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DISCIPLINA: LOGÍSTICA EMPRESARIAL AULA 02 Prof. Renato da Costa dos Santos 2 CONVERSA INICIAL Agora você deve estar se perguntando, o que são e como se constituem os fluxos de operação logística? Num primeiro momento, parece um tanto estranho pensar num fluxo contínuo de coisas acontecendo e que, certamente, irão terminar com o produto nas mãos dos clientes finais. Para tanto, na qualidade de gestores, precisamos estar muito atentos em todas as etapas do processo, que vai desde o fornecimento de uma matéria-prima qualquer, passando pela produção, venda, até a fase de distribuição final (Porter, 1985). A agregação de valor ao longo da cadeia de suprimentos também é parte do trabalho de gestão estratégica da empresa. O acesso facilitado a produtos e serviços, dos mais variados, tornou o mercado consumidor muito disputado. As pessoas podem montar seu próprio produto pela internet, escolher cores, formas, tamanhos e quantidades, sem sair de casa. Isso faz com que um pequeno detalhe pode significar o fechamento ou não de uma venda. As lojas se especializaram tanto no atendimento, quanto na disponibilidade dos produtos, como mais e maiores postos de vendas, lojas de especialidade, grandes varejistas etc. A qualidade dos produtos e serviços passou a ser mais do que uma obrigação e conhecer o ambiente externo à empresa, suas ameaças e oportunidades considerada como uma ação diária a ser executada. “Atualmente, a logística passou a ser reconhecida como uma área estratégica para agregar valor aos produtos e serviços” (Ballou, 2001, p. 20). Então, as empresas devem fazer o máximo de esforços para reduzir custos, desperdícios e aumentar a sua competitividade. Vamos então a nossa primeira aula! CONTEXTUALIZANDO Os processos-chave da área de suprimentos, de acordo com Fleury, Wanke, Figueiredo (2012), são: 1. relacionamento com os clientes; 2. serviços aos clientes; 3. administração da demanda; 4. atendimento de pedidos; 5. administração do fluxo de produção; 6. compras/suprimento; 7. desenvolvimento de novos produtos. 3 Por meio da coordenação destes processos é possível atingir um índice satisfatório de competitividade e lucratividade. As empresas geram expectativas no mercado que são traduzidas nos seus produtos ou serviços. Os consumidores estão envolvidos com um “bombardeio” de promoções, publicidade favorável, oportunidades das mais diferentes, e migram, rapidamente, de produto de acordo com sua conveniência. O desafio maior das empresas é dar conta desta transição, oferecendo o produto certo na hora certa e garantindo que seu público-alvo permaneça fiel a sua marca. Por meio do conhecimento das necessidades dos clientes, das novas tendências, cores, forma, embalagens, entre outras coisas, é possível realizar corretamente os procedimentos de manuseio, armazenagem e transporte de produtos. O caráter estratégico da logística se dá por meio da gestão de todos os processos envolvidos, da adequada interpretação das necessidades mercadológicas e da cooperação dos participantes da cadeia de suprimentos. É lógico que cada processo, individualmente, tem sua relevância. Porém, somente se analisados conjuntamente tornam-se vitais para o alcance dos resultados. Com a evolução das tecnologias de informação, as distâncias foram reduzidas, sendo possível navegar pela internet, em um site de empresa, customizando o seu produto em poucas horas. A combinação dos processos aliada à visão estratégica da gestão da empresa é capaz de fazer frente a concorrência, logo, a eficiência ao longo de todo o elo da cadeia se torna essencial. TEMA 1 – ESTRUTURA DOS ELEMENTOS BÁSICOS DE UMA CADEIA LOGÍSTICA A literatura sobre o tema nos ensina que uma cadeia de suprimentos ocorre do momento em que o cliente faz um pedido, passando pelo processo de produção, armazenagem, movimentação e distribuição do produto e finalizando com a entrega ao consumidor final. 