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DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO

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DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO.
 
O PROCESSO E O PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO.
 
Conforme o art. 5º, XXXV da CF/88, a matéria objeto do processo administrativo pode, a qualquer tempo, ser submetida à apreciação do Poder Judiciário, não sendo, sequer requisito essencial a propositura de processo administrativo.
 
Fonte: Disponível em <http://resumojuridicoaqui.blogspot.com/2015/12/direito-tributario-ii-causas-de.html> Acesso em 06 dez. 2018
Veja os reflexos do novo CPC em: <https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI222395,21048-Reflexos+do+novo+CPC+no+processo+tributario>. Acesso em 06 dez 2018.
 
Veja mais sobre o processo e procedimento administrativos: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7182>. Acesso em 06 dez 2018.
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO
LEGALIDADE
Artigo 5º, inciso II da CF/88.
 
CONTRADITÓRIO
Previsto no art. 5°, LV da CF/88, impõe a necessidade de se dar conhecimento e possibilidade de defesa e reação às partes em qualquer contenda, sendo administrativa ou judicial.
AMPLA DEFESA
Previsto no artigo 5º, inciso LV, da CF garante aos contribuintes o exercício ao direito da defesa de seus interesses de forma incondicional e irrestrita.
 
DEVIDO PROCESSO LEGAL.
Previsto no artigo 5º, LIV e LV. SE MANIFESTA POR MEIO DO CONTRADITÓRIO DE DA AMPLA DEFESA! Além da garantia a prévia determinação de competência e o direito a uma decisão fundamentada e que ponha fim ao processo.
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
A Constituição em seu art. 5º, LV e o Código Tributário Nacional no art. 151, III, além da legislação ordinária prestigiam a dupla instância no processo administrativo fiscal. Ver o artigo 56, parágrafo único, da lei n° 9.784/1999.
SEGURANÇA JURÍDICA.
A Administração Pública tem o prazo de cinco anos para invalidar atos administrativos eivados de vicio, estabelecendo nova regra de decadência, vez que não há necessidade de se recorrer às vias judiciais para sua invalidação (ver arts. 146 e 150 CTN e 54 da Lei 9.784/1999).
 
DIREITO DE PETIÇÃO.
O contribuinte pode requerer do poder público manifestação fundamentada a respeito do que venha a lhe solicitar, ainda que seja para negá-la.
PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS DE NATUREZA ADMINISTRATIVA
 INTERESSE PÚBLICO
O interesse público se liga a tudo que for do interesse da maioria/coletividade sendo ele privilegiado em relação aos interesses privados. Não se confunde com o interesse da Administração Pública.
 
IMPESSOALIDADE
Decorre do principio constitucional da isonomia e se baseia na impossibilidade da Administração Pública agir com vistas a beneficiar ou prejudicar determinados grupos ou pessoas, superando o interesse coletivo.
MORALIDADE
Previsto no caput do art. 2° da Lei n° 9.784/1999, o princípio da moralidade tem sua aplicação em consonância com o inciso IV de referido artigo: "atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé".
 
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE
Deve haver coerência que deve existir entre os meios empregados e as finalidades de determinado ato administrativo. 
 
PUBLICIDADE
O princípio deriva da necessidade de transparência e visibilidade da atuação administrativa, de forma que os atos do Estado haverão de ser públicos.
 
EFICIÊNCIA
Constante do art. 37, caput da CF. Sendo o processo instrumento, atos imperfeitos, porem não prejudiciais as partes não serão anulados.
 
FINALIDADE
A atividade do Estado se vincula ao interesse publico e à necessidade prevista na lei. No caso do processo administrativo fiscal estão incluídas a revisão interna do lançamento e resguardo de demandas.
 
MOTIVAÇÃO
Atenta para a necessidade de todos os atos, jurisdicionais ou não, serem motivados (vide art. 50 da Lei n° 9.784/1999).  A jurisprudência administrativa entende que a omissão da autoridade gera a nulidade da decisão.
 
HIERARQUIA
Relação de subordinação decorrente da distribuição de funções, competências e níveis de autoridade existente nos órgãos do Poder Executivo inexistindo hierarquia em relação à atividade judicante.
RESUMO
Neste capítulo, preocupou-se em abordar os principais princípios relativos à atividade processual tributária.
REFERÊNCIAS:
CAIS, Cleide Previtalli; ALVIM, Arruda. O processo tributário. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2008.
MARINS, James. Direito processual tributário brasileiro: administrativo e judicial. 2. ed. São Paulo: Dialética, 2002.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 29. ed., São Paulo: Malheiros, 2004.
DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO - INTERMEDIÁRIO
Fonte: Disponível em <https://fatotributario.jusbrasil.com.br/artigos/204450091/conceitos-iniciais-de-direito-tributario> Acesso em 06 dez. 2018
 
1. CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Artigos 139 a 141 do CTN.
A obrigação tributária decorre da lei que cria o tributo e o fato gerador.
Ocorrendo o fato gerador, nasce a obrigação tributária, o sujeito ativo deverá declarar o crédito tributário por meio de lançamento.
Primeiro ocorre o fato gerador e, após, a autoridade responsável, lança o crédito tributário.
 
CUIDADO: ocorrido o fato gerador, nascerá a obrigação tributária e, apenas com o lançamento nasce o CRÉDITO TRIBUTÁRIO!
 
Veja mais sobre crédito tributário em: 
 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=nwAPNTEA44A>. Acesso em 06 dez. 2018.
 
2. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO
Lançamento é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação, determina a matéria tributável, calcula o montante do tributo a ser pago, identifica o sujeito passivo e em determinados casos, determina a aplicação de penalidade pertinente.
Vide artigo 142 do CTN.
CUIDADO: ALÉM DA ATIVIDADE SER PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA ELA É VINCULADA E OBRIGATÓRIA, OU SEJA, OCORRIDO O FATO GERADOR PREVISTO EM LEI O LANÇAMENTO NÃO É UM PODER DA AUTORIDADE, MAS UM DEVER!
 
Fonte: Disponível em <http://sapodavez.blogspot.com/2012/10/dica-de-direito-tributario-sobre_3687.html> Acesso em 06 dez. 2018
 
2.1. NATUREZA DO LANÇAMENTO: Ato ou Procedimento Administrativo?
 A celeuma em torno da natureza do lançamento se origina no próprio  CTN que, em alguns momentos o caracteriza como ato administrativo e, noutros, como procedimento. 
A maior parte da doutrina entende como sendo um ato administrativo, feito por autoridade competente ou do próprio contribuinte (sob a forma de auto lançamento) tendente a formalizar a obrigação tributária em decorrência da subsunção da conduta do sujeito passivo à norma tributária. Enfim, é ato indispensável para que o fisco exija do contribuinte os valores atinentes às exações por ele devidas.
 
Espécies de lançamento:
 
2.1 Lançamento de Ofício, Unilateral ou Direto.
Ocorre sem qualquer participação ou intervenção do contribuinte, a autoridade administrativa o exara em virtude de seu oficio, o que justifica a denominação. Chama-se, também, de unilateral porque apenas a autoridade administrativa participa do ato de lançamento e direto tendo em vista a participação exclusiva de tal autoridade. 
Vide artigo 149 CTN.
 
 
2.2. Lançamento por Declaração ou misto.
Artigo 147 do CTN.
É “aquele realizado com base na declaração do sujeito passivo, que presta à autoridade lançadora as informações necessárias à sua confecção. Caracteriza-se pela ação conjunta entre Fisco e contribuinte, cabendo a este a prestação de informações faltantes, e àquele, a feitura do lançamento propriamente dito. Na verdade, nem sempre a Administração disporá de dados bastantes para proceder ao lançamento, suprindo tal deficiência de informação com a declaração prestada pelo particular, em pleno cumprimento de uma obrigação acessória ou colateral (art. 113, § 2º, CTN)”. (SABBAG 2009, p. 711)
 
 
2.3 Lançamento por Homologação ou Autolançamento.
Previsto no art. 150 do CTN: 
“Lançamento por homologação ou autolançamento é aquele em que o contribuinte auxilia ostensivamente o Fisco na atividade do lançamento, recolhendo o tributo, antes de qualquerprovidencia da Administração, com base em montante que ele próprio mensura”. (SABBAG, 2009, p. 712)
Se não houver estabelecido na lei um prazo para a homologação o mesmo será de 5 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador. 
 
 Fonte: Disponível em <http://www.saladedireito.com.br/2012/05/modalidades-de-lancamento-direito.html> Acesso em 06 dez. 2018
Veja mais sobre modalidades de lançamento em: 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kNvdndoOPKo>. Acesso em 06 dez. 2018.
 
SITUAÇÃO PROBLEMA
Tício, adquiriu um imóvel no ano de 2010. O vendedor informou que tinha uma dívida de IPTU do ano de 2004. 
 
PERGUNTA
Essa dívida poderá ser cobrada? Explique.
 
RESUMO:
Neste capítulo, foram abordados o crédito tributários e as espécies de lançamento tributário (ofício, declaração e homologação) .
 
