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46 Unidade II Unidade II 5 LOGÍSTICA REVERSA Extremamente motivada pelas oportunidades empresariais, assim como pela onda de conscientização ambiental, a logística reversa (LR) cresce, merecendo nossa atenção e respeito. Para entendermos, vamos voltar no tempo, afinal, apesar de a LR ser logística, ela diferencia‑se da logística tradicional que impulsionou o supply chain. A expressão logística reversa e os estudos dessa temática são facilmente encontrados na literatura dos anos 1970 e 1980, seu principal foco é o retorno de bens que precisam ser processados para poder fazer a reciclagem dos materiais, dessa forma, são denominados e analisados como canais de distribuição reversos (LEITE, 2009). Foi apenas a partir dos anos 1990 que surgiram definições mais específicas para a LR por conta da ampliação do escopo da logística empresarial, que evoluíram conforme veremos na sequência: • a LR foi analisada como uma atividade que visa gerenciar o processo reverso da logística direta com o intuito de tratar o fluxo dos produtos, desde o consumo até sua origem (KOPICK et al., 1993 apud HERNÁNDEZ; MARINS; CASTRO, 2012); • conceitos que introduziram a integração circular da LR, como a cadeia de retorno e a reciclagem de pós‑consumo, distinguindo as inúmeras atividades fundamentais que fazem parte da cadeia reversa (FULLER; ALLEN, 1995 apud HERNÁNDEZ; MARINS; CASTRO, 2012); • agregaram‑se às outras definições um propósito mais específico ao fluxo reverso, ou seja, tornou‑se importante recapturar o valor e adequar corretamente o destino dos materiais ou produtos que retornam, dando o mesmo sentido do controle e planejamento que o fluxo reverso necessita ter, similar ao fluxo direto (TIBBEN‑LEMBKE; ROGERS, 2002); • foram incorporadas à definição de LR as diferenças no fluxo de retorno dos bens de pós‑consumo e pós‑venda, visando identificar o valor agregado ao ciclo de negócios, tais como ecológico, econômico, logístico, legal e de imagem corporativa (LEITE, 2003 apud HERNÁNDEZ; MARINS; CASTRO, 2012). O fato é que mesmo com algumas diferenças entre as definições de LR, muitos autores distinguem os aspectos comuns, sendo eles explícitos e/ou implícitos, como os objetivos e a importância do ponto de vista sobre a agregação de valor, assim como os motivos dos retornos que visam estabelecer a diferença fundamental para a destinação final dos produtos: 47 LOGÍSTICA 4.0 • mercado primário; • mercado secundário; • conserto; • remanufatura; • desmanche; • reciclagem; • aterro sanitário; • incineração. Mesmo as empresas compreendendo a importância do fluxo reverso, muitas têm desinteresse ou dificuldade para implementar a gestão da LR. Isso ocorre por alguns problemas pontuais, como: • Falta de sistemas informatizados integrados às práticas de gestão (GUARNIERI et al., 2006). • A ideia errônea de que o fluxo reverso representa apenas custos e, consequentemente, recebe pouca, ou melhor, nenhuma prioridade nas empresas (QUINN, 2001). • Dificuldade em mesurar o impacto do retorno dos materiais e/ou produtos e, consequentemente, o desconhecimento da real necessidade em controlá‑lo (TIBBEN‑LEMBKE; ROGERS, 2002). Assim, na globalização, para sobreviver com tanta concorrência, as empresas dependem da satisfação das necessidades dos clientes, assim como das suas expectativas, pois é para eles que os produtos são dirigidos. A LR utilizada no planejamento estratégico acaba sendo uma excelente arma de marketing, em outras palavras, é fundamental para as companhias sobreviverem e se destacarem obter tal vantagem competitiva a fim de melhorar os serviços prestados aos clientes. Outra vantagem faz referência à segmentação dos mercados, que também se converte em uma das estratégias. Ou seja, essa vantagem implica um aumento de novos produtos lançados em todos os setores empresariais, consequentemente, o ciclo de vida dos produtos mercadológicos e a vida útil dos produtos são reduzidos, trazendo quantidades maiores de itens e de materiais, que, no final, retornam aos processos produtivos ou aos produtos descartados no fim de sua vida útil, se esses produtos não forem reaproveitados e/ou reciclados, ocasionam a poluição por excesso ou por contaminação. Assim, faz‑se necessário equacionar tais fluxos reversos sob o prisma de agregar valor tanto econômico como de imagem corporativa. 48 Unidade II Lembrete Um gerenciamento apropriado dos canais reversos pode servir de base a um banco de dados de informações sobre hábitos e expectativas de clientes, contribuindo para as empresas proporcionarem serviços diferenciados. Um bom planejamento de LR envolve, basicamente, os mesmos elementos do plano tradicional de logística direta, ou seja: • nível de serviços; • armazenagem; • transporte; • nível de estoques; • fluxo de materiais; • sistemas de informações. Apesar de similares, o maior problema da LR é integrá‑la na política logística da empresa, sendo considerado um grande desafio dos administradores logísticos. No quadro seguinte, você vai conhecer as diferenças principais entre o fluxo direto e o reverso dos produtos retornados. Quadro 8 – Diferenças entre logística direta e reversa Logística direta Logística reversa Mais certeza na estimação da demanda Incerteza na estimação da demanda Geralmente o transporte vai de um ponto a muitos pontos Transporte de muitos pontos a um ponto Qualidade uniforme Qualidade não uniforme Preço uniforme Preço não uniforme Custos claros e monitorados por sistemas de contabilidade Custos menos visíveis e poucas vezes contabilizados Gestão de inventário mais simples Gestão de inventário mais complexa Métodos de marketing bem conhecidos Métodos de marketing mais complexos Adaptado de: Hernández, Marins e Castro (2012). 49 LOGÍSTICA 4.0 Há outro aspecto estudado por muitos autores que faz menção aos custos logísticos. No quadro seguinte, você verá um comparativo entre os custos logísticos dos fluxos reversos e diretos. Quadro 9 – Custos logísticos dos fluxos reversos e diretos Custos Comparação com a logística direta Transporte maior Inventário menor Obsolescência Pode ser maior Diagnóstico de qualidade Muito maior Manuseio Muito maior Reparação e reembalagem Significativo em logística reversa Adaptado de: Hernández, Marins e Castro (2012). Para obter os dados apontados no quadro, muitos pesquisadores têm desenvolvido diversos modelos matemáticos, entretanto, eles dependem especificamente do problema que deve ser enfrentado e dos objetivos propostos pela empresa em um dos canais de distribuição, mas não nos aprofundaremos nisso, os resultados serão colocados de maneira genérica. Dessa forma, nos deparamos com modelos encontrados para minimizar os custos: • de transporte, • de inspeção; • de gestão de inventário com relações de trade‑off; • de minimização dos custos que relacionam diversos problemas de gestão; • de determinação do fluxo de mercadorias com o custo mínimo em redes com restrições de capacidade; • de custos logísticos que visem minimizar em quatro das atividades da LR: coleta, armazenagem, tratamento e distribuição de resíduos (DU; EVANS, 2008). Observação Alguns modelos abordam a eficiência de inúmeras atividades da LR mediante utilização do outsourcing e/ou da terceirização de algumas partes do fluxo ou dele inteiro, demonstrando o aumento dos custos iniciais, assim como as economias de custo, depois de um tempo de operação do canal reverso. O objetivo econômico é mais evidente, e não apenas por agregar valor monetário, mas porque ele pode diminuir as perdas mediante a recuperação do valor empregado em todo o processo produtivo, 50 Unidade II proporcionando economias de custo. Assim, o objetivo de ganhos acerca da imagem corporativa é apontado como prioritário na maioria dos programas de LR. E, por conta desse fato, diversos autores definem tal como sendo um conjunto de atributos que visam diferenciar um produto de uma empresa dos de seus concorrentes, que podem seralcançados mediante: • cumprimento dos objetivos ecológicos que denotam preocupação com os diversos problemas ambientais, visando estabelecer incentivos à reciclagem; • legislações que obrigam os fabricantes a providenciar a coleta e destinação de produtos tóxicos e perigosos; • objetivos sociais em prol da comunidade, sendo que há empresas que se destacam por realizar determinadas ações como doações, projetos educacionais, criação de emprego e projetos comunitários. Quando se pensa em logística, somos facilmente remetidos à ideia de produtos, pensa‑se também no retorno dos produtos no pós‑venda, em outras palavras, itens que retornam sem consumo ou com pouco consumo, assim, você deve estar se perguntando: como ficam os ganhos? Afinal, independentemente da logística praticada, as empresas sempre visam a lucratividade. Dessa forma, os ganhos são evidenciados mediante a fidelização dos clientes na competitividade, sendo decorrentes dos custos de serviços, além da imagem empresarial. Então, podemos afirmar que para o retorno dos produtos pós‑consumo, os ganhos se manifestam acerca da competitividade de custos pelas economias na confecção do produto e de imagem empresarial. Aqui, cabe uma ressalva: tais objetivos são estabelecidos em função das estratégias empresariais adotadas. De modo geral, quando se adota uma estratégia, fica implícito o cumprimento de atividades ou de programas específicos de LR, a classificação desses programas diz respeito a direcionadores ou motivadores, sendo que os direcionadores podem ser ambientais, tecnológicos e legais; de responsabilidade social, econômicos e legais; de cidadania corporativa; de obrigações legais e de motivação econômica (BRITO, 2004 apud HERNÁNDEZ; MARINS; CASTRO, 2012). De acordo com Leite (2009), há cinco direcionadores nos programas de LR: • Programas econômicos (PE): visa a lucratividade ou resultado financeiro favorável à organização. • Programas de imagem (PI): protege a imagem empresarial mediante propaganda ou atividades afins que demonstrem sua preocupação com o meio ambiente. • Programas de cidadania (PC): responde às solicitações sociais como um exercício voluntário de responsabilidade social, assim como corporativa. • Programas legais (PL): realizados por força de leis existentes quando as empresas ou os setores da cadeia direta são responsabilizados pelo descarte dos seus produtos no final de sua vida útil ou quando se obriga as empresas a recepcionarem os produtos retornados pelos consumidores. 