é bastante amena. O Sol segue sendo a principal fonte de energia do planeta. Vale lembrar que todos os viventes, plantas, animais, seres humanos, necessitam da luz solar, bem como do calor do Sol para existirem. Como a Terra está acerca de 150 milhões de quilômetros do Sol, a distância é totalmente adequada para a manutenção da vida. Em caso de mais https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/fusos-horarios.htm http://www.historiaegeografia.com/aula/terra/ http://www.historiaegeografia.com/categoria/geografia/ http://www.historiaegeografia.com/aula/formas/ 17 proximidade ou menos proximidade haveria dois problemas: muito calor, ou muito frio. Ambos impediriam o desenvolvimento da vida. Outro fator que é preponderante para o desenvolvimento da vida, em todas as suas formas, é a presença da atmosfera – camada de ar que envolve o planeta. A atmosfera é composta, essencialmente de oxigênio e nitrogênio, ambos fundamentais para a vida. Além disso, é a atmosfera que regula a temperatura da superfície terrestre, e impede que ela se aqueça demais durante o dia ou à noite possa congelar. Diferente de outros planetas, há também a presença da água em seu estado líquido, quase 71% da superfície terrestre está coberta de água.1 3.1 Determinação das Coordenadas Geográficas "Para que cada ponto da superfície da Terra possa ser localizado num mapa, foi criado um sistema de linhas imaginárias chamado de "Sistema de Coordenadas Geográficas." A coordenada geográfica de um determinado ponto da superfície da Terra é obtida pela interseção de um meridiano e um paralelo" (IBGE. Atlas Geográfico Escolar. p. 17. 2002). Latitude – É o afastamento, medido em graus, da linha do Equador a um ponto qualquer da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 90° e pode ser norteou sul. Longitude – É o afastamento, medido em graus, do meridiano de Greenwich a um ponto qualquer da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 180° e pode ser leste ou oeste. As distâncias angulares são indicadas em graus e não em quilômetros, porque se trata de medições sobre uma esfera, forma aproximada da Terra. Para se ter uma ideia das distâncias métricas, pode-se lembrar que, na linha do Equador, cada grau corresponde a pouco mais de 111Km. 1 Texto extraído: www.historiaegeografia.com http://www.historiaegeografia.com/ 18 3.2 Rumos e Azimutes Um alinhamento topográfico é um segmento de reta materializado por dois pontos nos seus extremos. Tem extensão, sentido e orientação (figura 3.1): 3.3 Rumo Rumo de uma linha é o menor ângulo horizontal, formado entre a direção NORTE/SUL e a linha, medindo a partir do NORTE ou do SUL9, no sentido horário (à direita) ou sentido anti-horário (à esquerda) e variando de 0o a 90º ou 0g a 100g. Se tomarmos para exemplo da figura 3.1, e se dissermos simplesmente que seu rumo é 45o00’ (menor ângulo horizontal formado pela linha A-B e a direção N/S). Portanto, não teremos bem caracterizada a posição relativa da linha, pois esta poderá ser entendida como sendo NE, NW, SE ou SW. Uma vez que esta poderá ser 19 localizada de quatro maneiras diferentes em relação a direção NORTE/SUL, será necessário indicar qual o quadrante. Para o exemplo da figura 3.1 será: Já os rumos das linhas: 20 Observamos que o RUMO RÉ de uma linha é igual ao valor numérico do RUMO VANTE, situado em quadrante oposto. 3.4 Azimute Azimute é o ângulo horizontal formado entre a direção Norte/Sul e o alinhamento em questão. É medido a partir do Norte, no sentido horário (à direita), podendo variar de 0º a 360º ou 400 g. Na figura 3.3, estaremos relacionando os rumos da figura 3.2 com os AZIMUTES. Portanto os AZIMUTES VANTES das linhas: 21 Na figura 3.4 observamos que a relação entre AZIMUTE À VANTE e o AZIMUTE À RÉ, é dado pela expressão 3.1 4 INSTRUMENTOS 4.1 Bússola A bússola é um instrumento de orientação que se baseia nas propriedades magnéticas do imã e no campo magnético do planeta Terra. Ela é constituída por uma 22 agulha magnética, que é apoiada em seu centro de gravidade de forma que possa girar livremente. Ela orienta-se de acordo com o campo magnético da Terra, por isso sempre aponta para o norte e sul. Inventada pelos chineses no século I, a bússola foi essencial para os grandes descobrimentos do século XVI, quando era um dos poucos instrumentos de orientação. Com o aumento da tecnologia, as bússolas foram perdendo lugar, primeiramente para aparelhos eletrônicos, como os radares, e atualmente para os dispositivos que utilizam a tecnologia via satélite, como o GPS. 4.2 Princípio de Funcionamento A bússola é composta por um imã e possui dois polos: o positivo e o negativo. A Terra também se comporta como um imenso imã, uma vez que possui campo magnético em virtude do movimento de metais líquidos em seu núcleo. Quando aproximamos dois polos iguais, eles repelem-se, e os polos diferentes atraem-se. Em razão desse princípio, se um imã é sujeito ao campo magnético terrestre, o seu polo negativo apontará em direção ao polo positivo da Terra, assim como o polo positivo apontará para o negativo da Terra. Além disso, o polo sul magnético fica próximo ao norte geográfico, e o polo norte magnético, próximo do sul geográfico. Os polos magnéticos terrestres praticamente coincidem com os geográficos, estando o polo magnético inclinado aproximadamente 11,5º em relação ao geográfico. Portanto, a bússola também apresentará essa inclinação. Breve História da Bússola Não se sabe ao certo quem teve primeiro a ideia de deixar uma pedra de minério de ferro ionizado indicar o Norte. Estudiosos acreditam que os Chineses foram os primeiros a explorar o fenômeno. “Si Nan” é considerada como a primeira bússola. “Si Nan” significa “O Governador do Sul” e é simbolizada por uma concha cuja pega aponta para Sul. Como a concha era bastante imprecisa, os Chineses começaram a magnetizar agulhas de modo a ganhar mais precisão e estabilidade. De acordo com alguns escritos 23 Chineses, as primeiras bússolas foram utilizadas no mar por volta do ano 850. A invenção foi então espalhada pelo mundo por astrônomos e cartógrafos para ocidente até aos Indianos, Muçulmanos e Europeus. A bússola foi desenvolvida através dos séculos, e um avanço considerável foi conseguido quando se descobriu que uma fina peça de metal podia ser magnetizada, esfregando-a com minério de ferro. O passo seguinte foi conseguir envolver e encerrar a agulha num invólucro cheio de ar e transparente, o chamado invólucro da bússola. E desta forma a agulha estava protegida. Inicialmente, as agulhas das bússolas “dançavam” bastante e demoravam muito tempo a estabilizar. As bússolas modernas são instrumentos de precisão, e a sua agulha, geralmente encerrada num invólucro cheio de líquido, rapidamente se posiciona na direção norte-sul. Declinação Magnética O norte magnético, para onde a agulha aponta, não se situa exatamente no Polo Norte definido pelos meridianos. A maioria dos mapas contem meridianos, que são linhas norte-sul. Estas passam pelo Polo Norte geográfico. Os meridianos são representados por linhas finas geralmente em preto. A declinação existe porque o polo norte e o polo magnético não coincidem. Esta declinação varia consoante o local do mundo. Em certas zonas do Canadá ultrapassa os 40 graus, mas, por exemplo, na Escandinávia ela é desprezível. Os mapas modernos utilizados para fins lúdicos e para a orientação, são impressos com os meridianos corrigidos para a declinação, e para o norte magnético. Desvio A agulha da bússola pode ser influenciada por depósitos de minério de ferro, linhas de alta-tensão, vedações e outros objetos de ferro. Todos eles provocam uma leitura errada, a menos que o campo magnético externo esteja exatamente em linha com o eixo de orientação (norte-sul) da bússola e de polaridade oposta, mas as possibilidades de isso acontecer são remotas. 