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D
3
Gestão Escolar: Princípios, 
Funções, Organização 
e Áreas de Atuação
1. ObjetivOs
•	 Diferenciar	 a	 óptica	 fragmentada	 da	 visão	 sistêmica	 da	
gestão	da	educação.	
•	 Identificar	os	princípios	básicos	da	gestão	democrática:	a	
participação	e	a	cidadania.
•	 Analisar	as	características	da	gestão	democrática	diante	
dos	objetivos	educacionais.
•	 Reconhecer	as	concepções	de	organização	e	gestão	esco-
lar,	direção	e	cultura	organizacional.
•	 Compreender	e	demonstrar	a	estrutura	organizacional	de	
uma	escola	com	gestão	participativa.
•	 Compreender	e	identificar	as	áreas	de	atuação	da	organi-
zação	e	de	gestão	escolar	em	função	dos	objetivos	edu-
cacionais.
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar112
2. CONteÚDOs 
•	 A	gestão	educacional	na	óptica	sistêmica
•	 Dimensões	da	gestão	democrático-participativa.
•	 Objetivos	da	escola	e	práticas	de	organização	e	gestão.
•	 Concepções	de	organização	e	gestão	escolar.
•	 Áreas	de	atuação	da	organização	e	da	gestão	escolar.
3. ORieNtAÇões PARA O estUDO DA UNiDADe
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:	
1)	 É	importante	a	compreensão	crítica	das	diferentes	con-
cepções	 da	 organização	 e	 gestão	 da	 escola	 para	 que	
você	possa	compreender	como	acontece	o	exercício	da	
gestão	no	cotidiano	escolar.
2)	 Os	seus	estudos	não	devem	se	limitar	às	referências	bi-
bliográficas	elencadas	para	esta	unidade.	Explore	outras	
fontes	de	pesquisa	para	 aprofundar	 seus	 conhecimen-
tos,	tais	como	internet,	indicações	de	diferentes	referên-
cias	bibliográficas	com	seu	tutor.
4. iNtRODUÇÃO À UNiDADe 
Você	está	iniciando	o	estudo	da	terceira	unidade	de	Funda-
mentos e Métodos da Gestão Escolar.	Discutimos,	anteriormente,	
várias	concepções	sobre	a	teoria	da	administração	e	a	importância	
de	um	enfoque	cultural	que	possibilite	uma	ação	contextualizada	
dos	processos	de	gestão.	Vimos	também	como	os	processos	tec-
nológicos	e	a	globalização	criaram	novas	exigências	à	escola	den-
tro	de	novos	paradigmas.
O	 objetivo	 desta	 unidade	 é	 levar	 você	 a	 compreender	 os	
princípios	e	objetivos	da	gestão	democrática,	bem	como	as	formas	
Claretiano - Centro Universitário
113© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
organizativas	de	atuação	da	equipe	gestora	 (que	podem	ou	não	
facilitar	a	melhor	aprendizagem	dos	alunos).	
Com	base	na	reflexão	sobre	as	concepções	de	organização	e	
cultura	organizacional,	você	compreenderá	melhor	a	estrutura	de	
uma	instituição	de	ensino	com	gestão	participativa	e,	consequen-
temente,	compreenderá	as	áreas	de	atuação	da	gestão	em	função	
dos	objetivos	educacionais.	
Após	 este	 estudo,	 você	 será	 capaz	 de	 conceber	 a	 escola	
como	 uma	 instituição	 social	 cuja	 existência	 tem	 a	 finalidade	 de	
atingir	objetivos	que	atendam	à	aprendizagem	escolar,	à	formação	
da	cidadania,	além	de	transmitir	atitudes	e	valores.	
Além	disso,	 entenderá	que	o	 sistema	de	organização	 e	 de	
gestão	da	escola	é	o	conjunto	de	recursos,	meios,	ações	e	proce-
dimentos	que	proporcionam	as	condições	necessárias	para	que	as	
finalidades	políticas	e	sociais	da	educação	em	relação	à	sociedade	
e	ao	aluno	sejam	atendidas.	
5. GestÃO DA eDUCAÇÃO e DA esCOlA: sUPeRANDO 
A visÃO fRAGmeNtADA PelA óPtiCA sistêmiCA
Como	vimos	anteriormente,	realizar	a	gestão	da	educação	e	
da	escola	é	diferente	de	gerenciar	uma	empresa	ou	um	conjunto	
de	empresas,	sobretudo	pela	responsabilidade	social	que	caracte-
riza	a	educação.	
Um	dos	aspectos	complexos	da	sociedade	atual	é	a	gestão,	
tanto	dos	sistemas	ou	redes	de	ensino	quanto	das	unidades	esco-
lares,	visto	que	inúmeros	fenômenos	sociais	passam	a	fazer	parte	
do	contexto	no	qual	a	educação	se	desenvolve.	
No	âmbito	da	educação,	podemos	dizer	que	temos	a	Gestão	
do	Sistema	Educacional	e	a	Gestão	da	Escola.	
A Gestão de sistema	implica	a	organização	normativa	e	jurí-
dica	das	redes	e	modalidades	de	ensino.	Se	observarmos	os	aspec-
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar114
tos	legais	vindos	da	Constituição	e	da	LDB,	veremos	que	a	gestão	
da	educação	situa-se	no	espaço	das	ações	dos	governos	federal,	
estaduais	e	municipais.	
O	ideal	é	que	esse	ordenamento	do	sistema	expresso	na	le-
gislação	 aconteça	dentro	de	princípios	 democráticos	 capazes	de	
possibilitar	aos	cidadãos	a	expressão	de	 suas	necessidades	e	de	
seus	anseios	em	relação	à	educação.	
Nesse	aspecto,	nossa	sociedade	tem	um	longo	aprendizado	
no	 sentido	 de	 desenvolver	 instâncias	 de	 participação	 e	 decisão	
que	deixem	transparecer	a	vontade	coletiva	e	respeitem	as	pecu-
liaridades	 culturais	 e	 históricas	 das	 diversas	 "redes"	municipais,	
estaduais	e	federais	que	compõem	o	nosso	"sistema	nacional	de	
ensino".	A	existência	no	Brasil	de	um	sistema	educacional	é	bas-
tante	questionada	por	alguns	teóricos,	como	veremos	a	seguir.	
A Gestão da escola	refere-se	à	maneira	de	organizar	o	fun-
cionamento	da	escola,	considerando	seus	múltiplos	aspectos:	po-
líticos,	administrativos,	pedagógicos,	tecnológicos,	culturais.	Trata-
-se	de	direcionar	as	ações	em	relação	aos	objetivos	educativos	a	
fim	de	possibilitar	a	aprendizagem	da	comunidade	escolar	e	local.	
A	gestão	escolar	também	deve	desenvolver	um	processo	de	trans-
parência	por	meio	de	uma	atitude	democrática	e	democratizante	
do	contexto	escolar	e	comunitário	–	atualmente,	via	Conselho	Es-
colar	e	Projeto	Político-Pedagógico.	
Analisemos	a	óptica	sistêmica	da	gestão	educacional	(do	sis-
tema)	e	da	gestão	escolar	(das	escolas).	
A fragmentação do sistema Nacional de educação e a Gestão da 
educação
E	os	sistemas	de	ensino?	Você	sabe	o	que	são	eles?
Compreende-se	como	um	sistema	o	conjunto	de	partes	em	
relação	interdependente	e	harmônica,	formando	um	todo,	autô-
nomo	e	independente.	
Claretiano - Centro Universitário
115© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
Para	Sander,	(1993	apud BORDIGNON,	2001,	p.	35),	no	se-
tor	educacional,	a	teoria	dos	sistemas	vem	sendo	utilizada	como	
instrumento	analítico	geral	para	descrever	a	organização	e	o	fun-
cionamento	do	sistema	educacional	como	um	todo	e	para	orientar	
a	prática	educacional	na	consecução	de	seus	objetivos.
O	termo	"sistema	educacional"	aparece	pela	primeira	vez	na	
Constituição	de	1934,	definindo	que	competia	à	União	organizar	e	
manter	sistemas	educativos.	Porém,	o	centralismo	do	Estado	Novo	
não	permitiu	a	descentralização	preconizada	na	Constituição.	
Conforme	Bordignon,	2004,	p.	42:	
A	Lei	N°	4.024/61	concebida	pela	Constituição	de	1946	e	gestada	
por	15	anos,	no	processo	de	redemocratização,	criou	os	sistemas	
federal	e	estadual	de	educação,	em	coerência	com	o	regime	fede-
rativo	e	a	autonomia	das	unidades	federadas,	e	com	a	política	de	
superação	do	centralismo	do	Estado	Novo.	[...]
Dez	anos	após,	a	Lei	N°	5.692/71	manteve	intocada	a	estrutura	e	
as	funções	do	CFE,	CEEs	e	CEDF,	e	introduziu	a	figura	dos	Conselhos	
Municipais	de	Educação	(CMEs),	com	funções	a	serem	delegadas	
pelos	CEEs,	uma	vez	que	a	legislação	não	caracterizava	os	sistemas	
municipais	de	educação.	A	Constituição	de	1988	viria	consagrar	os	
sistemas	municipais	de	educação,	conferindo-lhes	espaço	próprio	
na	estrutura	do	sistema	educacional.
A	Lei	N°	9.394/96	estabeleceu	as	competências	da	União,	dos	Esta-
dos,	do	Distrito	Federal	e	dos	Municípios	e	as	atribuições	dos	res-
pectivos	sistemas	de	ensino.	Quanto	aos	conselhos,	apenas	remete	
à	 lei	específica	a	criação	de	um	Conselho	Nacional	de	Educação,	
não	fazendo	referência	a	conselhos	estaduais	e	municipais.
Tanto	a	Constituição	quanto	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	
Educação	Nacional	(LDBEN)	referem-se	a	sistemas	de	ensino.	Em-
bora	a	referência	ao	sistema	nacional	de	educação	seja	usual	na	
literatura	educacional	e	até	em	documentos	oficiais,	ela	não	apa-
rece	na	Constituição	e	na	legislação	vigente.
A	gestão	da	educação	no	Brasil	faz-se	por	meio	dos	Conse-
lhos	de	Educação	e	de	toda	uma	gama	de	cargos	executivos,	tais	
como:	ministros,	 secretários,diretores-gerais,	 entre	outros.	Mas	
será	que	as	ações	desenvolvidas	nos	diversos	órgãos	normativos	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar116
são	coordenadas	e	direcionadas	para	um	determinado	fim?	Será	
que	temos	um	Sistema	Nacional	de	Educação?	O	que	seria	um	sis-
tema	de	ensino?
Se	observarmos	o	título	IV	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	(LDBN	
9394/96),	veremos	que	ele	trata	"Da	Organização	da	Educação	Na-
cional".	Saviani	(2010)	comenta	que,	no	projeto	original,	a	deno-
minação	era	"Do	Sistema	Nacional	de	Educação"	que	foi	retirada,	
quando	da	aprovação	do	projeto	na	Câmara,	não	aparecendo	tam-
bém	no	texto	da	lei.	
O	autor	salienta	que	esse	é	um	aspecto	crucial	da	LDB,	pois	
a	própria	lei	desconhece	que	a	exigência	de	se	fixar	as	diretrizes	e	
bases	da	educação	nacional	implica	diretamente	o	Sistema	Nacio-
nal	de	Educação.	
Diz	Saviani	(2010,	p.	771):
Quando	a	Constituição	determina	que	a	União	estabeleça	as	dire-
trizes	e	bases	da	educação	nacional,	obviamente	ela	está	preten-
dendo	com	isso	que	a	educação,	em	todo	o	território	do	país,	seja	
organizada	segundo	diretrizes	comuns	e	sobre	bases	também	co-
muns.	E	a	organização	educacional	 com	essas	 características	é	o	
que	se	chama	"Sistema	Nacional	de	Educação".
