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DIREITO DE FAMILIA

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AULA 01
Tema: Noções Gerais de Direito de Família
D I R E I T O C I V I L I V - F A M Í L I A
Considerações Iniciais
•O que é Direito de Família?
- Ligado à vida.
- Regula o organismo familiar, que permeiam por
toda a vida.
- A legislação, especialmente a CF/88 trouxe a
proteção familiar como prioridade, inclusive
dever do ESTADO em protege-la.
Considerações Iniciais
A família é uma realidade sociológica e constitui a base
do Estado, o núcleo fundamental em que repousa toda a
organização social. Em qualquer aspecto em que é
considerada, aparece a família como uma instituição
necessária e sagrada, que vai merecer a mais ampla
proteção do Estado.
A Constituição Federal e o Código Civil a ela se reportam e
estabelecem a sua estrutura, sem, no entanto, defini-la,
uma vez que não há identidade de conceitos tanto no
direito como na sociologia. Dentro do próprio direito a sua
natureza e a sua extensão variam, conforme o ramo.
SUGESTÕES?
• Viés conservador;
• Construção cultural;
• Afetividade e Respeito;
• Felicidade e realização.
CONSTITUIÇÃO/CONCEITO
DE FAMÍLIA
Predominantemente patrimonial;
Patriarcal;
Constituída pelo casamento;
Grandes modificações ao longo do tempo.
FAMÍLIA ANTIGAMENTE
Conceitos doutrinários
de família
De forma ampla, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas
por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco
ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção.
Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os afins.
(GONÇALVES, 2023).
A família é uma construção cultural. Dispõe de estruturação psíquica,
na qual todos ocupam um lugar, possuem uma função – lugar do pai,
lugar da mãe, lugar dos filhos – sem, entretanto, estarem
necessariamente ligados biologicamente. É essa estrutura familiar que
interessa investigar e preservar em seu aspecto mais significativo
como um LAR “lugar de afeto e respeito”. (DIAS, 2019).
Família é o núcleo existencial integrado por pessoas unidas por
vínculo socioafetivo, teleologicamente vocacionada a permitir a
realização plena dos seus integrantes. (STOLZE, 2023).
Evolução do conceito de família
Antes, a Constituição trazia referência, de forma expressa, a três
categorias de família, o casamento, a união estável e, após um tempo,
admitiu o núcleo monoparental – que já era o inicio da inovação.
Isso porque, até então, a ordem jurídica brasileira apenas reconhecia
como forma “legítima” de família aquela decorrente do casamento, de
maneira que qualquer outro arranjo familiar era considerado marginal, a
exemplo do concubinato. Vale dizer, o Estado e a Igreja deixaram de ser
necessárias instâncias legitimadoras da família, para que se pudesse,
então, valorizar a liberdade afetiva do casal na formação do seu núcleo
familiar.
Na mesma linha, acompanhando a mudança de valores e, especialmente,
o avanço científico das técnicas de reprodução humana assistida, cuidou-
se também de imprimir dignidade constitucional aos denominados
núcleos monoparentais, formados por qualquer dos pais e sua prole.
E tem-se ainda mais uma “forma”, a qual o Pablo Stolze chama de
“RECOMBINAÇÃO FAMILIAR”, que estão ligadas a combinação de famílias
de segundas ou mais núpcias ou uniões afetivas.
Evolução do conceito de família
Há, na doutrina, uma tendência de ampliar o conceito de família,
para abranger situações não mencionadas pela Constituição
Federal. Fala-se, assim, em:
a) Família matrimonial: decorrente do casamento;
b) Família informal: decorrente da união estável;
c) Família monoparental: constituída por um dos genitores com
seus filhos;
d) Família anaparental: constituída somente pelos filhos;
e) Família homoafetiva: formada por pessoas do mesmo sexo;
f) Família eudemonista: caracterizada pelo vínculo afetivo.