REFERÊNCIAS:
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 17ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
FABRETTI, Láudio Camargo. Código Tributário Nacional Comentado. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Manual de Direito Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009.
DIREITO PROCESSUAL.
AULA 01.
QUESTÕES BÁSICAS RELATIVAS AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
Professora Esp. Cláudia de Marchi.
Questões básicas relativas ao direito processual civil.
Conteúdo da Unidade: Nesta unidade de forma preferencialmente bem humorada, a estilo da professora, você terá acesso ao conteúdo inicial de direito processual civil, questões da disciplina de Teoria Geral do Processo[1], sobretudo, onde o aluno costuma apresentar maior dificuldade, vez que, animado para ter as matérias processuais em si, ignora a importância de institutos necessários para o exercício do Direito!
Seja bem-vindo, pois à disciplina "Direito Processual Civil", iniciando pelo nível básico, porém sumamente necessário do mesmo!
Passaremos a análise da jurisdição e dos princípios processuais básicos!
· A jurisdição.
Antes de nos aprofundarmos no tempo cabe relembrar que a solução dos conflitos podem se dar de 3 formas: através da autotutela, da autocomposição e da heterocomposição.
A autotutela consiste na “vingança particular”, na reação do individuo em face de algo e seu exercício na prática de crime (exercício arbitrário das próprias razões, art. 345 do Código Penal).
Há, entretanto, resquícios de autotutela no sistema, como a execução hipotecária do Decreto-lei 70/66, o desforço imediato da posse (art. 1.210, § 1º, CC/2002), a consignação extrajudicial em pagamento (art. 890 e §§, do Código de Processo Civil – CPC) e o embargo extrajudicial da ação de nunciação de obra nova (art. 935, CPC).
Já a autocomposição pode decorrer da transação (concessões mútuas e recíprocas), da renúncia ao direito pelo autor e do reconhecimento jurídico do pedido pelo demandado (art. 269, II, III e V, CPC). A autocomposição é a forma mais civilizada de solução de conflitos, todavia, não podemos confundir o seu resultado (transação, renúncia e reconhecimento jurídico do pedido) com os meios empregados para sua obtenção (negociação, mediação e conciliação).
O mais usual, além de democrático, meio de pacificação de conflitos é a heterocomposição, que consiste na solução do conflito por meio de terceira pessoa, investida por lei (juiz, art. 1º, CPC) ou pelas partes (arbitragem, Lei nº 9.307/96) de função jurisdicional.
1. Características da jurisdição[2] (aqui entendida, didaticamente, como: “dizer o Direito às partes no caso concreto”:
Substitutividade: O juiz, ao exarar a sentença estaria agindo em substituição a vontade das partes.  Em que pese, existam órgãos que decidam em substituição a vontade das partes, mas sem o caráter de “dizer a elas o Direito”, como é o caso do judiciário. Neste exemplo se encontra o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) que julga conflitos de concorrência entre as empresas.
 
Exclusividade da jurisdição: Apenas a atividade de “dizer o Direito”, ou seja, jurisdicional tem aptidão para a coisa julgada material, ou seja, para se tornar indiscutível.
Imparcialidade da jurisdição: o terceiro julgador não pode mostrar-se interessado no julgamento da lide ou nos interesses de uma das partes.
Monopólio do Estado: só o Estado pode exercer a jurisdição em que pese ele possa delegar a função de julgar como no caso da arbitragem, pois foi o Estado que disse quem julga.
Inércia: a jurisdição age por provocação, sem a qual não ocorre o seu exercício. É preciso que os interessados provoquem o Judiciário para que ele passe a agir. Apenas depois de instaurado o processo é que se pode falar no apregoado impulso oficial.
Unidade da jurisdição: a jurisdição é una, mas o poder pode ser dividido em pedaços, que recebem o nome de competência.
1. Espécies.
Existem duas grandes espécies de jurisdição, quais sejam a contenciosa e a voluntária.
A jurisdição contenciosa pode ser comum e especial, dividindo-se a primeira em civil e penal, dentre a civil inclui-se as demandas de natureza comercial, previdenciária e administrativa, bem como a atuação nas esferas federal, estadual e distrital.
A Jurisdição Especial, porém divide-se em trabalhista, militar e eleitoral.
 
Todas estas jurisdições possuem primeira e segunda instâncias em respeito ao duplo grau de jurisdição.
Marinoni[3] leciona que jurisdição voluntária não é jurisdição, posto que exerce atividade administrativa, ou seja, a administração pública dos interesses privados. Ensina ainda que esta não objetiva uma lide, o Estado-Juiz não substitui as partes, mas insere-se com estas e que a jurisdição voluntária não visa a constituição de uma situação jurídica nova ou a atuação da vontade concreta do direito.
Fato é que inexiste coisa julgada na jurisdição voluntaria o que prejudica o seu conceito de jurisdição.
 
2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL.
        
No direito processual civil existem duas espécies de princípios com vetores legislativo e interpretativo. São os informativos (ou formativos) e os gerais/genéricos.
Porque se fala em aspecto legislativo e interpretativo? Porque são diretrizes a serem seguidas na elaboração das leis e interpretativo, porque devem basilar os magistrados em suas decisões e analises jurídico-processuais.  
São informativos (ou formativos) os princípios de aceitação universal, sem conteúdo político-ideológico a variar de país para país. Em outros termos, todos os países do mundo seguem os 04 (quatro) princípios informativos:
 
OS 4 PRINCÍPIOS INFORMATIVOS:
1. a) princípio lógico: o processo deve ter ordem estrutural lógica de forma que alguns atos antecedem outros, como a contestação em relação a sentença/decisão;
2. b) princípio econômico: o processo deve ter a duração mais curta possível e oferecer os resultados “esperados” em pouco tempo;
3. c) princípio jurídico: o processo deve obedecer a um ordenamento jurídico previamente organizado;
4. d) princípio político: consubstancia o agir do Estado frente aos cidadãos.
 
Já os gerais ou genéricos tem a ver com a opção do legislador e do constituinte de cada país. No Brasil, além dos princípios gerais/genéricos previstos na Constituição Federal[4]– igualdade (art. 5º, caput), devido processo legal, contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV), juiz natural (art. 5º, LIII), inafastabilidade (art. 5º, XXXV), tutela jurisdicional tempestiva (art. 5º, LXXVIII), etc. – existem outros no próprio Código de Processo Civil. A titulo exemplificativo, transcrevemos:
 
PRINCÍPIOS GENÉRICOS DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO:
1. a) princípio da ação, da demanda e da inércia:
Também conhecido como Princípio da vinculação do juiz ao pedido, Princípio da imutabilidade do libelo, adstrição do juiz ao pedido, posto que, tendo em vista que a jurisdição é inerte, a provocação inicial pela parte acabaria por vincular o magistrado ao pedido de forma que sua decisão deve estar em consonância com o mesmo.
É o que determina, por exemplo, os arts. 2º, 128, 460 do atual Código de Processo Civil :
Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.
Art. 128. O juiz decidirá a lidenos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Sendo veiculada sentença fora dos limites propostos a sentença estará viciada e deverá ser considerada nula, na medida em que será ultra, citra, extra ou infra petita.
Todavia, de acordo com a lei processual, em alguns casos os princípios poderão ser mitigado de acordo com o art. 290 e 293 do Código de Processo Civil:
Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.
Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais.
Enfim, existem hipóteses em que o próprio Código concede ao juiz o poder-dever de prestar a jurisdição, ainda que inerte a parte interessada.
 
1. Princípio do dispositivo:
 
De acordo com Ovídio A. Baptista da Silva[5]:
"De um modo geral não se faz distinção entre o princípio dispositivo e o chamado princípio de demanda. A distinção, porém, é relevante. O primeiro deles (dispositivo) diz respeito ao poder que as partes têm de dispor da causa, seja deixando de alegar ou provar fatos a ela pertinentes, seja desinteressando-se do andamento do processo (...) Já o principio da demanda refere-se ao alcance da própria atividade jurisdicional."
E segue o ilustre doutrinador:
"O primeiro deles (dispositivo) corresponde à determinação dos limites dentro dos quais se há de mover o juiz para cumprimento de sua função jurisdicional, e até que ponto há de ficar ele na dependência da iniciativa das partes na condução da causa e na busca do material formador de seu conhecimento; ao contrário, o princípio da demanda baseia-se no pressuposto da disponibilidade não da causa posta em julgamento, mas do próprio direito subjetivo das partes, segundo a regra básica de que ao titular do direito caberá decidir livremente se o exercerá ou deixará de exerce-lo (se alguém sendo credor de 100 pede que o juiz condene em 80, por mais que o magistrado esteja convicto de que o Autor realmente deveria receber 100, nunca poderá condenar o réu a pagar mais do que os 80 pedidos na ação".
Verifica-se, portanto, que o conceito do princípio dispositivo estaria relacionado com a disponibilidade que as partes possuem de dispor da causa, diante do caso concreto. São exemplos do princípio dispositivo no Código do Processo Civil os artigos 267, VIII; 412, parágrafo 1º; 269 II e III; 501, dentre outros. Vejamos:
 