51 LOGÍSTICA 4.0 • Programas de serviço aos clientes (PS): busca diferenciar as empresas pelo serviço prestado, como um diferencial de venda ou da garantia de pós‑venda, mediante troca, consertos e reparos de produtos não consumidos. 5.1 A LR como estratégia competitiva sustentável Por conta das mudanças globais, tem‑se elevado o aumento da competitividade internacional, sendo que tais modificações anseiam pela competitividade em fatores diferenciadores, tais como: • imagem; • inovação; • relacionamentos. Por conta disso, pode‑se afirmar que a LR contribui como diferencial frente aos concorrentes, da seguinte forma: • Benefícios proporcionados ao meio ambiente, que contribuem para o aumento de competitividade das empresas mediante estratégias que favorecem a responsabilidade social. • Redução de custos e maior competitividade, introdução de políticas liberais de retorno, refletindo na rentabilidade da empresa. • Diferenciação da imagem corporativa através da utilização da LR de forma estratégica para obter o posicionamento da empresa como cidadã, visando o aumento do valor agregado da marca e do valor dos produtos. Esses aspectos são apontados como vantagens competitivas acerca da LR, sendo que para serem visualizados e compreendidos corretamente, precisam ser analisados do ponto de vista global das empresas. A verdade é que a vantagem competitiva da LR é originada de atividades segmentadas, como: • produção; • projeto; • marketing; • logística, entre outras. Muitos ganhos podem ser obtidos mediante tais vantagens competitivas, que se refletem na esfera econômica, social e ambiental (ALVES et al., s.d.). Muitos estudos realizados dentro e fora do Brasil corroboram com o que foi dito da LR até agora. No quadro seguinte, demonstraremos alguns conceitos de autores renomados: 52 Unidade II Quadro 10 – Conceitos sobre ganhos da LR Autor Conceito Dowlatshahi (2000) Redução de custos entre 40% a 60%, são apontadas empresas que fazem uso da remanufatura dos componentes, utilizando apenas 20% dos esforços na manufatura de um produto novo Mitra (2006) Há estudos que apontam economia na energia graças aos processos de remanufatura quando comparados com os processos de manufatura tradicionais de novos produtos, evidenciando diminuição significativa nos custos e, consequentemente, ganhos ao meio ambiente Souza, Vasconcelos e Pereira (2006) Esses autores analisaram o sistema de LR na reciclagem das latas de alumínio, demonstrando os resultados econômicos alcançados: geração de empregos; aumento da renda decorrentes do desenvolvimento de projetos focados na responsabilidade social visando a educação ambiental Ribeiro, Machado e Barra (2005), Silva e Brito (2005), Cruz e Ballista (2006) Destacam o papel crucial da LR na gestão mais eficiente dos resíduos sólidos de modo a satisfazer as necessidades da sociedade com a perspectiva socioambiental, sem, entretanto, perder de vista a eficiência alcançada, evitando, dessa forma, mau uso dos recursos e desperdícios Braga Junior, Merlo e Nagano (2008), Andino, Padula e Wegner (2008) e Souza e Lopes (2008) Demonstraram como a LR, utilizada de formas distintas, pode vir a ser uma fonte alternativa de renda, contribuindo, dessa forma para a sustentabilidade do negócio; a redução dos desperdícios; os impactos sociais; os impactos ambientais Hernández et al. (2012) Analisaram a criação de um consórcio focado na gestão dos resíduos industriais e o impacto positivo nos indicadores de desempenho empresarial correlacionadas aos aspectos econômico‑financeiros decorrentes da diminuição de despesas, que também influenciou positivamente a imagem das organizações frente às comunidades e ao governo, ofertando empregos e melhores condições de vida para a população Adaptado de: Hernández, Marins e Castro (2012). Dessa forma, embora tenhamos notado diferenças entre os conceitos de competitividade e sustentabilidade, é inerente às empresas buscar exatamente diferenciais de competitividade através da inclusão de variáveis econômicas, sociais e ambientais. A LR, como demonstrado anteriormente, tem um impacto significativo para que as empresas alcancem tais propósitos, entretanto, para isso ocorrer, são necessários que haja: • estudos aprofundados que visem demonstrar tais vantagens acerca do desempenho empresarial; • formas de mensurar os impactos mediante indicadores de desempenho, considerados parâmetros, uma vez que fornecem dados acerca de determinadas atividades que a empresa quer monitorar (CHAVES; ASSUMPÇÃO, 2008). 5.2 A LR e as estratégias empresariais Quando se pensa em LR, não há como não se referir à sustentabilidade e à responsabilidade social, pois, além buscar lucratividade, as empresas necessitam atender a uma gama de interesses sociais, ambientais e governamentais. 53 LOGÍSTICA 4.0 Nesse cenário, as empresas precisam se precaver, pois estão sempre sendo avaliadas sob diversas perspectivas, podendo ser satisfeitas através de um planejamento empresarial em seus níveis estratégico, tático e operacional. O planejamento estratégico não faz menção a uma resposta casual ou informal quando surge uma crise. Ele refere‑se a um processo sistemático de tomar decisões acerca de objetivos e metas. Atualmente, é uma atividade que abrange todos os níveis da organização, os administradores necessitam pensar de forma estratégica, buscando focar as questões externas em longo prazo, assim como questões táticas e operacionaisno curto prazo (BATEMAN; SNELL, 1998 apud HERNÁNDEZ; MARINS; CASTRO, 2012). Há inúmeros conceitos acerca de estratégia empresarial, o planejamento está presente em todos eles. Além disso, nota‑se que as estratégias referem‑se a um processo sistêmico, interativo e permanente, sendo que um dos seus objetivos menciona o ajuste, cada vez mais ligeiro, das empresas ao seu ambiente, buscando avaliar as realidades tanto dos ambientes interno como externo para auxiliar na tomada de decisões efetivas. Mas desenvolver apenas estratégias não é válido, tão importante como desenvolver estratégias, é poder implementá‑las, há inúmeros estudos que visam demonstrar, independentemente da metodologia seguida da implementação das estratégias organizacionais, que é necessário avaliar e controlar o cumprimento delas mediante uma visão de conjuntos que demonstrem o resultado final, assim como os fatores que incidem sobre ele. Dessa forma, a definição dos indicadores de desempenho, que visam formar um sistema compatível com as metas e os objetivos estratégicos organizacionais, pode representar inúmeras oportunidades para a implementação das estratégias em várias áreas funcionais (KAPLAN; NORTON, 2001). Assim, muitos sistemas de gestão de desempenho precisam se basear em sistemas de indicadores que demonstrem coerência entre: • indicadores mensurados; • fatores críticos; • estratégias competitivas; • objetivos adotados (KAPLAN; NORTON, 2001). Há relatos acerca de sistemas de medição de desempenho no século XX, sendo que surgiram muitos sistemas: • 1954: administração por objetivos. • 1960: gerenciamento pelas diretrizes. • 1989: melhoria de desempenho. 54 Unidade II Já na década de 1990, desenvolveram‑se sistemas de avaliação de desempenho, que tratavam de questões como: • desempenho dos processos; • qualidade; • satisfação dos clientes; • motivação dos funcionários. Tais abordagens tinham a visão de causa e efeito, sendo que relacionavam um efeito nos resultados, ou, ainda, saídas de processos, ou um conjunto de causas que poderiam influenciar esses fatos (CAMPOS, 2001). Os sistemas de avaliação e resultado mais utilizados são: • 1992: BSC – Balanced Scorecard. • 1995: navegador Skandia. • 1997: gerenciamento total da melhoria contínua. • 2001: Value Chain Scoreboard. • 2002: Performance Prism. Além dessas ferramentas, têm surgido modelos mais específicos para áreas funcionais específicas e visam incentivar melhorias contínuas mediante proposição de processos, métricas, fundamentação teórica. Como exemplo, podemos citar o modelo SCOR – supply chain operations reference, desenvolvido pelo Supply Chain Council (SCC) no ano de 2003, que descreve atividades nas cadeias de suprimentos, buscando abordar cinco macroprocessos: • planejamento; • fornecimento; • produção; • entrega; • retorno. 55 LOGÍSTICA 4.0 De acordo com Sellitto e Mendes (2006), há uma metodologia que parte do pressuposto do modelo SCOR utilizado para mensurar o desempenho da gestão das cadeias de suprimentos, sendo que o modelo foi devidamente estruturado, vinculando‑se às dimensões de desempenho e suas importâncias relativas foram calculadas por especialistas. As dimensões foram devidamente estruturadas em 25 indicadores categóricos e, consequentemente, avaliados por pesquisadores e por gestores das cadeias. Ainda de acordo com esses autores, observou‑se que a importância do retorno foi mínima se comparada ao de outros macroprocessos. Dessa forma, os indicadores de desempenho, quando associados ao retorno, são poucos. 