Saviani	 (1999)	argumenta	que	um	sistema	de	ensino	pres-
supõe	a	disposição	ordenada	de	diversos	elementos	necessários	
à	consecução	dos	objetivos	educacionais	divulgados	e	conhecidos	
pela	população	à	qual	se	destina.	Observem	que	ele	destaca	a	exis-
tência	de	objetivos comuns.
Saviani	(1999,	p.	123)	considera	equivocado	o	uso	do	termo	
"sistemas	de	ensino"	na	própria	Constituição	Federal	de	1988	em	
seu	Artigo	211,	entendendo	que	se	 trata	apenas	de	organização	
das	redes	escolares.	Ele	afirma:	"Com	efeito,	sabe-se	que	é	muito	
comum	a	utilização	do	conceito	de	sistema	de	ensino	como	sinô-
nimo	de	rede	de	escolas".	O	que	falta	a	esses	desdobramentos	é	
uma	finalidade	comum.	
Claretiano - Centro Universitário
117© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
O	educador	chama	a	atenção	para	as	imprecisões	do	termo:
Daí	sua	polissemia	com	as	imprecisões	e	confusões	decorrentes,	o	
que	nos	impõe	a	exigência	de	examinar,	preliminarmente,	o	signifi-
cado	da	expressão	‘sistema	educacional’.
Convivemos	 diariamente	 com	 expressões	 como	 'sistema	 federal	
de	 ensino','sistema	 oficial',	 'sistema	 público',	 'sistema	 escolar',	
'sistema	de	ensino	superior'	etc.	Na	verdade,	porém,	o	uso	dessas	
expressões	é	impróprio;	um	exame	mais	detido	revelará	que,	em	
todos	esses	casos,	se	trata	propriamente	do	sistema	educacional,	
considerado	sob	este	ou	aquele	prisma,	nesse	ou	naquele	aspecto	
(SAVIANI,	2008,	p.	215).	
O	autor	ainda	comenta	o	nosso	atraso	na	configuração	de	
um	sistema	educacional	nacional	e	o	erro	de	se	considerar	níveis	
de	ensino	 (superior,	médio,	 básico,	 infantil)	 ou	 agrupamento	de	
redes	escolares	(escolas	públicas	ou	privadas;	escolas	federais,	es-
taduais	 e	municipais)	 como	 sistemas.	 Estas	 são	modalidades	 ou	
redes	de	ensino	mantidas	pelos	estados,	pelos	municípios	e	por	
particulares.	
Assim,	para	Saviani	(2008),	esse	procedimento	é	inadequado	
e	cria	uma	fragmentação,	além	de	dificultar	uma	visão	global	da	
educação	pública	e	o	debate	sobre	a	questão	da	democratização	e	
do	acesso	ao	ensino.
Nesse	sentido,	Saviani	 (1999,	p.	121)	entende	que,	a	rigor,	
não	temos	um	sistema	educacional	nacional,	visto	que	nos	faltam	
condições	básicas	para	tal.	Segundo	ele,	são	quatro	as	hipóteses	
explicativas	acerca	da	inexistência	de	um	sistema	nacional	de	edu-
cação	do	Brasil:
1)	 a	estrutura	da	sociedade	de	classes	dificulta	uma	prática	cons-
ciente	e	coletiva;
2)	 a	coexistência	de	distintos	grupos	em	conflito	que	dificultam	a	
definição	dos	objetivos;
3)	 a	importância	da	cultura	de	países	estrangeiros,	sem	considerar	
o	contexto	real	de	nossa	sociedade;
4)	 a	 superficialidade	 teórica	 dos	 educadores	 (SAVIANI,	 1987,	 cf.	
LIBÂNEO;	et	al,	2005,	p.	231).
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar118
Libâneo	et	al.	(2005,	p.	227)	comentam	essa	questão	levanta-
da	por	Saviani,	afirmando	que	um	sistema	supõe	"um	conjunto	de	
elementos,	de	unidades	relacionadas,	que	são	coordenadas	entre	
si	e	constituem	um	todo".	O	estudioso	alerta	que,	apesar	de	inte-
grados	a	um	todo,	os	elementos	não	perdem	sua	individualidade,	
o	que	leva	que	se	considere	a	especificidade	dos	estabelecimentos	
escolares	que	possuem	suas	singularidades.	
Diante	disso,	esses	autores	(2005,	p.	231)	argumentam	que	
não	existe	um	sistema	nacional	por	não	haver	articulação	entre	os	
vários	sistemas	de	ensino	das	diferentes	esferas	administrativas.	
Pondera	que,	embora	o	Artigo	211	da	Constituição	Federal	e	o	Ar-
tigo	8º	da	LDBN	9394/96	estabeleçam	o	regime	de	colaboração,	
estes	aspectos	legais	não	provocaram	"a	articulação	necessária	en-
tre	os	vários	sistemas	de	ensino,	uma	vez	que	a	política	existente	
historicamente	no	país	é	de	competição	e	não	de	colaboração".	
Que	consequências	tem	essa	fragmentação	na	gestão	mais	
ampla	do	sistema ou do não sistema?	
Podemos	perceber	que	os	planos	e	as	políticas	públicas	edu-
cacionais	 do	ministério	 da	 educação	 encontram	 dificuldades	 de	
concretizarem	suas	metas,	 sobretudo,	no	que	se	refere	à	manu-
tenção	do	ensino	público.	As	ações	tornam-se	descontínuas,	não	
abrangem	a	globalidade	das	escolas,	encontram	barreiras	ideoló-
gicas	dos	diversos	agrupamentos	e	seus	interesses.	
Percebemos	também	que	a	legislação	se	torna	confusa	por	
não	conseguir	coordenar	todas	as	diversidades	e	estabelecer	uma	
linha	de	ação	comum	a	todos	os	"sistemas"	(ou	redes	e	níveis)	que	
configuram	a	realidade	de	nossa	educação.	Muitas	regulamenta-
ções	se	tornam	um	complexo	de	leis,	decretos	e	portarias.
O	que	fica	evidente	é	uma	óptica	fragmentada	em	diferentes	
redes	de	ensino,	que	inviabiliza	o	caminhar	rumo	à	qualidade	de	
educação	desejada	pela	sociedade	como	um	todo.	
Claretiano - Centro Universitário
119© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
Temos	realidades	educacionais	bem	diversas	dentro	de	uma	
realidade	nacional.	Por	exemplo,	duas	redes	municipais	de	educa-
ção	de	duas	cidades	bem	próximas	podem	adotar	medidas	bem	di-
versas	na	coordenação	e	na	gestão	das	escolas	que	as	constituem.	
Em	grandes	metrópoles,	vemos	escolas	de	um	mesmo	bairro	
adotando	 sistemáticas	 bem	diversas	 de	 avaliação	 e,	 consequen-
temente,	 de	 gestão.	Não	percebemos	 entre	 as	 redes	 um	espíri-
to	colaborativo	e	um	acordo	para	a	adoção	de	objetivos	comuns.	
Há	uma	acirrada	competição	que	esfacela	ainda	mais	o	"sistema"	
educacional.
Garcia	 (2000,	p.	 115)	 salienta	que	os	últimos	anos	podem	
ser	caracterizados	por	uma	gestão educacional de interrupções,	
pois	cada	período	governamental	abandona	os	programas	e	pro-
jetos	da	administração	anterior,	elaborando	novas	prioridades.	Diz	
o	educador:
Atropelados	por	demandas	conflitantes,	originárias	de	várias	 ins-
tâncias	do	sistema	educativo,	quer	venham	das	áreas	federal,	esta-
duais	ou	municipais,	os	responsáveis	pela	gestão	educativa	–	sejam	
eles	administradores,	diretores	de	escola	ou	professores	–	em	geral	
na	encontram	as	conexões	de	sentido	entre	o	proclamado	e	o	real	
(para	repetir	a	feliz	análise	de	Anísio	Teixeira)	ou	entre	aquilo	que	é	
anunciado	e	veiculado	pela	propaganda	e	o	que	acontece	no	dia-a-
-dia	da	escola	e	das	salas	de	aula.
Por	 outro	 lado,	 tenta-se	 resolver	 essa	 fragmentação	 ado-
tando-se	medidas	de	centralização.	Entende-se	que	pelo	controle	
é	possível	 criar	um	sistema,	 sem,	no	entanto,	desencadear	uma	
discussão	séria	sobre	a	educação	nacional,	suas	dificuldades,	sua	
realidade	e	suas	possibilidades	de	organização	rumo	à	democrati-
zação	da	qualidade	educacional	para	todos.
Nossa	tradição	de	gestão	teve	–	e	ainda	tem	–	um	aspecto	
fortemente	centralizador,	entranhado	na	organização	do	sistema	
educacional	e	no	interior	da	própria	escola,	manifestando-se	tanto	
por	meio	de	diferentes	formas	autoritárias	deação	e	convivência	
quanto	por	meio	de	controles	burocráticos	de	aspectos	organiza-
cionais	do	processo	educativo.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar120
Observa-se	uma	cadeia	vertical	de	controles,	sobretudo	nas	
relações	entre	as	diferentes	esferas	do	Poder	Público	(União,	Esta-
dos	e	Municípios),	bem	como	nas	relações	destas	instâncias	com	
as	escolas.	Apesar	dessas	formas	de	controle,	vem	sendo	desen-
cadeado,	 ultimamente,	 um	 processo	 de	 descentralização,	 como	
salienta	Vieira	(2000,	p.	142):
Consideradas,	todavia,	as	dimensões	continentais	de	nosso	país,	o	
modelo	centralista	encontrou	suas	brechas.	A	despeito	de	diretri-
zes	gerais	e	estruturas	rígidas	e	da	montagem	de	um	aparato	legal	
e	burocrático	para	fazer	face	a	tais	necessidades,	na	prática,	formas	
de	descentralização	foram	se	impondo.	Estados	e	municípios	exer-
ceram	significativos	graus	de	 liberdade,	 ao	assumir	 suas	 funções	
de	coordenação	do	sistema	escolar,	nas	suas	diferentes	esferas	de	
abrangência.
Cury	(2000,	p.	46)	salienta	que	o	Artigo	206	da	Constituição	
Federal	(com	seus	princípios	de	igualdade,	liberdade,	pluralismo,	
gratuidade,	qualidade,	piso	salarial	comum	e	gestão	democrática)	
expressa	a	conquista	de	setores	organizados	e	autônomos	da	so-
ciedade	com	vista	à	busca	de	participação,	bem	como	o	esforço	
para	reverter	a	tradição	do	uso	do	público	a	favor	do	privado.	
O	autor	deixa	claro	que	há	aspectos	que	evidenciam	o	avan-
ço	da	gestão	democrática	no	âmbito	nacional,	tal	qual	a	concep-
ção	de	um	Federalismo	Cooperativo	expresso	na	lei.	A	cooperação	
mútua	entre	governo	federal,	estados	e	municípios	pode	facilitar	
as	articulações	e	as	ações	na	área	educacional,	favorecendo	uma	
distribuição	mais	equitativa	dos	ônus	financeiros	com	o	setor.	
No	entanto,	dentro	de	uma	óptica	sistêmica,	Saviani	(2010,	
p.	776)	entende	que	há	necessidade	de:
[...]	construir	um	verdadeiro	sistema,	isto	é,	um	conjunto	unificado	
que	articula	 todos	os	aspectos	da	educação	no	país	 inteiro,	 com	
normas	comuns	válidas	para	todo	o	território	nacional	e	com	pro-
cedimentos	também	comuns,	visando	a	assegurar	educação	com	o	
mesmo	padrão	de	qualidade	a	toda	a	população	do	país.
Sem	um	sistema	nacional,	o	autor	alerta	para	o	quadro	de	
imprecisões,	 desencontros,	 contradições	 e	 improvisações	 que	
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121© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
marcam	a	gestão	da	educação	no	âmbito	nacional.	Criticando	al-
guns	aspectos	legais,	o	autor	diz	que	não	se	pode	admitir	a	des-
centralização	como	se	a	tarefa	da	educação	fosse	não	apenas	do	
governo,	mas	da	sociedade	civil.	A	criação	de	um	sistema	nacional	
de	educação	não	é	tarefa	de	governos,	mas	do	Estado	como	re-
presentante	do	bem	público	e	dos	interesses	de	toda	a	sociedade.	