24 4.3 GPS Durante séculos, a bússola foi utilizada como principal instrumento de orientação por qualquer um que quisesse se aventurar por locais desconhecidos, seja na terra, no mar ou no ar., porém, a chegada da era espacial trouxe uma tecnologia que acabou deixando obsoleta não só a bússola, mas também até mesmo o ato de pedir informações na rua: o GPS. Como funciona O GPS, ou Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global), é um elaborado sistema de satélites e outros dispositivos que tem como função básica prestar informações precisas sobre o posicionamento individual no globo terrestre. O sistema está plenamente ativo desde 1995 e foi criado pelo Departamento de Defesa Americano para fins militares, mas também pode ser aproveitado no meio civil, principalmente na aviação. Uma constelação de 24 satélites é o elemento principal do aparato, enviando informações para que qualquer dispositivo receptor calcule sua posição usando um processo chamado de trilateração. Neste processo, um mínimo de quatro satélites que estejam próximos do receptor fica constantemente enviando sinais de rádio, contendo a posição atual do satélite e o instante (tempo) em que aquele pulso foi emitido. 25 (Fonte da imagem: Divulgação/SerOnline) O cálculo é feito comparando o tempo em que o sinal foi enviado com o momento em que ele foi recebido. Considerando que a radiofrequência viaja na velocidade da luz e aplicando algumas correções, é possível determinar a distância exata entre o receptor e o satélite. Cruzando essa informação com a de três outros satélites na área, obtêm-sea posição do receptor. Além da latitude e longitude, o sistema de trilateração também permite saber a altura do receptor em relação ao nível do mar. 4.4 Aplicações O serviço GPS é útil em praticamente todas as situações e profissões em que seja necessário obter uma localização precisa, incluindo viagens em alto-mar, expedições em áreas remotas da terra e, principalmente, em todas as áreas da aviação. http://www.seronline.pt/ 26 (Fonte da imagem: Divulgação/Tree Huggher) Outra aplicação bastante explorada é a localização dentro das cidades, permitindo que motoristas se localizem sem complicações com a ajuda do mapa equipado no aparelho. O mercado de receptores GPS para veículos teve uma grande alta no Brasil nos últimos anos, sendo que hoje é possível encontrar aparelhos por menos de R$ 200. 4.5 Altímetro Um altímetro é um dispositivo de medição de altitude utilizado por alpinistas, paraquedistas, pilotos de aviação, satélites, e muitos outros. A medição da altitude é chamada de altimetria, que está relacionada com o termo batimetria, a medição da profundidade subaquática. http://www.treehugger.com/cars/nustats-finds-gps-navigation-systems-make-drivers-12-more-fuel-efficient.html 27 O objetivo geral do altímetro é contar ao usuário, seja um ser humano ou uma máquina, quão elevado acima do mar ele está. Ele executa esta função através de duas maneiras, através da medição da pressão do ar local usando um barômetro, ou refletindo o radar fora de um destino. É de conhecimento comum por vários séculos, que uma coluna fina de mercúrio ligada a um reservatório de mercúrio aberto pode ser usado para medir a pressão atmosférica. Pequenas mudanças na pressão atmosférica são indicadas pelo nível da coluna de mercúrio. Este instrumento comum é chamado de barômetro. Um altímetro barométrico, utilizado juntamente com um mapa topográfico, pode ajudar a verificar uma localização. Ele é mais confiável, e muitas vezes mais preciso, do que um receptor de GPS para medir a altitude; altímetros GPS podem não estar disponíveis, por exemplo, quando se está no fundo de um desfiladeiro, ou podem dar descontroladamente altitudes imprecisas quando todos os satélites disponíveis estão perto do horizonte. Como acontecem alterações de pressão barométrica com o tempo, os caminhantes devem periodicamente recalibrar seus altímetros quando atinge uma altitude conhecida, tal como uma pista de junção ou pico marcado num mapa topográfico. 28 Em altitudes relativamente perto do nível do mar, a pressão do ar varia de maneira uniforme com a altitude. A cada vinte e sete pés (equivalente a 8,23 metros) com uma ascensão acima do nível do mar, a pressão do ar aumenta em cerca de um milibar, uma unidade de pressão que pode ser medida em polegadas de mercúrio. Assim, um barômetro pode ser usado como um altímetro. Como é dependente da pressão de ar que varia uma quantidade uniforme com elevação crescente, um altímetro que usa o mercúrio ou mesmo um barômetro aneroide mais avançado não é perfeitamente exato, especialmente em alturas mais elevadas. Para aplicações aeroespaciais de alta altitude, ou em qualquer domínio no qual a precisão elevada seja desejada, um radar altímetro pode ser usado. A alta precisão de um radar altímetro funciona medindo o tempo de trânsito de uma onda de rádio entre um destino e um avião ou satélite. Isto permite medições de alta altitude e um grau de precisão impossível com um altímetro baseado em um barômetro. Os radares altimétrico também podem medir as alturas precisas de objetos naturais, como montanhas ou ondas do mar. O radar altímetro é utilizado para verificar a existência de raras ondas gigantes, que são ondas do mar várias vezes superiores a outras ondas normais. Eles também são usados em todos os tipos de navegação de avião e tornam possível para que os pilotos possam pousar seus aviões sem problemas. Picos mais altos do mundo têm sido medidos com precisão usando um radar altímetro. 4.6 Curvímetro O curvímetro é um instrumento de medição usado para encontrar a distância entre dois pontos de um mapa ou plano com precisão, mas sem levar em conta o desnível. Encontre a distância entre dois pontos em uma linha reta é fácil, mas se se trata de saber a distância entre esses mesmos pontos seguindo uma solução estrada ou autoestrada sinuosa não é fácil, a menos que haja disponível um curvimeter. Existem dois tipos de curvímetro: analógico e digital e os preços oscilam para os modelos mais simples entre 12 e 35 euros. 