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1 ORIENTAÇÕES PARA CONTUDAS EM PRIMEIROS SOCORROS 1) FERIMENTOS E HEMORRAGIAS Ferida: Lesão traumática com solução de continuidade da pele e/ou mucosas e tecidos subjacentes. Os ferimentos acidentais podem ser provocados por quedas, colisão de veículos, atropelamentos, manuseio de equipamentos cortantes, perfurantes, perfuro-cortantes, entre outros, também podem ser causados por arma de fogo ou arma branca. Hemorragia: Perda aguda de sangue devido ao rompimento de um ou mais vasos sanguíneos. O volume de sangue é de 7% do peso corporal de um adulto normal e de 8 a 9% em crianças. A hemorragia é caracterizada por grandes perdas sanguíneas, resultando em choque, quadro grave e progressivo, necessitando atenção imediata. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ Tipos de Ferimentos Incisão: corte bem definido por material cortante, como lâminas ou cacos de vidro; Laceração: ruptura irregular causada por esmagamento ou dilaceração, como as provocadas por máquinas; Abrasão: ferimento leve em que as camadas mais superficiais da pele são raspadas, deixando a região sensível e em “carne viva”; Contusão: qualquer golpe brusco, como um soco, pode romper os vasos capilares. O sangue escapa para os tecidos provocando equimoses ou hematomas, dependendo da violência do golpe; Perfurante: pisar num prego, espetar-se com agulha ou levar uma facada, resultam em perfurações, possui pequena abertura externa, mas lesões internas grandes; Penetrante: ferimento por arma de fogo, penetrando ou atravessando o corpo, podendo provocar lesões internas graves e contaminação. Tipos de Hemorragias Arterial: sangue oxigenado, sendo vermelho vivo, com a pressão das batidas do coração, saindo do ferimento em jatos; Venosa: sangue já destituído de oxigênio, sendo vermelho-escuro, com menos pressão, mas como as paredes das veias tem grande capacidade de distensão, o sangue pode acumular-se dentro delas, podendo então jorrar em profusão; e Capilar: tipo de sangramento que sai em gotas ocorre em todos os ferimentos. Embora abundante no início, a perda de sangue é, em geral, desprezível. Fig. 1 – quanto ao tipo de vaso ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ __________________________________ Sinais e sintomas Palidez Pele fria e pegajosa Pulso fraco e rápido Dor local Sede Confusão mental, agitação e irritabilidade. 2 ATENÇÃO: verificar pulso, cor, temperatura e umidade da pele e o tempo de enchimento capilar. O controle da hemorragia é prioritário, pois cada célula sanguínea é importante. O rápido controle da hemorragia é um dos objetivos mais importantes no atendimento de um doente traumatizado. A avaliação primária somente poderá prosseguir após o controle da hemorragia. Pode-se controlar a hemorragia da seguinte forma: 1. Pressão direta: aplicar pressão no local da hemorragia, aplicando um curativo (com gaze) ou uma compressa cirúrgica diretamente sobre a lesão e aplicando pressão manual. A aplicação e manutenção de pressão direta exigem a atenção total do socorrista, ficando indisponível para outro aspecto do atendimento; Fig 2 - Compressão direta 2. Torniquetes: Em geral, seria o último recurso, mas as experiências militares no Afeganistão e no Iraque, e, ainda a utilização por cirurgiões nos leva a reconsiderar o torniquete como último recurso. Os torniquetes são muito eficazes no controle da hemorragia grave e devem ser usados caso a pressão direta ou um curativo de pressão não consigam controlar a hemorragia de uma extremidade; e Fig 3 - Torniquete 3. Agentes Hemostáticos Tópicos: na forma de pó ou sendo impregnado o produto na gaze, nos dois casos tem de ser feita a compressão direta. (usado quando o sangramento não for em extremidades) ATENÇÃO: nas hemorragias internas o atendimento consiste no transporte rápido a um serviço médico equipado e com equipe para controle cirúrgico da hemorragia. