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1 DESPESAS PÚBLICAS Sumário Despesas Públicas ............................................................................................................................................... 3 Classificação das Despesas ............................................................................................................................... 3 Quanto à Origem .............................................................................................................................................. 3 Quanto à Competência do Entes ................................................................................................................... 3 Quanto à Regularidade ................................................................................................................................... 4 Quando à Natureza Legal ............................................................................................................................... 4 Despesas Correntes .................................................................................................................................... 4 Despesas de Capital .................................................................................................................................... 5 Fases da Despesa ............................................................................................................................................... 5 Empenho ........................................................................................................................................................... 6 Tipos de Empenho ....................................................................................................................................... 6 Possibilidade de Cancelamento do Empenho ......................................................................................... 7 Liquidação ......................................................................................................................................................... 7 Pagamento ........................................................................................................................................................ 7 Impessoalidade no Pagamento .................................................................................................................. 7 Regime Contábil de Despesa ............................................................................................................................. 7 Restos a Pagar ..................................................................................................................................................... 8 Restos a Pagar em Final de Mandato .......................................................................................................... 8 Adiantamento ou Suprimentos de Fundos ....................................................................................................... 9 Despesas de Exercícios Anteriores – DEA ...................................................................................................... 9 Precatórios ............................................................................................................................................................ 9 Alcance do Regime .......................................................................................................................................... 9 Procedimento .................................................................................................................................................. 10 Regra Geral dos Precatórios ........................................................................................................................ 10 Requisição de Pequeno Valor ...................................................................................................................... 10 Exceções ao Regime – O Caso dos Anistiados ........................................................................................ 11 Função Administrativa do Tribunal .............................................................................................................. 11 Complementação, Suplementação e Fracionamento do Precatório...................................................... 11 Compensação de Precatório realizado pela Fazenda pública ................................................................ 12 Precatórios e Reflexos Tributários .............................................................................................................. 12 Precatórios e o Processo Executivo Fiscal ............................................................................................ 13 Precatório e Certidão Negativa de Débito – CND ................................................................................. 13 2 Precatórios, Depósitos Judiciais e Litigância Tributária – LC 151/15 ................................................ 14 Aquisição de Imóveis Públicos com Precatórios ....................................................................................... 14 Atualização Monetária dos Precatórios ...................................................................................................... 14 Cessão de Precatórios .................................................................................................................................. 14 Regime Especial de Precatórios – EC 62/09 ............................................................................................. 14 Como era aplicado o Regime Especial de Precatórios ........................................................................ 15 Da Modulação dos Efeitos da Decisão do STF ..................................................................................... 15 ECs 94/16 e 99/17 e o Novo Regime de Pagamento de Precatórios .................................................... 16 Regimes Especiais Anteriores à EC 62/09 ................................................................................................ 18 Intervenção Federal ....................................................................................................................................... 18 Despesas Públicas e o Novo Regime Fiscal – EC 95/16 ............................................................................ 18 Período ............................................................................................................................................................. 19 Alcance do Regime ........................................................................................................................................ 19 Indexador do Crescimento das Despesas ................................................................................................. 20 Exceções ao Regime ..................................................................................................................................... 20 Compensações a curto prazo às despesas dos demais órgãos e Poderes ......................................... 20 Vedações ......................................................................................................................................................... 21 Novo Regime Fiscal e a Proteção dos Direitos Sociais ........................................................................... 22 Despesas Públicas e a LRF ............................................................................................................................. 22 Limitação de Empenho .................................................................................................................................. 22 Geração de Despesa ..................................................................................................................................... 23 Despesa Obrigatória de Caráter Continuado – art. 17 .............................................................................23 Despesa Com Pessoal .................................................................................................................................. 24 Limites de Gasto ......................................................................................................................................... 25 Exceções ao cômputo dos gastos ........................................................................................................... 26 Despesas Nulas.......................................................................................................................................... 26 Controle dos Gastos de Pessoal ............................................................................................................. 27 Despesas com a Seguridade Social ........................................................................................................... 