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Prévia do material em texto

Língua Portuguesa em 560 questões comentadas 
 Prof. Fernando Moura 
1 Direitos reservados. Proibida a transmissão deste material sem a prévia 
autorização do autor. 
 
PORTUGUÊS 
 
 
 
 
FERNANDO MOURA 
Curso Completo de Gramática, 
Interpretação de Textos e Redação 
 Língua Portuguesa em 560 questões comentadas 
 Prof. Fernando Moura 
2 Direitos reservados. Proibida a transmissão deste material sem a prévia 
autorização do autor. 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 Olá, caro (a) aluno (a)! 
 
 Criar uma jornada de SUCESSO não é tarefa fácil. Exige concentração, fôlego, 
determinação. Ser aprovado em um bom concurso público ou em um vestibular da 
carreira dos sonhos demanda objetivos bem traçados. No mundo real, a concorrência é 
significativa, e, por isso, você precisa estar entre os melhores. Mas não há o que temer se 
você tem a convicção de que teve preparação sólida. 
 Pensando nisso, elaborei este material com vistas a prepará-lo melhor para os 
desafios que virão. Resolver questões é excelente caminho para atenuar boa parte das 
angústias que enfrentamos diante do caderno de provas real. TREINAR É 
FUNDAMENTAL. No início dos seus estudos, não haverá problema se você ler a questão 
proposta e, em seguida, os meus comentários. Depois, mude a estratégia: primeiro, 
resolva todas as questões; depois, confira cada resposta e acompanhe cuidadosamente 
os meus comentários. 
 Lembre-se de criar ambiente de estudos agradável (silencioso, arejado, 
confortável) para utilizar esta excelente ferramenta que lhe ofereço. Marque as questões 
e os comentários que não entendeu, para, depois, voltar a eles com mais cuidado. 
Paciência. Você é uma pessoa talentosa. Procure destacar tudo o que considerar 
importante para posterior revisão. ALGUMAS QUESTÕES SE REPETEM 
PROPOSITADAMENTE, a fim de que você fixe detalhes importantes. 
 Conquistar os primeiros lugares nos certames mais concorridos impõe preparação 
prévia, o que desencadeia mais segurança. Exige FOCO ─ fator determinante na 
velocidade e no alcance dos seus objetivos. Portanto, trace boas estratégias de estudo e 
faça deste material um importante degrau para a escalada rumo ao sucesso. 
 Forte abraço! 
 
 
 
 
Professor Fernando Moura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Língua Portuguesa em 560 questões comentadas 
 Prof. Fernando Moura 
3 Direitos reservados. Proibida a transmissão deste material sem a prévia 
autorização do autor. 
 
PROVA 1 
 
 
TEXTO I 
 
Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 10. 
A declaração final da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre 
Desenvolvimento Sustentável), submetida nesta sexta-feira à ratificação de chefes de 
Estado e de governo das Nações Unidas, é um texto de 53 páginas, com boas intenções e 
o lançamento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 
 O texto reafirma os princípios processados durante conferências e cúpulas 
anteriores e insiste na necessidade "de acelerar os esforços" para empregar os 
compromissos anteriores, homenageando as comunidades locais, que "fizeram esforços 
e progressos". 
- "Políticas de economia verde" (três páginas e meia do texto): "Uma das 
ferramentas importantes" para avançar rumo ao desenvolvimento sustentável. Elas não 
devem "impor regras rígidas", mas "respeitar a soberania nacional de cada país", sem 
constituir "um meio de discriminação", nem "uma restrição disfarçada ao comércio 
internacional". Eles devem, também, "contribuir para diminuir as diferenças tecnológicas 
entre países desenvolvidos e em desenvolvimento". "Cada país pode escolher uma 
abordagem apropriada". 
- Governança mundial do desenvolvimento sustentável: o texto decide "reforçar o 
quadro institucional". A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, é 
substituída por um fórum intergovernamental de alto nível. O Pnuma (Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento) terá seu papel reforçado e valorizado como 
"autoridade global e na liderança da questão ambiental", com os recursos "assegurados" 
(os depósitos atualmencte são voluntários) e uma representação de todos os membros 
das Nações Unidas (apenas 58 participam atualmente). 
- "Quadro de ação": em 25 páginas, correspondentes a metade do documento, o 
texto propõe setores onde hajam "novas oportunidades" e onde a ação seja "urgente", 
notavelmente devido ao fato das conferências anteriores terem registrado resultados 
insuficientes. 
Os 25 temas particularmente abordados incluem erradicação da pobreza, 
segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego, oceanos, mudanças climáticas, 
consumo e produção sustentáveis. 
- Objetivos de desenvolvimento sustentável: nos moldes dos Objetivos do Milênio 
para o desenvolvimento, cujo prazo para cumprimento se encerra em 2015, a cúpula 
insiste na importância de que se estabeleçam os ODS (Objetivos do desenvolvimento 
sustentável) "em número limitado, conciso e voltado à ação", aplicáveis a todos os países, 
mas levando em conta as "circunstâncias nacionais particulares". Um grupo de trabalho 
de 30 pessoas será criado até a próxima Assembleia Geral da ONU, em setembro, e 
deverá apresentar suas propostas em 2013 para cumprimento a partir de 2015. 
- Os meios de realização do desenvolvimento sustentável: "é extremamente 
importante reforçar o apoio financeiro de todas as origens, em particular para os países 
em desenvolvimento". "Os novos parceiros e fontes novas de financiamento podem 
 Língua Portuguesa em 560 questões comentadas 
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4 Direitos reservados. Proibida a transmissão deste material sem a prévia 
autorização do autor. 
desempenhar um papel". A declaração insiste na "conjugação de assistência ao 
desenvolvimento com o investimento privado". 
O texto insiste, também, na necessidade de transferência de tecnologia para os 
países em desenvolvimento e sobre o "reforço de capacidades" (formação, cooperação, 
etc). 
(Folha de S. Paulo, 22/6/2012, com adaptações) 
 Com base no texto, julgue os itens seguintes: 
(1) Em ―submetida nesta sexta-feira à ratificação de chefes de Estado‖, o elemento 
destacado tem função dêitica. 
(2) No primeiro parágrafo, os termos ―de chefes de Estado e de governo das Nações 
Unidas‖ e ―dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável‖ são complementos 
nominais, respectivamente, dos substantivos ―ratificação‖ e ―lançamento‖. 
(3) No trecho ―O texto reafirma os princípios processados durante conferências e 
cúpulas anteriores e insiste na necessidade ―de acelerar os esforços‖, há duas 
orações reduzidas‖. 
(4) O emprego das aspas, em vários momentos do texto, têm a função de destacar o 
valor plurívoco ou translato das palavras constantes do documento oficial da 
Rio+20. 
(5) O trecho ―A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, é 
substituída por um fórum intergovernamental de alto nível‖ constitui exemplo de 
voz passiva analítica. A transposição correta para a voz ativa corresponde a: ―Um 
fórum intergovernamental de alto nível substituiu a comissão de desenvolvimento 
sustentável, totalmente ineficaz‖. 
(6) O quinto parágrafo está totalmente redigido em consonância com o princípio do 
uso do padrão culto da linguagem. 
(7) O trecho ―Os 25 temas particularmente abordados incluem erradicação da 
pobreza, segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego, oceanos, 
mudanças climáticas, consumo e produção sustentáveis‖ admite a seguinte 
reescritura, sem prejuízo para a correção gramatical e sem alteração semântica: 
―Os 25 temas, particularmente abordados, incluem: erradicação da pobreza, 
segurança alimentar, água, energia, saúde, emprego,oceanos, mudanças 
climáticas, consumo; e produção sustentáveis‖. 
(8) No trecho ―é extremamente importante reforçar o apoio financeiro de todas as 
origens‖, os verbos ―é‖ e ―reforçar‖ são impessoais, uma vez que remetem a 
sujeitos genéricos, sem referentes específicos na construção sintática. 
(9) A construção "Os novos parceiros e fontes novas de financiamento podem 
desempenhar um papel" não admite transposição para a voz passiva. 
(10) No fragmento ―... a cúpula insiste na importância de que se estabeleçam os 
ODS (Objetivos do desenvolvimento sustentável)‖, a palavra ―que‖ é conjunção 
integrante que introduz oração subordinada substantiva completiva nominal, e a 
palavra ―se‖ é partícula apassivadora, que caracteriza voz passiva sintética ou 
pronominal. 
TEXTO II 
Viver em grandes centros urbanos é uma prerrogativa do mundo moderno. Estima-
se que, nas próximas duas décadas, 70% da população do planeta estará aglutinada nas 
cidades, um índice que, nos anos 1950, era de apenas 30%. Abandonar a tranquilidade do 
campo, tem seus benefícios. Shopping centers, melhores oportunidades de emprego, 
bons hospitais e escolas, além de atividades sociais intensas são apenas alguns deles. 
Mas a migração tem um lado alarmante. O estresse e a ansiedade gerados pela 
 Língua Portuguesa em 560 questões comentadas 
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5 Direitos reservados. Proibida a transmissão deste material sem a prévia 
autorização do autor. 
urbanização alteram fisicamente o cérebro, predispondo o desenvolvimento de doenças 
mentais e distúrbios de humor. 
Uma pesquisa publicada na capa da edição de hoje da revista especializada Nature 
mostra, pela primeira vez, que mesmo os indivíduos saudáveis que vivem nos centros 
urbanos têm conexões neurais alteradas em regiões do cérebro associadas à ansiedade. 
Já se sabia que o atribulado ambiente das grandes cidades estava ligado a problemas 
como estresse e esquizofrenia. Mas, até agora, não se tinha ideia de que isso provoca 
mudanças fisiológicas, que podem ser medidas por 
exames de imagem. O mais grave, notam os autores, é que, teoricamente, habitantes das 
cidades deveriam ser mais saudáveis, pois têm à sua disposição tratamentos hospitalares 
mais modernos. 
O grupo de cientistas, de diversos institutos de pesquisa, realizou três testes em 
diferentes populações, sempre analisando a resposta cerebral dos participantes, 
capturada pela ressonância magnética funcional. O primeiro grupo passou por um 
protocolo de estudos chamado Montreal Imaging Stress Task (Mist), desenvolvido pelo 
instituto onde Pruessner trabalha. Eles foram expostos a uma situação de pressão social, 
em que suas habilidades eram desafiadas enquanto os cientistas analisavam a ativação 
dos cérebros na máquina de ressonância magnética. A pressão a qual os participantes 
foram submetidos era a mesma. O que os diferenciava era o local de residência. O nível 
de urbanidade foi medido da seguinte forma: cidades com mais de 100 mil habitantes, 
municípios com menos de 100 mil habitantes e áreas rurais. Em todos os voluntários, os 
pesquisadores conseguiram induzir o estresse, algo verificado pela medição de seus 
batimentos cardíacos e do aumento na circulação sanguínea do hormônio cortisol. Mas as 
fotografias dos cérebros mostraram um cenário bem diferente. 
Quanto mais urbanizados os indivíduos, maior a ativação de duas regiões do 
cérebro intimamente relacionadas ao estresse e aos distúrbios mentais e de humor. A 
amígdala cerebral, que se localiza no sistema límbico e centro regulador da 
agressividade, entre outros comportamentos, exibia uma resposta muito maior nos 
moradores de cidades grandes. Mesmo os habitantes de pequenos municípios tiveram 
mais ativação dessa região, comparados aos voluntários que viviam na zona rural. Outra 
área cerebral que exibiu um padrão diferente nos moradores dos grandes centros 
urbanos foi o córtex cingulado anterior, associado às emoções. 
O segundo teste foi semelhante ao anterior e teve os mesmos resultados. Para 
saber se o estresse foi desencadeado pelo tipo de tarefa a qual os voluntários foram 
submetidos, além das questões aritméticas, eles tinham de resolver problemas de 
rotação mental, um tipo de experimento que usa imagens para avaliar a cognição. Os 
pesquisadores também investigaram questões como idade, escolaridade, renda e estado 
civil dos voluntários, assim como aspectos relacionados à saúde, ao humor, à 
personalidade e ao apoio social de cada participante. ―Nenhum desses fatores influenciou 
significativamente a atividade cerebral, sugerindo que viver em um ambiente urbano é 
que altera a resposta do cérebro a um fator de estresse devido a um distinto e misterioso 
mecanismo‖, observam Daniel P. Kennedy e Ralph Adolphs, cientistas do Instituto de 
Tecnologia da Califórnia, em um artigo sobre a pesquisa, também publicado na Nature. 
O principal autor do estudo, Andreas Meyer-Lindenberg, do Instituto de Saúde 
Mental de Heidelberg, na Alemanha, diz ao Correio que a pesquisa é do interesse do 
Brasil. ―Acho que nossos resultados são especialmente importantes para os países em 
desenvolvimento, porque a urbanização ocorre mais rápido nesses locais e as diferenças 
entre a vida nas zonas rural e urbana podem ser ainda maiores‖. No artigo, os 
pesquisadores dizem que o estudo pode ajudar a nortear políticas públicas integradas, 
que visem a diminuir os riscos de desenvolvimento de doenças mentais. ―Esses 
resultados contribuem para a nossa compreensão do risco ambiental urbano em relação 
aos transtornos mentais e à saúde em geral. Além disso, eles apontam para uma nova 
abordagem empírica para integração das ciências sociais, neurológicas e de políticas 
públicas que possam responder a esse desafio‖. 
No Brasil, o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelou 
que, dos 190.732.694 habitantes, 84% vivem em áreas urbanas. Há 10 anos, esse índice 
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era de 81%. Dos 1.520 municípios que perderam população nesse espaço de tempo, as 
cinco maiores quedas foram registradas em cidades pequenas, com menos de 16 mil 
moradores. 
(Paloma Oliveto, Correio Braziliense, 26/6/2011, com adaptações) 
 
