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Husserl e a Fenomenologia

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Husserl e a Fenomenologia
O filósofo Edmund Husserl, enfrenta o Psicologismo e o Historicismo, e funda a Fenomenologia. (Objetou que o Historicismo implicava relativismo, e por esse motivo era incapaz de alcançar o rigor requerido por uma ciência genuína)
Edmundo HUSSERL continua o pensamento de Franz BRENTANO (1838-1917), introduzindo uma mudança no procedimento metodológico da ciência. (crítica ao dualismo cartesiano, à concepção mecanicista de ciência): toda atividade científica se baseia em decisões subjetivas do cientista. Criticava as ciências humanas, especialmente a Psicologia, que não levavam em conta a diferença de seu objeto de estudo. Assim, o conhecimento do mundo se dá através de dois aspectos: Captação “intuitiva” - por meio dos sentidos, conhecimento direto, imediato e incompleto; e Integração significativa - espécie de síntese para conhecer o objeto em sua integridade, mas não permite chegar a conhecer o objeto em si. “Toda consciência é consciência de algo”, “O objeto é sempre objeto para a consciência” = princípio da intencionalidade, daí a necessidade da descrição, para descobrir o eidos, o núcleo significativo do fenômeno (do grego eidos, que significa idéia ou essência). A consciência é esse partir em direção às coisas que a ela aparecem como fenômenos. A redução fenomenológica, é o processo pelo qual tudo que é informado pelos sentidos é mudado em uma experiência de consciência, em um fenômeno que consiste em se estar consciente de algo. Coisas, imagens, fantasias, atos, relações, pensamentos eventos, memórias, sentimentos, etc. constituem nossas experiências de consciência. Essa preocupação com o ato de conhecer, coloca entre parêntesis tudo que é exterior à vivência captadora (vivência original);  O interesse para a Fenomenologia não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se dá, tem lugar, se realiza para cada pessoa. A redução fenomenológica requer a suspensão das atitudes, crenças, teorias, e colocar em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade para ela. redução fenomenológica, a Noesis é o ato de perceber. Aquilo que é percebido, o objeto da percepção, é o Noema. A coisa como fenômeno de consciência (noema) é a coisa que importa, e refere-se a ela a conclamação "às coisas em si mesmas" que fizera Husserl. "Redução fenomenológica "significa, portanto, restringir o conhecimento ao fenômeno da experiência de consciência, desconsiderar o mundo real”, colocá-lo "entre parênteses", - o que no jargão fenomenológico não quer dizer que o filósofo deva duvidar da existência do mundo, mas sim que a questão para a fenomenologia é antes o modo como o conhecimento do mundo acontece, a visão do mundo que o indivíduo tem. Consciência e intencionalidade Vivência (Erlebnis) é todo o ato psíquico; a Fenomenologia, ao envolver o estudo de todas as vivências, tem que englobar o estudo dos objetos das vivências, porque as vivências são intencionais e é nelas essencial a referência a um objeto. A consciência é caracterizada pela intencionalidade, porque ela é sempre a consciência de alguma coisa. Essa intencionalidade é a essência da consciência, e é representada pelo significado, o nome pelo qual a consciência se dirige a cada objeto. 
O conhecimento a que se chega é pre-reflexivo, auto-evidente e não necessita de justificativa. O método científico do existencialismo é a fenomenologia, considerando o objeto científico desde sua aparência (do mundo exterior dos sentidos e a evidência das vivências e da visualização simbólica de imagens espirituais). Parte-se do princípio que a vida psíquica forma uma estrutura ou sistema neuropsíquico organizado e coordenado com fins próprios => o conhecimento e compreensão de uma pessoa visa captar esta estrutura central e pessoal (singular) que dá sentido a tudo = ato complexo e teórico com o qual captamos o nexo interno significativo de sua vida e ações. 
 O estudo do ser humano deve começar p/ uma apreciação do homem no ato de tomar decisões responsáveis (centro da vida psíquica), pois implica ponderar, coordenar e orientar muitas motivações, sentimentos, desejos, recordações, pensamentos e condutas para uma determinada meta a compreensão da decisão revela o significado funcional dos elementos e subestruturas ou subsistemas voltar às coisas mesmas.
Centro do método fenomenológico: visão da essência A redução eidética Reconhecido o objeto ideal, o noema, o objeto da percepção, o passo seguinte é sua “redução eidética”, redução à idéia. Consiste na sua análise para encontrar o seu verdadeiro significado. Isto porque não podemos nos livrar da subjetividade e ver as coisas "como são" – o que é o real, uma vez que em toda experiência de consciência está envolvido o que é informado pelos sentidos e também o modo como a mente enfoca, trata, aquilo que é informado.  Portanto, dar-se conta dos objetos ideais, uma realidade criada na consciência, não é suficiente - ao contrário: os vários atos da consciência  precisam ser conhecidos nas suas essências, aquelas essências que a experiência de consciência de um indivíduo deverá ter em comum com experiências semelhantes nos outros.
Um exemplo "um triângulo". Posso observar um triângulo maior, outro menor, outro de lados iguais, ou desiguais. Esses detalhes da observação - elementos empíricos - precisam ser deixados de lado a fim de encontrar a essência da idéia de triângulo - do objeto ideal que é o triângulo -, que é tratar-se de uma figura de três lados no mesmo plano. Essa redução à essência, ao triângulo como um objeto ideal, é a redução eidética
Não importa para a Fenomenologia como o mundo real afeta os sentidos. Husserl distingue entre percepção e intuição. Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porem sem intuir o seu significado. A intuição eidética é essencial para a redução eidética. Ela é o dar-se conta da essência, do significado do que foi percebido. O modo de apreender a essência é, no jargão dos fenomenólogos, o Wesensschau, a intuição das essências e das estruturas essenciais. De comum, o homem forma uma multiplicidade de variações do que é dado. Porém, enquanto mantendo a multiplicidade, o homem pode focalizar sua atenção naquilo que permanece imutável  na multiplicidade, isto é, a essência, esse algo idêntico que continuamente se mantém durante o processo de variação, e que Husserl chamou "o Invariante".