29 Curvímetro analógico O curvímetro analógico tem uma tabela com 6 ou 8 escalas das mais comuns, uma agulha indicadora e uma pequena roda. 30 Para usá-lo, simplesmente coloque a agulha na posição inicial e deslize o dispositivo no plano seguindo o caminho, a agulha se moverá para frente e na tabela de escala marque a distância que separa os pontos que selecionamos no mapa. 31 Curvímetro digital Ele funciona da mesma forma que o analógico com a vantagem de que este não tem nenhuma limitação com escalas, neste caso, basta digitar o aparelho de escala e se calcula a distância no solo sem o uso de qualquer tabela, além de alguns modelos podemos selecionar o sistema métrico; km, milhas, jardas, etc. 5 FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DA TERRA Os Globos 32 O globo terrestre não é mais do que uma esfera em cuja superfície está desenhada a Terra. Os globos são a forma de representação mais fiel da Terra e representam-na na totalidade. Têm como desvantagens serem de difícil transporte e arrumação e representam a Terra de forma muito reduzida. Os Mapas Os mapas são representações do espaço terrestre. Os mapas apresentam as seguintes vantagens: são fáceis de arrumar, de transportar e de utilizar. Tanto podem representar a totalidade da superfície terrestre como apenas uma parte. Em Geografia utilizamos diferentes tipos de mapas. Esta distinção faz-se de acordo com a área representada. Assim, temos: A) os planisférios - que são representações planas da superfície da Terra. B) os mapas corográficos que utilizamos para representar países. C) os mapas topográficos que representam áreas relativamente mais pequenas, com muita informação (aspectos físicos e humanos) e representam o relevo através de uma técnica específica que são as curvas de nível. As curvas de nível são linhas que unem pontos (locais) com igual valor de altitude. D) as plantas que são representações de áreas muito pequenas com muita riqueza de pormenor. E) os mapas temáticos que representam um determinado tema sejam de geografia física ou de geografia humana. F) as fotografias aéreas e imagens de satélite são duas formas de representação da Terra muito recentes, comparativamente, com a anterior e tem muita utilidade quer para fins civis como para fins militares. Têm enormes vantagens como seja a possibilidade de se obter um vasto conjunto de informações sobre a superfície terrestre e permitirem estudar a evolução das paisagens ao longo do tempo. G) as ortofotocartas são formas de representação da superfície terrestre com base nas fotografias aéreas, mas a que se acrescentam os nomes das localidades e ruas. 33 5.1 Elementos Fundamentais dos Mapas O título indica-nos o assunto que aparece contemplado no mapa A orientação indica-nos o Norte Geográfico A escala indica-nos o número de vezes que a realidade foi reduzida A legenda dá-nos o significado de todos os sinais convencionais representados nos mapas 5.2 A escalas nos mapas As vantagens e desvantagens da utilização das escalas gráficas e numéricas: 5.3 Continentes e Oceanos Terra. Oceanos: enormes extensões de água; cobrem a maior parte da superfície da Pacífico; Atlântico; Índico; Glacial Ártico;Glacial Antártico. 34 Mar: extensão de água mais pequena do que a do oceano, cercada por terra total ou parcialmente. Continente: grande extensão de terra emersa, rodeada de água (1/3 da Terra). A maior parte dos continentes situa-se no hemisfério norte. Ásia; América; África; Antártida; Europa; Oceânia. 5.4 Tipos de localização dos lugares ventos. Localização relativa: localização em relação a outro lugar, a partir da rosa dos Ex: Portugal localiza-se a sudoeste da Europa. Esta localização é simples (logo, muito utilizada), mas pouco exata e pouco precisa, permitindo uma localização aproximada. Varia no tempo e no espaço. > Localização absoluta: localização a partir da latitude e longitude (que se determinam a partir dos círculos terrestres). Esta localização não varia no tempo ou no espaço, objetiva (exata e precisa). Elementos geométricos da esfera terrestre iguais. Círculos máximos: Círculos imaginários que dividem a Terra em duas partes 1. Equador – perpendicular ao eixo da Terra, divide-a em hemisférios norte e sul. 2. Meridianos - perpendiculares ao equador, que passam pelos polos, formados por semi meridianos (dois semicírculos opostos). O meridiano de Greenwich divide a Terra em hemisfério ocidental e oriental. Círculos menores: Círculos imaginários que dividem a Terra em partes diferentes. 35 6 HISTÓRIA DOS MAPAS E DA CARTOGRAFIA Mapas estão entre as mais antigas formas de representação gráfica da humanidade. Há milhares de anos, mapas das terras conhecidas eram desenhados em argila, madeira, peles de animais, rochas e outros meios. Com o tempo, aperfeiçoou-se os conhecimentos de geometria, astronomia e desenvolveu-se as tecnologias de medição de terras. Mapas eram importantes para a agricultura, transporte e para a conquista e a defesa de territórios, entre outras aplicações. Os gregos antigos deram contribuições importantes para o desenvolvimento da Cartografia. Por volta de 500 aC, Hecateu de Mileto escreveu o primeiro livro de Geografia que se tem notícia. Algumas décadas depois, o historiados grego Heródoto enriqueceu as referências geográficas de Hecateu. Representações gráficas desses mapas, feitas naquela época, não chegaram até nós, conhecemos apenas suas descrições (veja imagem ao lado). Sabia-se que a África (Líbia) era banhada por um oceano, desde cerca de 600 aC. Heródoto registrou que os fenícios contornaram o Continente. http://www.guiageo-mapas.com/cartografia.htm 36 Hecateu concebia a Terra como um disco achatado, cercado por um oceano. Acredita-se, entretanto, que alguns filósofos gregos da mesma época ou anterior, como Pitágoras ou Parmênides, já concebiam uma Terra esférica. No século 4 aC o conceito de Terra esférica já era aceito por grande parte dos filósofos gregos e, cerca de 350 aC, Aristóteles formulou seis argumentos para prová-lo. No século 3 aC, Eratóstenes, bibliotecário em Alexandria, mediu o diâmetro da Terra com grande precisão para a época. Os desenvolvimentos da cartografia no mundo antigo culminaram com os trabalhos de Cláudio Ptolemeu (c. 100 dC - 170), matemático e astrônomo grego. Após extensa pesquisa na Biblioteca de Alexandria, Ptolemeu produziu a mais completa obra sobre Geografia até o seu tempo, em oito volumes. Foi uma importante referência por toda a Idade Média. Já apresentava conceitos de projeções cartográficas e dispunha de um sistema de coordenadas, com referências a cerca de oito mil localidades. Ptolemeu, entretanto, não considerou o diâmetro da Terra calculado por Eratóstenes. Sua Terra era bem menor. Com a ascensão do Cristianismo, a Biblioteca de Alexandria foi incendiada. Muito do que conhecemos dos antigos gregos chegaram até nós por traduções dos árabes. O mundo passou sem grandes