5.3 Logística reversa: um case de sucesso Para melhor compreender, vamos apresentar um case de sucesso sobre LR. A nossa sociedade de consumo é pródiga na produção de resíduos. A geração de material não orgânico, lixo que não é lixo, sucatas, embalagens diversas, carcaças de aparelhos, enfim uma quantidade de materiais que não deveriam seguir para um aterro sanitário é imensa. A Legislação brasileira sobre resíduos sólidos veio trazer um ordenamento jurídico para uma das preocupações que há algum tempo já fazem parte das discussões de muitas empresas. As perguntas que valem um prêmio: “Como realizar uma logística reversa eficiente do que produzimos e foi descartado pelo cliente final?”. “Como atender a legislação que está cada vez mais exigente em relação ao destino final dos nossos produtos?”. Hoje já é possível ter referências de cases de sucesso na logística reversa implementadas por alguns segmentos. Um dos casos que mais chamam atenção é o da indústria de agrotóxicos que tem como destino final de seus produtos agricultores pequenos e grandes. Produtores rurais que compram apenas três ou quatro embalagens de litro, até outros que compram dezenas de baldes. Instigados por uma legislação específica, o setor como um todo se organizou. As responsabilidades foram divididas entre toda a cadeia: fabricantes, distribuidores, lojistas, agricultores e órgãos fiscalizadores. Hoje cada agricultor tem a responsabilidade de devolver qualquer embalagem usada, devidamente lavada e furada ao lojista. Este devolve ao distribuidor, que encaminha para uma central regional onde todo o material é preparado para seguir como matéria‑prima para uma indústria credenciada, que fará a reciclagem de cada material. Cada Estado brasileiro adaptou um pouco o processo, mas na essência é o mesmo. Somente com a participação do governo local (município e estado), dos fabricantes, distribuidores, lojistas e consumidores finais, é que foi possível montar uma logística reversa das embalagens, que antes ficavam jogadas no campo, contaminando rios e lençóis freáticos (ABUMANSSUR, 2012). 56 Unidade II Atualmente, a legislação brasileira sobre resíduos sólidos possibilitou um ordenamento jurídico para um problema que preocupava muitos agricultores. Afinal, como eles poderiam realizar a logística reversa de modo eficiente visando atender a uma legislação cada vez mais exigente no que tange ao destino dos seus produtos? Os agricultores de pequeno até grande porte encontraram a reposta: instigados por conta de uma legislação específica, o setor se organizou e as responsabilidades foram divididas entre toda a cadeia. Cada agricultor tem a responsabilidade de devolver qualquer tipo de embalagem usada, lavada e furada aos lojistas, que, na sequência, a devolve ao distribuidor, que a encaminha para uma central regional onde todas as embalagens são preparadas para seguir como matéria‑prima a uma indústria devidamente credenciada, que vai reciclar todo o material recebido. É possível perceber que com a LR, todos ganham, principalmente, o meio ambiente. 6 OMNICHANNEL A convergência dos diversos pontos de venda é a proposta principal do omnichannel, ou seja, ele visa integrar todas as áreas de um empreendimento com o intuito de facilitar a vida do consumidor. O omnichannel é uma tendência do varejo baseada na convergência dos canais utilizados pelas empresas, proporcionando aos consumidores a navegação no mundo online e offline sem que eles notem, ou seja, lojas físicas, virtuais e compradores estão integrados, possibilitando‑lhes estabelecer relações. Tal tendência refere‑se a uma evolução do conceito de multicanal, completamente focada na expertise do consumidor nos canais já existentes de uma determinada marca. Como exemplo podemos citar os aplicativos móveis, que visam combinar o layout do site com a temática presente nas lojas físicas. De forma prática, esse fato propicia ao consumidor utilizar todos os canais disponibilizados pelas organizações, quebrando as barreiras entre o mundo digital e o físico. Mediante a integração de canais, os consumidores satisfazem suas necessidades e desejos, de onde e quando desejarem, no momento mais confortável para eles, não havendo restrições de locais ou horários. 6.1 Cliente: centro do universo O omnichannel visa colocar os consumidores como o centro do universo, criando neles uma percepção extremamente positiva no quetange às suas experiências com as empresas, principalmente, no que se refere às facilidades de acesso proporcionadas pela presença digital da marca, como móbile, redes sociais, entre outros; assim como por suas instalações físicas, como lojas, quiosques, estandes etc. 57 LOGÍSTICA 4.0 Figura 14 – O cliente como centro do universo Fonte: https://cutt.ly/pVHTRqB. Acesso em: 28 set. 2022. Outra facilidade do omnichannel é permitir às empresas conhecer o comportamento, assim como as preferências dos seus clientes. Como exemplo, podemos citar uma pessoa que faz uma pesquisa na internet em busca das melhores ofertas para comprar um relógio, além de pedir dicas aos seus amigos nas redes sociais. Em vez de ir pessoalmente a uma loja física, esse cliente pode avaliar todas as possibilidades de compra ali mesmo no ambiente digital, optando em adquirir o relógio em uma loja virtual, sem contar a vantagem de receber o produto na comodidade do seu lar. Caso esse consumidor não goste do relógio, ele pode trocá‑lo pelo site mesmo, onde as lojas virtuais efetuam a troca sem ônus para o cliente, ou pode dirigir‑se à loja física, experimentar outros modelos e, tranquilamente, optar pela troca. Isso é aplicado aos negócios mediante relacionamento com os seus clientes nos múltiplos canais, permitindo às empresas atendê‑los de forma eficiente em todo o ciclo de venda, assim como no pós‑venda. Para isso, a empresa precisa estruturar uma interação padronizada e direta, independentemente do meio de contato que os consumidores utilizarem, que pode ser: • uma loja online; • uma loja física; • uma central telefônica de vendas. A ideia central do omnichannel é o atendente reconhecer seu cliente e realizar o processo completo de venda mediante informações coletadas anteriormente na primeira interação. Para alinhar‑se com essa visão, as empresas precisam consolidar os sistemas tecnológicos em uma plataforma unificada com a capacidade de gerenciar todos os canais de venda. Dessa forma, tal 58 Unidade II convergência proporciona ao cliente, de um lado, uma experiência de compra assistida e, de outro lado, permite à empresa ofertar sugestões de compra personalizadas e mais persuasivas. Além das vantagens que citamos até agora, é possível aplicar um dos pilares do omnichannel, que se refere à tratativa do cliente, que deve ser da mesma forma em todos os pontos de contato. Assim, o engajamento do cliente com a marca é ampliado, fazendo com que ele deixe de ser cliente para se tornar fã da empresa. 6.2 Marketing diferenciado O que o omnichannel faz é extraordinário, ele converte a experiência do consumidor, estendendo‑a para o universo da marca. O que importa, de fato, é que o consumidor perceba que tal experiência faz parte de um todo, sendo que isso o induz a repensar a forma de ver o marketing. Para que ocorra o estabelecimento de uma experiência contínua do consumidor com a marca, é necessário fazer com que os canais da empresa interajam. Dessa forma: • a loja virtual precisa saber qual foi a experiência dos consumidores na página da loja no Facebook; • a central telefônica de vendas necessita saber quais foram as últimas compras realizadas através do aplicativo no smartphone; • o e‑mail marketing necessita identificar quais foram os produtos que despertaram o interesse dos consumidores nas lojas físicas; e • todos os canais necessitam saber os nomes e os históricos dos clientes, pois cada cliente é único. Mas, afinal, buscar fidelizar os clientes não é um desafio novo e, para tal, as empresas tentam se adaptar ao que os clientes querem, isso é primordial para as companhias que buscam essa fidelização e, consequentemente, seu engajamento. O importante é entender como fazer isso. Uma dica do Sebrae é atentar‑se aos dispositivos pessoais utilizados pelos clientes, pois, mediante esse fator, as marcas poderão acompanhar; conhecer e realizar os desejos contínuos dos clientes (INTEGRE…, 2014). Nesse cenário, o omnichannel torna‑se a realização de um negócio social, sendo que, baseadas nele, diversas ações personalizadas de baixo investimento são realizadas, podendo ofertar os serviços e produtos que os consumidores desejam realmente, atraindo‑os a todas as lojas, sejam as digitais ou as físicas. 59 LOGÍSTICA 4.0 Figura 15 – Omnichannel: a diferenciação no marketing Fonte: https://cutt.ly/gVHTDTB. Acesso em: 28 set. 2022. 6.3 Aplicação O primeiro passo para aplicar omnichannel em uma empresa é integrar as áreas. Nesse cenário, os clientes podem, por exemplo, comprar na loja virtual e trocar na loja virtual ou em qualquer loja física. Para que isso ocorra, o processo logístico precisa estar integrado e os sistemas tecnológicos precisam permitir que isso aconteça sem maiores complicações. O SAC‑Serviço de Atendimento ao Cliente precisa ser bem estruturado para ter condições de resolver todos os problemas dos consumidores, independentemente da abordagem ou da origem, que pode ser: • uma dúvida; • uma sugestão; • uma reclamação; • um elogio. O marketing torna‑se orgânico e deve propor estratégias alinhadas com todos os canais, permitindo ao cliente transitar livremente, sempre, entre as lojas, físicas ou virtuais. No que tange ao sistema de gestão, ele deve ser único, possibilitando que as lojas garantam a sinergia das informações, e isso inclui preços, estoque e contabilidade, entre outros. 60 Unidade II Por fim, as áreas administrativa e financeira devem estar preparadas para atuarem em todas as movimentações entre as lojas, sendo que o núcleo de suprimentos deve ser extremamente ágil, proporcionando o fornecimento de produtos de maneira adequada para toda a cadeia de lojas, sejam físicas ou online (INTEGRE…, 2014). Saiba mais É muito comum confundir omnichannel com multichannel, isso ocorre porque ambas englobam diversos meios de comunicação, entretanto apenas o omnichannel integra todos os meios. Para entender mais, trouxemos quatro cases de sucesso: Disney, Starbucks, Magazine Luiza e Natura. CASES omnichannel. Omnismart, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/lVFkI3j. Acesso em: 27 set. 2022. 