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1 DIREITO FINANCEIRO 1 – ANGELO BOREGGIO NETO HISTÓRICO DO DIREITO FINANCEIRO O Direito Financeiro surge no ordenamento brasileiro no momento em que a sociedade se organiza politicamente e passa a ter uma preocupação maior com o dinheiro público. A sociedade passa a se preocupar com o quanto se gasta, com o que se gasta e para onde o dinheiro público está sendo encaminhado. Em governos autocráticos, não há foco na preocupação com os gastos públicos, visto que não se discute os atos do governante. No momento em que se vive um regime democrático, cuja base é “o poder emana do povo”, é essencial que o dinheiro que sai da sociedade e vai pra conta pública, retorne à sociedade. Esse conglomerado de receitas e despesas, que é objeto do Direito Financeiro, deve ser pautado sempre na transparência. O Direito Financeiro é o direito que estuda os cofres públicos, que versa a atividade financeira do Estado. Traz uma legislação restritiva aos poderes do gestor. Logo, a força do Direito Financeiro está proporcionalmente relacionada ao estado democrático que determinado país se enquadra. A ideia do Direito Financeiro é puramente o Estado, a conta pública. Brasil – O Direito Financeiro sempre existiu no país. No período imperial, em um regime absolutista, esse direito tinha uma legislação supérflua. Quando o país passa a se organizar democraticamente, o Direito Financeiro ganha mais força. “O Direito Financeiro consiste no ramo do direito público que estuda as finanças do Estado em sua estreita relação com a sua atividade financeira. Ou seja, é o conjunto de regras e princípios que estuda a atividade financeira do Estado, compreendida esta como receita, despesa, orçamento e crédito públicos” – Harrison Leite O Direito Financeiro é um ramo próprio/autônomo do direito público brasileiro porque tem previsão constitucional, tem todo um princípio próprio. O direito positivo só o é se a lei maior apontar em seu arcabouço a previsão da matéria. Para ser considerado um ramo autônomo, deve ter: (1) Previsão constitucional própria - Sistema Financeiro Nacional; (2) Estrutura principiológica própria. Teoria da Harmonização das Fontes – Trazia pelo Direito Alemão. A Constituição Federal está no topo da pirâmide, porém, sua base é alargada, o que a diferencia da Pirâmide de Kelsen. Entende que toda a estrutura normativa deve conversar entre si. 1 PISCITELLI, Tathiane. Direito Financeiro. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018. 6. ed. rev. e atual. LEITE, Harrison. Manual de Direito Financeiro I. Salvador: JusPODIVM, 2016. 5. ed. rev. ampl. e atual OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. Revista dos Tribunais, São Paulo, 2010. 3. edição revista e atualizada. 2 RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO 1. DIREITO CONSTITUCIONAL – É na Constituição Federal que estão previstos os princípios, as regras gerais e as diretrizes do Direito Financeiro. Art. 165, CF – Art. 169, CF 2. DIREITO TRIBUTÁRIO – Parte minoritária da doutrina entende que o mesmo seria um sub-ramo do Direito Financeiro, pois o Direito Tributário estuda a receita derivada, a forma de trazer dinheiro aos cofres públicos através da tributação, enquanto o Direito Financeiro é mais amplo, estudando as formas derivadas e primárias de receita e as formas de despesa (toda forma de orçamento público). Pensa-se o Direito Financeiro através da ótica do Estado puro, já o Direito Tributário se volta ao contribuinte. A receita tributária é somente uma das maneiras de entrar dinheiro nos cofres públicos. 3. DIREITO ADMINISTRATIVO – Para que o gasto público seja ordenado, deverá ocorrer uma autorização administrativa, que será realizada através de ato administrativo vinculado. O Direito Financeiro efetivamente trabalha com a chamada atividade financeira do Estado, ou seja, busca arrecadar receita suficiente para a manutenção da estrutura estatal. Esses atos deverão ser analisados pelo Tribunal de Contas. Ex.: IPTU. O contribuinte recebe em sua casa um lançamento tributário (ato administrativo vinculado). 4. DIREITO PENAL – O gasto do dinheiro público, sem observância criteriosa à legislação, ocasiona crime de responsabilidade, tendo eventualmente, consequências na esfera penal (penas pecuniárias, penas restritivas de direitos ou penas privativas de liberdade). Contudo, dependerá do crime e situação. 5. DIREITO CIVIL/EMPRESARIAL/PROCESSO CIVIL – Aquele que presta serviço para o Estado (prefeitura, por exemplo), tem o direito de receber dinheiro público. Assim, pode surgir uma relação cível quando a entidade pública adquire algum produto, como computadores para a Secretaria de Educação. 6. DIREITO DO TRABALHO – Forma de contratação específica, não via concurso. Ex.: contratações de profissionais terceirizados. ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO Corresponde ao fluxo de caixa, ao conglomerado de entrada e saída de dinheiro nos cofres públicos, sendo o objeto de estudo do Direito Financeiro. Todo dinheiro que sai das contas públicas é denominado de despesas públicas. Por outro lado, é denominado crédito público a operação de crédito em que o Estado toma emprestado ou empresta recursos, isto é, ocorre uma transferência de liquidez. Entende-se que, em uma democracia, os governantes devem manusear o dinheiro público seguindo os critérios da legalidade e do respeito aos interesses da população. Todavia, o que se tem em verdade é a utilização das contas públicas visando situações alheias ao grande objetivo, que é o fortalecimento e desenvolvimento da sociedade, o retorno do dinheiro ao povo, etc. 3 ARCABOUÇO LEGISLATIVO DO DIREITO FINANCEIRO Art. 70 – art. 75, CF/Art. 163 – Art. 169, CF Lei n. 4.320/64 - Lei Orçamentária. Legislação anterior à Constituição Federal, ordinária, aprovada por maioria simples. Cria todos os aspectos do Direito Financeiro. Um dos marcos de divisão entre o Direito Financeiro e Direito Tributário. Foi recepcionada pela Constituição como lei complementar (Medidas Provisórias não podem alterá-la; só pode ser alterada por outra lei complementar). Código Tributário Nacional, 1966 – Todos os aspectos de Direito Tributário previstos na Lei 4.320 foram revogados. Constituição Federal – Recepciona todas as legislações já postas, desde que não colidam com os dispositivos constitucionais. Quanto mais democrático é um país, mais forte é a sua legislação financeira. Lei complementar n. 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal. Traz aspectos de Teoria Geral do Direito Financeiro, que modifica, em partes, a Lei Orçamentária. Impõe sanções para o gestor que não cumpre rigorosamente a legislação financeira. Atribui aspectos de penalização (multa, perda de direitos políticos, obrigação de devolver o dinheiro público com juros e correção caso o tenha utilizado de maneira indevida). Vem para tornar mais severa a legislação financeira como um todo. Leis temporais de Direito Financeiro, que vão reger em um período específico: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). PRINCÍPIOS DO DIREITO FINANCEIRO 1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – Art. 165, CF/88. Toda matéria que verse sobre a atividade financeira do Estado só o poderá fazer por meio de lei em sentido estrito (que apresente um processo legislativo próprio), excluindo as demais formas de atos normativos (decretos, regulamentações, etc.). A abertura do crédito adicional (quando surgem outras despesas necessárias não previstas ou não suficientemente dotadas) representa um aumento de despesa pública, portanto, também deve ser feita por lei. Em casos muito extremos, seria possível a realização de uma despesa sem a respectiva autorização legislativa. 2. PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE – Art. 70, CF. As contas públicas devem ser racionalizadas em nome da economia. Utilizar aquele caixa para fazer o máximo possível para a sociedade. Em contrapartida,utilizar a menor quantidade de dinheiro possível para tanto. É fazer o mais, gastando o menos. Deve passar sempre pelo processo licitatório. 3. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA – Art. 48 e art. 49, LRF. Portal da Transparência. Forma de controle e fiscalização dos gastos públicos pela população. 4 O art. 48, LRF, visa dar acesso aos cidadãos aos documentos que embasam a realização de despesa pública e, assim, possibilidade de controle dos gastos. Já o art. 49 da LRF determina a disponibilização das contas do Chefe do Poder Executivo por todo o exercício financeiro. Art. 48, LRF. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. 4. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE FISCAL – Art. 1º, parágrafo primeiro, LRF. Consiste na ideia de que o Direito Financeiro seja gerido de maneira organizada, que as receitas devam ser suficientes e adequadas para cobrir as despesas. Art. 1º, §1º, LRF. A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. ORÇAMENTO PÚBLICO Toda movimentação na conta pública, de entrada (receitas) e saída (despesas) de dinheiro dos cofres públicos, com vistas a devolver esse investimento à sociedade. Quanto mais transparente é um país, mais forte é a lei de responsabilidade fiscal. O objetivo do orçamento público é fazer o mais para a sociedade com menos dinheiro possível, buscando o equilíbrio. Exercício fiscal é o momento em que o cofre público passa a ser aberto e fecha, é o período de funcionamento do cofre público (de 01 de janeiro a 31 de janeiro). Esse termo coincide com a ideia de ano civil. ORÇAMENTO PÚBLICO (DE PER SI): Qualquer ação do Estado necessariamente perpassa por reflexos financeiros, sendo o orçamento o início e o fim de toda ação estatal. Devido ao longo contexto histórico de desrespeito aos cofres públicos e gerência absolutista, passa-se a entender que a inspiração última do orçamento é de se tornar um instrumento de exercício da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por intermédio de seus mandatários, de só verem 5 efetivadas as despesas e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas na lei orçamentária (Celso Bastos, 2002, apud Harrison Leite, 2016). No passado, tinha-se um conceito clássico de orçamento, sendo este visto como simples peça que contemplava a previsão da receita e a fixação das despesas. Pela concepção moderna, o orçamento passou a ser entendido como a lei que programa a vida financeira do Estado, permitindo-se até mesmo haver endividamento deste, em atenção, sobretudo, aos interesses públicos da sociedade. O conceito atual encontra-se entre esses conceitos anteriores. Nessa linha, pode-se entender o orçamento público como uma lei que autoriza os gastos que o Governo pode realizar durante um período determinado de tempo, discriminando detalhadamente as obrigações que deva concretizar, com a previsão concomitante dos ingressos necessários para cobri-las. A corrente adotada majoritariamente pelo Brasil defende que o orçamento é uma lei, mas uma lei meramente formal, que apenas prevê as receitas públicas e autoriza os gastos. É uma lei que não cria direitos subjetivos e não modifica as leis tributárias e financeiras. Por essa razão, o orçamento público é autorizativo e não impositivo. Há, porém, despesas que constam no orçamento que o Executivo tem o dever de realizar, tornando-o, nesse ponto, impositivo (não em razão da lei orçamentária, mas sim porque previstas em outros instrumentos com força normativa mais vinculante). EC n. 86/2015 – Impositividade parcial, emendas parlamentares. ESPÉCIES DE ORÇAMENTO - HARRISON LEITE: Orçamento tradicional era o orçamento desvinculado de qualquer planejamento, com foco em questões contábeis, em detrimento da atenção às reais necessidades da coletividade e da administração. Orçamento de desempenho corresponde àquele que apenas estima e autoriza as despesas pelos produtos finais a obter ou tarefas a realizar, com ênfase limitada no resultado, sem a vinculação a um programa ou planejamento governamental central das ações do governo (importava o que o governo fazia e seus resultados, não o que o governo comprava). Orçamento programa é aquele em que os recursos se relacionam a objetivos, metas e projetos de um plano de governo: a um programa. É este o modelo adotado no Brasil a partir da Lei n. 4.320/64. Esse orçamento pode ser elaborado com a técnica do orçamento base-zero ou por estratégia, que consiste em um método em que todo recurso solicitado é criticamente analisado a fim de que, quando da elaboração da proposta orçamentária, haja um real questionamento dos recursos nas respectivas áreas, sem qualquer compromisso com um montante inicial de dotação. Demanda que o administrador justifique o orçamento proposto em cada detalhe, com respectiva quantia a ser gasta, sem o parâmetro do exercício anterior. ORÇAMENTO PÚBLICO – PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS: São diretrizes do Direito Financeiro que se aplicam direta e imediatamente à confecção do orçamento pelo Estado. 6 PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE - Através da Emenda Constitucional n. 3/1926 que alterou a redação do art. 34, §1º, CF/1891, proíbe que as leis de orçamento contenham disposições estranhas à previsão de receita e à fixação de despesas. Art. 165, §8º, CF. Define que as leis orçamentárias possuirão conteúdo exclusivamente orçamentário. Caso haja qualquer assunto alheio ao Direito Financeiro em uma lei orçamentária ou lei financeira, poder-se- á questionar sua constitucionalidade. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE – Estabelece a necessidade de todas as receitas e despesas estarem previstas na LOA. Para José Afonso da Silva, “princípio do orçamento global”, além de conter os aspectos orçamentários de cada órgão, deve também explicar os objetivos, metas e metodologias que o governo pretende adotar na realização das despesas previstas. Art. 165, §5º, CF. Art. 6º, Lei 4.320. PRINCÍPIO DA UNIDADE – Art. 2º, Lei 4.320. Necessidade de haver um único orçamento para cada ente da Federação, observada a periodicidade anual. Art. 165, §5º, CF, reafirma esse princípio, visto que exige que todas as previsões acerca de receitas e despesas estejam previstas em uma única lei: LOA. Daí a distinção entre unidade orçamental com unidade legal. Pode haver pluralidade de documentos orçamentários com unidade de orçamento, desde que todas as receitas e despesas formem um todo harmônico, homogêneo, um fundo comum donde se tiram os recursos para o custeio de todos os serviços públicos. Augusto Alexandre Machado PRINCÍPIO DA ANUALIDADE – Vigência dos orçamentos. Como regra, os orçamentos valerão para um único exercício financeiro que, atualmente, compreende o intervalo entre 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. Art. 34 e art. 2º, Lei 4.320. Objetivo de reavaliar as contas públicas. PPA, vigência de quatro anos: Despesas específicas, com vistas a estabelecer os grandes objetivos e metas do governo para o período mencionado. PRINCÍPIO DA PROGRAMAÇÃO – O orçamento não deve conter apenas as estimativas para as receitas e despesas do próximo exercíciofinanceiro, mas, também, a previsão de objetivos e metas relacionados à realização das necessidades públicas. Art. 165, §§4º e 7º. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO – Exigência relativa às contas públicas, que deverão apresentar o mesmo montante quando se trata de estimar as receitas e as despesas. Igualdade numérica entre as entradas e saídas da administração, afastando-se a presença do déficit ou superávit. LEIS ORÇAMENTÁRIAS O orçamento público é objeto de aprovação pelo Poder Legislativo, e três são as figuras para tanto: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). Tratando-se de lei em sentido formal, eventuais alterações somente serão permitidas pelo mesmo instrumento. O orçamento de cada exercício fiscal 7 estará fundamentado na tríade das leis orçamentárias, de modo a efetivamente movimentar o funcionamento daquele exercício. Importante notar que, tendo-se em vista a autonomia administrativa e financeira do Poder Judiciário, a este competirá o encaminhamento de proposta orçamentária relativa aos seus interesses, que será objeto de análise pelo Congresso Nacional juntamente com a proposta do Executivo. Uma vez consolidada a proposta, ela será encaminhada para análise conjunta das duas casas no Congresso, que a fará por meio de uma comissão mista permanente de senadores e deputados (que acompanhará também a execução dessas leis orçamentárias). Existência de restrições às emendas parlamentares; é possível a apresentação das emendas, se não o fosse, não seria uma lei, mas sim um decreto. Essas emendas, todavia, não podem ser propostas a qualquer hora. Esses projetos de lei poderão ser objeto de alteração posterior por iniciativa do próprio Presidente da República via mensagem encaminhada ao Congresso, desde que ainda não tenha sido iniciada a votação, pela comissão mista, da parte cuja alteração é proposta. Após análise do Congresso Nacional, serão devolvidas ao Presidente da República, para sanção no prazo de 15 dias. A natureza do orçamento é impositiva ou facultativa? No Brasil, o orçamento é, via de regra, autorizativo e não impositivo. Desse modo, o que se tem é mera previsão de gastos, que serão realizados de acordo com a disponibilidade das receitas arrecadadas no exercício. A obrigatoriedade ficou limitada às emendas parlamentares, sendo garantido um dado percentual para a saúde. O objetivo do legislador, nesse aspecto, foi criar um mecanismo que assegurasse o efetivo gasto em ações de saúde, para somar receitas àquelas vinculadas constitucionalmente. Como grande parte das receitas do Estado tem destinação própria e, assim, está vinculada a finalidades específicas, pode-se dizer que o orçamento é sim impositivo da perspectiva da aplicação dos recursos arrecadados. A. PLANO PLURIANUAL (PPA) – Art. 165, I e §1º, CF. De iniciativa do Poder Executivo. É um orçamento-programa e, portanto, mais abstrata. Deve ser enviada do Executivo para o Legislativo até dia 31 de agosto do primeiro ano do mandato e aprovada até o dia 31 de dezembro do mesmo ano. Se o chefe do Executivo não conseguir cumpri-lo, não responderá por crime de responsabilidade. O último ano do PPA sempre perpassa a administração. Art. 165, §1º, CF. A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. 