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Contravenções Penais_compressed

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@dicas.exconcurseira 1 
 
 
 
 
Lei das Contravenções 
Penais 
 
(Decreto nº 3.688/1941) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 2 
 
CF, Art.5º, XXXIX - não há crime (= INFRAÇÃO PENAL*) sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Conforme entendimento da doutrina, o Decreto nº 3.688/1941 foi recepcionado pela CF/88 como lei ordinária. 
 De acordo com o Decreto nº 3.914/1941 (Lei de Introdução ao Código Penal e da Lei das Contravenções Penais): 
 
Decreto nº 3.914/1941, Art. 1º Considera-se CRIME a infração penal que a lei comina pena de RECLUSÃO ou de DETENÇÃO, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; CONTRAVENÇÃO, a infração penal a que a lei 
comina, isoladamente, pena de PRISÃO SIMPLES ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
à Infração penal é gênero do qual são espécies os crimes e as contravenções penais. 
à As contravenções penais, em tese, são espécies de infração penal de menor gravidade em relação aos crimes. 
à Não há diferença substancial entre crimes e contravenções, considerando que as duas espécies caracterizam ilícitos 
penais. A diferença é meramente formal, em razão da gravidade ou quantidade de pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
à As contravenções penais (inclusive as previstas em outras leis especiais), em regra, são infrações de menor potencial 
ofensivo. 
 
Lei 9.099/95, Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as 
CONTRAVENÇÕES PENAIS e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. 
 
 
 
 
INFRAÇÃO PENAL* 
crime 
contravenção penal 
CRIME CONTRAVENÇÃO PENAL 
reclusão 
detenção 
multa 
prisão simples 
multa 
SISTEMA BIPARTIDO ou 
CRITÉRIO DICOTÔMICO 
 O que é DELITO LILIPUTIANO? 
 Liliputiano é um adjetivo utilizado para qualificar aquilo que é extremamente pequeno. 
 A expressão “delito liliputiano” refere-se às contravenções penais, também denominação de “crime 
vagabundo” ou “crime anão”. 
 Referida terminologia é relativa ao personagem “Lilipute”, o habitante de uma ilha imaginária do 
romance Viagens de Gulliver, do escritor inglês Jonathan Swift (1667-1745), onde os habitantes medem apenas 
seis polegadas. 
 Evitar as expressões “crime liliputiano”, “crime anão” e “crime vagabundo” é importante, pois, na 
verdade, não há crime, uma vez que o Brasil adota o sistema dualista (binário) diferenciando os crimes das 
contravenções penais. 
 
 @dicas.exconcurseira 3 
 Exceções: 
• Arts.45, 53 e 54 do Decreto-Lei nº 6.259/44, que prevê contravenções penais relativas aos jogos de loterias. As 
penas cominadas a tais contravenções não permitem o seu enquadramento como infração de menor potencial 
ofensivo. 
• De acordo com a jurisprudência unânime dos Tribunais Superiores, não se aplica a Lei 9.099/95 às contravenções 
praticadas com violência contra a mulher, em razão da vedação do art.41 da Lei Maria da Penha. Ex: vias de fato 
e importunação ofensiva ao pudor. CUIDADO! Em sentido contrário, doutrina minoritária entende aplicável a Lei 
9.099/95, interpretando restritivamente o art.41 da LMP que usa a expressão “crime”. 
 
De acordo com o STJ, “alinhando-se à orientação jurisprudencial concebida no seio do Supremo Tribunal Federal, a 
Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça adotou o entendimento de serem inaplicáveis aos crimes e contravenções 
penais pautados pela Lei Maria da Penha, os institutos despenalizadores previstos na Lei nº 9.099/95, dentre eles, a suspensão 
condicional do processo”. (HC 196.253/MS, Rel. Ministro OG Fernandes, Sexta Turma, julgado em 21/05/2013, DJe 31/05/2013). 
 
 
• COMPETÊNCIA – JUSTIÇA ESTADUAL – JECRIM 
 
CF, Art.109, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades autárquicas ou empresas públicas, EXCLUÍDAS AS CONTRAVENÇÕES e ressalvada a competência da Justiça Militar e 
da Justiça Eleitoral; 
 
ATENÇÃO! A doutrina afirma que existe uma exceção na qual a Justiça Federal julgaria contravenção penal. Trata-se da hipótese 
de contravenção penal praticada por pessoa com foro privativo no Tribunal Regional Federal. Seria o caso, por exemplo, de 
contravenção penal cometida por Juiz Federal ou Procurador da República. Em tais situações, o julgamento ocorreria no TRF (e 
não na Justiça Estadual). Neste caso, a regra do foro por prerrogativa de função (juiz federal ser julgado pelo TRF, em causas 
criminais) se sobrepõe à competência material. É a posição, dentre outros, de Renato Brasileiro de Lima. 
 
DE OLHO NA JURIS! Súmula 38 STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por 
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União e de suas entidades. 
 
 Segundo entendimento do STJ (CC 20454/RO, j. em 13.12.1999) e doutrina majoritária, as regras processuais de 
conexão e continência se submetem à regra constitucional do art.109, IV, da CF, determinando a separação obrigatória dos 
processos se houver conexão entre crime federal e contravenção. 
 
CONFLITO DE COMPETÊNICA. PENAL. CONTRAVENÇÃO. EXPLORAÇÃO DE JOGO DE AZAR (ART.50 DECRETO-LEI Nº 3.688/41). 
CONTRABANDO (ART.334 DO CP). CONEXÃO. INVIABILIDADE DE JULGAMENTO PERANTE O MESMO JUÍZO. SÚMULA Nº 
38/STJ. DESMEMBRAMENTO. 
1. Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando e contravenção penal, mostra-se INVIÁVEL a reunião de 
julgamentos das infrações penais perante o mesmo Juízo, uma vez que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu 
art.109, IV, a competência da Justiça Federal para o julgamento de contravenções penais, ainda que praticadas em detrimento 
de bens, serviços ou interesses da União. Súmula 38/STJ. Precedentes. 2. Firmando-se a competência do Juízo Federal para 
processar o crime de contrabando conexo à contravenção penal, impõe-se o DESMEMBRAMENTO do feito, de sorte que a 
contravenção penal seja julgada perante o Juízo Estadual. 
(CC 120.406/RJ, Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ/PE), Terceira Seção, julgado em 
12/12/2012, DJe 01/02/2013) 
 
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO PENAL PRATICADA A BORDO DE AERONAVE. ART.109, INCISOS IV E 
IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. SÚMULA Nº 38/STJ. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 
2. O art.109, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, utilizado pelo Juízo suscitado para embasar o declínio da competência 
para o Juízo Federal, refere-se tão somente aos CRIMES cometidos a bordo de navios e aeronaves, excluídas, portanto, as 
contravenções penais. 
(CC 117.220/BA, Terceira Seção, julgado em 26/10/2011, DJe 07/12/2011) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 4 
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS 
 
PARTE GERAL 
 
Aplicação das regras gerais do Código Penal 
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo 
diverso. 
 