A gestão da escola via óptica sistêmica
Com	todas	as	limitações	levantadas	no	item	anterior,	pode-
mos	considerar	que	a	organização	de	um	sistema	de	ensino	de	um	
país	abrange	três	níveis:	o	sistema	de	ensino	mais	geral	(o	federal,	
o	 estadual,	 o	municipal),	 o	 sistema	das	 escolas	 e	 o	 sistema	das	
salas	de	aula.	
Uma	escola	desenvolve	sua	ação	em	meio	às	políticas	educa-
cionais,	às	diretrizes	curriculares,	às	formas	organizativas	do	sistema	
e	às	ações	pedagógicas	da	sala	de	aula.	Dessa	forma,	os	profissionais	
de	uma	escola	podem	não	desenvolver	com	eficácia	seu	trabalho	se	
não	tiverem	uma	visão	mais	ampla	da	rede	na	qual	trabalham	e	das	
políticas	e	planos	educacionais.	Assim,	as	políticas	e	planos	também	
perdem	o	valor	se	não	tomarem	como	referência	a	melhoria	do	tra-
balho	que	é	desenvolvido	na	escola	e	na	sala	de	aula.	
Para	que	a	escola	possa	cumprir	sua	função	social,	é	neces-
sário	fazer	uma	releitura	crítica	de	algumas	concepções	e	aspectos	
básicos,	superando	a	óptica	fragmentada	e	alcançando	a	sistêmi-
ca,	em	que	todos	participam	da	organização	e	da	gestão	escolar	de	
forma	cooperativa	e	interativa.
Gomes	(2003,	p.	31)	apresenta,	sinteticamente,	a	passagem	
do	antigo	modelo	para	o	novo	paradigma:
•	 Da	ótica	fragmentada	para	a	sistêmica	onde	todos	participam	
de	forma	interativa.
•	 Da	limitação	de	responsabilidades	pelos	resultados	para	a	ex-
pansão,	 promovendo	 responsabilidades,	 centradas	 no	 todo,	
independente	das	funções	diferenciadas.
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar122
•	 Da	ação	episódica	para	o	processo	contínuo,	porque	a	ação	cen-
trada	no	evento	é	vazia	de	resultados,	e	educação	é	um	proces-
so	contínuo.
•	 Da	hierarquização	e	burocratização	para	a	coordenação,	supe-
rando	a	contribuição	individual,	por	ações	coordenadas.
•	 Da	contribuição	individual	para	a	coletiva,	porque	o	espírito	de	
equipe,	a	participação	e	a	delegação	são	os	grandes	desafios	da	
gestão	educacional.	
Segundo	Gomes	(2003),	a	escola	precisa	que	se	substitua	o	
"trabalho	solitário"	pelo	"trabalho	solidário",	a	centralização	pela	
participação.
Como	vimos,	essa	nova	concepção	sistêmica,	que	se	contra-
põe	à	fragmentada,	diretiva	e	autoritária,	ganha	corpo	nas	grandes	
mobilizações	da	sociedade	em	torno	da	Assembleia	Constituinte	
que	resultou	no	texto	constitucional	de	1988.	
Discorrendo	sobre	o	tema,	Cury	(2000,	p.	46)	aponta	como	
primeiro	passo	importante	para	o	avanço	da	gestão	democrática	
em	nossas	escolas	o	dispositivo	legal	(o	Artigo	37	da	Constituição	
Federal	de	1988)	que,	espelhando-se	nos	Estados	Nacionais	Mo-
dernos,	prevê	uma	marca	divisória	entre	o	público	e	privado,	pon-
do	em	relevância	a	moralidade	e	a	publicidade	dos	atos,	ao	fixar	
os	princípios	de	"legalidade,	impessoalidade,	moralidade,	publici-
dade	e	eficiência"	na	administração	pública	dos	poderes	da	União,	
dos	estados,	do	Distrito	Federal	e	dos	municípios.
A	 óptica	 da	 gestão	 sistêmica	 contrapõe-se	 à	 gestão	 pater-
nalista	ou	 autoritária	que	 tem	prevalecido	na	 condução	das	 ati-
vidades	públicas.	A	gestão	democrática	pressupõe	a	exigência	da	
moralidade,	da	impessoalidade	e	da	transparência.
O	Artigo	12,	da	LDBN	nº	9.394/96,	incorpora	elementos	que	
favorecem	a	gestão	democrática.	Os	estabelecimentos	de	ensino	
respeitando	as	normas	comuns	e	as	do	seu	sistema	de	ensino	te-
rão	a	incumbência	de:
I.	 elaborar	e	executar	a	sua	proposta	pedagógica;
II.	 administrar	seu	pessoal	e	seus	recursos	financeiros;
Claretiano - Centro Universitário
123© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
III.	 assegurar	o	cumprimento	dos	dias	letivos	e	horas-aula	estabe-
lecidos;
IV.	 zelar	pelo	cumprimento	do	plano	de	trabalho	docente;
V.	 prover	meios	para	a	recuperação	dos	alunos	de	menor	rendi-
mento;
VI.	 articular-se	com	as	famílias	e	a	comunidade,	criando	processos	
de	integração	da	sociedade;
VII.	 informar	pais	e	 responsáveis	sobre	 freqüência	e	 rendimento	
dos	alunos,	bem	como	sobre	a	execução	de	sua	proposta	pe-
dagógica.
O	Artigo	14,	 também	da	LDBN	9394/96,	 incorpora	em	seu	
texto	dispositivos	facilitadores	da	gestão	democrática	nas	escolas.	
Veja	o	que	diz	esse	artigo:
Art.	14	–	Os	sistemas	de	ensino	definirão	as	normas	da	gestão	de-
mocrática	do	ensino	público	na	educação	básica,	de	acordo	com	as	
suas	peculiaridades	e	conforme	os	seguintes	princípios:
I.	 participação	 dos	 profissionais	 da	 educação	 na	 elaboração	 do	
projeto	pedagógico	da	escola;
II.	 participação	das	comunidades,	escolar	e	local,	em	conselhos	ou	
equivalentes.
Portanto,	temos	no	aspecto	da	lei	o	que	seria	o	"sonho	ide-
alizado",	mas	sem	referências	concretas	de	formas	e	mecanismos	
para	viabilizar	esse	sonho.	
Para	que	a	prática	da	gestão	escolar	possa	cumprir	seus	de-
sígnios	de	agente	de	transformação	social,	ofertando	uma	educa-
ção	inclusiva	e	de	qualidade,	é	necessário	que,	à	luz	da	lei,	ocorra	
uma	constante	autocrítica,	uma	constante	autoavaliação	das	ações	
empreendidas	no	cumprimento	do	projeto	político-pedagógico	da	
escola.
Conforme	Saviani,	(1998,	p.	134)	
Não	basta	ater-se	à	letra	da	lei,	é	preciso	captar	seu	espírito.	Não	
é	suficiente	analisar	o	texto,	é	preciso	examinar	seu	contexto.Não	
basta	ler	as	linhas,	é	necessário	ler	as	entrelinhas.	
Logo,	os	documentos	e	os	textos	legais	devem	ser	utilizados	
juntamente	com	textos	críticos	para	confrontar	a	situação	procla-
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar124
mada	(ideal)	com	a	situação	real.	Dessa	forma,	é	possível	detectar	
as	 contradições	objetivas	 e	os	 fatores	 condicionantes	da	prática	
educativa.
Ao	diretor,	 gestor	maior,	 dentre	 as	muitas	 atribuições	que	
lhe	 compete,	 tais	 como:	 planejar,	 avaliar,	 coordenar,	 incentivar,	
motivar,	empreender,	valorizar,	entre	outras,	destaca-se	a	função	
de	mediador,	pois	a	gestão	é	acima	de	tudo	a	gestão	de	pessoas.	
Conflitos	 fazem	parte	do	cotidiano	da	escola,	muitos	deles	
resultantes	de	diferentes	 interesses	dos	 atores	 internos	e	exter-
nos.	No	entanto,	o	parâmetro	para	a	resolução	dos	mesmos	são	os	
interesses	institucionais,	que,	por	sua	vez,	devem	refletir	as	reais	
demandas	da	comunidade.	No	próximo	item,	veremos	mais	deta-
lhadamente	a	gestão	da	escola.	
6. PRiNCÍPiOs e CARACteRÍstiCAs DA GestÃO es-
COlAR 
Conforme	Libâneo	(2004,	p.	137),	
[...]	a	educação	escolar tem	a tarefa	de	promover	a	apropriação	de	
saberes,	procedimentos,	atitudes	e	valores	por	parte	dos	alunos,	
pela	ação	mediadora	dos	professores	e	pela	organização	e	gestão	
da	escola.	
Resumidamente,	o	encargo	das	escolas	hoje	é	assegurar	o	
desenvolvimento	das	capacidades	cognitivas,	operativas,	 sociais,	
a	 formação	da	cidadania	participativa	e	da	 formação	ética.	Para	
isso,	é	necessário	superar	as	formas	conservadoras	de	organização	
e	gestão,	adotando-se	formas	alternativas,	criativas,	de	modo	que	
os	objetivos	sociais	e	políticos	da	escola	correspondam	às	estraté-
gias	compatíveis	de	organização	e	gestão.	Vejamos	alguns	princí-
pios	e	características	da	gestão	democrática.
A gestão democrática: a descentralização e a participação 
Além	da	 cultura	 centralizadora,	o	estudo	da	história	brasi-
leira	mostra	também	que	as	formas	de	gestão	de	nossa	sociedade	
Claretiano - Centro Universitário
125© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
(legislações,	planos	de	governo,	medidas	econômicas	etc.)	em	ge-
ral	caracterizam-se	por	uma	"cultura	personalista"	na	qual	a	pes-
soa	que	exerce	determinado	 cargo	é	entendida	 como	a	 respon-
sável	individual	pelas	decisões,	o	que	faz	com	que	as	relações	se	
estabeleçam	entre	 indivíduos,	e	não	entre	grupos,	organizações,	
entidades.	
A	 cultura	 burocrática	 e	 centralizadora	 que	 se	 instalou	 em	
nossa	cultura	é	uma	das	dificuldades	que	 limitam	a	participação	
dos	sujeitos,	na	medida	em	que	traz	embutida	a	ideia	de	partici-
pação	como	dádiva	e	concessão	dos	superiores.	Os	cidadãos	não	
sentem	a	participação	como	um	direito.	
Como	consequência,	observamos	que	os	interesses	coletivos	
desaparecem	diante	dos	privilégios	ou	as	pessoas	ficam	esperando	
por	decisões	vindas	"de	cima",	sem	se	organizar	em	movimentos	
reivindicatórios.	 Evidentemente,	 as	 camadas	 populares	 levam	 aí	
desvantagem	considerável,	o	que	 inibe	as	reivindicações,	as	prá-
ticas	de	participação	e	de	controle	em	relação	às	ações	praticadas	
pelas	escolas.
Há	alguns	anos,	a	escola	vem	se	transformando,	buscando	
romper	com	o	modelo	centralizador	de	administrar	a	escola,	mas	
a	participação	ainda	não	foi	incorporada	nem	por	professores	nem	
pela	comunidade.	
Lück	(2008,	p.	23-24)	alerta-nos	para	a	participação	pela	par-
ticipação,	descrevendo-a	como	aquela	na	qual	
[...]	 os	 participantes	 do	 contexto	 organizacional	 são	 convidados	
apenas	 a	 envolver-se	 numa	 participação	 elementar	 e	 formal	 de	
verbalização	e	discussão	superficial	sobre	questões	já	definidas	an-
teriormente	[...].	