4 Figura 01: Elementos conceituais da logística Fonte: Adaptação de Novaes (2001, p. 36) A figura acima representa os elementos básicos da logística, os chamados elementos conceituais. A logística precisa integrar seu fluxo de informações e materiais, que se inicia desde o planejamento e desenvolvimento do produto até a entrega ao consumidor final. O mais importante é a visão sistêmica de toda a cadeia, suas características, inter-relações e agrupamentos. Quando falamos em cadeia logística, logo nos lembramos do conceito em inglês de Supply Chain Management (SCM) ou Gestão da cadeia de suprimentos. Mas, primeiro, de acordo com Fleury, Wanke, Figueiredo (2012), é preciso entender melhor o que significa este canal de distribuição na logística. “Os canais de distribuição são unidades organizacionais, instituições e agentes, internos e externos, que executam as funções que dão apoio ao marketing de produtos e serviços de determinada empresa. ” (Fleury, Wanke, Figueiredo (2012, p. 40). Os canais de distribuição são definidos, de modo geral, pelo comportamento de compra do consumidor. As características do consumidor e suas decisões em relação a compra acabam por determinar a estrutura dos canais. Os canais de distribuição possuem alguns intermediários que podem trazer mais eficiência e eficácia na distribuição física dos produtos: varejistas, atacadistas, distribuidores e agentes-corretores. No caso dos varejistas, são aqueles que tem contato direto com o cliente/consumidor no ponto de venda. São a principal referência em termos de reclamações e barganha de preços. Os atacadistas vendem em grande quantidade e adquirem produtos dos varejistas. Os distribuidores atuam como 5 vendedores, armazenadores e, ainda, fornecem assistência técnica aos compradores. Por fim, os agentes e corretores, pessoas jurídicas que atuam como vendedores contratados para vender produtos de empresas. É importante o estudo dos canais de distribuição porque interferem, diretamente, no tempo de entrega dos produtos aos clientes. Por isso, a empresa deve realizar um planejamento adequado de escolha de seu canal de distribuição como forma de atender prontamente seu público-alvo. Em resumo, a gestão da cadeia de suprimentos de acordo com (Fleury, Wanke, Figueiredo (2012): Representa o esforço de integração dos diversos participantes do canal de distribuição por meio da administração compartilhada de processos- chave de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e membros do canal, desde o consumidor final até o fornecedor inicial de matérias-primas. (FLEURY, WANKE, FIGUEIREDO, 2012, p. 42) TEMA 2 – A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO DAS ATIVIDADES LOGÍSTICAS O mercado exige respostas rápidas e eficientes para dar conta do ambiente dinâmico em que se encontram. Dos gestores das empresas se exige habilidade para lidar com as diferentes situações e capacidade para propor soluções criativas, com objetivo de atingir uma posição competitiva. A integração das atividades é o caminho mais curto para a manutenção das operações das empresas e, por consequência, a sua sobrevivência no mercado que compete. Abaixo, um modelo de integração logística proposto por Bowersox e Closs (1996). As parcerias, o uso de tecnologias de informação, a padronização dos processos e a gestão dos conflitos, ao longo da cadeia, é o que vai trazer resultados satisfatórios. 6 Figura 02: Fluxos de materiais Fonte: BOWERSOX, D. J. & CLOSS, D. J. 1996, p. 101. Com o objetivo de melhorar o desempenho da empresa, a logística e a produção são responsáveis por atingir os objetivos por meio de sua inter-relação, pois estão envolvidas diretamente com os fluxos de entrada e, também, de suprimentos. Para o sucesso da integração, é necessária a disposiçãodos parceiros da cadeia, coordenação das informações, sincronismo e gerenciamento das mudanças. A horizontalização dos processos e a visão sistêmica dos gestores pode ser uma solução viável para minimizar os impactos da falta de gerenciamento logístico. Quanto mais estreita for a relação entre a logística e a produção, maiores serão as chances de atingir altos níveis de agregação de valor e satisfação dos clientes. É por meio da integração interna dos departamentos e setores da empresa, alinhada com os objetivos traçados, somado com a integração entre os fornecedores e clientes, é que se pode ser eficiente e eficaz. Esta relação entre fornecedores de suprimentos de um lado e produção da empresa de outro, combinada com a distribuição física da empresa para com os consumidores, precisa ser ordenada. Aqui, cabe uma consideração ao profissional da logística, cuja responsabilidade aumenta a cada dia diante dos desafios propostos pelas mudanças ambientais. Colocar em prática tudo isto requer muito empenho e dedicação, perfil exigido para quem atua nesta área e pretende desenvolver sua carreira. 