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SOCIOLOGIA_BRASILEIRA

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Título da aula/capítulo: Cap. 6 (livro 2) – A Sociologia no 
Brasil e a interpretação do povo brasileiro; 
Disciplina: Sociologia; 
Professor: João Gabriel da Fonseca; 
Turmas: 3º ano e curso; 
 
ATIVIDADE: RESPONDER ÀS QUESTÕES JUSTIFICANDO AS QUESTÕES OBJETIVAS 
QUESTÕES
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o texto e observe o mapa para responder à(s) questão(ões) 
a seguir. 
 
Nem existia Brasil no começo dessa história. Existiam o 
Peru e o México, no contexto pré-colombiano, mas Argentina, 
Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá, não. No que seria o Brasil, 
havia gente no Norte, no Rio, depois no Sul, mas toda essa gente 
tinha pouca relação entre si até meados do século XVIII. E há aí a 
questão da navegação marítima, torna-se importante aprender 
bem história marítima, que é ligada à geografia. [...] Essa 
compreensão me deu muita liberdade para ver as relações que 
Rio, Pernambuco e Bahia tinham com Luanda. Depois a Bahia tem 
muito mais relação com o antigo Daomé, hoje Benin, na Costa da 
Mina. Isso formava um todo, muito mais do que o Brasil ou a 
América portuguesa. [...] 
Nunca os missionários entraram na briga para saber se 
o africano havia sido ilegalmente escravizado ou não, mas a 
escravidão indígena foi embargada pelos missionários desde o 
começo, e isso também é um pouco interesse dos negreiros, ou 
seja, que a escravidão africana predomine. [...] A escravização 
tem dois processos: o primeiro é a despersonalização, e o 
segundo é a dessocialização. 
 
 
 
(Luiz Felipe de Alencastro. Entrevista a Mariluce Moura. “O 
observador do Brasil no Atlântico Sul”. In: Revista Pesquisa 
Fapesp, no 188, outubro de 2011.) 
 
 
 
 
1. (Unesp 2020) A “despersonalização” e a “dessocialização” dos 
escravizados podem ser associadas, respectivamente, 
a) ao fato de que os escravos eram identificados por números 
marcados a ferro e à interdição do contato entre os cativos e 
seus senhores. 
b) à noção do escravo como mercadoria e ao fato de que os 
africanos eram extraídos de sua comunidade de origem. 
c) à noção do escravo como tolerante ao trabalho compulsório e 
ao fato de que ele era proibido de fazer amizades ou constituir 
família. 
d) ao fato de que os escravos eram etnologicamente indistintos 
e à proibição de realização de festas e cultos. 
e) à noção do escravo como desconhecedor do território colonial 
e ao fato de que ele não era reconhecido como brasileiro. 
 
2. (Udesc 2019) Leia o trecho a seguir: 
 
“Não existe democracia racial efetiva, onde o intercâmbio entre 
indivíduos pertencentes a ‘raças’ distintas começa e termina no 
plano da tolerância convencionalizada. Esta pode satisfazer as 
exigências do bom-tom, de um discutível espírito cristão e da 
necessidade prática de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, 
ela não aproxima realmente os homens senão na base da mera 
coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a 
acontecer, da convivência restritiva, regulada por um código que 
consagra a desigualdade, disfarçando-a e justificando-a acima 
dos princípios de integração da ordem social democrática”. 
 
Florestan Fernandes, 1960. 
 
 
Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia racial” que, 
durante um período, foi considerada constitutiva da identidade 
nacional brasileira. Esta tese era caracterizada por: 
a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os diferentes 
grupos étnicos constitutivos da nação brasileira. 
b) apregoar que representantes de todos os grupos étnicos 
deveriam ter representatividade política em âmbito 
legislativo. 
c) promover a denúncia de práticas racistas contra negros, 
mulheres e indígenas. 
d) reivindicar a instauração de processos e eventuais julgamentos 
dos responsáveis pelo processo de favelização nas grandes 
capitais brasileiras, a partir de fins do século XIX. 
e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos eleitorais, 
pós 1964. 
 
3. (Ufsc 2019) Abaixo, o samba-enredo de 2018 da escola de 
samba do grupo especial Acadêmicos do Salgueiro. 
 