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ Casos Especiais Evisceração: ocorre quando um segmento do intestino ou de outro órgão abdominal sai através de um ferimento e fica fora da cavidade abdominal, sendo assim, não se deve tocar ou tentar recolocar o segmento eviscerado, mas sim proteger com curativo limpo ou estéril umedecido com solução salina (soro fisiológico). O curativo deverá ser periodicamente reumedecido com a solução salina, podendo fazer um curativo grande e seco por cima do curativo umedecido, a fim de manter a temperatura do paciente; Objeto encravado: não remover o objeto, sendo necessária a estabilização ou, em alguns casos, a diminuição do tamanho do 3 objeto encravado, utilize para estabilizar o objeto bandagem forte cobrindo, aproximadamente, metade do comprimento externo do objeto; Fig 4 - Objeto encravado Epistaxe: Sangramento nasal, devido a pancada no nariz, espirro, limpeza com os dedos, esforço físico intenso ou temperaturas corporais elevadas, nesses casos peça para vítima inclinar a cabeça pra frente e comprima a narina contra o septo nasal, solicitando que a vítima respire pela boca. Aplique a pressão por 5min, mas se a vítima tiver um sangramento no nariz pelo aumento da pressão arterial não impeça a saída do sangue. Fig 5 - Epistaxe ATENÇÃO: Se a vítima tiver uma lesão na cabeça e começar a sangrar pelo nariz, isso indicará uma rinorragia, pois o sangue é aquoso e ralo, ou seja, traumatismo cranioencefálico com perda de líquido cerebroespinhal. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ATENÇÃO: Utilize sempre no atendimento a uma vítima com sangramento: luvas, óculos, máscaras a fim de evitar contaminação. ASPECTOS LEGAIS DO SOCORRISMO Os primeiros socorros são prestados por quem estiver no local do acidente, sendo procedimento imediatos e provisórios com a finalidade de manter a vida e evitar a piora. Art. 5º da Constituição Federal Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Art. 135º do Código Penal Brasileiro Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 4 2) AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Avaliação da Cena: assegurar-se de que a cena seja segura e considerar cuidadosamente a natureza exata da situação. Uma vez realizada a avaliação da cena, deve-se voltar à atenção para a avaliação dos doentes. Se a cenaenvolver mais de um doente (desastres), a situação é classificada como múltiplas vítimas, sendo necessária a triagem e a prioridade muda, ao invés de atender o doente mais grave, devemos dirigir o salvamento para o maior número de vítimas. Questões de Segurança: Segurança no trânsito, condições climáticas e iluminação, Traçado das estradas, Estratégias para minimizar os incidentes (uniformes, posicionamento do veículo e dispositivos de sinalização), violência (ação em locais violentos), patógenos adquiridos pelo sangue (hepatite, HIV) e materiais perigosos. Avaliação Inicial da Vítima Impressão geral da vítima: utilizar a avaliação do nível de consciência da vítima (A, V, D, I); A – VÍTIMA ALERTA (acordada) V – RESPONDE A ESTÍMULO VERBAL D – RESPONDE A ESTÍMULO DE DOR I – VÍTIMA INCONSCIENTE ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ___________________________________ Fig 6 - Abordagem da vítima Acionamento do socorro especializado: deixe sempre a mão o telefone do serviço de emergência que atende as suas necessidades SAMU (192)/BOMBEIROS (193); Posicionamento da Vítima: a vítima deverá estar na posição supina, ou seja, com o ventre para cima (decúbito dorsal). CORRENTE DA VIDA Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de saúde especializado; RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas; Rápida desfibrilação; Suporte avançado de vida eficaz; e Cuidados pós-PCR integrados. Fig 7 – Novas diretrizes AHA 2010 5 3) CASOS DE MAL SÚBITO Vítima com causa de parada cardiorrespiratória primária, ou seja, problemas pré-existentes, apresentando fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso. Fig 7 – Sequência de atendimento ATENÇÃO: ao acionar o socorro especializado enfatize a necessidade de um Desfibrilador Externo Automático (DEA). USO DO DESFIBRILADOR O desfibrilador é um cardioversor responsável em reverter a parada cardíaca por causas primárias (infarto agudo do miocárdio), onde ocorra uma fibrilação ventricular/taquicardia ventricular sem pulso. Existem diversos modelos de desfibriladores externos automáticos (DEA), facilitando assim a utilização por leigos treinados. O DEA deverá ser acoplado ao tronco da vítima, seguindo as recomendações, independente de qualquer coisa, tendo apenas o cuidado de não utilizar em ambientes molhados (devendo secar primeiro) e caso a vítima possua muitos pelos na região do tórax, deverá ser feita raspagem antes de sua utilização. Fig 8 - DEA (com leitora de ECG) 1. Circulação (parada cardíaca): deverá haver reconhecimento rápido da parada cardíaca (18 seg.) e iniciar as compressões torácicas num ritmo de, no mínimo, 100x/min., com depressão do tórax de 5 cm no adulto e na criança e de 4 cm em bebês; Fig 9 - Compressão Torácica ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ 2. Liberação das vias aéreas: Utiliza-se a elevação do queixo (chin lift), os profissionais de saúde poderão estar atentos a possível lesão na coluna, neste caso utilizar a subluxação da mandíbula ou manobra de mandíbula modificada (jaw trusth). 