Dessa	forma,	os	sujeitos	apenas	confirmam	e	legitimam	as	
decisões	alheias	e	se	desmotivam,	pois	se	gasta	um	bom	tempo	
com	questões	banais	e	secundárias.
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar126
A	construção	de	uma	gestão	democrática	requer	dos	educa-
dores	esforço	para	estimular	práticas	de	participação	popular	para	a	
conquista	da	cidadania.	É	por	meio	de	instâncias	participativas	que	
a	população	passa	a	conhecer	os	serviços	que	a	escola	lhe	oferece,	
as	possibilidades	e	limites	da	instituição,	podendo,	assim,	avaliá-la	a	
fim	de	organizar	demandas	e	intervir	de	forma	organizada.	
A	participação	é	um	princípio	fundamental	para	a	democra-
tização	da	gestão	e	a	melhoria	da	qualidade	de	ensino,	na	medida	
em	 que	 permite	 que	 todos	 os	 segmentos	 da	 comunidade	 com-
preendam	 melhor	 o	 funcionamento	 da	 escola,	 conheçam	 mais	
profundamente	os	alunos	e	os	profissionais	que	nela	trabalham,	
envolvam-se	no	processo	educativo	e	acompanhem	melhor	a	edu-
cação	ali	oferecida.	
Segundo	Lück	(2008,	p.	29):
A	participação,	em	seu	sentido	pleno,	caracteriza-se	por	uma	for-
ça	de	atuação	consciente	pela	qual	os	membros	de	uma	unidade	
social	reconhecem	e	assumem	seu	poder	de	exercer	influência	na	
determinação	da	dinâmica	dessa	unidade,	de	sua	cultura	e	de	seus	
resultados,	poder	esse	 resultante	de	sua	competência	e	vontade	
de	compreender,	decidir	e	agir	sobre	questões	que	lhe	são	afetas,	
dando-lhe	unidade,	vigor	e	direcionamento	firme.
Logo,	participar	exige	a	mobilização	efetiva	dos	esforços	in-
dividuais	para	a	superação	de	atitudes	de	acomodação	e	alienação	
e	para	a	construção	do	espírito	de	equipe,	visando	à	efetivação	de	
objetivos	sociais	e	institucionais	que	são	adequadamente	entendi-
dos	e	assumidos	por	todos.
De	acordo	com	Libâneo	(2005,	p.	329),	o	conceito	de	partici-
pação	fundamenta-se	no	princípio	de	autonomia	que	se	contrapõe	
a	 formas	autoritárias	de	tomada	de	decisão,	pois	 implica	que	as	
pessoas	e	os	grupos	tenham	a	capacidade	de	livre	escolha	de	obje-
tivos	e	processos	de	trabalho.	
Werle	(2003,	p.	39)	pondera	que	os	processos	participativos	
geram	conflitos	–	os	quais	nem	sempre	a	direção	está	habilitada	
para	 enfrentar.	 "Nem	 todos	 suportam,	 manejam	 e	 conseguem	
Claretiano - Centro Universitário
127© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
enfrentar,	com	maturidade,	conflitos	em	seu	grupo	de	trabalho".	
Essa	falta	de	habilidade	faz	com	que	muitos	gestores	prefiram	ca-
muflar,	encobrir	ou	negar,	a	 fim	de	manter	a	situação	com	está,	
numa	atitude	considerada	autoritária.
Nesse	sentido,	Lück	(2008,	p.	50)	salienta	que	a	ação	partici-
pativa	precisa	ter	como	parâmetros	valores	substanciais	para	que	
não	perca	 seu	caráter	 social	e	pedagógico.	Resumidamente,	 são	
eles:
•	 a	ética	como	ação	orientada	pelo	respeito	humano,	às	institui-
ções	sociais	e	aos	valores	necessários	à	qualidade	de	vida;
•	 a	 solidariedade	 como	 reconhecimento	 do	 valor	 inerente	 de	
cada	pessoa	e	ao	desenvolvimento	em	condições	de	troca	e	re-
ciprocidade;
•	 a	equidade	como	reconhecimento	de	que	em	condições	des-
favoráveis	ou	diferenciadas	as	pessoas	precisam	de	atenção	e	
condições	especiais;
•	 compromisso	como	ação	dos	envolvidos	no	processo	pedagógi-
co,	focada	e	identificada	com	os	objetivos,	valores,	princípios	e	
estratégias	de	desenvolvimento.	
Enfatizamos	 que	 essa	 participação	 não	 deve	 acontecer	 de	
forma	aleatória,	pois	é	preciso	que	se	criem	órgãos	oficiais,	como	
os	Conselhos	de	Classe	e	os	Conselhos	de	Escola,	Colegiados	ou	
Comissões.	 Estes	 são	órgãos	 nos	 quais	 se	 compartilham	proble-
mas,	discutem-se	possibilidades,	assumem-se	decisões	coletivas.
Como	vimos	no	retrospecto	das	teorias	administrativas,	mui-
tos	deles	surgiram	no	início	da	década	de	1980,	funcionando	efe-
tivamente	em	várias	escolas	e,	em	outras,	ainda	persistindo	por	
imposição	legal.	
No	entanto,	a	criação	desses	espaços	participativos	comple-
xifica	a	gestão	escolar	que	deve	coordenar	a	organização	de	inú-
meras	ações	para	que	a	participação	se	efetive	e	não	seja	apenas	
um	 discurso.	 Organizar	 horários,	 espaços,	 pautas,	 comunicados,	
convocações	de	 reuniões	que	 se	ajustem	aos	múltiplos	atores	é	
apenas	uma	das	dificuldades.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar128
Enfim,num	certo	sentido,	a	participação	é	ingrediente	dos	
próprios	objetivos	da	escola	e	da	educação.	A	escola	é	 lugar	de	
aprender,	de	adquirir	conhecimentos,	desenvolver	capacidades	in-
telectuais,	sociais,	afetivas,	éticas	e	estéticas,	mas	é	também	lugar	
de	formação	de	competências	para	a	participação	na	vida	social,	
econômica	e	cultural.	
E	 num	 sentido	 ainda	mais	 amplo,	 pela	 abertura	 de	 canais	
de	participação	da	comunidade,	a	escola	deixa	de	ser	um	espaço	
afastado	do	social,	um	lugar	isolado	da	realidade,	para	conquistar	
o	status	de	comunidade	educativa,	que	interage	com	a	sociedade	
civil.	Vivendo	a	prática	da	participação	nos	órgãos	deliberativos	da	
escola,	os	pais,	os	professores,	os	alunos	e	funcionários	vão	apren-
dendo	a	se	sentir	responsáveis	pelas	decisões	que	os	afetam	num	
âmbito	mais	amplo	da	sociedade.
A gestão como prática política: a cidadania 
Como	vimos	nos	itens	anteriores,	a	gestão	educacional	e	a	
escolar	implicam	uma	gestão	democrática	com	base	na	participa-
ção.	Pais,	alunos,	professores	e	 funcionários	assumem	sua	parte	
de	responsabilidade	pelo	projeto	da	escola.	
Gadotti	(2001,	p.	46)	afirma	que	há	pelo	menos	duas	razões	
para	a	implementação	de	uma	de	gestão	democrática:	
A	primeira	dessas	razões	é	porque	a	escola	deve	formar	para	a	ci-
dadania	e	a	 segunda	 razão	consiste	no	 fato	de	que	a	gestão	de-
mocrática	pode	melhorar	o	que	é	específico	da	escola:	o	ensino.	A	
participação	pertence	à	própria	natureza	do	ato	pedagógico.
Cabe	à	gestão	escolar	democrática	adotar	práticas	adminis-
trativas	e	pedagógicas	que	superem	as	concepções	que	fazem	da	
escola	uma	 ilha	 isolada	do	 seu	entorno,	 fechada	em	si	 como	se	
fosse	uma	instituição	desvinculada	da	sociedade.	
Portanto,	torna-se	necessário	o	desenvolvimento	de	um	sis-
tema	 escolar	 verdadeiramente	 influenciado	 pelo	 político	 e	 pelo	
social,	para	que	assim	a	escola	evidencie	cada	vez	mais	a	sua	prá-
Claretiano - Centro Universitário
129© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
tica	da	cidadania	e	o	seu	envolvimento	da	comunidade,	da	família	
e	da	empresa.	
Nessa	 perspectiva	 de	 interação	 social	 da	 própria	 escola,	 a	
participação	efetiva	de	estruturas	 formais,	como	os	órgãos	cole-
giados	e	 conselhos	escolares,	assume	papel	de	destaque	e	 rele-
vância	em	processos	decisórios	que	contribuam	para	a	construção	
da	cidadania.
Ao	abordar	o	tema	"A	escola,	sua	articulação	com	a	gestão	e	
a	política	educacional",	Vieira	(2000,	p.	141)	comenta	que,	"na	úl-
tima	década,	a	escola	tornou-se	foco	da	política	educacional	para	
que	ela	pudesse	adequar-se	às	demandas	da	sociedade,	do	conhe-
cimento	e	cumprir	a	sua	função	social".	
Vieira	(2000)	questiona:	qual	é	a	articulação	existente	entre	
escola	e	cidadania?	Para	responder,	ela	cita:
Se	toda	comunidade	política	se	caracteriza	pela	coexistência	de	vá-
rias	tradições,	a	escolaridade	tem	significado	particular.	A	escola,	
de	fato,	institui	a	cidadania.	É	ela	o	lugar	onde	as	crianças	deixam	
de	 pertencer	 exclusivamente	 à	 família	 para	 integrarem-se	 numa	
comunidade	mais	ampla	em	que	os	indivíduos	estão	reunidos	não	
por	vínculos	de	parentesco	ou	de	afinidade,	mas	pela	obrigação	de	
viver	em	comum.	A	escola	institui	em	outras	palavras,	a	coabitação	
de	seres	diferentes	sob	a	autoridade	de	uma	mesma	regra	(CANI-
VEZ,	1991:	33	apud	VIERA,	2000,	p.	129).
Para	isso,	é	necessário	retomar	a	constatação	óbvia	de	que	a	
escola	tem	papel	fundamental	na	formação da cidadania	e	revela	
o	caráter	estratégico	de	uma	gestão	para	o	exercício	dessa	função	
política	e	social.	No	entanto,	essa	concepção	não	aconteceu,	como	
vimos	anteriormente,	sem	um	longo	processo	de	evolução	teórica.	
No	momento	atual,	temos	que:
No	âmbito	da	escola,	passa-se	de	uma	concepção	de	administração	
do	 cotidiano	das	 relações	de	ensino-aprendizagem	para	a	noção	
de	um	 todo	mais	 amplo,	multifacetado,	 relacionado	não	 apenas	
com	uma	comunidade	interna,	constituída	por	professores,	alunos	
e	 funcionários,	mas	 também	que	 se	articula	 com	as	 famílias	e	 a	
comunidade	externa	(VIEIRA,	2000,	p	141).
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar130
Portanto,	 os	 diretores	 e/ou	 administradores	 passam	 a	 ser	
chamados	de	"gestores"	e	essa	substituição	terminológica	advém	
do	 entendimento	 da	 escola	 como	 "instituição	 caracterizada	 por	
uma	cultura	própria,	atravessada	por	relações	de	consenso	e	con-
flito,	marcadas	por	resistências	e	contradições",	conforme	reflete	
Vieira	(2000,	p.	141).
Alicerçada	nos	princípios	democráticos,	a	gestão	da	educa-
ção	concorre	para	a	superação	de	políticas	educacionais,	histori-
camente	orientadas	por	autoritarismos	que	têm	norteado	as	re-
lações	sociais	brasileiras,	as	quais	se	encontram	cristalizadas	em	
nossa	cultura	desde	os	tempos	coloniais.