29 Destinação de Recursos para o Setor Privado ............................................................................................. 29 Cooperação entre os Entes Federativos ........................................................................................................ 29 Transferências .................................................................................................................................................... 30 Transferências Obrigatórias ......................................................................................................................... 30 Transferências Voluntárias ........................................................................................................................... 30 Requisitos .................................................................................................................................................... 30 Sanções ....................................................................................................................................................... 31 Responsabilidade Pessoal do Ex-Gestor ............................................................................................... 31 3 Princípio da Intranscendência Subjetiva das Sanções ........................................................................ 32 Transferências Automáticas ......................................................................................................................... 32 Refêrencias ......................................................................................................................................................... 32 Despesas Públicas Consiste no conjunto de gastos realizados pelo Poder Público para a consecução de suas atividades principais, quais sejam, a prestação de serviços públicos com o fim de atender a um interesse público. Classificação das Despesas Quanto à Origem As despesas são orçamentárias quando constam na lei do orçamento e nos seus créditos adicionais, decorrem do princípio da legalidade; As despesas extraorçamentária é aquela que não consta do orçamento ou em seus créditos adicionais. Ocorre quando um servidor realiza algum empréstimo consignado no seu salário, esse valor será retido pela Administração e passado ao banco credor. Assim, quando da retenção, aludido valor é lançado como receita, mas não no orçamento, daí ser uma receita extraorçamentária. Por sua vez, quando o valor é pago ao banco, se caracteriza uma despesa extraorçamentária. Quanto à Competência do Entes Federal: atende aos fins e serviços da união Federal; Estadual: atende aos fins e serviços do Estado; Municipal: atende aos fins e serviços do Municípios. Quando União realiza um convênio com um Municípios e lhe repassa determinado valor, sendo que, para completar o montante global do investimento, o Município também precisa investir parte com a sua receita própria, o STF entende que os recursos federais são fiscalizados pelo TCU e os municipais pelo TCM. Nas ações de nas ações de ressarcimento ao erário e improbidade administrativa ajuizadas em face de eventuais irregularidades praticadas na utilização ou prestação de contas de valores decorrentes de convênio federal, o simples fato das verbas estarem sujeitas à prestação de contas perante o Tribunal de Contas da União, por si só, não justifica a competência da Justiça Federal. Igualmente, a mera transferência e incorporação ao patrimônio municipal de verba desviada, no âmbito civil, não pode impor de maneira absoluta a competência da Justiça Estadual. Se houver manifestação de interesse jurídico por ente federal que justifique a presença no processo, (v.g. União ou Ministério 4 Público Federal) regularmente reconhecido pelo Juízo Federal nos termos da Súmula 150/STJ, a competência para processar e julgar a ação civil de improbidade administrativa será da Justiça Federal. As Súmulas 208 e 209 do STJ provêm da 3ª Seção do STJ e versam hipóteses de fixação da competência em matéria penal, em que basta o interesse da União ou de suas autarquias para deslocar a competência para a Justiça Federal, nos termos do inciso IV do art. 109 da CF. Logo, não podem ser utilizadas como critério para as demandas cíveis. Diante disso, é possível afirmar que a competência cível da Justiça Federal deve ser definida em razão da presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na relação processual, seja como autora, ré, assistente ou oponente e não em razão da natureza da verba federal sujeita à fiscalização do TCU. Assim, em regra, compete à Justiça Estadual processar e julgar agente público acusado de desvio de verba recebida em razão de convênio firmado com a ente federal, salvo se houver a presença das pessoas jurídicas de direito público previstas no art. 109, I, da CF/88 na relação processual. STJ. 1ª Seção. CC 142354/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 23/09/2015. STJ. 1ª Seção. AgRg no CC 133.619/PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 09/05/2018. Quanto à Regularidade Ordinárias são as despesas de manutenção da máquina, aí incluídas as despesas de pessoal, materiais de consumo, dentre outra. São as despesas de rotina do serviço público; Extraordinárias são as despesas decorrentes de situações imprevisíveis, o que demanda uma receita extraordinária, como no caso de guerra externa, calamidade pública ou comoção interna, sendo que tais créditos são manejados por medida provisória. Quando à Natureza Legal Despesas Correntes São as despesas destinadas à manutenção da máquina, como pagamento de pessoal, despesas de consumo, pagamento de juros, dentre outros e se classificam em: Despesas de Custeio: as despesas em que há uma contraprestação ao pagamento que o Estado realiza periodicamente, tais como os relacionados à remuneração dos servidores, pagamento a fornecedores. O Estado se movimenta, presta serviços, adquire bens para sua manutenção, dá contrapartida, dentre outros eventos que caracterizam essas despesas; Transferências Correntes: não correspondem uma contraprestação direta em bens ou serviços, são gastos sem retorno, como o pagamento de inativos e pensionistas, o salário-família, o pagamento de juros da dívida pública, as subvenções. 5 Despesas de Capital Despesas eventuais marcadas por uma operação financeira relativa a uma aquisição patrimonial (obras, bens móveis ou imóveis) ou a uma redução da dívida pública, se classificam em 3 espécies: Investimento: destinadas à aquisição de imóveis, de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro; Inversões Financeiras: destinadas à aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização; à aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já consolidadas, quando a operação não importe aumento do capital e constituiçãoou aumento do capital de entidades ou empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros; Transferências de Capital: as dotações para investimentos ou inversões financeiras, independentemente de contraprestação direta em bens e serviços, tratando-se de auxílios ou contribuições, bem como dotações para amortização da dívida pública. Despesas Correntes Despesas de Custeio Transferências Correntes Pessoa Civil, Pessoal Militar Material de Consumo Serviços de Terceiros Encargos Diversos Subvenções Sociais e Econômicas Inativos e Pensionistas Salário Família e Abono Familiar Juros da Dívida Pública Contribuições de Previdência Social Diversas Transferências Correntes Despesas de Capital Investimentos Inversões Financeiras Transferências de Capital Obras Públicas Serviços em Regime de Programação Especial Equipamentos e Instalações Material Permanente Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Industriais ou Agrícolas Aquisição de Imóveis Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento Constituição de Fundos Rotativos Concessão de Empréstimos Diversas Inversões Financeiras Amortização da Dívida Pública Auxílios para Obras Públicas Auxílios para Equipamentos e Instalações Auxílios para Inversões Financeiras Outras Contribuições Fases da Despesa Para realizar qualquer gastos, o Governo precisa de autorização orçamentária, seja ela prevista na LOA, seja prevista em créditos adicionais. 6 Empenho O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva a ser feita no orçamento que não poderá mais ser gasta a não ser pelo motivo que a justificou. Toda despesa demanda prévio empenho, primeiro verifica-se se há dotação orçamentária, e, se houver, separar parte dessa dotação para o gasto que se deseja realizar. Essa Reserva de Recursos para o posterior pagamento é o que se chama de empenho. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos. Na Nota de Empenho devem constar as seguintes informações: nome do credor, dotação orçamentária, tipo de empenho, valor empenhado, o saldo da dotação, individualização da despesa, assinatura da autoridade pública, entre outros. Nos casos de licitação na modalidade Convite, a Administração pode substituir o contrato pela própria Nota de Empenho, o que, entretanto, não afasta as cláusulas obrigatórias dos contratos administrativos. A Nota de Empenho possui força de título executivo extrajudicial e a sua execução sem a prova da prestação do serviço pelo credor é tentativa de lesar o Estado com nítida característica de má-fé. Tipos de Empenho a) Empenho Ordinário: despesas normais, previamente conhecido e o pagamento deve ocorrer de uma só ver. Ex: aquisição de um veículo; b) Empenho por Estimativa: não é possível determinar com precisão o valor da despesa, geralmente ocorre com as contas de consumo, diárias, gratificações, quando se estima um montante; c) Empenho Global: assemelha-se ao empenho ordinário, pois atende a despesas com montante definido, mas seu pagamento geralmente é em parcelas, pois se espera a conclusão de etapas de obras ou entrega de bens para que a quitação ocorra. Ex: salários, alugueis. Faz-se o empenho para o ano todo, mas o pagamento ocorre mês a mês, sabe-se o valor total da despesa e é pago em parcelas. Os contratos cuja duração ultrapasse o exercício financeiro, o empenho global ficará restrito aos créditos orçamentários referente a um único exercício financeiro, de modo que, em casa ano se faz um empenho global referente ao valor do contrato. 7 Possibilidade de Cancelamento do Empenho Se o credor não cumprir o compromisso acertado, não haverá para o Estado a obrigação de pagamento, hipótese em que o empenho pode ser cancelado. Ainda, caso seja emitido incorretamente, o empenho também pode ser cancelado. Por outro lado, se o empenho for insuficiente, poderá ser reforçado, passando o novo valor a ser o valor inicial mais o do reforço ou quando o mesmo exceder o montante da despesa realizada, poderá ser anulado apenas parcialmente. Liquidação É o processo de verificação do direito adquirido do credor em receber o pagamento pelo cumprimento do pactuado. Ou seja, verificado que o credor cumpriu sua parte, tem direito de receber o valor acordado. A execução do contrato deve ser acompanhada e fiscalizada, o responsável pelos possíveis danos decorrentes da ausência de fiscalização será o dirigente do órgão ou do ente público que quedou do seu mister de fiscalizar. Havendo fiscal ou gestor de contrato, na hipótese de dano ao erário não apurado a fim de se alcançar o real fautor do dano, o gestor responderá de maneira solidária com os demais envolvidos. Em suma, a liquidação é a fiscalização que o poder público exerce quando do recebimento dos bens ou dos serviços que contratou. Pagamento Verificado que o serviço foi prestado ou a mercadoria entregue, a autoridade competente dá ordem de pagamento, determinando que a despesa seja paga. Impessoalidade no Pagamento A regra de pagamento com observância da ordem cronológica das obrigações licitadas, contratas e liquidadas, quedando, com isso, a discricionariedade do ente de pagar de acordo com a sua conveniência. Existem, porém, razões de interesse público, desde que devidamente justificadas, a ordem cronológica de pagamentos poderá ser alterada. Regime Contábil de Despesa No regime de competência, as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrem, independentemente de recebimento ou pagamento; 8 No regime de caixa são consideradas receitas e despesas no exercício tudo o que for recebido ou pago durante o ano financeiro, mesmo que se trate de receitas e despesas referentes a exercícios anteriores; No regime misto adota-se ao mesmo tempo o de caixa e o de competência, sendo esse o regime adotado pela contabilidade pública no Brasil. A lei 4.320/64 instituiu o regime contábil de caixa para as receitas e o regime de competência para as despesas. Assim, pelo regime de caixa, consideram-se como receitas do exercício as efetivamente recebidas. Uma receita prevista para janeiro, mas que só ingressa nos cofres em março, será considera como receita de março. O regime de competência, considera o exercício em que a despesa foi empenhada e não o que foi efetivamente paga. Se a despesa foi empenhada em um ano e paga no ano seguinte, será contabilizada como despesa do ano em que foi empenhada. Restos a Pagar Despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31/12, dividem-se em: Despesas Processadas: são aquelas cujo empenho é executado e liquidado, estando pronta para pagamento. Despesas Não Processadas: são aquelas em que os empenhos dos contratos e/ou dos convênios estão em plena execução, mas, por não estarem liquidados, ainda não existe direito líquido e certo do credor. Os valores inscritos em restos a pagar deverão ser pagos durante o exercício financeiro subsequente, ou seja, até 31/12 do ano seguinte à realização do empenho. Se não forem pagos, os saldos remanescentes serão automaticamente cancelados, uma vez que é vedada a reinscrição de empenho em restos a pagar. Enquanto as despesas permanecem inscritas em restos a pagar, corre a prescrição desde a sua inscrição. Com o cancelamento dos restos a pagar, ocorre a interrupção da prescrição, ocasião em que começa a contar novamente o prazo prescricional. Restos a Pagar em Final de Mandato A LRF preconiza que se gestor deixar valores inscritos em restos a pagar, deverá também deixar o correspondenterecurso para o pagamento. Ademais, é vedado ao titular de Poder nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrais obrigação de despesa que não possa ser cumprida 9 integralmente dentro dele ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Adiantamento ou Suprimentos de Fundos São despesas especiais, geralmente pequenas, que não se sujeitam ao processo normal de sua execução e ocorre quando a Administração disponibiliza a um servidor designado determinada monta, para que este faça o devido pagamento. Despesas de Exercícios Anteriores – DEA Não importa quando elas foram pagas, e sim, que competência (exercício) elas se referem. Em suma, são as despesas resultantes de compromissos assumidos em exercícios anteriores àquele em que ocorrer o pagamento, para os quais não existe empenho. Possui 3 categorias: a) As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria; b) Restos a pagar com prescrição interrompida: muito embora tenha havido o cancelamento dos restos a pagar, se dentro do prazo prescricional o credor comprovar o seu direito, a Administração poderá fazer o seu pagamento à conta da dotação DEA; c) Compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente. Precatórios Vencedor numa demanda contra a Fazenda Pública, suas Autarquias e Fundações Públicas, o credor possui o direito de exigir do Estado o seu pagamento que se dará através da emissão de um precatório, consistente numa ordem judicial expedida contra a Fazenda Pública obrigando-a a incluir no orçamento valor suficiente para quitar sua dívida. Embora emanado de membro do Poder Judiciário, possui força de ato administrativo. Alcance do Regime Refere-se aos pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais/DF e Municipais, bem como as autarquias e fundações públicas. O STF entende que se aplica também aos entes da Administração Indireta (SEM e EP) e outras entidades que explorem serviços públicos de competência típica do Estado. Além da empresa ser dependente, ela não pode possuir atividade econômica com intuito lucrativo e concorrencial. 10 Procedimento O juíz da causa faz ao presidente do respectivo Tribunal uma solicitação para que este requisite a verba necessária ao pagamento do credor. O presidente do Tribunal irá comunicar à Fazenda Pública a existência da obrigação, para ser consignada no orçamento como despesa pública a ser paga no exercício financeiro seguinte. Com a inclusão do valor na dotação “sentenças judiciais” ou “precatórios”, os valores serão liberadores e o presidente do Tribunal determinará o pagamento dos precatórios. Regra Geral dos Precatórios Entre os precatórios comuns e os alimentares, os alimentares são pagos com preferência, mas igualmente numa ordem de precatórios. Logo, há duas ordens de precatórios: uma dos precatórios gerais e outra dos precatórios alimentares, sendo que os alimentares têm preferência sobre os demais. Dentro dos precatórios alimentares estão os honorários advocatícios. Súmula Vinculante 47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza. § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. Apenas os valores limitados ao triplo do fixado em lei como crédito de pequeno valor é que poderão ser pagos dentro do regime privilegiado. 