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PAPER Introdução à pesquisa

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INTRODUÇÃO À PESQUISA: MÉTODOS DE PESQUISA NO MEIO EDUCACIONAL
Yasmin Ancini Custódio
Carolina dos Santos
	
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo estabelecer o conceito de pesquisa, abordando suas contribuições, não apenas para o meio científico, mas principalmente para a educação. Sobretudo, pretende-se discutir os tipos e métodos de pesquisa utilizados no meio educacional.
Palavras-chave: Pesquisa, educação, métodos de pesquisa.
1. INTRODUÇÃO
Pesquisa é o mesmo que busca ou procura. Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta para alguma coisa, visando gerar conhecimento. É na pesquisa que se utiliza diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal deverá ser estipulado pelo próprio pesquisador para se atingir os resultados ideais.
Diversos autores afirmam que a pesquisa tem como objetivo a solução e compreensão de problemas. De acordo com Appolinário (2004) problema de pesquisa pode ser um questionamento sobre um determinado tema. Assim, o termo problema pode se referir à sistematização de procedimentos de estudo e investigação. Trata-se de um ingrediente fundamental para a construção do conhecimento. 
Novikoff (2010, p.213), ao discutir o ensino da pesquisa e a relação entre pesquisa e ensino, argumenta que pesquisa e ensino são inseparáveis na essência. Se por um lado há a necessidade da prática de pesquisa em sala de aula, por outro se faz necessário refletir formas de fazer com que resultados, considerações e conclusões de pesquisa cheguem às salas de aula, especialmente nas escolas.
Este trabalho visa discorrer a respeito de métodos de pesquisa que podem provir consequências positivas dentro do meio educacional, dando ênfase à importância da prática da pesquisa tanto para alunos como para professores. Visto que, de acordo com Demo (2000), apesar de a pesquisa ser inquestionavelmente um importante meio de produção de conhecimento, a sua prática geralmente está ainda longe da realidade educacional brasileira.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
	Tratando-se de educação podemos encontrar uma grande variedade de práticas que são designadas como pesquisa. Pesquisa e ensino, apesar de serem atividade distintas, podemos notar que:
Ambos mediam o conhecimento e promovem a aprendizagem O ensino se faz entre outros modos, no ato de pesquisar. Pesquisar se faz no ato de aprender. Ambos têm seus próprios caminhos, mas se entrecruzam na busca de conhecimento. (NOVIKOFF, 2010, p.213).
	
	Tendo isto em mente, é inegável que a pesquisa é fundamental dentro do meio educacional, e como já proposto, existem métodos recomendáveis. Cada método de pesquisa tem por base determinada visão de mundo, que é assumida por quem o utiliza. Na educação, encontram-se disponíveis para uso os métodos funcionalista, estruturalista, fenomenológico, dialético e experimental. 
	O método funcionalista tem como impulso inicial August Comte. O filósofo francês propôs que a sociedade evoluiu através de três estágios. O último denominado por ele de positivo. Em tal estágio, caberia à Sociologia estudar os fatos sociais através de sua descrição e descobrir as leis objetivas que os determinam. Sua proposta se baseava no modelo de investigação que era próprio das ciências naturais. Propôs também que a sociedade, como objeto de estudo, deveria ser vista como um organismo em que cada parte tem um papel específico a desempenhar e contribui para o bom funcionamento do todo. Podemos dizer que esse pressuposto indica uma preocupação para explicar a ordem e a regularidade da vida social. 
Émile Durkheim também contribuiu para o estabelecimento da Sociologia funcionalista, assim como defendeu a educação funcionalista, onde a educação é entendida como uma ação dos adultos sobre os jovens, com vistas a estimular e a desenvolver neles certos aspectos físicos, intelectuais e morais necessários à vida em sociedade.
O método funcionalista tem certo valor para a realização de pesquisas em diversas áreas do conhecimento, particularmente no meio educacional; ele nos permite identificar as funções adequadas e as inadequadas e decidir o que fazer com as inadequadas para garantir o equilíbrio de determinado conjunto.
Já no método estruturalista, seus adeptos consideram que a realidade objetiva e a subjetiva são constituídas por estruturas. O vocábulo estrutura significa um conjunto de elementos que se encontram intimamente ligados, “porém qualquer alteração em um deles provoca alterações nos demais” (LÉVI-STRAUSS, 1976, p. 13). Nas décadas de sessenta e setenta do século passado, o estruturalismo e seu método influenciaram fortemente a área educacional, pois, nesse período, destacaram-se as teorias educacionais da reprodução. Segundo as teorias educacionais da reprodução, os objetivos da educação, os conteúdos de ensino, a metodologia posta em prática e os critérios de avaliação empregados encontram-se devidamente organizados na escola para atender à referida finalidade.
Quanto à construção do método fenomenológico, deveu-se também ao empenho dos filósofos alemães Edmund Husserl e Martin Heidegger, o qual afirma a importância dos fenômenos da consciência. A percepção, tal qual é compreendida pela fenomenologia, 
não é uma ciência do mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada de posição deliberada; ela é o fundo sobre o qual todos os atos se destacam e ela é pressuposta por eles. O mundo não é um objeto do qual possuo comigo a lei de constituição; ele é o meio natural e o campo de todos os meus pensamentos e de todas as minhas percepções explícitas. A verdade não “habita” apenas o "homem interior", ou, antes, não existe homem interior, o homem está no mundo, e é no mundo que ele se conhece. (MERLEAU-PONTY, 2006, p. 6).
	