7 SUPPLY CHAIN MANAGEMENT 7.1 Evolução do supply chain management A logística e o gerenciamento da cadeia de suprimentos não são ideias novas, conforme mencionado, mas somente há pouco tempo as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o gerenciamento da cadeia pode causar na obtenção da vantagem competitiva. Assim, a necessidade de gerenciar de forma eficiente o fluxo de materiais e das informações com o intuito de atender às necessidades e exigências dos clientes são bem antigas, e remontam à época dos antigos faraós e da construção das pirâmides até os tempos atuais e das ações estratégicas, onde, relembrando, logística era estratégia de guerra e utilizada para vencê‑la (CHRISTOPHER, 2007). Para entendermos a evolução histórica da logística e do supply chain management (SCM), é necessário, inicialmente, distingui‑los, isso porque, até há bem pouco tempo, tanto a classe empresarial como a classe acadêmica não tinham uma delimitação clara referente às respectivas áreas de atuação e gerenciamento. Assim, torna‑se necessário introduzir uma análise histórica para compreendermos os limites do gerenciamento da logística e do SCM, devidamente conceituados pela Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), a Associação Mundial de Profissionais da Gestão da Cadeia de Abastecimento, que, no ano de 1998, visou aprimorar a definição da logística, que, após essa data, passou a integrar o processo da SCM. Dessa forma, a logística faz parte do SCM ao: • planejar; • implementar; • controlar: 61 LOGÍSTICA 4.0 — a eficiência do fluxo; — o montante do estoque de bens; — a jusante do estoque de bens; — os serviços; — as informações (entre os pontos de origem e consumo). Assim, o gerenciamento do SCM consiste na realização do planejamento e gerenciamento das atividades envolvidas, como fornecer, obter econverter as atividades pertinentes à logística. Lembrete É importante ressaltar que o SCM inclui a coordenação e a colaboração entre todos os parceiros da cadeia, que podem ser: fornecedores, intermediários, provedores da terceirização de serviços e clientes. Ou seja, o SCM integra o gerenciamento da oferta e procura através das empresas. A figura a seguir permite visualizar a abrangência de cada um: Cadeia de suprimentos e SCM Logística Figura 16 – Atividades de logística e cadeia de suprimentos A evolução do gerenciamento das atividades pertinentes à logística avançaram para o gerenciamento da cadeia de suprimentos da maneira como a conhecemos atualmente, entretanto tal afirmação necessita ser analisada a fim de fundamentá‑la. 62 Unidade II Em uma visão mais tradicional das empresas, o supply chain (SC), na melhor das hipóteses, remete às relações binárias, em que cada empresa se preocupava somente com seus clientes imediatos, ou seja: • fabricante com atacadista; • atacadista com varejista; • varejista com consumidor (MARTINS; LAUGENI, 2005). O gerenciamento da cadeia era restrito, havia a preocupação de otimizar e alocar recursos próprios, visando minimizar seus custos, ou seja, seu foco era no desempenho interno da empresa. Entretanto tal visão sofreu muitas mudanças e, de acordo com Martins e Laugeni (2005, p. 171), quatro fases distintas marcaram o desenvolvimento dos conceitos de SC. 7.1.1 Primeira fase Prevaleceu até meados dos anos 1960, tendo como característica a visão departamental, conforme a figura. Dessa forma, a cadeia de suprimentos incorporava somente os fornecedores e os clientes imediatos, as atividades eram divididas em departamentos, havia muito estoque para administrar a falta: • de sincronia; • de controle; • dos indicadores de desempenho. Aliás, esses indicadores, por serem restritos, tinham uma visão local em curto prazo, seus desempenhos eram específicos e inerentes aos departamentos. Nesse período, as atividades logísticas eram extremamente fragmentadas entre as diversas áreas, ocasionando conflitos de objetivos e responsabilidades. O transporte, o controle de estoque e o processamento dos pedidos ficavam sob a responsabilidade dos departamentos de marketing, de finanças ou de produção (TIBBEN‑LEMBKE; ROGERS, 2002). 63 LOGÍSTICA 4.0 Fornecedores Clientes Compras Produção Marketing/Vendas Distribuição Ponto de estoque Fluxo de produtos/serviços Figura 17 – Visão departamental Fonte: Martins e Laugeni (2005, p. 171). Essa fase foi marcada pela independência total, sendo que, em que cada função do negócio, tanto de produção como de compra, a tarefa era executada em isolamento completo em relação às outras funções do negócio. O fluxo na cadeia de suprimentos era baseado nos estoques, sendo que a quantidade de material obsoleto era elevadíssima, apesar de ser necessária para tal balanceamento, além de se pensar nos valores agregados referentes aos custos em cada etapa: • horas de trabalho; • energia despendida; • capital investido (máquinas e instalações); • finanças associadas aos estoques que apresentavam um crescimento exponencial. De acordo com Ballou (2006), tal ineficiência poderia ser tolerada, já que o momento era inerente ao pós‑guerra. Dessa forma, as empresas estavam com suas demandas reprimidas, sendo a ordem do momento produzir e vender, visando a lucratividade para as companhias. 7.1.2 Segunda fase Essa fase teve início com algumas mudanças substanciais populacionais, como: • migração dos agricultores das áreas rurais para os centros urbanos; • transformação nos padrões dos consumidores decorrentes da demanda por diferenciação e maior variedade de produtos. 64 Unidade II Fase marcada pela independência total. Em cada função do negócio, a tarefa era executada em isolamento completo acerca de outras funções do negócio. O fluxo na cadeia de suprimentos era baseado nos estoques, a quantidade de material obsoleto era elevadíssima, apesar de ser necessária para tal balanceamento, além de se pensar nas horas de trabalho, na energia despendida, no capital investido (máquinas e instalações) e nos custos financeiros referentes aos estoques que apresentavam um crescimento exponencial. De 1960 a 1980, desenvolveu‑se a visão funcional conforme veremos na figura. As atividades da cadeia ainda eram aglutinadas buscando minimizar os custos, a visão era restrita, interna e em curto prazo. Além disso, havia outros fatores relevantes: • estoques elevados para balancear o fluxo de materiais; • sistemas não eram integrados; • indicadores de desempenho eram específicos à função. Fornecedores Clientes Desenvolvimento/aquisição Produção integrada Comercial/distribuição Ponto de estoque Fluxo de produtos/serviços Figura 18 – Visão funcional Fonte: Martins e Laugeni (2005, p. 171). Há um fato relevante nessa fase: a logística era subestimada, uma vez que comprar e vender eram, realmente, atividades mais relevantes do que distribuir os produtos fisicamente. Entretanto um custo poderia compensar outro, levando as empresas a considerarem realizar uma reorganização e reagrupamento das atividades logísticas. 65 LOGÍSTICA 4.0 De acordo com Novaes (2001), essa fase foi marcada pela logística tida como a busca inicial de uma racionalização integrada da cadeia de suprimentos, mas ainda rígida, uma vez que não permitia correções dinâmicas, time real ou planejamento no decorrer do tempo. Ballou (2006) nomeou essa fase como semimaturidade, sendo que ainda na década de 1970, os japoneses introduziram o conceito da melhoria contínua e o just in time, conforme visto. Esses fatos levaram as empresas a olharem os desperdícios de forma crítica, assim como para a necessidade de agregar mais valor para seus produtos. Assim, deu‑se início a uma maior flexibilidade dos sistemas de produção, com acentuada redução do tempo do setup das máquinas, o que impulsionou uma maior diversidade dos produtos (TIBBEN‑LEMBKE; ROGERS, 2002). 7.1.3 Terceira fase A terceira fase ocorreu no período de 1980 a 1990, conforme a figura. Desenvolveu‑se uma visão da cadeia interna, em que as atividades foram desenhadas visando atender aos seus processos integrados de forma tática com foco em sua eficiência, no planejamento em médio prazo e nas decisões baseadas no histórico. Nessa fase, ainda ocorreu no processo produtivo uma considerável redução dos estoques. Fornecedores Clientes Desenvolvimento/aquisição Produção integrada Comercial/distribuição Ponto de estoque Fluxo de produtos/serviços Fluxo informacional/financeiro Figura 19 – Visão da cadeia interna Fonte: Martins e Laugeni (2005, p. 172). 7.1.4 Quarta fase Iniciaram‑se muitas alianças estratégicas, sendo admitidas relações entre as empresas que iam muito além dos fornecedores com os clientes imediatos. Dessa forma, o fluxo informacional começou a ser desenvolvido. A partir da década de 1980, ocorreu um grande desenvolvimento da logística, tornando‑a revolucionária mediante muitos fatores, como: 66 Unidade II • explosão da TI; • alterações estruturais decorrentes dos negócios; • modificações estruturais na economia dos países emergentes; • formação dos blocos econômicos; • ocorrência do fenômeno da globalização (TIBBEN‑LEMBKE; ROGERS, 2002). De acordo com Novaes (2001), essa fase caracterizou‑se pela integração dos elementos da cadeia de suprimentos internamente na empresa e nas inter‑relações com seus fornecedores e seus clientes, apesar de haver dinamismo e flexibilidade nessas relações, que ainda ocorrem de forma parcial. O intercâmbio de tais informações entre os dois elementos da cadeia de suprimentos passou a ser via eletrônica, mediante o EDI, electronic data interchange (intercâmbio eletrônico de dados). É correto afirmar que o desenvolvimento da TI possibilitou: • maior integração entre as empresas; • fornecimento de mais agilidade para a cadeia de suprimentos; • busca de melhorias contínuas provenientes dosprogramas japoneses; • produção puxada; • conceito de estoque zero; • competição acirrada decorrente dos mercados globais; • reconhecimento da importância no atendimento das necessidades dos clientes (finais e intermediários). Observação Os clientes dos fornecedores impulsionaram a quarta fase. Os agentes da cadeia de suprimentos se integravam fundamentalmente nas fases anteriores, tanto em termos físicos como operacionais: • troca de produtos; • dinheiro; • informações. 