1º Lugar – Créditos Alimentares de idosos, portadores de doenças graves e pessoas com deficiência; 2º Lugar – Créditos alimentares de pessoas não alcançadas anteriormente; 3º Lugar – Créditos não alimentares ou comuns. Requisição de Pequeno Valor O Constituinte deixou à lei de cada ente federativo o poder de definir o que significa pequeno valor dentro, é óbvio, da sua capacidade econômica. Enquanto cada ente não estipular por lei própria quanto seria esse pequeno valor, o art. 87 da ADCT traçou as regras, definindo valores iguais ou inferiores a: a) 60 salários-mínimos, perante a União; 11 b) 40 salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados/DF; c) 30 salários-mínimos, perante a Fazenda Municipal. Nenhum ente pode estabelecer uma requisição de pequeno valor menor do que o teto do maior benefício do regime geral de previdência social. No que diz respeito ao RPV em ações plúrimas, o STJ entende que, tanto para aferir a competência pelo valor da causa, quanto para a expedição de RPV, há de se considerar o valor pleiteado individualmente e não o valor total da ação. STF: é devida correção monetária no período compreendido entre a data de elaboração do cálculo da requisição de pequeno valor e sua expedição para pagamento. Exceções ao Regime – O Caso dos Anistiados O STF entendeu não ser necessária a inclusão no regime de precatório o pagamento das indenizações devidas aos anistiados políticos, desde que existam rubricas no orçamento destinadas a esse fim e haja reconhecimento do direito. Com esse entendimento, valorizou-se a autoridade da lei orçamentária, na medida em que disposições nele contidas podem ser juridicamente exigidas e diretamente pagas. Função Administrativa do Tribunal Compete ao Tribunal enviar às Fazendas Públicas o ofício requisitando a inclusão na LOA dos valores decididos judicialmente e receber aludidos valores para o posterior pagamento. Trata-se de procedimento administrativo e não judicial, sendo que o Presidente do Tribunal deve desempenhar com zelo e retidão, sob pena de crime de responsabilidade. É possível ainda o sequestro das contas públicas que se dá nas hipóteses de preterimento do direito de precedência do credor ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, momento em que o credor deverá requer ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão exequenda essa medida. Complementação, Suplementação e Fracionamento do Precatório O precatório complementar cabe quando a dívida não é inteiramente satisfeita perante ao titular do crédito e o suplementar na hipótese de precatório inteiramente pago, mas que, por conta do atraso, faz-se necessário suplementar o pagamento para quitar os juros e correção monetária devida pela Fazenda. STF: os pagamentos de complementação de débitos da Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal, decorrentes de decisões judiciais, deverão ser objeto de novo precatório, sem, contudo, ser necessária nova citação da Fazenda Pública. 12 A proibição constitucional para a expedição de precatório complementar ou suplementar se dá na hipótese de sua ocorrência para fins de pagamento fracionado, nos termos do § 8º do art. 100 da CF. Exceção há na hipótese de precatório de natureza alimentar, quando o seu beneficiário, originário ou por sucessão hereditária, possuir 60 anos de idade ou mais, ou for portador de doença grave, ou pessoa com deficiência, definida em lei. Nesse caso, ele poderá receber parte dos seus valores de forma adiantada, dentro do limite já estudado, admitido o fracionamento para receber a quantia final, dentro da ordem dos precatórios alimentares. Para o STF, também é possível o fracionamento de precatório para pagamentode honorários advocatícios, pois o titular do precatório é distinto do titular dos honorários. Não viola o art. 100, §8º da CF o fracionamento do valor da execução, em caso de litisconsórcio facultativo, para expedição de requisição de pequeno valor em favor de cada credor. Nesse caso, as execuções promovidas pelos litisconsortes nascem fracionados, de modo que se deve considerar cada litigante autonomamente, que, por, sua vez, receberá o que lhe for devido individualmente segundo a sentença proferida – Info 760. Compensação de Precatório realizado pela Fazenda pública § 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial. § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. O STF no julgamento das ADIS 4357 e 4425 considerou inconstitucional a redação desses parágrafos, sob alegação de ofensa ao princípio da isonomia. Com a decisão, o pagamento do precatório deverá ocorre de forma integral, sem qualquer dedução de dívidas do credor do precatório junto ao ente devedor. Assim como é vedado ao contribuinte compensar de ofício a sua dívida tributária com os seus créditos junto ao Erário, frutos até mesmo de sentenças transitadas em julgado, ficou igualmente vedada a compensação de ofício pelo Estado. STF também entendeu pela Impossibilidade de compensação de ofício com RPV, pelas mesmas razões. Precatórios e Reflexos Tributários Compensação de Precatório realizado pelo Contribuinte 13 O CTN demanda lei para compensação, não bastando a simples existência de créditos. O STJ já se manifestou pela impossibilidade de compensação de tributos com precatórios se não houver previsão legal especifica. O STJ considerou também inconstitucional o art. 78, § 2º do ADCT. Com a EC 62/09 a única hipótese na atualidade de compensação de tributos com precatória prevista na CF é a descrita no §10 do art. 97, II do ADCT. No entanto, tal artigo foi julgado inconstitucional. Assim, não existe mais o fundamento da revogação tácita do art. 78, § 2º do ADCT. Sendo a norma revogadora considera inconstitucional, ela é nula desde o inicio, significando que ela não foi apta para revogar validamente a lei anterior que tratava da mesma matéria. Entretanto, o STF ainda não se manifestou sobre o tema. A EC 94/16 trouxe um novo regime e expressamente permitiu ao credor de precatório a sua compensação, desde que observados os requisitos previsto na lei e nos termos do art. 105, ADCT: Art. 105. Enquanto viger o regime de pagamento de precatórios previsto no art. 101 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, é facultada aos credores de precatórios, próprios ou de terceiros, a compensação com débitos de natureza tributária ou de outra natureza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos na dívida ativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observados os requisitos definidos em lei própria do ente federado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 94, de 2016) § 1º Não se aplica às compensações referidas no caput deste artigo qualquer tipo de vinculação, como as transferências a outros entes e as destinadas à educação, à saúde e a outras finalidades. (Numerado do parágrafo único pela Emenda constitucional nº 99, de 2017) § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios regulamentarão nas respectivas leis o disposto no caput deste artigo em até cento e vinte dias a partir de 1º de janeiro de 2018. (Incluído pela Emenda constitucional nº 99, de 2017) § 3º Decorrido o prazo estabelecido no § 2º deste artigo sem a regulamentação nele prevista, ficam os credores de precatórios autorizados a exercer a faculdade a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Emenda constitucional nº 99, de 2017) Precatórios e o Processo Executivo Fiscal O STJ reconhece a possibilidade de penhora de precatórios, independente de se tratar da mesma entidade devedora. Entretanto, compete à discricionariedade da Fazenda Pública aceitar o precatório para substituir outro bem penhorado, por força da Súmula 406 do STJ: A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório. Precatório e Certidão Negativa de Débito – CND O STF considerou inconstitucional o art. 19 da Lei 11.033/04, que condicionada o levantamento de precatório à apresentação de certidões negativas, por violar o art. 5º, XXXVI e 100 da CF, julgando ser desnecessária a comprovação de quitação e regularidade fiscal para a satisfação do direito do 14 jurisdicionado a recebimento de créditos reconhecido pela Justiça, além de haver, na própria Fazenda Pública, meios próprios e adequados para cobrar os débitos tributários. Precatórios, Depósitos Judiciais e Litigância Tributária – LC 151/15 A LC 151/15 permitiu que 70% dos depósitos judiciais e administrativos em dinheiro, envolvendo matéria tributária ou não, nos quais os Estados/DF e Municípios sejam parte, sejam transferidos aos cofres destes entes, para serem utilizados para pagamento de precatórios em atraso, dívida pública fundada, despesas de capital e recomposição dos fluxos de pagamento e do equilíbrio atuarial dos fundos de previdência. O tema foi reforçado pela EC 94/16 que expressamente permitiu o pagamento de precatórios com valores decorrentes desses depósitos, conforme o art. 101, §2º, do ACDT. Aquisição de Imóveis Públicos com Precatórios § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em lei da entidade federativa devedora, a entrega de créditos em precatórios para compra de imóveis públicos do respectivo ente federado. Atualização Monetária dos Precatórios Expedido o precatório, deve o credor aguardar o seu pagamento até o final do ano seguinte, contando apenas com a correção monetária dos valores, mas não com os juros da mora, já que a Administração encontra-se dentro do prazo para o pagamento, conforme a Súmula Vinculante 17: Durante o período previsto no § 1º do art. 100 da CF, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. Cessão de Precatórios O credor poderá ceder total ou parcialmente seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor. § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. Regime Especial de Precatórios – EC 62/09 A EC 62/09 criou o Regime Especial de Precatórios, consiste na vinculação de parte da Receita Corrente Líquida dos entes ao pagamento de precatórios. Os valores seriam depositados em conta especial criada para este fim, que ficaria com a Administração do Tribunal local para fins de pagamento de precatórios. 