No exemplo dado do triângulo, o "Invariante" do triângulo é aquilo que estará em todos os triângulos, e não vai variar de um triângulo para outro. A figura que tiver unicamente três lados em um mesmo plano, não será outra coisa, será um triângulo.
Não podemos acreditar cegamente naquilo que o mundo nos oferece. No mundo, as essências estão acrescidas de acidentes enganosos. Por isso, é preciso fazer variar imaginariamente os pontos de vista sobre a essência para fazer aparecer o invariante.
Como dito, não é a coisa existir ou não, ou como ela existe no mundo, o que importa, mas, sim, a maneira pela qual o conhecimento do mundo acontece como intuição, o ato pelo qual a pessoa apreende imediatamente o conhecimento de alguma coisa com que se depara. 
Homem e mundo, sujeito e objeto, o ser e a consciência, o interior e o exterior, dentro e fora formam uma unidade indivisível; este princípio constitui o fundamento do ser-no-mundo (Heidegger e Merleau Ponty)
Martin HEIDEGGER (1889-1976, Alemanha)
		
	Heidegger recusava-se a ser visto como existencialista, pois elaborou uma ANALÍTICA EXISTENCIAL (daseinanálise) discutir o SER, isto é, descobrir-lhe o significado, estabelecer uma ONTOLOGIA GERAL, descrevendo os fenômenos que o caracterizam tais como se apresentam à consciência.
O SER é algo indefinível, mas Heidegger criou teoria do SER em oposição à ontologia clássica. Retira o caráter universal do SER e inicia seu estudo pelo ENTE em sua realidade concreta e determinada. Afirma que o SER é aquilo que faz com que o mundo seja e que assimapareça o homem investiga o fundamento de tudo que existe; investiga as raízes da LINGUAGEM. É no discurso que o indivíduo revela aquilo que ele esconde; a linguagem como reveladora da articulação dos sentimentos e da interpretação frente a relação do ser com o mundo
Categorias básicas da existência:
Entendimento, sentimento e linguagem
Entendimento abertura do ser p/ o mundo; o humor, o afetivo, o Sentimento revela a situação fundamental; angústia e tédio (de que temos medo; o que é Ter medo; pelo que temos medo.)
Linguagem ou discursividade instrumento pelo qual o dasein dá sentido ao mundo e ao seu próprio dasein
Autenticidade reconhece a dualidade entre humano e não-humano;
Inautenticidade queda, desconhecer a dualidade humano/não humano, estado de decadência, de desamparo
Formas da inautenticidade: 
	Subjetiva – anonimato, anulando a singularidade; agir de acordo com o que dizem ser certo ou errado, consciência atormentada por medos e ansiedades neuróticas, tende a ser superficial, tagarela sobre banalidades, linguagem ambígua pois enfraquecida, inexpressiva;
	Objetiva – manifesta-se no mundo artificial criado pela tecnologia (trabalhador se confunde c/ as próprias máquinas)
Morte - última situação-limite do homem; o dasein é um ser-para-o-fim, um-ser-para-a-morte, daí refugiar-se numa existência inautêntica, fugindo à angústia da morte.
	Heidegger teve contato com as obras de Nietzsche, Kiekegaard, Dostoievski, Hegel, Schelling, São Paulo, Santo Agostinho, Lutero, pré-socráticos, Kant, Fitche e W. Dilthey , tomando o caminho da Filosofia da Grécia Antiga; entretanto seu dois grandes inspiradores foram Aristóteles (teoria do Ser enquanto Ser) e Husserl (método fenomenológico).
	Seu pensamento surge em meio a geração conturbada da Primeira Guerra Mundial; foi discípulo e assistente de Husserl (1916); relaciona fenomenologia ao existencialismo, pois a partir do método fenomenológico, fundamenta sua “ontologia fundamental”, uma nova investigação do ser: situa o ser do homem como ser-aí; há diferentes formas de ser, umas que podem estabelecer relações consigo mesmas, outras não (mesa, flor têm existência, mas não estabelecem relações consigo mesmas) => somente o homem é e tem relação consigo mesmo, com seus pares e com todas as formas humanas de ser = o homem é a única forma de ser que não somente representa uma variante do ser, como também pode perguntar-se por esse ser seu (modo de ser do ente) = DASEIN (o ente que somos e que tem a possibilidade de ser de perguntar) o ser- aí = existência. O que caracteriza o dasein é ser-no-mundo ele considera que antes da consciência existe o próprio homem (o existente só pode se compreender em sua relação com o mundo, relação na qual cria o mundo, ao mesmo tempo em que é criado por ele)
Dasein é então a idéia que Heidegger tem de ser humano, baseado nesta condição cuja a identidade é a própria história. É uma visão muito peculiar de homem, por ser diferente das visões tradicionais. Ela situa o homem num comprometimento com sua identidade como um processo em construção. Então, o homem não tem uma identidade, ele passa a sua vida construindo a pessoa que finalmente acaba sendo, e só acaba sendo no momento que ele morre. Por isso, Heidegger vai dizer que o Dasein é ser-para-morte, porque ele é aquele ente que só chega a ser ele mesmo no momento que ele não é mais.
	Outro ponto importante para compreendermos Dasein refere-se à forma como ele se situa no mundo. O homem está lançado em uma posição extremamente angustiante: quando ele olha para frente, existe a indeterminação do futuro, pois ele não sabe o que vai ser. Ele torce, atua, constrói e orienta o futuro, mas esse futuro está indeterminado. Quando ele olha para trás, o que ele vê está totalmente determinado enquanto conjunto de acontecimentos, mas o significado daquilo que foi está em suspenso, porque a cada novo passo, a cada novo elemento, a totalidade da história de vida desse homem se transforma. Futuro e passado se apresentam, então, de uma forma totalmente indeterminada – o futuro com relação ao fato, o passado com relação aos significados.	