67 LOGÍSTICA 4.0 Ainda na quarta fase, ocorreu um salto qualitativo, ou seja, a logística passou a ser vista de forma mais estratégica, assim, Novaes (2001) declara que em vez de otimizar as operações pontualmente, focando os procedimentos logísticos apenas como meros geradores de custo, todas as empresas que participam da cadeia de suprimentos começaram a buscar novas soluções, utilizando a logística para melhorar sua competitividade e induzir negócios novos. Por fim, Martins e Laugeni (2005) afirmam que a quarta fase teve início na década de 1990 e está presente até os dias atuais, sendo que a cadeia tem o intuito de alinhar todas as atividades envolvidas nos processos: • fornecimento de matéria‑prima até a entrega do produto final para o consumidor; • todas as atividades desenvolvidas de forma sincronizada, visando: — cortar custos; — reduzir ciclos; — diminuir estoques. • maximização do valor percebido pelo cliente final. Dessa forma, o fluxo informacional é capaz de percorrer toda a cadeia de suprimentos, contribuindo para enxugar os estoques e otimizar os fluxos financeiros, os fluxos dos produtos e dos serviços. Fornecedores Cadeia de valor da empresa Ponto de estoque Fluxo de produtos/serviços Fluxo informacional/financeiro Clientes Figura 20 – Visão da cadeia integrada Fonte: Martins e Laugeni (2005, p. 172). 68 Unidade II Por fim, foi nessa fase que ocorreu o rompimento das barreiras entre empresas e departamentos, dando início: • à interpenetração das operações; • ao surgimento dos processos da cadeia; • à formação de parcerias entre os fornecedores e os clientes; • à busca de relacionamentos com abertura plena; • ao acesso mútuo às inúmeras informações estratégicas e operacionais (NOVAES, 2001). 7.2 Conceitos do supply chain management A expressão supply chain management é muito popular, embora haja muita divergência entre as abordagens dos conceitos, tanto no meio acadêmico como no empresarial. Há mais similaridade entre os autores no que tange à definição do supply chain do que para o supply chain management. Alguns buscam definir SCM acerca das condições operacionais, o que envolve o fluxo dos materiais e dos produtos; outros visualizam o SCM como sendo uma filosofia de gerenciamento; já outros autores o concebem nos termos de processos de gerenciamento (MENTZER; FLINT; TOMAS, 2001). Inicialmente, veremos os conceitos do SC, que corresponde às atividades ligadas à movimentação de bens (do estágio inicial como matéria‑prima até o usuário final). Há outras definições que corroboram a similaridade do entendimento entre os autores. Na sequência, demonstraremos alguns conceitos. Quadro 11 – Conceitos de SC Autores Conceitos de SC La Londe e Masters apud Mentzer, Flint e Tomas (2001, p. 8) A SC é o conjunto de três ou mais entidades (organizações ou indivíduos) diretamente envolvidos no montante e a jusante de fluxos de produtos, serviços, finanças, e/ou informações do fornecedor até o cliente Christopher (2007, p. 16) A SC refere‑se a uma rede que vincula as organizações envolvidas, mediante vínculos, tanto a montante como a jusante, nos inúmeros processos e atividades divergentes que produzem valor no formato de produtos e serviços com destino aos consumidores finais Simchi‑Levi, Kaminsky e Simchi‑Levi (2003, p. 27) A SC é constituída por fornecedores, centros de produção, depósitos, centros de distribuição e varejistas e, ainda, por matéria‑prima, estoques de produtos em processos e itens acabados que fluem entre as instalações Adaptado de: Borges e Herreros (2011). 69 LOGÍSTICA 4.0 De acordo com o quadro, percebe‑se que o SC tem um contexto similar para muitos autores. Em contrapartida, o mesmo não acontece quando o assunto são os conceitos do SCM, conforme demonstrado no quadro seguinte. Quadro 12 – Conceitos do SCM Autor Conceito CLMSC (1998) A SCM é um conceito que integra as empresas com diversas firmas da cadeia de suprimento; fornecedores; clientes; provedores externos dos meios logísticos que compartilham informações e planejamentos necessários para tornar o canal o mais eficiente e competitivo. Tal compartilhamento é profundo, detalhado e acurado, mais do que a tradicional e conflitante relação comprador versus vendedor Slack et al. (2005, p. 415) A SCM nada mais é do que a gestão das interconexões entre as empresas que se inter‑relacionam, mediante ligações, tanto no montante como na jusante entre os divergentes processos, com o intuito de produzir valor na forma de produtos e serviços para os consumidores finais Lambert, Stock e Ellram (1998, p. 504) A SCM é a integração dos processos de negócios dos fornecedores originais aos consumidores finais, provendo‑os de produtos serviços e informações com valor agregado Simchi‑Levi, Kaminsky e Simchi‑Levi (2003, p. 27) A SCM refere‑se a conjuntos que fazem as abordagens utilizadas com o intuito de integrar, de forma eficiente, os fornecedores, os fabricantes, os depósitos e os armazéns, visando produzir mercadorias e distribuí‑las na quantidade correta, nas localizações corretas e no tempo certo, buscando minimizar os custos globais do sistema Lambert, Cooper e Pagh (1998, p. 1) A SCM consiste na integração dos processos‑chave do consumidor final e outros stakeholders até o fornecedor da matéria‑prima, conforme a definição desenvolvida por Global Supply Chain Adaptado de: Borges e Herreros (2011). Os conceitos em que o SCM é tido como a integração dos processos que ocorrem entre o primeiro fornecedor até o consumidor final podem ser visualizados na figura: Sentido montante (upstream) Sentido jusante (downstream) Cliente final Fornecedor de segunda camada Fornecedor de primeira camada Cliente de primeira camada Cliente de segunda camada Empresa focal Fluxo de produtos/serviços Fluxo informacional/financeiro Figura 21 – SCM e a integração da cadeia Fonte: Martins e Laugeni (2005, p. 172). 70 Unidade II O gerenciamento da cadeia de suprimentos refere‑se a uma filosofia de integração que visa gerenciar o fluxo de um canal de distribuição que tem início com os fornecedores e finaliza com a entrega do produto para o consumidor final. Todos os conceitos que focam o SCM como filosofia gerencial são convertidos em três características (MENTZER; FLINT; TOMAS, 2001, p. 6): • a abordagem sistêmica nos permite visualizar o SC como um todo. Nesse sentido, visa gerenciar o fluxo de bens, desde os fornecedores até os clientes finais; • os esforços cooperativos utilizados para sincronizar e, consequentemente, convergir as capacidades estratégicas e operacionais são tidos como uma orientação em direção às intra e interempresas como um todo; • o cliente é focado com o intuito de criar fontes individualizadas, buscando a sua satisfação. Nesse cenário, a filosofia do SCM se transforma na sua implementação ou, em outras palavras, é correto afirmar que as atividades executam a filosofia, buscando compreender esforços entre os integrantes do SC: fornecedores, prestadores de serviço e fabricantes. Toda essa dinâmica visa atender as necessidades do cliente final. De acordo com Mentzer, Flint e Tomas (2001), há sete atividades imprescindíveis para implementar uma filosofia do SCM com sucesso: • comportamento integrado; • compartilhamento de informações mútuas; • compartilhamento mútuo de recompensas e riscos; • cooperação; • enfoque no atendimento aos clientes e mesma meta; • processo integrado; • parcerias que visam a construçãode relações em longo prazo. Dessa forma, corrobora‑se com alguns autores os quais afirmam que, apesar de não serem unânimes os conceitos, enfoques e práticas sobre o SCM, tem‑se ainda algumas convergências nos quesitos: • compartilhamento mútuo dos riscos; • compartilhamento mútuo das informações; • integração dos processos; 71 LOGÍSTICA 4.0 • relacionamentos confiáveis; • esforços voltados para agregar valor para os clientes finais. Assim, evidencia‑se que todas as empresas tenham uma cadeia de suprimentos, podendo ser ou não gerenciadas. A figura demonstra os tipos de canais de relacionamento presentes em tais cadeias. Cadeia de suprimento direita Cadeia de suprimento estendida Cadeia de suprimento total Fornecedor Empresa focal Cliente Fornecedor Empresa focal Fornecedor do fornecedor Cliente Cliente do cliente Fornecedor Empresa focal Último fornecedor Cliente Último cliente Figura 22 – Tipos de canal de relacionamento Fonte: Mentzer, Flint e Tomas (2001, p. 5). De acordo com Mentzer, Flint e Tomas (2001, p. 4), caso nenhuma das organizações demonstradas na figura anterior decida implementar os conceitos do SCM para administrar a cadeia de suprimentos, o SC continuará existindo como um fenômeno de negócios. A distinção entre SCM e SC é que a primeira necessita de esforços do gerenciamento presentes nas organizações na cadeia de suprimentos, e a segunda é configurada como fenômenos existentes em negócios. 8 TECNOLOGIAS LOGÍSTICAS 8.1 Histórico e conceitos logísticos Logística é uma palavra francesa e origina‑se do verbo (ação) loger, que se traduz em alojar. Já para o Council of Logistics Management (CLM), logística traduz‑se como um processo de planejamento, implementação e controle. 