Senhoras do Ventre do Mundo 
 
Composição: Xande de Pilares, Demá Chagas, Dudu Botelho, 
Renato Glante, Jassa, Leonardo Gallo, Betinho de Pilares, 
Vanderley Sena, Ralfe Ribeiro e W. Corrêa 
 
Senhoras do ventre do mundo inteiro 
A luz no caminho do meu Salgueiro 
A me guiar, vermelha inspiração 
Faz misturar ao branco nesse chão 
Na força do seu ritual sagrado 
Riqueza ancestral 
Deusa raiz africana 
Bendita ela é e traz no axé um canto de amor 
Magia pra quem tem fé 
Na gira que me criou 
 
É mãe, é mulher, a mão guardiã 
Calor que afaga, poder que assola 
No Vale do Nilo, a luz da manhã 
A filha de Zambi nas terras de Angola 
 
Guerreira, feiticeira, general contra o invasor 
A dona dos saberes confirmando seu valor 
Ecoou no Quariterê 
O sangue é malê em São Salvador 
Oh matriarca desse cafundó 
A preta que me faz um cafuné 
Ama de leite do senhor 
A tia que me ensinou a comer doce na colher 
A bênção, mãe baiana rezadeira 
Em minha vida, seu legado de amor ôô 
Liberdade é resistência 
E à luz da consciência 
A alma não tem cor 
 
Firma o tambor pra rainha do terreiro 
É negritude, Salgueiro 
Herança que vem de lá (ô) 
Na ginga que faz esse povo sambar 
 
Com base no texto acima, é correto afirmar que: 
01) a temática abordada pela escola de samba Salgueiro possui 
pouca relevância para o contexto social brasileiro, uma vez 
que no Brasil não há racismo ou quaisquer outras formas de 
discriminação racial. 
02) na África antes da chegada dos europeus, havia uma 
produção científica e cultural pouco significativa, sendo os 
europeus, portanto, os responsáveis pelo desenvolvimento 
desse continente. 
04) o Brasil possui profundos vínculos culturais com a África, de 
modo que em todas as diferentes regiões do país encontra-
se a presença de manifestações culturais de origem afro-
brasileira. 
08) as mulheres negras na sociedade brasileira atingiram um 
nível de igualdade social que permite dizer que suas 
condições de trabalho e de salário são iguais às das mulheres 
brancas. 
16) as religiões afro-brasileiras concentram-se nas regiões 
Nordeste e Sudeste do Brasil, inexistindo na Região Sul. 
32) no Brasil, o racismo manifesta-se de diversas formas, muitas 
vezes sutis, como por meio de piadas e de outros atos 
cotidianos. 
 
4. (Uel 2019) Leia o texto a seguir. 
 
Como houve continuidade sem quebra temporal entre a 
escravidão, que destrói a alma por dentro e humilha e rebaixa o 
sujeito, tornando-o cúmplice da própria dominação, e a 
produção de uma ralé de inadaptados ao mundo moderno, 
nossos excluídos herdaram, sem solução de continuidade, todo o 
ódio e o desprezo covarde pelos mais frágeis e com menos 
capacidade de se defender. 
 
SOUZA, J. A elite do atraso. Rio de Janeiro: Leya, 2017. p.83. 
 
 
Nas teorias sociais, um dos temas mais controversos refere-se às 
relações entre o indivíduo e a sociedade. A imensa maioria dos 
cientistas sociais demonstra a existência de complexas relações 
entre as características sociais (classe social, renda, situação 
familiar etc.) que envolvem o indivíduo e o seu comportamento. 
 
Considerando esse texto, explique a relação entre o passado 
escravocrata e a forte presença de afrodescendentes entre os 
jovens presos e assassinados na atualidade no Brasil. Em seguida, 
relacione esse cenário à discriminação que esses indivíduos 
sofrem por uma parcela substancial da população brasileira. 
 
5. (Uerj 2019) As caravanas 
 
É um dia de real grandeza, tudo azul 
Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos 
Um sol de torrar os miolos 
Quando pinta em Copacabana 
A caravana do Arará, do Caxangá, da Chatuba 
A caravana do Irajá, o comboio da Penha 
Não há barreira que retenha esses estranhos 
Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho 
A caminho do Jardim de Alá 
É o bicho, é o buchicho, é a charanga 
 
(...) 
 
Com negros torsos nus deixam em polvorosa 
A gente ordeira e virtuosa que apela 
Pra polícia despachar devolta 
O populacho pra favela 
Ou pra Benguela, ou pra Guiné 
 
Sol 
A culpa deve ser do sol que bate na moleira 
O sol que estoura as veias 
O suor que embaça os olhos e a razão 
E essa zoeira dentro da prisão 
Crioulos empilhados no porão 
De caravelas no alto mar 
 
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria 
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia 
Ou doido sou eu que escuto vozes 
Não há gente tão insana 
Nem caravana do Arará 
Não há, não há 
(...) 
 