Se,	por	um	lado,	considera-se	que	boa	parte	do	fracasso	es-
colar	acontece	no	 interior	das	escolas	públicas	 (ainda	que	a	res-
ponsabilidade	 não	 seja	 só	 da	 escola),	 há	 também	 todo	um	mo-
vimento	de	políticas	públicas	para	dar	suporte	para	que	a	escola	
possa	cumprir	sua	função	social.	
Tanto	nos	aspectos	legais	quanto	nas	políticas	educacionais,	
vemos	que	a	escola	vem	ampliando	seu	espaço	de	autonomia.	A	
escola	é	o	núcleo	da	gestão,	por	 isso	a	 importância	da	definição	
clara	de	seu	papel	na	construtora	da	cidadania.	É	importante	com-
preender	que	a	promulgação	da	Lei	de	Diretrizes	e	Base	da	Edu-
cação	Nacional	 (LDBN)	 nº	 9.394/96	 representou	 a	 incorporação	
de	instrumentos	de	caráter	democratizantes	na	Lei	Maior,	da	qual	
emanam	todas	as	demais	diretrizes	para	e	educação	no	país.
Bordignon	e	Gracindo	(2000,	p.	156)	ponderam	que	a	escola	
trabalha	o	 conhecimento,	mas	que	o	 saber	não	é	um	 fim	em	si	
mesmo.	Não	se	aprende	por	diletantismo,	mas,	sim,	objetivando	a	
aquisição	de	um	instrumento	de	cidadania.	
Os	autores	questionam:	"Mas	que	cidadania	é	esta?"	Ponde-
ram	que	a	função	da	escola	é	muito	mais	que	preparar	as	pesso-
as	para	o	exercício	da	cidadania:	há	necessidade	de	se	"construir"	
uma	real	cidadania	para	além	da	filosofia	positivista.	Uma	cidada-
nia	que	na	relação	com	o	outro	se	baseie	na	liberdade	e	solidarie-
Claretiano - Centro Universitário
131© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
dade,	que	respeite	a	igualdade	da	dignidade	humana	na	diferença	
das	individualidades,	que	promova	a	inclusão	no	espaço	social	da	
sociedade	do	conhecimento,	que	faça	efetivar	a	democracia.	
Nessa	perspectiva,	Cury (2000,	p.	57) considera	que	a	cons-
trução	de	uma	cidadania	ativa	já	alcançou	avanços	importantes	no	
aspecto	da	lei,	como	resultado	da	mobilização	e	lutas	de	setores	
da	sociedade	civil	organizada	e	comprometida	com	a	construção	
de	uma	nação	menos	desigual	e	mais	justa.
Podemos	recordar	que	não	faz	muito	tempo	que	a	lei	colo-
cou	em	plano	de	igualdade	o	contribuinte	negro	e	o	branco,	am-
pliando	a	cidadania	com	o	reconhecimento	dos	direitos	civis,	polí-
ticos,	sociais	e	culturais.	
No	entanto,	Cury	(2000)	observa	que	a	prática	social	da	cons-
trução	da	cidadania,	mesmo	se	considerarmos	os	avanços	obtidos,	
ainda	encontra	limites	no	âmbito	dos	grupos	organizados	e	gran-
des	dificuldades	junto	aos	grupos	não	organizados.
Voltamos	a	reafirmar	a	importância	da	dimensão	da	gestão	
democrática	na	educação	 como	 recurso	primaz	no	atendimento	
das	demandas	sociais	por	uma	educação	de	qualidade,	que	seja	
construtora	e	centrada	na	inclusão	e	no	conhecimento.
7. ObjetivOs DA esCOlA e PRátiCAs De ORGANizA-
ÇÃO e GestÃO
Organização e gestão 
Dentro	de	uma	visão	técnico-científica,	a	organização	esco-
lar	busca	a	racionalização	de	aspectos	que	podem	ser	planejados,	
controlados	e	avaliados	na	busca	por	maior	eficiência	e	eficácia.	
Numa	visão	mais	crítica,	a	organização	escolar	implica	a	considera-
ção	da	interação	entre	as	pessoas,	envolvendo	a	construção	social	
de	um	ambiente	educativo	por	professores,	alunos,	pais,	funcioná-
rios	e	comunidade.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar132Segundo	Libâneo	(2005,	p.	293),	em	se	tratando	da	escola,	a	
organização	e	a	gestão	dizem	respeito:	
[...]	 ao	 conjunto	 de	 normas,	 diretrizes,	 estrutura	 organizacional,	
ações	e	procedimentos	que	asseguram	a	racionalização	de	recur-
sos	humanos,	materiais,	 financeiros	e	 intelectuais,	assim	como	a	
coordenação	e	o	acompanhamento	do	trabalho	das	pessoas.	
Assim,	a	educação	envolve	processos	de	racionalização,	co-
ordenação	e	acompanhamento.
A	forma	como	uma	escola	se	organiza	e	se	estrutura	indica	
o	predomínio	de	uma	ou	outra	 concepção	de	 gestão,	 que	pode	
focar	mais	 intensamente	a	 racionalização	ou	a	 coordenação	e	o	
acompanhamento.	A	ação	do	gestor	pode	deixar	evidente	o	com-
promisso	com	a	simples	organização	dos	aspectos	administrativos	
ou	o	compromisso	com	a	transformação	e	a	estruturação	de	um	
espaço	democrático	de	aprendizagem.	
O	uso	racional	dos	recursos	refere-se	à	opção	eficiente	e	efi-
caz	dos	meios	a	serem	utilizados	para	a	consecução	dos	objetivos.	
No	entanto,	a	coordenação	e	o	acompanhamento	refere-se	a:
[...]	um	conjunto	de	procedimentos	e	iniciativas	dirigidas	a	articular,	
reunir	e	integrar	o	trabalho	das	pessoas	que	pertencem	ao	corpo	
docente	e	técnico-administrativo	da	escola	para	atingir	objetivos	e	
metas	comuns	(LIBÂNEO;	et	al.,	2005,	p.	293).	
Para	que	se	concretizem	essas	duas	características,	especi-
ficamente	da	 escola,	 são	 colocadas	 em	prática	 as	 atividades	 es-
pecíficas	de	planejar,	organizar,	dirigir	e	avaliar	a	condição	dessas	
funções,	frente	a	diversas	ações	e	procedimentos;	é	o	que	se	de-
nomina gestão: "a	atividade	que	coloca	em	ação	um	sistema	orga-
nizacional"	(LIBÂNEO	et	al.,	2005,	p.	294).
De	acordo	com	Libâneo	et	al.	(2005),	com	base	nesta	defini-
ção	geral	sobre	gestão,	emergem	duas	consequências	importantes	
que	apresentamos	resumidamente:
•	 As	 formas	de	organização	e	gestão	se	constituem	como	
meios	para	atingir	determinados	fins,	não	podendo	os	as-
pectos	administrativos	ser	fins	em	si	mesmos.
Claretiano - Centro Universitário
133© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
•	 Conceitualmente,	a	gestão	faz	parte	da	organização	por	
duas	razões:
a)	 a	 escola,	 concebida	 como	 instituição	 social,	 é	 uma	
organização	 cujos	 objetivos,	meios,	 processos	 e	 re-
sultados	devem	estar	focados	na	formação	humana.	
Assim,	 emergem	 como	 condicionante	 fundamental	
ao	fortalecimento	das	relações	sociais,	culturais	e	afe-
tivas	que	nela	ocorrem;
b)	 a	partir	 da	premissa	que	deve	predominar	na	 insti-
tuição	escolar,	o	elemento	humano	deve	ser	adminis-
trado	democraticamente,	de	maneira	que	todos	que	
dela	fazem	parte	estejam	voltados	a	atingir	os	objeti-
vos	educacionais,	colocando-se	em	plano	de	relevân-
cia	o	requerimento	da	gestão	participativa.	
Assim,	 segundo	 o	 autor,	 a	 organização	 e	 a	 gestão	 escolar,	
para	atender	às	demandas	da	unidade	escolar,	devem	dispor	de	
condições	e	de	meios	para	a	realização	de	seus	objetivos	específi-
cos,	e	visam:
•	 promover	as	condições,	os	meios	e	todos	os	recursos	necessá-
rios	ao	ótimo	funcionamento	da	escola	e	do	trabalho	em	sala	
de	aula;
•	 promover	o	envolvimento	das	pessoas	no	trabalho,	por	meio	
da	participação	e	fazer	a	avaliação	e	o	acompanhamento	desta	
participação;
•	 garantir	a	realização	da	aprendizagem	para	todos	os	alunos	(LI-
BÂNEO	et	al.,	2005	p.	294).	
No	entanto,	a	ação	organizativa	da	gestão	não	pode	se	rea-
lizar	sem	pensar	nos	fins	educacionais,	no	sentido	da	ação	desen-
volvida,	e	nas	concepções	que	a	embasam.	
Cabe	lembrar	que	existem	no	mínimo	duas	formas	de	conce-
ber	a	gestão	educacional	centrada	na	escola,	segundo	Libâneo	et	
al.	(2005,	p.	295):	
•	 na	lógica	neoliberal,	situar	a	escola	como	centro	das	políticas,	
com	o	Estado	mínimo	transferindo	muitas	de	suas	responsabili-
dades	para	a	comunidade	e	as	escolas	que	ficam	encarregadas	
das	funções	de	planejar,	organizar	e	avaliar	os	serviços	educa-
cionais.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar134
•	 na	lógica	sociocrítica,	privilegia-se	o	espaço	educativo	como	um	
ambiente	de	formação	e	de	aprendizagens	significativas	cujos	
sujeitos,	alunos	e	profissionais	da	escola	vêm	valorizando	suas	
iniciativas	 e	 decisões,	 participação	 e	 autonomia	 voltados	 ao	
atendimento	dos	reais	 interesses	públicos	pelos	serviços	edu-
cacionais,	sem	que	isso	desobrigue	o	Estado	de	suas	responsa-
bilidades.
Veja	a	colocação	que	Libâneo	et	al.	(2005,	p.	300-301)	fazem	
sobre	a	escola.
A	escola	é	uma	instituição	social	cujo	objetivo	explícito:	o	desen-
volvimento	 das	 potencialidades	 físicas,	 cognitivas	 e	 afetivas	 dos	
alunos,	por	meio	da	aprendizagem	dos	conteúdos	(conhecimentos,	
habilidades,	procedimentos,	atitudes	e	valores),	para	retornarem-
-se	cidadãos	participativos	na	sociedade	em	que	vivem.	O	objetivo	
primordial	da	escola	é,	portanto,	o	ensino	e	a	aprendizagem	dos	
alunos,	tarefa	a	cargo	da	atividade	docente.	A	organização	escolar	
necessária	é	aquela	que	melhor	favorece	o	trabalho	do	professor,	
existindo	uma	interdependência	entre	os	objetivos	e	as	funções	da	
escola	e	a	organização	e	a	gestão	do	trabalho	escolar.
Como	 se	pode	perceber,	 não	 se	 trata	de	uma	organização	
qualquer	que	a	gestão	deve	desenvolver,	mas,	sim,	de	uma	orga-
nização	que	dinamize	a	real	função	da	escola:	a	aprendizagem	dos	
alunos.	
Libâneo	et	al.	(2005)	argumenta	que	de	nada	vale	um	con-
junto	de	 inovações	 tais	 como	gestão	democrática,	 eleições	para	
diretor,	introdução	de	modernos	equipamentos	e	tantos	outros	re-
cursos,	se	os	alunos	continuarem	apresentando	baixo	rendimento	
escolar	e	aprendizagem	não	sedimentada.	
Nessa	mesma	perspectiva,	Gadotti	(2004,	p.	86)	afirma:
Fazer	pedagogia	é	fazer	prática	teórica	por	excelência.	É	descobrir	
e	elaborar	instrumentos	de	ação	social.	Assim	sendo,	o	pedagogo	
e	o	diretor,	à	luz	de	uma	concepção	progressista	de	educação,	tem	
sua	função	de	mediador	do	trabalho	pedagógico,	agindo	em	todos	
os	espaços	de	contradição	para	a	transformação	da	prática	de	uma	
educação	pública	e	de	qualidade,	visando	à	emancipação	das	clas-
ses	populares.