Compreende-se que o sentido de mundo e de tudo o que há nele é atribuição do sujeito que vive e convive com outros sujeitos, ao real e ao vivido, ao que é próprio do ser humano. Nesse sentido, o método fenomenológico se mostra apropriado à pesquisa na área da Educação, pois considera o ser humano ontologicamente em sua subjetividade.
No método dialético o foco é a contraposição de ideias, objetivando levantar novas ideias. A prática pedagógica que se sustenta na perspectiva dialética, propõe identificar os procedimentos de ensino correspondentes às expectativas de aprendizagem e indica que, no percurso metodológico, as ações docente-discentes apoiam-se nos estudos da teoria histórico-cultural, os quais reforçam o esclarecimento de certos aspectos culturais, históricos e psicológicos em relação aos sujeitos do processo de ensino.
Esses quatro métodos de pesquisa, próprios da área de ciências sociais e humanas, apesar de serem empregados de forma isolada de acordo com a escolha do pesquisador, com base em justificativas pessoais, também podem ser utilizados de modo combinado. 
Tratando-se do método experimental, sabe-se que passou a se desenvolver no Renascimento e um dos responsáveis por seu surgimento foi Maquiavel, porém, no que tange à observação dos fatos, é o filósofo inglês Francis Bacon o principal responsável por sua criação. Tal método assenta-se no pressuposto de que a obtenção do conhecimento ocorre através da separação entre o sujeito e o objeto da pesquisa, o que significa que o cientista tem que adotar uma atitude de neutralidade no decorrer da investigação para que ela não seja contaminada por seus preconceitos, julgamentos e ideologias. É possível afirmar também que o método experimental emprestado das ciências da natureza apresenta limites para emprego nas investigações que têm como objeto o ser humano.
No que tange ao emprego do método experimental no meio educacional, no caso da pesquisa, o professor investigador já poderia ter notado, no decorrer de suas aulas, indicações relativas à assimilação por parte dos alunos quanto aos conteúdos abordados em sala de aula. Dessa maneira, o professor passaria pelas etapas do planejamento e da experimentação pra obter êxito em lecionar.
O método experimental foi dominante durante muito tempo, inclusive na área das ciências sociais ehumanas, onde se inclui a Educação. E ainda nos dias de hoje, continua tendo consideráveis validade e importância para o setor educacional, apesar de suas limitações, tais como: a garantia da objetividade e da neutralidade, a identificação, ao isolamento e ao controle de variáveis no desenrolar do experimento, pois os fenômenos sociais são muito complexos e dinâmicos.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para a efetuação deste paper foram analisados treze artigos e livros referentes aos temas: metodologia científica, educação, pesquisa e métodos de pesquisa. Onde se focou numa abordagem pedagógica visando responder às questões mencionadas na introdução do trabalho.
	Para selecionar as fontes acadêmicas, houve a contribuição da ferramenta “Google Acadêmico”, a qual disponibiliza artigos e obras relevantes referentes aos temas pesquisados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
	