CHICO BUARQUE 
letras.mus.br 
 
 
Na letra da canção, o compositor estabelece vínculos entre 
diferentes temporalidades. 
 
Esses vínculos explicitam uma relação de causalidade entre os 
seguintes elementos: 
a) processo histórico e estrutura social 
b) origem geográfica e violência urbana 
c) doutrina religiosa e fundamentação ideológica 
d) movimento pendular e segregação residencial 
 
6. (Unesp 2019) Texto 1 
 
Vinte e um anos, algumas apólices, um diploma, podes entrar no 
parlamento, na magistratura, na imprensa, na lavoura, na 
indústria, no comércio, nas letras ou nas artes. Há infinitas 
carreiras diante de ti. [...] Nenhum [ofício] me parece mais útil e 
cabido que o de medalhão. [...] Tu, meu filho, se me não engano, 
pareces dotado da perfeita inópia mental, conveniente ao uso 
deste nobre ofício. [...] No entanto, podendo acontecer que, com 
a idade, venhas a ser afligido de algumas ideias próprias, urge 
aparelhar fortemente o espírito. [...] Em todo caso, não 
transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade. 
 
(Machado de Assis. Teoria do medalhão. 
www.dominiopublico.gov.br.) 
 
 
Texto 2 
 
De fato, existem medalhões em todos os domínios da vida social 
brasileira: na favela e no Congresso; na arte e na política; na 
universidade e no futebol; entre policiais e ladrões. 
São as pessoas que podem ser chamadas de “homens”, “cobras”, 
“figuras”, “personagens” etc. [...] Medalhões são 
frequentemente figuras nacionais. [...] Ser o filho do Presidente, 
do Delegado, do Diretor conta como cartão de visitas. 
 
(Roberto da Matta. Carnavais, malandros e heróis, 1983.) 
 
 
Tanto no texto do escritor Machado de Assis como no do 
antropólogo Roberto da Matta, a figura do medalhão 
a) corresponde a um fenômeno cultural recente e desvinculado 
do clientelismo. 
b) tem sua existência fundamentada em ideais liberais e 
democráticos de cidadania. 
c) consiste em um tipo social exclusivamente pertencente às 
elites burguesas. 
d) apresenta sucesso social fundamentado na competência 
acadêmica e intelectual. 
e) ilustra o caráter fortemente hierarquizado e personalista da 
sociedade brasileira. 
 
7. (Ufsc 2018) Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, 
traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente 
de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil –, a sombra, ou 
pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do 
Maranhão ao Rio Grande do Sul, e em Minas Gerais, 
principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, 
do africano. Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em 
que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no 
canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão 
sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência 
negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de 
mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão 
o bolão de comida. 
 
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala, 2005 [1933], p. 367. 
 
 
Em suma, a expansão urbana, a revolução industrial e a 
modernização ainda não produziram efeitos bastante profundos 
para modificar a extrema desigualdade racial que herdamos do 
passado. Embora “indivíduos de cor” participem (em algumas 
regiões segundo proporções aparentemente consideráveis) das 
“conquistas do progresso”, não se pode afirmar, objetivamente, 
que eles compartilhem, coletivamente, das correntes de 
mobilidade social vertical vinculadas à estrutura, ao 
funcionamento e ao desenvolvimento da sociedade de classes. 
 
FERNANDES, Florestan, O negro no mundo dos brancos, 2006 
[1972], p. 67. [Adaptado]. 
 
 
Acerca do debate sobre relações raciais no Brasil e com base na 
leitura dos textos acima, é correto afirmar que: 
01) a chamada “democracia racial” é uma expressão 
normalmente atribuída a Florestan Fernandes, que defendia 
essa ideia sobre o Brasil. 
02) para o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, o Brasil seria 
um país miscigenado não apenas no plano biológico, mas 
também no cultural. 
04) há diferentes interpretações sociológicas e antropológicas 
sobre como se dão as relações raciais no Brasil, inclusive 
correlacionando as desigualdades raciais com outros fatores, 
como gênero e classe social. 
08) segundo as ideias de Florestan Fernandes, no Brasil foi 
necessária a realização de medidas formais para separar 
negros de brancos. 
16) segundo Gilberto Freyre, era necessário distinguir raça de 
cultura, pois algumas diferenças existentes entre brancos e 
negros seriam de ordem cultural, e não racial, como 
defendiam algumas teorias. 
 
