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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE 
PRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................ ......................................................... 3 
UNIDADE 2 – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
NO BRASIL ......................................... ........................................................................ 7 
UNIDADE 3 –A MICROELETRÔNICA, NOVAS TECNOLOGIAS E NOVOS 
PADRÕES DE PRODUÇÃO DE BENS ....................... ............................................. 10 
UNIDADE 4 – RESPONSABILIDADES E COMPETÊNCIAS ESSENC IAIS AO 
ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO .............................................................................. 18 
4.1 RESPONSABILIDADES .......................................................................................... 18 
4.2 COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS ................................................................................ 22 
UNIDADE 5 –AUDITORIAS NA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ... ........................ 28 
5.1 AUDITORIAS INTERNAS ........................................................................................ 28 
5.1.1 Auditoria contábil ....................................................................................... 29 
5.1.2 Auditoria operacional ................................................................................. 31 
5.1.3 Auditoria de gestão ................................................................................... 31 
5.1.4 Auditoria de sistemas informatizados ........................................................ 31 
5.1.5 Auditoria de produção ............................................................................... 32 
5.1.6 Auditoria ambiental.................................................................................... 33 
5.1.7 Auditoria de estoques ................................................................................ 34 
5.2 AUDITORIA EXTERNA ........................................................................................... 35 
5.3 AUDITORIA DE QUALIDADE ................................................................................... 36 
UNIDADE 6 – GESTÃO DA PRODUTIVIDADE ............... ........................................ 43 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51 
ANEXOS ................................................................................................................... 56 
GLOSSÁRIO TÉCNICO E SUBÁREAS DA ENGENHARIA DE PRODU ÇÃO ........ 57 
 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3
 
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO 
 
A Engenharia de Produção (EP) está associada às demais engenharias e 
vem ganhando espaço e preferência nos últimos anos. Mais abrangente e genérica, 
portanto, menos tecnológica, a EP engloba um conjunto maior de conhecimentos e 
habilidade, como por exemplo, meio ambiente, finanças e economia. 
O Engenheiro de Produção atua no gerenciamento de projetos e sistemas 
que envolvem de pessoas a materiais, equipamentos, produção e meio ambiente, 
tanto por isso, este profissional consegue enxergar os problemas de forma global, 
não fragmentada. Desenvolve competências para analisar problemas industriais e as 
tecnologias que são necessárias para resolvê-los, principalmente se pensarmos que 
uma grande maioria das empresas brasileiras pertence ao grupo das pequenas e 
médias empresas com problemas tecnológicos de baixa complexidade (ABEPRO, 
2008). 
Como área específica, poderíamos dizer que concentra os conhecimentos 
nos métodos gerenciais, na implantação de sistemas informatizados para a gestão 
de empresas, o uso de método para melhoria da eficiência e utilização de sistemas 
de controle dos processos. Uma vez que atividades básicas relacionadas com 
planejamento e programação de compras e produção, bem como planejamento e 
programação da distribuição fazem parte do seu mix, o Engenheiro de Produção 
pode trabalhar em qualquer tipo de indústria. Exemplos de indústrias e atividades: 
automóveis; eletrodomésticos; transportes; construção; consultoria em qualidade; 
instituições e empresas púbicas (Petrobrás, agências de energia, BNDES); 
empresas privadas como usinas de açúcar, telefonia, alimentos e bancos (análise de 
investimentos), dentre muitas outras. 
Quanto às áreas específicas nas quais pode trabalhar, temos: 
Área de operações – execução da distribuição dos produtos, controle de 
suprimentos, etc. 
Área de planejamento – estratégico, produtivo, financeiro, etc. 
Área financeira – controle financeiro, controle dos custos, análise de 
investimentos. 
Área de logística – planejamento da produção e da distribuição de produtos, 
etc. 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
Área de marketing – planejamento do produto, mercados a serem atendidos, 
etc. 
Segundo Castro (2000), o mercado de trabalho para o Engenheiro de 
Produção, embora instável e dependente da estabilidade econômica (o que vale 
principalmente em tempos atuais) é extremamente diversificado, e como o Brasil 
continua em pleno desenvolvimento, poderíamos dizer que tem sido promissor. 
Numa breve análise, os setores que mais se desenvolvem e que absorvem o 
Engenheiro de produção: 
No setor de Finanças, as instituições financeiras tem preferido contratar 
engenheiro de produção porque hoje um bom analista de investimentos deve possuir 
além de uma visão global do ambiente em que uma empresa está atuando, uma 
forte base matemática, para desenvolver e utilizar os diferentes modelos de análise 
de investimento. 
Um bom analista de investimentos sabe que um empreendimento de sucesso 
está quase sempre associado a uma equipe de gestores altamente competente e 
qualificada. Este analista de investimentos deve, portanto, ser capaz de reconhecer 
e identificar esta competência da equipe responsável pelo desenvolvimento do 
empreendimento e isto só se consegue com uma formação diversificada, que inclua 
conhecimentos sobre a gestão de recursos humanos, que o engenheiro de produção 
possui e outros profissionais não. 
Além da análise de investimentos, as instituições financeiras tem procurado 
os engenheiros de produção recém-formados para trabalharem nas suas mesas de 
bolsa e mercado aberto. Os profissionais destas áreas devem ter uma sólida 
formação matemática e alto grau de raciocínio lógico e abstrato, requisitos mais 
facilmente encontrados nas áreas ligadas à engenharia. 
No setor de Telecomunicações temos visto no cenário atual, que o uso de 
tecnologias de informação e comunicação, tem imposto às diversas organizações 
uma postura muito mais flexível, que as capacite a responder rapidamente às 
mudanças. 
Esta nova realidade tem promovido o surgimento de uma nova indústria, que 
está sendochamada da indústria de info-comunicação. Esta nova indústria é o 
resultado da convergência de 3 grandes indústrias – informática, telecomunicações 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
e mídia (entretenimento, indústria cultural, propaganda e marketing) – e vem 
crescendo pelo menos duas vezes mais rapidamente que os demais setores da 
economia na Europa, Brasil, Japão e EUA. 
No Brasil, o setor de Telecomunicações é um dos setores mais dinâmicos da 
economia e assim deve se manter nos próximos anos até que a enorme demanda 
reprimida possa ser satisfeita, tanto em termos quantitativos (quantidade de linhas 
fixas e celulares necessárias para atender a população) como em termos 
qualitativos (qualidade do serviço prestado, que hoje é extremamente baixo). 
A demanda nesta área é por técnicos e engenheiros de telecomunicações 
mas, principalmente, por gente capaz de entender e gerenciar o negócio, criando e 
administrando novos produtos e serviços. 
Mais uma vez, os engenheiros de produção são aqueles mais habilitados a 
cumprir esta tarefa por possuírem uma formação multidisciplinar. O gerente de 
novos produtos, ou o gerente de novos negócios é um profissional que precisa de 
sólida formação matemática, conhecer as tecnologias envolvidas, estar familiarizado 
com a área financeira, visão de marketing, enfim, um grande domínio do “negócio” 
telecomunicações. O engenheiro de produção está mais preparado para esta tarefa 
do que o engenheiro de uma outra área. Cabe ressaltar que a demanda por estes 
profissionais não está limitada geograficamente, encontrando-se dispersa por todo o 
país. 
Até mesmo nas Ciências Atuárias, relacionadas com os fundos de pensão e 
previdência, onde cresce a demanda por profissionais aptos a proceder cálculos 
relativos a pensão ou seguro saúde, o Engenheiro de Produção tem encontrado 
espaço uma vez que bem capacitados tem-se mostrado os mais aptos a este tipo de 
reconversão e tem sido privilegiados nos processos seletivos. 
Por fim, nas áreas de Informática, Internet, Comércio Eletrônico, as 
possibilidades são ilimitadas, principalmente devido as projeções de crescimento 
que sempre são revistas para cima, com a instalação de grupos internacionais de 
base tecnológica. 
Enfim, abrir o próprio negócio ou trabalhar em empresas são possibilidades 
promissoras para esse profissional (CASTRO, 2000). 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
6
 