 
Julgue os itens a seguir com base nos aspectos morfossintáticos e semânticos do 
texto. 
 
(11) Na linha 2, o verbo ―estará‖ pode ser substituído por ―estarão‖, sem prejuízo para 
a correção gramatical e para a coerência textual. 
(12) O primeiro parágrafo do texto não apresenta erro quanto à pontuação. 
(13) Em ―... até agora, não se tinha ideia de que isso provoca mudanças fisiológicas, 
que podem ser medidas por exames de imagem‖, a primeira ocorrência da palavra 
―que‖ é conjunção integrante que introduz oração subordinada substantiva 
completiva nominal; a segunda ocorrência é pronome relativo que exerce mesma 
função sintática do termo que ele retoma. 
(14) No trecho ―A pressão a qual os participantes foram submetidos era a mesma‖, 
omitiu-se o sinal indicativo de crase e desencadeou-se um solecismo. 
(15) Em ―Outra área cerebral que exibiu um padrão diferente nos moradores dos 
grandes centros urbanos foi o córtex cingulado anterior, associado às emoções‖, a 
substituição de ―às‖ por ―a‖ altera as relações semânticas, mas não provoca erro 
gramatical. 
(16) O trecho ――Nenhum desses fatores influenciou significativamente a atividade 
cerebral‖ admite a seguinte reescritura, sem prejuízo para a correção gramatical e 
para a coerência textual: ―Nenhum desses fatores influenciaram significativamente 
a atividade cerebral‖. 
(17) No trecho ―...eles tinham de resolver problemas de rotação mental, um tipo de 
experimento queusa imagens para avaliar a cognição‖, a vírgula separa a oração 
principal da oração subordinada adjetiva explicativa. 
(18) Em ―No Brasil, o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
revelou que, dos 190.732.694 habitantes, 84% vivem em áreas urbanas‖, as 
vírgulas empregadas indicam, respectivamente, deslocamento de adjunto 
adverbial e interrupção de aposto explicativo. 
(19) Em ―Já se sabia que o atribulado ambiente das grandes cidades estava ligado a 
problemas como estresse e esquizofrenia‖ e em ―A amígdala cerebral, que se 
localiza no sistema límbico e centro regulador da agressividade, entre outros 
comportamentos, exibia uma resposta muito maior nos moradores de cidades 
grandes‖, as ocorrências da palavra ―se‖ exercem a mesma função na construção 
sintática. 
(20) No trecho ―Mesmo os habitantes de pequenos municípios tiveram mais ativação 
dessa região, comparados aos voluntários que viviam na zona rural. Outra área 
cerebral que exibiu um padrão diferente nos moradores dos grandes centros 
urbanos foi o córtex cingulado anterior, associado às emoções‖, as ocorrências 
destacadas do vocábulo ―que‖ evidenciam igual função morfossintática. 
 
 
RESPOSTAS COMENTADAS 
 
(1) Certo. Em ―submetida nesta sexta-feira à ratificação de chefes de Estado‖, o 
elemento destacado tem função dêitica, uma vez que constitui marca temporal de 
quem redige o texto. 
 
(2) Errado. O termo ―de chefes de Estado e de governo das Nações Unidas‖ 
estabelece com o substantivo ―ratificação‖, cognato de ―ratificar‖, uma relação 
subjetiva (chefes ratificaram). Portanto, o termo preposicionado é locução adjetiva 
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com valor de adjunto adnominal. O termo ―dos Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável‖ estabelece com o substantivo ―lançamento‖, cognato de ―lançar‖, 
uma relação objetiva ou completiva (lançar os Objetivos). Por conseguinte, trata-se 
de sintagma nominal preposicionado com valor de complemento nominal. 
Entendeu? 
 
(3) Certo. Observe as estruturas desenvolvidas: ―O texto reafirma os princípios (que 
foram) processados durante conferências e cúpulas anteriores e insiste na 
necessidade de (que acelerem) acelerar os esforços‖. No trecho, há duas orações 
reduzidas: a primeira é subordinada adjetiva restritiva reduzida de particípio 
(observe que o pronome relativo ―que‖ ficou logicamente implícito), e a segunda é 
subordinada substantiva completiva nominal (necessidade de) reduzida de 
infinitivo (observe que a conjunção integrante ―que‖ também ficou logicamente 
implícita). Lembre-se de que os conectivos estão implícitos, e os verbos estão 
registrados, respectivamente, no particípio e no infinitivo. 
 
(4) Errado. O emprego das aspas, em vários momentos do texto, tem a função de 
destacar trechos retirados do documento oficial. Diz-se, assim, que as aspas 
indicam a inserção de discurso alheio. Valor plurívoco ou translato das palavras 
corresponde a valor conotativo, o que não ocorre nos trechos indicados entre 
aspas. 
 