15 O novo regime previu o pagamento dos precatórios de forma parcelada, em 15 anos, o que o STF entendeu como um verdadeiro calote do Poder Público. Com a decisão pela inconstitucionalidade, volta-se à regra do regime anterior, em que o ente tem a obrigação de incluir no orçamento determinado valor para a quitação de precatório, mas não há vinculação de um percentual específico, o que poderia retomar o argumento defaso de que, na ausência de um recursos paraquitar todos os precatórios, os entes continuariam a pagar a quantia que lhes interessasse, sem qualquer garantia de um valor mínimo, como pretendeu o Regime Especial. Como era aplicado o Regime Especial de Precatórios Ele deveria ser aplicado aos precatórios vencidos e aos emitidos durante o período de vigência do Regime Especial. Havia o regime mensal, modalidade em que o ente depositava determinado percentual da RCL, calculado sobre 1/12 dessa receita apurada no segundo mês anterior ao mês do depósito, e o regime anula, em que o percentual a ser depositado deveria corresponder, anualmente, ao salto total dos precatórios devidos divido pelo número de anos restantes. Eles podiam ser divididos em duas montas de 50%, sendo que uma parte, pelo menos 50% utilizada para pagamento de precatórios de ondem cronológica de apresentação e a outra segunda parte poderia ser utilizada para pagamentos feitos: a) Via leilão; b) Por pagamento à vista; c) Por acordo com os credores. Da Modulação dos Efeitos da Decisão do STF O STF, em decisão do pleno, modulou os efeitos da declaração de inconstitucionalidade da EC 62/09: a) Dando-lhe sobrevida por 5 exercícios, a contar de 1º/01/2016; b) Declarou inconstitucional os seguintes dispositivos, com eficácia ex nunc, a partir de 25/03/2015: i. Aplicação do índice oficial de remuneração da caderneta de poupança – TR até 25/03/2015 e, após essa data, correção pelo IPCA-E para os créditos não tributários e a SELIC para os tributários; ii. Ressalvas aos precatórios já expedidos pela União que fixam IPCA-E como índice de correção; c) Validade das compensações, leilões e pagamentos à vista realizados até 25/03/2015 e manutenção de possibilidade de acordo diretos, com redução máxima de 40% do crédito atualizado; d) Manutenção de percentuais vinculados ao pagamento de precatórios, no prazo de 5 anos. 16 ECs 94/16 e 99/17 e o Novo Regime de Pagamento de Precatórios Os arts. 101 a 105 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, inseridos pela Emenda Constitucional 94/2016, estabelecem um regime especial para pagamento de precatórios a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios que, em 25 de março de 2015, estivessem em mora com o pagamento de seus precatórios. Nos termos do referido regime especial, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, em 25 de março de 2015, estiverem em mora com o pagamento de seus precatórios deverão adimplir seus débitos vencidos até 31 de dezembro de 2020 (e também os que se vencerem nesse período), mediante depósitos mensais previstos nos já mencionados dispositivos constitucionais. A Emenda Constitucional 99/2017 modificou a redação do art. 101 do ADCT da Constituição Federal para ampliar o prazo ali previsto. Rigorosamente, não houve a instituição de um novo regime especial, mas mudanças naquele já instituído pela Emenda Constitucional 94/2016. De acordo com a nova redação conferida ao referido art. 101, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, em 25 de março de 2015, estiverem em mora com o pagamento de seus precatórios deverão adimplir seus débitos vencidos até 31 de dezembro de 2024 (e também os que se vencerem nesse período), atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por outro índice que venha a substituí-lo. O prazo para adimplemento, que se relacionava com os débitos vencidos até 31 de dezembro de 2020, passou a abranger os débitos vencidos até 31 de dezembro de 2024. A EC 99/2017 ampliou, portanto, o prazo em mais 4 (quatro) anos, de 31 de dezembro de 2020 para 31 de dezembro de 2024. Houve, ainda, a mudança do incide de correção monetária. Com a EC 99/2017, o índice passou a ser o IPCA-E. Já vimos que o regime especial instituído pela Emenda Constitucional 94/2016 – e posteriormente alterado pela Emenda Constitucional 99/2017 – não se aplica à União. O regime especial aplica-se apenas aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que preencham a hipótese prevista no art. 101 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Assim, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, em 25 de março de 2015, estavam em mora no pagamento de seus precatórios devem, até 31 de dezembro de 2024, saldar seus débitos vencidos (aí incluídos os que se vencerem dentro desse período), atualizados pelo IPCA-E, mediante depósitos mensais em conta especial do Tribunal de Justiça local, sob única e exclusiva administração deste, de 1/12 (um doze avos) do valor calculado percentualmente sobre suas receitas correntes líquidas apuradas no segundo mês anterior ao mês de pagamento, em percentual suficiente para o pagamento de seus débitos e, ainda que variável, nunca inferior, em cada 17 exercício, ao percentual praticado na data entrada em vigor do regime especial, tudo conforme o plano de pagamento a ser anualmente apresentado ao Tribunal de Justiça local. A Emenda Constitucional 99/2017 alterou o § 2º do art. 101 do ADCT da Constituição Federal, acrescentando novos incisos (o III e o IV), além de inserir os §§ 3º e 4º. Ampliou-se a possibilidade de utilização dos valores de depósitos judiciais para pagamento dos precatórios pendentes. O débito de precatórios, nos termos do § 2º do art. 101 do ADCT da Constituição Federal, será pago com recursos orçamentários próprios provenientes das fontes de receita corrente líquida e, adicionalmente, poderão ser utilizados recursos dos depósitos judiciais e dos depósitos administrativos em dinheiro referentes a processos judiciais ou administrativos, tributários ou não tributários, nos quais sejam parte os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios, e as respectivas autarquias, fundações e empresas públicas, mediante a instituição de fundo garantidor ali mesmo previsto. Quanto aos 30% (trinta por cento) dos demais depósitos judiciais, também podem ser utilizados para pagamento dos precatórios, nos termos do inciso II do referido § 2º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios também podem valer-se de empréstimos para pagar os precatórios pendentes, conforme previsão do inciso III do § 2º do mencionado art. 101. Os depósitos em precatórios e requisições de pagamento de pequeno valor efetuados até 31 de dezembro de 2009 e ainda não levantados podem, de igual modo, servir para pagamento de precatórios pendentes e ainda não pagos. Nesse caso, os precatórios e RPVs, cujos depósitos tenham sido feitos até 31 de dezembro de 2009 e ainda não levantados, devem ser cancelados, podendo os aludidos depósitos ser transferidos para a conta especial mantida no Tribunal de Justiça para pagamento dos precatórios pendentes e ainda não adimplidos. Cancelados os precatórios e requisitórios, seus respectivos credores podem requerer novamente aos correspondentes juízes das execuções a renovação da sua expedição. Colhida a manifestação da entidade devedora, o precatório pode ser novamente expedido, mantida a posição de ordem cronológica original e a remuneração de todo o período. A Emenda Constitucional 99/2017 introduz um § 2º ao art. 101 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para estabelecer que “as preferências relativas à idade, ao estado de saúde e à deficiência serão atendidas até o valor equivalente ao quíntuplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º do art. 100 da Constituição Federal, admitido o fracionamento para essa finalidade, e o restante será pago em ordem cronológica de apresentação do precatório”. Na vigência desse regime especial, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, cujos estoques de precatórios ainda pendentes de pagamento superem 70% (setenta por cento) das respectivas receitas correntes líquidas (aí incluídos os precatórios a pagar de suas entidades da administração indireta), estão proibidos de realizar desapropriações, excetuadas aquelas para fins de necessidade pública nas 18 áreas de saúde, educação,segurança pública, transporte público, saneamento básico e habitação de interesse social. Enquanto os Estados, o Distrito Federal e os Municípios estiverem submetidos a esse regime especial e efetuando o pagamento da parcela mensal devida, nem eles, nem as respectivas autarquias, fundações e empresas estatais dependentes poderão sofrer sequestro de valores, exceto no caso de não liberação tempestiva dos recursos. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem regulamentar, por leis próprias, esse regime especial em até 120 (cento e vinte) dias a partir de 1º de janeiro de 2018. Decorrido tal prazo sem a regulamentação, é facultada aos credores de precatórios, próprios ou de terceiros, a compensação com débitos de natureza tributária ou de outra natureza que até 25 de março de 2015 tenham sido inscritos na dívida ativa dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observados os requisitos definidos em lei própria do ente federado. Regimes Especiais Anteriores à EC 62/09 O art. 33 da ADCT criou um parcelamento compulsório de 8 prestações anuais, para pagamento de precatórios judiciais pendentes em 05/10/1988, ressalvados os alimentares. A EC 30/2000, por sua vez, autorizou o parcelamento em 10 anos. Esse regime foi recentemente suspenso pelas ADIs 2362 e 2356, que o considerou inconstitucional. Intervenção Federal A CF prevê a possibilidade de intervenção federal da União nos Estados e DF se houver suspensão do pagamento da dívida fundada por mais de 2 anos consecutivos, salvo motivo de força maior. O descumprimento voluntário e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. A ausência de voluntariedade em não pagar precatórios, consubstanciada na insuficiência de recursos para satisfazer os créditos contra a Fazenda Estadual no prazo previsto na Constituição, não legitima a subtração temporária da autonomia estatal, mormente quando o ente público, apesar da exaustão do erário, vem sendo zeloso, na medida do possível, com suas obrigações derivadas de provimentos judiciais. Despesas Públicas e o Novo Regime Fiscal – EC 95/16 Com um período de 20 anos, tem por finalidade limitar o crescimento dos gastos públicos à inflação do exercício financeiro anterior medida pelo IPCA. Trata-se de regime que alcança as despesas primarias de todos os órgãos e poderes da União e tem por fim gerar credibilidade externa para que haja diminuição da dívida pública e do montante de pagamento dos juros. 19 Há diversas exceções a esse regime, como ocorre com a divisão das receitas tributárias, abertura de créditos extraordinários, despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização de eleições e despesas com aumento de capital de empresas estatais não dependentes. Na hipótese de a União ou seus órgãos e demais poderes violarem os limites de crescimento das despesas, surgem diversas vedações, dentre elas a de reajuste dos vencimentos anuais dos servidores públicos. Período Art. 106. Fica instituído o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios financeiros, nos termos dos arts. 107 a 114 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) Art. 108. O Presidente da República poderá propor, a partir do décimo exercício da vigência do Novo Regime Fiscal, projeto de lei complementar para alteração do método de correção dos limites a que se refere o inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) Observado o período de tempo, apena só Executivo tem competência para iniciar o projeto de LC para alterar o método de correção do aludido regime e só poderá haver uma alteração por mandato presidencial. Alcance do Regime Alcança apenas as despesas primárias, aquelas sem relação com os juros e a dívida pública e é de observância obrigatória de todos os Poderes e órgãos. Não alcança as despesas financeiras. Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limites individualizados para as despesas primárias: I - do Poder Executivo; II - do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça, da Justiça do Trabalho, da Justiça Federal, da Justiça Militar da União, da Justiça Eleitoral e da Justiça do Distrito Federal e Territórios, no âmbito do Poder Judiciário; III - do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Tribunal de Contas da União, no âmbito do Poder Legislativo; IV - do Ministério Público da União e do Conselho Nacional do Ministério Público; e V - da Defensoria Pública da União. Clara finalidade em limitar os gastos de custeio da máquina pública, bem como os investimentos a fim de sobrarem recursos para o pagando da dívida pública. 20 § 10. Para fins de verificação do cumprimento dos limites de que trata este artigo, serão consideradas as despesas primárias pagas, incluídos os restos a pagar pagos e demais operações que afetam o resultado primário no exercício Art. 113. A proposição legislativa que crie ou altere despesa obrigatória ou renúncia de receita deverá ser acompanhada da estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) Art. 114. A tramitação de proposição elencada no caput do art. 59 da Constituição Federal, ressalvada a referida no seu inciso V, quando acarretar aumento de despesa ou renúncia de receita, será suspensa por até vinte dias, a requerimento de um quinto dos membros da Casa, nos termos regimentais, para análise de sua compatibilidade com o Novo Regime Fiscal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 95, de 2016) Isso equivale dizer que não apenas a criação de despesa deve observar o limite de gasto agora imposto, mas também a concessão de benefícios fiscais, de modo a se evitar que pela diminuição da receita o equilíbrio não seja também atingido de maneira desordenada. Indexador do Crescimento das Despesas As despesas globais não mais crescerão de acordo com as necessidades públicas, mas sim de acordo com o montante gasto no exercício anterior corrigido pelo IPCA. O IPCA de um ano indicará exatamente quanto o governo poderá gastar a mais no ano seguinte. Cumpre lembrar que a limitação alcança também os créditos adicionais suplementares e especiais. Exceções ao Regime Transferências Constitucionais Art. 20, §1º Divisão de royalties Art. 146, p. ú., III Repartição de impostos dos Estados/DF e Municípios arrecadados pela União através do Simples Nacional Art. 153, § 5º Repartição do IOF-Ouro Art. 157 IRPF Estados e Imposto residual da União Art. 158, p. ú. IRRF Municípios e ITR Art. 159 IR e IPI para os Fundos; 10% IPI compensação pelas desonerações; 29% CIDE-Combustíveis Art. 212, § 6º Contribuição salário-educação Abertura de créditos extraordinários – art. 163, § 3º Despesas não recorrentes da Justiça Eleitoral com a realização de eleições Despesas com aumento de capital de empresas estatais não dependentes Compensações a curto prazo às despesas dos demais órgãos e Poderes Art. 107. Ficam estabelecidos, para cada exercício, limites individualizados para as despesas primárias: § 7º Nos três primeiros exercícios financeiros da vigência do Novo Regime Fiscal, o Poder Executivo poderá compensar com redução equivalente na sua despesa primária, consoante os valores estabelecidos no projeto de lei orçamentária encaminhado pelo Poder Executivo no respectivo 21 exercício, o excesso de despesas primárias em relação aos limites de que tratam os incisos II a V do caput deste artigo. § 8º A compensação de que trata o § 7º deste artigo não excederá a 0,25% (vinte e cinco centésimos por cento) do limite do Poder Executivo. § 9º Respeitadoo somatório em cada um dos incisos de II a IV do caput deste artigo, a lei de diretrizes orçamentárias poderá dispor sobre a compensação entre os limites individualizados dos órgãos elencados em cada inciso. Vedações Art. 109. No caso de descumprimento de limite individualizado, aplicam-se, até o final do exercício de retorno das despesas aos respectivos limites, ao Poder Executivo ou a órgão elencado nos incisos II a V do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias que o descumpriu, sem prejuízo de outras medidas, as seguintes vedações: I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de membros de Poder ou de órgão, de servidores e empregados públicos e militares, exceto dos derivados de sentença judicial transitada em julgado ou de determinação legal decorrente de atos anteriores à entrada em vigor desta Emenda Constitucional; II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios; V - realização de concurso público, exceto para as reposições de vacâncias previstas no inciso IV; VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza em favor de membros de Poder, do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e empregados públicos e militares VII - criação de despesa obrigatória; e VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação, observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da Constituição Federal. § 1º As vedações previstas nos incisos I, III e VI do caput, quando descumprido qualquer dos limites individualizados dos órgãos elencados nos incisos II, III e IV do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, aplicam-se ao conjunto dos órgãos referidos em cada inciso. 