	Essa posição do homem o deixa desamparado, pois diferente de todos os entes do mundo que já são alguma coisa, o Dasein ainda vai ser, e essa é a tradução do termo “Ek-sistere”, que significa “vindo-a-ser”, porque quando o Dasein constrói a sua identidade na sua história, e essa história está em processo, esse Dasein não chegou no lugar em que os entes todos já estão, porque eles todos são, o homem existe!
	Característica essencial dessa existência tomar decisões e escolher porém não se satisfaz em meramente descrever os fenômenos (como Husserl), foi além da imagem do ser até o sentido do ser (trabalha isso em sua obra O Ser e o Tempo), ou seja, antes da consciência existe o próprio homem.
	Adota a fenomenologia como possibilidade metodológica; contempla o ser humano a partir de sua própria perspectiva, QUAL O SIGNIFICADO DO SER? O QUE NÓS ENTENDEMOS POR SER? Como se vê a si mesmo (o ser aí ou ente - Dasein [ o próprio ser do sujeito existente ): o ser humano se diferencia de todos os outros objetos porque se pergunta sobre o seu ser, sua existência, com isso está simultaneamente com outros seres humanos e objetos do mundo. O acesso a este estar-no-mundo , é feito através da abertura (awareness), diferenciando-a do consciência husserliana.
 
O ser humano individual se encontra como existência, lançado no mundo e confrontado com sua morte; existência = ser para a morte, vinculando-se ao medo; a morte é a única coisa que afeta com segurança a todos os seres humanos e que leva a vida à sua plenitude, exigindo um comportamento ativo, através das decisões, escolhas, a níveis formal (margem de decisão como possibilidade) e de conteúdo (tem que decidir, escolher). “O medo leva a existência frente à liberdade”- (Heidegger). 
 A tarefa do ser humano é sair deste enredo e converter-se em si mesmo. 
A essência da verdade é a liberdade - deixar ser o ente. Pode-se libertar o existir em suas múltiplas possibilidades. É um entendimento temporal, porque quando se apanha nesse é assim, se apanha o como se tem sido (dimensão do passado), o como se é por enquanto (dimensão do presente) e o como se poderá vir a ser (dimensão do futuro).
A ontologia é o esforço compreensivo para tirar do encobrimento aquilo que já está aí, cotidianizado e encoberto pela familiaridade que com ele experimenta, existindo. A ontologia é um compromisso com o desvelamento, com a verdade, com o deixar em liberdade; é um esforço de pensar que, ao desvelar a existência, a deixa em liberdade para apropriar-se; é uma especulação das possibilidades do perder-se e apropriar-se do homem (dasein).
Existindo no mundo, mantém relação com outros Dasein que com ele convivem, o que o torna um ser-com ou um ser-em-relação. O tempo é a dimensão essencial do ser-aí. (vida autêntica e inautêntica) A angústia heideggeriana coloca o indivíduo em contato com o nada e é a partir desse nada que ele escolhe autenticidade ou não. Angústia diante da morte, que se repete a cada situação e que faz parte da estrutura ontológica.
SOREN Kierkegaard
"Algum dia até, não somente os meus escritos, mas a minha vida e todo o complicado segredo do seu mecanismo serão minuciosamente estudados."
Isso foi o que Kierkegaard disse de si mesmo. E a profecia tornou-se verdadeira com o existencialismo contemporâneo, que se propôs explicitamente como uma Kierkegaard - Renaissance, trazendo novamente ao primeiro plano, no palco da filosofia, o pensamento daquele filósofo solitário que foi Soren Aabye Kierkegaard, nascido e crescido no restrito ambiente cultural da Dinamarca.
Kierkegaard veio ao mundo em 5 de maio de 1813, em Copenhagem. Seu pai, comerciante, desposara em segunda núpcias sua própria doméstica. Ao contrário do primeiro casamento, que fora infértil, o segundo foi fecundo de nada menos que sete filhos. 
Soren Kierkegaard foi o último dos sete filhos, tendo nascido quando o pai já tinhaciquenta e seis anos e a mãe quarenta e quatro. Por isso, ele se definiu "filho da velhice". Somente Pedro, que depois tornou-se bispo luterano, lhe sobreviveu.
Em sua família, sobretudo no pai, Kierkegaard viu a marca de trágico destino misterioso. Falando de obscura culpa do pai, ele afirma que a revelação dessa culpa constituiu para ele o "grande terremoto" de sua vida. 
Talvez a culpa secreta do pai tenha sido a "maldição" que lançara, quando menino, contra Deus e que ainda não esquecera com a idade de oitenta e dois anos. Ou então o "pecado com Betsabéia", cometido com a doméstica poucos meses depois da morte da primeira mulher. Seja como for, a imprevista revelação da culpa do pai representaria para Kiekegaard uma lâmpada no escuro, que lhe permitiria a compreensão profunda do mistério de sua vida.
Escreveu ele: 
"Foi então que tive a suspeita de que a avançada idade do meu pai não fosse uma bênção divina, mas muito mais uma maldição, e que os eminentes dons de inteligência de nossa família nos houvessem sido dados só para que se extirpassem um ao outro. Então senti o silência da morte crescer em torno de mim: meu pai apareceu-me como condenado a sobrevivier a todos nós, como cruz funérea plantada sobre o túmulo de todas as suas próprias esperanças. Alguma culpa devia pesar sobre a família inteira, pois um castigo de Deus pendia sobre ela: ela devia desaparecer, derrubada ao solo pela divina onipotência, cancelada como tentativa malograda(..)"
A relação de Kierkegaard com o pai e com a família é uma "cruz", uma dolorosa relação religiosa vivida sob a marca do castigo de Deus. É relação voltada para algo de culpado e pecaminoso, que impediu-o de casar com Regina Olsen ou de tornar-se pastor. 