72 Unidade II Todas essas etapas devem ser executadas eficientemente, tanto o fluxo como a armazenagem de produtos, também os serviços e todas as informações pertinentes às etapas, cobrindo o ponto de origem até o de consumo, objetivando atender a todos os requisitos dos consumidores (NOVAES, 2001, p. 36). A meta principal da logística é garantir que haja sempre disponibilidade de produtos, materiais e serviços. Ou seja, é correto afirmar que cabe à logística manter disponibilidade e variedade de produtos para o consumidor no mercado e nos pontos de venda: • no tempo exato; • na condição desejada; • com o menor custo possível. Isso somente é possível mediante à administração das chaves logísticas: • transporte; • estoque; • distribuição; • localização; • serviços aos clientes; • inúmeras atividades adicionas de apoio. Já falamos alguns conceitos logísticos, mas, resumidamente, podemos relembrar que somente nos últimos anos, a logística foi difundida, supondo‑se, entretanto, que ela tenha sido amplamente utilizada no transporte de produção e de escoamento de produtos agrícolas desde o início do século XX. Com a Segunda Guerra Mundial na década de 1940, a logística foi aplicada demasiadamente nas Forças Armadas. Dessa forma, muitos autores associam a logística às operações militares. Já no final da guerra, a logística começou a ter uma conotação como ciência, sendo que em todos os anos após a Segunda Guerra, ela evoluiu, sendo que, atualmente, é considerada um elemento principal para a sobrevivência das empresas. Na sua atual vertente, a logística moderna compõe o gerenciamento da cadeia de suprimentos (supply chain management – SCM). O conceito de SCM emerge como a evolução do conceito de logística. Dessa forma, enquanto a logística representa uma integração interna das atividades, o SCM representa uma integração externa, estabelecendo um elo entre os fornecedores e os consumidores finais (FERREIRA; RIBEIRO, 2003). 73 LOGÍSTICA 4.0 8.2 Sistemas de informação versus tecnologia de informação Quando definimos os sistemas de informação, nos deparamos com duas visões diferentes apresentadas pelos autores: a primeira se refere à abordagem sistêmica, que foca a gestão da informação e visa o sistema de informação, integrando os inúmeros setores das organizações, permitindo satisfazer as suas necessidades globais e específicas. Já a segunda relaciona os sistemas de informação com a utilização da informática apenas. De acordo com Spinola e Pessôa (1998, p. 98) apud Ferreira e Ribeiro (2003), um sistema de informação refere‑se a um sistema que visa criar um ambiente consistente e integrado, fornecendo informações cruciais para todos os usuários. O SI refere‑se a um sistema que integra o homem com a máquina, capaz de fornecer informações para dar suporte a: • operações; • gerenciamento; • análise; • funções para tomar decisões nas organizações. No que tange à segunda abordagem, Ribeiro e Vieira (2001) apud Ferreira e Ribeiro (2003) definem o sistema de informação como uma rede que se baseia nos computadores, que contém os sistemas operacionais para fornecer à administração os dados mais relevantes que auxiliam a tomada de decisões. A tecnologia da informação (TI) nada mais é do que um componente do sistema de informação (SI), considerada como: • informação; • ferramentas; • políticas de trabalho; • recursos humanos. Assim, a TI contribui tanto com a tecnologia como com a administração, de forma a integrar as estratégias, o que permite, não apenas projetar, mas instalar os sistemas de informação com as técnicas de organização e gestão devidamente alinhadas com as estratégias de negócios com o intuito de obter mudanças organizacionais mais assertivas, adequadas para utilizar ferramentas como informática, comunicação e automação. Essas ações objetivam aumentar a competitividade organizacional. Dessa forma, quando ocorre a união do SI com a TI, tem‑se como resultado um conjunto de: 74 Unidade II • software; • hardware; • recursos humanos; • procedimentos antecedentes aos softwares (REZENDE; ABREU, 2000, p. 62 apud FERREIRA; RIBEIRO, 2003). No que tange aos componentes de um SI, quando se utilizam os recursos da TI, há quatro componentes essenciais: • hardware; • software; • dados; • usuários. Além desses recursos, Rezende e Abreu (2000 apud FERREIRA; RIBEIRO, 2003) incluem outros componentes: • sistemas de telecomunicação; • gestão de dados; • informações. Todos eles inserem‑se em um contexto mais amplo, que deve ser aplicado nas organizações objetivando produzir bens ou serviços. 8.3 Tecnologia da informação e logística É sabido por muitos autores e organizações que a informação sempre foi de suma importância para as operações logísticas, entretanto, com tantas possibilidades ofertadas pela tecnologia, tais informações proporcionam, atualmente, a mola propulsora de diversas estratégias competitivas para a logística. O gerenciamento eletrônico de informações e a transferência delas permitem que as empresas reduzam os seus custos através de uma coordenação eficaz. Além do mais, é possível que as instituições prestem serviço com mais qualidade por conta da melhoria de ofertas de informações para os consumidores. 75 LOGÍSTICA 4.0 De acordo com Fleury e Monteiro (2000), há três razões que justificam a relevância das informações mais rápidas e mais precisas para que os sistemas logísticos sejam mais eficazes: • Os consumidores acessarem as informações acerca da situação de seus pedidos, a disponibilidade dos produtos, a programação de entrega e as faturas. Todos esses elementos são pertinentes para os serviços prestados aos clientes. • O uso da informação com o intuito de reduzir os estoques e minimizar incertezas acerca da demanda. • A flexibilidade que identifica os recursos utilizados para obter vantagem estratégica. As necessidades para obter informações logísticas dividem‑se em quatro níveis funcionais nas organizações: • Nível transacional: refere‑se ao registro das atividades logísticas como as consultas. • Nível de controle gerencial: relaciona‑se com a elaboração de relatórios e avaliação de desempenho. • Nível de análise de decisão: utiliza a informação com o intuito de— identificar; — avaliar; — comparar alternativas logísticas estratégicas e táticas. • Nível de planejamento estratégico: refere‑se às estratégias logísticas que envolvem as definições: — de metas; — de política; — dos objetivos com o intuito de decidir a melhor estrutura logística (REZENDE; ABREU, 2000 apud FERREIRA; RIBEIRO, 2003). Observação Na TI, há inúmeras soluções no mercado aplicadas à área da logística, sendo que entre as tecnologias disponíveis, a EDI (troca eletrônica de dados) tem sido muita utilizada. 76 Unidade II 8.3.1 Electronic data interchange (EDI) EDI refere‑se à abreviação de electronic data interchange, traduzido, significa intercâmbio eletrônico de dados, diz respeito a um meio de realizar transferência eletrônica de dados entre as empresas, ou seja, ela se dá de computador para computador, nos formatos padrões (BOWERSOX; CLOSS, 2001, p. 191 apud FERREIRA; RIBEIRO, 2003). Já para Novaes (2001, p. 79), EDI refere‑se à transferência eletrônica de dados também entre os computadores das empresas que participam da rede, sendo que os dados são estruturados no mesmo padrão acordados previamente entre as partes. De acordo com o mesmo autor, o EDI foi adotado, inicialmente, pelos Estados Unidos na década de 1980 por setores importantes da economia, varejo e transportes, expandindo‑se depois para os setores farmacêutico, automotivo, entre outros. Dessa forma, é correto afirmar que quando as empresas se comunicam para cobrar seus clientes ou para agilizar a encomenda de mercadorias, elas podem transferir eletrônica e diretamente tais informações dos seus computadores para os computadores dos seus parceiros, conforme dito, através do EDI. O EDI é dividido em duas categorias: • EDI puro ou tradicional: compõe as mensagens padrões, utilizando os serviços da VAN, rede de valor agregado, responsável por prover os meios para o transporte, sendo que, nesse cenário, há diversos tipos de mensagens sendo trocadas pelos parceiros comerciais. • Web EDI: integra empresas menores ao sistema do EDI, onde o formulário que contém os dados com as mensagens torna‑se acessível mediante internet, sendo que tal serviço é suportado pelas VANs, assim como o EDI puro (EAN BRASIL, s.d.). Os benefícios proporcionados para as empresas que adotaram o EDI, baseados na síntese de trabalhos da EAN Brasil no ano de 2002, melhoraram a comunicação entre a EAN e seus associados, sendo lançado, nesse ano, um site que possibilitou o acesso mediante código de barras presentes nos produtos das empresas associadas. Esse site ofertou também a opção de se filiar online e o e‑learning, sendo que o programa EAN Brasil de Educação focava‑se nos docentes de administração e se destinava à formação dos executivos e são: • aumentar a produtividade, externa e interna, através da transmissão mais rápida de informações; • reduzir os custos operacionais e administrativos; • possibilitar ao usuário obter mais conhecimento referente ao negócio; • permitir relacionamentos mais eficientes no canal; • eliminar informações redundantes; 77 LOGÍSTICA 4.0 • ganhar eficácia; • excluir prováveis erros; • encurtar os estoques; • diminuir a utilização de papel, entre outros. Referente aos obstáculos para sua implantação, Murphy e Daley (1999 apud FERREIRA; RIBEIRO, 2003), destacam: • o alto custo de implantação; • a incompatibilidade de hardware e software; • a cultura organizacional; • o treinamento dos clientes; • a resistência dos clientes; • a falta de consciência dos clientes referente aos benefícios do EDI; • a ausência de pessoal qualificado para tais operações; • a falta de serviços de apoio por parte dos fornecedores da TI, entre outros. 