Como se observa, o mercado é promissor, o profissional deve reunir uma 
gama de conhecimentos específicos, os quais veremos ao longo do curso. 
Esperamos que apreciem o material e busquem nas referências anotadas ao 
final da apostila subsídios para sanar possíveis lacunas que venham surgir ao longo 
dos estudos. 
Ressaltamos que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser 
científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às 
regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem 
de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original. 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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7
 
UNIDADE 2 – SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA 
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO NO BRASIL 
 
Reafirmando o exposto na introdução, o profissional habilitado em engenharia 
de produção pode trabalhar junto à alta administração, supervisionar a gestão da 
produção, participar da gestão econômico-financeira e, especialmente, da tomada 
de decisões estratégicas. 
Para Cunha (2002 apud OLIVEIRA, 2004), uma das explicações para o 
crescimento do número de cursos em engenharia de produção está na evolução do 
mundo da produção. 
O foco na gestão do conhecimento significa adotar uma diversidade de fontes 
de conhecimento, utilização de banco de dados internos e externos (inclusive o 
know how e a expertise dos funcionários), de parceiros (fornecedores e clientes), 
entre outros. É, basicamente, incentivar o que os profissionais fazem de melhor: o 
seu “trabalho intelectual” (LARA, 2001). 
No tocante à engenharia de produção, o conhecimento (ou gestão do 
conhecimento) tem influência direta no estabelecimento de uma vantagem 
competitiva e, o conjunto de conhecimentos abarcados pela formação do engenheiro 
de produção permitem as condições necessárias para uma organização construir um 
conjunto de vantagens competitivas (OLIVEIRA, 2004). 
Ao longo dos últimos anos, a Engenharia de Produção no Brasil vem 
apresentando um crescimento acentuado em termos de criação de cursos e 
disponibilidade de vaga, o que podemos observar por meio dos cem números de 
teses e dissertações aprovadas na área. Para Faé e Ribeiro (2004), no âmbito das 
empresas, a evolução da participação do engenheiro de produção também é 
crescente como se justificou na introdução. 
O que marcou o surgimento da engenharia de produção no Brasil deveu-se, 
de acordo com a UFSCar (2005), à instalação de empresas multinacionais que 
trouxeram no seu organograma funções tipicamente desempenhadas por 
engenheiros industriais, tais como tempos e métodos, planejamento e controle da 
produção, controle de qualidade. Isto influenciou o mercado de trabalho que passou 
a demandar profissionais que ainda não eram formados pelas faculdades e escolas 
de engenharia da época. 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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8
 
Entretanto, diversos autores têm elaborado trabalhos voltados ao estudo do 
curso de engenharia de produção e, percebe-se que, entre eles, há algumas 
divergências sobre a introdução do curso no Brasil. Para Oliveira (2004), o final dos 
anos de 1950 representa o marco inicial da engenharia de produção com as 
universidades USP e UFRJ como pioneiras. Já para Faé e Ribeiro (2005), o ano de 
1957 é o marco inicial na USP. De acordo com os dados do INEP, tem-se início no 
ano de 1946, com a criação de 5 cursos: metalúrgica, têxtil, química, elétrica e 
mecânica. 
De acordo com Furlanetto et al (2002 apud OLIVEIRA, 2005), a partir de 
1998, houve um crescimento vertiginoso do número de cursos de Engenharia de 
Produção no Brasil, saltando dos 38 registrados, em 1997, para aproximadamente 
200 cursos em 2005, registrando-se a criação em torno de quase 20 cursos por ano 
(NIGRO; VALENTE, 2008). 
Em âmbito empresarial, a evolução do curso de Engenharia de Produção é 
crescente. Observa-se que rapidamente se desfaz a confusão original referente ao 
entendimento do que é a Engenharia de Produção e o papel do Engenheiro de 
Produção. Um exemplo disso pode ser verificado nestetrecho extraído da Revista 
Veja: “No caso do engenheiro de produção, especialidade das mais valorizadas na 
praça, ele elabora e desenvolve projetos que aumentem a produção numa fábrica, 
mas reduzam os custos. É a discussão do momento em todas as empresas. Seu 
passe é disputado por bancos, empresas de consultoria e indústrias” (Revista Veja - 
Edição 1805 - 04 de junho de 2003, página 76). 
Novamente tomando por base Faé e Ribeiro (2005), no Brasil, são 
encontrados dois tipos de cursos de Engenharia de Produção. Existem os cursos 
ditos plenos e os cursos que funcionam com habilitações específicas (ênfases) de 
um dos ramos tradicionais da Engenharia. No quadro 1 abaixo, verifica-se um 
grande número de cursos de Engenharia de Produção com habilitação específica 
em outros ramos da Engenharia, bem como a diversidade destas habilitações. Por 
outro lado, o curso pleno é responsável por quase 50% de todos os cursos 
existentes, apresentando 51 cursos em relação a outros 59 com ênfases. Vale 
salientar também o surgimento de novas habilitações nos cursos de Engenharia de 
Produção, impulsionadas pela atual demanda do mercado. Como exemplo, 
 
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9
 
podemos citar os cursos com ênfase em tecnologias limpas, software e calçados e 
componentes. 
 
Quadro 1 - Cursos de EP no Brasil subdivididos por ênfase 
CURSOS TOTAL 
Produção 51 
Produção Mecânica 21 
Produção Civil 11 
Produção Elétrica 8 
Produção Agroindustrial 7 
Produção Química 4 
Produção Metalúrgica 3 
Produção Materiais 1 
Produção Têxtil 1 
Produção Calçados e Componentes 1 
Produção: Tecnologias + Limpas 1 
Produção Software 1 
Total 110 
 
Fonte: Adaptado da Revista Pesquisa e Tecnologia FEI, 2002. 
 
Cunha (2002) ressalta ainda que o aparecimento da Engenharia de Produção 
como uma componente mais gerencial deveu-se, provavelmente, ao fato dos cursos 
da área das Ciências da Administração de Empresas conduzirem seus egressos a 
uma formação de característica mais analítica, sem o foco principal na resolução de 
problemas, característica bem mais típica da Engenharia. Esta diferenciação torna o 
profissional de engenharia de produção apto a lidar com problemas relacionados 
com a mobilização de recursos técnicos, dentro da função de cumprir as tarefas a 
que se destina a empresa ou instituição a que serve. 
A grande capacidade do Engenheiro de Produção em integrar as questões 
técnicas com as gerenciais tem tornado esse profissional muito procurado pelo 
mercado de trabalho. Sabe-se que grande parte dos problemas enfrentados no dia-
a-dia das empresas envolve questões gerenciais, exigindo domínio das áreas 
técnica e administrativa. É nesse contexto que o Engenheiro de Produção exerce 
forte atuação e, sobretudo, possui a capacidade de estabelecer a integração 
necessária entre os diferentes setores das companhias (FAÉ; RIBEIRO, 2005). 
 
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10
 
UNIDADE 3 –A MICROELETRÔNICA, NOVAS 
TECNOLOGIAS E NOVOS PADRÕES DE PRODUÇÃO DE 
BENS 
 
Os movimentos de grandes transformações sociais, técnicas, econômicas e 
culturais que se acentuaram na década de 1980 (movimento este iniciado com a 
recessão de 1973) constitui um processo, ainda que não hegemônico, de profunda 
mudança no interior das sociedades capitalistas, sendo caracterizado como a 
terceira revolução tecno-científica, não só nas rotinas fabris como em praticamente 
todas as atividades socioeconômicas. 
Nas principais economias capitalistas, as mudanças podem ser resumidas 
nos pontos abaixo descritos, conforme a visão de Diehl e Vargas (1996, p. 97-98): 
1. indústria microeletrônica, enquanto novo paradigma tecnológico (via 
liderança do Japão); 
2. uma verdadeira terceirização do processo produtivo (expulsão de custos de 
dentro das empresas); 
3. competição via qualidade e diferenciação de produtos; 
4. organização de sistemas flexíveis de organização produtiva e do trabalho, 
baseados numa maior integração e cooperação inter e intraempresarial; 
5. uma maior integração entre financiamento, fornecimento e produção (sob 
comando da grande empresa oligopolista); 
6. surgimento de um tipo de empresa concentrada, multi-industrial, com um 
importante braço financeiro, atuando em escala internacional. 
Esse processo, descrito acima de forma sumária, resulta em uma nova forma 
de organização produtiva que, além de estar presente e de forma sincronizada em 
vários países, requer a criação, manutenção e a expansão de uma competente rede 
de parcerias, consórcios de produção e de exportação, cooperação em 
desenvolvimento de tecnologias, produtos e processos (FARAH Jr., 2000). 
Dentro destas mudanças faladas acima, as tecnologias de semicondutores 
foram responsáveis por enormes progressos tecnológicos no mundo, período em 
que a indústria de semicondutores cresceu a uma taxa média da ordem de 16% nas 
últimas décadas, contra aproximadamente 4% da economia em geral. Os avanços 
na área de microeletrônica permitem agregação de valor em toda a cadeia produtiva 
 