(5) Errado. O trecho ―A comissão de desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz, 
é substituída por um fórum intergovernamental de alto nível‖ constitui exemplo de 
voz passiva analítica. A transposição correta para a voz ativa corresponde a: ―Um 
fórum intergovernamental de alto nível substitui (e não ―substituiu‖) a comissão de 
desenvolvimento sustentável, totalmente ineficaz‖. 
 
(6) Errado. Façamos as correções: "Quadro de ação": em 25 páginas, 
correspondentes a metade do documento, o texto propõe setores onde haja (o 
verbo ―haver‖ com o sentido de ―existir‖ é impessoal) "novas oportunidades" e 
onde a ação seja "urgente", notavelmente devido ao fato de as conferências 
anteriores (sujeito não pode vir preposicionado) terem registrado resultados 
insuficientes. 
 
(7) Errado. No trecho original, a oração adjetiva reduzida de particípio 
―particularmente abordados‖ tem valor restritivo. Na reescritura, com o emprego 
das entrevírgulas, passa a ter caráter explicativo. Ademais, o emprego do sinal de 
ponto e vírgula antes da conjunção aditiva ―e‖ desrespeita o paralelismo e o padrão 
culto da língua. 
 
(8) Errado. Verbo impessoal é aquele que não apresenta sujeito. No trecho ―é 
extremamente importante reforçar o apoio financeiro de todas as origens‖, a 
oração destacada é sujeito do verbo ―é‖. Que é extremamente importante? 
Reforçar o apoio financeiro de todas as origens. Agora, veja: quem irá ―reforçar‖ o 
apoio financeiro de todas as origens? Nesse caso, o texto não apresenta referente 
e, por isso, o sujeito é indeterminado (há sujeito; ele só não foi determinado). 
Portanto, os verbos ―é‖ (que apresenta sujeito oracional) e ―reforçar‖ (que 
apresenta sujeito indeterminado) não são impessoais. 
 
(9) Errado. Os verbos transitivos diretos admitirão a voz passiva, a não ser que sejam 
impessoais (não é o caso). A construção "Os novos parceiros e fontes novas de 
financiamento podem desempenhar um papel" admite transposição para a voz 
passiva: ―Um papel pode ser desempenhado pelos novos parceiros e fontes novas 
de financiamento). 
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autorização do autor. 
(10) Certo. No fragmento ―... a cúpula insiste na importância de que se estabeleçam os 
ODS (Objetivos do desenvolvimento sustentável)‖, a palavra ―que‖ é conjunção 
integrante que introduz oração subordinada substantiva completiva nominal 
(completa sintaticamente o substantivo abstrato ―importância‖ e vem 
preposicionada) e a palavra ―se‖ é partícula apassivadora, que caracteriza voz 
passiva sintética ou pronominal, já que o verbo ―estabeleçam‖ é transitivo direto e 
concorda com o sujeito ―os ODS‖. Veja a voz passiva analítica correspondente: ―... 
que os ODS sejam estabelecidos‖. 
 
(11) Errado. Na linha 2, não só o verbo ―estará‖ pode ser substituído por ―estarão‖ mas 
também o adjetivo ―aglutinada‖ pode ser substituído por ―aglutinados‖, para 
concordarem com ―70%‖. Assim, ―70% da população estará aglutinada‖ 
(concordando com ―população‖) ou ―70% da população estarão aglutinados 
(concordando com ―70%‖). A estrutura ―70% da população estarão aglutinada‖ fere 
o padrão culto da língua. 
 
(12) Errado. No trecho ―Abandonar a tranquilidade do campo, tem seus benefícios. 
Shopping centers, melhores oportunidades de emprego, bons hospitais e escolas, 
além de atividades sociais intensas são apenas alguns deles‖, deve-se eliminar a 
vírgula após ―campo‖, porquanto a oração ―Abandonar a tranquilidade do campo‖ 
é sujeito oracional da forma verbal ―tem‖. Não separe o sujeito do seu verbo. 
Ademais, faltou vírgula após ―intensas‖, para marcar a interrupção ou intercalação 
sintática. 
 
(13) Errado. Em ―... até agora, não se tinha ideia de que isso provoca mudanças 
fisiológicas, que podem ser medidas por exames de imagem‖, a primeira 
ocorrência da palavra ―que‖ é conjunção integrante que introduz oração 
subordinada substantiva completiva nominal (completa sintaticamente o 
substantivo abstrato ―ideia‖. A segunda ocorrência é pronome relativo que não 
exerce mesma função sintática do termo que ele retoma. A palavra ―que‖, pronome 
relativo, retoma o antecedente ―mudanças fisiológicas‖, objeto direto da forma 
verbal ―provoca‖. Como a palavra ―que‖ substitui ―mudanças fisiológicas‖, ela 
exerce a função sintática de sujeito da estrutura verbal ―podem ser medidas‖ (voz 
passiva analítica). Portanto, trata-se de funções sintáticas distintas. 
 
(14) Certo. Solecismo é qualquer erro de estruturação sintática (colocação pronominal, 
concordânciae regência). No trecho ―A pressão a qual os participantes foram 
submetidos era a mesma‖, omitiu-se o sinal indicativo de crase e desencadeou-se 
um solecismo (no caso, erro de regência). A estrutura verbal ―foram submetidas‖ 
exige a preposição ―a‖ (submetidas a quê?), que se fundirá com o ―a‖ do pronome 
relativo ―a qual‖. Estrutura correta: ―A pressão à qual os participantes foram 
submetidos era a mesma‖. 
 
(15) Certo. Em ―Outra área cerebral que exibiu um padrão diferente nos moradores dos 
grandes centros urbanos foi o córtex cingulado anterior, associado às emoções‖, a 
substituição de ―às‖ por ―a‖ altera as relações semânticas, mas não provoca erro 
gramatical. Isso porque a retirada do artigo definido feminino plural ―as‖ dá ao 
substantivo ―emoções‖ um valor genérico (―a quaisquer emoções‖). Fica somente a 
preposição ―a‖, exigida por ―associado‖ (―associado a emoções‖). 
 
(16) Errado. O trecho ―Nenhum desses fatores influenciou significativamente a 
atividade cerebral‖ não admite a concordância com ―fatores‖, mas somente com o 
núcleo do sujeito ―Nenhum‖. 
 
(17) Errado. No trecho ―... eles tinham de resolver problemas de rotação mental, um tipo 
de experimento que usa imagens para avaliar a cognição‖, a vírgula indica a 
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inserção do aposto explicativo ―um tipo de experimento que usa imagens para 
avaliar a cognição‖, que reitera ou reforça o antecedente ―rotação mental‖. 
Observe que a oração ―que usa imagens‖ é subordinada adjetiva restritiva, 
introduzida pelo pronome relativo ―que‖, não precedido de vírgula. 
 
(18) Errado. Em ―No Brasil, o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística revelou que, dos 190.732.694 habitantes, 84% vivem em áreas urbanas‖, 
as vírgulas empregadas indicam, respectivamente, deslocamento de adjunto 
adverbial de lugar e interrupção de adjunto adverbial de relação (de uma relação 
de 190.732.694 habitantes, retiram-se 84%). 
 
(19) Errado. Em ―Já se sabia que o atribulado ambiente das grandes cidades estava 
ligado a problemas como estresse e esquizofrenia‖ e em ―A amígdala cerebral, que 
se localiza no sistema límbico e centro regulador da agressividade, entre outros 
comportamentos, exibia uma resposta muito maior nos moradores de cidades 
grandes‖, as ocorrências da palavra ―se‖ exercem, respectivamente, a função de 
partícula apassivadora (que acompanha o verbo transitivo direto ―sabia‖) e a de 
parte integrante do verbo (que integra o verbo ―localizar‖, empregado em sua 
forma pronominal ―localizar-se em‖. 
 
(20) Certo. No trecho ―Mesmo os habitantes de pequenos municípios tiveram mais 
ativação dessa região, comparados aos voluntários que viviam na zona rural. Outra 
área cerebral que exibiu um padrão diferente nos moradores dos grandes centros 
urbanos foi o córtex cingulado anterior, associado às emoções‖, as ocorrências 
destacadas do vocábulo ―que‖ evidenciam igual função morfossintática: são 
pronomes relativos que exercem a função sintática de sujeito, respectivamente, de 
―viviam‖ (―voluntários viviam na zona rural‖) e de ―exibiu‖ (―outra área cerebral 
exibiu um padrão diferente‖). 
 
 
PROVA 2 
 
 
TEXTO I 
 
Leia o texto abaixo para responder aos itens de 1 a 10. 
 