“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
VIII. quando a autor desistir da ação.”
Art. 412. A testemunha é intimada a comparecer à audiência, constando do mandado dia, hora e local, bem como os nomes das partes e a natureza da causa. Se a testemunha deixar de comparecer, sem motivo justificado, será conduzida, respondendo pelas despesas do adiamento.
· 1o A parte pode comprometer-se a levar à audiência a testemunha, independentemente de intimação; presumindo-se, caso não compareça, que desistiu de ouvi-la.
“Art. 269. Haverá resolução de mérito:
III - quando as partes transigirem;
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação”.
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.
Com base em tais dispositivos é possível concluir que não pode o juiz, em tais casos produzir determinadas provas de ofício ou determinar certos atos processuais, independente da provocação das partes.
ATENÇÃO:
Casos envolvendo interesses de menores, por exemplo, não são disponíveis, de modo que às partes não há o direito de dispor da causa. Da mesma forma, o Art. 219, parágrafo 5º, prevê a possibilidade do reconhecimento da prescrição, de ofício. E aqui se verifica, justamente, a mitigação do princípio dispositivo pelo denominado “princípio Inquisitorial”. Enfim:
"Se é verdade que em determinados casos há uma certa disponibilidade do direito material controvertido que pode e que realmente afetará a atuação do próprio Estado-juiz (fazendo com que prevaleça a inércia da jurisdição), em outros casos, a indisponibilidade do direito material controvertido afastará, necessariamente, a incidência do principio dispositivo, dando espaço à aplicação do seu contraposto, princípio inquisitorial" .
De acordo com referido princípio, ao juiz é permitida a atuação de ofício em determinadas situações, ainda que diante da inércia das partes. É o que acontece, por exemplo, na remessa oficial ainda que as partes não interponham recurso (art. 475 do Código de Processo Civil). Outro exemplo seria a intimação, de ofício, do Ministério Público nos casos em que a sua participação é obrigatória (art. 82 do Código de Processo Civil).
 
Questão relevante e polêmica na doutrina – envolvendo o princípio dispositivo e princípio inquisitorial – relaciona-se a possibilidade (ou não) do juiz proferir provas de ofício. Nesse aspecto, diferentes são as opiniões entre os diversos processualistas brasileiros.
Há quem sustente que a iniciativa probatória pertenceria exclusivamente às partes e que permitir ao juiz produzir provas de ofício seria romper com a sua imparcialidade o que não se acredita. Existente, ao nosso ver, a possibilidade de produção de provas de ofício, sem que seja rompida a imparcialidade do juiz na medida em que ele não saberia o resultado daquela prova produzida (se beneficiará o Autor ou o Réu) e, ainda, há sempre um interesse público na prestação a tutela jurisdicional, o que justificaria a produção, de oficio pelo magistrado, de provas, sempre em busca da verdade real.[6]
 
1. princípio do impulso oficial (art. 262, CPC): o processo só se inicia por iniciativa da parte, mas depois de iniciado, se desenvolve independentemente de provocação;
 
4. princípio da indeclinabilidade da função jurisdicional (art. 126, CPC): Não pode mais o magistrado, como ocorria no passado, imiscuir-se de decidir um caso por não ter instrumentos formais a seu favor, motivo pelo qual o CPC, na esteira do que já prevê os arts. 4º e 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto 4.657/42), estabelece que o juiz não se exime de julgar alegando lacuna ou obscuridade da lei, devendo, nesses casos, recorrer – respectivamente – à analogia (julgamento por semelhança), aos costumes (padrões de comportamento reiteradamente adotados através dos tempos) e aos princípios gerais do direito (regras universais de Justiça);
 
1. princípio da legalidade estrita (art. 127, CPC): regra geral, o juiz só julga com base na lei, sendo-lhe vedado proferir decisões com base na equidade (justiça do caso concreto).
 
EXISTEM EXCEÇÕES COMO nas hipóteses em que o sistema autoriza o magistrado a julgar com base na equidade, afastando dos critérios de legalidade estrita, e tomando no caso a decisão que lhe parecer mais justa. É o que ocorre no Juizado Especial Cível  (art. 6º, Lei nº 9.099/95) e nos processos de jurisdição voluntária (art. 1.110, CPC), em que, excepcionalmente, autoriza-se o julgamento fora dos padrões estritamente legais;
 
1. e) princípio do livre convencimento motivado ou da persuasão racional (art. 131, CPC): o juiz, via de regra, aprecia livremente as provas, vez que inexiste o sistema de “tarifação” das mesmas, em que umas “pesavam” mais que outras, todavia, na decisão deverá indicar os motivos que lhe formaram o convencimento. A motivação das decisões judiciais, mais do que imperativo constitucional (art. 93, IX, da CF), é fundamental para o controle, pelas instâncias superiores, da correção da decisão, servindo, por conseguinte, como fator de legitimação da própria atividade jurisdicional.
 
1. f) princípio da vinculação ou da identidadefísica do juiz (art. 132, CPC): o juiz titular ou substituto que encerrar a instrução, isto é, que ouvir a última testemunha do processo (ainda que outro tenha ouvido todas as demais), julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado, promovido ou aposentado;
 
1. princípio da eventualidade (art. 300, CPC):
Trata-se de princípio segundo o qual "os procedimentos devem ser construídos e praticados a partir da imposição constitucional de celeridade e eficiência"[7].
Até aqui, verifica-se que o modelo processual fixa procedimentos preestabelecidos que devem ser obedecidos pelas partes em prol da isonomia e segurança jurídica. Ocorre que, conforme já consignado desde o início do presente artigo, situações específicas permitem a mitigação de princípios processuais, ou seja, há hipóteses (que serão tratadas mais adiante) que permitem ao magistrado, em prol da melhor prestação jurisdicional, alterar o procedimento preestabelecido, principalmente se o direito que se busca tutelar justifica tal alteração[8].
OU SEJA:
À mitigação acima referida tem-se o denominado Princípio da Adequação Formal também conhecido como Adaptabilidade do Procedimento.
“De acordo com esses princípios, é permitido, em graus variáveis, ao magistrado alterar o procedimento preestabelecido pelo legislador, para viabilizar melhor a prestação da tutela jurisdicional à luz das características do direito material controvertido, e até mesmo, em função de outros fatores, como, por exemplo, as pessoas no litígio e a sua situação socioeconômica. Sua consecução, de qualquer sorte, pressupõe, sempre, a prévia observância do contraditório[9]”
 
1. h) princípio da impugnação especificada dos fatos alegados na inicial (art. 302, CPC): cabe ao réu manifestar-se sobre todos os fatos alegados pelo autor, sob pena de se presumirem verdadeiros aqueles não expressamente impugnados (art. 334, III, CPC);
 
1. princípio da non reformatio in pejus (implícito): o julgamento do recurso não pode prejudicar a parte que recorreu, de modo a agravar-lhe a situação. Nessa toada vem a súmula 45 do STJ, no sentido de que “no reexame necessário é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública”.
Excepcionalmente e por questões de ordem pública (pressupostos processuais, condições da ação e nulidades absolutas), que podem ser conhecidas de ofício a qualquer tempo e grau de jurisdição, pode haver eventual prejuízo ao recorrente.
 
1. Princípio da menor Onerosidade ao Executado.
Referido princípio pode ser extraído do art. 620 do Código de Processo Civil que determina “quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor”.
Entendemos, portanto, que se não fosse prejudicar ou mesmo frustrar a execução, poderia o juiz, a depender do caso concreto, utilizar-se de outros bens ao invés do dinheiro, de modo a garantir a execução sem, contudo, prejudicar demasiadamente (e, às vezes, desnecessariamente) o executado.
 
NA SEQUENCIA FALAREMOS SOBRE A FORMAÇÃO DA AÇÃO, LIDE, REQUISITOS, PROCESSO, PROCEDIMENTO E, NA WEB AULA 3, SOBRE OS INSTITUTOS DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS!
 
REFERÊNCIAS:
 
BUENO, Cassio Scarpinella, Curso Sistematizado de Direito Processual Civil, Editora Saraiva, Volume 01, 2ª edição, 2008.
GAJARDONI, Fernando da Fonseca ; ZUFELATO, C. . Processo civil. 3. ed. Salvador: Juspodvm, 2014.
MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
SILVA, Ovidio A. Baptista; Teoria Geral do Processo Civil. Editora Revista dos Tribunais, 3a edição, São Paulo, 2002.
 
 
 
[1] Acesse: https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_geral_do_processo_civil
[2] GAJARDONI, Fernando da Fonseca ; ZUFELATO, C. . Processo civil. 3. ed. Salvador: Juspodvm, 2014, p. 16.
[3] MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.
[4] Os princípios processuais constitucionais, conforme admitido pela doutrina majoritária, genericamente são os presentes no artigo 5º da Constituição, dentro do Título Dos Direitos e Garantias Fundamentais, a saber:
 
Princípio do devido processo legal;
Princípio da isonomia;
Princípio do contraditório e da ampla defesa;
Princípio do juiz natural;
Princípio da inafastabilidade da jurisdição;
Princípio da publicidade dos atos processuais;
Princípio da motivação das decisões;
Princípio do duplo grau de jurisdição;
Princípio da proibição da prova ilícita;
Princípio da Imparcialidade do Juiz;
Princípio do Estado de Inocência;
Princípio da Assistência Judiciária Gratuita;
Princípio da Obrigatoriedade e da Oficialidade.
 