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11
 
de praticamente todos os segmentos industriais. Para um determinado país possuir 
competência tecnológica e empresarial em projetos e fabricação de circuitos 
integrados, assim como em aplicações da microeletrônica em produtos, significa sua 
inclusão no cenário mundial da microeletrônica e o consequente desenvolvimento 
tecnológico, econômico e social (CAPDA, 2004). 
Mas o que vem a ser a indústria microeletrônica? 
Baseados na tecnologia de circuitos integrados surgem os Microssistemas. 
Microssistemas são tecnologias que integram: microeletrônica, microssensores, 
microatuadores e microestruturas com inúmeras aplicações em diversos segmentos 
de mercado. Da mesma forma que no universo dos circuitos integrados, o mercado 
mundial de microssistemas possui elevada taxa de crescimento, 18% ao ano, com 
estimativas de mercado de 34 bilhões de dólares em 2006 (CAPDA, 2004). 
A microeletrônica é uma tecnologia sem limites de aplicação, podendo vir a 
alterar o modo de produção em todos os campos da atividade humana. Suas 
consequências no plano da qualificação, do emprego, das condições de trabalho e 
da própria composição da força de trabalho — previsíveis ou já em curso — tem 
exigido respostas institucionais que normatizem as relações capital/trabalho de 
forma a, pelo menos, minimizar os graves problemas sociais criados. 
A microeletrônica tem-se constituído em um dos principais instrumentos 
utilizados pelas empresas, no plano mundial, para enfrentar a crise que sobre elas 
se abateu a partir do início da década de 1970. Com a continuidade da crise, tornou-
se imperativo que as empresas reduzissem seus custos, aumentassem a 
intensidade do trabalho e, principalmente, capacitassem seu aparelho produtivo a 
responder às variações do mercado. A internalização dessas prerrogativas deu 
surgimento a normas de produção que, adequadas à situaçãode crise, podem estar 
ao mesmo tempo, na medida em que propiciam grandes ganhos para o capital, 
definindo normas de produção capazes de sustentar a valorização do capital num 
posterior período de expansão. 
Assim é que as empresas têm procurado produzir com estoque reduzido, em 
especial o do processo; têm buscado tornar flexível seu aparelho produtivo; têm 
organizado a produção e o trabalho de forma a aumentar significativamente o 
controle sobre o processo produtivo e reduzir substancialmente o tempo necessário 
 
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para produzir. E a microeletrônica tem viabilizado, com maior segurança, a 
implantação dessas normas de produção. No caso da flexibilidade, inclusive, a 
microeletrônica é condição necessária. O resultado disso tem sido o aparecimento 
de fábricas modernas, flexíveis, com significativa economia de capital fixo e 
circulante e onde o controle sobre o trabalhador é ainda mais intenso (MARQUES, 
1990). 
A geração de competência tecnológica e empresarial em microeletrônica e 
microssistemas voltada para o mercado mundial e suas tendências, capacitação e 
fixação de recursos humanos no país, pesquisa e desenvolvimento em áreas 
mobilizadoras e adequações de políticas às características nacionais é o caminho 
para que o país atinja um desenvolvimento compatível com as necessidades 
globais. 
Os componentes microssistemas (MEMS ou MST) também prometem 
movimentar grandes economias. O desenvolvimento de microssistemas compreende 
inovações em produtos que já existem e, com avanço tecnológico mais significativo, 
promove o surgimento de novos produtos, revolucionando vários segmentos 
industriais. 
A competência tecnológica/empresarial em microssistemas, geralmente 
compreende o ciclo de desenvolvimento e fabricação de: Circuito Integrado (CI), 
componente Microssistema (MST) e Produto Inteligente (PI). 
• Circuitos integrados são dispositivos compostos por milhões de 
componentes eletrônicos miniaturizados e interligados, com inúmeras 
possibilidades de aplicação, projetados para o cumprimento de uma 
determinada função: processamento analógico e/ou digital de sinais, controle, 
memória, CI para aplicações específicas (ASIC), entre outras. Praticamente 
todos os produtos eletrônicos possuem CI. O mercado dos eletroeletrônicos 
tende a reduzir o número de CI por produto a praticamente um único CI. Se, 
por um lado, esse fato torna-se possível por inovações tecnológicas em 
processos de fabricação, por outro, o mercado começa a exigir 
progressivamente maiores avanços em tecnologias de produção de CI, 
significando redução do seu tamanho físico, desenvolvimento de tecnologias 
 
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que permitam a fabricação de um sistema completo em um único CI e 
aumento de eficiência para os fins pelos quais é projetado. 
• Os componentes microssistemas (MSTs) são produzidos com base em 
princípios do processo de fabricação de CI, Microssistema, como dito, pode 
ser definido como uma tecnologia que integra: microeletrônica, 
microssensores, microatuadores e microestruturas. A tecnologia de 
microssistemas permite o desenvolvimento de produtos inteligentes com alto 
valor agregado (veja ilustração abaixo). Os microssistemas, assim como 
circuitos integrados, podem ser aplicados em produtos já existentes, 
tornando-os produtos inteligentes com capacidade tecnológica aumentada. 
Porém, o maior avanço oferecido pelos microssistemas é a geração de novos 
produtos, antes inviáveis, para uma grande variedade de segmentos de 
mercado. 
Figura 1 - Tecnologias envolvidas e aplicações típi cas 
 
• Produto Inteligente (PI) é o produto dotado de uma capacidade de 
processamento eletrônico, que adéqua seu comportamento em função de 
sensoriamento, comandos e/ou dados fornecidos, atuando e desempenhando 
com alta versatilidade e eficiência suas finalidades. Exemplos de produtos 
inteligentes são: Impressora de jato de tinta, airbag, sistemas de freio ABS, 
TV digital, reatores químicos, telefones móveis, cabeças magnéticas de 
discos de armazenamento, eletrodomésticos em geral, sensores e atuadores 
 
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biomédicos para implante, analisadores químicos, analisadores de DNA, 
smart-cards, monitores de processos industriais, e muitos outros. Abaixo 
temos a ilustração de um esquema de desenvolvimento de produtos 
inteligentes. 
 