Sua relação com Regina foi a sua "grande relação". E, no entanto, ele não conseguiu concluir o noivado: "Pedi uma conversa com ela, que aconteceu na tarde de 10 de setembro. Não disse uma palavra sequer para iludi-la: Mas, no dia seguinte, no meu íntimo, vi que me tinha enganado. Um penitente como eu, com a minha vida ante acta e a minha melancolia... já devia ser o bastante. Naquele momento, sofri penas indescritíveis(...). O rompimento definitivo ocorreu cerca de dois meses depois. Ela se desesperou(...)"
Na opinião de Kierkegaard, um penitente, alguém que abraçou o ideal cristão da vida, com toda aquela tremenda seriedade que o cristianismo comporta, não pode viver a tranquila existência de homem casado. Ele não pode aceitar o compromisso mundano e a gratificante inserção na ordem constituída. Regina não poderia tornar-se sua esposa "porque Deus tinha a precedência". 
Kierkegaard contribuiu com a idéia original do existencialismo de que não existe qualquer predeterminação com respeito ao homem, e que esta indeterminação e liberdade levam o homem a uma permanente angústia.
Segundo Kierkegaard, o homem tem diante de si várias opções possíveis, é inteiramente livre, não se conforma a um predeterminismo lógico. A verdade não é encontrada através do raciocínio lógico, mas segundo a paixão que é colocada na afirmação e sustentação dos fatos: a verdade é subjetividade. A conseqüência de ser a verdade subjetiva é que a liberdade torna-se ilimitada. Consequentemente não se pode, também, fazer qualquer afirmativa sobre o homem. 
O pensamento fundamental de Kierkegaard, e que veio a se constituir em linha mestra do Existencialismo, é este: inexiste um projeto básico, para o homem verdadeiro, uma essência definidora do homem porque cada um se define a si mesmo e assim é uma verdade para si. Qualquer projeto para o homem representaria uma limitação à sua liberdade, e que esta liberdade é, portanto, incompatível com a malha lógica em que caem todos os fatos e também as ações humanas, e mais ainda que a liberdade gera no homem profunda insegurança, medo e angústia. Não existe uma essência definidora do homem. Nenhum projeto básico. 
Esse pensamento de Kierkegaard foi mais tarde traduzido por Sartre na frase "no homem, a existência precede a essência".
Sua crença na necessidade de que cada indivíduo faça uma escolha consciente e responsável tornou-se outro pilar do movimento existencialista.
No caminho da vida há várias direções, vários tipos de vida a escolher, dentro de três escolhas fundamentais: o modo de vida estético, do indivíduo que não busca senão gozar a vida em cada momento; o modo ético, do indivíduo que é maquinalmente correto com a família e devotado ao trabalho, e o modo religioso dentro de uma consciência de fé.
A liberdade, segundo ele, gera no homem a angústia que pode levá-lo, de várias formas, ao desespero. Então, cada decisão é um risco, o que deixa a pessoa mergulhada na incerteza, pressionada por uma decisão que se torna angustiante. Como no modo de vida estético, ele escolhe fugir dessa angústia e do desespero. Outra forma de fuga é ignorar o próprio eu, tornar-se um autômato, apegar-se a um papel, como no modo de vída ético.
Existencialismo. Ao pensador objetivo, Kierkegaard opõe o indivíduo único, subjetivo. A verdade repousa na subjetividade, e, assim como a verdade, a verdadeira existência é alcançada por meio da intensidade dos sentimentos. Logo, a realidade de que temos mais conhecimento é a nossa própria realidade, a única que interessa de fato (realidade singular concreta)  “A subjetividade é a verdade, a subjetividade é a realidade”  o universal não passa de mera abstração do singular
Sem paixão não há movimento para o pensador. Existir, em contraste com simplesmente ser, envolve um relacionamento infinito consigo mesmo e uma ligação apaixonada com a vida. Nós não encontramos a verdade por via de uma "objetividade" destacada mas através de um profundo engajamento com o mundo. 
Assim, por simplesmente aprender as coisas "objetivamente", nos esquecemos o que é existir. O indivíduo realmente existente (a) está em uma relação infinita consigo mesmo e tem um interesse infinito em si e no seu destino; (b) Sempre sente a si mesmo em um "vir a ser", com uma tarefa diante de si; e (c) Está apaixonado, inspirado com um pensamento apaixonado. Ele chama a isto "paixão de liberdade". Com este pensamento Kierkegaard abre as portas do Existencialismo.
A FENOMENOLOGIA
 Influências antecedentes: Brentano e Dilthey;
Franz Brentano
 Franz Brentano, filósofo alemão, (1838-1917), ex-sacerdote católico e filósofo alemão, geralmente considerado o fundador do intencionalismo, que se ocupa dos processos mentais mais que com o conteúdo da mente, e da psicologia que hoje é chamada psicologia existencial. Seu livro mais famoso e influente foi "A Psicologia de um ponto de vista empírico", de 1874, no qual tenta apresentar uma psicologia sistemática que seria a ciência da alma. 
Os trabalhos mais importantes de Brentano são no campo da psicologia, por ele definida como ciência da alma. O objeto de seus estudos não foram, porém, os estados, mas sim os atos e processos psíquicos. Segundo Brentano, o fenômeno psíquico distingue-se dos demais por sua propriedade de referir-se a um objeto através de mecanismos puramente mentais. Ao filósofo caberia, então, estudar as diversas maneiras pelas quais a mente estabelece contatos com os objetos.
Ele reviveu e modernizou a teoria escolástica da "existência intencional" ou, como ele chamou, "objetividade imanente". Segundo ele, no fenômeno psíquico, já existe uma "direção da mente para um objeto", a pessoa "vê alguma coisa". Ele sugeriu que, fundamentalmente, a mente pode referir-se aos objetos de três maneiras: 
1) por percepção e idealização, incluindo sensação e imagem.
2) por julgamento, incluindo atos de reconhecimento, rejeição, e recordação; e
3) por amor ou ódio, o que leva em conta desejos, intenções, vontade e sentimentos
Isto é: Brentano distingue três mecanismos fundamentais: a percepção, julgamento e aprovação ou desaprovação. 