 ESTE QUINCAS BORBA, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias Póstumas 
de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência, que ali aparece, mendigo, 
herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia. Aqui o tens agora em Barbacena. Logo 
que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de 
vida, mas tão acanhada que os suspiros no namorado ficavam sem eco. Chamava-se 
Maria da Piedade. Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-
los. Piedade resistiu, um pleuris a levou. 
 Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens. Saberia Rubião que o 
nosso Quincas Borba trazia aquele grãozinho de sandice, que um médico supôs achar-
lhe? Seguramente, não; tinha-o por homem esquisito. É, todavia, certo que o grãozinho 
não se despegou do cérebro de Quincas Borba, nem antes, nem depois da moléstia que 
lentamente o comeu. Quincas Borba tivera ali alguns parentes, mortos já agora em 1867; 
o último foi o tio que o deixou por herdeiro de seus bens. Rubião ficou sendo o único 
amigo do filósofo. Regia então uma escola de meninos, que fechou para tratar do 
enfermo. Antes de professor, metera ombros a algumas empresas, que foram a pique. 
 Durou o cargo de enfermeiro mais de cinco meses, perto de seis. Era real o desvelo 
de Rubião, paciente, risonho, múltiplo, ouvindo as ordens do médico, dando os remédios 
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às horas marcadas, saindo a passeio com o doente, sem esquecer nada, nem o serviço da 
casa, nem a leitura dos jornais, logo que chegava a mala da Corte ou a de Ouro Preto. 
 ─ Tu és bom, Rubião, suspirava Quincas Borba. 
 ─ Grande façanha! Como se você fosse mau! 
 
 A opinião ostensiva do médico era que a doença do Quincas Borba iria saindo 
devagar. Um dia, o nosso Rubião, acompanhando o médico até à porta da rua, perguntou-
lhe qual era o verdadeiro estado do amigo. Ouviu que estava perdido, completamente 
perdido; mas, que o fosse animando. Para que tornar-lhe a morte mais aflitiva pela 
certeza?... 
 ─ Lá isso, não, atalhou Rubião ─ para ele, morrer é negócio fácil. Nunca leu um 
livro que ele escreveu, há anos, não sei que negócio de filosofia... 
 ─ Não; mas filosofia é uma cousa, e morrer de verdade é outra; adeus. 
Quincas Borba (fragmento/capítulo IV). Obra Completa, de Machado de Assis, vol. I, Nova Aguilar, Rio 
de Janeiro, 1994. 
 Com base no texto, julgue os itens seguintes: 
(1) Em ―... se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias Póstumas de Brás Cubas‖, a 
estrutura ―se acaso‖ é equivalente a ―se caso‖ ou ―eventualmente‖, podendo ser 
substituída por qualquer uma dessas formas, sem prejuízo para a correção 
gramatical e para a coerência textual. 
(2) O vocábulo ―inopinado‖ (linha 2) pode ser substituído por ―certo‖ ou ―convicto‖, 
sem alteração do sentido original. 
(3) O trecho ―Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição 
mediana e parcos meios de vida, mas tão acanhada que os suspiros no namorado 
ficavam sem eco‖ pode ser reescrito da seguinte forma, sem prejuízo para a 
correção gramatical e para a coerência textual: ―Assim que chegou, enamorou-se 
de uma viúva ─ senhora de condição mediana e modestos meios de vida ─ contudo, 
tão acanhada que os suspiros no namorado ficavam sem eco‖. 
(4) Em ―Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-los‖, as 
vírgulas isolam oração subordinada adjetiva explicativa. 
(5) Em ―Piedade resistiu, um pleuris a levou‖, o vocábulo ―pleuris‖ foi empregado com 
valor translato. 
(6) No trecho ―Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens‖, a palavra 
―que‖ é, morfologicamente, pronome relativo e exerce função sintática de sujeito 
do verbo ―ligou‖. 
(7) Nos fragmentos ―... tinha-o por homem esquisito‖ e ―...que o deixou por herdeiro de 
seus bens‖, os termos destacados desempenham igual função sintática. 
(8) No segundo parágrafo, a oração ―que foram a pique‖, com função adjetiva, 
significa ―que cresceram energicamente‖. 
(9) O período ―Durou o cargo de enfermeiro mais de cinco meses, perto de seis‖, 
construído por meio de uma anástrofe, apresenta o sujeito simples posposto ao 
verbo. 
(10) Em ―Um dia, o nosso Rubião, acompanhando o médico até à porta da rua, 
perguntou-lhe qual era o verdadeiroestado do amigo‖, o acento grave indicador de 
crase é opcional; o pronome ―lhe‖ exerce função sintática de objeto indireto; e a 
oração ―qual era o verdadeiro estado do amigo‖ classifica-se em subordinada 
substantiva objetiva direta. 
TEXTO II 
 
Leia o texto a seguir para responder aos itens de 11 a 20. 
 
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Com um programa precoce de distribuição gratuita de medicamentos e o 
enfrentamento frontal das poderosas companhias farmacêuticas multinacionais, o Brasil 
se tornou o grande modelo de luta contra a Aids na América Latina e no mundo em 
desenvolvimento, nos 30 anos de descoberta da doença. "Quando nenhum país havia 
tomado esta decisão, o Brasil se tornou, em 1996, o primeiro país em desenvolvimento a 
oferecer a terapia pública e para todas as pessoas" infectadas, disse à AFP o 
coordenador no Brasil do programa OnuAids, Pedro Chequer. 
"A expectativa de vida antes da introdução da terapia era de 5,8 meses; com a 
terapia, passou a 58 meses e hoje temos muitas pessoas que estão há mais de 20 anos 
convivendo com o HIV", disse à AFP Eduardo Barbosa, diretor adjunto do programa 
brasileiro contra a Aids, que acaba de completar 25 anos. 
O Brasil assumiu um papel preponderante no enfrentamento dos laboratórios 
internacionais para baratear os preços dos medicamentos antiAids nos países em 
desenvolvimento. "Entre o nosso comércio e a nossa saúde, nós cuidaremos da nossa 
saúde", afirmou em 2007 o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao confirmar a 
primeira quebra de patente brasileira do remédio antiAids Efavirenz, do laboratório Merk. 
Esta batalha começou em 2001, quando o então ministro da Saúde, o social-
democrata José Serra, ameaçou quebrar as patentes dos laboratórios. Após um embate 
com os Estados Unidos, que ameaçaram levar o Brasil à Organização Mundial do 
Comércio (OMC), o gigante latino-americano conseguiu uma substancial redução de 
preços. 
O Brasil produz hoje 10 dos 20 medicamentos de tratamento antiAids, que também 
distribui a países da África e da América Latina, como Bolívia, Paraguai, Nicarágua e 
Equador. Em 2008, montou uma fábrica de antirretrovirais em Moçambique. "O modelo 
brasileiro virou referência porque muito precocemente adotou uma ação integrada de 
prevenção e tratamento, sem se deixar influenciar pela Igreja ou pela norma moral", disse 
o coordenador da OnuAids. País com mais católicos no mundo, o Brasil distribui 
gratuitamente meio milhão de preservativos ao ano. Sua famosa campanha, "Sem 
camisinha não tem carnaval", completou 13 anos. 
Estima-se que 630 mil pessoas vivam com HIV no Brasil e 210.000 recebem 
tratamento do Estado. Estima-se que mais de 250.000 não tenham sido diagnosticadas 
porque nunca se submeteram a um teste, um enorme desafio para o País. 
Na região, vários países fizeram avanços cedo na luta contra a Aids, como Uruguai, 
Argentina, Costa Rica e Cuba, e a América Latina conseguiu, de longe, evitar que a 
epidemia chegasse aos níveis catastróficos da África. No entanto, em alguns países, 
como em boa parte da América Central, "a luta atrasou muito" em virtude da prevalência 
do conservadorismo e da forte dominação da Igreja, explicou Chequer. 
A América Latina tem hoje 1,6 milhões de soropositivos e 800 mil deles não têm 
acesso a tratamentos médicos, segundo dados da OnuAids. "A América Latina promoveu 
o acesso universal à prevenção, ao tratamento e à atenção, mas ainda há obstáculos para 
alcançar as metas estabelecidas", afirmou o diretor regional da OnuAids, César Antonio 
Núñez. 
Atualmente, 33,3 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, do qual 22,5 
milhões estão na África, segundo o programa da ONU. As organizações Act Up e Aides 
estimam que 70% dos doentes do planeta não tenham acesso aos medicamentos 
antirretrovirais. Mais de 60 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus da Aids, 
desde a sua descoberta há trinta anos, em 5 de junho de 1981. 
(Correio Braziliense, com adaptações.) 
 
 
Julgue os itens a seguir. 
 
(11) No trecho ―Com um programa precoce de distribuição gratuita de medicamentos e 
o enfrentamento frontal das poderosas companhias farmacêuticas multinacionais, 
o Brasil se tornou o grande modelo de luta contra a Aids na América Latina e no 
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mundo em desenvolvimento, nos 30 anos de descoberta da doença‖, os termos 
destacados exercem igual função sintática. 
(12) Na linha 4 do texto, o verbo ―havia‖ é impessoal. 
(13) Em ―...o Brasil se tornou o grande modelo de luta contra a Aids‖ e ―Estima-se que 
630 mil pessoas vivam com HIV no Brasil‖, as ocorrências do vocábulo ―se‖ têm a 
mesma função na estrutura sintática. 
(14) No quarto e no quinto parágrafo, respectivamente, os termos ―o social-democrata 
José Serra‖ e "Sem camisinha não tem carnaval" estão entre vírgulas em virtude 
da mesma justificativa. 
(15) Em "O modelo brasileiro virou referência porque muito precocemente adotou uma 
ação integrada de prevenção e tratamento, sem se deixar influenciar pela Igreja ou 
pela norma moral", a palavra ―se‖ indica reflexivização do verbo ―deixar‖ e é sujeito 
da forma infinitiva. 
(16) O trecho ―A América Latina tem hoje 1,6 milhões de soropositivos e 800 mil deles 
não têm acesso a tratamentos médicos, segundo dados da OnuAids‖ respeita o 
padrão culto da linguagem. 
(17) No penúltimo parágrafo, o verbo ―há‖ pode ser substituído por ―existe‖, sem 
prejuízo para a correção gramatical e para a coerência textual. 
(18) O trecho ―Mais de 60 milhões de pessoas foram contaminadas pelo vírus da Aids‖ 
admite a seguinte reescritura na voz ativa: ―O vírus da Aids contaminou-se em mais 
de 60 milhões de pessoas‖. 
(19) O trecho ―Atualmente, 33,3 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, do qual 
22,5 milhões estão na África, segundo o programa da ONU‖ obedece ao padrão 
culto da linguagem. 
(20) No trecho ―... o Brasil distribui gratuitamente meio milhão de preservativos ao ano‖, 
o verbo ―distribuir‖ classifica-se, quanto à regência, como transitivo direto e 
indireto. 
 