8.4 Cases de sucesso sobre inovação em logística e supply chain O ano de 2022 foi marcado por momentos conturbados na economia, sendo que as empresas precisaram se reinventar e inovar por conta do contexto pandêmico vivido nesse período sem isso estar previsto, levando muitas delas a realizarem mudanças no seu negócio. As mudanças não ocorreram apenas nos negócios, profissionais de logística e supply chain precisaram se reinventar por conta da relevância e visibilidade que ganharam, levando‑os a participar, não apenas da criação, mas da implementação de soluções novas. A discussão vista a seguir nos cases apresentados é de suma importância para corroborar com o processo de aprendizado, levando‑o a refletir e a ter subsídios para desenvolver novas soluções. Assim, apresentaremos na sequência sete de vinte cases, na íntegra, sobre o supply chain e a inovação em logística (logística 4.0) das empresas: 78 Unidade II • Adidas; • Ambev; • Americanas; • Arezzo&Co; • Azul Cargo; • Hortifruti Natural da Terra; • iFood. Figura 23 – Mercado e supply chain Disponível em: https://cutt.ly/nV63usS. Acesso em: 4 out. 2022. A primeira empresa que apresentaremos é a Adidas e sua automatização. A Adidas é considerada uma das marcas globais da moda esportiva e, em sua estratégia, buscou‑se otimizar sua cadeia de suprimentos mediante a automatização de processos no novo edifício da sede da empresa, que tem o nome de Halftime em Herzogenaurach, localizado na Alemanha. 79 LOGÍSTICA 4.0 Tal automatização foi realizada mediante a digitalização de processos através dos quais a empresa conseguiu fabricar demanda de produtos personalizados. Isso só foi possível porque na fábrica da Adidas, a SpeedFactory, concentram‑se todos os componentes enviados por todos os fornecedores para que os produtos sejam produzidos utilizando, principalmente, a impressão 3D e a robótica. Esse fato vai de encontro à tendência de aumento da demanda por produtos personalizados, que inclui, não apenas a personalização dos produtos em si, mas de como os produtos deverão ser entregues e onde serão armazenados. O intuito dessa solução foi reduzir excessos e desperdícios na cadeia produtiva, assim como custos de armazenamento e envio, além de viabilizar a personalização massiva de produtos, uma situação que seria extremamente complexa e custosa sem processos digitais, automatizações e automações (TAKAHASHI, 2020). Veremos agora a Ambev e o aplicativo Zé Delivery: Há diversas matérias recentes que discutiram a eficiência real do aplicativo Zé Delivery, da Ambev, que faz a entrega de cerveja gelada a preços praticados em supermercados em até 60 minutos, e o quanto tal implementação antes da pandemia foi uma medida extremamente favorável para a empresa, uma vez que no segundo trimestre do ano de 2020, o serviço praticado via aplicativo registrou 5,5 milhões de pedidos, ou seja, 3,6 vezes mais que o total de pedidos efetuados no ano de 2022 inteiro. Tal solução logística foca as entregas last mile, que se destacaram, impulsionando as vendas da empresa. Um outro destaque da Ambev não se relacionou à logística, mas sim à sustentabilidade de sua cadeia de suprimentos mediante a recente aquisição da startup Lemon, desenvolvedora de um processo baseado na tecnologia, em que restaurantes e bares passaram a consumir energia de fontes limpas. Por causa da conexão da Lemon com usinas de energia limpa, como, por exemplo, as de fonte solar ou eólica, os grandes distribuidores estão conseguindo gerar créditos que serão descontados nas contas das carteiras de empresas da startup. A ideia foi expandir no que se refere à performance do ano de 2021. Outro ponto importante foi como fechar acordos com mais distribuidores de energia. Essa ação, além de trazer melhorias ambientais, cria vínculos mais fortes entre a empresa e seus distribuidores e aumenta os níveis de engajamento e fidelização (TAKAHASHI, 2020). Agora o assunto é a adoção do serviço live commerce adotado pelas Americanas (B2W): As Americanas (grupo B2W) passaram a utilizar no ano de 2022 o chamado live commerce, que visa divulgar, ao vivo, os produtos para estimular as vendas. Tal estratégia vem sendo muito bem aplicada na China, com resultados muito satisfatórios nas vendas mediante utilizaçãode influencers contratados por grandes marcas, tais como Taobao do Alibaba. Essa estratégia está em pauta em inúmeras localidades do globo, tendo sido lançado nos Estados Unidos o aplicativo Spin Live, um marketplace somente de live commerce. 80 Unidade II Nessa estratégia de venda, a demanda é impactada fortemente pelo engajamento e visualização das lives e informações que podem ser acompanhadas em tempo real, disparando predições de demanda e processos da cadeia de suprimentos, assim como a logística. Inspirando‑se no last mile, as Americanas criaram a Entrega na Vizinhança, uma frente criada para impulsionar as vendas dos pequenos e médios comerciantes participantes do B2W Marketplace. Dessa forma, quando o cliente faz login no marketplace, os produtos dos lojistas parceiros aparecem em uma vitrine especial e podem ser entregues no mesmo dia, se estiver no rol das informações dos CEPs dos clientes. O last mile é de responsabilidade da Ame Flash, do lojista ou dos clientes. O serviço logístico de entrega rápida associado às vendas online destacou‑se durante a pandemia e passou a ser visto como um enorme diferencial competitivo, pois o tempo de entrega é fator decisivo para a compra (TAKAHASHI, 2020). Veremos agora a combinação da Arezzo&Co com o machine learning: Mediante combinação do machine learning com técnicas de ciência de dados, a Arezzo&Co, com suas lojas presenciais fechadas e vendas focadas no e‑commerce, buscou personalizar e melhorar a experiência de compra dos usuários, proporcionando aos visitantes do site uma forma de encontrar produtos que estariam dispostos a adquirir. Dessa forma, visando as vendas online, a Arezzo&Co lançou a ZZ Mall, um marketplace que reúne sete marcas da empresa em um único local, entre elas a famosa Vans, uma empresa americana sendo distribuída exclusivamente no Brasil pela Arezzo&Co. A implementação dessa plataforma visa o plano de digitalização da empresa e o desafio de entregas para o dia posterior à compra na cidade de São Paulo. Essa plataforma tem: • parceiros de vestuário; • joias; • relógios; • acessórios de decoração, entre outros. A plataforma ainda prevê conteúdos de moda, decoração, serviços de consertos de bolsas, entre outros. Entre as aplicações do machine learning, podemos destacar o desenvolvimento de um algoritmo com a capacidade de descrever as características de um sapato detalhadamente, viabilizando uma maior predição das inúmeras possibilidades de direcionamento dos consumidores, de maneira satisfatória, para as opções que mais se adequem ao seu gosto durante sua experiência no site. Seu intuito é fazer que com a tecnologia baseada na nuvem, mediante insights fornecidos, seja 81 LOGÍSTICA 4.0 possível otimizar o estoque em um ambiente (omnichannel) através de previsões de demandas locais (TAKAHASHI, 2020). Na sequência, você vai conhecer a estratégia para a criação dos processos de entregas mediante drones. A Azul, empresa aérea brasileira, está realizando negociações e testes com a empresa Speedbird Aero para desenvolver processos de entregas mediante drones. A Azul Cargo entraria com a inteligência logística, e a Speedbird Aero com a tecnologia. A empresa começou a instalar caixas para a retirada de encomendas (parcel lockers ou smart lockers – em outras palavras, armários inteligentes) em postos de gasolina e mercados, enquanto a aplicação dos drones não ganha escala. A utilização dos drones e dos smart lockers visa minimizar o custo de transportes last mile, assim como aumentar sua flexibilidade. Aqui no país, outra empresa que está testando a utilização de drones para essas entregas last mile é o iFood. A ideia, a priori, não é realizar entregas na casa dos consumidores com os drones, mas sim transportar produtos de um ponto de concentração para outro, evitando utilizar motos, bicicletas ou patinetes. Dessa forma, seriam otimizados trechos longos em viagens com entregadores que, normalmente, não gostariam de percorrê‑los para realizar a entrega, pois preferem fazer o máximo possível de entregas em um dia. Nos Estados Unidos, o WalMart iniciou os testes de entregas via drone, recrutando a Flytrex, que já tem equipamentos capazes de atingir a velocidade máxima de 51 km/h com 70 metros de altura, podendo transportar cargas com até 3 kg a uma distância de 5,5 km, no máximo. A Amazon já recebeu uma autorização para operar com drones nos EUA, prometendo fabricar seus próprios drones com capacidade para carregar 2,26 kg e sobrevoar uma distância máxima de 24 km (TAKAHASHI, 2020). Conheceremos agora o lançamento de duas dark stores, uma na zona norte de São Paulo e outra no Rio de Janeiro, a hortifrúti Natural da Terra, para distribuição de mercadorias vendidas online: A rede de hortifrutigranjeiros inaugurou no mês de julho do ano de 2022 a loja‑modelo na cidade de São Paulo com um novo conceito: abastecimento de produtos oriundos do campo diretamente para às prateleiras em até 24 horas, pontualmente, duas vezes por dia. 82 Unidade II Esse novo modelo de loja possui serviços exclusivos como: • seção de empório a granel; • compra online; • retirada no local no mesmo dia; • ponto de coleta de resíduos; • vinculação com aplicativos de compras e entregas; • serviços via WhatsApp para o perímetro. Todos esses serviços disponibilizados impactam diretamente na operação logística da empresa. Além disso, no mês de maio do mesmo ano, a rede inaugurou uma dark store na zona norte da cidade de São Paulo e outra no Rio de Janeiro. Dark stores são unidades exclusivas para distribuir mercadorias vendidas online. De acordo com matéria da SA Varejo, o investimento em hortifrúti representa cerca de 5% do montante desembolsado para inaugurar um ponto de venda convencional. Aqui, vale uma ressalva: antes da pandemia, as vendas online representavam 2%, no máximo, do faturamento mensal da empresa; entretanto, durante o aumento do isolamento físico ocasionado pela pandemia, elas chegaram a bater 27% de representatividade, estabilizando em 20%. Para poder implementar uma loja nesse modelo, o relatório de sustentabilidade do ano de 2019 do Natural da Terra destacou que a empresa realizou mudanças na sua operação logística, como a terceirização de parte de sua frota interestadual, concentrando geograficamente os fornecedores com o intuito de: • encurtar os deslocamentos; • elevar o volume transportado; • aumentar a área de estoque; • aderir ao programa Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos da Abras (Rama); • associar‑se à Associação Brasileira de Supermercados para melhorar o gerenciamento; • monitorar a cadeia de produção de frutas, legumes e verduras. 