22 § 2º Adicionalmente ao disposto no caput, no caso de descumprimento do limite de que trata o inciso I do caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, ficam vedadas: I - a criação ou expansão de programas e linhas de financiamento, bem como a remissão, renegociação ou refinanciamento de dívidas que impliquem ampliação das despesas com subsídios e subvenções; e II - a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária. § 3º No caso de descumprimento de qualquer dos limites individualizados de que trata o caput do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, fica vedada a concessão da revisão geral prevista no inciso X do caput do art. 37 da Constituição Federal. § 4º As vedações previstas neste artigo aplicam-se também a proposições legislativas. Novo Regime Fiscal e a Proteção dos Direitos Sociais Art. 110. Na vigência do Novo Regime Fiscal, as aplicações mínimas em ações e serviços públicos de saúde e em manutenção e desenvolvimento do ensino equivalerão: II - nos exercícios posteriores, aos valores calculados para as aplicações mínimas do exercício imediatamente anterior, corrigidos na forma estabelecida pelo inciso II do § 1º do art. 107 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Apenas a partir de 2018 é que as duas áreas passarão a seguir o critério da inflação IPCA. Essa restrição destina-se a União. Estados/DF e Municípios continuarão vinculados aos gastos mínimos constitucionais previstos para a saúde e a educação. Despesas Públicas e a LRF Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer ingresso. Após a programação financeira, os órgãos e as unidades orçamentárias ficam autorizados a efetuarem o empenhos e daí se seguem as etapas da realização das despesas públicas, quais seja, a liquidação e o pagamento. Limitação de Empenho Se verificado ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Pública promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos 30 dias subsequentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela LDO. 23 O § 2º do art. 9º determina quais obrigações não poderão ser objeto de limitação de empenho: a) As despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do ente (gastos com saúde, educação, transferências constitucionais, por exemplo); b) As destinadas ao pagamento do serviço da dívida; c) As ressalvadas pela LDO. O Poder Executivo não poderá efetuar a limitação de empenho dos demais Poderes e Ministério Público. Cada um deles, por ato próprio, respeitando os critérios ditados na LDO, deve promover a sua limitação de empenho. O que não pode é o Poder Executivo ser o único a sofrer limitações. No julgamento da Medica Cautelar no MS 34483, a 2ª Turma do STF permitiu a redução de até 19,6% dos repasses feitos mensalmente pelo Estado do Rio de Janeiro aos Poderes Judiciários e Legislativo, tendo em vista a grave crise econômica que passa o Estado. Geração de Despesa Toda criação, expansão ou aperfeiçoamento (CEA) de ação do governo que gere aumento de despesa deve, necessariamente, ser acompanhado: a) Da estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes (Estimativa trienal); b) Da declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e com a LDO. 1. Adequada com a LOA – a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos par ao exercício; 2. Compatível com a PPA e LDO – a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumento e não infrinja qualquer de suas disposições. Caso alguma despesa seja criada, expandida ou aperfeiçoada sem observância desses requisitos, ela será considerada não autorizada, irregular ou lesiva ao patrimônio público, devendo ser anulada. Exceção à observância desses requisitos são as despesas consideradas irrelevantes pela LDO. Despesa Obrigatória de Caráter Continuado – art. 17 Considera-se Despesa Obrigatória de Caráter Continuado – DOCC: a) A despesa corrente; b) Derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo; c) Que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. 24 O agente público deverá, assim como se deu com a criação, aperfeiçoamento ou expansão da despesa: a) Demonstrar a origem dos recursos para o seu custeio; b) Realizar estimativa trienal do impacto dessas despesas; c) Comprovar que o ato criado não afetará as metas de resultados fiscais previstas no Anexo de Metas Fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa. Em se tratando de despesa continuada, é condição especial para a sua realização a implantação de medidas que visem ao aumento da receita pública. Sem tal, não há de se falar em despesa com essa característica. Logo, o Administrador deverá implementar essas medidas antes da criação ou aumento das despesas obrigatórias de caráter continuado. Exceções a essesrequisitos são as despesas destinadas ao serviço da dívida ou ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da CF. Se considera aumento de despesa a prorrogação daquela criado por prazo determinado. Comparativo CEA DOCC Art. 16 Art. 17 Regras Gerais para Despesas Criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental e, por conta disso há um aumento de despesa Despesa obrigatória de caráter continuado – aquela que haja a obrigação estabelecida numa norma de sua execução por prazo superior a 2 anos. Deve ser corrente, de manutenção do ente. Condições Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício atual + 2 seguintes; Adequação com PPA, LDO e LOA. Estimativa do art. 16 + demonstração da origem dos recursos. Demonstrar a não-afetação das metas de resultados fiscais; Estabelecer medidas de compensação que podem ser aumento de receita ou redução de despesa. Exceções Despesas consideradas irrelevante – LDO Despesas vinculadas aos serviços da dívida: pagamento da dívida pública. Despesas vinculadas aos reajustes de remuneração de servidores. Despesa Com Pessoal Qualquer ato do governo que implique aumento de despesa de pessoal, até mesmo a admissão ou contratação, necessita de prévia dotação orçamentária e guarida tanto na LDO quanto na LOA. A autorização deve ser prévia e suficiente, ou seja, anterior e com valores suficientes para a demanda de elevação de gastos, além disso, a constituição exige autorização específica na LDO, com ressalva às empresas públicas e às sociedades de economia mista, tendo em vista a exigência de seu 25 tratamento nivelado com as empresas privadas, inclusive quanto às responsabilidades tributárias, nos termos do art. 173 da CF. Nesse caso, a CF deixou de lado a autorização na LDO, mas manteve a exigência de prévia dotação orçamentária. Conceito Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. É uma definição ampla, pois envolve, além dos servidores ativos e inativos, todos os pagamentos que lhe são feitos como fruto da relação de trabalho/emprego e os encargos incidentes sobre aludidos pagamentos, como INSS, SAT e FGTS. Porém, não entram no conceito de despesa com pessoal as consideradas indenizatórias, como o auxílio-alimentação, transporte, diárias, ajuda de custo. Para a sua apuração leva-se em conta o período de 12 meses, analisando-se o mês de referência com os 11 anteriores. Entra no computo de despesas de pessoal o gasto com os contratos de terceirização de mão de obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos, classificados como outras despesas de pessoal. Para que haja a caracterização das Outras Despesas de Pessoal e efetiva substituição de servidores ou empregados, como reza a lei, em regra, exige a preexistência do respectivo cargo no quadro de pessoal. Ex: Município sem Procurador, quando o Prefeito contrata um Advogado para prestar serviços jurídicos, não há terceirização para fins de computo de outras despesas com pessoal. É possível a contabilização das despesas de servidores vinculados a recebimentos de outro ente federativo fora do alcance da despesa de pessoal do ente, visto que há mero repasse anteriormente contabilizado pelo ente transferidos, inclusive como despesa de pessoal. Acontece quando os municípios recebem a título de incentivo financeiro para pagamento de algumas categorias de servidores, bem como para atender programas federais. Nesses casos, os municípios pagam apenas o valor correspondente à complementação do repassa, pois a maior patê dos vencimentos é paga com recursos transferidos com esse fim pela União. Limites de Gasto Os limites percentuais para gastos com pessoal toma como referência o total de Receita Corrente Líquida – RCL 26 União 50% Estados/DF e Municípios 60% Esse limite tem como referência a despesa do mês analisado. Limites para as despesas com pessoal em % da RCL Poder/Ente União Estados Municípios Executivo 40,9* 49 54 Legislativo 2,5 3** 6*** Judiciário 6 6 Ministério Público 0,6 2 Total 50 60 60 *O Executivo Federal é responsável por determinados gastos de pessoa do DF e dos antigos territórios, hoje Estados do Amapá e Roraima, sendo assim, 3% desse montante são destacados para as despesas com pessoal desses entes federativos, restando 37,9% para serem gastos; **Nos Estados em que há TCMs o limite de gasto do