8 Assume o papel de ser o padrão do planejamento das ações do governo pelos próximos quatro anos. Se preocupa com aquelas despesas cuja execução resulta no aumento do patrimônio líquido da administração (despesas de capital) e aqueles cuja execução ultrapassa o exercício financeiro (despesas de duração continuada). Não é do interesse do PPA disciplinar despesas com o custeio da máquina pública (despesas correntes). Deve ser encaminhado até o dia 31 de agosto do primeiro ano de mandato. O PPA não poderá sofrer emendas que visem a majoração das despesas ali previstas. B. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) – Art. 165, II e §2º, CF. De iniciativa exclusiva do Poder Executivo. Vigência de um ano. Deve ser encaminhada para o Legislativo até o dia 15 de abril e votada até o dia 30 de junho. Norma que visa dar concretude ao PPA. Determina as metas e prioridades da Administração, sendo obrigatório ao gestor cumpri-la, gerando crime de responsabilizada caso não o faça (se tiver receita disponível). Orientações para elaboração da LOA. O conteúdo é descritivo. Não se coloca aqui o dinheiro, mas sim os projetos a serem executados em determinado ano. De acordo com o art. 4º, LRF, deverá conter o Anexo de Metas Fiscais, que prevê as metas definitivamente estabelecidas, fixando as receitas e despesas, resultado nominal e primário e montante de dívida pública, para o exercício a que se referirem e aos dois seguintes; e o Anexo de Riscos Fiscais, que abarca os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas caso se concretizem. Art. 165, §2º, CF. A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento. C. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA) – É a mais concreta de todas, na medida em que dispõe, quase que exclusivamente, acerca das receitas e despesas para o exercício financeiro seguinte. Os investimentos nela contidos deverão estar de acordo com as disposições do PPA. Vigência de um ano. Deverá ser encaminhada ao Legislativo até o dia 31 de agosto de cada exercício, onde tramitará até 31 de dezembro daquele mesmo ano. O descumprimento da LOA gera crime de responsabilidade previsto na LRF. O projeto dessa lei orçamentária deverá ser acompanhado de um demonstrativo regionalizado acerca do efeito das renúncias de receitas sobre o orçamento estritamente considerado, deve estabelecer medidas de compensação para repor as receitas renunciadas e estabilizar as despesas majoradas. Deve estar de acordo com as diretrizes prescritas na 9 LDO. O projeto conterá uma reserva de contingência para fazer frente aos riscos fiscais e contingentes discriminados na LDO. A LOA é dividida em três orçamentos: (1) ORÇAMENTO FISCAL – Trará as despesas e receitas relativas aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta. (2) ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO – Receitas e despesas das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social, com direito a voto. Tem por objetivo reduzir as desigualdades entre as diversas regiões do país. (3) ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – Receitas e despesas relativas às entidades e aos órgãos vinculados à Seguridade, seja na administração direta ou indireta, o que igualmente inclui os fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. VEDAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS – ART. 167, CF. Execução orçamentária: Quais as limitações constitucionais a serem aplicadas no momento em que o orçamento será efetivamente realizado. Incisos I, VI, VIII, IX, X. Limitações relativas ao andamento do orçamento, aos limites de realização das receitas e execução das despesas. I - O início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; Proíbe o início de programas ou projetos que não tenham sido incluídos na LOA. Ou seja, ainda que tenha havido previsão no PPA ou na LDO acerca da realização de despesas vinculadas a determinadas ações, o efetivo gasto e a execução do projeto somente poderão ir adiante se houver previsão específicaquando às receitas e às despesas na LOA. VI - A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; Vedação quanto ao remanejamento de recursos do orçamento de uma categoria para outra ou de um órgão para outro sem prévia autorização legislativa. VIII - A utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º; Proíbe a utilização de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para cumprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos nos casos em que inexista autorização legislativa específica. IX - A instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa. 10 Vincula a instituição de fundos (instrumentos orçamentários criados com o objetivo de destinar recursos a programas, projetos e atividades governamentais) à prévia autorização legislativa. X – A transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Vedação cuja finalidade é limitar a facilitação do aumento e superação de limites em relação às despesas com pessoal. Execução orçamentária – Abertura de créditos adicionais: Trata de garantir e autorizar a realização de despesas no curso do exercício, tendo em vista eventuais imprecisões contidas no orçamento então aprovado. V - A abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; VII - A concessão ou utilização de créditos ilimitados; Discriminação de receitas e despesas: Quais as vedações na própria elaboração da LOA e, assim, na distribuição e discriminação de receitas e despesas. II – A realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; Proíbe a realização de despesas que superem os créditos orçamentários ou adicionais; ou seja, toda despesa deve estar vinculada a uma receita e não é possível a assunção de obrigações sem a indicação da respectiva fonte de financiamento. III – A realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; (Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020). Estabelece um limite quanto à realização de operações de crédito e, assim, operações cujo resultado seja o endividamento do Estado. 11 IV – A vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; Veda a vinculação de receitas de impostos à órgãos, fundo ou despesa, com execução das ressalvas ali previstas. Conclui-se, portanto, que toda despesa deve ter uma receita para lhe fazer frente, mas, tratando-se de receitas de impostos, a vinculação terá lugar apenas em situações muito bem delimitadas pela Constituição. XI – A utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. Limita a utilização de recursos decorrentes da arrecadação de contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta. Enquanto nas receitas dos impostos a regra é a de não vinculação, quando se trata da disciplina das contribuições, a norma constitucional é inversa; deve haver vinculação à finalidade pela qual o tributo foi exigido. PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA X REAL CUMPRIMENTO DAS NECESSIDADES PÚBLICAS: Omissões estatais na prestação de serviços públicos devem ser resolvidas pelo Judiciário. Em caso de concessão da tutela, impõe-se ao administrador o cumprimento da decisão judicial condenatória, ainda que a lei orçamentária não tenha previsto a despesa com antecedência. Desse modo, a administração pública vê-se diante de um impasse: obedecer aos dispositivos constitucionais de direito financeiro, considerando as vedações orçamentárias, ou cumprir a decisão condenatória que exige recursos não previstos em lei orçamentária. Além disso, a atuação do Poder Judiciário pode interferir na programação 12 das políticas públicas, que devem ser emanadas pelo Poder Executivo, órgão competente para determinar, inclusive, a alocação dos recursos necessários para executá-la. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DO ORÇAMENTO O STF entendia pela impossibilidade do controle abstrato, por ser a lei do orçamento uma lei de efeitos concretos, com um processo legislativo especial. No entanto, com o julgamento do ADI 2.925 em 2003, iniciou-se o entendimento da possibilidade de seu controle, porque se encontrou na lei orçamentária da União de 2003 aspectos de generalidade e abstração. Com os julgamentos das ADIs 4048 e 4049, o STF passou a entender pelo cabimento de controle concentrada, admitindo que qualquer lei, genérica ou específica, abstrata ou concreta, pudesse ser objeto do controle. As leis orçamentárias são leis, como as demais, e por isso, podem ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA: “Aprovada e publicada a lei orçamentária, ela entra em vigor e começa a ser cumprida. Ou seja, o Executivo está autorizado a despender os recursos aprovados na lei orçamentária. Assim, o primeiro mandamento da LRF (art. 8º) é que o Executivo estabeleça, em até 30 dias após a publicação dos orçamentos, a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso. Com essa programação, os administradores começam a executar o orçamento” – Harrison Leite Conjunto de atos administrativos que tem por objetivo a saída de dinheiro dos cofres públicos até a chegada do dinheiro no cofre privado (do prestador de serviço ou vendedor de produtos). Isso ocorre de forma metódica, por meio de atos administrativos controlados pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas competente e pelas comissões mistas e permanentes, para evitar fraudes. OBJETIVOS: Transparência, garantia de boa gestão e o cumprimento dos princípios orçamentários como um todo. Cumprimento de regras e etapas para a realização da despesa pública. Trata-se de detalhar o caminho das despesas públicas: onde e mediante quais condições ela começa e como termina. Uma vez publicada a lei orçamentária, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, que deverão seguir o disposto na LDO e o conteúdo do Anexo de Metas Fiscais. Deverão também respeitar as receitas vinculadas a despesas ou finalidades específicas. Caso se constate que a receita realizada não irá comportar a obtenção das metas, os Poderese o Ministério Público deverão reduzir suas despesas, por meio da limitação de empenho e da movimentação financeira nos trinta dias subsequentes. Todavia, os governos, ao invés de contingenciar os gastos, têm alterados as metas da LDO, em prejuízo da transparência e previsibilidade das contas públicas. 13 Realizada a programação financeira e o cronograma, os Poderes e o MP poderão dar início aos gastos, e o primeiro passo para tanto é o emprenho da despesa. Art. 58, Lei 4.320. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Tem-se, então, o comprometimento e, assim, a vinculação da receita orçamentária com aquela despesa específica. Após o empenho e a emissão de nota respectiva, a despesa será objeto de liquidação, que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor de receber a quantia empenhada. Realizada a liquidação, cumprido está o requisito para que a despesa seja paga. Antes do pagamento em si, deverá haver a emissão de uma ordem de pagamento, realizada pelos serviços de contabilidade. FASES DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA (DE CUMPRIMENTO OBRIGATÓRIO) : Corresponde a atos administrativos de controle da saída do dinheiro. Se faltar alguma dessas etapas, o dinheiro não chega ao destino correto. Ademais, as contas podem ser reprovadas pelo tribunal de contas competente caso haja eventual irregularidade em alguma dessas fases. LICITAÇÃO - Antes do próprio empenho, deve ser feita a licitação. Com a licitação realizada, identifica-se a empresa que venderá o produto ou prestará o serviço conforme as características determinadas nessa licitação. Posteriormente, firma-se o contrato administrativo, para começar a entregar o produto contratado ou prestar o serviço, ainda sem receber o pagamento. 1. EMPENHO: Nada mais é do que o ato administrativo que reserva o dinheiro na conta pública. É uma garantia ao fornecedor e ao mesmo tempo um controle dos gastos. Art. 58, da Lei 4.320/64. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Art. 60, Lei 4.320/64. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. 1.1. ORDINÁRIO OU COMUM: Empenho de dívida comum do Estado, usado para as despesas normais que não apresentem nenhuma característica especial. Despesas e valores definidos que devem ser pagos em uma única prestação, visto que se tem um preço definido. É uma contraprestação mais direta, mais rápida. 1.2. GLOBAL OU GERAL: É utilizado em casos de despesas contratuais ou outras, sujeitas a parcelamento. O objetivo desse tipo de empenho é o de evitar o excesso de burocracia decorrente do empenhamento mensal de cada parcela do contrato. 14 O serviço será prestado de forma continuada, mas não tem como pagar tudo de uma vez. Nesse caso, deve ser emitido o empenho global, deduzindo-se valores correspondentes nas respectivas quotas mensais, trimestrais, semestrais, etc., as quais podem ser controladas também através de notas de subempenho. Isto é, reserva-se o valor correspondente ao pagamento integral do serviço, mas o pagamento é feito periodicamente. A diferença do empenho global e do empenho ordinário está apenas no histórico, ou seja, na especificação da despesa que, no global, deverá estar expresso que se trata do valor total do contrato a ser pago em x parcelas. Ex.: Despesas com a remuneração de servidores, contratos de obras, aluguéis, etc. Vale ressaltar que, em caso de contrato cuja duração ultrapasse o exercício financeiro, o empenho global ficará restrito aos créditos orçamentários referentes a um único exercício financeiro. Assim, a cada ano faz-se um empenho global referente ao valor contratual previsto para o respectivo exercício. 1.3. POR ESTIMATIVA: É utilizado quando não se pode determinar com exatidão o montante da despesa. Ex.: Contas de água, luz, telefone, alguns adiantamentos a servidores, etc. Dessa forma, deve-se fazer uma estimativa de quanto será gasto ao longo do exercício financeiro. Nesse tipo de empenho, utiliza-se um documento chamado “nota de subempenho”, que é o registro do valor efetivo a ser deduzido da importância total empenhada por estimativa. Se a estimativa for menor que o valor exato, faz-se o empenho complementar da diferença. Se a estimativa for maior, anula-se a parte referente à diferença, revertendo-se o saldo à dotação originária, podendo ser gasto com outras despesas. Art. 60, §2º, Lei 4.320/64. Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar. 2. NOTA DE EMPENHO: Fase mais documental, é o que materializa o empenho (título executivo), e garante que aquele dinheiro está reservado nas contas públicas. Documento utilizado para registrar as despesas orçamentárias realizadas pela Administração Pública em seu primeiro estágio e que identifica o nome do credor, a especificação, a importância da despesa e a célula orçamentária, deduzindo o saldo da dotação aprovada. A nota de empenho é efetivamente o que vai formalizar/concretizar o empenho. Trata-se de título executivo do credor/prestador de serviço e com ele passa a ter o nome das partes, quem tem que pagar, quanto será pago e qual o objeto do contrato. Terá efetivamente um título que representa um empenho, isto é, é um papel que garante efetivamente o pagamento futuro. 15 3. LIQUIDAÇÃO: Quando se verifica que o governo recebeu aquilo que comprou, quando confere que o bem foi entregue corretamente ou que a etapa da obra foi concluída como acordado. É a união do orçamentário e do financeiro. A liquidação passa a ser o cálculo contábil. É nesse momento que o contador vai quantificar o quanto vai pagar, apurar quanto se deve, verificar se há multa, atraso, valor com dedução, verificar se há esse dinheiro na conta e verificar se pode haver o pagamento. 4. ORDEM DE PAGAMENTO: Concretização da determinação de que o dinheiro saia da conta pública para entrar na conta privada do prestador de serviço ou entregador do produto. A ordem de pagamento é assinada pelo ordenador de despesas (aquela pessoa determinada por lei que vai permitir que saia o dinheiro da conta pública) e pelo contador público (aquele que faz a liquidação e assina a ordem de pagamento junto com o ordenador). O ordenador de despesas é geralmente o chefe do Executivo, que pode delegar essa função para qualquer de seus servidores (ministro, secretário, superintendente de repartição, etc.). Deverá verificar se os atos administrativos da execução orçamentária foram cumpridos e respeitados. 5. PAGAMENTO: Efetiva saída de dinheiro do cofre público e entrada desse dinheiro nas contas privadas. Com a ordem de pagamento em mãos, o credor pode ir ao banco e solicitar o pagamento e daí terá o dinheiro transferido para sua conta privada pelo serviço prestado ou pelo produto vendido. RECEITAS PÚBLICAS Receita pública é a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondências no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo (Aliomar Baleeiro, 2004, apud Harrison Leite, 2016, p. 184). Isto é, corresponde ao ingresso de determinado valor aos cofres públicos, que servirá como fonte para fazer face às despesas públicas. Nessa mesma linha, Tathiane Piscitelli (2018, p. 95) define receita pública como a entrada de dinheiro nos cofres públicos de forma definitiva. É válido trazer que receita pública é diferente do simples ingresso ou fluxo de caixa, uma vez que este compreende valores repassados à Administração, mas que, seja por força de lei ou de contrato estabelecido, terão de ser retirados do erário em algum momento. CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS Quanto à periodicidade, a receita pública pode ser ordinária ou extraordinária. A primeiracorresponde àquela constante/regular do orçamento, recebidas no desenvolvimento normal da atividade estatal; enquanto que a segunda consiste na receita que o governo pode decretar e arrecadar do povo em circunstâncias especiais para atendimento de situação de absoluta anormalidade no plano institucional. 