Figura 2 - Desenvolvimento de produtos inteligentes 
 
Eis aqui um bom exemplo de inserção do Engenheiro de Produção, uma vez 
que a tecnologia de fabricação de microssistemas difere principalmente quanto ao 
material utilizado no processo. Pelo fato de um componente microssistemas ser 
constituído por microestruturas, com funções diversas de sensoriamento e atuação 
em diferentes ambientes físicos, a gama de materiais utilizados para sua fabricação 
é bem maior que os materiais utilizados em CI, o que inclui vidro, plástico, diferentes 
metais e outros. Além disso, para a fabricação de complexas estruturas, e suas 
interligações, é necessário o desenvolvimento de novos processos de fabricação, 
áreas que podem chamar atenção desse especialista que pode contribuir 
sobremaneira com os mais variados conhecimentos, desde gerenciar novos 
projetos, administrar materiais, estoques, custos, enfim, treinar recursos humanos, 
planejar da produção à logística de distribuição, passando pela qualidade (CAPDA, 
2004). 
Em particular, a indústria automobilística mundial tem-se destacado em 
relação aos demais setores industriais, quanto à utilização da microeletrônica. Três 
décadas passadas, no ano de 1980, 58% dos robôs utilizados na França e perto de 
um terço dos do Japão estavam empregados na indústria automobilística. Em 1986, 
estimava-se que 80% do parque total de robôs da Espanha se concentravam nesse 
tipo de indústria (CUESTA, 1987 apud MARQUES, 1990). É claro que o uso da 
microeletrônica na automobilística não se restringe à implantação de robôs, sendo 
relevante a participação de CNC (Comando Numérico Computadorizado), CAD/CAM 
(Desenho Assistido por Computador/Manufatura Assistida por Computador), vários 
 
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tipos de sensores ou controladores, entre outros equipamentos com base nessa 
tecnologia. Os dados referentes à utilização de robôs, contudo, constituem um bom 
indicador da introdução da microeletrônica na indústria automobilística. 
O papel de destaque assumido pela indústria automobilística mundial neste 
particular deve-se, em grande medida, ao fato de ela ter sido um dos setores mais 
atingidos pela crise, tornando-seimperioso que suas empresas desenvolvessem 
verdadeira guerra para manter seus mercados. 
No caso das montadoras americanas e europeias, as dificuldades 
apresentaram-se ainda maiores, pois para dar conta do acirramento da concorrência 
intercapitalista – em parte acentuada pela competitividade das montadoras 
japonesas – precisavam, antes de tudo, resolver os problemas decorrentes de sua 
organização da produção e da relação estabelecida entre capital e trabalho 
(MARQUES, 1990). 
De um lado, verifica-se que as novas máquinas e equipamentos permitem 
superar problemas preexistentes, que impediam o aceleramento da produção ou que 
tornavam o tempo de produção distante do trabalho. De outro, a microeletrônica tem 
viabilizado a extensão da organização fordista do trabalho a setores de onde até 
então ela estava ausente. 
Ao otimizar este tipo de organização do trabalho, a microeletrônica tem 
afetado o trabalho concreto em vários aspectos. Verifica-se perda do conteúdo do 
trabalho, particularmente junto à ferramentaria e a alguns postos na usinagem. Com 
a adoção de máquinas-ferramentas com controle numérico ou controle numérico 
computadorizado, já não é mais necessário que o operador conheça a arte de 
usinar. As novas máquinas incorporam em seus programas o conhecimento e a 
experiência antes exigidos dos trabalhadores. 
É importante mencionar, entretanto, que a utilização destes equipamentos 
não desqualifica necessariamente o trabalhador. A perda de conteúdo do trabalho 
do ferramenteiro ou do trabalhador da usinagem é, na verdade, decorrente da 
concepção de organização do trabalho adotada pela empresa. Só há 
desqualificação porque a gerência não permite que o trabalhador realize e altere os 
programas, apoiando-se no princípio básico da Organização Científica do Trabalho 
que é o de manter separadas a concepção e a execução (MARQUES, 1990). 
 
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Este impacto da automação também se faz presente no trabalho de solda, 
tanto na mais simples (solda a ponto) como na mais complexa (solda contínua). No 
caso da solda contínua, parece que a tendência das montadoras brasileiras é 
eliminar este trabalho, substituindo o trabalho do soldador pela introdução do robô. 
Cabe esclarecer que ao substituir o operador pelo robô, a automação não está 
impondo mera perda do conteúdo do trabalho e sim eliminando o próprio trabalho do 
processo de produção de automóveis, já em relação ao trabalho do operador de 
solda a ponto, apesar de sempre ter sido considerado relativamente simples, com a 
microeletrônica é ainda mais simplificado, pouco exigindo do trabalhador. 
Assim, ao nível do chão de fábrica, parece que a microeletrônica tem 
resultado na desqualificação do trabalhador. Esta conclusão apoia-se no fato de que 
a única função qualificada criada pela automação foi a do eletricista eletrônico na 
manutenção, que mobiliza número significativamente reduzido de trabalhadores. 
Como esta verificação já ocorrera anteriormente em pesquisa do Instituto de 
Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA), realizada em 1984, quando a difusão da 
microeletrônica nas montadoras era menor do que atualmente, é plausível supor que 
novas funções qualificadas não deverão surgir junto à produção. 
Outro aspecto do trabalho alterado com a microeletrônica diz respeito ao 
ritmo. Com a eliminação, propiciada pela automação, de pontos de estrangulamento, 
os postos subsequentes foram acelerados, resultando em intensificação do trabalho, 
que também ocorreu a partir da automação da circulação de materiais. 
Estes efeitos da modernização são encontrados em vários setores de 
montadoras analisadas por Marques, afetando tanto o trabalho do operário que 
participa mais diretamente do processo, quanto o daquele cujo papel é mais de 
monitoração. 
Com a modificação das exigências do trabalho do operador (no interior das 
montadoras), as empresas têm procurado fazer com que ele passe a assumir o 
trabalho de controle de qualidade, quando este não é passível de ser realizado pelos 
próprios equipamentos. Marques também verificou que as empresas têm incentivado 
o operador, ou mesmo o feitor, a realizar a preparação das máquinas. Com tal 
procedimento, as funções ficam diluídas, cada qual fazendo, além de sua função, 
um pouco de outra. A continuar esta prática, é possível que desapareçam os cargos 
 
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de controlador de qualidade e de preparador de máquinas em determinados setores 
da fábrica, mostrando que o impacto da automação, por um lado, favorece o ritmo e 
por outro afeta as relações e postos de trabalho (MARQUES, 1990). 
 
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UNIDADE 4 – RESPONSABILIDADES E COMPETÊNCIAS 
ESSENCIAIS AO ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO 
 
4.1 Responsabilidades 
Diante do aparecimento de novas tecnologias – abundantes e 
constantemente renovadas a cada dia –, uma nova conduta torna-se necessária ao 
engenheiro, pelo fato de estes possuírem um papel potencialmente transformador na 
sociedade. A consciência desse papel é fundamental no exercício da profissão, 
como apontado por Mitcham (1994 apud MAYR et al, 2010) em um de seus ensaios, 
ao inferir que os engenheiros, mais do que quaisquer outros homens, guiarão o 
futuro da humanidade […] Recaem sobre os engenheiros responsabilidades nunca 
antes enfrentadas por ninguém. 
De acordo com Cremasco (2009), está surgindo no engenheiro, uma nova 
conduta ligada a um perfil humanístico, crítico e reflexivo, capaz de absorver e 
desenvolver novas tecnologias, estimulando a atuação criativa na solução de 
problemas, o que deve ser feito considerando seus aspectos políticos, econômicos, 
sociais, ambientais e culturais com uma visão ética e humanística em atendimento 
às demandas da sociedade. 
O desafio para a formação do engenheiro moderno começa, contudo, pelos 
currículos nacionais dos cursos de graduação em engenharia, uma vez que sempre 
foram construídos numa lógica instrumental e tecnicista, privilegiando a acumulação 
de conteúdos e estendendo-se até a atuação do profissional no mercado de trabalho 
(DOMINGOS e FRANCINETE, 2006 apud BAZZO; MENESTRINA, 2008). 
Segundo Cremasco (2009), o profissional de engenharia deve apresentar um 
perfil de formação generalista, humana e reflexiva, e ser capacitado a absorver e 
desenvolver novas tecnologias, fomentando sua atuação crítica e criativa na 
identificação e resolução de problemas. Por vivermos uma época de mudanças 
rápidas em termos de técnica, o engenheiro precisa ser capaz de moldar-se às 
novas necessidades. 
A partir daí, pode-se definir o tripé que resume o engenheiro atual: 
primeiramente vem a habilidade técnica, que está associada à habilidade em 
determinado tipo de atividade, principalmente naquela em que estejam envolvidos 
métodos, processos e procedimentos. Como exemplo, pode-se tomar o processo de 
 