O	que	depreendemos	da	afirmação	do	autor	é	que	deve	ha-
ver	uma	organização	coletiva	da	escola	em	função	dos	sujeitos	que	
Claretiano - Centro Universitário
135© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
nela	estão,	sendo	que	o	gestor	deve	entender	seu	papel	como	me-
diador	da	intencionalidade	educativa	da	escola,	pela	via	dos	dife-
rentes	segmentos	que	a	compõem.	Este	é	o	parâmetro	da	gestão	
na	sua	possibilidade	de	atuação	no	espaço	escolar.	
Nessa	perspectiva,	Libâneo	et	al.	(2005,	p.	301)	comenta	que	
diversos	autores	vêm	realizando	pesquisas	que	têm	como	objeto	
os	elementos	da	organização	escolar	que	interferem	no	desempe-
nho	dos	alunos,	afirmando	que	uma	escola	pode	ser	considerada	
bem	organizada	e	gerida	quando:
[...]	assegura	condições	organizacionais,	operacionais	e	pedagógi-
co-didáticas	 que	 permitam	 o	 bom	 desempenho	 dos	 professores	
em	sala	de	aula,	de	modo	que	todos	seus	alunos	sejam	bem-suce-
didos	em	suas	aprendizagens.	
Esses	estudos	relatam	que	a	maneira	de	funcionamento	de	
uma	escola	interfere	nos	resultados	escolares	dos	alunos.	Tais	pes-
quisas	colaboram	para	a	identificação	de	características	organiza-
cionais	que	podem	contribuir	para	o	rendimento	da	unidade	e	que	
são,	obviamente,	consideradas	as	peculiaridades	de	cada	institui-
ção	escolar.	
Vejamos,	resumidamente,	algumas	das	características	organi-
zacionais	apresentadas	por	Libâneo	et	al.	(2003,	p.	302-303)	como	
capazes	de	permitir	à	escola	o	cumprimento	de	sua	função	social:
1)	 professores	que	tenham	domínio	do	conteúdo,	clareza	dos	ob-
jetivos,	que	utilizem	metodologias	e	abordagens	didático-peda-
gógicas	que	favoreçam	a	construção	de	aprendizagens,	criando	
um	ambiente	escolar	de	afetividade,	que	façam	uma	avaliação	
fundamentada	nos	princípios	da	avaliação	contínua;	
2)	 existência	 de	 um	 projeto	 pedagógico	 curricular	 que	 reflita	 o	
consenso	estabelecidoentre	a	direção	e	o	corpo	docente,	no	
que	tange	a	objetivos	e	metas,	metodologias	e	a	organização	
administrativa	pedagógica	da	unidade	escolar	(regimento,	nor-
mas	e	procedimentos	de	funcionamento);
3)	 um	ambiente	de	trabalho	agradável,	no	qual	a	direção	exerça	
o	papel	de	articuladora	da	troca	de	experiências	entre	os	do-
centes,	criando	uma	sinergia	na	adoção	e	prática	de	critérios	de	
ensino	e	qualidade	na	escola;
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar136
4)	 estrutura	organizacional	e	boa	organização	do	processo	de	ensi-
no	e	aprendizagem,	que	consigam	motivar	a	maioria	dos	alunos	
a	aprender;
5)	 dispor	de	infraestrutura	física,	de	recursos	didáticos	pedagógi-
cos	que	permitam	aos	alunos	situações	favoráveis	para	a	apren-
dizagem;
6)	 atuação	da	direção	e	coordenação	pedagógica	na	condução	de	
um	trabalho	educativo	que	motive	o	conjunto	dos	professores	
a	terem	um	bom	desempenho	em	suas	atividades;
7)	 uma	distribuição	de	alunos	por	sala	a	partir	de	critérios	bem	de-
finidos	e	uma	estrutura	e	organização	curricular	com	conteúdos	
que	reflitam	a	realidade;
8)	 organização	do	currículo	com	inovações,	a	serem	incorporadas	
ou	não,	analisadas	pela	equipe	sempre	com	o	espírito	crítico-
-reflexivo,	porém,	sempre	aberto	para	o	novo.	Estas	reflexões	
devem	ocorrer	à	luz	das	experiências	que	todos	já	trazem	con-
sigo,	as	quais	foram	construídas	e	acumuladas	ao	longo	de	suas	
trajetórias	de	vida.	Dessa	maneira,	podem	compreender	me-
lhor	o	impacto	que	o	novo	poderá	ter	em	seu	trabalho.	
O	esquema	(Figura	1)	a	seguir	mostra	como	se	articulam,	na	
escola,	os	meios	e	os	objetivos.
fonte:	Libâneo	et	al.	(2003,	p.	305).
Figura	1	Articulação entre meios e objetivos, na escola.
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137© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
Como	você	pode	perceber	na	Figura	1,	a	gestão	e	a	organiza-
ção	da	escola	são	meios	para	atingir	os	objetivos	decorrentes	das	
demandas	 e	 exigências	 econômicas,	 políticas,	 sociais	 e	 culturais	
que	são	pensados	no	processo	de	planejamento	e	concretizados	
no	currículo	colocado	em	ação	pelo	ensino.	Essas	ações	são	as	res-
ponsáveis	pela	qualidade	cognitiva	e	operativa	das	aprendizagens	
dos	alunos	num	processo	dialético.	
Logo,	cabe	ao	gestor	a	responsabilidade	de	articular	os	di-
ferentes	 atores	 em	 torno	de	uma	educação	de	qualidade	numa	
mediação	democrática	capaz	de	interagir	com	todos	os	segmentos	
da	comunidade	escolar.	Isso	exige	mais	que	o	conhecimento	buro-
crático,	exige	uma	sólida	formação	pedagógica	a	fim	de	que	possa	
privilegiar	a	organização	pedagógica	e	implementar	novas	formas	
de	administrar	–	nas	quais	a	comunicação	e	o	diálogo	façam	parte	
da	prática	cotidiana.	
8. CONCePÇões De ORGANizAÇÃO e De GestÃO es-
COlAR
De	acordo	com	o	Dicionário	Aurélio	eletrônico,	organização	
significa:
[...]	ato	ou	efeito	de	organizar-se;	modo	pelo	qual	um	ser	vivo	é	or-
ganizado;	conformação,	estrutura;	modo	pelo	qual	se	organiza	um	
sistema;	associação	ou	instituição	com	objetivos	definidos.	
Segundo	a	mesma	obra,	gestão	significa	"ato	de	gerir,	gerên-
cia,	administração".	
A	 Gestão	 Escolar	 se	 expressa	 numa	 forma	 de	 organizar	 o	
trabalho	pedagógico	da	escola	diante	de	objetivos	e	metas,	numa	
forma	de	planejar	e	disponibilizar	para	tal	os	recursos	materiais	e	
humanos.	Se	essas	formas	organizativas	acontecem	em	processos	
interativos	e	coletivos	de	atribuição	de	papéis,	funções	e	ativida-
des,	temos	uma	clara	redistribuição	de	poder	e	a	caracterização	de	
uma	gestão	democrática.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar138
Assim,	 como	 vimos	 anteriormente,	 as	 atividades-meio	 de	
uma	gestão	estão	comprometidas	com	os	fins	e	objetivos	educa-
cionais,	não	podendo	deles	se	desprender	para	não	gerar	uma	bu-
rocracia	inútil.	
Em	outro	aspecto,	a	escola	deve	ser	entendida	como	uma	
organização	social;	portanto,	uma	instituição	cuja	gestão	deve	co-
locar	em	prática	procedimentos	que	têm	como	componentes	nu-
cleares	os	seres	humanos	e	a	cidadania.
Nessa	lógica,	é	fundamental	que	a	participação	de	todos	os	
indivíduos	 ocorra	 de	 maneira	 democrática,	 desde	 a	 elaboração	
dos	objetivos	até	a	avaliação	dos	resultados	alcançados,	para	que	
as	atividades-fins	da	escola	sejam	contempladas	com	sucesso.	
A	participação	ativa	dos	diversos	segmentos	da	comunidade	
escolar	é	precondição	para	a	consolidação	da	gestão	democrática.	
Logo,	 um	gestor	 não	pode	 se	descuidar	 do	 clima	organizacional	
que	diz	respeito	à	satisfação	das	pessoas	com	seu	ambiente	de	tra-
balho	e	que	vem	carregado	de	uma	cultura	historicamente	cons-
truída	por	determinada	instituição.	
Cultura organizacional
O	que	 é	 cultura	 organizacional?	 Para	 além	da	 organização	
formal	 e	 planejada,	 as	 instituições	 sofrem	 impacto	 das	 relações	
informais	que	têm	sido	denominadas	de	"cultura	organizacional".	
Podemos	considerá-la	um	conjunto	de	fatores	sociais,	culturais	e	
psicológicos	que	 influenciam	no	comportamento	da	organização	
em	geral	e	das	pessoas	em	particular.
Isso	 implica	 diversos	 outros	 aspectos.	 Além	 das	 normas,	
diretrizes,	procedimentos	operacionais	e	administrativos	que	ca-
racterizam	uma	escola,	temos	os	aspectos	culturais,	nem	sempre	
identificados	ou	expressos	claramente,	que	diferenciam	uma	es-
cola	de	outra.	
Diversos	 aspectos	de	uma	 instituição	estão	 relacionados	 a	
crenças,	valores	e	opiniões	que	interferem	nas	formas	de	agir	e	in-
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139© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
teragir	no	trabalho	cotidiano,	na	maneira	pela	qual	as	pessoas	re-
agem	às	inovações	e	às	próprias	normas	e	diretrizes	institucionais.
Por	exemplo,	uma	postura	positiva	dos	alunos	com	relação	
ao	aprender	e	ao	estudar	não	acontece	de	uma	hora	para	outra,	
mas,	por	ser	um	valor	cultural,	precisa	ser	permanentemente	culti-
vado.	Se	a	escola	se	preocupa	com	esse	aspecto,	e	busca	construí-
-lo,	facilita	muito	o	trabalho	pedagógico.	Esse	valor	começa	a	fazer	
parte	da	cultura	organizacional	daquela	escola.
Logo,	precisamos	olhar	atentamente	para	cada	escola,	pois	
cada	uma	 tem	a	 sua	 cultura	própria,	 resultante	da	 interação	de	
fatores	sociais,	culturais	e	psicológicos.	Ela	vai	se	estabelecendo	e	
se	modificando	ao	longo	do	tempo,	de	acordo	com	um	conjunto	
de	conhecimentos,	valores,	crenças	e	modos	de	agir	de	um	grupo	
em	um	determinado	contexto	espacial	e	histórico.	
Essa	 cultura	 institucional,	 própria	 de	 cada	escola,	 transpa-
rece	no	conflito	que	se	estabelece	entre	os	diversos	interesses	de	
grupos,	de	pessoas,	de	raças,	gênero	e	etnias	que	compõem	a	co-
munidade	escolar.	Muitas	vezes,	a	cultura	 institucional	não	é	 fa-
cilmente	percebida.	Ela	está	constantemente	sujeita	a	mudanças,	
resultantes	do	embate	que	as	pessoas	travam	em	suas	atividades	
cotidianas.	
Libâneo	et	al.	(2003,	p.	321)	consideram	sua	importância:
Levar	em	conta	a	cultura	organizacional	da	escola	é,	portanto,	exi-
gência	 prévia	 à	 formação,	 ao	 desenvolvimento	 e	 à	 avaliação	 do	
projeto	curricular	e,	também,	às	atividades	que	envolvem	tomadas	
de	decisão:	o	currículo,	a	estrutura	organizacional,	as	relações	hu-
manas,	as	ações	de	formação	continuada,	as	práticas	de	avaliação.	