16 Quanto à origem, a receita será classificada como originária, derivada ou transferida. O Estado quando presta serviços, mercancia e pratica atividades como às dos particulares, como resultado econômico, obtém receita (Leite, 2016, p. 190); essa receita, por decorrer da exploração pelo Estado de seus próprios bens, é a receita originária. Como a Administração encontra-se na posição de agente particular, submetendo-se ao Direito Privado, entende-se que se está diante de uma relação horizontal entre o Estado e o particular. Regis Fernandes traz como formas de ingresso originário: a doação, efetuada pelo particular de seus bens ou quaisquer vantagens à Administração Pública, e esse bem passa a integrar o patrimônio público, constituindo receita; a sucessão legítima e testamentária; e a herança vacante. OBSERVAÇÃO - Preço quase-privado: São preços cobrados pelo Estado com fins de lucro, equiparando-se a um particular. Preço público: São preços cobrados pelo Estado para cobrir os sustos do serviço prestado (manutenção). Preço político: Preços fixados pelo Estado abaixo do custo dos serviços. As receitas derivadas, por outro lado, são aquelas cuja origem está no poder de imposição do Estado em face do particular, decorrendo, portanto, de uma relação verticalizada/subordinada (Piscitelli, 2018, p. 96). Finalmente, as receitas transferidas são aquelas que decorrem da transferência de recursos entre os entes da Federação, do que possui maior abrangência econômica para o que possui menor abrangência. São arrecadadas por pessoa jurídica competente para a tributação, mas a ela não pertencem, devendo ser transpassadas a outras pessoas jurídicas menores, Estados e Municípios (Fernandes, 2010, 130). Art. 11, LRF. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. Quanto à categoria econômica, tem-se as receitas correntes, que consistem naquelas resultantes de atividades próprias do Estado, que aumentam a disponibilidade financeira do Estado, no geral, sendo importante instrumento de financiamento dos objetivos definidos nos programas e ações voltados às políticas públicas; e as receitas de capital, que são aquelas advindas de uma operação em que patrimônio gera patrimônio. TIPOS DE RECEITA CORRENTE - Receita Patrimonial, que resulta da exploração do patrimônio público (ex.: alugueis, arrendamentos). Receita Agropecuária, resultante da exploração agropecuária envolvendo a produção vegetal e animal e seus derivados. Receita Industrial, correspondente às atividades industriais definidas pelo IBGE (ex.: indústrias de extração mineral e construção). Receita de Serviços, decorre da prestação de serviços de comércio, transporte, comunicação, hospitais, portuárias, juros de empréstimos concedidos, etc. Outras receitas 17 correntes: receita recebida em razão da cobrança de juros de mora, do recebimento da dívida ativa (tributária e não-tributária), multas em geral, restituições, alienação de bens apreendidos, produtos de depósitos abandonados de dinheiro ou objetos de valor, e indenizações. TIPOS DE RECEITA DE CAPITAL - Amortização de Empréstimos, quando o Estado recebe o valor principal dos empréstimos concedidos por ele a entidades públicas ou privadas. Transferências de Capital, recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, independentemente da contraprestação direta de bens ou serviços, destinados a atender despesa de capital. A doutrina de Harrison Leite traz ainda outras classificações. Quanto à natureza, a receita será orçamentária quando constar no orçamento e o gestor puder contar com ela para fazer face às despesas públicas e demandas da sociedade; e extraorçamentária quando não fizer parte do orçamento e nem estiver prevista, não podendo o Executivo contar com essa receita para fazer face às despesas, ou ser convertida em bens ou serviços pelo ente. REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS Considerando toda a receita tributária arrecadada no país, a União fica com 60% do total arrecadado, seguidos dos Estados e do Distrito Federal, que arrecadam 25% do total, e os Municípios com apenas 15% das receitas. De acordo com Harrison Leite, pode-se dividir a repartição em direta e indireta. A repartição direta é aquela cujo recurso a ser transferido observa apenas critérios objetivos para a sua repartição, e não passa por fundo ou intermediação para daí se retornar aos entes federativos. Por exemplo, embora o IPVA seja um tributo estadual, 50% de sua receita é repassada para o Município onde o veículo está licenciado. Já a repartição indireta demanda sempre a análise de alguns critérios antes de os recursos ser repassado, com vistas a corrigir as desigualdades regionais. Na maioria das vezes, a repartição indireta se dá por intermédio de um fundo, que é mera individualização contável destinando recursos a fins específicos, com o fim de organizar e permitir a repartição, na conformidade dos critérios estabelecidos. IMPOSTO DE RENDA – O imposto de renda retido na fonte do servidor estadual e do servidor municipal, quando o Estado o retém, compõe o cofre do Estado. O IR é um imposto de competência da União, mas não vai para o cofre da União, fica no próprio cofre do estado e do município. CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE) - A União arrecada, entra no cofre público da União. Deste valor, 29% vai ser devolvido para o estado de origem. Quando esses 29% chegam nos cofres do estado da Bahia, por exemplo, 25% do valor recebido vai ser repassado para o município de origem. OBS.: Não cair na pegadinha de que o estado só fica com 4%. Ele repassa, na verdade, ¼ do valor recebido, ficando com 75% do valor recebido. 18 IMPOSTO SOBRE TERRITÓRIO RURAL - É pago para a União, mas ela não consegue cobrar/exigir esse tributo de todo mundo, ou seja, não consegue exercer a capacidade tributária para todos os imóveis desse país. Ela cobra, mas não consegue fiscalizar. Então, cria um convenio com o município, que passa a fiscalizar o ITR – esse município fica então com 100% da arrecadação de IRF sobre os imóveis rurais de sua circunscrição. Se o municio não fiscaliza, como se dissesse “o problema é teu, União”, ela (União) vai arrecadar, mas 50% volta para o referido município. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS - A Constituição determina que do IOF que a União arrecadou sobre ouro, 30% volta para o estado de origem e os outros 70% vai para o município – a União fica com nada. TRIBUTOS RESIDUAIS – São aqueles tributos que não existem ainda, porém, quando a União criar um imposto novo, 20% tem que ser repartido/encaminhado para a conta do estado de origem. IMPOSTO DE RENDA + IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - O conjunto IR (que não dos servidores estaduais e municipais visto acima) + IPI = 21,5% a União transfere para o FPE (Fundo de Participação do Estado), 22,5% para o FPM (Fundo de Participação do Município), e 3% vai para o Fundo de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste. IMPOSTOS ESTADUAIS - 50% do IPVA volta para o município de origem. O ICMS, por sua vez, 25% dele tem que ser repassado para o município, só que não é de modo igualitário, tem que seguir dois critérios: (1) quantidade populacional, sendo que quanto maior for a população, maior será o repasse e (2)produção de bens, em que quanto maior for a produção, maior será o repasse. FASES DA RECEITA Para que ocorra a realização da receita, é necessário passar por fases. A primeira fase da é a previsão. Ao contrário das despesas que são fixadas, as receitas são sempre previstas ou estimadas. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, deve haver uma metodologia de projeção de receitas orçamentárias, mormente para se evitar a chamada superestimação de receita, o que permitiria a realização de gastos sem a existência de recursos. Trata-se de garantir que o montante de receita indicado, estimado e previsto na LDO e na LOA, tenha conexão forte com elementos fáticos que justifiquem o valor apontado. A segunda fase consiste no lançamento, sendo o ato da repartição competente que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta. A terceira fase é a da arrecadação, que, antecedendo o recolhimento do tributo, o contribuinte ou devedor liquida suas obrigações para com o Estado junto aos agentes arrecadadores. Com esse ato, os devedores quitam os seus débitos junto ao Tesouro. A última fase é a de recolhimento, que consiste na fase de entrega dos valores arrecadados aos cofres do governo. 19 RENÚNCIA DE RECEITA Via de regra, a renúncia da receita configura crime de responsabilidade. Todavia, é possível realizá-la se cumpridos certos requisitos legais. Art. 14, LRF. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: I - Demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - Estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. Conforme Piscitelli, nos termos do parágrafo primeiro do art. 14, LRF, haverá renúncia de receita sempre que se fizer presente algum benefício de natureza fiscal ou tributária cujo resultado seja a redução dos ingressos nos cofres públicos. Isto é, por razões políticas, o governante é levado a abri mão de parte de sua arrecadação para estimular outras políticas; por exemplo, a renúncia do IPTU para um município, em relação à instalação de indústrias em seu território, pode significar importante passo no desenvolvimento de determinada localidade (Fernandes, 2010, p. 133). Entretanto, para que haja redução deliberada da receita pública, é necessário que o ato legal do qual decorra a renúncia esteja acompanhado de uma estimativa de impacto orçamentário-financeiro da perda da receita, para demonstrar que essa perda não irá impactar negativamente o orçamento e as contas públicas, e esteja em observância com a LDO, de modo que a queda na arrecadação tributária não resulte na impossibilidade material de cumprir com o disposto na referida lei orçamentária. Ao lado dessas demandas obrigatórias, o legislador estabelece ainda duas outras condições, devendo ao menos uma ser cumprida. A primeira está na demonstração de que a renúncia está contemplada na LOA, de modo a garantir que a estimativa de receita reflita uma real estimativa, e que não haverá prejuízo às metas estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais. A segunda possibilidade diz respeito à opção pela criação de medidas de compensação, para garantir que não haverá perda de receita, assim, apesar da renúncia, haverá aumento de outros tributos, compensando as perdas da Administração. 20 BASE DE CÁLCULO DOS ÍNDICES CONSTITUCIONAIS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO Ciente de que a proteção de direitos fundamentais demanda custos, o legislador constituinte resolveu delimitar, em percentual, receita mínima a ser aplicada pelos entes federativos em duas áreas: saúde e educação. A base de cálculo da receita que entra para esse cômputo constitucional, para a educação, alcança apenas as receitas de impostos arrecadados e transferidos, conforme dispõe o art. 212, §1º, CF. Já para a saúde, pelo disposto nos parágrafos segundo e terceiro do mesmo artigo, a base de cálculo varia entre os entes federativos. A EC n. 86/15 obrigou a União a um percentual mínimo de 15%, que seria alcançado no quinto exercício financeiro subsequente ao da promulgação da referida emenda, ou seja, em 2020. Assim, a base de cálculo para a União passou a ser não mais o montante empenhado no exercício anterior, mas sim a receita corrente líquida [somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes]. Para os Estados, o percentual a ser aplicado é de 12% da arrecadação dos seus impostos. Para os Municípios, esse percentual será de 15%. E para o Distrito Federal, o gasto com a saúde deverá respeitar o percentual de 12% de suas receitas de impostos arrecadados e das transferências recebidas. Ademais, todos os valores arrecadados em dívida ativa referente aos impostos não pagos a tempo também farão parte do cômputo da saúde. DESPESAS PÚBLICAS Conforme conceitua Tathiane Piscitelli (2018, p. 105), despesa pública consiste no conjunto de gastos do Estado, cujo objetivo é promover a realização de necessidades públicas, implicando no correto funcionamento e desenvolvimento de serviços públicos e manutenção da estrutura administrativa necessária para tanto. Todavia, pode vir a acontecer que determinada despesa não esteja prevista na lei orçamentária, ou esteja prevista de forma insuficiente, sendo caso de abertura de crédito adicional. CRÉDITOS ADICIONAIS A priori, faz-se mister entender que créditos adicionais são autorizações de despesas não computadas no orçamento ou dotadas de forma insuficiente. É preciso autorização do Congresso Nacional para abertura desses créditos. Esses créditos serão suplementares quando destinados ao reforço da dotação orçamentária; especiais quando destinados a atender quaisquer despesas para as quais não haja dotação orçamentária (ex.: houve um curto circuito e todos os computadores do TJ queimaram, sendo necessário comprar novos computadores) e extraordinários quando houver necessidade de atender despesas urgentes e imprevistas, decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública. Art. 41, Lei 4.320/64. Os créditos adicionais classificam-se em: 21 I - Suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; II - Especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; III - Extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública. Os créditos suplementares são concedidos mediante despacho fundamentado do próprio chefe do Executivo, que segue para aprovação do Legislativo. Os créditos especiais também são concedidos por despacho fundamentado. Os créditos extraordinários podem ser determinados por medida provisória. CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS Piscitelli (p. 110) classifica as despesas de acordo com o motivo do dispêndio. As despesas correntes são aqueles resultantes da manutenção das atividades próprias do Estado, tais como custeio da estrutura administrativa, que não gera aumento do patrimônio, apenas contribui para a sua continuidade. Já as despesas de capital são aquelas cujo resultado será o aumento do patrimônio do Estado e, por conseguinte, da capacidade produtiva como um todo, englobando os investimentos, quesão gastos direcionados ao planejamento e execução de obras, havendo um efetivo aumento do PIB; as inversões financeiras, que representam a manutenção do PIB, através de bem ou imóvel que já estava em utilização, aumentando o patrimônio do ente; e as transferências de capital, que correspondem às despesas resultantes da remessa de recursos a outras pessoas jurídicas, com a finalidade de custear investimentos ou inversões financeiras. Regis Fernandes (2010, p. 277) traz ainda a classificação das despesas considerando sua periodicidade, podendo ser ordinária quando sustentada com recursos que se renovam a cada orçamento, e extraordinária quando atendem a questões momentâneas ou de caráter esporádico. DESPESAS OBRIGATÓRIAS – EDUCAÇÃO E SAÚDE A exigência de gastos mínimos com a saúde foi acrescentada na Constituição em 2000 através da Emenda Constitucional n. 29, que tinha como objetivo que os Estados, Distrito Federal e Municípios aplicassem percentuais mínimos, calculados sobre sua receita de impostos, em ações e serviços públicos de saúde. A LC 141/2012 e o Decreto 7.827/2012 regulamentaram a EC 29, determinando que a União deve direcionar para a saúde o montante correspondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido do percentual correspondente à variação nominal do PIB ocorrida no ano anterior ao da LOA, enquanto que para os Estados e Municípios, os percentuais mínimos serão de 12% e 15%, e para o DF será de 12% ou 15% a depender da natureza da receita. 22 No que tange às despesas com a educação, o art. 212 da CF determina que os entes devem observar os percentuais de 18% para a União e 25% para os Estados, Municípios e DF. Ademais, a Lei 12.858/2013 passou a determinar que os recursos provenientes da exploração de petróleo e gás natural deverão ser destinados à saúde e à educação em acréscimo à vinculação constitucional. DESPESAS PÚBLICAS NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL O artigo 16 da LRF estabelece as regras relativas à ocorrência de despesas por conta da criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental. Corresponde, portanto, aos casos em que há aumento de despesa pública por conta de alterações nas ações governamentais, visando a realização das necessidades públicas, e que devem ser acompanhados necessariamente de estimativa do impacto orçamentário da despesa e de declaração do ordenador da despesa relativa à adequação orçamentária e financeira dos gastos com as leis orçamentárias. A estimativa do impacto visa garantir que a despesa majorada não afete o orçamento de forma danosa, inviabilizando a realização de outras necessidades públicas, impondo maior responsabilidade e controle na gestão do dinheiro público. Enquanto que a adequação financeira e orçamentária do gasto com as leis orçamentárias visam respeitar o princípio da legalidade, verificar a consonância com as metas e objetivos previstos e não ultrapassar os limites de despesas que tenham sido estabelecidos para o exercício financeiro, de forma a garantir o equilíbrio orçamentário. Já o artigo 17 estabelece exigências mais duras, aplicáveis a despesas mais específicas, isto é, trata das condições para a realização e majoração de despesas obrigatórias de caráter continuado e da prorrogação de uma despesa corrente cuja criação tenha se dado por prazo indeterminado. Trata-se, portanto, de despesa corrente derivada de lei, MP ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superiora dois exercícios, que deve estar instruído com uma estimativa de impacto orçamentário-financeiro e demonstrar a origem dos recursos para o seu custeio, de modo a demonstrar a não afetação às metas de resultados fiscais previstas na LDO e estabelecer medidas de compensação financeira à despesa. Acerca das despesas com pessoal, previstas nos artigos 18 a 23, tem-se as despesas que englobam todas as modalidades de gasto do poder público relacionadas ao pagamento de prestação de serviços no sentido mais amplo que tal atividade pode ser compreendida, cuja apuração deverá levar em conta o período de doze meses, sendo uma medida de restrição e controle aos gastos com essa categoria. Para tanto, a União não poderá gastar mais do que 50% da sua receita corrente líquida, ao lado dos Estados, Municípios e DF que ficam limitados a 60% das respectivas receitas. Já no que diz respeito às despesas com seguridade social, previsto no art. 24, esta corresponde a qualquer gasto com a saúde, assistência social ou previdência, que deve possuir contrapartida em receita para que possa ser realizado, observando as condições previstas no art. 17. 