Legislativo passa para 3,4% e o Poder Executivo fica com 48,6% ***Seu gasto com pessoa não poderá ser superior a 70% da sua receita. Exceções ao cômputo dos gastos Além das despesas consideradas como indenizatórias não são despesas de pessoal para fins da LRF, o § 1º do art. 19 expressamente excluiu algumas despesas do cômputo do gasto com pessoal: a) Indenização por demissão de servidores ou empregados; b) Relativas a incentivos à demissão voluntária; c) Decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2º do art. 18 (mês de referência somado aos 11 anteriores); d) Com pessoal do DF, Amapá e Roraima, custeados com recursos transferidos pela União, na forma da Constituição; e) Com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes: 1) Da arrecadação de contribuições dos segurados; 2) Da compensação financeira que trata o § 9º do art. 201 da CF; 3) Das demais receitas diretamente arrecadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro. Despesas Nulas De acordo com art. 21 da LFR, é nulo de pleno direito o ato que provoque aumento de despesa com pessoal e não atenda: a. As exigências para criação das despesas obrigatórias de caráter continuado; b. As exigências para criação, expansão ou aperfeiçoamento de despesa; c. Previsão na LDO; d. O percentual de reserva dos cargos e empregos público para os portadores de deficiências e os critérios de sua admissão definidos em lei; e. O limite de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo; 27 f. O ato que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo poder ou órgão; g. O ato que promova a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias ao salário- mínimo. Controle dos Gastos de Pessoal Limite Alerta: previsto no art. 59, § 1º, II, compete aos TCs fazê-lo, e se dá quando a despesa de pessoal ultrapassa 90% do limite previsto em lei. Limite Prudencial: se a despesa com pessoal exceder 95% do limite de cada órgão ou Poder, os TCs notificam o Gestor e, a partir daí, a LRF traz algumas vedações: Art. 22. Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoala qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. Assim, enquanto não ultrapassado o teto 95% do limite, o reajuste serve de exceção ao limite prudencial. Alcançando-o, até os reajustes restam mitigados, sob pena de se levar o gestor a ter verdadeiras sanções políticas e jurídicas pelo próprio cumprimento da norma legal. Excesso de Despesa: prazo e medidas para sua eliminação: a verificação do cumprimento dos limites é feita ao final de cada 4 meses, como dito. Assim, se ao final de quatro meses for apurada a superação do limite, haverá a recondução nos próximos 2 quadrimestres = 8 meses, sendo pelo menos 1/3 no primeiro quadrimestre. ATENÇÃO! Esse prazo não é observado quando: a) a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de poder ou órgão - nesse caso, reduz-se o prazo para um quadrimestre; b) em caso de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, em relação à União, e pela Assembleia Legislativa, em relação a Estados e Municípios, e enquanto perdurar a situação, será suspensa a contagem dos prazos {art. 65); 28 c) em caso de crescimento real baixo ou negativo do PIB nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres, os prazos do artigo serão duplicados. (Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação 1 real acumulada do PIB inferior a 1%, no período correspondente aos quatro últimos trimestres - art. 66). Nessa 1 hipótese, se a despesa total com pessoal, do Poder o órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas prevlsts1s no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos quatro quadrimestres seguintes, pelo menos um terço nos dois primeiros, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos§§ 3' e 4' do art. 169 da Constituição. Direito a Nomeação e Limitação orçamentária: Para o STF, essas situações deveriam ser dotadas das seguintes características: a) Superveniência, ou seja, vinculadas a fatos posteriores à publicação do edital; b) Imprevisibilidade, isto é, determinadas por circunstâncias extraordinárias; c) Gravidade, de modo a implicar onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras editalícias; d) Necessidade, traduzida na ausência de outros meios, menos gravosos, de se lidar com as circunstâncias. Classificados em posições acima do limite de vagas previsto no edital, eles queriam ser nomeados para novas vagas que surgiram posteriormente. Como a Secretaria de Planejamento e Orçamento do Distrito Federal comprovou a falta de recursos orçamentários para promover as nomeações sem violar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que impõe limite de gastos com pessoal, o STJ entendeu que se tratava de motivação adequada. Medidas Constitucionais de Gastos com Pessoal I. Redução em 20% das despesas com cargos em comissão; II. Exoneração dos servidores não estáveis; e III. Exoneração do servidor estável, caso as medidas adotadas não tenham sido suficientes para se alcançar o limite legal. Direito à Revisão Anual em tempos de crime financeira: Assim, se por um lado o servidor tem direito ao reajuste anual dos vencimentos, por outro, o Estado só pode conceder qualquer reajuste quando há autorização orçamentária, indicação das fontes de recursos, previsão na LDO, observância do limite legal da LRF, sob pena de, violando tais normas, o gestor restar com as suas contas rejeitas, além de diversas sanções jurídicas e políticas. Sanções: Uma vez esgotado o prazo para a redução da despesa com pessoal, e não sendo o limite atingido, o § 3° do art. 23 da LRF prevê as seguintes penalidades ao ente federativo: 29 1) Suspensão das transferências voluntárias ao ente, ressalvadas as destinadas à saúde, à educação e à assistência social; 2) Impedimento de contratação de operações de crédito, ressalvada as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as destinadas às de despesas com pessoal (PDVs); e 3) Impedimento de receber qualquer garantia de outro ente. Despesas com a Seguridade Social Como visto, a LRF apenas repete a norma já contida no art. 195, § 5° da CF/8825 e exige a observância do art. 17 da LRF, já estudado, uma vez que gastos com a seguridade social têm natureza de despesa de caráter continuado. Requisitos constantes no art. 17 da LRF, essenciais também para a efetivação das despesas com a seguridade social: a) Demonstrar a origem dos recursos para o seu custeio total; b) Instruir a despesa com a estimativa trienal do impacto dessas despesas (§ 1° do art. 17), ou seja, no exercício em que deva entrar em vigor a despesa e nos dois subsequentes; c) Demonstrar que o ato criado não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no§ 1° do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, d) Ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa (§ 2° do ar. 17). Segundo o § 1 ° do art. 24 da LRF, fica dispensada da compensação referida no art. 17 da LRF o aumento de despesa decorrente de: I. Concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; II. Expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados; e III. Reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real. Destinação de Recursos para o Setor Privado São 3 os requisitos para a transferência de recursos do setor público para o setor privado: a) Deverá ser autorizada em lei especifica; b) Atender a outras condições previstas na LDO; c) Estar prevista em dotações da LOA ou em créditos adicionais. Cooperação entre os Entes Federativos Dada a necessidade de boa prestação de serviços públicos, muitos deles de competência da União e dos Estados, em diversas situações os Municípios são compelidos a cooperarem com os entes 30 federativos, através de dispêndios de recursos, a fim de que aludidos serviços sejam de fato prestados. Nesse ponto, o art. 62 da LRF previu essa possibilidade desde que haja previsão na Loa, na LDO e um convênio entre os entes. Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de competência de outros entes da Federação se houver: · I – Autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual; II – Convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação. Logo, sem autorização na LDO e na LOA, além da existência de algum convênio ou acordo entre os entes, a cooperação não pode ocorrer. Transferências Transferências Obrigatórias Trata-se de recursos que o legislador constituinte, na sua grande maioria, determinou o seu repasse, pois dizem respeito à sobrevivência do próprio ente beneficiado. Transferências Voluntárias Entrega de recursos correntes sou de capital a outro ente da Federação a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou dos destinados ao SUS. Requisitos LRF. Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde. § 1º São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias: I - existência de dotação específica; II - (VETADO) III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição; IV - comprovação, por parte
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