 Exemplo – são aplicadas às contravenções penais: 
 - o art.2º do CP à abolitio criminis; 
 - o art.2º, parágrafo único, do CP à novatio legis in mellius. 
 
 CUIDADO! Há divergência sobre a aplicabilidade o art.14, parágrafo único, do CP. 
 
CP, Art.14, Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, 
diminuída de 1 a 2/3. 
 
Decreto-Lei nº 3.688/41, Art. 4º NÃO É PUNÍVEL A TENTATIVA DE CONTRAVENÇÃO PENAL. à ou seja, pode até existir, 
no mundo fático, a tentativa da prática de uma contravenção penal. Mas esta conduta não será punível. Comentário da 
@dicas.exconcurseira: já vi cair em prova diversas vezes este artigo, que foi considerado correto! 
 
 
Territorialidade 
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada NO TERRITÓRIO NACIONAL. à REGRA DA TERRITORIALIDADENão há extraterritorialidade da lei de contravenções penais! 
 
Código Penal Lei de Contravenções Penais 
Admite a extraterritorialidade (incondicionada ou 
condicionada). 
Não admite a extraterritorialidade. Aplicação exclusiva da 
regra da territorialidade. 
 
 De acordo com o STF, não é possível extradição de estrangeiro por contravenção: “A exploração ilícita de jogo e a 
exposição ilícita de material de jogo configuram contravenções penais no ordenamento jurídico brasileiro. A extensão, neste 
ponto, não pode ser concedida, por expressa vedação do art.77, II, da Lei 6.815/80”. (Ext 787 extensão, Relator(a): Min. Eros 
Grau, Tribunal Pleno, julgado em 23/03/2006) 
 
 
Voluntariedade. Dolo e culpa 
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a 
culpa, se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. 
 
• Trata-se de disposição elaborada à luz da teoria psicológico-normativa, onde o dolo e a culpa eram espécies de 
culpabilidade. Hoje, o dolo e a culpa estão presentes na conduta (na tipicidade). 
• De acordo com a doutrina, este artigo foi revogado tacitamente pela reforma de 1984 do Código Penal. 
• Aplica-se o art.18 do CP às contravenções. 
 
CP, Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado (DOLO DIRETO) ou assumiu o risco de produzi-lo (DOLO EVENTUAL); 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando 
o pratica dolosamente. 
 
 
Tentativa 
Art. 4º NÃO É PUNÍVEL a tentativa de contravenção. 
 
• No aspecto fático, obviamente, é possível tentar praticar uma contravenção, mas o legislador trata a hipótese 
como irrelevante penal. 
• Pode-se dizer que é ATÍPICA a tentativa de contravenção. 
 @dicas.exconcurseira 5 
• Obs: para Damásio, há EXCLUSÃO DA ILICITUDE. 
 
Aplicam-se às contravenções: 
- o art.14, inc.I, do CP à contravenção consumada; 
- art.16, do CP à arrependimento posterior (causa de diminuição de pena); 
- art.17, do CP à crime impossível. 
 
 ATENÇÃO! Dificilmente será aplicado o art.15 do CP (desistência voluntária e arrependimento eficaz), pois, na maioria 
das contravenções, não há resultado naturalístico ou este não é exigido para a sua consumação. 
 Em sua maioria, as contravenções são infrações de PERIGO ABSTRATO. Exceção: art.29 da Lei das Contravenções 
Penaisà Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa: 
 
 
Reincidência 
Art. 7º VERIFICA-SE A REINCIDÊNCIA quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o 
tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. 
 
 ATENÇÃO! A contravenção penal no estrangeiro não gera reincidência no Brasil, conforme dispõe o art.2º da LCP. 
 
 Combinando-se o art.7º da LCP com o art.63 do CP, temos as seguintes situações de reincidência: 
 
Crime Crime Reincidência 
Crime 
(Brasil ou estrangeiro) 
Contravenção Reincidência 
Contravenção 
(Brasil) 
Contravenção Reincidência 
Contravenção Crime Não gera reincidência 
 
 
Erro de direito 
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusaveis, a pena pode deixar de ser aplicada 
(PERDÃO JUDICIAL). 
 
 De acordo com a doutrina, o art.8º trata da ignorância da lei e da errada compreensão da lei. 
A ignorantia legis é o desconhecimento da existência da lei à ERRO DE DIREITO. 
De acordo com o art.21 do Código Penal, o desconhecimento da lei é INESCUSÁVEL, sendo tratando como mera 
atenuante (art.65, II, do CP). 
Mas, de acordo com a doutrina, nesse caso, a Lei de Contravenções Penais deve ser aplicada, porque é mais benéfica, 
já que a ignorantia legis enseja o perdão judicial (causa de extinção da punibilidade). 
Todavia, quanto à errada compreensão da lei (erro de proibição), o art.8º da LCP estaria tacitamente revogado pelo 
art.21 do CP, que permite a isenção de pena – excludente de culpabilidade -, em caso de erro escusável. 
 
 
Penas principais 
Art. 5º As penas principais são: 
I – prisão simples. 
II – multa. 
 
• A aplicação da pena privativa de liberdade (prisão simples) segue o critério trifásico (art.68, CP); 
• A pena de multa também segue os critérios definidos nos arts.49 e 60 do CP. 
 
 
Prisão simples 
Art. 6º A pena de PRISÃO SIMPLES deve ser cumprida, SEM rigor penitenciário, em ESTABELECIMENTO ESPECIAL ou SEÇÃO 
ESPECIAL DE PRISÃO COMUM, em REGIME SEMI-ABERTO ou ABERTO. 
§1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção. 
§2º O TRABALHO É FACULTATIVO, SE a pena aplicada, não excede a 15 DIAS. 
 