A Lei n. 12.010, de 2009 (Lei da Adoção), conceitua família extensa
como “aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou
da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
afetividade”. FAMÍLIA EXTENSA
ART. 226 DA CF/88 (ATUALMENTE)
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos
pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo
homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o
planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
FAMILIA MONOPARENTAL
CASAMENTO
UNIÃO ESTÁVEL
DIVÓRCIO DIRETO
IGUALDADE ENTRE OS CONJUGES
• Plena liberdade para a formação da Família (226,
§7º, CF);
- A família não mais decorre exclusivamente do casamento,
como antes.
- É admitido o casamento de pessoas do mesmo sexo,
inclusive com direito à partilha dos bens e adoção.
• União estável e seus efeitos (reconhecimento como
entidade familiar pela CF);
• Proteção da família na pessoa de cada um dos
seus membros (art. 226 §8º, CF);
• Afetividade (afeto) passou a ter valor jurídico.
INOVAÇÕES
- Intimamente ligado à própria vida;
“As pessoas provém de um organismo familiar e a ele
conservam-se vinculadas durante a sua existência, mesmo
que venham a constituir nova família pelo casamento ou
pela união estável”. Carlos Roberto Gonçalves.
- Base do Estado (art. 226, CF/88);
- Vocábulo amplo: compreende vínculos
sanguíneos, afetividade, adoção, parentesco;
DIREITO DE FAMÍLIA
O QUE ESTUDA O DIREITO DE 
FAMÍLIA...
• O direito de família constitui o ramo do direito civil que disciplina as
relações entre pessoas unidas pelo matrimônio, pela união estável ou
pelo parentesco, bem como os institutos complementares da tutela e
curatela, visto que, embora tais institutos de caráter protetivo ou
assistencial não advenham de relações familiares, têm, em razão de
sua finalidade, nítida conexão com aquele.
• Conforme a sua finalidade ou o seu objetivo, as normas do direito de
família ora regulam as relações pessoais entre os cônjuges, ou entre
os ascendentes e os descendentes ou entre parentes fora da linha
reta; ora disciplinam as relações patrimoniais que se desenvolvem no
seio da família, compreendendo as que se passam entre cônjuges,
entre pais e filhos, entre tutor e pupilo; ora finalmente assumem a
direção das relações assistenciais, e novamente têm em vista os
cônjuges entre si, os filhos perante os pais, o tutelado em face do
tutor, o interdito diante do seu curador. Relações pessoais,
patrimoniais e assistenciais são, portanto, os três setores em que o
direito de família atua.
• RELAÇÕES PESSOAIS
- Casamento, proteção à pessoa dos filhos, relação de
parentesco, abordando inclusive a igualdade plena entre os
filhos, consolidada na CF/88;
• RELAÇÕES PATRIMONIAIS
- Cuida do direito patrimonial que se desenvolvem no seio
da família. (decorrente do casamento, regime de bens, alimentos,
usufruto e administração dos bens dos filhos menores, bem de família)
• RELAÇÕES ASSISTENCIAIS
- Também tem em vista os cônjuges entre si, os filhos
perante os pais, o tutelado em face do tuto, o interdito em
face do seu curador;
ATUAÇÃO DO DIREITO DE 
FAMÍLIA (em três setores)
• DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;
• IGUALDADE ENTRE OS CÔNJUGES E COMPANHEIROS;
• IGUALDADE JURÍDICA ENTRE TODOS OS FILHOS;• PATERNIDADE RESPONSÁVEL E PLANEJAMENTO
FAMILIAR;
• COMUNHÃO PLENA BASEADO NO AFETO ENTRE
CÔNJUGES E COMPANHEIROS;
• LIBERDADE DA CONSTITUIÇÃO FAMILIAR;
• PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE;
• PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE FAMILIAR;
• E OUTROS..
PRINCÍPIOS DO DIREITO DE 
FAMÍLIA
• Constitui a base da comunidade familiar, garantindo
o pleno desenvolvimento e realização de todos os
seus membros, principalmente da criança e do
adolescente. (art. 227, CF).