 
[5] SILVA, Ovidio A. Baptista – Teoria Geral do Processo Civil ¬– Editora Revista dos Tribunais, 3a edição, São Paulo, 2002, pág. 48 e 49.
 
[7] BUENO, Cassio Scarpinella, Curso Sistematizado de Direito Processual Civil, Editora Saraiva, Volume 01, 2ª edição, 2008, p. 502.
 
[9] BUENO, Cassio Scarpinella, Curso Sistematizado de Direito Processual Civil, Editora Saraiva, Volume 01, 2ª edição, 2008, pg. 503.
DIREITO PROCESSUAL.
AULA 02.
QUESTÕES INTERMEDIÁRIAS RELATIVAS AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
Professora Esp. Cláudia de Marchi.
Questões intermediárias relativas ao direito processual civil.
Conteúdo da Unidade: Nesta unidade você terá acesso ao conteúdo intermediário de direito processual civil, questões da disciplina de Teoria Geral do Processo.
Seja bem-vindo, pois à disciplina "Direito Processual Civil", agora, no nosso nível intermediário e sumamente necessário!
Passaremos a análise dos conceitos de ação, processo, procedimentos e requisitos processuais para a ação!
· Ação e processo.
 
Ação é o direito subjetivo de pedir tutela (proteção) ao Estado  e ela deve ser analisada, em nosso sistema jurídico, sobre dois enfoques: o constitucional e o processual.
No plano constitucional, o direito de ação, nos termos do art. 5º, XXXV, da CF, é ilimitado, não sujeito a nenhum tipo de condicionamento. Desta forma, até demanda proposta contra parte ilegítima encaminhada o Judiciário será recebida, mesmo que o juiz tenha que indeferir o processamento da demanda.
Eis a razão pela qual alguns doutrinadores creem que o direito constitucional de ação é, na verdade, o direito de petição, consagrado no art. 5º, XXXIV, “a”, da nossa carta magna (direito de apresentar reclamação a qualquer órgão público).
Todavia, no plano processual o direito da ação vem limitado pelos pressupostos de admissibilidade para o julgamento do mérito (os “famosos”: pressupostos processuais e condições da ação).
Desta forma, no exemplo de ação proposta conta parte ilegitima o autor exercitou o direito constitucional de ação, não o processual, posto que o indeferimento da inicial por ilegitimidade de parte (art. 295, II, CPC) gerará a não resolução do mérito da demanda (o litígio).
SÓ HÁ O EXERCÍCIO DO DIREITO PROCESSUAL DA AÇÃO COM O PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS PARA O JULGAMENTO DO MÉRITO (pressupostos processuais e condições da ação). A verdade é que o direito de ação e o direito material subjacente são autônomos.
Nos dizeres de Gajardoni e Zufelato[1]:
 
“Pode não se ter direito de ação (não preenchimento dos pressupostos) e, consequentemente, não se ter o pedido (direito material) analisado (extinção sem análise do mérito). Pode-se ter direito de ação (preenchimento dos pressupostos) e, ao ter o pedido analisado (direito material), não se ter razão (improcedência da ação, rectius, do pedido). E pode-se ter o direito de ação (preenchimento dos pressupostos) e o direito material (procedência da ação, rectius, do pedido)”.
1. Elementos da ação.
 
SÃO EM 3: partes, pedido e causa de pedir.
 
Partes: ativa (autor),  aquele que pede e passiva (réu), aquele em face de quem se pede algo no exercício do direito a ação.
Terceiro, em regra, é quem não pede ou tem pedidos formulados contra si. Todavia, conforme veremos na aula 3, quando se possibilita ao terceiro intervir na relação jurídica processual e passar a formular pedidos ou tê-los formulados contra si, ele se torna parte (v.g. denunciação à lide, chamamentoao processo, etc.).
OBS.: Existem ações em que não há a parte passiva, como ocorre, por exemplo, nas ações de controle concentrado de constitucionalidade (art. 103 da CF – ADI, ADC, ADPF) e em alguns feitos de Jurisdição voluntária (pedido de alvará para alienação de bens de incapazes).
 
Pedido (objeto): é o elemento principal da ação; divide-se em duas classes:
Pedido imediato: é o tipo de pronunciamento jurisdicional que se pretende (sentenças declaratória, constitutiva, condenatória, executiva, mandamental, etc.);
Pedido mediato: é o bem da vida desejado, o objeto que se pretende com a ação (dinheiro, carro, imóvel, alimentos em direito de família, etc.).
Causa de pedir: são os fundamentos fáticos e jurídicos do pedido expostos ao longo da demanda. Divide-se em:
Causa de pedir próxima: fundamento jurídico do pedido, a tese jurídica que sustenta o pedido (erro, dolo, coação, culpa, inadimplemento, impontualidade, onerosidade excessiva, falta de deveres matrimoniais, etc.). Não se deve confundir tese jurídica (causa de pedir próxima) com tese legal (dispositivo de lei), pois que esta é dispensável e não precisa constar da petição inicial vez que é dever do juiz amoldar a narrativa de fato e de direito à norma jurídica aplicável (iura novit curia);
Causa de pedir remota: fundamento de fato do pedido, aquelas circunstancias fáticas que o justificam.
 
OBSERVAÇÃO: Alguns poucos autores invertem as nomenclaturas causa de pedir próxima e remota, argumentando que a primeira é o fundamento de fato, e a segunda, o fundamento jurídico.
 
 
Processo é instrumento pelo qual o Estado exerce a Jurisdição, o autor, o direito de ação e o réu, o direito de defesa.
A maioria dos autores decompõe o processo em duas partes: relação jurídica processual e procedimento.
A relação jurídica processual seria o conjunto de obrigações, deveres, ônus e poderes que ligam os sujeitos processuais (juiz, partes, MP, servidores, etc.).
O procedimento, por sua vez, é a face tangível do processo (a sua parte visível),  enfim, a forma com que o processo se move no tempo e no espaço (o rito).
ATENÇÃO. A distinção entre processo e procedimento É SUMAMENTE IMPORTANTE, PORQUE A NOSSA CF/88 DIZ QUE compete exclusivamente à União legislar sobre processo (art. 22, I, da CF), compete concorrentemente à União, Estado e DF (art. 22, XI, da CF) a competência para legislar sobre procedimento, cabendo ao ente central a emissão das regras gerais, e aos entes parciais (Estado e DF) a edição das normas particulares, capazes de adequar o instrumental às particularidades locais. Portanto, é possível que haja regras estaduais/distritais sobre procedimento em matéria processual.
 
Ação é o direito público, subjetivo e abstrato, de pedir tutela (proteção) ao Estado (juiz). Processo é o instrumento para o exercício do direito de ação, o modo de exercitá-lo perante o Estado.
 
1. Tipos de processo (classificação das ações) e procedimento.
 
Temos 3 tipos de processo para o exercício do direito da ação do interessado.
O principal é o processo de conhecimento (Livro I, CPC), utilizado toda vez que se pretende a declaração de um direito, um acertamento, a definição de quem tem razão com a consequente condenação do culpado a reparar o mal. É nesse tipo de processo que se encontra o maior número de exemplos de comandos declaratórios, constitutivos, condenatórios, executivos e mandamentais, como, respectivamente, as ações de usucapião, divórcio, cobrança, reintegração de posse e mandados de segurança.
Já o processo de execução (Livro II, CPC), tem o intuito de obrigar o condenado a satisfazer, forçadamente, o direito previamente declarado, seja no processo de conhecimento (art. 475-I, CPC), seja em documento cuja lei dá eficácia executiva (art. 585, CPC).
Finalmente, o terceiro processo é o cautelar (Livro III, CPC). Processo acessório por excelência que tem como objetivo garantir a utilidade e eficácia de um prévio, futuro ou concomitante processo principal, seja de conhecimento, seja de execução. São exemplos de processos cautelares: a produção antecipada de provas (que garante a prova para o processo de conhecimento com pretensão indenizatória) e o arresto (que garante os bens para penhora em futuro processo executivo).
O procedimento (ou rito) é a forma como os atos do processo se combinam no tempo e no espaço; é aquela parte que todos enxergam do fenômeno processual!
OBS: Nos termos arts. 270 e ss. do CPC, as regras do processo de conhecimento se aplicam subsidiariamente aos processos de execução e cautelar, servindo, portanto, o Livro I do CPC como uma espécie de parte geral do sistema processual civil.
Da mesma forma que as regras do procedimento comum ordinário se aplicam subsidiariamente aos demais procedimentos previstos no CPC!
 
Vejamos o esquema extraído da obra de Gajardoni e Zufelato[2]:
 
 
Convém destacarmos que o procedimento é a maneira como os atos processuais se desenrolam dentro de cada um dos processos (conhecimento, execução e cautelar), ou seja, é a forma como os atos do processo se combinam no tempo e no espaço; é a faceta extrínseca ou visível do fenômeno processual.
1. Pressupostos processuais.
 