 Regras: 
• Cumprimento da pena em regime aberto ou semi-aberto; 
• É vedada a imposição de regime fechado, salvo no caso de transferência, conforme art.33 do CP; 
 @dicas.exconcurseira 6 
• Sem rigor penitenciário; 
• Estabelecimento prisional especial ou seção especial de prisão comum; 
• Separação obrigatória em relação aos presos condenados à reclusão ou detenção; 
• No caso de a pena aplicada ser de até 15 dias, o trabalho se torna facultativo. 
 
 
Limites das penas 
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a 5 ANOS, nem a importância das multas 
ultrapassar cinquenta contos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
• O tempo máximo de prisão simples é de 5 ANOS. Mesmo que haja concurso de contravenções, a pena unificada 
não deve ultrapassar esse limite. 
• As causas de aumento e de diminuição de pena da parte geral do CP aplicam-se às contravenções. 
 
Suspensão condicional da pena de prisão simples 
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode SUSPENDER por tempo não inferior a 1 ANO nem superior a 3, a 
execução da pena de prisão simples, bem como conceder LIVRAMENTO CONDICIONAL. à SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
+ LIVRAMENTO CONDICIONAL 
 
• Sursis à aplicam-se as regras dos arts.77 a 82 do CP, porém com o prazo especial de 1 a 3 ANOS! 
• Livramento condicional à aplicam-se as regras dos arts.83 a 89 do CP. 
 
 
Conversão da multa em prisão simples 
Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em 
detenção. 
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a conversão em prisão simples se faz entre os limites de 15 dias e 3 meses. 
 
ATENÇÃO! De acordo com a doutrina, tal norma foi REVOGADA, uma vez que o art.51 do CP VEDA a conversão da multa em 
prisão. 
 
 
Penas acessórias 
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as seguintes interdições de direitos: 
I – a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de habilitação especial, licença ou autorização 
do poder público; 
lI – a suspensão dos direitos políticos. 
Parágrafo único. Incorrem: 
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o condenado por motivo de contravenção cometida com abuso de profissão ou 
atividade ou com infração de dever a ela inerente; 
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa de liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a aplicação da 
medida de segurança detentiva. 
 
• É amplamente majoritário o entendimento da doutrina de que o art.12 da LCP foi REVOGADO pela reforma penal 
de 1984, que ABOLIU as penas acessórias, convolando-as em efeitos da condenação. 
• Obs: Nucci entende que não houve revogação. 
 
 
** SUBSTITUIÇÃO DAS PENAS POR RESTRITIVAS DE DIREITOS/MULTA** 
 
 De acordo com a doutrina e a jurisprudência, é cabível a aplicação dos arts.44 e segs. do CP às contravenções penais, no 
tocante à substituição das penas privativas de liberdade por restritivas de direitos e/ou multa. 
 
LIMITE DA PENAprisão simples 
multa 
5 ANOS 
50 contos 
 @dicas.exconcurseira 7 
DE OLHO NA JURIS! Não cabe pena restritiva de direitos nos crimes ou contravenções penais cometidos contra a mulher com 
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico 
Súmula 588-STJ: A prática de crime ou CONTRAVENÇÃO PENAL contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente 
doméstico IMPOSSIBILITA a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Aprovada em 13/09/2017, DJe 
18/09/2017. 
 
O STF concorda com o teor da súmula 588 do STJ? 
Em parte. 
Em caso de CRIMES praticados contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico: o STF possui o mesmo 
entendimento do STJ e afirma que não cabe a substituição por penas restritivas de direitos. 
 
Nesse sentido: 
Não é possível a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ao condenado pela prática do crime de lesão 
corporal praticado em ambiente doméstico (art. 129, § 9º do CP). 
A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos pressupõe, entre outras coisas, que o crime não tenha sido 
cometido com violência ou grave ameaça (art. 44, I, do CP). 
STF. 2ª Turma. HC 129446/MS, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 20/10/2015 (Info 804). 
 
Em caso de CONTRAVENÇÕES PENAIS praticadas contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico há uma 
discordância. 
 
Ex: imagine que o marido pratica vias de fato (art. 21 da Lei de Contravenções Penais) contra a sua esposa; ele poderá ser 
beneficiado com pena restritiva de direitos? 
 
• STJ e 1ª Turma do STF: NÃO. Não é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos tanto no caso 
de crime como contravenção penal praticados contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico. É o teor 
da Súmula 588-STJ. A 1ª Turma do STF também comunga do mesmo entendimento: HC 137888/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado 
em 31/10/2017. 
• 2ª Turma do STF: SIM. Afirma que é possível a conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, nos moldes 
previstos no art. 17 da Lei Maria da Penha, aos condenados pela prática da contravenção penal. Isso porque a contravenção penal 
não está na proibição contida no inciso I do art. 44 do CP, que fala apenas em crime. Logo, não existe proibição no ordenamento 
jurídico para a aplicação de pena restritiva de direitos em caso de contravenções. Nesse sentido: STF. 2ª Turma. HC 131160, Rel. 
Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016. 
 
Relembre o que diz o inciso I do Código Penal: 
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à 
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; 
 
O STJ e a 1ª Turma do STF fazem, portanto, uma ampliação do inciso I do art. 44 do CP para abranger também os casos de 
contravenção penal praticados com violência ou grave ameaça (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1607382/MS, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, julgado em 27/09/2016). A 2ª Turma do STF não admite essa ampliação e trabalha com o texto literal do art. 44, I, do 
CP. 
 
Resumindo: 
É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos nos casos de crimes ou contravenções 
praticadas contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico? 
1) Crime: NÃO. Posição tanto do STJ como do STF. 
2) Contravenção penal: 
• 2ª Turma do STF: entende que é possível a substituição. 
• 1ª Turma do STF e STJ: afirmam que também não é permitida a substituição. 
 
ATENÇÃO! Em concursos, se o enunciado não estiver fazendo qualquer distinção, fiquem com a posição exposta na súmula e que 
também é adotada pela 1ª Turma do STF. 
 
 
Medidas de segurança 
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio 
local. 
 