7 TEMA 3 – FLUXOS DE MATERIAIS E INFORMAÇÕES O fluxo de materiais e informações corresponde a perfeita integração entre a disponibilidade de um produto qualquer no estoque e sua exata posição. Fazem parte dos fluxos logísticos que são complementados pelos fluxos financeiros e pela logística reversa. De nada adianta despachar uma carga para um cliente se não sabemos exatamente onde ela se encontra, o local, a quantidade, a hora etc. É necessário uma sintonia perfeita entre o fluxo de informações dos processos logísticos e as atividades operacionais, pois isso envolve custos. O fluxo de materiais diz respeito a essência do conceito da logística, ou seja, entregar o produto certo, na hora e local certo e na quantidade certa. Os clientes estão cada vez mais exigentes e a qualidade não é mais uma questão de obrigação, mas sim, de sobrevivência no mercado competitivo. Alguns exemplos de fluxos de materiais são: as matérias-primas, os produtos semiacabados, ferramentas e máquinas entre outros. Segundo Ballou (2001), executar uma boa gestão de materiais significa coordenar os suprimentos de acordo com a produção, fazendo com que as atividades chamadas de primárias da logística, como os transportes, a manutenção dos estoques e os processamentos de pedidos, atinjam os objetivos logísticos. Autores como Ballou (2001) e Bowersox e Closs (2001) consideram o fluxo de informações como sendo uma das atividades-chave da cadeia de suprimentos na busca de agregação de valor. De modo geral, percorrem um caminho inverso dos materiais e são responsáveis pela tomada de decisão estratégica. Daí a importância do uso da aquisição e do uso de tecnologias de informação para a melhor execução dos processos logísticos. Para que se obtenha melhores resultados nos fluxos logísticos da cadeia, é importante salientar o sincronismo exigido entre compras e vendas que, em caso de divergências, pode causar falta de flexibilidade da empresa para mudanças no mercado em que compete. A visão tradicional da gestão dos fluxos de materiais e de informação dentro da empresa já não é mais aceita, pois a responsabilidade passou a ser compartilhada. A logística, por meio de sua agregação de valor ao cliente, se propõe a reduzir os custos, contribuindo diretamente com o desempenho financeira da empresa. 8 TEMA 4 – FLUXOS FINANCEIROS E REVERSOS Os fluxos financeiros dizem respeito a gestão financeira, buscando redução dos custos e aumento na agregação de valor do produto ao longo da cadeia. Quando o consumidor realiza o pagamento de um determinado produto é que a cadeia logística vai sendo paga. Muitas vezes, altos investimentos em equipamentos, armazenagem, estocagem e tecnologia de informação podem ser considerados desnecessários para o atingimento de um mesmo resultado. Assim, considerar o fluxo financeiro para a empresa, torna-se crucial, pois cada etapa do processo fica com uma parte do dinheiro, chegando novamente até o fornecedor da matéria-prima. A visão sistêmica do gestor em perfeita adequação com os objetivos estratégicos da empresa, permite eliminação de desperdícios em várias áreas bem como ganhos em performance. Nesse sentido, a logística passa a ser vista sob o prisma da administração financeira, onde qualquer ação que possa reduzir custos, visa atingir uma posição competitiva sustentável. Os fluxos reversos dizem respeito a reciclagem, reuso, coletas, ou ainda, desmanche industrial, ou seja, do local de consumo até o local de origem do produto. Em tempos de discussões sobre o aquecimento global, sustentabilidade e responsabilidade social, este tema vem ganhando cada vez mais destaque. Para as empresas, é uma questão de imagem perante o mercado e os consumidores, fazendo com que o gerenciamento da logística reversa se tornasse uma dor de cabeça a mais para os gestores. Aliado a questões de ordem ambiental, como legislação e tratados internacionais, a pressão por índices de redução de poluição e emissão de gases na atmosfera, a logística reversa ganhou status de estratégia. TEMA 5 – VISÃO DOS PROCESSOS ATRAVÉS DOS FLUXOS Diante deste contexto, de mudança e competitividade