São o primeiro grupo de requisitos para o julgamento do mérito da ação, ou seja, são requisitos essenciais que o legislador elegeu e em cuja ausência o Estado/Juiz (o processo) não tem condições de se desenvolver de modo válido e eficaz, podendo, portanto exarar sentença terminativa (sem julgamento de mérito, nos termos do art. 267, IV e VI, do CPC).
Dividem-se em três grandes grupos: de existência, validade e negativos.
Os pressupostos de existência são essenciais para a formação da relação jurídica de forma que sua ausência torna insubsistente o próprio processo (e a sentença nele proferida).
Já os pressupostos processuais de validade – cuja análise pressupõe a ocorrência dos pressupostos processuais de existência (o processo tem que existir para ser válido ou inválido) – são os requisitos mínimos e indispensáveis para o tramite do processo.
Por sua vez, os pressupostos processuais negativos são situações cuja ocorrência torna o processo inválido (nulo). Isto é, diversamente das outras duas categorias (existência e validade) – cuja presença dos pressupostos é indispensável para a existência e validade do processo –, nos negativos, a existência do pressuposto é que torna a relação jurídica processual viciada/inválida.
· VEJAM O ESQUEMA[3]:
 
 
 
· Deve o juiz apreciar três ordens de questões, a saber: as referentes ao pressupostos processuais, as concernentes às condições da ação e as atinentes ao mérito. Somente após examinar e resolver, sucessivamente, as duas primeiras (em sentido afirmativo), poderá o magistrado adentrar no mérito da causa (vide os esquemas).
 
· Embora devam ser resolvidas sucessivamente as questões referentes aos pressupostos processuais e às condições da ação, pode o magistrado reexaminá-las (ou seja, “fazer o caminho de volta”), desde que não haja proferido sentença, vez que devem ser conhecidas de ofício e a qualquer tempo.
 
Pressupostos Processuais de Existência[4]:
 
1) Jurisdição;
 
2) Capacidade Postulatória (representação do autor);
· “Legitimidade postulatória” é expressão mais adequada (cf. infra, Capacidade e Legitimidade), uma vez que não basta a habilitação genérica para o exercício da advocacia, sendo necessária a constituição do procurador para atuar na situação concreta.
 
· O art. 4º do Estatuto da Advocacia dispõe serem nulos os atos praticados por quem não seja inscrito nos quadros da OAB, enquanto o art. 37, parágrafo único do CPC reputa juridicamente inexistentes os atos praticados, na hipótese de não ser juntada procuração.
 
· Os dispositivos supracitados dificultam o enquadramento da capacidade postulatória como pressuposto de existência. A inexistência jurídica só ocorre quando a procuração não é juntada. (Se for juntada, e os atos houverem sido praticados por advogado impedido, suspenso, licenciado, ou no exercício de atividade incompatível, a hipótese será denulidade, que não será pronunciadase não acarretar prejuízo).
 
· Caso não juntada a procuração, não faltará apenas capacidade postulatória; na jurisprudência, reputa-se ausente a própria parte, já que a não outorga do mandato significa a não  postulação em juízo;
 
· No curso do processo, o juiz poderá conhecer de ambos os vícios de ofício, a qualquer tempo e grau de jurisdição. O que os distingue, quanto a isso, é  tratamento após o trânsito em julgado da decisão. A inexistência jurídica não é sanável pela formação da coisa julgada.
· Prevendo o EOAB, art. 4º a nulidade, aplica-se o princípio segundo o qual não se a pronuncia a menos que haja prejuízo.
 
· Merece censura a disciplina normativa da matéria. Reputa-se mais grave a ausência de procuração do que a prática de ato por quem não seja advogado, ou não possa exercer a advocacia. O tratamento inverso seria o correto.
· Não estando o réu representado, a consequência será a de reputá-lo revel (art. 13,II).
 
3) Petição Inicial
· A petição inicial inepta padece do vício de nulidade, mas é apta a servir de pressuposto processual de existência.
 
4) Citação
· A citação válida é pressuposto processual de validade. A citação é pressuposto processual de existência.
 
Pressupostos Processuais de Validade (Intrínsecos).
 
· Competência do juízo:
 
· A incompetência relativa não conduz à invalidade. Apenas a incompetência absoluta invalida o processo, sujeitando a sentença nele proferida à ação rescisória;
 
2) Imparcialidade do juízo.
· A suspeição não afronta o pressuposto processual da imparcialidade; somente o impedimento do juiz, nulidade absoluta que torna inválido o processo e rescindível a sentença porventura nele prolatada;
 
3) Capacidade e Legitimidade Processual.
· Há, na doutrina, confusão entre “legitimidade processual”, “legitimidade para a causa”, “capacidade de ser parte” e “capacidade processual”.
 
Capacidade processual e legitimidade processual são conceitos distintos e inconfundíveis.  
 Capacidade processual –  é a aptidão para agir em juízo conferida pela lei processual a um ente. Tem caráter genérico. Feita com base em critérios mutuados da lei civil (CPC, art. 7º) e em outras hipóteses criadas no âmbito processual (v.g. art. 12,V e §2º do CPC) 
 Legitimidade processual – é a possibilidade, outorgada pela lei processual a alguém, para exercer concretamente a sua capacidade processual em relação a determinada situação. Exemplo: marido e mulher têm, cada qual, capacidade processual. Em se tratando de ações relativas a direitos reais imobiliários (CPC, art. 10), contudo, não possuem, isoladamente, legitimação processual.
· Capacidade processual, capacidade de agir e capacidade para estar em juízo são sinônimos.
· Há distinção entre capacidade processual e capacidade de ser parte. 
 Capacidade de ser parte – abrange todos quantos possam figurar no polo ativo ou passivo do processo como partes. O nascituro, o menor, e o pródigo, por exemplo, a possuem.
     Capacidade processual – . “É a capacidade de agir no processo, ou seja, de conduzir o processo em nome próprio, de outrem, ou encomendar a alguém esta condução”. (Schonke). Embora possuam capacidade de ser parte, o nascituro, o menor e o pródigo somente passarão a ter capacidade processual quando assistidos ou representados, conforme o caso (CPC, arts. 7º e 8º). O relativamente incapaz possui “capacidade processual mutilada”, enquanto o absolutamente incapaz não a possui.
4) Petição Inicial Válida.
5) Citação Válida.
Pressupostos Processuais Extrínsecos de Validade.
 
1) Litispendência
· Pressuposto processual negativo – inexistência de outra ação idêntica em trâmite perante o mesmo ou diverso juízo.
2) Coisa Julgada
· Pressuposto processual negativo – inexistência de pronunciamento de mérito, com trânsito em julgado, sobre ação idêntica à proposta.
3) Cláusula compromissória
· As alterações promovidas pela lei 9.307/96 instituíram regime jurídico idêntico ao dos pressupostos processuais negativos para a cláusula compromissória (não, porém, para o compromisso arbitral).
Para finalizarmos, inserimos o esquema abaixo com o intuito de sintetizarmos a matéria acima:
REFERÊNCIAS:
 
GAJARDONI, Fernando da Fonseca ; ZUFELATO, C. . Processo civil. 3. ed. Salvador: Juspodvm, 2014.
NADU, Amilcar. Pressupostos Processuais de Existência e Validade. Disponível em: <http://www.direitointegral.com/2012/01/pressupostos-processuais-existencia.html.> Acesso em 20 ago. 2015.
 
[1] GAJARDONI, Fernando da Fonseca ; ZUFELATO, C. . Processo civil. 3. ed. Salvador: Juspodvm, 2014, p. 21.
[2] GAJARDONI, Fernando da Fonseca ; ZUFELATO, C. . Processo civil. 3. ed. Salvador: Juspodvm, 2014, p. 25.
[3] NADU, Amilcar. Pressupostos Processuais de Existência e Validade. Disponível em: <http://www.direitointegral.com/2012/01/pressupostos-processuais-existencia.html.> Acesso em 20 ago. 2015.
 
[4] http://www.direitointegral.com/2012/01/pressupostos-processuais-existencia.html
	A autocomposição, em sentido amplo, pode ser entendida como uma espécie de solução de conflito. Embora não haja consenso sobre o que se entende por conflito, é sabido que toda relação humana pode se tornar conflituosa.
Sob o ponto de vista do direito, conflito pode ser utilizado como sinônimo de luta ou combate, no sentido de posições antagônicas, emitindo a ideia de controvérsia. Quando duas pessoas pretendem a tutela do seu interesse, cada qual lutando pela defesa de seu direito, estar-se-á diante de uma eclosão de interesses opostos.
No âmbito trabalhista, os conflitos podem eclodir tanto na esfera individual, quanto na esfera coletiva. Na esfera individual, o conflito ocorre entre empregado (prestador de serviços) e empregador (tomador de serviços). Na esfera coletiva, entre o empregador e o sindicato representativo dos trabalhadores ou entre o sindicato representativo da categoria econômica e da categoria profissional.
Na esfera processual, o conflito surge quando ocorre uma pretensão resistida, qual seja uma lide. Há, ao menos, duas pessoas com interesse pelo mesmo bem. A lide surge da pretensão resistida do trabalhador ou do tomador de serviços, com base na violação da ordem jurídica trabalhista.
Para Nascimento (1988) a reivindicação do trabalhador resistida pelo empregador faz surgir um conflito de trabalho. Tal conflito será discutido em uma lide trabalhista, na qual as partes buscam eliminar o confronto e, então, alcançar a pacificação social. Afinal, a razão de ser do direito é o de solucionar os conflitos e trazer paz social.
Essa solução poderá ocorrer por iniciativa de um ou ambos os sujeitos que participam do conflito, ou seja, as próprias partes tentam resolver o embate. Ainda, pode ocorrer por iniciativa de um terceiro, estranho à lide/conflito. É a partir dessas premissas que a doutrina aponta os meios de solução de conflito na esfera trabalhista: autotutela, autocomposição e heterocomposição.
A autotutela ou autodefesa é considerada o meio mais primitivo de resolução de conflito, em que uma das partes impõe a sua vontade sobre a outra parte mais fraca, com a utilização da força. O Estado não participa da solução desse conflito, que constitui uma espécie de vingança privada. Na verdade, a autotutela é permeada por duas características importantes: ausência de juiz na solução do conflito e a imposição da decisão de uma das partes à outra.
Em que pese a autotutela não ser um meio de resolução muito utilizado atualmente, a doutrina aponta exemplos dela no direito processual do trabalho. Na esfera coletiva, a greve pode ser um exemplo de autotutela; e no âmbito individual, o poder disciplinar do empregador (ao impor sanções aos empregados) e o direito de resistência do empregado em relação às alterações contratuais lesivas feitas pelo seu empregador (SCHIAVI, 2017).
 