Art. 14. Presumem-se perigosos, alem dos indivíduos a que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: à PRESUNÇÃO DE 
PERICULOSIDADE 
 @dicas.exconcurseira 8 
I – o condenado por motivo de contravenção cometido, em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos, 
quando habitual a embriaguez; 
II – o condenado por vadiagem ou mendicância; 
 
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo 
mínimo de um ano: 
I – o condenado por vadiagem (art. 59); 
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo); 
 
• De acordo com a doutrina, os arts.13 a 15 estão REVOGADOS, pois se referem ao período em que o CP adotava o 
sistema do duplo binário (aplicação cumulativa da pena e da medida de segurança). 
• A reforma de 1984 adotou o SISTEMA VICARIANTE, com aplicação da pena para os imputáveis e de medida de 
segurança para os inimputáveis (ou semi-imputáveis). 
 
 
Internação em manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento 
Art. 16. O PRAZO MÍNIMO de duração da INTERNAÇÃO em manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de 6 
MESES. 
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a internação, submeter o indivíduo a LIBERDADE VIGIADA. 
 
• O prazo mínimo da medida de segurança de internação é de 6 MESES; 
• O juiz pode aplicar a substituição da medida de segurança por LIBERDADE VIGIADA; 
• Damásio afirma que deve ser aplicado o art.97 do CP: 
 
CP, Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como 
crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
§1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for 
averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O PRAZO MÍNIMO deverá ser de 1 A 3 ANOS. 
 
• Conforme orientação majoritária da doutrina, não se aplica mais a liberdade vigiada, em face da sua extinção pela 
reforma da parte geral do CP em 1984. 
• Em sentido contrário, Nucci entende que o parágrafo único do art.16 da LCP continua em vigor, aplicando-se a 
liberdade vigiada ao contraventor, por ser norma mais favorável. 
 
 
Ação penal 
Art. 17. A ação penal é PÚBLICA, devendo a autoridade proceder DE OFÍCIO. à AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
 
• O processo das contravenções penais se dá por meio de ação penal pública incondicionada; 
• Rito: 
a) Sumaríssimo (regra) à se tramitar no JECRIM; 
b) Sumário à se tramitar no Juízo Comum. 
• Fase pré-processual: 
a) Se de competência do JECRIM à termo circunstanciado; 
b) Se de competência do Juízo Comum à inquérito policial. 
 
 
PARTE ESPECIAL 
 
CAPÍTULO I 
 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA 
 
 
Fabrico, comércio ou detenção de armas ou munição 
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da autoridade, ARMA ou MUNIÇÃO: 
Pena – prisão simples, de 3 MESES a 1 ANO, ou multa, de 1 a 5 contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não 
constitui crime contra a ordem política ou social. 
 
• Segundo a maioria da doutrina, a vigência do art.18 restringe-se às ARMAS BRANCAS; 
 @dicas.exconcurseira 9 
• O art.18 da LCP foi DERROGADO pela Lei de Armas de Fogo (Lei nº 9.437/97), posteriormente, REVOGADA pelo 
Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826/2003); 
• Se o objeto material é arma de fogo/munição: 
a) “Ter em depósito” ou “vender” à estão tipificados na Lei 10.826/03 nos arts. 14 (arma/munição de uso 
permitido) ou 16 (arma/munição de uso proibido); 
b) “Vender” e “fabricar no exercício da atividade comercial ou industrial” à configura o crime de comércio ilegal 
(art.17 do Estatuto de Desarmamento); 
c) “Importar” e “exportar” à caracterizam o crime de tráfico internacional de arma de fogo (art.18 do Estatuto 
do Desarmamento). 
 
 
Porte de arma 
Art. 19. TRAZER CONSIGO ARMAfora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade: 
Pena – prisão simples, de 15 DIAS a 6 MESES, ou multa, de 200 mil réis a 3 contos de réis, ou ambas cumulativamente. 
§1º A pena é AUMENTADA de 1/3 até metade, se o agente já foi condenado, em sentença irrecorrivel, por violência contra 
pessoa. 
§2º Incorre na pena de prisão simples, de 15 DIAS a 3 MESES, ou MULTA, de 200 mil réis a 1 conto de réis, quem, possuindo 
arma ou munição: 
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determina; 
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; 
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente 
em manejá-la. 
 
DE OLHO NA JURIS! 
1. Conforme entendimento adotado por esta Corte Superior de Justiça, o art.19 da Lei de Contravenções Penais não foi 
revogado pela Lei mº 9.437/97 – que instituiu o Sistema Nacional de Armas e tipificou como crime o porte ilegal de arma de 
fogo – mas tão somente DERROGADA, na medida em que ainda CONTINUA EM VIGOR EM RELAÇÃO À ARMA BRANCA. 
(HC 255.192/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 02/04/2013) 
 
• Assim, aplica-se ao art.19 da LCP o mesmo raciocínio do art.18, desde que a arma branca tenha potencialidade 
lesiva e seja manuseada como arma. 
• “Trazer consigo” significa ter a pronta disponibilidade do uso da arma, que deve estar junto ao corpo ou em local 
de fácil acesso. 
• Caso o sujeito esteja somente transportando a arma branca, não se caracterizará a contravenção, pela ausência da 
intenção de usar o objeto como arma. 
• É pacífico o entendimento na jurisprudência de que esta contravenção penal se classifica como de MERA 
CONDUTA e PERIGO ABSTRATO. O simples porte indevido de arma branca já configura contravenção penal, 
independentemente de demonstração de causar perigo a alguém. 
• Obs: é EFEITO DA CONDENAÇÃO o confisco da arma branca ou o perdimento em favor da União, conforme art.91, 
inc.II, “a”, do CP (jurisprudência do STJ e STF). 
 
O porte de arma branca é conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais 
A previsão do art. 19 da Lei das Contravenções Penais continua válida ainda hoje? 
• Em relação à arma de fogo: NÃO. O porte ilegal de arma de fogo caracteriza, atualmente, o crime previsto nos arts. 14 ou 16 
do Estatuto do Desarmamento. 
• Em relação à arma branca: SIM. O art. 19 do Decreto-lei nº 3.688/41 permanece vigente quanto ao porte de outros artefatos 
letais, como as armas brancas. A jurisprudência do STJ é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de porte de 
arma branca como contravenção prevista no art. 19 do DL 3.688/41, não havendo que se falar em violação ao princípio da 
intervenção mínima ou da legalidade. STJ. 5ª Turma. RHC 56128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info 
668). 
 
Comentários do julgado 
 
Arma 
O sentido do vocábulo arma, segundo Luiz Regis Prado “deve ser compreendido não só o aspecto técnico (arma própria), em que 
quer significar o instrumento destinado ao ataque ou defesa, mas também em sentido vulgar (arma imprópria), ou seja, qualquer 
outro instrumento que se torne vulnerante, bastando que seja utilizado de modo diverso daquele para o qual fora produzido 
(v.g., uma faca, um machado, uma foice, uma tesoura etc.)” (Comentários ao Código Penal, 10ª ed, São Paulo: RT, p. 675). 
 