23 FASES DA DESPESA PÚBLICA Conforme Harrison Leite (p. 270), todo o procedimento das despesas públicas é traçado pela legislação, e se inicia com a compatibilização dos gastos com os desígnios constitucionais, perpassados pelas leis orçamentárias, para se efetuar o gasto real em observância às normas impostas pelo Direito Administrativo, principalmente no que tange às licitações. Assim, após a fixação das despesas, estas serão efetuadas de acordo com a programação realizada, a fim de manter o equilíbrio orçamentário. A primeira etapa é o empenho, que consiste na reserva a ser feita no orçamento que não poderá mais ser gasta a não ser pelo motivo que a justificou. Assim, para que uma despesa seja realizada, é necessário verificar se há dotação orçamentária, para poder separar parte dessa dotação para o gasto que deseja realizar. Exige-se ainda, após o empenho, um documento que comprove a sua ocorrência, a fim de dar garantia do direito ao credor, que é a nota de empenho. O empenho será ordinário quando realizado para as despesas normais, cujo montante é previamente conhecido e o pagamento deva ocorrer de uma só vez; por estimativa, quando não é possível determinar com precisão o valor da despesa; e global que, em virtude do objeto contratado, o seu pagamento é geralmente feito em parcelas, pois se espera a conclusão de etapas de obras ou entrega de bens para que a quitação ocorra. A segunda fase é a da liquidação, que corresponde ao ato de verificação do cumprimento do pactuado nos exatos termos, para que se efetive o pagamento ao interessado. Por fim, tem-se o pagamento, que é o ato pelo qual a Administração, percebendo que o credor faz jus ao recebimento do numerário, o entrega, recebendo a devida quitação. É válido tratar dos “restos a pagar”. Assim, via de regra, após o empenho, deve-se verificar se assiste ao credor direito ao recebimento do valor acordado, com base nos títulos e documentos comprobatórios do seu suposto crédito. No entanto, se por algum motivo a despesa não for paga até o término do exercício financeiro, o crédito poderá ser inscrito em “restos a pagar”, a fim de que o pagamento se realize no exercício subsequente. Esses valores inscritos deverão ser pagos durante o exercício financeiro subsequente. Ademais, de acordo com Regis Fernandes, quando não atingidas as metas delimitadas nas leis orçamentárias, a regra da boa gestão financeira estabelece que se susta a despesa até que se recomponham os recursos e, então, se possa de novo deflagar o cumprimento do que se obriga; é o que se conhece como contingenciamento. PRECATÓRIOS As despesas são executadas desde que seja cumprida uma lei anterior, que é a LOA, e respeitados os gastos constitucionais (despesas com saúde e educação). Quando o Estado gasta além do que está previsto, o fará por meio de decisão judicial ou por meio de créditos adicionais em caso de necessidades urgentes. 24 Precatório é um título dado pelo Estado ao particular, assumindo e se comprometendo a pagar uma dívida, com juros e correções monetárias. São despesas públicas de origem judicial, é um título de assunção de dívida. Isto é, são requisições de pagamento expedidas pelo Judiciário paracobrar de Municípios, Estados ou da União, assim como autarquias e fundações, o pagamento de valores devidos após uma condenação judicial definitiva. O precatório sempre ocorrerá mediante sentença condenatória transitada em julgado, na qual o contribuinte, visando obter o seu direito, faz uso do contraditório, ampla defesa, duplo grau de jurisdição. “O reconhecimento judicial de um crédito perante uma pessoa jurídica de direito público é o pressuposto inicial para que possamos cogitar da análise dos precatórios. Diante desse reconhecimento, que deve se operar por decisão transita em julgado, o juiz da execução encaminha ao Presidente do Tribunal respectivo uma solicitação, para que este requisite verba necessária para o pagamento do credor. Essa solicitação é o precatório, cuja disciplina geral encontra-se no artigo 100 da Constituição” – Tathiane Piscitelli Art. 100, CF. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. REQUISITOS PARA EMISSÃO DO PRECATÓRIO 1. SENTENÇA CONDENATÓRIA – Esse título de dívida sempre irá surgir em razão de uma despesa de origem judicial, é o Judiciário apontando que o Estado deve determinada quantia a alguém por meio de uma sentença. 2. CERTIDÃO DE TRÂNSITO EM JULGADO – Certificando que não há mais recursos ou prazos para recursos. 3. OFÍCIO REQUISITÓRIO – É feito um pedido do juiz para o presidente ou vice- presidente do Tribunal (a depender da organização interna), que encaminha a sentença para a contadoria, onde será atualizada e analisada com o laudo do crédito contábil judicial, para que determine a certidão do título. O ofício requisitório é uma carta que o presidente ou vice irá mandar ao devedor (Estado), avisando que está devendo, por ordem do juiz, determinado valor; para que este título entre na LOA necessária para que haja o pagamento. Deve ser publicado em Diário Oficial. 4. CERTIDÃO DE OBJETO E PÉ – Dispõe o panorama geral do processo como um todo, no sentido de saber que não é fraudulento. Tem por objetivo dar maior segurança ao credor. É uma certidão que dá trabalho, tem custas altas, demora e tem validade. É possível comprar um direito creditório, porém, este traz riscos, podendo ser alterado, visto que ainda cabem movimentações recursais e de cálculo. Apesar de ser mais barato 25 comprar um título de crédito, este não dá a mesma segurança de recebimento da dívida que o precatório. Caberá ao Poder Judiciário a função de organizar a fila dos pagamentos dos precatórios e determinar os respectivos pagamentos de acordo com a ordem cronológica destes. Cabe ao Estado o dever de obedecer a ordem cronológica de chegada como critério para pagamento dos precatórios, que tem o efeito de evitar qualquer tipo de favorecimentos pessoais ou perseguições motivadas por razões de caráter político-administrativo. Antes de realizar o pagamento, é necessária a correção monetária, sendo desnecessária a expedição de um precatório complementar. PROCEDIMENTOS DOS PRECATÓRIOS O precatório é expedido pelo presidente do Tribunal onde o processo tramitou, após solicitação do juiz responsável pela condenação. Cabe aos Tribunais de Justiça Estaduais organizar e manter as filas de precatórios devidos pelo Estado e pelos Municípios que estão sob sua jurisdição. Ao expedir a ordem de pagamento contra a Fazenda Pública, o Tribunal dá início a um processo de precatório, que recebe numeração própria e é incluído em lista organizada de acordo com a ordem cronológica e prioridades, seguindo as normas legais. Os precatórios apresentados até 01 de julho de um ano devem ser inscritos no orçamento do ano seguinte, durante o qual, até o dia 31 de dezembro, dever sem pagos dentro da reserva do possível. Todavia, isso foge da realidade, visto que se tem muitos precatórios atrasados e os valores são consideravelmente altos. Assim, o Estado não teria dinheiro suficiente para pagar todos os precatórios atrasados de uma só vez para que consiga, a partir de então, fazer o pagamento dos precatórios no mesmo ano da previsão na LOA. OBSERVAÇÃO: Poder-se-ia considerar essa ideia para as Requisições de Pequeno Valor (RPV), que são aquelas que não vão impactar tão bruscamente o orçamento do ente. Para que o precatório seja incluso na proposta orçamentária do ente federativo referente ao ano seguinte, este deverá ser apresentado pelo Poder Judiciário, até o dia primeiro de julho. Caso o precatório seja apresentado ao Judiciário após o dia 01/07, não poderá ser incluso na proposta orçamentária do ano seguinte, mas tão somente no ano subsequente. Tem-se, além da ordem cronológica, a ordem preferencial para recebimento dos precatórios. Na lista preferencial se encontram os maiores de 60 anos, decisões relativas a salários, vencimentos, proventos, pensões, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez e créditos alimentares. Na lista superpreferencial, encontram-se os idosos maiores de 80 anos ou pessoas com doenças graves ou deficiências. REQUISIÇÕES DE PEQUENO VALOR (RPV) Representam instrumentos utilizados pelo Poder Judiciário para requisitar aos entes públicos o pagamento de dívidas. 