• Dele decorrem outros princípios, e é essencial para
explicar as constantes alterações normativas no
direito de família – que visam acolher as novas
formas de afeto e união familiar.
• Decorre do art. 1º, III, CF.
Princípio da dignidade da 
pessoa humana
• Os direitos e deveres referentes à sociedade
conjugal são exercidos igualmente pelo homem
e pela mulher.
• Põe fim ao poder marital e com o sistema da
restrição da mulher às tarefas domésticas e
procriação.
• Amplia a igualdade, admitindo o judiciário o
casamento homoafetivo.
Princípio da igualdade jurídica 
entre os cônjuges e companheiros
• Consubstanciado no art. 227 §6º da CF;
• Proibição de qualquer discriminação para com os
filhos havidos ou não da relação do casamento.
• Trouxe fim a distinção entre filiação legítima e
ilegítima (casos pais casados ou não) e adotivos
– CC/1916.
• Abrange tudo: nome, poder familiar, alimentos e
sucessão.
Princípio da igualdade jurídica 
de todos os filhos
• - Art. 226 §7º, CF;
- Planejamento familiar de forma livre, sendo
decisão do casal, fundado nos princípios da
dignidade da pessoa humana e paternidade
responsável;
Princípio da paternidade 
responsável e planejamento familiar
• A CF/88 altera o conceito de unidade familiar,
antes delineado como aglutinação formal de pais
e filhos legítimos baseada no casamento, para
um conceito flexível e instrumental, tendo por
origem não apenas o casamento, e inteiramente
voltado para a realização espiritual e o
desenvolvimento da personalidade de seus
membros.
Princípio da comunhão plena 
de vida baseada na afeição.
• Liberdade da constituição familiar seja pelo
casamento, seja pela união estável, sem
qualquer imposição ou restrição de pessoa
jurídica de direito público ou privado (art. 1513 do
CC).
• Abrange a livre decisão do casal no
planejamento familiar (1565, CC), intervindo o
Estado apenas para propiciar recursos
educacionais e científicos desse direito, livre
aquisição e administração do patrimônio familiar
e opção do regime de bens mais conveniente.
Princípio da liberdade de constituir 
uma comunhão de vida familiar.
Princípio da afetividade
• Todo o direito de família moderno gira em torno desse
princípio.
• O próprio conceito de família deriva — e encontra a sua raiz
ôntica — da própria afetividade. Vale dizer, a comunidade de
existência formada pelos membros de uma família é
moldada pelo liame socioafetivo que os vincula, sem
aniquilar as suas individualidades. (STOZE, 2023).
• E, como decorrência da aplicação desse princípio, uma
inafastável conclusão é no sentido de o Direito
Constitucional de Família brasileiro, para além da tríade
casamento — união estável — núcleo monoparental,
reconhecer também outras formas de arranjos familiares, a
exemplo da união entre pessoas do mesmo sexo.
Princípio da solidariedade 
familiar
• Esse princípio não apenas traduz a afetividade necessária que
une os membros da família, mas, especialmente, concretiza
uma especial forma de responsabilidade social aplicada à
relação familiar.
• A solidariedade, portanto, culmina por determinar o amparo,
a assistência material e moral recíproca, entre todos os
familiares, em respeito ao princípio maior da dignidade da
pessoa humana.
• É ela, por exemplo, que justifica a obrigação alimentar entre
parentes, cônjuges ou companheiros, ou, na mesma linha, que
serve de base ao poder familiar exercido em face dos filhos
menores.
OUTROS...
• Há doutrinadores que trazem outros princípios
aplicáveis ao direito de família, como: proteção a
pessoa idosa, princípio da convivência familiar,
princípio da plena proteção a crianças e
adolescentes, principio da intervenção mínima do
Estado.
• E a monogamia, seria um principio?
A fidelidade é um valor juridicamente tutelado, e tanto o é que
fora erigido como dever legal decorrente do casamento (art.