 
RESPOSTAS COMENTADAS 
 
(1) Errado. Em ―... se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias Póstumas de Brás 
Cubas‖, a estrutura ―se acaso‖ é equivalente somente a ―se eventualmente‖ 
(conjunção condicional + advérbio). ―Se caso‖ é junção errada de duas conjunções 
condicionais. 
(2) Errado. O vocábulo ―inopinado‖ (linha 2) pode ser substituído por ―inesperado‖ ou 
―repentino‖, sem alteração do sentido original. 
(3) Errado. O trecho ―Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de 
condição mediana e parcos meios de vida, mas tão acanhada que os suspiros no 
namorado ficavam sem eco‖ pode ser reescrito da seguinte forma, sem prejuízo 
para a correção gramatical e para a coerência textual: ―Assim que chegou, 
enamorou-se de uma viúva ─ senhora de condição mediana e modestos meios de 
vida ─, contudo tão acanhada que os suspiros no namorado ficavam sem eco‖. 
Observe que a vírgula deve ser registrada antes da conjunção adversativa 
―contudo‖, e não depois dela. 
(4) Certo. Em ―Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-
los‖, as vírgulas isolam oração subordinada adjetiva explicativa, introduzida pelo 
pronome relativo ―que‖. 
(5) Errado. Em ―Piedade resistiu, um pleuris a levou‖, o vocábulo ―pleuris‖ foi 
empregado com valor literal, real (e não translato, conotativo). Pleuris, pleurisia ou 
pleurite é uma inflamação das pleuras pulmonares (parietal e visceral). 
(6) Errado. No trecho ―Foi esse trechozinho de romanceque ligou os dois homens‖, a 
palavra ―que‖ é partícula expletiva ou de realce e não apresenta função sintática. 
Observe: Esse trechozinho de romance (foi que) ligou os dois homens. A estrutura 
―foi que‖ pode ser eliminada sem prejuízo morfossintático. Tem apenas a função de 
realçar o termo ―esse trechozinho de romance‖. Entendeu? 
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(7) Certo. Nos fragmentos ―... tinha-o por homem esquisito‖ e ―...que o deixou por 
herdeiro de seus bens‖, os termos destacados desempenham igual função 
sintática: são predicativos do objeto direto, representado, nos dois casos, pelo 
pronome ―o‖. Observe, também, que a preposição ―por‖ tem valor de ―como‖. 
(8) Errado. No segundo parágrafo, a oração ―que foram a pique‖, com função adjetiva, 
significa ―que se afundaram, se arruinaram‖. 
(9) Certo. O período ―Durou o cargo de enfermeiro mais de cinco meses, perto de 
seis‖, construído por meio de uma anástrofe, apresenta o sujeito simples posposto 
ao verbo. Vejamos a ordem direta: ―O cargo de enfermeiro durou mais de cinco 
meses, perto de seis‖. 
(10) Certo. Em ―Um dia, o nosso Rubião, acompanhando o médico até à porta da rua, 
perguntou-lhe qual era o verdadeiro estado do amigo‖, o acento grave indicador de 
crase é opcional (até a); o pronome ―lhe‖ exerce função sintática de objeto indireto 
(o verbo ―perguntar‖ é transitivo direto e indireto) ; e a oração ―qual era o 
verdadeiro estado do amigo‖ classifica-se em subordinada substantiva objetiva 
direta. 
(11) Certo. No trecho ―Com um programa precoce de distribuição gratuita de 
medicamentos (distribuir medicamentos/relação completiva) e o enfrentamento 
frontal das poderosas companhias farmacêuticas multinacionais (enfrentar as 
poderosas companhias farmacêuticas multinacionais/ relação completiva), o Brasil 
se tornou o grande modelo de luta contra a Aids (lutar contra a Aids/relação 
completiva) na América Latina e no mundo em desenvolvimento, nos 30 anos de 
descoberta da doença‖, os termos destacados exercem igual função sintática: são 
complementos nominais, respectivamente, de ―distribuição‖, ―enfrentamento‖ e 
―luta‖ (substantivos abstratos). 
(12) Errado. Na linha 4 do texto, o verbo ―havia‖ é pessoal, pois apresenta sujeito: ―... 
nenhum país (sujeito) havia tomado ( = tinha tomado) esta decisão‖. 
(13) Errado. Em ―... o Brasil se tornou o grande modelo de luta contra a Aids‖ e ―Estima-
se que 630 mil pessoas vivam com HIV no Brasil‖, as ocorrências do vocábulo ―se‖ 
não têm a mesma função na estrutura sintática. Em ―se tornou‖, a palavra ―se‖ é 
parte integrante do verbo de ligação ―tornar-se‖. Em ―Estima-se‖, a palavra ―se‖ 
funciona como partícula apassivadora, já que o verbo ―Estimar‖ é transitivo direto. 
(14) Certo. No quarto e no quinto parágrafo, respectivamente, os termos ―o social-
democrata José Serra‖ e "Sem camisinha não tem carnaval" estão entre vírgulas 
em virtude da mesma justificativa: são apostos explicativos que reiteram ou 
reforçam o termo antecedente. 
(15) Certo. Em "O modelo brasileiro virou referência porque muito precocemente 
adotou uma ação integrada de prevenção e tratamento, sem se deixar influenciar 
pela Igreja ou pela norma moral", a palavra ―se‖ indica reflexivização do verbo 
―deixar‖ (causativo) e é sujeito acusativo da forma infinitiva (―influenciar‖). Lembre-
se de que o sujeito acusativo só aparecerá nas estruturas formadas por verbos 
causativos (mandar, fazer, deixar) ou sensitivos (ver, ouvir, sentir) seguidos de 
infinitivo. Um gesto positivo, por favor! 
(16) Errado. Reescritura correta: ―A América Latina tem hoje 1,6 milhão de 
soropositivos, e 800 mil deles não têm acesso a tratamentos médicos, segundo 
dados da OnuAids‖. 
(17) Errado. No penúltimo parágrafo, o verbo ―há‖ pode ser substituído por ―existem 
(obstáculos)‖, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coerência textual. 
(18) Errado. Observe a voz ativa: ―O vírus da Aids contaminou mais de 60 milhões de 
pessoas‖. 
(19) Errado. Reescritura correta: ―Atualmente, 33,3 milhões de pessoas vivem com HIV 
no mundo, dos quais (= desses 33,3 milhões) 22,5 milhões estão na África, segundo 
o programa da ONU‖. 
(20) Errado. No trecho ―... o Brasil distribui (v.t.d) gratuitamente meio milhão de 
preservativos (objeto direto) ao ano (adjunto adverbial de tempo)‖, o verbo 
―distribuir‖ classifica-se, quanto à regência, apenas como transitivo direto. 
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PROVA 3 
 