Essa previsão continua válida ainda hoje? 
• Em relação à arma de fogo: NÃO. 
 @dicas.exconcurseira 10 
No que tange às armas de fogo, o art. 19 da Lei de Contravenção Penal foi tacitamente revogado pelo art. 10 da Lei nº 9.437/97, 
que por sua vez também foi revogado pela Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). 
O porte ilegal de arma de fogo caracteriza, atualmente, o crime previsto nos arts. 14 ou 16 do Estatuto do Desarmamento, 
conforme seja a arma permitida ou proibida. 
 
• Em relação à arma branca: SIM. 
O art. 19 do Decreto-lei nº 3.688/41 permanece vigente quanto ao porte de outros artefatos letais, como as armas brancas. 
Exemplos de arma branca (considerada arma imprópria): faca, facão, canivete etc. 
 
O porte de arma branca é conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais. 
STJ. 5ª Turma. RHC 56.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info 668). 
 
O art. 19 do DL 3.688/41 fala em “licença da autoridade”. Como compatibilizar isso com as armas brancas já que não se exige 
licença para se ter uma faca, por exemplo? 
Segundo parte da doutrina, o elemento normativo do tipo penal do artigo 19 da Lei das Contravenções Penais, “sem licença da 
autoridade” NÃO se aplica às armas brancas (JESUS, Damásio E. Lei das Contravenções Penais Anotada; 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2015, p. 75). 
 
Há uma tese defensiva no sentido de que a punição do porte de arma branca pelo art. 19 do DL 3.688/41 violaria os princípios 
da intervenção mínima e da legalidade. Essa tese é acolhida pelo STJ? 
NÃO. A jurisprudência do STJ é firme no sentido da possibilidade de tipificação da conduta de porte de arma branca como 
contravenção prevista no art. 19 do DL 3.688/41, não havendo que se falar em violação ao princípio da intervenção mínima ou da 
legalidade, tal como pretendido. Nesse sentido: 
Não há inconstitucionalidade na Lei de Contravenções Penais, recepcionada pela Constituição Federal e tratada pela legislação 
atual como delito de pequeno potencial ofensivo, isto se aplicando inclusive ao delito do art. 19 da Lei de Contravenções Penais. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 331.694/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 03/12/2015. 
 
Remanesce a contravenção penal do art. 19 da LCP, pois “para evitar o mal maior, que se traduziria em dano, o legislador pune o 
porte ilegal da arma, com sanção branda, cerceando a conduta perigosa para evitar a ocorrência de uma infração mais grave.” 
(NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Contravenções Penais Controvertidas; 4ª ed., São Paulo: EUD; 1993, p. 46). 
Busca-se, assim, proteger a paz pública de uma maneira geral, mas também evitar e prevenir a ocorrência de delitos mediante 
violência, como homicídios, roubos, latrocínios, lesões corporais etc. (MIGLIARI JÚNIOR, Arthur. Lei das Contravenções Penais e Leis 
Especiais Correlatas; São Paulo: Lex Editora; 2000, p. 52). 
 
Necessário analisar o contexto 
Para haver ou não a punição pelo art. 19 da LCP é necessário que seja analisado o contexto fático para se aferir o potencial de 
lesividade da conduta. 
Assim, por exemplo, não haverá a contravenção na conduta do agricultor que é encontrado com um facão cortando mato para 
entrar na floresta. 
Por outro lado, é possível, em tese, que essa contravenção se verifique na conduta do agente que caminhava à noite na região 
central de Belo Horizonte com uma faca de 18 cm de lâmina na mochila (STJ. 5ª Turma. RHC 66.979/MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, 
Rel. p/ Acórdão Min. Felix Fischer, julgado em 12/04/2016). 
 
STF 
A compatibilidade ou não do art. 19 do DL 3.688/41 com a CF/88 será apreciada pelo STF, que reconheceu a existência de 
repercussão geral da matéria nos autos do Agravo em Recurso Extraordinário n. 901.623, estando, pois, pendente de apreciação 
o mérito da controvérsia. 
 
Princípio da especialidade 
CUIDADO! Se a pessoa portar arma branca no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização 
de evento esportivo, a conduta será punida como crime, na forma do art. 41-B do Estatuto do Torcedor (Lei nº 10.671/2003): 
Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos: 
Pena - reclusão de 1 a 2 anos e multa. 
§1º Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: 
(...) 
II – portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento 
esportivo, QUAISQUER INSTRUMENTOS QUE POSSAM SERVIR PARA A PRÁTICA DE VIOLÊNCIA. 
 
Nessecaso, não se aplica o art. 19 do DL 3.688/41 porque o art. 41-B do Estatuto do Torcedor é especial e posterior em relação à 
previsão da lei das contravenções penais. 
 
 @dicas.exconcurseira 11 
Vias de fato 
Art. 21. Praticar VIAS DE FATO contra alguém: 
Pena – prisão simples, de 15 DIAS a 3 MESES, ou MULTA, de 100 mil réis a 1 conto de réis, se o fato não constitui crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 até a METADE se a vítima é maior de 60 anos (IDOSO). 
 
• O art.21 da LCP é NORMA SUBSIDIÁRIA, que somente é aplicável se o fato na constituir crime (ex: injúria real); 
• O parágrafo único foi acrescentado pelo Estatuto do Idoso; 
• “Vias de fato” se caracterizam como TODA AGRESSÃO FÍSICA SEM DOLO DE LESIONAR. Exs: empurrão, bofetada, 
puxar cabelo, arremesso de líquido contra a pessoa, rasgar roupa da pessoa, tapas causando eritemas 
(vermelhidão); 
• SE LIGA! A Lei 9.099/95 transformou a lesão corporal leve em crime de ação penal pública condicionada à 
representação (art.88 da Lei 9.099/95). Segundo parte da doutrina, as vias de fato também deveriam ser de ação 
penal pública condicionada à representação, tendo em vista o princípio da proporcionalidade. Mas, para o STJ e o 
STF, a contravenção penal de vias de fato continua sendo de ação penal pública incondicionada (STF – HC 
80058/RJ – 02/09/07), não ensejando a Lei 9.099 qualquer alteração na lei de contravenções penais. 
 