	Figura 1 - Autotutela. Fonte: http://valeapenavdireito.blogspot.com.br/2010/11/aberta-temporada-vale-pena-ver-direito.html
 
Na heterocomposição, a resolução ocorre por meio de uma decisão judicial, em que o juiz soluciona a lide tanto nos dissídios individuais, quanto nos coletivos, ou pormeio de uma decisão no juízo arbitral (arbitragem).
 
 
Figura 2 - Heterocomposição. Fonte: http://thaieduadmin.blogspot.com.tr/2014/01/blog-post_18.html.
 
 Já a autocomposição é uma forma de resolução de conflito realizada pelas próprias partes, a exemplo das convenções e acordos coletivos, no âmbito do conflito coletivo, e o acordo e a transação para os conflitos individuais.
 
 
Figura 3 - Autocomposição - Fonte:  https://blog.cristianosobral.com.br/o-consumidor-e-via-da-autocomposicao-de-conflitos/
A grande diferença entre as modalidades de solução de conflitos - autocomposição e a heterocomposição - é que a primeira ocorre sem a intervenção de terceiro e a segunda pelo ingresso de um agente externo e desinteressado.
A autotutela e a autocomposição se assemelham porque são modalidades de equivalente jurisdicional. Isso significa dizer que são ferramentas processuais que tentam assumir o papel do poder jurisdicional do Estado (ARAUJO, 2014). Ao contrário da autotutela, a autocomposição é estimulada como forma de resolução de conflitos, que poderá ocorrer dentro ou fora de um processo judicial, antes ou durante o trâmite processual (ARAUJO, 2014).
Há controvérsias a respeito do enquadramento da mediação e da conciliação como forma de soluções de conflitos. Elas poderão se apresentar como espécies de autocomposição ou heterocomposição, a depender da intensidade da interferência de um terceiro na resolução. Todavia, esses assuntos serão aprofundados no nível avançado. 
 
Assista ao vídeo:
Teoria Geral do Processo do Trabalho: Formas de Resolução de Conflito. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=s9jKaorh4Bg>. Acesso em: 30 abr. 2018.
  
Faça a leitura do texto:
COELHO, Marcus Vinicius Furtado. Judiciário deve entender que caminho da autocomposição é sempre mais produtivo. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-dez-22/marcus-vinicius-caminho-autocomposicao-sempre-produtivo>. Acesso em: 30 abr. 2018.
 
Resumo:
O conflito trabalhista surge no momento em que as partes buscam interesses opostos, que pode se dar no âmbito individual e no âmbito coletivo.
Como forma de solucionar os conflitos, é possível fazer uso de alguns mecanismos, tais como a autotutela, a autocomposição e heterocomposição.
Na autotutela, uma das partes envolvidas no conflito impõe o seu poder à parte mais fraca. Na autocomposição, as partes buscam a solução por si mesmas, a exemplo das convenções e acordos coletivos, no âmbito do conflito coletivo, e o acordo e a transação nos conflitos individuais.  Na heterocomposição, um terceiro estranho à relação jurídica resolve o conflito, como ocorre nas decisões judiciais e no juízo arbitral.
A mediação e a conciliação poderão se apresentar como espécies de autocomposição ou heterocomposição, a depender da intensidade da interferência de um terceiro na resolução. 
  
Referências Bibliográficas:
ARAUJO, Henrique. Conflitos de interesses e lide. Autodefesa e autocomposição: tópicos pontuais. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/28487/conflito-de-interesses-e-lide-autodefesa-e-autocomposicao-topicos-pontuais>. Acesso em: 30 abr. 2018.
 
COELHO, Marcus Vinicius Furtado. Judiciário deve entender que caminho da autocomposição é sempre mais produtivo. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-dez-22/marcus-vinicius-caminho-autocomposicao-sempre-produtivo>. Acesso em: 30 abr. 2018.
 
NASCIMENTO, Amauri Nascimento. Teoria Geral do Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1998.
 
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho: 12 Ed. São Paulo: LTr, 2017.
O Direito Coletivo de Trabalho regula as relações entre as organizações coletivas de empregados e empregadores e/ou relações entre as organizações coletivas de empregados e empregadores diretamente (DELGADO, 2016). O objeto de estudo, portanto, são as organizações sindicais, as negociações coletivas, os instrumentos normativos, o dissídio coletivo, a greve e suas repercussões no contrato de trabalho. 
No Direito Coletivo do Trabalho, a autocomposição ocorre por meio de dois instrumentos típicos: o acordo coletivo e a convenção coletiva. As partes interessadas, sem a intervenção de um terceiro, celebram uma composição a fim de solucionar conflitos.
A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho são espécies de instrumentos provenientes de negociação coletiva, em que haverá a participação dos sindicatos representativos da categoria profissional e os sindicatos representativos da categoria econômica ou a empresa. 
Os sindicatos dos trabalhadores são organizados por meio da categoria profissional semelhante e afim. São as condições de exercício do trabalho ou o emprego em uma mesma atividade econômica que definem a categoria profissional, segundo a definição prevista no artigo 511, §2º da CLT (BRASIL, 1943).
É possível, ainda, que alguns trabalhadores, por exercerem uma atividade profissional diferenciada e regulamentada por lei, a exemplo dos motoristas ou professores, criarem um sindicato específico para representá-los, devido ao fato de pertencerem a uma categoria profissional diferenciada, conforme artigo 511, §3º da CLT (BRASIL, 1943).
As empresas, por sua vez, são representadas por meio de categoria econômica, isto é, pela similitude (semelhança) de atividades econômicas, nos termos do artigo 511, §1º da CLT (BRASIL, 1943), a exemplo dos empregadores de bares e hotéis, de empresas de transporte, de escolas de ensino particular, etc.
Figura 4 - Fonte: http://www.sindsaudeceara.org.br/noticas_detalhes.php?cod_noticia=2998
 
A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) é o instrumento normativo pactuado entre o sindicato da categoria profissional ou categoria profissional diferenciada (trabalhadores) e do sindicato da categoria econômica (patronal), a fim de fixar condições de trabalho, direitos e obrigações para ambas as partes.
 Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) é o instrumento normativo pactuado entre o sindicato da categoria profissional ou categoria profissional diferenciada (trabalhadores) e uma ou mais empresas, com o intuito de estipular sobre condições de trabalho, direitos e obrigações aplicáveis no âmbito da empresa que firmou o acordo. O ACT é mais restrito porque se aplica tão somente aos empregados da empresa que tenha participado da celebração contratual.
O artigo 620 da CLT, alterado pela Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), estabeleceu categoricamente que as condições previstas em Acordo Coletivo sempre prevalecerão sobre as normas estipuladas em Convenção Coletiva (BRASIL, 2017). Isso significa que se uma determinada empresa, a exemplo de uma universidade privada, firmar um Acordo Coletivo com o Sindicato dos Professores, é este que prevalecerá, não se aplicando, aos professores desta universidade, a Convenção Coletiva celebrada entre o sindicato patronal e o sindicato dos trabalhadores. 
Outra novidade trazida pela Reforma Trabalhista se refere ao negociado sobre o legislado, ao propor que, em determinadas matérias, o negociado diretamente pelas partes (sindicatos ou sindicato e empresa) prevalecerão sobre o que estiver disposto na lei.
A Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), ao introduzir os artigos 611-A e 611-B na CLT, expôs no artigo 611-A (BRASIL, 2017) que a Convenção Coletiva e o Acordo Coletivo têm prevalência sobre a lei quando dispuser sobre diversas matérias, a exemplo do banco de horas anual, plano de cargos e salários, remuneração por produtividade, entre outros. No artigo 611-B (BRASIL, 2017), dispôs sobre as matérias que não poderão ser objeto de convenção coletiva ou acordo coletivo, quando houver redução de direitos, a exemplo do salário mínimo, aposentadoria, licença-maternidade, dentre outros.
Figura 5 - Fonte: http://www.portaldaindustria.com.br/relacoesdotrabalho/sindical/negociacao-coletiva/
Além disso, o parágrafo único do artigo 444 da CLT (BRASIL, 2017), também incluído pela Reforma Trabalhista, afirmou que se o empregado tiver diploma de nível superior e receber salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de PrevidênciaSocial (maio/2018: somaria o valor de R$ 11.291,62), poderá negociar diretamente com o empregador, sem a participação do sindicato, em relação a todas as hipóteses previstas no art. 611-A da CLT (BRASIL, 1943). Nesse caso, haverá também uma espécie de autocomposição, porém em âmbito individual.
 