A atividade de pesquisa possibilita a construção de um novo conhecimento. Ao questionar a finalidade do conhecimento, Magalhães (2005, p.16) afirma que “o homem usa o conhecimento para reagir ao meio e, se possível, transformar esse meio”. Além disso, é possível considerar que a pesquisa possibilita a desconstrução de ilusões, crenças e idealizações.
	A popular imagem do pesquisador como um profissional que manuseia equipamentos próprios da área científica ainda habita a mente de muitas pessoas. E, infelizmente, a figura do professor aparece frequentemente dissociada da figura do pesquisador. De acordo com Demo (2000) há ainda muitos professores e pesquisadores que acreditam na incompatibilidade entre as duas funções.
	Tomando por base a concepção que afirma que o objetivo do ensino é construir conhecimentos podemos afirmar que as práticas de ensino e pesquisa devem estar intimamente ligadas de forma a conduzir a um aperfeiçoamento contínuo da prática pedagógica e a maiores e melhores possibilidades de transferência, além da construção de conhecimentos. 
	Portanto, o papel da pesquisa é fundamental na docência e embora a pesquisa não deva ser idealizada, é necessário reconhecer a necessidade de formação para a sua realização. No meio educacional cabe ao professor buscar respostas para seus problemas dentro de sala de aula e, consequentemente, gerar conhecimento.
	Já o estudo dos métodos de pesquisa possibilitará ao pesquisador identificar a abordagem de pesquisa que deverá ser adotada, escolher os instrumentos de coleta de dados e executar seu planejamento. 
5. CONCLUSÃO
	Através da realização deste trabalho, conclui-se que a prática de pesquisa deve ser norteada pelo conhecimento de metodologia científica, conhecimento este possibilitado, entre outras formas, pelo estudo de disciplinas relativas a metodologias e métodos de pesquisa utilizados na educação. Faz-se necessário empreender esforços para que a compreensão de disciplinas de metodologias acadêmicas e científicas seja produtiva, reflexiva e crítica. 
No campo da educação é de grande importância que os professores sejam preparados para o planejamento e para a realização de pesquisas aplicadas relacionadas à realidade em sala de aula, análise, avaliação e elaboração de materiais didáticos, pesquisas sobre currículo, interação, entre outros temas. 
Também é importante estimular pesquisas sobre ensino, lembrando-se que este estímulo deve ser acompanhado de preparação para o ato de pesquisar. Questões como abordagens de pesquisa, modelos de pesquisa, instrumentos e procedimentos de coleta e análise de dados devem ser estudadas e discutidas em diferentes contextos e níveis educacionais. 
Dessa maneira, não apenas há a desmistificação da ideia que a pesquisa está diretamente relacionada aos grandes cientistas e exige enormes investimentos, mas também colabora para a formação de alunos e professores que não se tornarão meros repetidores de ideias e conceitos, e sim, cidadãos reflexivos, os quais produzem conhecimento.
	
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. São Paulo: Atlas, 2010.
APPOLINÁRIO, Fábio. Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2004. 
BONONO, Robson. Metodologia da Pesquisa Científica. Disponível em:
http://www.unifal.edu.br/Bibliotecas/MTPA.pdf. Acesso em: 30 de abril de 2020.
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2000.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1967.
LÉVI-STRAUSS, Claude. As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis:
Vozes, 1976
LÜDKE, M ; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2001.
MAGALHÃES, G. Introdução à metodologia da pesquisa: caminhos da ciência e
tecnologia. São Paulo: Ática, 2005.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
MICHEL, M. H. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais. São Paulo:
Atlas, 2005.
NOVIKOFF, Cristina. Dimensões Novikoff: um constructo para o ensino-aprendizado da pesquisa. Desafios da práxis educacional à promoção humana na contemporaneidade. Rio de Janeiro: Espalhafato Comunicação, p. 211-242, 2010.
REZENDE, Antonio Muniz. Concepção fenomenológica da educação. São Paulo:
Cortez, 1990.
WITTKE, Cleide Inês. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. 2010.

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