 
CAPÍLULO II 
 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO 
 
Instrumento de emprego usual na prática de furto 
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender GAZUA ou instrumento empregado usualmente na prática de crime de FURTO: 
Pena – prisão simples, de 6 MESES a 2 ANOS, e MULTA, de 300 mil réis a 3 contos de réis. 
 
• “Gazua” é a chave falsa, mixa. 
• Condutas tipificadas: fabricar, ceder ou vender este instrumento. 
• Se o agente é surpreendido adquirindo “gazua”, o fato é atípico. Neste caso, o agente também não comete o crime 
de receptação, porque se trata de produto de contravenção penal e o objeto material da receptação é o produto 
de crime. 
• A contravenção do art.24 não se para qualquer crime patrimonial, mas apenas para o crime de FURTO. 
• O objeto material deve ter destinação própria para prática de furto, atentando-se para o termo “usualmente”, 
sendo necessário o exame pericial para a sua caracterização. 
 
 
Posse não justificada de instrumento de emprego usual na prática de furto 
Art. 25. TER ALGUÉM EM SEU PODER, depois de condenado, por crime de FURTO ou ROUBO, ou enquanto sujeito à LIBERDADE 
VIGIADA ou quando conhecido como VADIO ou MENDIGO (DIREITO PENAL DO AUTOR), gazuas, chaves falsas ou alteradas ou 
instrumentos empregados usualmente na prática de crime de FURTO, desde que não prove destinação legítima: 
Pena – prisão simples, de 2 MESES a 1 ANO, e MULTA de 100 mil réis a 2 contos de réis. 
 
• Conduta: “ter em seu poder” (possuir); 
• Objeto material: chave falsa ou instrumento usualmente utilizado na prática de furto; 
• Sujeito ativo: o condenado definitivo por furto ou rouba + aquele que está em liberdade vigiada + vadio ou 
mendigo; 
• Se o sujeito usa a chave falsa para furtar alguma coisa, a contravenção penal configura ato preparatório para o 
furto qualificado, sendo a contravenção absorvida (princípio da consunção); 
• A doutrina entende que este dispositivo é INCONSTITUCIONAL, por criar uma presunção de periculosidade que não 
é mais admitida por nosso sistema constitucional. 
• DE OLHO NA JURIS! No julgamento do RE 583523, Plenário do STF, por unanimidade, declarou o art.25 da LCP NÃO 
RECEPCIONADO pela CF/88 (Informativo 722 do STF): 
“O art.25 da Lei de Contravenções Penais não é compatível com a Constituição de 1988, por violar os princípios da 
dignidade da pessoa humana (CF, art.1º, III) e da isonomia (CF, art.5º, caput e I). 
No mérito, destacou-se que o princípio da ofensividade deveria orientar a aplicação da lei penal, de modo a 
permitir a aferição do grau de potencial ou efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma. 
Observou-se que, não obstante a contravenção impugnada ser de mera conduta, exigiria, para a sua configuração, 
que o agente tivesse sido condenado anteriormente por furto ou roubo; ou que tivesse em liberdade vigiada; ou 
que fosse conhecido como vadio ou mendigo. 
Assim, salientou-se que o legislador teria se antecipado a possíveis e prováveis resultados lesivos, o que 
caracterizaria a presente contravenção como uma infração de perigo abstrato. 
 @dicas.exconcurseira 12 
Frisou-se que a LCP fora concebida durante o regime ditatorial e, por isso, o anacronismo do tipo contravencional. 
Asseverou-se que a condição especial “ser conhecido como vadio ou mendigo”, atribuível ao sujeito ativo, 
criminalizaria, em verdade, qualidade pessoal e econômica do agente, e não fatos objetivos que causassem 
relevante lesão a bens jurídicos importantes ao meio social. 
Consignou-se, no ponto, a INADMISSÃO, pelo sistema penal brasileiro, do DIREITO PENAL DO AUTOR em 
detrimento do direito penal do fato. 
No que diz respeito à consideração da vida pregressa do agente como elementar do tipo, afirmou-se o não 
cabimento da presunção de que determinados sujeitos teriam maior potencialidade de cometer novas infrações 
penais. 
Por fim, registrou-se que, sob o enfoque do princípio da proporcionalidade, a norma em questão não se mostraria 
adequada e necessária, bem como afrontaria o subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito. 
(...), em acréscimo, que a tipificação em comento contrariaria, também, o princípio da presunção de inocência, da 
não culpabilidade. 
RE 583523/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 3.10.2013. 
 
 
CAPÍTULO III 
 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA 
 
Disparo de arma de fogo 
Art. 28. DISPARAR ARMA DE FOGO em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: 
Pena – prisão simples, de 1 a 6 MESES, ou MULTA, de 300 mil réis a 3 contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de 15 DIAS a 2 MESES, ou MULTA, de 200 mil réis a 2 contos de réis, quem, 
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa 
DEFLAGRAÇÃO PERIGOSA, QUEIMA FOGO DE ARTIFÍCIO ou SOLTA BALÃO ACESO. 
 
• ATENÇÃO! “QUEIMA FOGO DE ARTIFÍCIO” é a ÚNICA conduta do art.28 que mantém vigência. Há contravenção 
quando não há licença de autoridade, conforme a potencialidade lesiva dos fogos de artifício. Os fogos que 
possuem queima livre não precisam de autorização. 
• “Disparo de arma de fogo” à revogada pelo art.15 do Estatuto do Desarmamento. 
• “Causar deflagração perigosa” à revogada pelo art.251, §1º, do CP e art.16, parágrafo único, III, do Estatuto do 
Desarmamento. 
• “Soltar balão aceso” à revogada. Trata-se de crime ambiental (art.42 da Lei 9.605/98). 
 
 
Omissão de cautela na guarda ou condução de animais 
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela ANIMAL 
PERIGOSO: 
Pena – prisão simples, de 10 DIAS a 2 MESES, ou MULTA, de 100 mil réis a 1 conto de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente; 
b) excita ou irrita animal, EXPONDO A PERIGO a segurança alheia; à PERIGO CONCRETO 
c) conduz animal, na via pública, PONDO EM PERIGO a segurança alheia. à PERIGO CONCRETO 
 
• Elemento subjetivo do caput: culpa, omissão de cautela, negligência. Para configurar esta contravenção, a omissão 
é relativa ao animal perigoso, capaz de causar danos a alguém. 
• Elemento subjetivo do parágrafo único: dolo. 
 