TEXTO I 
Leia os fragmentos abaixo transcritos, extraídos de contos do livro Felicidade 
clandestina, de Clarice Lispector, para responder às questões de 1 a 10. 
 ―(...) As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não 
tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, 
não era apenas isso. Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que posso me 
resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas 
histórias. (...)‖ 
(de ―Os desastres de Sofia‖) 
(...) Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém excêntrico, 
diziam com a benevolência que uma classe tem por outra: ―Ah, esse leva uma vida de 
poeta‖. Pode-se talvez dizer, aproveitando as poucas palavras que se conheceram do 
casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a extravagância, uma vida de mau poeta: 
vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho, pois este jamais os 
orientara. Mas de irrealidade. (...)‖ 
(de ―Os obedientes‖) 
Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro 
Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, considere as seguintes afirmativas: 
(1) Os fragmentos de texto acima, eminentemente descritivos, priorizam a abordagem 
da vida interior, própria ou alheia, revelando sutis alternâncias de percepção da 
realidade. 
(2) A função metalinguística da linguagem está presente no primeiro fragmento. 
(3) No último período do primeiro fragmento, Clarice Lispector, por meio da relação de 
causa e consequência, evidencia alguns elementos que compõem o enredo de 
suas narrativas. 
(4) O trecho ―Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém 
excêntrico, diziam com a benevolência que uma classe tem por outra (...)‖ admite a 
seguinte reescritura, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coerência 
textual: ―Na verdade, era uma vida onírica. Às vezes, quando falavam de alguém 
singular, diziam, com a benevolência, que uma classe tem por outra(...)‖. 
(5) Em ―as coisas serão ditas sem eu as ter dito‖, tanto a oração principal quanto a 
oração subordinada adverbial reduzida de infinitivo apresentam estrutura verbal 
na voz passiva analítica. 
(6) Em ―pode-se dizer que ambos levavam, menos a extravagância, uma vida de mau 
poeta‖, o verbo auxiliar da locução verbal, ―pode‖, está no singular porque o sujeito 
é genérico ou indeterminado. 
(7) No fragmento ―Não era uma vida de sonho, pois este jamais os orientara‖, o 
pronome ―este‖ tem função dêitica. 
(8) Em ―diziam com a benevolência que uma classe tem por outra‖, a palavra ―que‖ 
exerce função sintática de objeto direto. 
(9) No fragmento ―pode-se dizer que ambos levavam, menos a extravagância, uma vida 
de mau poeta: vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho, 
pois este jamais os orientara‖, os sintagmas nominais destacados desempenham 
igual função sintática. 
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(10) O período ―Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios‖ é composto por 
subordinação, e a segunda oração classifica-se em subordinada substantiva 
objetiva indireta desenvolvida. 
Leia os fragmentos abaixo transcritos, extraídos do livro A hora da estrela, de 
Clarice Lispector, para responder às questões de 11 a 20. 
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e 
nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o 
nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais 
começou. (...) 
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como 
começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-
história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. 
Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou 
escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas 
que andam por aí aos montes. 
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há 
dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De 
quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em 
que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer 
sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes. 
LISPECTOR, C. A Hora da Estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento). 
(11) No fragmento acima, nota-se que o narrador observa os acontecimentos que narra 
sob uma ótica distante e é indiferente aos fatos e às personagens. 
(12) Infere-se da leitura do fragmento acima que o narrador revela-se um sujeito que 
reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. 
(13) No fragmento ―Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia 
o nunca e havia o sim‖, destacaram-se advérbios, respectivamente, de tempo e de 
afirmação. 
 
(14) Em ―Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou‖, os vocábulos 
destacados são, respectivamente, substantivo, decorrente do processo de 
derivação imprópria, e conjunção integrante. 
 
(15) O trecho ―Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer?‖ 
admite a seguinte reescritura, sem prejuízo para a correção gramatical e para a 
coerência textual: ―Como se começar pelo início, caso as coisas acontecem antes 
de acontecerem?‖. 
 
(16) Na linha 4, uma vírgula pode ser registrada após ―resposta‖, sem prejuízo para a 
correção gramatical do texto. 
 
(17) O trecho ―Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? 
Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história 
não existe, passará a existir. Pensar é um ato‖ admite a seguinte reescritura, sem 
prejuízo para a correção gramatical e para a coerência textual, alterando-se os 
sinais de pontuação e fazendo-se os devidos ajustes de iniciais minúsculas: ―Como 
começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer; se antes da pré-
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pré-história já havia os monstros apocalípticos; se esta história não existe, passará 
a existir; pensar é um ato‖. 
 
(18) Em ―Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo.‖, os vocábulos 
destacados correspondem, respectivamente, a uma partícula expletiva e a um 
pronome relativo com função sintática de complemento verbal direto. 
(19) No trecho ―Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam 
por aí aos montes‖, as orações destacadas são adjetivas explicativas, 
respectivamente, reduzida de particípio e desenvolvida. 
(20) Em ―Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever‖, 
os sintagmas nominais destacados desempenham igual função sintática. 
 
RESPOSTAS COMENTADAS 
 
(1) Errado. Os fragmentos de texto acima, eminentemente narrativos, tratam da vida 
interior, própria ou alheia, revelando sutis alternâncias de percepção da realidade. 
(2) Errado. A função emotiva ou expressiva da linguagem está presente no primeiro 
fragmento. Observe o uso da primeira pessoa do singular: ―me‖, ―tomo‖, ―eu‖, 
―enleio‖, ―posso‖, ―meu‖. 
(3) Certo. No último período do primeiro fragmento, Clarice Lispector, por meio da 
relação de causa e consequência, evidencia alguns elementos que compõem o 
enredo de suas narrativas. Observe: ―Meu enleio vem de que um tapete é feito de 
tantos fios (= causa) que (= conjunção subordinativa consecutiva) posso me 
resignar a seguir um fio só (= consequência); meu enredamento vem de que uma 
história é feita de muitas histórias. Entendeu? 
(4) Errado. O trecho ―Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de 
alguém excêntrico, diziam com a benevolência que (= pronome relativo/a qual) 
uma classe tem por outra (...)‖ não admite a seguinte reescritura, sem prejuízo para 
a correção gramatical e para a coerência textual: ―Na verdade, era uma vida 
onírica. Às vezes, quando falavam de alguém singular, diziam, com a benevolência, 
que (= conjunção integrante) uma classe tem por outra(...)‖. A mudança de função 
gramatical do vocábulo ―que‖ tornou a reescritura incoerente. 
(5) Errado. Em ―as coisas serão ditas (voz passiva analítica)/ sem eu as (objeto direto) 
ter dito (v.t.d.) (voz ativa)‖. Lembre-se de que o objeto direto somente existirá na 
voz ativa. 
(6) Errado. Em ―pode-se (partícula apassivadora) dizer (v.t.d) que ambos levavam, 
menos a extravagância, uma vida de mau poeta‖, o verbo auxiliar da locução 
verbal, ―pode‖, está no singular porque o sujeito é oracional. Lembre-se de que a 
partícula apassivadora transforma a oração ―que ambos levavam, menos a 
extravagância, uma vida de mau poeta‖ em oração subordinada substantiva 
subjetiva. Assim, ―que ambos levavam, menos a extravagância, uma vida de mau 
poeta pode ser dito‖. 
(7) Errado. No fragmento ―Não era uma vida de sonho, pois este jamais os orientara‖, o 
pronome ―este‖ tem função anafórica e endofórica, cujo objetivo é retomar o termo 
sintático próximo ―sonho‖. 
(8) Certo. Em ―diziam com a benevolência que uma classe tem por outra‖, a palavra 
―que‖ exerce função sintática de objeto direto. Observe que o pronome relativo 
―que‖ retoma o antecedente ―a benevolência‖. Assim, ―a benevolência uma classe 
tem por outra‖. Coloque, agora, na ordem direta: ―uma classe tem (v.t.d) a 
benevolência (objeto direto) por outra‖. 
(9) Errado No fragmento ―pode-se dizer que ambos levavam (v.t.d), menos a 
extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho (objeto direto). Não, não era 
verdade. (Ela) Não era (verbo de ligação) uma vida de sonho (predicativo do 
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sujeito), pois este jamais os orientara‖, os sintagmas nominais destacados não 
desempenham igual função sintática. 
(10) Certo. O período ―Meu enleio vem (v.t.i) de que um tapete é feito de tantos fios‖ é 
composto por subordinação, e a segunda oração classifica-se em subordinada 
substantiva objetiva indireta desenvolvida, já que a conjunção integrante ―que‖ 
está explícita. 
(11) Errado. No fragmento acima, nota-se que o narrador participa, ao empregar a 
primeira pessoa do singular (―eu‖), dos acontecimentos que narra, sem uma ótica 
distante e indiferente aos fatos e às personagens, uma vez que existem inúmerostraços de subjetividade. 
(12) Certo. Infere-se da leitura do fragmento acima que o narrador revela-se um sujeito 
que reflete sobre questões existenciais (―Enquanto eu tiver perguntas e não houver 
resposta continuarei a escrever‖) e sobre a construção do discurso (―Como 
que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que 
justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso 
registrar os fatos antecedentes.‖). 
(13) Errado. No fragmento ―Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história 
e havia o nunca e havia o sim‖, destacaram-se substantivos, pelo processo de 
derivação imprópria. Observe o artigo a acompanhar os substantivos: o nunca/ o 
sim. . 
(14) Errado. Em ―Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou‖, os vocábulos 
destacados são, respectivamente, pronome indefinido interrogativo ao final da 
frase interrogativa indireta (por isso, o acento circunflexo) e conjunção integrante. 
Ressalte-se que a forma ―o‖ antes de ―quê‖ é apenas um apoio fonético que pode 
ser eliminado. Observe: ―O que você fez?‖ ou ―Que você fez?‖. 
(15) Errado. O trecho ―Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de 
acontecer?‖ admite a seguinte reescritura, sem prejuízo para a correção 
gramatical e para a coerência textual: ―Como se começar pelo início, caso as 
coisas aconteçam antes de acontecerem?‖. 
(16) Certo. Em rigor, na linha 4, uma vírgula deveria ser registrada após ―resposta‖, 
sem prejuízo para a correção gramatical do texto. Trata-se de oração subordinada 
adverbial temporal deslocada para o início do período. 
(17) Errado. O trecho ―Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de 
acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se 
esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato‖ não admite a seguinte 
reescritura, sem prejuízo para a correção gramatical e para a coerência textual, 
alterando-se os sinais de pontuação e fazendo-se os devidos ajustes de iniciais 
minúsculas: ―Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de 
acontecer; se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos; se esta 
história não existe, passará a existir; pensar é um ato‖. Na reescritura, 
misturaram-se perguntas e afirmações, o que torna o texto incoerente e 
gramaticalmente incorreto. 
(18) Certo. Em ―Os dois juntos – sou (=expletivo) eu que (= expletivo) escrevo o (= aquilo) 
que (= o qual) estou escrevendo‖ (eu escrevo o que estou escrevendo), os 
vocábulos destacados correspondem, respectivamente, a uma partícula expletiva 
e a um pronome relativo com função sintática de complemento verbal direto. Veja a 
ordem direta: ―Eu estou escrevendo (v.t.d) aquilo (objeto direto). O pronome 
relativo ―que‖ está no lugar de ―aquilo‖; substitui, portanto, o objeto direto. 
(19) Errado. No trecho ―Nunca vi palavra mais doida, (que foi) inventada pelas 
nordestinas que andam por aí aos montes‖, a primeira oração destacada é adjetiva 
explicativa reduzida de particípio (veja que o pronome relativo ficou implícito e está 
precedido de vírgula), mas a segunda oração, introduzida pelo pronome relativo 
explícito ―que‖ (não precedido de vírgula) é adjetiva restritiva desenvolvida. 
(20) Certo. Em ―Enquanto eu tiver (v.t.d.) perguntas (objeto direto) e não houver (v.t.d) 
resposta (objeto direto) continuarei a escrever‖, os sintagmas nominais 
destacados desempenham igual função sintática: objeto direto. 
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PROVA 4 
 
