Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Maranhão – UFMA Curso: bacharelado em Direito Disciplina: Civil IV Docente: Juan Didier Bruzaca Discentes: Antônio José Marinho, Dilciane Santos Silva. RESENHA CRÍTICA BRUZACA, R. D.; VIEIRA, A. D. Linguagem dos juristas frente a representações jurídico-culturais de povos e comunidades tradicionais: o caso do conflito possessório envolvendo a comunidade quilombola de São Bento, Brejo/MA. Prisma Jurídico, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 181-204, 2017. Os Autores da obra estudada são Juan Didier Bruzaca, professor da universidade federal do maranhão e Adriana Vieira Dias, professora na universidade federal do Paraíba que faz uma abordagem a respeito da legitimidade das representações dos juristas, em relações aos grupos quilombolas. Evidenciando que a linguagem dos juristas, leva a um distanciamento entre aquelas para com os quilombolas em suas representações, seja na formulação dos pedidos, como nas decisões. Tendo em vista, que as abstrações jurídicas não conseguem atender as necessidades de tais grupos, levando a exclusão do referido grupo social. Pois a linguagem jurídica pode remeter a representações incompatíveis com as do grupo étnico em questão. Nesse sentido, a obra faz tais analises em cima do caso do conflito possessório envolvendo a comunidade quilombola de São Bento, Brejo/MA. Em 32 anos de Constituição Federal de 1988, pode se observar o valor da presente obra. Nesse sentido, traz um olhar sobre as demais instâncias estatais acionadas quando da falha do executivo no cumprimento de seu dever constitucional. É desse modo que o sistema de justiça. Por si só, faz uma reflexão e análise criteriosa sobre as instituições do sistema de justiça, nesse contexto já apresenta ao pesquisador e acadêmico certo grau de dificuldade por conta de diversos fatores (dentre eles a dificuldade no retorno de informações para pesquisadores). O que é mostrado na presente obra como desafiadora no alcance de sucesso, em virtude do tema a ser abordado: a atuação do sistema de justiça na proteção da posse e do território nas ações possessórias ajuizadas contra comunidades quilombolas no Baixo Parnaíba Maranhense. Dentre os desafios, destacam-se dois. Primeiro, os grupos em situação de vulnerabilidade mais invisíveis da sociedade brasileira (em especial, da sociedade maranhense, sendo majoritariamente negra e rural), as comunidades remanescentes de quilombos. O segundo desafio é retratar a realidade de violações contra comunidades quilombolas em uma das áreas do território maranhense que passa por um significativo processo de expansão de sua fronteira agrícola, em especial com a implantação da sojicultora e do cultivo de eucalipto. Portanto, o trabalho dá ênfase aos atores sociais e econômicos que se utilizam do sistema de justiça para se colocar em oposição aos direitos garantidos aos quilombolas. A obra foi dividida em duas partes. Na primeira apresenta o projeto, seu relatório e artigos sobre a atuação do Judiciário, da advocacia popular, bem como a reconstrução de conceitos, como o da propriedade dentro da esfera do judiciário. Já na segunda parte, destacam-se as entrevistas com sujeitos que integram órgãos, instituições e entidades que acompanham diretamente as comunidades remanescentes de quilombo no sistema de justiça. Nesse sentido, a obra é de grande valor na medida em que traz todas as informações necessárias tanto para aquele leitor que quer começar a imergir no tema, bem como para os pesquisadores e profissionais que atuam com essas comunidades, possibilitando a reflexão de mecanismos estratégicos para a defesa das comunidades, no sistema de justiça. Onde não só os quilombolas, como todas as comunidades devem ser tratadas com equidade, ou seja, que se faça presente à manifestação do senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos. É o que assevera a constituição federal de 1988, que as comunidades quilombolas, podem ser consideradas enquanto povos e comunidades tradicionais têm seu direito ao território previsto nos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias que, em seu art. 68 determina: “as comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras são reconhecidas a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos” (BRASIL, 1988). O procedimento administrativo de titulação está previsto no Decreto nº 4.887/2003, cujo órgão responsável é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, trazendo inclusive o conceito legal de comunidade quilombola. Logo, é algo que deve ser respeitado e imprescindível para a efetivação dos quilombolas no cenário nacional, nessa nova dimensão que tem como perspectivas os direitos humanos.
Compartilhar