Entretanto,	essa	maneira	de	ver	a	organização	escolar	precisa	con-
siderar	o	contexto	concreto	e	real	das	interações	sociais	–	marcado,	
também,	por	conflitos,	por	relações	de	fé	e	poder	externas	e	 in-
ternas,	por	interesses	pessoais	e	políticos.	Assim	como	os	próprios	
interesses	culturais	e	sociais	definidos	pelo	Estado	e	sociedade.	
A	Figura	2	mostra	a	 cultura	organizacional	 como	ponto	de	
partida	da	ligação	com	as	áreas	de	atuação.	Veja:
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar140
DESENVOLVIMENTO	
PROFISSIONAL
GESTÃO
CULTURA	
ORGANIZACIONAL
CURRÍCULO
AVALIAÇÃO
PROJETO	
PEDAGÓGICO	CURRICULAR
fonte:	Libâneo	et	al.	(2003,	p.	321).
Figura	2 A relação entre cultura organizacional e as áreas de atuação.	
Liga-se	à	cultura	organizacional	de	uma	escola	oconceito	de	
clima	organizacional.	Cabe	ao	gestor	e	à	sua	equipe	diretiva	desen-
cadear	ações	que	propiciem	um	ambiente	de	trabalho	agradável	e	
democrático,	no	qual	o	interesse	institucional	se	sobreponha	aos	
interesses	de	natureza	pessoal,	com	procedimentos	definidos	que	
visem	à	maior	eficiência	e	à	maior	eficácia	dos	serviços	ofertados	
à	comunidade.
Segundo	Bordignon	e	Gracindo	(2000,	p.	171-173),	"o	clima	
organizacional	determina	a	vontade	dos	membros	de	participar	ou	
alienar-se	do	processo	educativo",	sendo	fundamental	que	a	ges-
tão	da	escola	se	preocupe	com	ele.	
No	entanto,	os	conceitos	de	cultura	e	clima	organizacional	
não	estão	isentos	de	críticas.	De	acordo	com	Lúcia	E.	N.	B.	Bruno	
(1993,	p.	133),	a	 cultura	organizacional,	hoje,	 substitui	a	 cultura	
cívica	do	período	autoritário.	A	autora	diz: 
O	culto	à	bandeira,	aos	símbolos	da	nação	foi	substituído	pelo	culto	
aos	símbolos	das	grandes	corporações	e	que	se	encontram	nos	ti-
Claretiano - Centro Universitário
141© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
mes	esportivos,	e	até	mesmo	em	objetos	de	uso	pessoal.	Os	hinos	
entoados	coletivamente	não	são	mais	aqueles	que	revivificam	os	
tempos	heróicos	da	formação	dos	Estados	Nacionais,	mas	aqueles	
que	exaltam	a	empresa	e	seus	produtos.
Talvez	seja	devido	a	esse	viés	dos	dois	conceitos	(cultura	e	
clima	organizacional)	que	Bordignon	e	Gracindo	(2000)	destacam	
que	algumas	condições	são	importantes	para	a	efetivação	de	um	
clima	no	qual	as	pessoas	se	sintam	bem	além	da	superficialidade	
das	 festinhas:	 finalidades	e	objetivos	claramente	definidos	e	co-
nhecidos	por	todos;	responsabilidades	e	ações	claramente	atribu-
ídas	pelo	coletivo;	direção	entendida	como	coordenação	das	alte-
ridades,	das	diferenças	entre	os	iguais;	educadores	tratados	como	
sujeitos;	os	conflitos	mediados	dialeticamente	sem	negação;	pro-
cessos	de	informação	transparentes;	cultivo	do	respeito	profissio-
nal	acima	das	divergências.	
Os	 meios	 utilizados	 para	 se	 atingir	 o	 fim	 social	 da	 escola	
devem	pautar-se	pelos	princípios	da	gestão	democrática	partici-
pativa,	da	 justiça	e	do	 respeito	à	pessoa	humana.	Afinal,	 são	as	
pessoas	que	criam	e	recriam	a	cultura	organizacional,	e	esta	deve	
contribuir	eficazmente	para	a	melhoria	da	qualidade	da	educação.
Organização e gestão escolar
A	organização	da	escola	acontece	de	acordo	com	a	concep-
ção	que	os	gestores	e	educadores	têm	das	finalidades	dessa	insti-
tuição.	Como	vimos	anteriormente,	se	a	função	da	escola	abrange	
a	formação	humana	para	a	cidadania,	sua	organização	não	pode	
ser	a	de	transmissão	e	adoção	de	posturas	autoritárias.	
Se	a	gestão	entender	a	organização	da	escola	como	uma	re-
alidade	neutra,	 técnica	e	 racional,	 provavelmente	assumirá	uma	
postura	de	planejamento	e	controle	e	ficará	bastante	preocupada	
com	aspectos	meramente	administrativos.	Se	observarmos	bem,	
muitos	de	nossos	gestores	escolares	assumem	esses	aspectos,	de-
legando	a	outros	funcionários	o	aspecto	pedagógico,	como	se	hou-
vesse	uma	cisão	entre	um	e	outro.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar142
Se	a	gestão	assume	uma	postura	mais	crítica,	entendendo	a	
escola	como	um	espaço	de	interação	de	pessoas	e	formação	para	
a	cidadania,	procurará	trabalhar	mais	na	direção	dos	órgãos	e	ins-
tâncias	de	participação,	na	mobilização	das	pessoas,	entendendo	
a	organização	como	uma	construção	social	atribuída	a	professores,	
alunos,	pais	e	integrantes	da	comunidade	local.	
Logo,	 as	 ações	 que	 se	 desenvolvem	 carregam	 conotações	
desse	ou	daquele	posicionamento	teórico,	mesmo	que	inconscien-
temente.	 Podemos	 afirmar	 que,	 uma	 vez	 definida	 e	 assumida	 a	
concepção	de	gestão,	todas	as	atividades	a	serem	desenvolvidas	
na	escola	 serão	 influenciadas	por	esse	posicionamento,	desde	a	
organização	dos	espaços	de	aprendizagem	até	o	planejamento	do	
projeto	político-pedagógico.	
O	Quadro	1	apresenta	as	principais	características	de	cada	
concepção	de	organização	e	gestão	escolar,	de	acordo	com	Libâ-
neo	(2005).	
Quadro 1 Concepções	de	organização	e	gestão	escolar.
tÉCNiCO- 
-CieNtÍfiCA
AUtO 
GestiONáRiA iNteRPRetAtivA
DemOCRátiCO 
PARtiCiPAtivA
•		Prescrição	
detalhada	
de	funções	
e	tarefas,	
acentuando	a	
divisão	técnica	
do	trabalho	
escolar.
•		Poder	
centralizado	
no	diretor,	
destacando-se	
as	relações	de	
subordinação,	
em	que	uns	têm	
mais	autoridade	
do	que	outros.
•	 Vínculo	das	
formas	de	gestão	
interna	com	as	
formas	de	auto	
gestão	social	
(poder	coletivo	
na	escola	para	
preparar	formas	
de	autogestão	no	
plano	político).
•	 Decisões	
coletivas	
(assembleias,	
reuniões),	
eliminação	de	
todas	as	formas	
de	exercício	de	
autoridade	e	de	
poder.
•	 A	escola	é	uma	
realidade	social	
subjetivamente	
constituída,	
não	dada	nem	
objetiva.
•	 Privilegia	
menos	o	ato	
de	organizar	
e	mais	a	'ação	
organizadora',	
com	valores	
e	práticas	
compartilhados.
•	 Definição	
explicita,	
por	parte	da	
equipe	escolar,	
de	objetivos	
sociopolíticos	e	
pedagógicos	da	
escola.
•	 Articulação	da	
atividade	de	
direção	com	a	
iniciativa	e	a	
participação	
das	pessoas	da	
escola	e	das	que	
se	relacionam	
com	ela.
Claretiano - Centro Universitário
143© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
tÉCNiCO- 
-CieNtÍfiCA
AUtO 
GestiONáRiA iNteRPRetAtivA
DemOCRátiCO 
PARtiCiPAtivA
•	 Ênfase	na	
administração	
regulada	(rígido	
sistema	de	
normas,	regras,	
procedimentos	
burocráticos	
de	controle	das	
atividades),	
descuidando-
se,	às	vezes,	
dos	objetivos	
específicos	
da	instituição	
escolar.
•	 Comunicação	
linear	(de	cima	
para	baixo),	
baseada	em	
normas	e	regras.	
•	 Mais	ênfase	nas	
tarefas	do	que	
nas	pessoas.
•	 Ênfase	na	auto-
organização	
do	grupo	de	
pessoas	da	
instituição,	por	
meio	de	eleições	
e	de	alternância	
no	exercício	de	
funções.
•	 Recusa	a	normas	
e	a	sistemas	
de	controles,	
acentuando	a	
responsabilidade	
coletiva.
•	 Crença	no	poder	
instituinte	da	
instituição	e	
recusa	de	todo	
poder	instituído.	
O	caráter	
instituinte	dá-se	
pela	prática	da	
participação	
e	da	auto	
gestão,	modos	
pelos	quais	se	
contesta	o	poder	
instituído.
•	 A	ação	
organizadora	
valoriza	muito	as	
interpretações,	
os	valores,	as	
percepções	e	
os	significados	
subjetivos,	
destacando	o	
caráter	humano	
e	preterindo	o	
caráter	formal,	
estrutural,	
normativo.
•	 Qualificação	e	
competência	
profissional.
•	 Busca	de	
objetividade	
no	trato	das	
questões	da	
organização	
e	da	gestão,	
mediante	coleta	
de	informações	
reais.
•	 Acompanhamento	
e	avaliação	
sistemáticos	
com	finalidade	
pedagógica:	
diagnóstico,	
acompanhamento	
dos	trabalhos,	
reorientação	de	
rumos	e	ações,	
tomada	de	
decisões.
•	 Todos	dirigem	
e	são	dirigidos,	
todos	avaliam	e	
são	avaliados.
•	 Ênfase	tanto	nas	
tarefas	quanto	
nas	relações.	
fonte:	Libâneo	et	al.	(2005,	p.	327). 
Sobre	os	dramas	da	gestão	 técnico-científica,	 julgamos	 ter	
comentado	o	suficiente	na	unidade	anterior.	Observamos,	então,	
que	 a	 concepção	 autogestionária	 traz	 uma	 ausência	 de	 direção	
com	a	participação	igual	de	todos,	numa	clara	recusa	da	autorida-
de.	O	que	precisamos	nos	questionar	em	relação	a	essa	concepção	
é	se	o	grupo-escola	tem	maturidade,	inclusive	teórica,	para	se	au-
togerir.	Nesse	caso,	alguns	autores	consideram	que	essa	concep-
ção	é	capaz	de	trazer	autonomia	e	despertar	processos	criativos	
interessantes.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar144
A	concepção	 interpretativa,	apesar	de	considerar	as	condi-
ções	da	escola,	tem	como	foco	os	aspectos	subjetivos	dos	sujeitos	
escolares,	suas	experiências	e	práticas	sociais.	
Nessa	perspectiva,	a	gestão	assume	um	caráter	de	constru-
ção	social	e	coletiva.	No	entanto,	esse	posicionamento	recusa-se	
a	conhecer	mais	detidamente	os	modos	de	funcionamento	da	or-
ganização	no	que	 tange	a	normas,	 estratégias	e	procedimentos.	
Isso	 acarreta	um	abandono	dos	 aspectos	 administrativos,	 o	que	
também	acaba	por	interferir	no	campo	pedagógico.	
A	quarta	concepção,a	democrático-participativa,	incorpora	
ações	e	planejamentos	coletivos	e	democráticos;	porém,	também	
considera	as	 responsabilidades	 individuais	diante	de	um	projeto	
coletivo.	Como	nos	esclarece	Libâneo	(2005,	p.	326),	a	concepção	
democrático-participativa	considera	 importantes	 tanto	"a	ênfase	
nas	 relações	humanas	 e	 a	 participação	das	decisões"	 quanto	 "a	
tomada	de	ações	efetivas	para	 se	atingir	 com	êxito	os	objetivos	
específicos	da	escola".	