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formação, que em sua grande maioria é voltado, ainda, para cálculos, simulações e 
projetos, caracterizando-o com um indivíduo acima de tudo objetivo. 
O segundo pilar é a habilidade humana, ou seja, a capacidade de o indivíduo 
interagir com outros (SILBER; STELNICKI, 1987 apud MAYR et al, 2010). Este 
indivíduo é consciente de suas próprias atitudes, opiniões e convicções acerca dos 
outros. Ao perceber a existência de outras atitudes, opiniões e convicções diferentes 
da sua, o indivíduo é hábil para compreendê-las (MAÑAS, 1999). 
Finalmente, quando o profissional tomar consciência da necessidade de 
conciliar sua habilidade técnica (a de executar sua atividade específica) com a 
habilidade humana (a de desenvolver o relacionamento humano proativo), ele 
desenvolverá a habilidade conceitual (CREMASCO, 2009). Temos, então, a última 
perna do tripé, que está diretamente associada à coordenação e integração de todas 
as atitudes e interesses da organização a qual pertence ou presta serviço. Em 
outras palavras, não basta ser bom técnico; é preciso entender de forma abrangente 
o sentido da atividade que se está exercendo, através dessas três habilidades 
interconectadas, como ilustra a Figura 3. 
Figura 3 – Habilidades para o engenheiro atual 
 
Fonte: (adaptado de CREMASCO, 2009) 
 
A engenharia, mais do que uma ocupação, tem dimensões éticas que 
implicam responsabilidades, compreendendo deveres e obrigações que aumentam 
ou diminuem conforme as necessidades sociais. 
De um engenheiro formado, será exigido, primordialmente, o domínio da 
técnica necessária às atividades profissionais. Segundo Cremasco (2009), “esse 
interesse aparece quando se chega a compreender que a produtividade deve ser 
 
Conceitua
l 
 
Humana 
 
Técnica 
 
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melhorada continuamente, sendo necessárias novas soluções para que isso 
aconteça”, ou seja, as habilidades do engenheiro deverão culminar em resultados 
significativos para melhorias na produtividade, mesmo que, para isso, seja preciso 
criar algo totalmente novo. 
Diante da importância de inovar, mas com uma real preocupação sobre a 
sociedade, as responsabilidades do engenheiro não se estendem apenas à ética, 
mas a um campo mais abrangente, como o social, o legal e o técnico (ilustração 4 
abaixo). Conforme nos alerta Enriquez e Durcel (1997 apud MAYR et al, 2010), os 
seres humanos e sociais não são somente responsáveis frente às gerações futuras 
pelo peso de suas ações presentes, mas também pela maneira como tratam o 
passado, como registram a história, a aceitam e a deformam. Desse modo, as ações 
do profissional de engenharia deverão prever como será a repercussão futura da 
solução adotada. 
Figura 4 – Engenheiro socialmente responsável 
 
Fonte: adaptado de CREMASCO (2009) 
 
O surgimento de uma exigência ética nas organizações faz com que as 
responsabilidades morais sejam cada vez mais garantidas, não somente por suas 
características dinâmicas, mas também por ser quase impossível ignorá-las. Pelo 
contexto atual de competitividade de mercado, garantir o cumprimento das 
responsabilidades irá interferir na qualidade do bem produzido e na eficiência de 
produção (ENRIQUEZ; DURCEL, 1997 apud MAYR et al, 2010). 
Embora estejamos em um curso muito amplo, vale conferir o pensamento de 
Martin e Schinzinger (1996 apud MAYR et al, 2010) os quais dizem que a discussão 
sobre ética dentro dos cursos de engenharia agregaria aos estudantes a capacidade 
 
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de pensar e agir corretamente quando estes se defrontarem com atividades 
tecnológicas concretas. Dessa maneira, com uma tal formação – baseada em 
valores morais, na escolha do certo ou errado, sabendo considerar o antiético como 
um mal ao comportamento profissional – surge a responsabilidade ética na 
engenharia como uma reflexão em si. 
A responsabilidade legal provém da preocupação com as atividades do 
engenheiro, que deve produzir serviços, processos e/ou produtos dentro de padrões 
de segurança e de leis vigentes (trabalhistas e ambientais, por exemplo). Um 
exemplo é o engenheiro civil, ao qual cabem vários cuidados antes do início da 
construção. 
Azevedo (2009) relembra a necessidade de contratar estudos geotécnicos e 
ambientais para avaliação dos impactos decorrentes do empreendimento, avaliar as 
condições do terreno, planejar ações para proteção da saúde e segurança dos 
trabalhadores, respeitando a legislação e as normas aplicáveis e é preciso cuidar 
para que os serviços e produtos estejam dentro dos parâmetros de qualidade, 
segurança e economia. 
Quanto à responsabilidade técnica, esta está ligada diretamente ao 
conhecimento adquirido durante a formação do engenheiro, ou seja, se este foi 
capaz de absorver o saber de modo criativo, aplicando-o no desenvolvimento de 
novas tecnologias e na resolução de problemas. Vale ressaltar que o engenheiro 
precisa levar em conta os impactos que poderão acarretar suas propostas, soluções 
e criações tanto no âmbito social como político, ambiental e cultural (ROBBINS, 
1996 apud MAYR et al, 2010). 
No Brasil, a lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977, prevê a assinatura 
obrigatória, por parte do profissional técnico responsável, da “Anotação de 
Responsabilidade Técnica” em qualquer empreendimento nos campos da 
arquitetura, agronomia e engenharia. O documento é um compromisso assumido 
perante a sociedade de que o projeto e sua execução encontram-se sob a 
supervisão do conhecimento específico necessário, ou seja, uma pessoa a quem 
compete responder pela técnica aplicada. 
Por fim, cabe falar sobre a questão da responsabilidade social. Foi uma 
preocupação surgida no EUA e nos países europeus entre 1950/60, devido às 
 
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mudanças que aconteceram no macro ambiente dos negócios como a elevação dos 
níveis de renda e elevação de instrução das pessoas, deterioração do meio 
ambiente e surgimento do movimento dos consumidores (FERREIRA; PASSADOR, 
2002). 
Segundo os mesmos autores, […] cabe ao engenheiro a competência de 
compreender a inter-relação dos sistemas de produção com o meio ambiente, de 
implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e processos, levando em 
consideração os limites e as características das comunidades envolvidas e, por fim, 
acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a serviço da 
demanda das empresas e da sociedade. 
Enfim, ciência, tecnologia e engenharia são ferramentas essenciais para a 
compreensão do mundo, mas não fins em si mesmas. Desse modo, o engenheiro 
deve visualizar asociedade e a técnica como um sistema, buscando entender a 
interconexão entre as suas partes. Assim, suas ações devem ser pautadas na 
responsabilidade social (COSTA; PAIVA; LIMA, 2006). 
 
4.2 Competências essenciais 
Segundo Fleury e Fleury (2000), competência é uma palavra do senso 
comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. 
O seu oposto, ou o seu antônimo, não implica apenas a negação desta capacidade, 
mas guarda um sentimento pejorativo, depreciativo. Chega mesmo a sinalizar que a 
pessoa se encontra ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de 
trabalho e de reconhecimento social. 
Fazendo um recorte no tempo/espaço e nas discussões desde o surgimento 
do debate em torno das competências, conceitualmente, competência pode ser 
pensado como conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (isto é, conjunto 
de capacidades humanas) que justificam um alto desempenho, acreditando-se que 
os melhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e personalidade 
das pessoas. Em outras palavras, a competência é percebida como estoque de 
recursos, que o indivíduo detém. 
Estudos de Borchardt et al (2007) nos levam a compreender que a noção de 
competência tem sido desenvolvida e aprimorada por uma série de autores ao longo 
 