6 Fig 10 - Chin Lift (elevação do queixo) 3. Ventilação artificial: com uso de uma barreira de proteção, faça duas insuflações para cada 30 compressões torácicas, caso uma via aérea avançada seja estabelecida, mantenha a ventilação de 1seg. a cada 6 a 8 seg. e faça apenas as compressões ininterruptamente. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ___________________________________ 4) VÍTIMA DE TRAUMA Efetuar a avaliação da cena com atenção a cinemática do trauma, para poder identificar possíveis lesões. 1. Liberação das vias aéreas: utilizar a subluxação de mandíbula ou manobra tríplice (jaw trusth); Fig 11 - Jaw Trusth (manobra de mandíbula) ATENÇÃO: a vítima pode estar acometida de um engasgo (OVACE), neste caso: o socorrista deverá realizar as compressões abdominais, também chamada manobra de Heimlich, consiste numa série de quatro compressões sobre a região superior do abdômen, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical. a) vítima em pé ou sentada: Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdômen; segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o abdômen, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical no sentido superior (tórax), por quatro vezes; estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique inconsciente. b) vítima deitada: Posicionar a vítima em decúbito dorsal; ajoelhar-se ao lado da vítima, ou a cavaleiro sobre ela no nível de suas coxas, com seus joelhos tocando-lhe lateralmente o corpo; posicionar a palma da mão (região hipotenar) sobre o abdômen da vítima, entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical, mantendo as mãos sobrepostas; aplicar quatro compressões abdominais no sentido do tórax. Fig 12 - Manobra de Heimlich 7 2. Ventilação artificial: efetuar duas insuflações com expansão do tórax visível, utilizando barreira de proteção (pocket mask ou ambú); Fig 13 - Pocket Mask Fig 14 - Ambú 3. Circulação (hemorragia e perfusão): controlar possíveis hemorragias externas e avaliar o pulso periférico palpável (carotídeo ou femoral por até 10 seg.) e identificar a presença, qualidade e regularidade. Caso haja parada cardíaca aplicar 100 compressões torácicas por minuto, trocando o socorrista a cada 2 minutos. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ___________________________________ Fig 15 - Compressão Torácica ATENÇÃO: poderá ser suspenso o RCP quando a vítima for de trauma contuso e não tenha pulso ou respiração na chegada do socorrista; quando a vítima for de trauma penetrante, caso não exista sinais de vida (sem reflexos pupilares, sem movimentos espontâneos e nenhum ritmo cardíaco organizado no ECG > 40 bat./min.); e ainda, não são indicadas as manobras de RCP quando o doente apresentar uma lesão obviamente fatal ou quando houver evidências de lividez, rigor mortis e decomposição. Avaliação Neurológica: Tendo avaliado e corrigido, na medida do possível, os fatores envolvidos no transporte do oxigênio aos pulmões e na sua circulação pelo corpo, a próxima etapa da avaliação primária é a avaliação da função cerebral, que é uma medida indireta da oxigenação cerebral. O objetivo é determinar o nível de consciência do doente e inferir o potencial de hipóxia. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Abertura Ocular Espontânea 4 Sob comando verbal 3 Com estímulo doloroso 2 Sem abertura ocular 1 8 Melhor Resposta Verbal Adequada (orientado) 5 Confusas 4 Inadequadas 3 Sons ininteligíveis 2 Sem resposta verbal 1 Melhor Resposta Motora Obedece a comandos 6 Localiza estímulos dolorosos5 Retirada ao estímulo doloroso 4 Flexão anormal (descorticação) 3 Extensão anormal (descerebração) 2 Sem resposta motora 1 Um nível de consciência diminuído deve alertar o socorrista para quatro possibilidades: 1. Oxigenação cerebral diminuída (hipóxia ou hipoperfusão); 2. Lesão do sistema nervoso central; 3. Intoxicação por drogas ou álcool; ou 4. Distúrbio metabólico (diabetes, convulsão, parada cardíaca). Exposição e Ambiente: Retirar o tanto de roupa necessário para determinar a presença ou a ausência de uma condição ou lesão, lembrando que uma lesão não poderá ser tratada se não for primeiro, reconhecidas. No entanto, lembre-se que uma vítima de trauma terá grandes complicações caso fique hipotérmica, por isso, logo após a avaliação aqueça novamente a vítima, principalmente em ambiente