TEXTO I 
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em 
vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam 
e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços 
dificultavam-lhe a comida e a bebida. 
Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e 
amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre 
de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava 
os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na 
base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel. Então Fabiano resolveu 
matá-la. [...] 
Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que 
adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: — Vão bulir com 
a Baleia? 
[...] Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se 
diferençavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava 
cobrir o chiqueiro das cabras. Quiseram mexer na taramela e abrir a porta, mas sinha 
Vitória levou-os para a cama de varas, deitou-os e esforçou-se por tapar-lhes os ouvidos: 
prendeu a cabeça do mais velho entre as coxas e espalmou as mãos nas orelhas do 
segundo. Como os pequenos resistissem, aperreou-se e tratou de subjugá-los, 
resmungando com energia. Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: 
naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da Baleia. 
[...] 
Na luta que travou para segurar de novo o filho rebelde, zangou-se de verdade. 
Safadinho. Atirou um cocorote ao crânio enrolado na coberta vermelha e na saia de 
ramagens. Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinha Vitória, embalando as crianças, 
enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. Bicho nojento, babão. 
Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa. Mas compreendia que estava sendo 
severa demais, achava difícil Baleia endoidecer e lamentava que o marido não houvesse 
esperado mais um dia para ver se realmente a execução era indispensável. 
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 85-86. 
 
 
No que diz respeito às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue os itens a 
seguir. 
(1) O primeiro e o segundo parágrafos contêm argumentos que justificam a decisão a 
ser tomada em relação a Baleia. 
(2) O poder de decisão do chefe de família no ambiente rural fica evidente no texto. 
(3) Sinha Vitória, ao aceitar passivamente a decisão do marido no que se refere a 
Baleia, demonstra ser indiferente ao animal e preocupar-se exclusivamente com 
seus filhos. 
(4) O conectivo ―Mas‖, no último parágrafo, antecede uma explicação do conflito entre 
razão e emoção vivido por sinhá Vitória. 
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(5) Em ―Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos...‖, o pronome ―lhe‖, com 
valor de posse, tem função anafórica e apresenta como referente o sintagma 
nominal ―A cachorra Baleia‖ (linha 1). 
(6) O vocábulo ―onde‖ (linha 2), pronome relativo, pode ser substituído por ―em que‖ 
ou ―no qual‖ e introduz oração subordinada adjetiva explicativa. 
(7) O verbo ―imaginara‖ (linha 3) pode ser substituído por ―havia imaginado‖, sem 
prejuízo para a correção gramatical e para o sentido original do texto. 
(8) Em ―...roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato...‖, os verbos estão 
registrados no singular porque o sujeito é genérico ou indeterminado. 
(9) Nos trechos ―Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos 
assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma 
pergunta: — Vão bulir com a Baleia?‖ e ―Ela também tinha o coração pesado, mas 
resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre da 
Baleia‖, há, respectivamente, registro do discurso direto e do discurso indireto 
livre. 
(10) Em ―Mas compreendiaque estava sendo severa demais, achava difícil Baleia 
endoidecer‖, os adjetivos destacados exercem função predicativa, 
respectivamente, do sujeito e do objeto. 
 
TEXTO II 
Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-
los. Era preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. Sinha 
Vitória acompanhou o marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada, 
Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o 
patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito. 
E a conversa recomeçou. Agora Fabiano estava meio otimista. Endireitou o saco da 
comida, examinou o rosto carnudo e as pernas grossas da mulher. Bem. Desejou fumar. 
Como segurava a boca do saco e a coronha da espingarda, não pôde realizar o desejo. 
Temeu arriar, não prosseguir na caminhada. Continuou a tagarelar, agitando a cabeça 
para afugentar uma nuvem que, vista de perto, escondia o patrão, o soldado amarelo e a 
cachorra Baleia. Os pés calosos, duros como cascos, metidos em alpercatas novas, 
caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinha Vitória achou que sim. [...] Por que 
haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo no mato como bichos? 
Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias. Podiam viver escondidos, como 
bichos? Fabiano respondeu que não podiam. 
–– O mundo é grande. 
Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era grande –– e 
marchavam, meio confiados, meio inquietos. Olharam os meninos que olhavam os montes 
distantes, onde havia seres misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu sinha 
Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não 
pensa. Mas sinha Vitória renovou a pergunta –– e a certeza do marido abalou-se. Ela devia 
ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando 
crescessem. 
–– Vaquejar, opinou Fabiano. 
Sinha Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, 
arriscando-se a derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante 
desgraça. Vaquejar, que ideia! 
Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, 
cascalhos, rios secos, espinhos, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não 
voltariam nunca mais, resistiriam à saudade que ataca os sertanejos na mata. Então eles 
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eram bois para morrer tristes por falta de espinhos? Fixar-se-iam muito longe, adotariam 
costumes diferentes. 
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 71. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 120-122. 
 No que diz respeito às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue os itens a 
seguir. 
(11) Infere-se do texto que Fabiano considera necessária a imersão das crianças no 
mundo convencional para apreendê-lo e, assim, libertá-las das condições 
socioculturais vividas. 
(12) Na linha 1, as duas ocorrências do vocábulo ―se‖ têm função expletiva. 
(13) O trecho ―Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se um pouco 
dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado amarelo e a 
cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito‖ admite a seguinte reescritura no 
tocante à pontuação, sem prejuízo para a correção gramatical e para o sentido 
original: ―Dobrando o cotovelo da estrada ─ Fabiano sentia distanciar-se um pouco 
dos lugares onde tinha vivido alguns anos: o patrão, o soldado amarelo e a 
cachorra Baleia, esmoreceram no seu espírito‖. 
(14) Em ―Como segurava a boca do saco e a coronha da espingarda, não pôde realizar 
o desejo‖, estabelece-se relação de causa e conseqüência. 
(15) No fragmento ―Os pés calosos, duros como cascos, metidos em alpercatas novas, 
caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinha Vitória achou que sim‖, o 
vocábulo ―sim‖ tem função vicária. 
(16) Em ―Por que haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo no mato como bichos? 
Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias‖, os verbos destacados 
podem ser substituídos, respectivamente, por teria e havia, sem prejuízo para a 
correção gramatical do texto. 
(17) No quarto parágrafo, as ocorrências da palavra ―que‖ exercem, respectivamente, 
as seguintes funções morfológicas: conjunção integrante, pronome relativo, 
pronome indefinido interrogativo e pronome indefinido interrogativo. 
(18) Em ―Sinha Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente‖, as 
vírgulas isolam aposto de caráter explicativo. 
(19) O acento indicativo de crase em ―Não voltariam nunca mais, resistiriam à saudade 
que ataca os sertanejos na mata‖ pode ser eliminado e o elemento que fica é a 
preposição necessária à regência do verbo ―resistiam‖. 
(20) No último período do texto, a estrutura ―Fixar-se-iam‖ pode ser substituída por 
―Fixariam-se‖, sem prejuízo para a correção gramatical do texto. 
RESPOSTAS COMENTADAS 
 