A Influência das Idéias de Brentano 
na Psicologia Fenomenológico-Existencial
De acordo com Ana Maria Feijoó, a sistematização das idéias de Brentano vai exercer fortes influências em diferentes áreas de estudo, tais como a filosofiafenomenológica de Husserl, Max Sheler e Martin Heidegger;
Ao negar a possibilidade de se levar para o laboratório o psiquismo, propôs que este fenômeno fosse abordado de forma empírica, mas não experimental, e mais, que se abandonasse a introspecção, como método, já que esta implicava em uma observação interna, e aos fenômenos psicológicos cabia a percepção interna. Esta proposta fica claramente descrita em seu livro A psicologia do ponto de vista empírico, no seguinte trecho:
”Tal como as ciências da natureza, a psicologia repousa sobre a percepção e a experiência. Mas seu recurso essencial é a percepção interna de nossos próprios fenômenos psíquicos, consistindo em uma representação, um julgamento, o que é prazer e dor, desejo e aversão, esperança e inquietação, coragem e desencorajamento, decisão e intenção voluntária, nunca o saberíamos se a percepção interna de nossos próprios fenômenos não nos lho ensinasse.”
Brentano retomou a alma como objeto de estudo da psicologia, porém referiu-se a esta como um substrato substancial de representações, de sensações, de imagem, de lembranças, de esperanças. Denominou a todas estas vivências de fenômenos psíquicos, e como tais são intencionados. São atos que se referem a objetos exteriores e os objetos são imanentes aos atos mentais.
A consciência intencional constitui-se numa atividade, na qual os fatos físicos vão diferir dos fatos psicológicos, que vão ser denominados fenômenos.
Os fenômenos psíquicos constituem-se de experiências intencionais, ocorrem como representações, juízos e fenômenos emocionais e possuem as seguintes propriedades: de intencionalidade, de se constituírem como objetos de percepção interna: portanto evidentes, de existir efetivamente, de se mostrarem como unidade, de se apresentarem como atos de representação.
As idéias de Brentano vão dar início a uma psicologia que irá buscar as propriedades da consciência através da experiência interna. A partir da sistematização de sua teoria vão surgir a psicologia da gestalt, a teoria de Lewin, a psicologia fenomenológica, enfim toda a psicologia cuja ênfase recaia sobre a consciência com sua característica essencial: a intencionalidade.
Wilhelm Dilthey
Filósofo alemão (1833 – 1911) . Compreendemos, segundo Dilthey, com a totalidade de nossa alma, inclusive com a vontade ao esbarrar com uma resistência, assim constatando a presença de um mundo exterior. Compreender não é apenas um explicar, mas uma função em que participam também as forças emotivas da alma. Pela história sabe o homem o que ele mesmo é. De outra parte, só através do homem é possível o saber histórico. O homem não é incognoscivel como a coisa em si, das demais ciências; dá o homem sinal de si mesmo, de sua própria existência, Atender a estes sinais, eis a tarefa de uma ciência especificamente diferente. Por isso, ocorre a distinção entre ciências da natureza e ciências do espírito. Interpretou o espírito como um devir, em que tudo flui e nada permanece.   
Dilthey elaborou uma teoria do conhecimento para as ciências do espírito, em que destaca o conhecimento histórico. O seu sistema, conhecido por historicismo, se apoia particularmente no estudo da história. O conhecimento histórico se constitui de uma reflexão sobre si mesmo; portanto, não se alcança o devir histórico pelo procedimento racional das ciências da natureza, por ser de outra ordem. O historicismo tem algo de paralelo com as filosofias que tratam toda a realidade como um devir. Há também um trânsito da filosofia de Dilthey para a de Heidegger, especialmente no que se refere à teoria do tempo. 
As ciências do espírito teriam como objeto o homem e o comportamento humano; para Dilthey é possível, diante do mundo humano, adotar uma atitude de "compreensão pelo interior", ao passo que, diante do mundo da natureza, essa via de compreensão estaria completamente fechada. Os meios necessários à compreensão do mundo histórico-social podem ser, dessa maneira, tirados da própria experiência psicológica, e a psicologia, deste ponto de vista, é a primeira e mais elementar das ciências do espírito. A experiência imediata e vivida na qualidade de realidade unitária (Erlebnis) seria o meio a permitir a apreensão da realidade histórica e humana sob suas formas concreta e viva.
filosofia de Dilthey assumiu uma função programática:  encontrar um lugar para aquilo que designou por "ciências do espírito", as denominamos "ciências humanas" (sociologia, psicologia, história, antropologia, etc). O seu objetivo é o de estabelecer relações constantes e necessárias entre os fenômenos observados, cujas causas podem ser isoladas e descritas. 
Jean Paul Sartre
“O Existencialismo é um Humanismo!!!”
Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de Junho de 1905 — Paris, 15 de Abril de 1980) foi um filósofo existencialista francês do início do século XX.
Órfão de pai desde os dois anos, Sartre sofreu as primeiras influências por parte de sua mãe Anne-Marie e de seu avô Charles Schweitzer, que o iniciou na literatura clássica desde cedo.
Fez seus estudos secundários em Paris. De 1922 a 1924, despertou seu interesse pela Filosofia. Em 1924 ingressou na École Normale Supérieure, onde conheceu, em 1929, Simone de Beauvoir que se tornaria sua companheira e colaboradora até o fim de sua vida.
Sartre e Beauvoir não formavam um casal comum de acordo com padrões da época. Ambos possuíam amantes, e partilhavam confidências sobre suas relações com outros parceiros. Este modo de vida violava os valores da tradicional sociedade francesa, que se escandalizou com essa relação.
Sartre afirma que o existencialismo é um humanismo, pois segundo ele, é a única doutrina que deixa uma possibilidade de escolha ao homem. Ele inicia sua argumentação explicando que existem duas espécies de existencialistas: os cristãos e os ateus, que teriam em comum o fato de admitirem que a existência precede a essência ou, em outras palavras, que temos de partir da subjetividade.