evoluções do conhecimento até o Renascimento. Os romanos buscavam soluções práticas para seus empreendimentos militares, por isso adotavam o formato de disco em seus mapas. Poucos desses mapas sobreviveram com o passar da Idade Média. A partir das grandes navegações, iniciadas pelos portugueses no século 15, o desenvolvimento da Cartografia ganhou novo fôlego. Técnicas de projeção cartográfica tornaram-se fundamentais. Para os portugueses, mapas eram segredo de estado, o que não impediu que, em 1502, o espião italiano Alberto Cantino copiasse e levasse para a Itália um mapa português do mundo conhecido até então. Em 1507, o cartógrafo alemão Martin Waldseemuller dividiu a Terra em dois hemisférios, ocidental e oriental, e batizou de América, a atual América do Sul, em homenagem a Américo Vespúcio. http://www.mapas-historicos.com/terra-redonda.htm http://www.buscatematica.com/misticismo/cristianismo.htm http://www.historia-brasil.com/seculo-15.htm http://www.mapas-historicos.com/cantino.htm http://www.mapas-historicos.com/waldseemuller.htm http://www.historia-brasil.com/descobrimento/americo-vespucio.htm 37 Novas tecnologias, como a bússola, o astrolábio, o telescópio e outras, permitiram avanços notáveis. O método com base nos eclipses das luas de Júpiter, desenvolvido por Galileu, resolveram o problema das longitudes para os mapas. A partir da segunda metade do século 18, o mundo finalmente foi conhecido com as devidas coordenadas de suas feições. Veja um mapa do mundo de 1799. Hoje, são comuns os mapas digitais com acesso a grandes bancos de dados, formando os Sistemas de Informações Geográficas (GIS). Mapas são formados dinamicamente de acordo com sua consulta, na projeção cartográfica de sua escolha. O posicionamento, com o GPS (Global Positioning System) é agora um brinquedo de crianças. 6.1 História da Cartografia A cartografia é a ciência que trata da representação da terra ou parte dela através de mapas, cartas e outros tipos de projeções cartográficas. Fonte: pt.slideshare.net http://www.guiageo-mapas.com/longitudes.htm http://www.mapas-historicos.com/mundo-evans.htm 38 Podemos dizer que a cartografia surgiu por volta do ano de 2.500 a.C. quando foi confeccionado pelos Sumérios, o que é considerado o primeiro mapa da história: uma placa de barro cozido com inscrições em caracteres cuneiformes (escrita suméria) onde foi representado o lado setentrional da região mesopotâmica. Mas bem antes disso, o homem já havia se utilizado de pinturas (inclusive pinturas rupestres feitas com a intenção de representar o caminho dos locais onde havia caça) e até mesmo de entalhes e verdadeiras maquetes de pedra confeccionadas por esquimós e pelos astecas, respectivamente, como uma tentativa de representar pequenas localidades. A “Pedra de Saihuite”, por exemplo, representa, junto com os entalhes esquimós, um dos primeiros trabalhos realizado com a técnica do que é chamado de “cartografia em relevo” e foi feita para representar um bairro de uma cidade asteca. De fato, os astecas eram hábeis na confecção de representações geográficas, como o “Mapa de Tecciztlán” que contêm dados como a fauna da região retratada, e o “Códice Tepetlaoztoc”, todo colorido e que traz rotas terrestres e fluviais. Os egípcios e chineses também dominaram a técnica da cartografia há muito tempo. Estima-se que os chineses usam a representação gráfica de regiões desde o século IV a.C. Para eles, os mapas serviam não só para se orientar, mas também, para fins bélicos e para demarcar regiões garantindo, assim, que os impostos fossem pagos. Os egípcios também os usavam como ferramenta administrativa, para cobrar impostos e demarcar a terra. Mas, mais do que isso, foram eles que desenvolveram o método da Triangulação para determinar distâncias baseados na matemática, e o “nível”, instrumento em forma de “A” com um pêndulo no meio usado para medir áreas. Os egípcios faziam, ainda, registros cadastrais das terras em documentos considerados cartas geográficas.Seus túmulos e alguns papiros representavam o mundo dos mortos. Como se fossem um mapa do outro mundo eles serviam para guiar as almas e, frequentemente, representavam o rio Nilo e planícies férteis. Mas, bons mesmo na cartografia foram os gregos. O sistema cartográfico contemporâneo nasceu nas escolas de Alexandria e Atenas. A primeira tentativa de representar o mundo foi babilônica, mas sua concepção de mundo era limitada à região entre os rios Eufrates e Tigre, o que não diminui a https://www.infoescola.com/geografia/cartografia/ https://www.infoescola.com/historia/mesopotamia/ https://www.infoescola.com/hidrografia/rio-eufrates/ 39 importância do feito. Entretanto, os gregos se destacam porque foram os primeiros a usar uma base científica e a observação. Usando-se da trigonometria, Erastótenes (276-194 a.C.) mediu a circunferência da terra chegando bem perto dos 40.076 km reais (segundo ele eram 45.000 km). Anaximandro de Mileto (610-546 a.C.) representava o mundo como um círculo achatado onde estavam Europa, Ásia e África circundadas por um oceano. Foi ele quem primeiro sugeriu que a terra, por estar à igual distância dos demais astros, flutuava no espaço sem nenhum tipo de suporte ou apoio. Mais tarde, Pitágoras defendeu que a terra era esférica de acordo com suas observações práticas e filosóficas (para ele a forma esférica era a mais perfeita) que só seriam aceitas no meio científico, anos depois, pela influência de Aristóteles. Hiparco (séc. 11 a.C.), astrônomo grego, foi quem criou o sistema de coordenadas geográficas de latitude e longitude utilizando-se da matemática e da observação dos astros celestes. Mas, o trabalho mais importante da cartografia na época clássica foi, sem dúvida, a obra em oito volumes escrita por Claudius Ptolomeu. Sua obra, “Geographia”, contém as coordenadas de 8.000 lugares, a maioria calculada por ele próprio e, no último volume, ele dá dicas para a elaboração de mapas-múndi e discute alguns pontos fundamentais da cartografia. Foi Ptolomeu também quem primeiro defendeu a teoria geocêntrica ao afirmar que a terra era um corpo fixo em torno do qual giravam os outros planetas. Os romanos também se utilizavam de mapas embora se preocupassem mais com seu caráter prático e, por isso, preferiam mapas que representavam áreas menores, rotas comerciais e territórios. Como, por exemplo, a “Tábua de Peutinger” que em seus mais de 6 metros de comprimento por 30 centímetros de largura representava diversos itinerários do Império Romano. Para isso, eles usavam o astrolábio, ou dioptra – como era chamado pelos gregos, um instrumento usado para se determinar a localização de pontos na terra por meio da observação dos fenômenos celestes. Findo o período clássico, a cartografia passou por um período de pouco desenvolvimento durante o início da Idade Média quando a Igreja teve forte influência sobre a confecção dos mapas que eram feitos de tal forma a perderem a