externo. Inspeção da vítima: procure ao olhar para o estado geral da vítima por: Deformidades Contusões Escoriações Perfurações Queimaduras Lacerações Inchaço ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ___________________________________ Palpação da vítima: na palpação, vá na direção céfalo-caudal, ou seja, da cabeça para os pés e procure por: Dor Instabilidade Crepitação Pulso Motricidade Sensibilidade Histórico SAMPLA: obter histórico e documentar no prontuário e repassadas à equipe médica no hospital: Sintomas Alergias Medicações Passado médico e antecedente cirúrgico Líquidos e alimentos Ambiente 5) TRANSPORTE E IMOBILIZAÇÕES Regras para aplicação de talas e imobilizações: Sempre aplicar nas fraturas ou suspeita; Nas feridas, efetuar bandagem e utilizar talas como se fosse fratura fechada; Evitar mexer nos fragmentos; Verificar aperto da imobilização; Acolchoar com material de fortuna; Conveniente improvisar tipoia ou muleta. ATENÇÃO: Estabilizar e imobilizar sempre antes do transporte, salvo quando for o caso de desabamento, explosões ou risco iminente de morte. Posição – Decúbito dorsal, pois facilita a estabilização da coluna; Descuido – Pode aumentar a gravidade da lesão e levar a vítima a morte; e 9 Urgência – Prestar o socorro antes e atentar para utilização da maca como meio de transporte mais eficiente, podendo também ser utilizado métodos de improviso. Procedimentos a serem observados antes do transporte: Respiração e circulação; Hemorragias; Fraturas e Luxações imobilizadas; Ferimentos tratados; Dor controlada; Estado de choque; Fixação da vítima durante o transporte Regras Básicas para o Transporte: Imobilize totalmente a vítima antes de transportá-la; Levantar a vítima com segurança; Movimente a vítima sempre em blocos; Arraste a vítima sempre no sentido longitudinal; Proteja a cabeça da vítima; Evite freadas bruscas e velocidades excessivas. Transporte de Acidentados: 1. Transporte de apoio; 2. Transporte ao colo; 3. Transporte de extremidades; 4. Transporte em cadeira; 5. Transporte de cadeirinha; 6. Transporte nas costas; 7. Transporte Tipo Bombeiro; 8. Transporte arrastado; 9. Transporte na maca; 10. Transporte com 3 ou mais socorristas. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ___________________________________ Fig 16 – Técnicas de transporte manual Transporte de Vítima não Traumática: Dor torácica – tronco elevado; Dispnéia – semi sentado; Choque – MMII (30º) sem baixar a cabeceira; Inconsciente – lateral esquerdo (broncoaspiração); Dor abdominal – dorsal ou lateral com joelhos flexionados; Gestantes – lateral para descompressão da veia cava. Fig 17 – Transporte arrastado 10 Fig 18 - Transporte com mais de 3 socorristas 6) QUEIMADURAS As queimaduras são lesões frequentes e a quarta causa de morte por trauma. Mesmo quando não levam a óbito, as queimaduras severas produzem grande sofrimento físico e requerem tratamento que dura meses, até anos. Sequelas físicas e psicológicas são comuns. Pessoas de todas as faixas etárias estão sujeitas a queimaduras, mas as crianças são vítimas frequentes, muitas vezes por descuido dos pais ou responsáveis. O atendimento definitivo aos grandes queimados deve ser feito preferencialmente em centros especializados. Classificação Quanto às causas: Térmica: vapores quentes, líquido fervente, sólidos quentes, revelando-se as mais comuns; Química: causadas por ácidos ou álcalis, podem ser graves; necessitam de um correto atendimento pré-hospitalar, pois o manejo inadequado pode agravar as lesões; Elétricas: geralmente as lesões internas, no trajeto da corrente elétrica através do organismo, são extensas, enquanto as lesões das áreas de entrada e saída da corrente elétrica na superfície cutânea, pequenas. Essa particularidade pode levar a erros na avaliação da queimadura, que costuma ser grave, levando a vítima a uma PCR. Radioativas: causadas por raios ultravioleta (UV), por raios-X ou por radiações ionizantes. As lesões por raios UV são as bem conhecidas queimaduras solares, geralmente superficiais e de pouca gravidade. As queimaduras por radiações ionizantes, como os raios gama, são lesões raras. Nesta situação, é importante saber que a segurança da equipe pode estar em risco se houver exposição a substâncias radioativas presentes no ambiente ou na vítima. Atender às ocorrências que envolvam substâncias radioativas sempre sob orientação adequada e com a devida proteção; não hesitar em pedir informações e apoio à Equipe de Saúde; e Biológica: são queimaduras provocadas por agentes biológicos como plantas, frutos