	Segundo Sartre, os seres existem antes de poderem ser definidos por qualquer conceito. Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. Assim, não há natureza humana. Sendo assim, o homem não é mais do que o que ele faz, porque o homem, antes de mais nada, é o que se lança para um futuro, e o que é consciente de se projetar no futuro. 
O homem é antes de mais nada um projeto que se vive subjetivamente; nada existe anteriormente a este projeto; nada há no céu inteligível, o homem será antes de mais o que tiver projetado ser. Assim o primeiro esforço do existencialismo, segundo Sartre, é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. 
	Para o existencialista, o homem é pura angústia. Mas na decisão de escolha do homem é onde se situa fundamentalmente essa angústia, e não em face da morte, como na filosofia de Heidegger. O homem não pode escapar dessa escolha pois se vê nesse compromisso (se o homem nada escolhe, sua escolha é não escolher).
	Não há moral geral pois não há sinais no mundo. O próprio homem é quem escolhe o significado do que ele pensa serem sinais. Sobre ele pesa, portanto, a inteira responsabilidade da decifração (desses "sinais"). O desamparo implica sermos nós a escolher o nosso ser, sendo paralelo à angústia. 
	Segundo Sartre, o existencialismo não é uma filosofia do quietismo, visto que define o homem pela ação pois, como o homem não é senão o seu projeto, ele só existe na medida em que se realiza ou age.
	Para ele, o existencialismo é uma doutrina de dureza otimista e não de pessimismo, visto que o destino do homem está nas suas mãos, e também, porque ela o impele à ação.
	Isso se dá principalmente, segundo Sartre, porque o ponto de partida de qualquer filosofia deve ser o "penso, logo, existo", o cogito cartesiano. Ele argumenta que, iniciando com a subjetividade, o homem não é mais visto como um objeto, conferindo-lhe uma verdadeira dignidade, o que mostra a diferença entre o existencialismo e o materialismo.Essa subjetividade não é rigorosamente individual porque, como diz Sartre, "demonstramos que no cogito nós não descobrimos só a nós, mas também aos outros".
	Nestas condições, a descoberta da minha intimidade descobre-me ao mesmo tempo o outro como uma liberdade posta em face de mim (já que também sou livre), que nada pensa ou quer senão a favor ou contra mim. Assim, descobre-se imediatamente um mundo que Sartre chamou de intersubjetividade, sendo neste mundo onde o homem decide sobre o que ele é e o que os outros são.
	Assim, o resultado é sempre concreto e, por conseguinte, imprevisível: há sempre invenção. A única coisa que importa é saber se, a invenção que se faz, se faz em nome da liberdade, caracterizando a boa fé.
	Sartre foi muito criticado pelos que diziam que no fundo os valores não são sérios, visto que o homem os escolhe. Isso se dá pela falta de uma consciência perfeita para definir a importância de tais valores. Nesse ponto, Sartre inicia sua argumentação dizendo que inventar os valores significa que a vida não tem sentido a priori. Ou seja, antes de viver, a vida não é nada, mas depende do homem dar-lhe um sentido, possibilitando a criação de uma comunidade humana.
	É nesse momento em que Sartre afirma que o existencialismo é um humanismo, mas não no sentido comum dessa palavra. Para ele, existem dois significados para a palavra humanismo. A primeira consiste de uma teoria que toma o homem como fim e como valor superior. Esta opção é rejeitada pelo existencialista, porque o homem está sempre por se fazer. A segunda consiste do humanismo existencialista.
	Sartre afirma que o existencialismo é um humanismo porque lembra ao homem que não há outro legislador além dele próprio, e que é no abandono que ele decidirá de si. Porque não há outro universo senão o universo humano, o universo da subjetividade humana. E, além disso, porque o estimulante de sua existência é a transcendência, ou seja, é fora de si que ele vê um fim, um objetivo (a ação), que é libertação.
Sartre contribui para a psicologia existencial com alguns conceitos importantes: o em-si, o para-si, a liberdade, a responsabilidade, a angústia, a má-fé e o outro.
Podemos entender um Em-si como qualquer objeto existente no mundo e que possui uma essência definida. Uma caneta, por exemplo, é um objeto criado para suprir uma necessidade: a escrita. Para criá-lo, parte-se de uma ideia que é concretizada, e o objeto construído enquadra-se nessa essência prévia. Um ser Em-si não tem potencialidades nem consciência de si ou do mundo. Ele apenas é.
A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu próprio respeito e a respeito do mundo. É uma forma diferente de ser, chamada Para-si. É o Para-si que faz as relações temporais e funcionais entre os seres Em-si e ao fazer isso constrói um sentido para o mundo em que vive. O Para-si não tem uma essência definida.
Uma das afirmações mais conhecidas de Sartre é que o ser humano está condenado à liberdade. Isso significa que cada pessoa pode a cada momento escolher o que fará de sua vida, sem que haja um destino previamente concebido.
Cada escolha carrega consigo uma responsabilidade. E cada escolha ao ser posta em ação provoca mudanças no mundo que não podem ser desfeitas. Não posso, segundo o existencialismo, atribuir a responsabilidade por estes atos a nenhuma força externa, ao destino ou a Deus.
A angústia existencial decorre da consciência de que são as escolhas dessa pessoa que definem o que ela é ou se tornará. E também por saber que estas escolhas podem afetar, de maneira irreparável, o próprio mundo.
Segundo Sartre, a má-fé é uma defesa contra a angústia e o desalento, mas uma defesa equivocada. Pela má-fé renunciamos à nossa própria liberdade, fazendo escolhas que nos afastam do projeto fundamental, atribuindo conformadamente estas escolhas a fatores externos, ao destino, a Deus, aos astros, a um plano sobre humano.
Os outros são fontes permanentes de contingências. Todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos se sobrepõem. Só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência, uma pessoa não pode se perceber por inteiro. "O ser Para-si só é Para-si através do outro".