exatidão. https://www.infoescola.com/matematica/trigonometria/ https://www.infoescola.com/filosofia/anaximandro/ https://www.infoescola.com/geografia/europa/ https://www.infoescola.com/geografia/asia/ https://www.infoescola.com/geografia/africa/ https://www.infoescola.com/filosofos/pitagoras/ https://www.infoescola.com/filosofia/aristoteles/ https://www.infoescola.com/biografias/ptolomeu/ https://www.infoescola.com/astronomia/geocentrismo/ https://www.infoescola.com/astronomia/astrolabio/ https://www.infoescola.com/historia/periodo-classico-da-grecia-antiga/ 40 Nessa época, os árabes foram os principais responsáveis por qualquer desenvolvimento na área e foram, inclusive, responsáveis por trazer a bússola para o ocidente propiciando os mecanismos para o desenvolvimento de mais um tipo de carta pelos genoveses, as Cartas Portulanas, utilizadas para navegação. Logo em seguida a esse período, no final da Idade Média, todo o conhecimento em torno da cartografia que estava esquecido no ocidente, mas que vinha sendo preservado pelos árabes, voltou à tona atingindo seu apogeu na época das Grandes Navegações quando se inicia a Idade Moderna. Com a descoberta do continente americano a cartografia toma mais um fôlego e iniciam os trabalhos para mapear o novo continente. Juan De La Cosa faz então, o primeiro mapa-múndi a conter o novo mundo em 1500. Foi nessa época (Séc. XVI), após o descobrimento da América, que o holandês Gerard Mercator, utilizando-se de todo o conhecimento produzido até a época para produzir o mapa-múndi que levaria seu nome e que representava grandes rotas em linhas retas. Fonte: www.pt.slideshare.net https://www.infoescola.com/geografia/bussola/ https://www.infoescola.com/historia/grandes-navegacoes/ https://www.infoescola.com/historia/grandes-navegacoes/ https://www.infoescola.com/historia/historia-moderna/ http://www.pt.slideshare.net/ 41 Mas foi só a partir do século XVII que os países começam a se preocupar mais com o rigor científico dos mapas. É realizado então, o primeiro levantamento topográfico oficial na França, em 1744, chefiado por César – François Cassini (1744 – 1784) que seriam os precursores dos mapas modernos. Do século em diante, com o desenvolvimento das técnicas cartográficas, o aperfeiçoamento da fotografia a aviação e a informática, a cartografia dá um salto. Atualmente são utilizadas fotos áreas e de satélites para a realização de mapas e cartas que cada vez mais são utilizados eletronicamente, descartando a necessidade de impressão e tornando-os interativos. 6.2 A História dos Mapas e sua Função Social Os mapas são a mais antiga representação do pensamento geográfico. Registros que mostram que eles existiam na Grécia antiga e no Império Romano, entre outras civilizações da Antiguidade. Os primeiros eram feitos de madeira, esculpidos ou pintados, ou desenhados sobre a pele de animais. Suas funções incluíam conhecer as áreas dominadas e as possibilidades de ampliação das fronteiras, demarcar territórios de caça e representar a visão de mundo que esses povos tinham. "Desde sempre, o homem registra o espaço onde vive. Trata-se de uma necessidade social", explica Marcello Martinelli, professor de Cartografia Estratégica no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP). Mais do que uma ferramenta de orientação e localização, os mapas se transformaram num recurso importante para a expansão das civilizações, e o seu desenvolvimento foi colocado a serviço do poder. Eles foram fundamentais para a definição de estratégias militares e para a conquista de outros povos. Na época das grandes navegações e dos descobrimentos marítimos (entre os séculos 15 e 16), por exemplo, os cartógrafos estavam presentes em cada expedição realizada. Sua função não era exatamente ajudar na localização, mas registrar e tornar pública a descoberta de novos territórios. 42 A cartografia nunca foi uma ciência neutra, que representa exatamente o espaço ou a realidade. Por trás de todo mapa, há um interesse (político, econômico, pessoal), um objetivo (ampliar o território, melhorar a área agrícola etc.) e um conceito (o direito sobre determinada região, o uso do solo etc.). "O mapa é uma representação adaptada da realidade. Por isso, nunca é isento", diz Carla Gimenes de Sena, doutora em Pesquisa em Geografia e Cartografia da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Ourinhos. Estudar a história e os aspectos relacionados à produção e à função social dos mapas é uma poderosa ferramenta didática. "Mapas antigos ajudam a trabalhar os conceitos estruturantes da área", conta Jorn Seemann, docente do Departamento de Geociências da Universidade Regional do Cariri (Urca). 6.3 Analisar as Produções Antigas e ver além do que foi desenhado Os mapas do passado eram repletos de imperfeições, afinal, ainda não havia conhecimento que permitisserepresentar o espaço geográfico com exatidão. A linguagem era muito mais artística e menos técnica ou precisa - e essa é uma das possibilidades de discussão com os alunos. Por que eles traziam tantos ornamentos? O que se queria mostrar com isso? É por meio desse tipo de reflexão que a turma passa a entender as funções sociais dos mapas. Os antigos, que retratavam a América e o Brasil, eram produzidos na Europa. Por isso, outra possibilidade de abordagem é analisar o olhar estrangeiro presente nessas representações. É comum encontrar em mapas do Brasil da época do Descobrimento desenhos que reproduziam as espécies de plantas mais valorizadas. Explorar a simbologia de mapas antigos e atuais também é um recurso interessante. "Hoje pintamos uma área de verde para representar uma mata. Antes se desenhavam árvores. Comparando e analisando exemplos como esses, o aluno entende a noção de legenda", diz Carla. Esse foi um dos objetivos do trabalho do professor Francisco Eudes Farias da Silva com seus alunos do 6º ano, na Fundação Bradesco, em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza (veja a imagem). 