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dos anos. Duas abordagens se destacam: a das competências organizacionais, 
desenvolvida por autores que adotam a visão de estratégia baseada em recursos 
(Resource Based View), que considera as competências distintivas das empresas 
correspondentes aos ativos tangíveis (como canais de distribuição) e intangíveis 
(como o potencial dos seus recursos humanos). Essa abordagem ganhou projeção a 
partir da pesquisa de Prahalad e Hamel (1990, 1995). 
Outra abordagem é a das competências individuais (BOYATZIS, 1982; 
SPENCER e SPENCER, 1993; SANDBERG, 1996; LE BORTEF, 2003 apud 
BORCHARDT et al, 2007). Ainda que tenha surgido como uma evolução do conceito 
de qualificação, há muito a visão de competências individuais deixou de ser apenas 
o somatório de conhecimentos, habilidades e atitudes. Foram incluídos nessa noção 
outros aspectos como a mobilização, o contexto e o resultado. 
Para Fleury e Fleury (2000), a competência individual encontra seus limites, 
mas não sua negação no nível dos saberes alcançados pela sociedade, ou pela 
profissão do indivíduo, numa época determinada. As competências são sempre 
contextualizadas. Os conhecimentos e o know how não adquirem status de 
competência a não ser que sejam comunicados e utilizados. A rede de 
conhecimento em que se insere o indivíduo é fundamental para que a comunicação 
seja eficiente e gere a competência. Do lado da organização, as competências 
devem agregar valor econômico para a organização e valor social para o indivíduo. 
O conjunto de conceitos apresentado por Barbosa (2001) e Bitencourt e 
Barbosa (2004) permite observar a amplitude de enfoques sob os quais se trata o 
termo competências. 
Entretanto, três pontos mais frequentes podem ser destacados em se 
tratando de competência: 
1. envolve conhecimentos, habilidades e atitudes, mas não se restringe a eles; 
2. envolve resultado, sendo frequentemente relacionada a desempenho; e, 
3. refere-se a um processo dinâmico, não reside apenas no campo das 
possibilidades, tendências ou potencialidades. 
Portanto, a mobilização é uma palavra-chave na compreensão do conceito, 
bem como a ideia de evento. Ninguém é competente a priori. 
 
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Buscando-se uma síntese para o conceito, pode-se observar no trabalho de 
Bitencourt (2001) que as competências, nas diferentes abordagens entre os autores 
que discutem o tema, são geralmente relacionadas a um ou mais dos aspectos que 
se seguem: formação; aptidão; ação; mobilização; resultados; perspectiva dinâmica; 
autodesenvolvimento; interação, corroborando nesse sentido, o pensamento de 
Fleury e Fleury (2000) de que a noção de competência aparece assim associada a 
verbos como: saber agir, mobilizar recursos, integrar saberes múltiplos e complexos, 
saber aprender, saber engajar-se, assumir responsabilidades, ter visão estratégica. 
Quanto às competências profissionais, Resnick (1997) as dividem em três 
grupos: competências básicas, competências gerais ou transferíveis e competências 
específicas ou técnicas – são aquelas que descrevem comportamentos associados 
a conhecimentos de caráter técnico. 
Resende e Paula (2000) também classificam as competências profissionais 
em três categorias. Sua análise, entretanto, se dá sob outro ponto de vista, 
relacionando-as a atributos pessoais, atributos comportamentais e atributos de 
conhecimento. 
Por outro lado, Gílio (2000) classifica as competências profissionais em três 
grandes categorias, distintas das anteriores: habilidades cognitivas e de educação 
básica, conhecimentos técnicos e atributos comportamentais e de personalidade. 
Borchardt et al (2007) concluem que parece haver dois enfoques distintos 
compondo o termo competências profissionais. De uma perspectiva técnica e 
formativa, as competências são concebidas como uma estrutura cognitiva que 
facilita determinados comportamentos. De uma perspectiva operacional, as 
competências parecem cobrir um amplo intervalo de habilidades de alto nível e 
comportamentos que representam a capacidade de lidar com situações complexas e 
imprevisíveis. 
Focando especificamente a área de EP, determinar as competências 
necessárias para exercer a atividade de engenheiro, e mais especificamente de 
engenheiro de produção, é uma demanda tanto das empresas industriais como das 
universidades. De um lado, esta demanda é pressionada pela constante busca por 
diferenciais competitivos de qualidade e produtividade. De outro, porque parte da 
responsabilidade pelo perfil do egresso, ou seja, dos novos profissionais recai sobre 
 
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as Instituições de Ensino Superior (IES), enquanto mediadoras de conhecimentos e 
formadoras de habilidades, porque, é bem verdade, devido à competitividade 
acirrada, elas devem priorizar as reais necessidades dos clientes externos e internos 
que serão os beneficiários diretos (BORCHARDT et al, 2007). 
A EP, segundo Cunha (2004), adota o núcleo de conhecimentos básicos 
propostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em 
Engenharia – Resolução CNE/CES 11, de 11 de março de 2002. O núcleo de 
conhecimentos específicos para a formação do Engenheiro de Produção é indicado 
pelas Diretrizes da ABEPRO. Os mesmos são descritos no Quadro 2. 
Quadro 2 – Conhecimentos profissionalizantes 
Núcleo de 
conhecimentos 
profissionalizantes 
Componentes do núcleo de 
 conhecimentos profissionalizantes 
Engenharia de produto Planejamento do Produto; Projeto do Produto. 
Projeto de fábrica Análise de Localização; Instalações Industriais; Arranjo 
Físico;Movimentação de Materiais. 
Processos produtivos Processos Discretos de Produção; Processos 
Contínuos de Produção; Fundamentos de Automação; 
Planejamento de Processos. 
Gerência de produção Planejamento e Controle da Produção; 
Organização/Planejamento da Manutenção; Logística e 
Distribuição; Estratégia; Gestão Ambiental. 
Qualidade Gestão da Qualidade; Controle Estatístico da 
Qualidade; Normalização e Certificação; Metrologia; 
Inspeção e Ensaios; Confiabilidade. 
Pesquisa operacional Programação Matemática; Processos Estocásticos; 
Simulação de Sistemas de Produção; Avaliação e Apoio 
à Tomada de Decisão. 
Engenharia do trabalho Organização do Trabalho; Ergonomia; Higiene e 
Segurança do Trabalho; Engenharia de Métodos e 
Processos. 
Estratégia e 
organizações 
Planejamento Estratégico; Organização Industrial; 
Economia Industrial; Gestão Tecnológica; Sistemas de 
Informação. 
Gestão Econômica Engenharia Econômica; Custos da Produção; 
Viabilidade Econômico-financeira. 
 
Fonte: Adaptado de Cunha (2004) 
 
 
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Os quadros 3, 4 e 5 abaixo reúnem algumas competências genéricas do 
Engenheiro, competências específicas ao Engenheiro de Produção, bem como 
atitudes que poderão determinar seu sucesso no ambiente de trabalho. 
Quadro 3 – Competências genéricas do engenheiro 
Competências genéricas 
Capacidade de... abstração para construção de modelos de representação do 
funcionamento de objetos e fenômenos de interesse em Engenharia; 
perceber oportunidades de desenvolvimento de novas soluções 
em Engenharia; 
aplicar diferentes abordagens na solução de um mesmo problema; 
estratificar um problema de Engenharia em componentes mais 
elementares, de modo a facilitar sua solução; 
apropriar-se de novos conhecimentos de forma autônoma e 
independente; 
analisar estados anteriores e de prever estados futuros de objetos 
e fenômenos de interesse em Engenharia; 
lidar com a incerteza e com imprevisibilidade de comportamento 
de objetos e de fenômenos de interesse em Engenharia; 
estabelecer raciocínio sobre a solução de problemas mesmo 
existindo lacunas referentes a sua formulação; 
adaptação, de modo a assimilar e aplicar novos conhecimentos; 
abstração para construção de modelos de simulação do 
funcionamento de objetos e fenômenos de interesse em Engenharia; 
formalizar o conhecimento adquirido por via de experimentação 
utilizando as formas de expressão típicas da Engenharia. 
 
Quadro 4 – Competências específicas do engenheiro 
 
Competências específicas 
Ser capaz de... planejar e gerenciar sistemas produtivos. 
utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas de produção 
e auxiliar na tomada de decisões. 
planejar e gerenciar sistemas de qualidade. 
planejar e gerenciar a saúde, segurança e organização do trabalho. 
acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a serviço 
da demanda das empresas e da sociedade. 
prever a evolução dos cenários produtivos, estabelecendo estratégias 
empresariais que assegurem o desenvolvimento sustentável. 
gerenciar e otimizar o fluxo de informações nas empresas, utilizando 
tecnologias adequadas. 
utilizar indicadores de desempenho, sistemas de custeio, bem como avaliar a 
viabilidade econômica e financeira de projetos. 
prever e analisar requisitos de clientes, gerenciando o desenvolvimento ou 
melhoria de produtos. 
compreender a inter-relação dos sistemas produtivos com o meio ambiente, 
gerenciando os aspectos associados à utilização de recursos e disposição final 
 
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de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de sustentabilidade. 
 