26 Este possui um limite máximo de valor para pagamento que, quando superado, se transforma em um precatório. Este limite será de 60 salários no âmbito federal, 40 salários no âmbito estadual e 30 salários, em regra, no âmbito municipal. Os municípios podem mudar esse valor para mais ou para menos. No RPV, é possível o recebimento do valor na mesma LOA ou no ano seguinte, portanto, é muito mais rápido que o precatório. É feita uma requisição e há prazo para pagamento. O novo CPC traz um prazo de dois meses para o pagamento de RPV em qualquer âmbito da Fazenda Pública. As requisições de pequeno valor são feitas ao ente público (União, Estado, Município, suas autarquias ou fundações) para pagar quantia certa, em virtude de uma decisão judicial definitiva e condenatória que possibilita à pessoa vitoriosa receber o crédito da condenação independentemente da expedição de precatório. O valor mínimo da RPV é o do maior benefício do regime geral de previdência social. Art. 100, §3º, CF. O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. § 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social. Precatório corresponde à requisição judicial ao ente público para que pague débito decorrente de ação judicial com decisão definitiva. Requisição de pequeno valor corresponde à requisição judicial ao ente público para pagamento de débito considerado de pequeno valor, em procedimento mais célere. COMPENSAÇÃO DOS PRECATÓRIOS COM TRIBUTOS Segundo Piscitelli (2018, p. 218), como os precatórios são créditos líquidos e certos perante a Administração Pública, especialmente porque reconhecidos judicialmente por meio de decisão condenatória transitada em julgado, poderia haver a compensação com tributos. Todavia, o CTN é claro ao prescrever a necessidade de lei que estabeleça as condições para a realização da compensação. Havendo lei nesse sentido, o sujeito passivo poderia utilizar desses créditos para fazer frente a débito perante o mesmo ente. É um instrumento bastante utilizado pelas pessoas jurídicas.Assim, pega-se o título de crédito e coloca no sistema fiscal Conta Corrente da empresa. Conforme o contador vai apurando o ICMS de cada mês, por exemplo, ao invés de fazer o pagamento em dinheiro, faz a compensação com os precatórios. 27 Quanto à atualização monetária, esta deve ser feita no momento do pagamento, visto que se fosse feita até 1º de julho do ano em curso, para pagamento até o final do exercício seguinte, ter-se-ia um lapso de cerca de um ano e meio sem que o débito fosse corrigido. O precatório, quando vai ser utilizado, não precisa ser do próprio credor. Não resta dúvida que o credor de um precatório, atento à possibilidade real da demora do seu recebimento, possa optar por cedê-lo a outrem que possui menos urgência na obtenção desse valor. Essa possibilidade encontra previsão nos parágrafos décimo terceiro e décimo quarto do art. 100 da CF. § 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. É possível que seja feito o deságio, isto é, o credor originário pode ceder esse crédito por um valor menor do que o propriamente devido. Ainda recebendo um valor menor, poderá ser vantajoso ao credor, visto que é uma garantia real de um dinheiro naquele momento, enquanto que o recebimento do precatório não tem previsão específica. CONTROLE DE CONTAS E TCU No Brasil, o controle de contas é feito pelo Congresso Nacional auxiliado pelo Tribunal de Contas, sem caráter jurisdicional, que também pode realizar auditorias a pedido do Executivo e do Judiciário. Alguns autores, como Pontes de Miranda, entendem que o Tribunal de Contas tem função jurisdicional devido à expressão “julgar” contida no inciso II do art. 71, CF. Todavia, esse dispositivo deve ser entendido no sentido de que o Tribunal de Contas tem a função de avaliar, entender e apurar as contas bem ou mal prestadas, jamais no sentido de decidir a respeito delas. Esse é o entendimento de José Afonso da Silva, Oswaldo Aranha Bandeira de Mello e José Cretella Júnior. Até a Constituição de 1946, o controle das contas era prévio, visto que era imprescindível o registro do contrato para posterior realização da despesa. Na Constituição atual, por outro lado, o controle é concomitante e posterior, isto é, a despesa é realizada e se detectada a ilegalidade no curso ou na execução do contrato, podem ocorrer a fiscalização e a sustação. O controle pode ser realizado externamente pelo Poder Legislativo com o auxílio do Tribunal de Contas, internamente pelo próprio órgão por meio do controle hierárquico ou privativamente pelos cidadãos, a partir de denúncias enviadas ao Tribunal de Contas. O controle da atividade financeira do Estado está previsto no art. 70 da CF, determinando que a fiscalização terá por objeto três elementos distintos, quais sejam: a legalidade, legitimidade e economicidade, relativas à despesa pública. Ademais, o controle recairá também sobre a concessão de renúncia de receitas e aplicação de recursos em subvenções. 28 Art. 70, CF. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. De acordo com Harrison Leite (2016, p. 412), a legalidade está relacionada à realização de gasto em conformidade com a legislação financeira; a legitimidade traduz relação entre o gasto e sua valoração diante do atendimento do interesse público e a economicidade trata da concretização da eficiência pública, buscando sempre obter o maior aproveitamento com o menor custo possível. Quanto à aplicação de subvenções, esta corresponde à verificação de se os valores repassados aos entes sem fins lucrativos foram realmente aplicados naquilo que se comprometeram a gastar; e a renúncia de receitas está relacionada à análise das exonerações fiscais realizadas e se estas atingiram ou não sua finalidade. PRINCÍPIOS DO TRIBUNAL DE CONTAS PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – O Tribunal de Contas deve agir rigorosamente conforme a lei, utilizando todo o arcabouço legislativo nacional para avaliar as contas realizadas pelo Executivo, autarquia, fundações, por todas a Administração Direta e Indireta. PRINCÍPIO DA LEGITIMIDADE – O gasto legítimo é aquele necessário, que tem previsão legal, que respeita todos os requisitos da LOA, no qual o procedimento de execução foi cumprido. PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA – Fazer mais, gastando menos. Fazendo o máximo possível com menos dinheiro possível. CONTROLE INTERNO E EXTERNO Segundo Tathiane Piscitelli (2018, ps. 235 e 236), o controle interno está previsto no art. 74, caput e §1º, CF, e consiste no sistema integrado de fiscalização dos três Poderes que avalia os programa e metas do governo, os resultados e controles das operações de crédito e a comprovação de legalidade, com o objetivo de apoiar o controle externo nas suas missões institucionais. 29 Deve ser feito periódica e previamente. A ideia é minimizar qualquer tipo de erro antes de chegar no controle externo feito pelo Tribunal de Contas. Dessa forma, o controle interno é esperado e necessário no contexto do conjunto de servidores fazer um pente fino nas contas públicas para verificar se existe alguma incorreção que possa ser suprida. Art. 74, §1º, CF. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. Já o controle externo é exercido pelo Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas, no qual a fiscalização se dará por meio de uma comissão mista permanente de senadores e deputados, que deverá verificar indícios de despesas não autorizadas e, diante disso, solicitar esclarecimentos à autoridade responsável. Na hipótese de os esclarecimentos não serem prestados, ou serem insuficientes, a comissão encaminhará o caso ao Tribunal de Contas que, entendendo a despesa como irregular, permitirá à comissão propor ao Congresso Nacional sua sustação. OBS.: Na União, a titularidade do controle externo é do Congresso Nacional, nos Estados é da Assembleia Legislativa, nos Municípios da Câmara de Vereadores e no Distrito Federal da Câmara Legislativa. Conforme Regis Fernandes (2010, p. 556), o Tribunal de Contas não é um órgão meramente auxiliar, tanto que dotado de estrutura própria e de competência especificada na Constituição. Ainda que sua atribuição seja o estrito exame das contas públicas, sua dignidade é ínsita na estrutura republicana e democrática. Prestação de contas decorre de outros princípios e dá a imprescindível garantia jurídica do exercício adequado e probo das funções públicas. Integra, em tal sentido, a natureza da República. COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS O Tribunal de Contas compõe-se de nove ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional. Dos 9 ministros, 6 são escolhidos pelo Congresso Nacional
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