43 Há três conceitos que sustentam a cartografia atual: a proporção, que permite o cálculo de distâncias entre diferentes pontos; a localização, que mostra a região exata que está sendo representada e em relação aos pontos cardeais; e a simbologia, presente nas legendas, que ajuda a identificar o tema e as informações dadas. A ausência desses recursos nos mapas mais antigos também pode ser fonte de discussão sobre sua importância atual. O ideal é levar a turma a pensar por que essas informações estão presentes hoje, entendendo sua função. Por exemplo: como calcular as distâncias entre duas cidades em um mapa antigo e em um contemporâneo? O objetivo é levar todos a perceber que é a escala que permite esse cálculo. Com atividades como essa, eles vão entender os conceitos da área (como a proporção e a simbologia), nomeá-los e utilizá-los em suas próprias produções. Fonte: www.slideplayer.com.br http://www.slideplayer.com.br/ 44 6.4 Evolução dos mapas Um mapa é o plano onde se descrevem os fenômenos naturais e da humanidade. Esses fenômenos são representados por sinais específicos, de acordo com os princípios da cartografia, que é a ciência de compor cartas geográficas ou mapas. Os mapas modernos são diretos, sintéticos e precisos. Por meio deles, pode-se ter uma imagem geral de uma configuração geográfica, com dados matemáticos. A origem do mapa remonta a aproximadamente 4.500 anos. Antes de saber escrever, o homem já fazia desenhos para representar o espaço em que vivia. Os desenhos traçados em diferentes materiais sobre fenômenos ambientais são registros de primordial importância para a humanidade. Os materiais utilizados na concepção dos mapas eram a cerâmica, o papel, o bronze, as cascas de coco, a pedra, a pele dos animais etc. O mapa mais antigo O mapa mais antigo que se conhece foi feito pelos babilônios em um pedaço de cerâmica, entre os séculos 25 e 23 a.C. Trata-se de uma placa de barro cozido, de apenas sete centímetros, representando o vale de um rio, provavelmente o Eufrates, cercado por montanhas, indicadas em forma de escamas. A placa, que cabe na palma da mão, foi descoberta nas escavações das ruínas da cidade de Ga-Sur, próxima à antiga Babilônia, em território que hoje pertence ao Iraque. Esse é o mapa mais antigo já encontrado, mas isso não impede que outros possam ter sido feitos em data anterior. As primeiras representações mostravam paisagens conhecidas pelos habitantes locais, assim como trilhas e localizações das vilas mais próximas. Entre os egípcios também foram encontrados alguns desenhos de mapas pintados em tumbas. Até então, o desenho de mapas pelos povos antigos tinha uma função principalmente prática: marcar fronteiras, indicar as terras férteis, a localização de água e as rotas de comércio. Foi entre os gregos que se iniciou a tentativa de descrever, em uma representação, a Terra como um todo. Por volta de 500 a.C., Hecateu de Mileto 45 produziu o que é considerado o primeiro livro sobre geografia. Nele, há uma representação da Terra como um disco, com a Grécia no centro. Ptolomeu O maior legado à posteridade veio, porém, com o geógrafo Claudius Ptolomeu (90-168 d.C.), que escreveu um tratado em oito volumes, com uma coleção de 27 mapas, intitulado "Geografia". Um desses mapas representava o mundo conhecido na época, com forma esférica, o mais próximo dos mapas atuais. Os outros 26 detalhavam diferentes regiões. Assim, Ptolomeu foi o autor do primeiro Atlas universal. Depois da Idade Média, os mapas se aperfeiçoaram e, com as descobertas feitas pelas grandes navegações, passaram a ter outros continentes integrados à representação. Desde então, os meios de representação do espaço foram aperfeiçoados e a confecção de mapas teve grande evolução. Entre os povos antigos, os gregos foram os que mais se destacaram na cartografia. Durante a Idade Média, o forte sentimento religioso cristão levou os europeus a conceberem o mundo como um disco. No centro do disco ficava Jerusalém, a Terra Santa. Terra redonda No século 16, a confecção de mapas passou por um grande desenvolvimento. Além da confirmação de que a Terra era redonda, diversos fatores contribuíram para o desenvolvimento da Cartografia. Em primeiro lugar, as grandes navegações exigiam mapas mais rigorosos e corretos quanto ao contorno das costas. Os grandes descobrimentos - consequência das navegações - alargaram o horizonte geográfico e ampliaram o espaço conhecido, tornando possível a representação do mundo de maneira mais próxima à realidade. Em segundo lugar, a invenção da imprensa e da técnica de gravação permitiu que os mapas pudessem ser reproduzidos em grande número. Antes disso, eles eram manuscritos. 46 Em terceiro lugar, a redescoberta dos trabalhos de Ptolomeu proporcionou um novo avanço na cartografia. Embora imprecisos no que se refere aos contornos, extensões e escalas, seus mapas eram os que até então melhor representavam o s espaços conhecidos. Ciência Cartográfica Baseando-se nos trabalhos de Ptolomeu, aproveitando seus acertos e corrigindo seus erros, os cartógrafos do século 16 aprimoraram bastante os mapas da época. Dentre esses cartógrafos, destacou-se Gehard Mercator (1512-1594). Nos séculos seguintes, os progressos da agrimensura, da astronomia e da geometria ofereceram conhecimentos e técnicas para a formação de uma verdadeira ciência cartográfica, baseada em cálculos complexos e rigorosos. Atualmente, a cartografia é uma ciência bastante exata e a representação do espaço é feita com grande precisão. Fotos por Satélite Para identificar corretamente os elementos do espaço, hoje os cartógrafos utilizam as fotografias aéreas - tiradas de modernos e bem equipados aviões - e as imagens obtidas de altura ainda maior, através de satélites colocados em órbita a muitos quilômetros de distância da Terra. Depois disso, sofisticados equipamentos eletrônicos permitem a confecção de mapas muito fiéis aos elementos materiais do espaço. Entre os mapas produzidos nos dias atuais podemos citar como exemplos: Mapa geomorfológico - representa as características do relevo de uma região. Mapa climático - indica os tipos de clima que atuam sobre uma região. Mapa hidrográfico - mostra os rios e bacias que cortam uma região. Mapa biogeográfico - apontam os tipos de vegetação que cobrem um determinado lugar. Mapa político - aponta a divisão do território em países, estados, regiões, municípios. 47 Mapa econômico - indica as atividades produtivas do homem em determinada região. Mapa demográfico - apresenta a distribuição da população em determinada região. Fonte: www.slideplayer.com.br6.5 Tipos de Mapas Os mapas são instrumentos de comunicação, servem para representar graficamente uma dada área do espaço terrestre. Os mapas e cartogramas não objetivam representar todas as informações presentes na superfície, mas apenas aquilo que o autor deseja demonstrar. Por isso, os mapas podem ser divididos em vários tipos e a sua classificação varia de acordo com o tema tratado. Por esse motivo, dá-se o nome de mapas temáticos. http://www.slideplayer.com.br/ 48 Mapas físicos: são mapas que representam a superfície física da terra, como as formas de relevo, a hipsometria (as altitudes da terra divididas em cores), a hidrografia, o clima, entre outros. Mapas econômicos: são mapas que representam a produção do espaço econômico, isto é, as atividades econômicas de uma determinada área, bem como a distribuição de dados estatísticos, por exemplo: a receita financeira dos estados brasileiros, o índice de População Economicamente Ativa (PEA) de uma região etc. Mapas demográficos: trata-se da representação espacial das populações, como índices populacionais, taxas de analfabetismo, migrações etc. Mapas políticos: representam as divisas e fronteiras entre países e/ou entre unidades federativas estabelecidas e consolidadas politicamente. 