A PSICOLOGIA HUMANISTA
O humanismo, na verdade, não é uma escola de pensamento, mas sim um aglomerado de diversas correntes teóricas. Em comum elas têm o enfoque humanizador do aparelho psíquico, em outras palavras elas focalizam no homem como detentor de liberdade, escolha, sempre no presente. Traz da filosofia fenomenológico existencial um extenso gabarito de idéias. Foi fundada por Abraham Maslow, porém a sua história começa muito tempo antes. A Gestalt foi agregada ao humanismo pela sua visão holística do homem, sendo importante campo da Psicologia, na forma de Gestalt-terapia. Mas foi Carl Rogers, um psicanalista americano, um dos maiores exponenciais da obra humanista.	
O humanismo tende essencialmente tornar o homem mais verdadeiramente humano na manifestação da sua grandeza original e fazendo-o participar de tudo que pode enriquecê-lo na natureza e na história, concentrando o mundo no homem e dilatando o homem ao mundo. O humanismo pede ao mesmo tempo que o homem desenvolva suas virtualidades nele contidas, suas forças criadoras e a vida da razão, trabalhando para fazer das forças do mundo físico instrumento de sua liberdade. Assim compreendido, o humanismo é inseparável da civilização ou da cultura. 
Definição do Dicionário de Psicologia (Stratton, 2002, p. 189):
Psicologia Humanista
“Uma abordagem na psicologia que enfatiza a pessoa toda e seu escopo para a mudança. Os psicólogos humanistas rejeitam a abordagem reducionista de muitos pesquisadores, a qual vê a ação humana simplesmente como coleções de mecanismos separados, bem como se posicionam contra a desumanização e ‘objetificação’ do comportamento humano, produzidas por investigações triviais em laboratório e atitudes behavioristas na psicologia. Ao contrário, eles defendem a tese de que os psicólogos devem atentar mais para a pessoa toda, englobando as atitudes, valores e respostas a situações sociais, inclusive os experimentos. Segundo eles, o esforço de estudar as pessoas de uma forma fragmentada consiste em ignorar a essência do que é ser humano. Há muitos psicólogo humanistas, dos quais Carl Rogers é talvez o mais famoso. A psicologia humanista acha-se também intimamente ligada à abordagem fenomenológica, no campo da psicologia.”
Abraham Maslow (1908- 1970) foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta da hierarquia de necessidades de Maslow. Para ele somos seres que damos e nos damos, mas também temos necessidades. É muito conhecida a teoria sobre a motivação desenvolvida por Abraham Maslow, centrada nas necessidades. 
O homem é um ser indigente - afirma Maslow. - Mal uma das suas necessidades é satisfeita, aparece outra no seu lugar. Este processo é interminável. Dura desde o nascimento até à morte. 
Descobre que as necessidades humanas estão organizadas numa série de níveis, segundo uma hierarquia de importância. De menor a maior importância, existem cinco níveis de necessidades: fisiológicas, de segurança, sociais (afiliação e amor), de auto-estima e de auto-realização.
 
As necessidades de cada nível são motivadoras enquanto não estão razoavelmente satisfeitas. Pelo contrário, uma necessidade satisfeita não é um motivador do comportamento humano. 
 
Em muitos seres humanos as necessidades de quinto nível permanecem adormecidas, em grande parte por frustrações experimentadas no que se refere a necessidades de níveis inferiores ou por ter gasto as energias interiores na luta pela satisfação dessas necessidades. 
O esquema de Maslow assinalou uma série de exceções à hierarquia de necessidades. Por exemplo, em certas pessoas as necessidades de auto- estimaparecem ser mais importantes que as necessidades sociais. 
Em pessoas altamente criativas, o impulso para criar parece ser mais importante do que qualquer outra necessidade. É o caso de muitos artistas. Em algumas pessoas o nível de aspiração parece ficar bloqueado num patamar muito baixo. Isto é frequente nas pessoas que sofreram grandes privações.
 
Em certas pessoas parecem não existir as necessidades sociais. Talvez não tenham encontrado afeto na sua infância, e por isso não mostrem desejos de dar e de receber afeto. 
Além disso, convém ter em conta que Maslow, apesar da importância que atribui à satisfação das necessidades como condição para o desenvolvimento psíquico, reconhece que a satisfação desordenada das necessidades humanas pode ter consequências patológicas. O desenvolvimento de uma personalidade sã vai para além da questão da satisfação das necessidades básicas. Por outras palavras, a permissividade é patogênica. É preciso uma dose de firmeza, disciplina e frustração para fazer uma pessoa madura. (Rodríguez, 1988, p. 19)
Maslow fez uma excelente análise das necessidades humanas. Os primeiros quatro níveis referem-se a necessidades de carência. O quinto, ao contrário, inclui necessidades de realização. Em todo o caso, as necessidades apontam para valores ou bens, materiais e imateriais. 
Carl Rogers (1902-1987)
Carl Ransom Rogers era psicólogo e psicopedagogo norte americano. Importante pensador americano, foi um precursor da psicologia humanista e criador da linha teórica conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa (ACP).
A Abordagem Centrada na Pessoa é uma abordagem das relações interpessoais. Depois de anos a finco praticando psicanálise, notou que seu estilo de terapia se diferenciara muito da terapia psicanálitica. Ele utilizava outros métodos, como a fala livre, com poucas intervenções, e o aspecto do sentimento, tanto do paciente, como do terapeuta. Deu-se conta de que o paciente era detentor de seu tratamento, portanto não era passivo, como passa a idéia de paciente, denominando então este como cliente. Era a terapia centrada no cliente (ou na pessoa). 
Ao contrário de outros estudiosos cuja atenção se concentrava na idéia de que todo ser humano possuía uma neurose básica, Rogers rejeitou essa visão, defendendo que, na verdade, o núcleo básico da personalidade humana era tendente à saúde, ao bem-estar.
Contribuiu para a Psicologia com uma perspectiva humanista. Para ele, o processo psicoterapêutico consiste em um trabalho de cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse núcleo da personalidade, obtendo-se com isso a descoberta ou redescoberta da auto-estima, da auto-confiança e do amadurecimento emocional. 