 
Falta de habilitação para dirigir veículo 
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públicas: 
Pena – multa, de 200 mil réis a 2 contos de réis. 
 
• Quanto à direção de veículo automotorem via pública este dispositivo foi DERROGADO pelo art.309 do Código de 
Trânsito Brasileiro (CTB). 
• Continua em vigor quando à condução inabilitada de embarcação a motor em águas públicas. 
• Trata de contravenção penal de PERIGO ABSTRATO. 
• DE OLHO NA JURIS! Súmula 720-STF 
Súmula 720-STF: O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou 
o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. 
 @dicas.exconcurseira 13 
De acordo com a Súmula 720 do STF, se a conduta NÃO gerar perigo concreto de dano, trata-se de mera infração 
administrativa do CTB. 
Se gerar perigo concreto de dano, ocorre o crime do art.309 do CTB. 
 
 
Direção perigosa de veículo na via pública 
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, PONDO EM PERIGO a segurança alheia: 
Pena – prisão simples, de 15 DIAS a 3 MESES, ou MULTA de 300 mil réis a 2 contos de réis. 
 
• De acordo com o STG (HC 86276/MG), o art.34 da LCP ainda continua em vigor quanto à direção perigosa de 
veículo automotor NAS HIPÓTESES NÃO ABRANGIDAS PELOS CRIMES TIPIFICADOS NO CTB. Exs: cavalos de pau; 
freadas bruscas; trafegar na contramão; ultrapassar pela direita. 
• Relembrando as modalidades de direção perigosa no CTB: 
a) Embriaguez ao volante (art.306); 
b) Racha (art.308); 
c) Dirigir sem habilitação (art.309); 
d) Excesso de velocidade ou velocidade incompatível (art.311). 
• “Vias públicas” são as vias de acesso ao público. Exs: ruas, estradas, etc. 
• Estacionamento de supermercado, shopping, etc, segundo a jurisprudência majoritária, NÃO caracteriza via 
pública. 
 
 
CAPÍTULO IV 
 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA 
 
Perturbação do trabalho ou do sossego alheios 
Art. 42. PERTUBAR alguém o TRABALHO ou o SOSSEGO alheios: 
I – com gritaria ou algazarra; 
II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; 
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; 
IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por ANIMAL DE QUEM TEM A GUARDA: 
Pena – prisão simples, de 15 DIAS a 3 MESES, ou MULTA, de 200 mil réis a 2 contos de réis. 
 
• Elemento subjetivo: dolo de perturbar. 
• A expressão “alheios” faz concluir que a perturbação de uma única pessoa não configura esta contravenção; 
• O STF, no HC 85032/RJ, decidiu que a perturbação deve alcançar um número considerável de pessoas. 
• Devem, ainda, ser considerados outros aspectos, com costumes e cultura. 
• Segundo o STJ (HC 54536/MS), se ocorrer poluição sonora em níveis prejudiciais à saúde humana, haverá crime 
ambiental. 
 
 
CAPÍTULO V 
 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA 
 
Simulação da qualidade de funcionário 
Art. 45. Fingir-se funcionário público: 
Pena – prisão simples, de 1 a 3 MESES, ou MULTA, de 500 mil réis a 3 contos de réis. 
 
• Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
• Segundo a doutrina minoritária, o funcionário público pode ser sujeito ativo se fingir ocupar cargo diverso do que 
exerce. Corrente majoritária da doutrina entende que, neste caso, resta caracterizada mera infração 
administrativa. 
• Não se exige reiteração, bastando uma única ação para consumar a contravenção (não é crime habitual). 
• Se a intenção do agente é obter vantagem ou causar prejuízo a outrem, presente estará o crime de estelionato 
(art.171) ou o crime de falsa identidade do art.307 do CP. 
• Na contravenção, a finalidade do agente é somente satisfazer a própria vaidade. 
• Se o particular praticar ato privativo de funcionário público, responde pelo crime de usurpação de função pública 
(art.328 do CP). 
 
 @dicas.exconcurseira 14 
CAPÍTULO VI 
 
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
Exercício ilegal de profissão ou atividade 
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está 
subordinado o seu exercício: 
Pena – prisão simples, de 15 DIAS a 3 MESES, ou MULTA, de 500 mil réis a 5 contos de réis. 
 
• Só haverá contravenção penal se a profissão ou atividade econômica for realizada SEM cumprimento das 
exigências legais (norma penal em branco). 
• Segundo a doutrina, o art.47 da LCP busca garantir que determinadas profissões sejam exercidas por profissionais 
habilitados, coibindo abuso e a dissimulação em desfavor daqueles que acreditam estar diante de profissionais 
aptos. 
• A contravenção existe mesmo que não haja finalidade de lucro ou prejuízo a terceiros. 
• De acordo com o STF, se não houver LEI regulamentando a atividade ou profissão, o fato é ATÍPICO. 
“Impossibilidade de prosseguimento da ação penal quanto à acusação de exercício ilegal da profissão de árbitro ou 
mediador. Ausência de requisito necessário à configuração do delito, contido na expressão “sem preencher as 
condições a que por lei está subordinado o seu exercício”. Profissão cuja regulamentação é objeto de Projeto de 
Lei, em trâmite no Congresso Nacional”. (HC 92183, 1ª Turma, 18/03/2008). 
 
• Outras figuras mais graves: 
a) Exercício ilegal de profissão de médico, dentista ou farmacêutico (art.282 do CP); 
b) Se o agente exercer atividade da qual está impedido por decisão administrativa, responde pelo crime do 
art.205 do CP (exercício de atividade com infração de decisão administrativa); 
c) Se exercer atividade ou profissão da qual está suspenso ou privado por decisão judicial, pratica o crime o 
art.359 do CP (desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito). 
 