49 Mapas históricos: são mapas utilizados para representar algum acontecimento em algum período histórico, como as áreas colonizadas no Brasil até o século XVII. Mapas estilizados: são mapas em que não há a representação fiel das proporções das diferentes áreas do espaço geográfico, alterando suas formas conforme as informações. Um exemplo desse tipo de mapa é a projeção de anamorfose. Mapa da população mundial. Observe que os países mais populosos ficaram maiores e os menos populosos, menores 50 7 ESCALA CARTOGRÁFICA Segundo Turner (1989), a palavra escala é usada em muitos contextos, denotando frequentemente diferentes aspectos no espaço e no tempo. O entendimento e uso correto da escala são fundamentais em pesquisas geográficas, cartográficas e ambientais, ou em todas aquelas que se realizem sobre o espaço geográfico no qual ocorrem os fenômenos (MENEZES E COELHO NETO, 2002) O espaço geográfico pode ser compreendido de acordo Dollfus (1979, p. 8) conformado com Sorre: O espaço geográfico é um espaço mutável e diferenciado cuja aparência visível é a paisagem. É um espaço recortado, subdividido, mas sempre em função do ponto de vista segundo o qual o consideramos. Espaço fracionado, cujos elementos se apresentam desigualmente solidários uns aos outros. “A ideia de área de extensão inclui a de limite, da qual é inseparável e que oferece diversos graus de determinação, desde o limite linear até a zona limite com todas as suas franjas de degradação (Max Sorre). Mapas são representações gráficas de uma área real, são de extrema importância para a sociedade e, especialmente, para determinados profissionais, como Geógrafos, Geólogos, Agrônomos, Engenheiros, Biólogos, Cartógrafos, dentre outros. Um mapa pode possuir níveis distintos de abrangência, de modo que podemos mapear o mundo, continentes ou partes deles, países, regiões, Estados ou mesmo ruas. Todas as vezes que visualizamos um mapa, independentemente do seu tema (mapa político, físico, histórico, econômico), podemos saber a distância real que há entre dois pontos ou o tamanho de uma área. Isso é possível por meio da verificação da escala disposta nos mapas. Escala é variação de proporção de uma área a ser mapeada, quem a determina é o responsável pela elaboração do mapa. Escala é a relação entre as dimensões de um objeto representado no papel e sua medida na superfície real. Sejam: D = um comprimento tomado no terreno – Distância real natural. D = um comprimento homólogo no desenho – Distância prática. 51 Como as linhas do terreno e as do desenho são homólogas, a razão ou relação de semelhança entre elas corresponde a: 7.1 Escala Gráfica É representada por uma linha estabelecida no sentido horizontal que contém divisões precisas entre seus pontos. Na mesma se expõe as distâncias que existem na superfície real. A escala representa que cada centímetro no papel corresponde a 3 km na superfície real. Se o modelo original for alterado, a escala gráfica será indispensável, pois quando houver redução ou ampliação, o gráfico também será alterado nas mesmas proporções do mapa. A escala gráfica permite o cálculo de distâncias num mapa de forma direta e rápida. 52 Medição de distância com a escala gráfica Medição de curvas com a escala gráfica 53 7.2 Escala Numérica É a relação entre os comprimentos de uma linha no desenho e o correspondente comprimento no terreno, em forma de fração, com a unidade para numerador. Isto significa que 1cm na carta corresponde a 25.000 cm ou 250 m, no terreno. Uma escala é tanto maior quanto menor for o denominador. Exposta no mapa em forma fracionária, sendo que o numerador representa a medida no mapa e o denominador a medida da superfície real. 54 O mapa de Portugal traz consigo uma escala numérica. 7.3 Precisão Gráfica É a menor grandeza medida no terreno; É a menor dimensão gráfica percebida pelo olho humano; Menor dimensão representada em planta. O menor comprimento gráfico que se pode representar em um desenho é de 1/5 de milímetro ou 0,2mm – erro admissível. Os detalhes cujas dimensões gráficas forem inferiores ao valor do erro admissível não terão representação gráfica, portanto, não constarão do desenho, a não ser através de uma convenção. A seleção da escala depende da: Precisão do levantamento; Da finalidade; 55 Da precisão dos instrumentos de medida utilizados; e Dos métodos empregados. O erro admissível depende da escolha da escala. Fatores que se inter-relacionam na escolha da escala: Extensão do terreno a representar; Extensão da área levantada, quando comparada com as dimensões do papel que receberá o desenho normas técnicas da ABNT); A natureza e quantidade de detalhes que devem constar na representação cartográfica; A precisão gráfica do desenho. 56 8 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS As projeções cartográficas permitem representar a superfície esférica da Terra em um plano, ou seja, no mapa; elas são a base para a confecção de um mapa, constituindo uma rede sistemática de paralelos e meridianos, permitindo que esses sejam desenhados. As representações da superfície terrestre em mapas apresentam algumas distorções. As diferentes projeções cartográficas foram desenvolvidas com o intuito de minimizar as distorções ocorridas durante a produção de um mapa e, principalmente, fazer com que essas distorções sejam conhecidas. Mas nenhuma delas é capaz de evitar a totalidade das deformações. As principais projeções cartográficas são: 8.1 Projeção Cilíndrica O plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera terrestre. Após realizada a projeção dos paralelos e meridianos do globo para o cilindro, este é aberto ao longo de um meridiano, tornando-se um plano sobre o qual será desenhado o mapa. Projeção Cilíndrica 57 8.2 Projeção Cônica O plano da projeção é um cone envolvendo a esfera terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos e os meridianos retos convergem para o polo. Projeção Cônica 8.3 Projeção Plana ou Azimutal O plano da projeção é um plano tangente à esfera terrestre. Os paralelos são círculos concêntricos e os meridianos retos irradiam-se do polo. Projeção Plana ou Azimutal Dos três modelos apresentados acima, temos diversos tipos de projeções que foram estudados por muitos geógrafos. As mais importantes são: 58 Projeção de Holzel Apresenta contorno em elipse proporcionando uma ideia aproximadada forma esférica da Terra com achatamento dos polos. Projeção Azimutal Equidistante Polar O polo norte é o centro do mapa e a partir dele as distâncias estão em escala verdadeira, bem com os ângulos azimutais. Projeção de Mercator Elaborada pelo cartógrafo, geógrafo e matemático Gerhard Mercator (1512- 1594), a Projeção de Mercator é uma das mais utilizadas. Nesse tipo de projeção cilíndrica do globo terrestre, os ângulos e os formatos dos continentes são conservados, no entanto, as áreas são deformadas. Esse modelo, está incluído na categoria de "proporção conformal", sendo muito utilizada na navegação e aeronáutica. Projeção de Mercator 59 Projeção de Peters Foi elaborada pelo escocês James Gall (1808-1895) e depois retomada pelo historiador alemão Arno Peters (1916-2002). Por esse motivo, é também chamada de Projeção Gall-Peters. Trata-se de um tipo de projeção cilíndrica que conserva as proporções entre as áreas, no entanto, os ângulos e formas dos continentes são alterados. Esse modelo, está incluído na chamada "proporção equivalente". Projeção de Gall-Peters Projeção de Robinson Foi elaborada pelo geógrafo e cartógrafo americano Arthur H. Robinson (1915- 2004). Esse tipo de projeção cilíndrica e afilática, altera as formas e as áreas dos continentes. Por isso, ela está na categoria de não equivalente e não conforme. Nela, os meridianos são as linhas curvas, enquanto os paralelos, as linhas retas. Atualmente, esse modelo é utilizado para representar o Mapa Mundi, sendo, portanto, a mais conhecida. 