e animais, exemplos; comigo ninguém pode, folha de figo, limão, lagarta, entre outros. Quanto à Profundidade Primeiro grau (espessura superficial): queimaduras que atingem apenas a epiderme, levando o indivíduo a dor, edema, vermelhidão e, tornando o local da queimadura quente; Segundo grau (espessura parcial): queimaduras que atingem a epiderme e a derme, produzindo dor severa. A pele se apresenta avermelhada e com bolhas; as lesões que atingem a derme mais profunda revelam-se úmidas. São as queimaduras que mais se beneficiam do curativo efetuado corretamente. Terceiro grau (espessura total): atingem toda a espessura da pele e chegam ao tecido subcutâneo. As lesões são secas, de cor esbranquiçada, com aspecto de couro, ou então preta, de aspecto carbonizado. 11 Geralmente não são dolorosas, porque destroem as terminações nervosas; as áreas nos bordos das lesões de terceiro grau podem apresentar queimaduras menos profundas, de segundo grau, portanto bastante dolorosas. Queimadura de primeiro grau ou superficial atingindo a epiderme Fig 19 - Queimadura de segundo grau ou de espessura parcial atingindo a derme. Fig 20 - Queimadura de terceiro grau ou de espessura total estendendo-se além da derme. Quanto a Extensão A extensão da queimadura, ou a porcentagem da área da superfície corporal queimada, é um dado importante para determinar a gravidade da lesão e o tratamento a ser instituído, tanto no local do acidente quanto no hospital. Utiliza-se para esse cálculo a "regra dos nove". O resultado obtido é aproximado,mas suficiente para uso prático. No adulto, cada membro superior corresponde a 9% da superfície corporal; as partes ventral e dorsal do tronco correspondem a 18% cada; cada membro inferior a 18%, a cabeça a 9% e a área genital a 1 %. As crianças pequenas apresentam, proporcionalmente, cabeça maior que a dos adultos, assim correspondendo a 18% da superfície corporal; cada membro inferior a 13,5%. Para avaliar a extensão de queimaduras menores, utilizar como medida a mão da vítima, que corresponde a aproximadamente 1 % da área da superfície corporal. Fig 21 - Porcentagem corporal conforme a “regra dos nove”, adulto e criança. Quanto a Localização Queimaduras variam de gravidade de acordo com a localização. Certas áreas, como mãos, face, pés, olhos, períneo e genitais, são consideradas críticas. Queimaduras que envolvam as vias aéreas são também bastante graves. 12 ATENDIMENTO AO QUEIMADO O atendimento inicial de queimados segue a mesma sequencia do atendimento a vítima de outras formas de trauma. Considerar o grande queimado como um politraumatizado, inclusive porque, frequentemente, existem outras lesões associadas. Afastar a vítima da origem da queimadura; As vítimas não morrem rapidamente da queimadura; Resfriar a lesão com água na temperatura ambiente por, no máximo, um minuto, quando a queimadura for muito extensa ou tenha trauma associado, tenha cuidado com a hiportermia; Não aplicar gelo ou água gelada no local da queimadura; Proteger o paciente com lençóis limpos e cobertores; Não transportar o paciente envolvido com panos úmidos ou molhados; Remover joias e vestes da vítima para evitar constrição com o desenvolvimento de edema; Manter as flictemas intactas no Pré- hospitalar; Ao realizar o exame primário normalmente priorizando a manutenção do ABC; A regra dos nove é feita no exame secundário. ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ___________________________________ Referências Bibliográficas: 1. Manual da Cruz Vermelha Brasileira – Filial do Estado do Rio de Janeiro – 2011; 2. Receitas de Primeiros Socorros – Comitê Internacional da Cruz Vermelha – 2013; 3. Armonización Internacional de Primeiros Auxílios – Primeras Recomendaciones sobre técnicas de socorrismo – Federación Internacional de Sociedades de La Cruz Roja y de La Media Luna Roja – 2004; 4. Manual First Aid 9th edition – British Red Cross – 2009; 5. Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado – PHTLS (prehospital trauma life support) – 7ª Edição – 2011; 6. Enfermagem em Emergência – São Paulo, 1ª Edição – 2010. Editora: Martinari; 7. Manual de Primeiros Socorros – Como proceder em casa, no trabalho e no lazer. The British Red Cross Society – 2008; 8. Enfermagem em Emergências – Noções básicas de atendimento pré-hospitalar. 2ª Edição atualizada e ampliada – 2008. Elaborado por: Professor Fabio Teixeira de Azevedo Coord. do Dep. de Socorro e Desastre da Cruz Vermelha Brasileira Filial do Estado do Rio de Janeiro.
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