• Guardador de automóveis/flanelinha: 
De acordo com o STJ à FATO ATÍPICO 
“Assim, a simples ausência de inscrição no órgão competente, em casos como o presente, em que não se exige do 
profissional conhecimento especial ou habilitação específica, não tipifica o delito, inexistindo justificativa para a 
intervenção do Direito Penal”. (HC 190.186/RS, Quinta Turma, DJe 14/06/2013) 
 
De acordo com o STF à PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
“I – A profissão de guardador e lavador autônomo de veículos automotores está regulamentada pela Lei 
6.242/1975, que determina, em seu art.1º, que o seu exercício “depende de registro na Delegacia Regional do 
Trabalho competente. 
II – Entretanto, a não observância dessa disposição legal pelos pacientes não gerou lesão relevante ao bem jurídico 
tutelado pela norma, bem como não revelou elevado grau de reprovabilidade, razão pela qual é aplicável, à 
hipótese dos autos, o princípio da insignificância. 
(...) V – Como é cediço, o Direito Penal deve ocupar-se apenas de lesões relevantes aos bens jurídicos que lhe são 
caros, devendo atuar sempre como última medida na prevenção e repressão de delitos, ou seja, de forma 
subsidiária a outros instrumentos repressivos. In casu, a questão pode ser facilmente resolvida na esfera 
administrativa”. (HC 115046, Rel(a): Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 19/03/2013) 
 
 
CAPÍTULO VII 
 
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES 
 
Jogo de azar 
Art. 50. Estabelecer ou explorar JOGO DE AZAR em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou 
sem ele: 
Pena – prisão simples, de 3 MESES a 1 ANO, e MULTA, de 2 a 15 contos de réis, estendendo-se os EFEITOS DA CONDENAÇÃO à 
perda dos moveis e objetos de decoração do local. 
§1º A pena é AUMENTADA DE 1/3, se existe entre os empregados ou participa do jogo pessoa MENOR DE 18 ANOS. 
§2o Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 a R$ 200.000,00, quem é encontrado a PARTICIPAR DO JOGO, ainda que pela 
internet ou por qualquer outro meio de comunicação, COMO PONTEIRO ou APOSTADOR. à ACRESCENTADO EM 
2015! 
§3º Consideram-se, JOGOS DE AZAR: 
 @dicas.exconcurseira 15 
a) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da SORTE; 
b) as apostas sobre corrida de cavalos FORA de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;c) as APOSTAS sobre qualquer outra competição esportiva. 
§4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a LUGAR ACESSÍVEL AO PÚBLICO: 
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando deles habitualmente participam pessoas que não sejam da 
família de quem a ocupa; 
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar; 
c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que se realiza jogo de azar; 
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar, ainda que se dissimule esse destino. 
 
• O jogo do bicho – previsto no art.58 da LCP – foi REVOGADO pela Lei 6.259/44, que passou a regulamentar o tema. 
• Exploração de máquina caça-níquel: 
“1. Para que se vislumbre a suposta prática do crime de descaminho, é necessário que haja indícios acerca da 
origem estrangeira das mercadorias, já que a adequação típica se perfaz justamente quando o agente introduz no 
mercado interno produto sem o devido recolhimento, no todo ou em parte, do respectivo tributo. 
2. Não sendo possível atestar a procedência estrangeira das máquinas eletrônicas apreendidas, ressaltando que o 
laudo de exame pericial sequer indicou o fabricante ou fornecedor do produto, permanece a competência da 
Justiça Estadual para processar e julgar o feito. (CC 117.352/RJ, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Seção, 
julgado em 28/09/2011, DJe 07/12/2011) 
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente em afirmar que a EXPLORAÇÃO E FUNCIONAMENTO 
das máquinas de jogos eletrônicos, caça-níqueis, bingos e similares é de natureza ilícita, revelando prática 
contravencional descrita no art.50 da Lei de Contravenções Penais. (RMS 21.422/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira 
Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 18.2.2009). Precedentes. Súmula 83/STJ. 
Ademais, ficou decidido por esta Corte que a Lei Complementar nº 116/2003 não legitima a prática de jogos de 
azar, como os denominados caça-níqueis, deixando de prever, expressamente, que se enquadram no conceito de 
diversões eletrônicas; e que também não revogou a norma contida no art.50 do Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei 
de Contravenções Penais). Sobretudo, em razão da realização de jogos de azar, sem amparo legal, vulnerar a ordem 
pública, a economia popular e o direito dos consumidores (além de infringir a legislação penal, notadamente os 
arts.50 e 51 da Lei de Contravenções Penais). (Precedente: REsp 813.222/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda 
Turma, julgado em 8.9.2009, DJe 4.5.2011) 
Dessa forma, impossível prestar suporte à ação interposta pela recorrente visando que lhe fosse garantido o 
regular exercício do direito de explorar as atividades de bingo, sob o fundamento de que é lícita a exploração da 
atividade. Agravo regimental improvido. (AgRg no AREsp 98.031/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda 
Turma, julgado em 19/02/2013, DJe 25/02/2013). 
 
 
Vadiagem 
Art. 59. Entregar-se alguém HABITUALMENTE à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios 
bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ILÍCITA: 
Pena – prisão simples, de 15 DIAS a 3 MESES. 
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios bastantes de subsistência, EXTINGUE A 
PENA. 
 
• Fundamento: a cautela com a ociosidade, presumindo-se que quem não pode prover a própria subsistência seguirá 
na direção da prática de crimes contra o patrimônio. 
• “Entregar-se à ociosidade” à conduta omissiva habitual; 
• “Sendo apto para o trabalho” à o sujeito não trabalha porque não quer; 
• “Prover a própria subsistência mediante ocupação ilícita” à conduta comissiva habitual daqueles que optam se 
manter através de atividades ilícitas. 
• Comentário da @dicas.exconcurseira: este dispositivo configura o detestável direito penal do autor. O art.60 da 
LCP (mendicância) foi revogado, bem como o art.25 da LCP considerado não recepcionado pela CF/88. Neste 
mesmo sentido, o art.59 da LCO também deveria ter sido revogado ou considerado não recepcionado. 
 
 
Importunação ofensiva ao pudor à REVOGADO pela Lei 13.718/2018! 
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
 
 
 
 @dicas.exconcurseira 16 
Bebidas alcóolicas 
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: 
I – a menor de dezoito anos; (Revogado pela Lei nº 13.106, de 2015) 
II – a quem se acha em estado de embriaguez; 
III – a pessoa que o agente SABE sofrer das faculdades mentais; 
IV – a pessoa que o agente SABE estar judicialmente proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de tal 
natureza: 
Pena – prisão simples, de 2 MESES a 1 ANO, ou MULTA, de 500 mil réis a 5 contos de réis. 
 
• A Lei 13.106/2015 revogou o inc.I do art.63 da LCP e alterou a redação do art.243 do ECA. Vejamos: 
 
Art.243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a 
adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência 
física ou psíquica: 
Pena - detenção, de 2 a 4 anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave.

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