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Roteiro de Estudo
A FENOMENOLOGIA DE EDMUND HUSSERL E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOLOGIA:
- Qual a principal crítica que Husserl faz ao pensamento científico de sua época? Como essa crítica se articula com o surgimento da Fenomenologia?
R: Desde o começo Husserl tem o objetivo de superar a oposição entre objetivismo e subjetivismo. No final do século XIX, ainda reinava um fascínio pelo ideal do conhecimento das ciências da natureza. Husserl quer satisfazer à objetividade do conhecimento, seja ele ideal ou real, e à subjetividade do cognoscente. 
O psicologismo defendia a tese de que a lógica compreende as normas que valem para todo o pensamento certo da mesma maneira como a engenharia apresenta as regras para construir bem. Por isso, como a engenharia se fundamenta na física, a lógica se fundamentaria na psicologia.
Rejeitando o psicologismo, Husserl afirma que as proposições lógicas contêm verdades necessárias, puramente ideais; as proposições da psicologia generalizam interpretações da experiência. A psicologia pressupõe a existência de seus objetos e a lógica não. Pela crítica ao psicologismo Husserl pensa a propriedade dos atos de pensar, perceber etc., a partir do seu conteúdo de sentido, ou seja, do pensado e percebido.
- O que é intencionalidade da consciência para a fenomenologia husserliana?
R: A consciência funda sentido como compreensão de algo que é (sentido do ser), através da intencionalidade, ou seja, através de sua orientação intencional para encher o vazio. O conceito de intencionalidade da consciência, por isso, é fundamental e constitutivo na fenomenologia de Husserl. Nela constituem-se os cogitata do cogito, os objetos da consciência. A intencionalidade constitui síntese ou unidade, uma constituição ativa e passiva. Esse conceito de síntese distingue-se do tradicional, pois não se limita à síntese no juízo. 
 
- O que atitude natural? E atitude fenomenológica?
R: A atitude natural, de acordo com Husserl, diz respeito ao modo irrefletido como nós nos relacionamos com o mundo a nossa volta. Cremos na realidade exterior e confiamos que nosso olhar capta uma realidade que existe por si mesma. Neste processo, as possibilidades e limites que o sujeito tem ao conhecer não se apresentam enquanto objeto de reflexão crítica. Tem-se como certa a capacidade do sujeito de conhecer algo que está para além de si mesmo, algo que lhe é transcendente. A atitude fenomenológica, que corresponderia a suspensão do juízo em relação a transcendência, em relação a realidade exterior à consciência, em relação ao em-si, essa suspensão do juízo teria um papel fundamental não só na refundação da filosofia como ciência primeira mas, sobretudo, na função de desviar a consciência tanto dos perigos do psicologismo quanto do senso comum, inaugurando uma nova região que vai representar um novo campo de estudos: a imanência da consciência.
- Em sua visão, quais as principais contribuições de Husserl para a Psicologia?
R: Acredito que para o campo da psicoterapia, Husserl traz a visão do homem como livre e, logo, responsável por suas escolhas e, em um nível mais profundo, criar a si mesmo. E com isso, ele se afastou de qualquer tentativa de enquadramento do ser humano. Husserl em sua teoria, busca entender o homem através de si mesmo, das suas angústias, sentimentos, motivações e sentidos que atribuem a sua vida, trazendo a ideia de um homem construtor de sua história, no aqui e no agora.
 
FENOMENOLOGIA COMO FUNDAMENTO DA CLÍNICA
- O que significa, para a fenomenologia, adotar uma atitude ingênua diante dos fenômenos?
R: Adotar uma atitude ingênua é, no mundo que tenho diante de mim, nada afirmo com ideias preconcebidas, nem com explicações psicológicas e científicas. Apenas interrogo, ouço, vejo, percebo e sinto. Também me interrogo, me ouço, me vejo, me percebo e me sinto; diante das informações desse mundo que chegam a mim, entedio-me, alegro-me, emociono-me.
Como em fenomenologia se dá a relação: a) homem-mundo/corpo; b) homem-outros; c) homem-tempo?