O pressuposto fundamental da Abordagem Centrada na Pessoa é que em todo indivíduo existe uma tendência à atualização, uma tendência inerente ao organismo para crescer, desenvolver e atualizar suas potencialidades numa direção positiva e construtiva. 
A partir de extensa experiência clínica e com base em diversos resultados de pesquisa, Rogers formulou a hipótese de que esta tendência à atualização é promovida em uma relação interpessoal permeada das atitudes de empatia, consideração positiva incondicional e congruência:
Então, para Rogers, há três condições básicas e simultâneas, defendidas como sendo aquelas que vão permitir que, dentro do relacionamento entre psicoterapeuta e cliente, ocorra a descoberta desse núcleo essencialmente positivo existente em cada um de nós. São elas: 
1) Consideração positiva incondicional (ou aceitação incondicional) - aceitar o outro como este é, em seus defeitos, angústias, etc. É receber a aceitar a pessoa como ela é e expressar um afeto positivo por ela, simplesmente por que ela existe, não sendo necessário que ela faça ou seja isto ou aquilo
2) Empatia - capacidade de sentir o que o outro quer dizer, e de entender seu sentimento. Consiste na capacidade de se colocar no lugar do cliente, ver o mundo pelos olhos deles e sentir como ele sente, comunicando tal situação para ele, que receberá esta manifestação como uma profunda e reconfortante experiência de estar sendo compreendido, não julgado.
3) Congruência - ser o que se sente, sem mentir para si e para os outros. Condição que permitirá ao profissional, embora nutrindo um afeto positivo e incondicional por seu cliente e tendo a capacidade de “estar no lugar” dele, a habilidade de expressar de modo objetivo seus sentimentos e percepções, de modo a permitir ao cliente as experiências de reflexão e conclusão sobre si mesmo.
Influências de Rogers no Aconselhamento, na Psicoterapia, na Educação e no trabalho com grupos;
As atitudes de empatia, consideração positiva incondicional e congruência, que caracterizam a Abordagem Centrada na Pessoa, promovem o crescimento e a atualização das potencialidades criativas e positivas dos indivíduos em qualquer forma de relação interpessoal. Por este motivo, o campo de aplicação da Abordagem Centrada na Pessoa é bastante amplo, incluindo as áreas da psicoterapia, educação, resolução de conflitos, relações familiares, grupos de encontro, grupos de crescimento e grandes grupos de comunidade. Seus métodos foram usados nos mais vastos campos do conhecimento humano, como nas aulas centradas nos alunos.
Rogers marcou não só a Psicologia Clínica, como também, a Psicoterapia, Administração – de empresas e de escolas etc. - o Aconselhamento Psicológico, Aconselhamento Pastoral, a Educação e Pedagogia, a Psicopedagogia, Orientação Educacional, assim como a Literatura, o Cinema e as Artes, de modo explícito ou implícito, consciente ou não conscientemente.
Há muitos nomes para, o que hoje, aqui estamos a denominar de Abordagem Centrada na Pessoa (ACP). Tem psicólogo ou orientador educacional, ou mesmo professor que "fala" em Orientação Não Diretiva, ou em Psicoterapia Humanista-Existencial (Corey), de Terapia Centrada no Cliente, de Pedagogia Centrada no Aluno, ou Abordagem Experiencial, de Grupos de Encontro, de Gestão Humana Existencial de Recursos Humanos ou de Gestão Humanista Existencial de Empresas, de Mediação de Conflitos Sociais pela ACP, Políticos ou Raciais Centrados na Pessoa etc.
Enfim, a sua ação ao longo deste século, foi de um contínuo empenho no caminho da liberdade e da libertação das forças interiores (Self) do ser humano, na sua capacidade de enfrentar a si e o outro, no mundo mesmo, e sua tendência a uma atitude de respeito e ao crescimento.
Essas forças internas do ser humano se mostram nos seus modos de ser – ser sendo no mundo - sempre alguém aberto ao desenvolvimento e aprendizagem positivos, tendo dentro de si algo que o impulsiona: a Tendência Atualizante, modos de auto-atualização de suas potencialidades, de fazer, sentir, agir seu próprio florescimento.
Rogers fez severas oposições aos conceitos deterministas de ser humano, buscando fundamentar-se nas Filosofias Humanistas Existenciais e utilizando-se do método fenomenológico de pesquisa. Para Roger, cada pessoa possui em si mesmo as respostas para as suas inquietações e a habilidade necessária para resolver os seus problemas. Por isso, o sentimento de pena e o determinismo seriam maneiras de negar a capacidade de realização de cada indivíduo.
Contribuições e análise crítica.
O processo psicoterapêutico consiste em um trabalho de cooperação entre psicólogo e cliente, cujo objetivo é a liberação desse potencial de crescimento, tendo como resultado a pessoa aberta à experiência,vivendo de maneira existencial,tornando-se ele mesmo.
O interessante na abordagem rogeriana é que a aplicação do seu método em psicoterapia, passa por um processo de amadurecimento do próprio psicoterapeuta, já que ele não pode simplesmente apropriar-se de uma “técnica”, mas que lhe seja próprio e natural agir conforme as condições desenhadas por Rogers. Percebe-se então, por exemplo, que a expressão de uma afetividade incondicional só ocorre devidamente se brotar com sinceridade do psicólogo; não há como simular tal afetividade. O mesmo ocorre com a empatia e com a congruência.Por isso se diz que não existe uma “técnica rogeriana”, mas sim psicólogos cuja conduta pessoal e profissional mais se aproximam da perspectiva de Carl Rogers.
Tornar-se pessoa
Rogers se opôs à teoria de B.F.Skinner de que o homem nasceria como uma máquina e que a sua personalidade seria moldada pelo meio através de repetições e condicionamentos. Para Rogers todos os homens são bons na sua essência, e todo o aprendizado deveria ser organizado no sentido do indivíduo para o meio, e não o contrário. Neste sentido, ele nos diz: 
“A Questão é saber se podemos permitir que o conhecimento se organize no e pelo indivíduo, em vez de ser organizado para o indivíduo.” 
Carl Rogers
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