83 LOGÍSTICA 4.0 De acordo com o mesmo relatório, as mudanças garantiram 10,8% de redução de emissão de CO2 (TAKAHASHI, 2020). Saiba mais Você verá agora um case de sucesso de logística 4.0 e LoRa em indústria química, uma empresa de grande porte do ramo de químicos, que instalou uma solução inovadora de gestão de pátio (YMS), utilizando o UWB que conjugado com a LoRa, foi possível gerir a movimentação dos veículos em todas suas operações logísticas de carga e descarga. Conheça como os gargalos de operação foram trabalhados e quais os diferenciais que essa tecnologia gerou para essa indústria acessando o artigo: CARVALHO, C. M. B.; VIGGIANO, A. R. Case de sucesso de logística 4.0 e LoRa em indústria química. LinkedIn, 20 nov. 2020. Disponível em: https://cutt.ly/kVFlHQf. Acesso em: 27 set. 2022. 84 Unidade II Resumo Nesta unidade abordamos a importância da logística reversa, que motivada pelas oportunidades empresariais, assim como pela onda de conscientização ambiental, intensifica suas atividades. Revimos seus conceitos e um pouco de sua história, adentrando no quesito de como as empresas, mediante globalização e concorrência, fazem para fidelizar os clientes a fim de implementar ferramentas de sustentabilidade e responsabilidade social, já que muitos deles poderãovê‑las de forma agradável. Também estudamos a logística reversa e sua contribuição como diferencial frente aos concorrentes e como tais aspectos são apontados como vantagens competitivas. É impossível pensar na LR sem se referir à sustentabilidade e à responsabilidade social. Entretanto o fato é que as empresas sempre visam a lucratividade, precisando atender a uma gama de interesses sociais, ambientais e governamentais, assim buscamos demonstrar como as ecompanhias devem se precaver mediante planejamento empresarial nos níveis estratégico, tático e operacional. Estudamos também a ferramenta conhecida como omnichannel, uma tendência do varejo baseada na convergência dos canais utilizados pelas empresas, possibilitando aos consumidores navegar no mundo online e offline (lojas online e físicas), sem perceber, mediante estratégias. Aprofundamos o supply chain (SC) e o supply chain management (SCM), sendo que o supply chain nos remete às relações binárias, em que cada empresa se preocupa somente com seus clientes imediatos, ou seja, com as relações fabricante com atacadista, atacadista com varejista e varejista com consumidor; em contrapartida, o gerenciamento do SCM consiste em planejar e gerenciar as atividades envolvidas, como fornecimento, obtenção e conversão, às atividades pertinentes à logística, o SCM integra o gerenciamento da oferta e procura através das empresas. Demonstramos, também, as diferenças entre eles. Fizemos uma breve revisão da logística para adentrar na temática das tecnologias logísticas, mencionando os processos de planejamento, implementação e controle. Essas etapas devem ser executadas eficientemente, tanto o fluxo como a armazenagem de produtos, também os serviços e todas as informações pertinentes às etapas, cobrindo o ponto de origem até o de consumo, objetivando atender a todos os requisitos dos consumidores. 85 LOGÍSTICA 4.0 Apresentamos as diferenças entre sistemas de informação (SI) e tecnologias de informação (TI), enaltecendo a importância das tecnologias e das informações para as operações logísticas e as reais possibilidades ofertadas pela tecnologia e pelas informações que são, atualmente, a mola propulsora das diversas estratégias competitivas para a logística, demonstrando como o gerenciamento eletrônico de informações e a transferência delas permitem que as empresas reduzam os seus custos através de uma coordenação eficaz. Por fim, nos aprofundamos no EDI, abreviação de electronic data interchange (intercâmbio eletrônico de dados), que é um meio de realizar transferência eletrônica de dados e também entre os computadores das empresas que participam da rede, sendo que os dados são estruturados no mesmo padrão acordados previamente entre as partes e as duas categorias do EDI: EDI puro e Web EDI, finalizando essa unidade com as vantagens da EDI para as companhias e sete cases de sucesso sobre o supply chain e a inovação em logística (logística 4.0) das empresas. 86 Unidade II Exercícios Questão 1. (Enade 2018) Leia o texto a seguir: Logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento em seu ciclo, outros ciclos produtivos ou outra destinação final ambientalmente adequada. Adaptado de: http://www.sinir.gov.br. Acesso em: 20 jul. 2018. Considerando o conceito de logística reversa e suas contribuições para o plano econômico e ambiental, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I – As empresas, ao diminuírem os efeitos negativos que seus produtos ou atividades causam ao meio ambiente para atender à legislação ambiental, visam transmitir ao público uma imagem institucional de preocupação com o meio ambiente. porque II – Na legislação ambiental prevê‑se cada vez mais que as empresas sejam responsáveis pelo produto, do início ao fim de seu ciclo, e que atuem no processo mesmo após a entrega. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. A) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) As asserções I e II são verdadeiras, e a II não é uma justificativa correta da I. C) A asserção I é verdadeira, e a II é falsa. D) A asserção I é falsa, e a II é verdadeira. E) As asserções I e II são falsas. Resposta correta: alternativa A. 87 LOGÍSTICA 4.0 Análise das asserções I – Asserção verdadeira. Justificativa: mais que uma exigência legal, a prática da logística se deve, em grande parte, ao aumento da consciência ecológica do consumidor, que passou a preferir produtos de empresas que demonstram preocupação com a preservação ecológica. Assim, a prática da logística reversa se reflete na imagem da companhia perante o consumidor. II – Asserção verdadeira. Justificativa: a legislação ambiental caminha no sentido de responsabilizar as empresas por todo o ciclo de vida de seus produtos. De fato, a Lei n. 12.305/2010 regulamenta o manejo adequado dos resíduos e estipula outros dois instrumentos para viabilizar a logística reversa: o termo de compromisso e o acordo setorial. Relação entre as asserções: o intuito da lei ambiental é instituir instrumentos para gerir resíduos, permitindo que o país enfrente os principais problemas ambientais, sociais e econômicos causados pelo manejo incorreto dos resíduos. Isso significa que as duas asserções estão corretas e que a segunda asserção é uma justificativa da primeira. Questão 2. (Enade 2018, adaptada). Leia o texto a seguir. A logística reversa tenta possibilitar o retorno do material descartado ao ciclo produtivo com a finalidade de agregar valor econômico e ecológico ao setor empresarial. Por meio da logística reversa, ou seja, de reciclagem e reúso de materiais, as empresas estão conseguindo, cada vez mais, minimizar custos operacionais. Adaptado de: BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimento/ logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. A partir das informações do texto e considerando os conceitos da logística reversa, avalie as afirmativas: I – Comparando‑se os custos nas duas áreas da logística reversa, a área de pós‑consumo e a área de pós‑venda, verifica‑se que esta aumenta os custos logísticos. II – A logística reversa de pós‑venda se volta para o retorno de produtos devido, por exemplo, a falhas de fabricação, defeitos e questões referentes à garantia e à insatisfação dos clientes. III – Na logística reversa de pós‑consumo, atua‑se com bens descartados pela sociedade em geral: produtos que não são mais utilizados e/ou que ainda têm alguma vida útil. IV – Na logística reversa de pós‑consumo planeja‑se, opera‑se e controla‑se o fluxo de retorno dos produtos usados, agrupados nas seguintes categorias: garantia/qualidade; comerciais; e substituição de componentes. 88 Unidade II É correto apenas o que se afirma em: A) I e IV. B) II e III. C) II e IV. D) I, II e III. E) I, III e IV. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: a logística reversa de pós‑venda planeja, opera e controla o fluxo físico e as informações logísticas referentes aos bens de pós‑venda, sem uso ou com pouco uso, que por motivos próprios retornam a diferentes elos da cadeia produtiva. A logística reversa de pós‑consumo ocupa‑se dos bens descartados pela sociedade ou em fim de vida útil, com possibilidade de reutilização em algum ponto da cadeia produtiva. Muitas empresas reutilizam os materiais oriundos dos produtos de pós‑consumo como forma de reduzir custos na produção. Para o Ministério do Meio Ambiente (MMA), “logística reversa é um dos instrumentos para aplicação da responsabilidade, compartilhado pelo ciclo de vida dos produtos”. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define logística reversa como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
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