R: a) Para a fenomenologia homem e mundo não se separam; qualquer tentativa de cisão é uma abstração que perde a especificidade humana. Isso implica que conhecer o outro é conhecer o mundo.
b) As relações entre pessoas, “realizam-se com fisionomia de uma palavra, como proximidade ou distância de deveres e planos, ou seja, de objetos”, em suma, imediatamente no compartilhar das coisas do mundo. Relações com outros são de proximidade, intimidade ou distância, sempre situadas num acontecimento no mundo. Se perde a ideia de subjetividade, para entrar na intersubjetividade. A relação com o outro também modula a relação com o corpo que sou. Eu não tenho um corpo, eu sou um corpo. Eu sinto no corpo a presença do outro. O sentir traz a experiência pré-reflexiva e inseparável do ser-no-mundo.
c) O ser humano é histórico, seu passado aparece à luz do presente: como norteador de sentidos. O ser humano é um ser que está sempre em conexão com um futuro, ligado a um passado, sendo vivido no presente (síntese da consciência): fatores de sentido de vida ou fatores motivacionais; Ser humano como “futuro, por vir, ainda não acontecido”: horizonte de possibilidades: filosofia existencial. Ser humano como transformador do seu passado, presente e futuro (ressignificação das experiências). Os fatos não mudam, o que muda é a forma como olhamos para as experiências e como elas nos afetam afetivamente.
A FENOMENOLOGIA HERMENÊUTICA DE MARTIN HEIDEGGER E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA
- Qual é a principal questão filosófica de Heidegger em Ser e Tempo (1927)?
R: O problema fundamental da filosofia de Heidegger como um todo não é a existência, mas a questão do Ser, que ele certamente desenvolve em sua obra principal. O ponto de partida de Heidegger, ou o que coloca o problema do ser, é o esquecimento do ser. Trata-se aqui da confusão entre o ôntico (relativo ao ente) e o ontológico (relativo ao ser), que perfaz a diferença ontológica. 
Investigar o ser do ente não é a mesma coisa do que investigar a maneira como no ente se manifesta o ser, que neste caso é o ser enquanto tal. É certo que o ser só se dá no ente, mas isso não significa que pode ser reduzido ao ser do ente. O tema do ser, com o qual começou o pensamento ocidental com os pré-socráticos, portanto, tem de ser novamente levantado a partir de uma ontologia fundamental, e isto tomando como fio condutor o único ente que tem a possibilidade de questionar o ser, que é o homem. Pois o homem é dentre todos os entes o único que compreende o ser, o sentido do fato de que ele é, de que existe. Heidegger afirma que a questão do ser não se coloca senão ao ente privilegiado que é capaz de questionar o ser, que possui uma compreensão do ser, este ente é o homem, que Heidegger chama de “ser-aí” [Dasein], o homem enquanto um ente que existe imediatamente em um mundo.
- Qual era o intuito de Heidegger ao elaborar uma ontologia fundamental?
R: Investigar as estruturas que tornam possível a priori a existência concreta é precisamente investigar a existencialidade da existência, fazer ontologia deste ente, o ser-aí, que se distingue por uma relação com o ser, é, portanto, realizar uma analítica existencial. Para se chegar a uma ontologia fundamental que se baseie no sentido do ser em geral, é necessário passar previamente por uma analítica existencial do ser-aí. Esta assume um caráter preparatório. A questão não é saber o que significa ser desta ou daquela forma, mas: o que significa ser para o ser-aí.
- Por que Heidegger desenvolve uma Analítica Existencial?
R: Por meio do termo Dasein, que define o ponto de partida da analítica existencial, Heidegger pretende ultrapassar a separação entre sujeito e objeto, que ele considera uma herança prejudicial da filosofia moderna na compreensão do que seja o homem.
- Como seria possível descrever o Dasein (ser-aí) de acordo com Heidegger?
R: O Dasein é o ser do existente humano enquanto existência singular e concreta, a essência do ser-aí (Dasein) reside em suaexistência, isto é, no fato de ultrapassar, de transcender, de ser originariamente ser-no-mundo.
É o homem que existe na existência cotidiana, no dia-a-dia, junto com outros homens, com suas atividades, afazeres e suas preocupações. É o homem que existe imediatamente em um mundo. É através do Dasein que se define o ponto de partida da analítica existencial.
- Por que o Dasein é ser-no-mundo-com-os-outros?
R: O Ser-aí é um ser-no-mundo: A primeira condição (e também o limite) dessa projeção é a facticidade, quer dizer, aquele conjunto de circunstâncias que fazem com que um homem em particular projete certas coisas, e não outras, e seja capaz de alcançar certas projeções, e não outras. A facticidade (essa possibilitação, direcionalidade e limitação que o mundo em volta do homem exerce sobre suas projeções) se dá porque ele é um ser-no-mundo. Para Heidegger, não há que falar em homem em abstrato, fora de uma situação mundana específica. Ser homem é estar numa situação mundana em particular (nisso consiste sua “mundanidade”).
- O que é o impessoal? Qual a função do impessoal na cotidianidade do Dasein?