1.566, CC/2002115) ou da união estável (art. 1.724,
CC/2002116). Aliás, a violação desse dever, aliada à
insuportabilidade da vida em comum, poderia, não somente
resultar na dissolução da união conjugal ou da relação de
companheirismo, mas também em consequências indenizatórias.
MONOGAMIA, SERIA UM PRINCIPIO?
• MONOGAMIA: Não é um principio estatal de família,
mas uma regra restrita à proibição de múltiplas relações
matrimonializadas, construídas sob a chancela do Estado.
• O Estado tem interesse na mantença da estrutura
familiar, a ponto de declarar a família como base da
sociedade. Por isso a monogamia sempre foi considerada
uma função ordenadora da família.
• Embora a fidelidade (e a monogamia, por consequência)
seja consagrada como um valor juridicamente tutelado,
não se trata de um aspecto comportamental absoluto e
inalterável pela vontade das partes.
A FAMÍLIA NA JUSTIÇA
Algumas peculiaridades do 
Direito das Famílias
Acolhida desde antes do nascimento até a
morte;
Envolve decisões sobre vida, dignidade,
sobrevivência;
Normas jurídicas e normas de conduta;
1. LEI E A FAMÍLIA
• “ São os restos do amor que batem à porta do
Judiciário”. Rodrigo da Cunha Pereira.
• Exige que magistrados, promotores, advogados e
defensores públicos sejam mais sensíveis e
tenham uma formação diferenciada;
• Fragilidade, medos, inseguranças;
2. JURISDIÇÃO DE FAMÍLIA
• Mescla o direito com outras áreas de
conhecimento;
• Aporte interdisciplinar auxilia no cumprimento
de princípios constitucionais;
• Auxílio direto de outros profissionais: Assistentes
sociais, psicólogos.
3. INTERDISCIPLINARIEDADE
• Técnicas alternativas para levar às partes a
encontrar a solução consensual;
• Os tribunais devem criar centros de solução
consensual de conflitos (CPC, 165 a 175);
• Profissionais habilitados, formados por entidade
credenciada, seguindo parâmetros do Conselho
Nacional de Justiça;
4. MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO
• CPC/2015: limitou a intervenção do MP às
ações que exista interesse público, social
ou de incapaz (art. 178, I e II, CPC);
• Segredo de justiça: art. 189, II CPC
5.AÇÕES DE FAMÍLIA
• A regra é da competência territorial (art. 46, CPC):
- Na comarca do réu;
- Em ações de alimentos, no domicilio do alimentando (art.
53, III, CPC);
- Privilégio absoluto quando o idoso for parte (art. 80
Estatuto do Idoso, art. 53, III, “e”, CPC);
- Dissolução de casamento ou união estável: foro do
domicilio do guardião do filho incapaz ou ultimo domicílio
do casal, se ninguém permanecer no domicilio comum: a
regra é o domicílio do réu;
* Ações envolvendo uniões paralelas também tramitam nos
juízos de família.
6. COMPETÊNCIA
• QUESTÕES DE FAMÍLIA: Juízo de Família.
- O simples fato da disputa envolver crianças ou
adolescentes não desloca a competência para o
juízo infanto-juvenil;
• VARAS DA INFÂNCIA: Apenas quando o menor
estiver em situação de risco ou afastado de uma
estrutura familiar;
VARAS DA INFÂNCIA E 
JUVENTUDE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso
de direito civil, volume 6: direito de família. 12. ed. ampliada e
atualizada. São Paulo: Saraiva Educação, 2022. [BIBLIOTECA
VIRTUAL]
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 6:
direito de família. 20. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2023.
[BIBLIOTECA VIRTUAL].
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 11.ed.,
rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
CONTATO
• VIA E-MAIL INSTITUCIONAL
ALYNNE.COSTA@UNINORTEAC.EDU.BR
mailto:ALYNNE.COSTA@UNINORTEAC.EDU.BR

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