(1) Certo. De fato, primeiro e o segundo parágrafos contêm argumentos que justificam 
a decisão a ser tomada em relação a Baleia. Observe que, no início, do segundo 
parágrafo, o elemento relacionador ―Por isso‖ (= Por causa disso) estabelece 
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relação anafórica com o parágrafo anterior e cria a situação de justificativa. 
Ademais, o conector ―Então‖ (= Portanto), ao final do segundo parágrafo, reforça 
essa justificativa. 
(2) Certo. O poder de decisão do chefe de família no ambiente rural fica evidente no 
trecho: ―... naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa‖. 
(3) Errado. Sinha Vitória não demonstra ser indiferente ao animal e preocupar-se 
exclusivamente com seus filhos: ―Ela (Sinhá Vitória) também tinha o coração 
pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e 
justa. Pobre da Baleia‖. 
(4) Certo. O conectivo ―Mas‖, no último parágrafo, antecede uma explicação do 
conflito entre razão e emoção vivido por sinha Vitória: ―... sinha Vitória, embalando 
as crianças, enjoou-se da cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios. 
Bicho nojento, babão. Inconveniência deixar cachorro doido solto em casa 
(RAZÃO). Mas compreendia que estava sendo severa demais, achava difícil Baleia 
endoidecer e lamentava que o marido não houvesse esperado mais um dia para ver 
se realmente a execução era indispensável (EMOÇÃO). 
(5) Certo. Em ―(A cachorra Baleia) Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários 
pontos (= o pelo caíra em vários pontos dela) ...‖, o pronome ―lhe‖, com valor de 
posse, tem função anafórica e apresenta como referente o sintagma nominal ―A 
cachorra Baleia‖ (linha 1). 
(6) Certo. O vocábulo ―onde‖ (linha 2), pronome relativo que retoma ―num fundo 
róseo‖, pode ser substituído por ―em que‖ ou ―no qual‖ e introduz oração 
subordinada adjetiva explicativa (coordenada com outra oração): ―onde manchas 
escuras supuravam / e sangravam‖. 
(7) Certo. O verbo ―imaginara‖ (linha 3), flexionado no pretérito mais-que-perfeito 
simples do indicativo, pode ser substituído por ―havia/tinha imaginado‖, flexionado 
no pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo, sem prejuízo para a 
correção gramatical e para o sentido original do texto. 
(8) Errado. Em ―Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou 
metia-se no mato‖, os verbos estão registrados no singular porque concordam com 
o sujeito singular ―Baleia‖. Nos dois casos, o vocábulo ―se‖ funciona como parte 
integrante do verbo. 
(9) Certo. Nos trechos ―Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos 
assustados, que adivinhavam desgraça e nãose cansavam de repetir a mesma 
pergunta: — Vão bulir com a Baleia?‖ ( discurso direto: reproduz-se fielmente, com 
o uso do travessão, a fala das personagens) e ―Ela também tinha o coração 
pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e 
justa. Pobre da Baleia‖ (discurso indireto livre: não se sabe se essa fala é de Sinha 
Vitória ou do narrador, até porque não se usam aspas ou travessão), há, 
respectivamente, registro do discurso direto e do discurso indireto livre. 
(10) Certo. Em ―Mas (ela) compreendia que (ela) estava sendo severa (predicativo do 
sujeito ―ela‖) demais, (ela) achava (v.t.d) difícil (predicativo do objeto ―Baleia 
endoidecer‖) Baleia endoidecer (objeto direto oracional), os adjetivos destacados 
exercem função predicativa, respectivamente do sujeito e do objeto. Entendeu? Um 
gesto positivo, por favor! 
(11) Errado. Não se pode inferir do texto que Fabiano considera necessária a imersão 
das crianças no mundo convencional para apreendê-lo e, assim, libertá-las das 
condições socioculturais vividas, uma vez que ele evidencia dúvidas, ao contrário 
do desejo de Sinha Vitória, do futuro delas e da ideia de ―libertá-las das condições 
socioculturais vividas‖: ―Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando 
crescessem. –– Vaquejar, opinou Fabiano‖. 
(12) Errado. Em ―Os meninos sumiam-se (= desapareciam) numa curva do caminho‖, a 
palavra ―se‖ tem função expletiva; pode ser eliminada sem prejuízo 
morfossintático. Contudo, em ―Fabiano adiantou-se (= antecipou-se) para alcançá-
los‖, a palavra ―se‖ constitui parte integrante do verbo. 
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(13) Errado. O trecho ―Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se um 
pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado amarelo e a 
cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito‖ admite a seguinte reescritura no 
tocante à pontuação, sem prejuízo para a correção gramatical e para o sentido 
original: ―Dobrando o cotovelo da estrada ─ (oração reduzida de gerúndio 
deslocada para o início do período: deve-se usar a vírgula e não o travessão) 
Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos: 
(sinal de dois pontos inadequado: a oração seguinte não reforça nem esclarece a 
anterior) o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia, esmoreceram no seu 
espírito‖. 
(14) Certo. Em ―Como (= uma vez que) segurava a boca do saco e a coronha da 
espingarda (CAUSA), não pôde realizar o desejo (CONSEQUÊNCIA)‖, estabelece-
se relação de causa e consequência. 
(15) Certo. O elemento vicário, segundo a gramática latina, substitui oração. É o que faz 
o vocábulo ―sim‖ no fragmento seguinte: ―Os pés calosos, duros como cascos, 
metidos em alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinha 
Vitória achou que sim (= caminhariam)‖. Portanto, o vocábulo ―sim‖ tem função 
vicária. 
(16) Errado. Em ―Por que (eles) haveriam de ser sempre desgraçados, fugindo no mato 
como bichos? Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias‖, os verbos 
destacados podem ser substituídos, respectivamente, por (eles) teriam e havia (= 
verbo impessoal; apresenta o sentido de ―existir‖), sem prejuízo para a correção 
gramatical do texto. 
(17) Certo. No quarto parágrafo, as ocorrências da palavra ―que‖ exercem, 
respectivamente, as seguintes funções morfológicas: conjunção integrante, 
pronome relativo, pronome indefinido interrogativo e pronome indefinido 
interrogativo: ―Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era 
grande (= conjunção integrante) –– e marchavam, meio confiados, meio inquietos. 
Olharam os meninos que (= os quais/ pronome relativo) olhavam os montes 
distantes, onde havia seres misteriosos. Em que (= pronome interrogativo 
indefinido em frase interrogativa direta) estariam pensando? zumbiu sinha Vitória. 
Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não 
pensa. Mas sinha Vitória renovou a pergunta –– e a certeza do marido abalou-se. 
Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que (= pronome 
interrogativo indefinido em frase interrogativa indireta) iriam fazer os filhos quando 
crescessem (?). Entendeu? 
(18) Errado. Em ―Sinha Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça 
negativamente‖, as vírgulas isolam adjunto adverbial de modo registrado entre o 
sujeito e o verbo. 
(19) Errado. O acento indicativo de crase em ―Não voltariam nunca mais, resistiriam à 
saudade que ataca os sertanejos na mata‖ não pode ser eliminado, visto que a 
preposição é necessária à regência do verbo ―resistiam‖, e o artigo definido ―a‖ 
deve acompanhar o substantivo feminino ―saudade‖, particularizado no contexto. 
(20) Errado. A estrutura ―Fixariam-se‖ está errada, haja vista que o futuro do pretérito 
(assim como o futuro do presente) não admite pronome átono enclítico, ou seja, 
posposto ao verbo. Forma correta: ―Fixar-se-iam‖ (mesóclise). 
 
 
PROVA 5 
 
Texto para os itens de 1 a 10 
 
As mulheres sabem que a participação democrática é o principal meio de defesa de 
seus interesses e de conquista de representação política, tal como a implantação do 
sistema de quotas para aumentar o número de representantes eleitas. 
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O número reduzido de mulheres que ocupam cargos públicos — atualmente, uma 
média mundial de 19% nas assembleias nacionais — constitui um déficit a corrigir. A 
participação das mulheres em todos os níveis do governo democrático — local, nacional e 
regional — diversifica a natureza das assembleias democráticas e permite que o processo 
de tomada de decisões responda a necessidades dos cidadãos não atendidas no 
passado. 
Internet: <http://www.unric.org/pt/> (com adaptações). 
 
Julgue os itens com base nas ideias e nos aspectos estruturais do texto 
 
(1) A participação feminina nas assembleias nacionais deveria ser maior. 
(2) As ―necessidades dos cidadãos não atendidas no passado‖ restringem-se ao 
universo feminino. 
(3) Os problemas relativos ao não atendimento das necessidades dos cidadãos já 
teriam sido sanados se as mulheres sempre houvessem ocupado cargos públicos. 
(4) O sistema de governo democrático favorece o atendimento das necessidades da 
população feminina. 
(5) A inserção de vírgula logo depois do termo ―cidadãos‖ (linha 8) acarretaria prejuízo 
sintático e semântico ao texto. 
(6) Se a palavra ―atendidas‖ (linha 8) fosse flexionada no masculino — atendidos —, 
estariam mantidos a correção gramatical e o sentido original do texto. 
(7) Pelo emprego das estruturas ―assembleias nacionais‖ (linha 5) e ―assembleias 
democráticas‖ (linha 7), é correto inferir que a expressão ―cargos públicos‖ (linha 
4) se refere, efetivamente, aos cargos políticos no Poder Legislativo, dado o alto 
índice de participação feminina nos cargos do Poder Executivo. 
(8) Na linha 6, o trecho entre travessões constitui uma enumeração em progressão 
ascendente dos ―níveis de governo‖ referidos na linha anterior. 
(9) Na linha 4, o termo ―mulheres‖ constitui o sujeito sintático do verbo ―ocupam‖. 
(10) No trecho ―As mulheres sabem que a participação democrática é o principal meio 
de defesa de seus interesses e de conquista de representação política, tal como a 
implantação do sistema de quotas para aumentar o número de representantes 
eleitas‖, há, ao todo, três complementos nominais. 
 
Texto para os itens de 11 a 20. 
 
A instrumentalização da cidadania e da soberania popular, em uma democracia 
contemporânea, faz-se

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