R: Nos preocupamos pelo outro, assumimos o seu lugar, o substituímos em seu sofrimento ou nos entregamos à sua preocupação, mas nos esquecemos de nós mesmos. Esta preocupação na existência, porém, não é positiva, e sim assume a forma de uma impessoalidade hipócrita, na qual os homens se “preocupam” demasiadamente com o outro e com o que se pensa e se acha socialmente e se esquece do verdadeiro sentido de sua própria existência. A vida social é o império do a gente, a ditadura do impessoal, o âmbito em que se confunde o todos nós e o ninguém, na medida em que se age de acordo com o que se pensa em geral. A concepção básica de Heidegger acerca da vida em sociedade é que ela é regida por uma noção obscura de convivência, em que não há sujeitos e sim domina o império do impessoal, de uma sociabilidade truncada, em que nem o eu nem o nós se distinguem. Este impessoal é ele mesmo sem rosto, uma espécie de ninguém que comanda a vida individual e não pode ser identificado com este ou aquele ser humano. Ocorre aqui uma perda do Dasein no espaço aberto da opinião pública.
- Qual a diferença entre angústia e medo? Qual é o papel da angústia na experiência do Dasein?
R: A angústia não é então somente um fenômeno psicológico e ôntico, isto é, que se refere somente a um ente ou a algo dado, e sim sua dimensão é ontológica, pois nos remete à totalidade da existência como ser-no-mundo. A angústia assume em Heidegger um cunho existencial essencialmente humano. A angústia é positiva para o Dasein pois dá a possibilidade de ultrapassar a si mesmo, alcançando a transcendência. Para Heidegger, a angústia singulariza, e faz com que retire do ser-aí a sua decadência e revele a autenticidade ou inautenticidade como possibilidade de ser. O temor também é um existente fundamental mediante o qual o homem se encontra no mundo, e implique, por assim dizer um estágio mais suave da angústia. O temor constitui uma disposição anímica que nos desvia ou nos afasta de algo que tememos e com isso ao mesmo tempo manifesta o todo do mundo, em sua estranheza e assombro, antes mesmo que possamos realizar um ato de conhecimento desse mundo. O medo é uma disposição central na nossa existência pelo fato de que manifesta o mundo no ato de fuga do ser-aí de si mesmo.
- O que Heidegger entende por preocupação?
No conceito de angústia e, por conseguinte, no de preocupação, Heidegger localiza a verdadeira possibilidade de virada da existência humana, a possibilidade de o homem sair da inautenticidade, na qual ele geralmente vive, e assumir a autenticidade. Por meio da preocupação, isto é, pressupondo que o homem seja tocado pela angústia, já que ela é rara, pode-se dizer que ele faz de uma só vez uma recapitulação de todo o seu existir e toma consciência do caráter essencialmente finito de sua existência, toma consciência do caráter essencialmente temporal do ser e de que está entregue somente a ele mesmo e à manifestação do ser. Assim, a angústia desperta para a morte, enquanto dado temporal mais significativo da existência, e revela a finitude da existência humana, o fato de que o homem tem um fim, que ele morre e que sua existência acaba, ou seja, remete a um outro conceito fundamental de Heidegger, que é o ser-para-a-morte.
- Como o Dasein impessoal aborda a morte? Para Heidegger, qual o papel da morte no existir do Dasein?
R: O Dasein impessoal não tem consciência da finitude, não questiona o sentido, apenas “joga fora” o pensamento de morte. A morte constitui uma limitação da unidade originária  do ser-aí, significa que a transcendência humana, o poder-ser, contém uma possibilidade de não ser. A morte tem aspecto paradoxal no Dasein, pois ao mesmo tempo que é a possibilidade do não-ser, o indivíduo também se conscientiza da morte. Faz com que se singularize, se aproprie e se torne único.
O conceito de morte é uma espécie de angústia ampliada e mais definida na direção de uma caracterização fundamental de nossa existência. Há na morte um elemento de transcendência capaz de nos tirar das ocupações cotidianas. A tomada de consciência do ser-para-a-morte leva a um questionamento de todo o ser, no sentido de que o ser-humano se coloca radicalmente diante de seu ser. Assim como a angústia, “a antecipação da morte singulariza o ser-aí”. Desse modo, a morte permite basicamente: 1) uma consciência de toda a existência (passado, presente, futuro) e, por isso, também será por ela que o ser irá encontrar a sua verdade no tempo, o assunto da segunda seção de Ser e tempo, em que serão retomados todos os existenciais fundamentais sob o plano do tempo. 2) assumir individualmente a existência, já que a experiência da morte é sempre apenas minha (Heidegger considera que a angústia diante da morte é a angústia diante do próprio poder-ser).

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