 
Quadro 5 – Atitudes necessárias ao engenheiro 
 
Atitudes 
Postura proativa. 
Postura inovadora, com aptidão para desenvolver soluções originais e criativas para os 
problemas de Engenharia. 
Postura de persistente e continuidade da solução de problemas. 
Postura de busca permanente da racionalização do aproveitamento de recursos. 
Senso de iniciativa e de busca autônoma de soluções. 
Postura de busca de melhorias progressivas no desempenho de produtos e processos. 
Senso de posicionamento crítico em relação aos processos analisados. 
Postura de busca permanente da eficiência e da eficácia. 
Senso de comprometimento para com os colegas e para com a instituição em que venha a 
trabalhar. 
Postura ética. 
Postura investigativa, para acompanhar e contribuir com o desenvolvimento científico e 
tecnológico. 
Postura reativa. 
Postura de permanente busca de atualização profissional. 
Senso empreendedor. 
Postura de efetivo comprometimento para com a sua carreira. 
 
 
Fonte: UFRS (2009) 
 
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UNIDADE 5 –AUDITORIAS NA ENGENHARIA DE 
PRODUÇÃO 
 
Etimologicamente falando, o termo auditoria, origina-se do latim audire, 
“ouvir”. Inicialmente os ingleses o traduziram como auditing para designar, 
exclusivamente, o conjunto de procedimentos técnicos para a revisão dos registros 
contábeis (ARAÚJO, 2001). Em nossos dias, é praticamente uníssono o 
entendimento de que prevalece o seu sentido mais amplo, que consiste na ação 
independente de se confrontar uma determinada condição com o critério 
preestabelecido, que se configura como a situação ideal, para que se possa opinar 
ou comentar a respeito. 
Conforme Mills (1994), auditoria consiste na realização de uma avaliação 
reconhecida oficialmente e sistematizada pelos interessados, com a finalidade de 
assegurar que o sistema, programa, produto, serviço e processo aplicáveis perfaçam 
todas as características, critérios e parâmetros exigidos. Há vários tipos de auditoria: 
auditoria contábil, auditoria corporativa, auditoria ambiental, auditorias de 
fornecedores, auditorias de saúde e segurança ocupacional, auditorias de qualidade, 
etc., cada uma com seus parâmetros de exigência e interessados específicos. 
Além dos tipos acima, temos a auditoria interna e externa. 
 
5.1 Auditorias internas 
Auditoria interna pode ser conceituada como um controle gerencial que 
funciona por meio de medição e avaliação da eficiência de outros controles. Sendo 
entendida como uma atividade de assessoramento à administração quanto ao 
desempenho das atribuições definidas para área da empresa, mediante as diretrizes 
políticas e objetivos por aquela determinada. 
Já o Conselho Federal de Contabilidade através da Resolução CFC nº 
780/95, que aprova a NBC T 12, conceitua auditoria interna como sendo o conjunto 
de procedimentos técnicos que tem por objetivo examinar a integridade, adequação 
e eficácia dos controles internos e das informações físicas, contábeis, financeiras e 
operacionais da entidade. 
Os tipos de auditoria interna podem ser definidos de acordo com a atuação do 
auditor interno e os tipos e abrangências dos trabalhos com enfoques diferentes, 
 
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podendo em algumas áreas ter a colaboração de outros profissionais 
especializados. Segue-se uma breve descrição de cada uma delas: 
 
5.1.1 Auditoria contábil 
Auditoria na Área Contábil é a auditoria realizada junto a área contábil, tem 
por objetivo identificar a adequação dos registros e procedimentos levados a efeito 
na empresa, a qualidade dos controles internos existentes, a observação das 
normas e regulamentos traçados pela administração, bem como a avaliação da 
correta aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas 
Brasileiras de Contabilidade. 
Segundo Sá (1998), a auditoria é uma técnica aplicada ao sistemático exame 
dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de 
consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e 
orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública 
ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. 
O objeto de trabalho da auditoria contábil consiste no exame do conjunto de 
todos os elementos de controle do patrimônio administrado, os quais compreendem 
registros contábeis, papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações que 
comprovem a veracidade dos registros e legitimidade dos atos e fatos da 
administração. 
Ainda, pode a auditoria fundamentar-se em informações obtidas 
externamente, tais como, dentre outras, as relativas à confirmação de contas de 
terceiros e de saldos bancários. As confirmações obtidas dessas fontes, em muitos 
casos, oferecem melhores características de credibilidade do que aquelas obtidas 
dentro da própria entidade em exame. 
É sobre o seu objeto que Franco e Marra (2001, p.31) relatam: 
 
a auditoria exerce sua ação preventiva, saneadora e moralizadora, para 
confirmar a veracidade dos registros e a confiabilidade dos comprovantes, 
com o fim de opinar sobre a adequação das situações e informações 
contidas nas demonstrações contábeis, na salvaguarda dos direitos dos 
proprietários, dos financiadores do patrimônio, do próprio fisco e, até, da 
sociedade em geral. 
 
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A auditoria visa avaliar o controle das principais áreas das empresas, 
buscando protegê-las contra situações propiciadoras de fraudes, simulações, 
desfalques, dentre outras, através de técnicas próprias. 
A finalidade da auditoria contábil é a confirmação dos registros contábeis e 
consequentes demonstrações contábeis. Na consecução de seus objetivos ela 
contribui para confirmar os próprios objetivos da ciência contábil, avaliando a 
adequação dos seus registros e fornecendo à administração, ao fisco, aos credores, 
aos investidores e à sociedade em geral a convicção de que as demonstrações 
financeiras refletem, satisfatoriamente ou não, a situação patrimonial da entidade em 
determinada data e suas variações em determinado período analisado. 
Dentro desta área, cabem as seguintes avaliações e exames: 
• Exatidão, fidedignidade, justeza, completabilidade, tempestividade da 
apresentação e da publicação das Demonstrações Contábeis, de qualquer 
relatório formal ou institucional, de natureza orçamentária, financeira, contábil 
ou tributária; 
• Fidedignidade, integridade, adequação, confiabilidade e utilidade dos registros 
orçamentários, financeiros, econômicos e contábeis; 
• Correção, eficácia e adequação dos controles da guarda, da divulgação, do 
arquivo, dos meios de consulta e da informatização da documentação 
pertinente à área contábil, bem como das formas de identificação, 
classificação, comunicação e divulgação das respectivas informações; 
• Adequação e eficácia dos controles, registros e meios de proteção dos ativos 
e da comprovação de sua existência real, utilidade, ociosidade e 
economicidade, bem como a comprovação da autenticidade e 
completabilidade dos passivos; 
• Eficiência, eficácia e economicidade na utilização de recursos e na 
administração contábil-financeira e tributária de fundos e programas; 
• Cumprimento das políticas, procedimentos, normas legais e regulamentos, 
metas e objetivos compreendidos na área auditada; 
• Exame e avaliação das aplicações de recursos, observando o cumprimento 
de normas legais, institucionais e aspectos contratuais pertinentes; 
 
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• Avaliação do alcance dos objetivos das operações financeiras, investimentos, 
imobilizações, obrigações, despesas, receitas, fundos e programas, etc.; 
• Exame e avaliação das fontes de recursos, observando os aspectos 
econômicos acerca da tempestividade de sua aplicação; 
• Exame e avaliação da rentabilidade das aplicações e sua contribuição na 
formação do resultado da empresa; 
• Transparência, adequação e tempestividade das informações, particularmente 
em relação aos Princípios Fundamentais de Contabilidade; 
• Emissão de opinião sobre as Demonstrações Contábeis, fundos e programas 
e planos de natureza financeira, instituídos ou administrados pela empresa; 
• Assessoramento ao Conselho Fiscal, em matéria compreendida no âmbito de 
sua competência específica, e; 
• Acompanhamento dos trabalhos de auditoria independente. 
 