Faça a leitura do texto:
Faça a leitura dos artigos 611-A e 611-B da CLT para conhecer todas as matérias que poderão ser negociadas e as vedadas pela negociação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em 01 maio 2018.
 
Resumo:
A autocomposição no âmbito coletivo pode ser realizada por meio da celebração de acordo e convenção coletiva, quando as partes acordantes celebram uma composição, a fim de fixar direitos, obrigações e condições de trabalho.
A convenção coletiva é celebrada entre os sindicatos de trabalhadores (categoria profissional ou categoria profissional diferenciada) e entre os sindicatos de categoria econômica (patronal).
O acordo coletivo é mais restrito, pois é celebrado entre o sindicato profissional com uma empresa específica.
A Reforma Trabalhista previu que o Acordo coletivo irá prevalecer sobre a convenção coletiva. Além disso, impôs que o acordado coletivamente entre as partes irá prevalecer sobre a lei quando dispuser acerca de determinadas matérias. Essa negociação poderá ser individual quando celebrada entre a empresa e empregados com diploma superior e salário superior a R$ R$ 11.291,62.
 
Referências Bibliográficas:
 
BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 01 de maio de 1.943. Aprova a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Diário Oficial da União: Brasília, 09 de agosto de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>.  Acesso em: 10 set. 2017.
 
BRASIL. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm>. Acesso em: 15 set. 2017.
 
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15 ed. São Paulo: LTr, 2016.
	1. RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil encontra sua origem na concepção de vingança privada, que buscava, desde o início da convivência do homem em sociedade, a reparação do dano sofrido.
Neste sentido leciona Sílvio de Salvo Venosa (2007, p. 18):
O famoso princípio da Lei do Talião, da retribuição do mal pelo mal, “olho por olho”, já denota uma forma de reparação do dano. Na verdade, o princípio é da natureza humana, qual seja, reagir a qualquer mal injusto perpetrado contra a pessoa, a família ou o grupo social. A sociedade primitiva reagia com a violência. O homem de todas as épocas também o faria, não fosse reprimido pelo ordenamento jurídico.
	http://logosfera1.blogspot.com.br/2014/07/vinganca-privada-uma-pratica-inutil.html
A interferência do Estado nos conflitos da vida privada foi claramente consolidada através da (Roma, entre o final do séc.III a início do séc.II a.C.) através da qual a vítima se via obrigada a descartar a opção de vingança e acabava por aceitar a composição dos conflitos, recebendo em troca o valor dos prejuízos conforme fixado pela lei (DINIZ, 2011, p. 27).
No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade civil teve sua primeira menção com a promulgação do Código Criminal de 1830, contudo, nesta época, ainda era exigida a condenação criminal para uma possível reparação do dano.
O
Art. 159 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.
Na mesma linha, o Código Civil de 2002 manteve o alinhamento à , que tem como base a configuração da culpa ou do dolo como pressuposto à reparação civil, conforme podemos observar na redação de seu artigo 186:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Contudo o Código Civil de 2002 trouxe uma nova abertura à teoria da responsabilidade objetiva, estabelecido através da , conforme redação do parágrafo único do artigo 927 do Código Civil de 2002:
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Pode-se observar que a responsabilidade civil evoluiu em relação aos fundamentos, baseando-se o dever de reparação não só na culpa, mas também independentemente desse elemento, ou seja, somente com a configuração do dano, a ação humana e do nexo de causalidade.
Sobre a teoria do risco, leciona Maria Helena Diniz (2010, p. 13):
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
A teoria do risco defende como fundamento da responsabilidade civil a execução de uma atividade perigosa, sendo que o exercício desta atividade faz com que o agente assuma, automaticamente, os riscos inerentes, sendo obrigado a ressarcir os danos que venham a ocorrer, só podendo se ver livre da responsabilização caso seja provado que tentou, de todas as maneiras possíveis, evitar o dano (GONÇALVES, 2010, p. 28). 
Assim, observando a evolução do direito brasileiro, Maria Helena Diniz (2010, p. 34) conceitua a responsabilidade civil como sendo:
(...) poder-se-á definir a responsabilidade civil como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal. Definição esta que guarda, em sua estrutura, a ideia de culpa quando se cogita da existência de ilícito (responsabilidade subjetiva), e a do risco, ou seja, da responsabilidade sem culpa (responsabilidade objetiva).
A definição de responsabilidade civil no contexto atual é mais ampla, pois em princípio, toda atividade que acarreta prejuízo gera responsabilidade ou dever de indenizar.
 
Leitura Complementar: Para saber mais a respeito da noção de responsabilidade e sua evolução histórica confira o link abaixo: GUIMARÃES, Luiz Ricardo. Responsabilidade Civil – Histórico e evolução. Conceito e Pressupostos. Culpabilidade e Imputabilidade. https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/19911/Responsablidade%20C%C3%ADvil.pdf.
 
Referências Bibliográficas:
Resumo: O presente material (Desafio Nota Máxima, nível básico) trata, em caráter introdutório, das origens da responsabilidade civil, desde os primórdios da vingança até a sua estrutura atual, onde a responsabilidade civil teve no Código Civil de 1916 sua base na teoria da culpa, sendo que com o Código Civil de 2002, mesmo adotando como regra a teoria da culpa, também fixou os casos onde se aplica a teoria do risco.
 
Referências Bibliográficas:
 
CAVALIERI FILHO, Sergio.  Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 3.
______. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
______. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 7.
DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. São Paulo: Atlas, 2012.xxxx
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil.7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
GUIMARÃES, Luiz Ricardo. Responsabilidade Civil – Histórico e evolução. Conceito e Pressupostos. Culpabilidade e Imputabilidade. https://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/19911/Responsablidade%20C%C3%ADvil.pdf.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
______. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 4.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das obrigações: lei n. 10.406, de 10.01.2001. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
______. Responsabilidade civil: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: responsabilidade civil. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. v. 4.
2. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Além disso, dependendo do tipo da responsabilidade, a culpa pode ser dispensada, como é o caso da responsabilidade objetiva.
Desta forma, passamos a análise de cada uma delas, as quais devem estear presentes para a configuração da responsabilidade civil, excetuando-se a culpa, conforme informado no parágrafo anterior.
2.1. Conduta Humana
A conduta humana
Conforme leciona Maria Helena Diniz (2011, p. 56):
A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.
A responsabilidade por fato de outrem, também encontra previsão legal no ordenamento brasileiro, estando prevista no artigo 932 do Código Civil, conforme leciona Arnaldo Rizzardo (2009, p. 107):
Quem pratica o ato ilícito que provoca dano é uma pessoa e quem assume a responsabilidade pela indenização vem a ser outra, que, no entanto, tem o dever legal de guarda e representação sobre o causador direto. A lei, em situações especiais, visando garantir o ressarcimento pelos prejuízos causados a terceiros, indica as pessoas responsáveis pelos atos lesivos praticados por outras pessoas em relação às quais se encontram submetidas ou em guarda, ou que para elas prestam serviços e executam a atividade que desencadeou o dano. Para que incida essa responsabilidade mister se faz que aquele que executa o ato se encontre vinculado ou ligado em razão de uma previsão legal ao que é chamado para responder. Efetivamente, uma terceira pessoa, embora não tendo concorrido diretamente para o dano, deve arcar com as consequências. E para tanto, fica evidente que se impõe a existência de uma relação de cuidado ou de poder sobre o causador direto, de modo a impor-lhe o dever de controle, vigilância, guarda e proteção.
Nesse sentido, é nítido que a responsabilidade indireta é resultado de atos praticados por pessoa que está sob a sujeição de outrem, não por ato próprio.
Assim, em síntese, conclui-se que se trata de uma daquele que responde pelos danos, pois, mesmo sem ter praticado o ato, responde pelos prejuízos causados por outrem, que efetivamente o praticou.
Além da culpa in vigilando, que se traduz pela falta de supervisão ou na fiscalização dos atos práticos por terceiros que estejam sob sua subordinação, também temos a culpa in elegendo, que ocorre quando se elege, contrata, alguém sem que se tome as cautelas necessárias, quando se contrata alguém para realizar determinadas atividades para as quais não tinha preparo. Nestes casos quem contratou pode responder por culpa in elegendo.
3.2. Dano
Sem o dano não se fala em responsabilidade civil, pois sem ele não há o que reparar.
O dano se traduz pelo prejuízo suportado pela pessoa, no termo mais amplo, conforme leciona Sílvio de Salvo Venosa (2007, p. 31):
Dano consiste no prejuízo sofrido pelo agente. Pode ser individual ou coletivo, moral ou material, ou melhor, econômico e não econômico. A noção de dano sempre foi objeto de muita controvérsia. Na noção de dano está sempre presente a noção de prejuízo. Nem sempre a transgressão de uma norma ocasiona dano. Somente haverá possibilidade de indenização, como regra, se ato ilícito ocasionar dano.
Sendo o dano uma lesão a um interesse jurídico tutelado, patrimonial ou pessoal, a a ele correspondente é sua reparação, imposta ao responsável pelo prejuízo, em favor do lesado.
Assim, o dano conta com três requisitos mínimos para a sua reparação: a) violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica; b) certeza do dano, uma vez que somente o dano certo e efetivo é indenizável; e c) subsistência do dano, pois se o dano já foi reparado, perde-se o objeto (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2009, p. 38-40).
3.3. Culpa / Dolo
Porém, no caso da responsabilidade subjetiva, deve ser provada, ainda, a culpa ou dolo do agente, como é o ensinamento de Elpídio Donizetti e Felipe Quintella (2012, p. 395):
A configuração da responsabilidade civil subjetiva – e a consequente obrigação de indenizar – depende, pois, de que o sujeito pratique um ato contrário ao direito, com dolo ou com culpa; que esse ato cause um dano a uma pessoa, seja ele material ou moral. Deve, ainda, haver uma relação de causalidade, ou seja, o ato contrário a direito deve necessariamente ser a causa do dano. A essa relação a doutrina denomina nexo de causalidade.
A regra geral adotada pelo Código Civil, prevê que a responsabilidade por prática de atos que gerem danos a outrem decorre da culpa ou dolo do agente. Não havendo culpa ou dolo, nos casos de responsabilidade subjetiva, não há responsabilidade, mesmo que presente os demais elementos.
 