acirrada entre as empresas, a logística ganhou um status estratégico, capaz de gerar vantagem competitiva se levada a sério. Aliando a gestão, com a eficiência nos processos e a utilização de tecnologias, torna uma combinação eficiente para lidar com a complexidade das exigências do mercado. O gestor precisa ter visão sistêmica para que possa propor soluções adequadas e traçar a melhor estratégia frente a cada situação. Mapear os processos ao longo da cadeia, identificando os erros e defeitos, e tomando as 9 medidas corretivas na hora certa, vão ajudar na construção do aprendizado organizacional. A adoção de boas práticas, por parte dos participantes do elo da cadeia, na busca do controle de fluxo eficiente e eficaz, é a melhor alternativa para resultados satisfatórios. Atender às necessidades e expectativas dos integrantes da cadeia é um objetivo a ser perseguido pela empresa, bem como, otimizar os investimentos em estoques. Além disso, é preciso realizar a avaliação constante do desempenho dos participantes da cadeia, da própria empresa, e rever, se necessário, o planejamento em seus diferentes níveis dentro da empresa. Não pode esquecer da importância, também, de identificar e adquirir a melhor tecnologia disponível no mercado, para tornar ágeis os processos e garantir padronização e velocidade em toda a cadeia. Com base nestes conceitos, espera-se atingir melhores resultados, mesmo diante das mais variadas dificuldades encontradas no ambiente externo, que, em muitos casos, obriga as empresas a tomarem decisões imediatas, com pouco tempo para planejamento. TROCANDO IDEIAS Agora vamos refletir um pouco sobre a preocupação com a sustentabilidade empresarial? Discuta com seus colegas quais são as principais ações tomadas pelas empresas com o objetivo de reduzir o desperdício e garantir, às futuras gerações, menores impactos ao meio ambiente. Destaque quais são as ações mais comuns feitas pelas empresas e se elas estão, ou não, surtindo efeito! NA PRÁTICA Acesse o artigo “Fluxo Logístico: do Recebimento à Expedição no Processo de Ampliação de uma Empresa do Segmento de Reciclagem”, leia o estudo de caso proposto lá e responda as perguntas abaixo: Artigo disponível em: http://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/23320196.pdf a) Proponha 3 alternativas para que a empresa possa continuar as suas atividades sem problemas para localizar suas mercadorias. b) No caso proposto, além de toda a dificuldade logística, o contraste com a vida familiar ajuda a complicar a evolução do negócio, tendo em vista10 que existem várias atividades domésticas que disputam espaço com os locais de armazenagem dos materiais. Proponha um novo fluxo de sistema produtivo. SÍNTESE Neste primeiro contato com os conceitos de fluxos logísticos, apresentamos conceitos importantes para o entendimento do tema e a aplicação prática nas organizações, evidenciando o caráter estratégico e fundamental para o alcance dos objetivos empresariais. Diante disso, alguns pontos de reflexão devem ser levados em consideração sobre os fluxos logísticos: a) Sem informações suficientes não é possível tomar decisões sobre quanto, como e quando produzir. b) A integração dos fluxos de materiais e informações é necessária para dar respostas imediatas às necessidades do mercado. c) Os fluxos logísticos sofrem interferência direta do ambiente externo. d) Os fluxos logísticos nada mais são do que procedimentos sequenciais necessários ao alcance dos resultados. e) Compete aos gestores das empresas determinarem a melhor estratégia a ser utilizada de acordo com seu segmento ou setor e demanda. REFERÊNCIAS BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J. Leading Edge Logistics: a competitive positioning for the 1990’s-comprehensive research on logistics organization strategy and behavior in North America. Oak Brook: cln, 1989 FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (organização). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. 1 ed. 15. reimpr. São Paulo: Atlas, 2012. 11 MORAIS, R. R. Logística empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2015. NOVAES, Antônio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, operação e avaliação. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
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