5.1.2 Auditoria operacional 
O objetivo da Auditoria na Área Operacional é assessorar a administração no 
desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, avaliando se a 
organização, departamento, sistemas, funções, operações e programas auditados 
estão atingindo os objetivos propostos com identificação de falhas e irregularidades 
no sistema operacional. 
 
5.1.3 Auditoria de gestão 
A Auditoria Interna em nível de gestão desempenha suas atividades 
participando de reuniões de diretoria, comitês operacional-financeiros, grupos 
envolvidos com projetos de qualidade total, etc. Trabalha em nível de planejamento 
estratégico, tático e no processo decisório decorrente da aplicação de sistemas, 
políticas, critérios e procedimentos. 
 
5.1.4 Auditoria de sistemas informatizados 
A Auditoria de Sistemas Informatizados teve sua aplicação tão ampliada com 
o passar dos anos, que hoje é quase impossível imaginar uma entidade sem ela. 
 
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Instituições financeiras, indústrias, comércio, serviços, tudo está estruturado em 
nível de controles sobre os sistemas informatizados. 
Dessa forma, o auditor interno não pode furtar-se à possibilidade de examinar 
e avaliar esses sistemas. O auditor interno envolve-se no processo de planejamento, 
desenvolvimento, testes e aplicação dos sistemas, preocupando-se com a estrutura 
lógica, física, ambiental, organizacional de controle, segurança e proteção de dados. 
Cabe-lhe informar a administração sobre: adequação, eficácia, eficiência e 
desempenhodos sistemas e respectivos procedimentos de segurança em 
processamento de dados. 
 
5.1.5 Auditoria de produção 
A auditoria de produção objetiva identificar perdas no processo produtivo, 
desvios fraudulentos ou ainda erros de funcionários e colaboradores do 
estabelecimento industrial (AUDIP, 2009). 
As perdas no processo produtivo tem origem na não adequação das 
instalações industriais em relação à matriz de produção do estabelecimento 
industrial. Elencamos alguns itens que podem causar perdas no processo produtivo: 
• equipamentos obsoletos ou com manutenção inadequada; 
• produção acima do limite especificado pelo fabricante do equipamento; 
• lay-out inadequado das instalações industriais, etc. (AUDIP, 2009). 
Já os desvios fraudulentos podem ser fruto de diversas causas, dentre as 
quais destacamos: 
• adulteração proposital de fórmulas, com objetivo de se apropriar de matérias-
primas valiosas, simulando utilizá-las na produção; 
• sucateamento de produção sem o devido processo de avaliação da mesma; 
• apropriação de produtos finais ou em elaboração por funcionários e 
colaboradores da empresa em situações em que não há um controle interno 
eficaz na prevenção ou detecção desses atos; 
• conluio entre fornecedores e funcionários da empresa responsáveis pela 
compra e/ou recepção de matérias-primas e embalagens. 
Como resultado final da auditoria de produção tem-se três situações 
possíveis: 
• Produção coerente com a utilização dos insumos; 
• Produção insuficiente em relação aos insumos utilizados; 
• Insumos insuficientes em relação à produção verificada. 
 
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Cada um dos produtos submetidos à auditoria de produção terá como 
resultado uma das situações descritas acima. Portanto, se houver diversos produtos 
ou sub-produtos sob análise, é possível que ocorra os três resultados 
simultaneamente no mesmo estabelecimento industrial (AUDIP, 2009). 
A Auditoria de produção pode ser aplicada em qualquer estabelecimento 
industrial que utilize em sua linha de produção, qualquer tipo de insumo, sejam eles 
sólidos, líquidos ou gasosos, ou ainda uma composição entre eles. 
 
5.1.6 Auditoria ambiental 
Talvez o ramo mais recente da Auditoria Interna seja a Auditoria Ambiental. 
Prática corrente em países do chamado primeiro mundo, é o ramo da Auditoria 
Interna que examina e analisa os prováveis impactos que as empresas possam 
causar ao meio ambiente, com reflexo direto sobre a imagem delas no mercado e, 
consequentemente, sobre a captação de recursos, sob a forma de financiamentos 
ou lançamento de ações no mercado financeiro. 
O trabalho da Auditoria Interna deverá caminhar no sentido de formar 
opiniões consistentes, não apenas em relação aos custos dos empreendimentos, 
como também aos riscos ambientais previstos com sua implantação e às medidas 
compensatórias e reparadoras a serem tomadas. 
Um exame de auditoria em atividades com envolvimento em relação ao meio 
ambiente deverá considerar a existência de relatório de impacto ambiental e as 
políticas traçadas pela alta administração. É preciso saber como e quanto a 
utilização predatória dos recursos naturais degrada a qualidade do meio ambiente, 
afeta a vida de uma população ou mesmo o valor de uma propriedade próxima às 
instalações da empresa. 
Os procedimentos da auditoria interna são os exames, incluindo testes de 
observância e testes substantivos, que permitem ao auditor interno obter provas 
suficientes para fundamentar suas conclusões e recomendações. 
Sendo que os testes de observância visam a obtenção de uma razoável 
segurança de que os controles internos estabelecidos pela administração estão em 
efetivo funcionamento, inclusive quanto ao seu cumprimento pelos funcionários da 
entidade. E os testes substantivos visam à obtenção de evidência quanto à 
 
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suficiência, exatidão e validade dos dados produzidos pelos sistemas de 
informações da entidade. 
As informações que fundamentam os resultados da auditoria interna são 
denominadas de “evidências”, que devem ser suficientes, fidedignas, relevantes e 
úteis, de modo a fornecerem base sólida para as conclusões e as recomendações. 
 
5.1.7 Auditoria de estoques 
Entre os procedimentos de auditoria nos estoques destaca-se a realização do 
inventário físico, acompanhado pessoalmente pelo auditor, verificando se os itens 
contados foram incluídos no inventário, sua avaliação e conferência de cálculos, 
observando o “corte” que é o momento em que os registros contábeis, os registros 
auxiliares e os documentos com eles relacionados, refletem o levantamento do 
inventário porque um item pode ser incluído ou excluído a depender deste momento. 
Muitas vezes, o inventário é realizado antes da data do balanço e, neste caso, 
avulta a importância dos controles internos, pois, posteriormente, só será feita uma 
avaliação da razoabilidade dos valores constantes no balanço, a partir da contagem 
efetuada e da confiança que mereçam os controles internos. 
Concluído o trabalho do inventário, as diferenças porventura apuradas, se 
relevantes, devem ser propostas como ajustes no balanço. Finalmente, o auditor 
deve apurar a razoabilidade do inventário, considerando suas quantidades 
históricas, procurando identificar variações relevantes, principalmente no início e 
final do exercício, aplicando, inclusive, o teste do lucro bruto e comparando-o com o 
de exercícios anteriores. 
O objetivo da auditoria nos estoques é verificar a exatidão dos saldos 
demonstrados no Balanço Patrimonial e/ou declarado no livro próprio de registro de 
inventário das empresas, adotando alguns procedimentos que visam assegurar a 
real existência e propriedade dos estoques 
O auditor deve efetuar testes de contagens, anotando-os em seus papéis de 
trabalho e examinar as folhas do inventário para constatar a existência dos itens por 
ele testados. Esses testes devem ser tanto mais numerosos quanto maior for o 
estoque ou mais complexo e diversificado for o inventário. 
 
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Diante de todo o exposto, podemos concluir que a auditoria nos estoques 
requer um planejamento cuidadoso e investimentos substancial de tempo, custo e 
empenho. 
Mesmo que para algumas empresas estoques nada mais representam que 
despesas pagas antecipadamente, em outras representam o ativo mais importante a 
ser examinado, sejam eles relevantes ou não, os mesmos objetivos de auditoria são 
aplicáveis formando instrumento de grande valia para o auditor (GELATTI, 2007). 
 
5.2 Auditoria externa 
O Conselho Federal de Contabilidade através da resolução CFC nº 820/97, 
que aprovou a NBC T 11, conceitua a auditoria das demonstrações contábeis como 
o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer 
sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e 
as Normas Brasileiras de Contabilidade

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