Leitura complementar:                 Para saber mais a respeito dos elementos da responsabilidade civil confira o link abaixo: FERNANDES, Mariane Santos. Elementos das responsabilidade civil in http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/revistahorus/article/viewFile/4071/1884
 
Resumo:
O presente material (Desafio Nota Máxima, nível intermediário) trata dos elementos necessários à configuração da responsabilidade civil, a saber: a) conduta humana, b) dano e c) culpa/dolo, ficando para nosso próximo nível o estudo exclusivo do nexo de causalidade.
 
Referências Bibliográficas:
CAVALIERI FILHO, Sergio.  Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 3.
______. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
______. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 7.
DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. São Paulo: Atlas, 2012.xxxx
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
______. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 4.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das obrigações: lei n. 10.406, de 10.01.2001. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
______. Responsabilidade civil: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: responsabilidade civil. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. v. 4.
2. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Além disso, dependendo do tipo da responsabilidade, a culpa pode ser dispensada, como é o caso da responsabilidade objetiva.
Desta forma, passamos a análise de cada uma delas, as quais devem estear presentes para a configuração da responsabilidade civil, excetuando-se a culpa, conforme informado no parágrafo anterior.
2.1. Conduta Humana
A conduta humanaConforme leciona Maria Helena Diniz (2011, p. 56):
A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.
A responsabilidade por fato de outrem, também encontra previsão legal no ordenamento brasileiro, estando prevista no artigo 932 do Código Civil, conforme leciona Arnaldo Rizzardo (2009, p. 107):
Quem pratica o ato ilícito que provoca dano é uma pessoa e quem assume a responsabilidade pela indenização vem a ser outra, que, no entanto, tem o dever legal de guarda e representação sobre o causador direto. A lei, em situações especiais, visando garantir o ressarcimento pelos prejuízos causados a terceiros, indica as pessoas responsáveis pelos atos lesivos praticados por outras pessoas em relação às quais se encontram submetidas ou em guarda, ou que para elas prestam serviços e executam a atividade que desencadeou o dano. Para que incida essa responsabilidade mister se faz que aquele que executa o ato se encontre vinculado ou ligado em razão de uma previsão legal ao que é chamado para responder. Efetivamente, uma terceira pessoa, embora não tendo concorrido diretamente para o dano, deve arcar com as consequências. E para tanto, fica evidente que se impõe a existência de uma relação de cuidado ou de poder sobre o causador direto, de modo a impor-lhe o dever de controle, vigilância, guarda e proteção.
Nesse sentido, é nítido que a responsabilidade indireta é resultado de atos praticados por pessoa que está sob a sujeição de outrem, não por ato próprio.
Assim, em síntese, conclui-se que se trata de uma daquele que responde pelos danos, pois, mesmo sem ter praticado o ato, responde pelos prejuízos causados por outrem, que efetivamente o praticou.
Além da culpa in vigilando, que se traduz pela falta de supervisão ou na fiscalização dos atos práticos por terceiros que estejam sob sua subordinação, também temos a culpa in elegendo, que ocorre quando se elege, contrata, alguém sem que se tome as cautelas necessárias, quando se contrata alguém para realizar determinadas atividades para as quais não tinha preparo. Nestes casos quem contratou pode responder por culpa in elegendo.
3.2. Dano
Sem o dano não se fala em responsabilidade civil, pois sem ele não há o que reparar.
O dano se traduz pelo prejuízo suportado pela pessoa, no termo mais amplo, conforme leciona Sílvio de Salvo Venosa (2007, p. 31):
Dano consiste no prejuízo sofrido pelo agente. Pode ser individual ou coletivo, moral ou material, ou melhor, econômico e não econômico. A noção de dano sempre foi objeto de muita controvérsia. Na noção de dano está sempre presente a noção de prejuízo. Nem sempre a transgressão de uma norma ocasiona dano. Somente haverá possibilidade de indenização, como regra, se ato ilícito ocasionar dano.
Sendo o dano uma lesão a um interesse jurídico tutelado, patrimonial ou pessoal, a a ele correspondente é sua reparação, imposta ao responsável pelo prejuízo, em favor do lesado.
Assim, o dano conta com três requisitos mínimos para a sua reparação: a) violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica; b) certeza do dano, uma vez que somente o dano certo e efetivo é indenizável; e c) subsistência do dano, pois se o dano já foi reparado, perde-se o objeto (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2009, p. 38-40).
3.3. Culpa / Dolo
Porém, no caso da responsabilidade subjetiva, deve ser provada, ainda, a culpa ou dolo do agente, como é o ensinamento de Elpídio Donizetti e Felipe Quintella (2012, p. 395):
A configuração da responsabilidade civil subjetiva – e a consequente obrigação de indenizar – depende, pois, de que o sujeito pratique um ato contrário ao direito, com dolo ou com culpa; que esse ato cause um dano a uma pessoa, seja ele material ou moral. Deve, ainda, haver uma relação de causalidade, ou seja, o ato contrário a direito deve necessariamente ser a causa do dano. A essa relação a doutrina denomina nexo de causalidade.
A regra geral adotada pelo Código Civil, prevê que a responsabilidade por prática de atos que gerem danos a outrem decorre da culpa ou dolo do agente. Não havendo culpa ou dolo, nos casos de responsabilidade subjetiva, não há responsabilidade, mesmo que presente os demais elementos.
 
Leitura complementar:                 Para saber mais a respeito dos elementos da responsabilidade civil confira o link abaixo: FERNANDES, Mariane Santos. Elementos das responsabilidade civil in http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/revistahorus/article/viewFile/4071/1884
 
Resumo:
O presente material (Desafio Nota Máxima, nível intermediário) trata dos elementos necessários à configuração da responsabilidade civil, a saber: a) conduta humana, b) dano e c) culpa/dolo, ficando para nosso próximo nível o estudo exclusivo do nexo de causalidade.
 
Referências Bibliográficas:
CAVALIERI FILHO, Sergio.  Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. v. 3.
______. Curso de direito civil brasileiro: teoria das obrigações contratuais e extracontratuais. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
______. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 7.
DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. São Paulo: Atlas, 2012.xxxx
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 3.
______. Direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 4.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das obrigações: lei n. 10.406, de 10.01.2001. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
______. Responsabilidade civil: Lei nº 10.406, de 10.01.2002. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: responsabilidade civil. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. v. 4.
2. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Além disso, dependendo do tipo da responsabilidade, a culpa pode ser dispensada, como é o caso da responsabilidade objetiva.
Desta forma, passamos a análise de cada uma delas, as quais devem estear presentes para a configuração da responsabilidade civil, excetuando-se a culpa, conforme informado no parágrafo anterior.
2.1. Conduta Humana
A conduta humana
Conforme leciona Maria Helena Diniz (2011, p. 56):
A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.
A responsabilidade por fato de outrem, também encontra previsão legal no ordenamento brasileiro, estando prevista no artigo 932 do Código Civil, conforme leciona Arnaldo Rizzardo (2009, p. 107):
Quem pratica o ato ilícito que provoca dano é uma pessoa e quem assume a responsabilidade pela indenização vem a ser outra, que, no entanto, tem o dever legal de guarda e representação sobre o causador direto. A lei, em situações especiais, visando garantir o ressarcimento pelos prejuízos causados a terceiros, indica as pessoas responsáveis pelos atos lesivos praticados por outras pessoas em relação às quais se encontram submetidas ou em guarda, ou que para elas prestam serviços e executam a atividade que desencadeou o dano. Para que incida essa responsabilidade mister se faz que aquele que executa o ato se encontre vinculado ou ligado em razão de uma previsão legal ao que é chamado para responder. Efetivamente,

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