60 Projeção de Robinson 8.4 Projeções Cartográficas Todos os mapas são representações aproximadas da superfície terrestre. Isto ocorre porque não se pode passar de uma superfície curva para uma superfície plana sem que haja deformações. A elaboração de um mapa consiste em um método segundo o qual se faz corresponder a cada ponto da Terra, em coordenadas geográficas, um ponto no mapa, em coordenadas planas. Para se obter essa correspondência utiliza-se os sistemas de projeções cartográficas. Existem diferentes projeções cartográficas, uma vez que há uma variedade de modos de projetar sobre um plano os objetos geográficos que caracterizam a superfície terrestre. Quanto ao tipo de superfície de projeção adotada, classificam-se as projeções em: plana ou azimutais, cilíndricas e cônicas, segundo se represente a superfície curva da Terra sobre um plano, um cilindro ou um cone tangente ou secante à Terra. É impossível representar a superfície curva da Terra sobre uma superfície plana (ou desenvolvível num plano) sem que haja deformações. Quanto ao grau de deformação das superfícies representadas, os sistemas de projeção são classificados em: Conformes ou isogonais: mantêm fidelidade aos ângulos observados na superfície de referência da Terra, o que significa que as formas de pequenas feições são mantidas. Isto, porém, causa distorções nas áreas dos objetos representados nos mapas; 61 Equivalentes ou isométricas: conservam as relações de superfície (não há deformação de área); Equidistantes: conservam a proporção entre as distâncias, em determinas direções, na superfície representada. Parâmetros das projeções: A transformação entre coordenadas geográficas e coordenadas planas é feita através de algoritmos das projeções cartográficas, que dependem de certos parâmetros que variam de acordo com a projeção em questão. 8.5 Projeção Universal Transversa de Mercator É a projeção Universal Transversa de Mercator. Assim como a Projeção de Mercator, é uma projeção cilíndrica. Uma projeção transversa é aquela onde o eixo do cilindro está no plano do equador. É um sistema universal, isto é, utilizado internacionalmente para representação da superfície da Terra. A projeção UTM é uma projeção analítica que tem como objetivo minimizar todas as deformações de um mapa a níveis toleráveis, representando-os em um sistema ortogonal. Qual a característica da Projeção UTM? 62 Como foi visto na aula de projeções, a projeção cilíndrica tem distorção mínima na área próxima ao círculo de tangência/secância. A projeção UTM estende esta precisão ao longo da superfície da Terra, combinando diversas posições do cilindro de projeção. Esquema da Projeção UTM Características da Universal Transversa de Mercator A projeção UTM é limitada em latitude (de 80° N a 84° S); Meridianos Centrais: Múltiplos de 6°; Origem das coordenadas plano-retangulares: Na interseção do Plano do Equador com o meridiano central (MC) do fuso N = 0 m para o Hemisfério Norte N = 10.000.000 m para o Hemisfério Sul 63 E = 500.000 m 64 9 SÉRIES CARTOGRÁFICAS É a sistematização de um conjunto de mapas, a fim de definir a padronização de sua representação Quando a escala adotada não é capaz de abranger toda a região a ser mapeada (ex: estado ou país), então a área será coberta por diversas folhas (cartas). (DUARTE, 2006 p.125) 9.1 Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo – CIM É uma série cartográfica que faz parte de um plano mundial para sistematização de folhas na escala de 1:1.000.000 Um por um milhão; daí a expressão milionésimo) É uma das mais utilizadas A Carta do Brasil ao Milionésimo foi derivada da CIM Foi criada em novembro de 1909. Teve sua origem numa convenção internacional realizada em Londres na Inglaterra. 65 De acordo com o Departamento de Cartografia do IBGE, a Carta Internacional ao Milionésimo “fornece subsídios para a execução de estudos e análises de aspectos gerais e estratégicos, no nível continental” (IBGE, 1998:47). É uma representação de toda a superfície terrestre, na projeção cônica conforme de LAMBERT (com dois paralelos padrões) na escala de 1:1. 000.000. A divisão em fusos aqui apresentada é a mesma adotada nas especificações do sistema UTM. Na verdade, o estabelecimento de suas especificações é pautado nas características da CIM. A distribuição geográfica das folhas ao milionésimo foi obtida com a divisão do planeta (representado aqui por um modelo esférico), em que cada uma das folhas ao milionésimo pode ser acessada por um conjunto de três caracteres: 1. letra N ou S - indica se a folha está localizada ao Norte ou a Sul do Equador. 2. letras A até U - cada uma destas letras se associa a um intervalo de 4º de latitude se desenvolvendo a Norte e a Sul do Equador e se prestam à indicação da latitude limite da folha. Além das zonas de A a U, temos mais duas que abrangem os paralelos de 84º a 90º. A saber: a zona V que é limitada pelos paralelos 84º e 88º e a zona Z, ou polar, que vai deste último até 90º. 3. números de 1 a 60 - indicam o número de cada fuso que contém a folha. Embora cada país decida o conjunto de escalas para a série de cartas, existe concordância entre as nações sobre a área coberta por uma carta topográfica, na escala de 1: 1.000.000, chamada de Carta Internacional ao Milionésimo - CIM e que tem uma amplitude de quatro graus de latitude por seis graus de longitude. No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Exército brasileiro, através da DSG (Diretoria do Serviço Geográfico), são, constitucionalmente, responsáveis pelo mapeamento topográfico sistemático. Devido, principalmente, às dimensões nacionais e aos custos elevados para a produção deste tipo de mapeamento, tem-se que este mapeamento topográfico sistemático está restrito às escalas de 1: 1.000.000, 1: 500.000, 1: 250.000, 1: 100.000, 1: 50.000 e 1: 25.000 para cobrir todo o território nacional. 66 A carta do Brasil na escala 1: 1.000.000 é constituída por 46 folhas de formato 6º X 4º. A área representada por uma folha topográfica na escala ao milionésimo tende a necessitar de um número crescente de folhas
Compartilhar