Para	que	a	gestão	democrática	participativa	possa	ser	viven-
ciada	e	tornar-se	concepção	norteadora	da	organização	e	da	ges-
tão	da	escola,	é	necessário	que	se	coloque	em	plano	de	relevância,	
além	dos	princípios	elencados	no	quadro	anterior,	o	princípio	da	
autonomia.	É	importante	que	você	analise	cada	concepção	de	or-
ganização	e	gestão	escolar	e	faça	uma	comparação	entre	elas.
O	Organograma	(Figura	3)	apresenta	os	elementos	de	com-
posição	 da	 estrutura	 organizacional	 básica,	 com	os	 setores	 e	 as	
funções	típicas	de	uma	escola	que	se	organiza	a	partir	da	concep-
ção	de	organização	e	gestão	democrático-participativa.
Esse	organograma	de	desenho	circular,	representativo	da	or-
ganização	e	da	gestão	escolar	democrática,	configura	a	inter-relação	
entre	as	diversas	áreas	e	setores	da	escola	numa	perspectiva	sistê-
mica.	Conforme	nos	alerta	o	autor	do	quadro,	no	modelo	técnico-
-científico,	o	organograma	geralmente	é	representado	por	um	dese-
nho	geométrico	que	apresenta	a	hierarquia	detalhada	das	funções.	
Claretiano - Centro Universitário
145© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
fonte:	Libâneo	et	al.	(2003,	p.	340).
Figura	3 O organograma básico da escola.	
Como	 foi	 possível	 ver,	 a	 gestão	de	uma	escola	 não	é	uma	
tarefa	fácil.	É	um	trabalho	que	requer	formação	consistente,	além	
de	exigir	do	gestor	um	trabalho	coletivo,	direcionado	por	princí-
pios	 de	 autonomia,	 emancipação	 e	 a	 participação	 com	 vistas	 a	
conseguir	construir,	organizar	e	implementar	um	projeto	político-
-pedagógico.
Numa	gestão	democrática,	o	gestor	precisa	estar	ciente	de	
que	a	qualidade	da	educação	oferecida	pela	escola	depende	mui-
to	(embora	não	só)	da	participação	ativa	de	todos,	respeitando	a	
contribuição	das	individualidades	no	enriquecimento	do	trabalho	
coletivo.
As	 figuras,	os	quadros	e	as	 tabelas	 fazem	parte	do	texto	e	
complementam	os	conceitos	e	as	explicações.	Portanto,	não	dei-
xe	de	estudá-los	e	compreendê-los	para	uma	aprendizagem	mais	
eficiente.
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar146
9. áReAs De AtUAÇÃO DA ORGANizAÇÃO e DA Ges-
tÃO esCOlAR
São	consideradas	áreas	básicas	de	atuação	da	organização	
e	da	gestão	escolar	as	atividades	elementares	que	caracterizam	o	
funcionamento	da	instituição	escolar,	para	que	esta	possa	funcio-
nar	e	garantir	a	qualidade	da	aprendizagem	dos	alunos.	
São	as	áreas	e	setores	da	unidade	escolar	que	dão	suporte	
às	 atividades	docentes	 –	 cuja	 grande	 finalidade	é	promover	de-
senvolvimento	 físico,	 cognitivo,	 político,	 ético	 e	 sócio	 afetivo	do	
educando	por	meio	da	construção	de	conhecimentos,	valores,	ha-
bilidades	e	atitudes.
Normalmente,	percebemos	que	se	consideram	áreas	de	atu-
ação	da	gestão	escolar	a	área	pedagógica,	a	de	recursos	humanos	
e	a	administrativa,	entendendo-se	que	a	gestão	pedagógica	tem	
prioridade,	pois	é	a	que	mais	se	relaciona	com	os	objetivos	de	en-
sino	e	com	a	aprendizagem	dos	alunos.	
Vejamos	as	áreas	de	atuação	da	organização	e	da	gestão	da	
escola,	segundo	Libâneo	(2003,	p.	355):
1)	 planejamento	e	o	projeto	pedagógico-curricular;
2)	 a	organização	e	o	desenvolvimento	do	currículo;	
3)	 a	organização	e	o	desenvolvimento	do	ensino;	
4)	 as	 práticas	 de	 gestão:	 técnico	 administrativas	 e	 pedagógico	
curriculares;
5)	 desenvolvimento	profissional;
6)	 a	avaliação	institucional	e	da	aprendizagem.
Para	Libâneo	et	al.	(2005),	com	quem	concordamos	em	rela-
ção	a	essa	questão,	as	áreas	de	atuação	constituem	condicionan-
tes	da	eficácia	dos	processos	de ensino	e	aprendizagem.	Na	Figura	
4,	temos	as	seis	áreas	de	atuação	da	organização	da	escola.	
Claretiano - Centro Universitário
147© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
fonte:	Libâneo	et	al.	(2003,	p.	356).
Figura	4	As áreas de atuação da organização e gestão da escola.
O	 autor	 destaca	 que	 as	 áreas	 de	 atuação	 da	 gestão	 com-
põem-se	de	três	blocos,	como	se	pode	ver	nos	círculos	da	figura.	
Libâneo	(2005,	p.	356)	comenta,	ainda,	as	áreas	descritas	na	figu-
ra,	mostrando	como	as	diversas	áreas	se	articulam.
A	primeira	área	vincula-se	às	finalidades	da	escola,	tais	como	
o	currículo,	o	projeto,	o	ensino.	A	segunda	área	está	relacionada	
aos	meios	para	a	consecução	dos	objetivos:	as	práticas	de	gestão	
e	o	desenvolvimento	profissional.	A	terceira	área,	a	avaliação,	cor-
relaciona-se	às	outras	duas.	Permeando	essas	áreas,	encontra-se	
a	cultura	organizacional	(como	um	espaço	em	que	todas	as	outras	
áreas	se	realizam).	
Enfim,	cabe	ao	diretor	o	papel	de	articulador	e	catalisador	
das	áreas	de	atuação	da	organização	e	gestão	escolar	em	prol	da	
melhoria	da	qualidade	da	educação.	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar148
10. QUestões AUtOAvAliAtivAs
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	o	seu	
desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 Responda:	por	que	Saviani	e	Libâneo	consideram	que	não	temos	um	sistema	
nacional	de	educação?	
2)	 Faça	uma	reflexão	comparando	a	escola	na	lógica	neoliberal	e	na	lógica	so-
ciocrítica.
3)	 Comente	 sobre	os	dois	princípios	 fundamentais	da	gestão	democrática:	a	
participação	e	a	cidadania.	
4)	 Que	objetivo	o	gestor	deve	focar	numa	concepção	democrática	de	escola?	
5)	 Quais	são	as	principais	áreas	de	atuação	da	gestão	e	da	organização	escolar?
6)	 Que	 diferenças	 existem	 entre	 as	 concepções	 autogestionárias	 e	 a	 gestão	
democrático-participativa?	
7)	 Referencie	os	pontos	em	que	encontrou	maior	dificuldade.	Em	seguida,	re-
torne	à	unidade,	resumindo-os,	a	fim	de	solucionar	suas	dúvidas.
11. CONsiDeRAÇões
Nesta	unidade,	procuramos	apresentar	o	que	é	a	gestão	es-
colar,	 com	 base	 em	 seus	 pressupostos	 teórico-conceituais,	 seus	
princípios	e	suas	finalidades.	A	organização	e	a	administração	da	
educação	têm	por	objetivo	a	estruturação,	a	organização	e	a	con-
dução	dos	serviços	escolares.
Vimos	que	existe	uma	óptica	fragmentada,	hierárquica	e	au-
toritária	da	gestão	escolar	e	uma	óptica	sistêmica	e	democrática.	
Verificamos,	também,	que	a	gestão	escolar	está	diretamente	vin-
culada	às	políticas	públicas	para	a	educação	e	aos	aspectos	históri-
cos,	econômico-sociais	e	culturais,	e	que	sua	práxis	ocorre	no	seio	
da	prática	política.	
Para	que	a	gestão	escolar	como	prática	política	possa	respon-
der	com	eficiência,	eficácia	e	equidade	aos	desafios	da	sociedade	
Claretiano - Centro Universitário
149© U3 - Gestão Escolar: Princípios, Funções, Organização e Áreas de Atuação
contemporânea,	sua	atuação	deve	ocorrer	com	base	em	uma	si-
nergia	estabelecida	democraticamente	entre	direção,	professores,	
alunos,	 família	 e	 comunidade,	 que	 devem	agir	 cooperativamen-
te.	Para	isso,	é	fundamental	que	todos	tenham	a	oportunidade	de	
participar	dos	processos	decisórios	da	escola.	 "Participação"	é	a	
palavra-chave	na	construção	de	uma	escola	cidadã.
A	 instituição	escolar	é	o	 local	onde	as	políticas	públicas	se	
concretizam	por	meio	da	organização	e	da	gestão.	Ela	é	a	respon-
sável	por	reunir	os	meios,	as	condições	e	os	procedimentos	neces-
sários	para	garantir	que	os	objetivos	educacionais	sejam	alcança-
dos.	
A	maneira	como	a	escola	se	organiza	e	é	dirigida	está	direta-
mente	vinculada	a	uma	determinada	concepção	de	organização	e	
gestão	escolar.
A	concepção	democrático-participativa	ocupa	lugar	de	rele-
vância	e	destaque,	pois	propicia	um	funcionamento	da	escola	pú-
blica	que	incorpora	ao	processo	de	ensino-aprendizagem	práticas	
concretas	de	exercício	de	cidadania,	ética	e	justiça.
Para	cumprir	seus	objetivos,	a	organização	ea	gestão	escolar	
possuem	áreas	específicas	de	atuação.	Essas	áreas	referem-se	às	
atividades	básicas	que	caracterizam	uma	 instituição	de	ensino	e	
garantem	o	seu	funcionamento	para	atingir	a	melhoria	da	qualida-
de	da	educação.	
Desse	modo,	 o	 princípio	 de	 autonomia	 emerge	 como	 ele-
mento	relevante	para	a	consolidação	da	gestão	democrático-par-
ticipativa.	
Devemos	levar	em	conta	os	avanços	alcançados	na	perspec-
tiva	da	gestão	escolar	democrática.	Entretanto,	o	Brasil	ainda	não	
possui	um	sistema	nacional	de	ensino	sistêmico	e	articulado.
Nosso	ensino	permanece	organizado	na	forma	de	um	siste-
ma	de	ensino	básico	e	um	sistema	de	ensino	superior.	Nele,	per-
dura	a	falta	de	interatividade	entre	os	diversos	sistemas,	além	de	
© Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar150
ser	patente	a	fragmentação,	a	dicotomia	entre	o	ensino	público	e	
o	privado,	entre	a	educação	profissional	e	a	tecnológica	e	o	ensino	
propedêutico.
12. E-REfERências
LÜCK,	 H.	 Perspectivas	 da	 gestão	 escolar	 e	 implicações	 quanto	 à	 formação	 de	 seus	
gestores.	Em Aberto.	Brasília:	MEC/INEP,	v.	17,	n.72,	11-33,	 fev.	/jun.	2000.	Disponível	
em:	<http://www.crmariocovas.sp.gov.br/prf_l.php?t=001>.	Acesso	em:	12	jun.	2012.	
SAVIANI,	D.	Sistemas	de	ensino	e	planos	de	educação:	o	âmbito	dos	municípios.	Educação 
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______.	Desafios	da	construção	de	um	sistema	nacional	articulado	de	educação.	Trab. 
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WERLE,	F.	O.	C.	Novos	tempos,	novas	designações	e	demandas:	diretor,	administrador	ou	
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______;	MANTAY,	C.;	ANDRADE,	A.	C.	Direção	de	escola	básica	em	perspectiva	municipal. 
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