8. (Uem-pas 2017) A nação, a nacionalidade e a identidade 
nacional são construções sócio-históricas, portanto são resultado 
da ação de vários agentes sociais. O intelectual é um dos agentes 
sociais envolvidos na construção das ideias de nação, de 
nacionalidade e de identidade nacional. Para o caso brasileiro, no 
que diz respeito à criação da identidade nacional, um intelectual 
central foi Gilberto Freyre (1900-1987). Em suas obras, Freyre 
sistematizou, divulgou e ajudou a sedimentar a ideia do Brasil 
como país mestiço, atrelando a identidade nacional brasileira à 
miscigenação, à mestiçagem. 
 
Sobre a identidade nacional brasileira assentada na miscigenação 
e na mestiçagem, é correto afirmar: 
01) A identidade nacional brasileira assentada nos ideais da 
mestiçagem e da miscigenação busca conciliar 
discursivamente uma sociedade altamente estratificada 
onde o racismo é um operador social importante. 
02) A construção da identidade nacional brasileira favoreceu a 
expropriação do patrimônio cultural da população negra, 
uma vez que elementos da cultura negra foram 
transformados em cultura nacional, situação que colaborou 
para fortalecer a ideia da ausência de uma cultura da 
população negra no Brasil. 
04) A identidade nacional alicerçada nos ideais da miscigenação 
e da mestiçagem é algo que foi e ainda é utilizado para 
encobrir o racismo existente no Brasil. 
08) A construção da identidade nacional em torno do ideal da 
miscigenação e da mestiçagem favoreceu o desenvolvimento 
do mito da democracia racial e da ausência de racismo no 
Brasil. 
16) A identidade nacional calcada nos ideais da miscigenação e 
da mestiçagem favoreceu o surgimento de conflito racial 
explícito no Brasil. 
 
9. (Enem (Libras) 2017) A miscigenação que largamente se 
praticou aqui corrigiu a distância social que de outro modo se 
teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; 
entre a casa-grande e a senzala. O que a monocultura 
latifundiária e escravocrata realizou no sentido de 
aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores 
e escravos, com uma rala e insignificante lambujem de gente livre 
sanduichada entre os extremos antagônicos, foi em grande parte 
contrariado pelos efeitos sociais da miscigenação. 
 
FREYRE, G. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999. 
 
 
A temática discutida é muito presente na obra de Gilberto Freyre, 
e a explicação para essa recorrência está no empenho do autor 
em 
a) defender os aspectos positivos da mistura racial. 
b) buscar as causas históricas do atraso social. 
c) destacar a violência étnica da exploração colonial. 
d) valorizar a dinâmica inata da democracia política. 
e) descrever as debilidades fundamentais da colonização 
portuguesa. 
 
10. (Uel 2015) Leia o fragmento a seguir, de Sobrados e 
Mucambos, de 1936, do sociólogo brasileiro Gilberto Freyre.Os engenhos, lugares santos donde outrora ninguém se 
aproximava senão na ponta dos pés e para pedir alguma coisa – 
pedir asilo, pedir voto, pedir moça em casamento, pedir esmola 
para a festa da igreja, pedir comida – deram para ser invadidos 
por agentes de cobrança, representantes de uma instituição 
arrogante da cidade – o Banco – quase tão desprestigiadora da 
majestade das casas-grandes quanto a polícia. Houve senhores 
que esmagados pelas hipotecas e pelas dívidas encontraram 
amparo no filho ou no genro, deputado, ministro, funcionário 
público. O Estado foi afinal o “grande asilo das fortunas 
desbaratadas da escravidão”. 
 
Adaptado de: FREYRE, G. Sobrados e Mucambos: decadência do 
patriarcado rural e desenvolvimento urbano. 14.ed. São Paulo: 
Global, 2003. p.121-123. 
 
Com base no texto e nos conhecimentos sociológicos sobre o 
Brasil, cite, no mínimo, três características da descrição de Freyre 
a respeito do processo de modernização que se instalou no País. 
 
11. (Uem 2018) “Conforme propôs Sérgio Buarque de Holanda, 
o país foi sempre marcado pela precedência dos afetos e do 
imediatismo emocional sobre a rigorosa impessoalidade dos 
princípios, que organizam usualmente a vida dos cidadãos nas 
mais diversas nações. ‘Daremos ao mundo o homem cordial’, 
dizia Holanda, não como forma de celebração, antes lamentando 
a nossa difícil entrada na modernidade refletindo criticamente 
sobre ela”. 
 
(SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 17). 
 
 
Ao pensar a sociedade brasileira nos anos 1930, Sérgio Buarque 
de Holanda (1902-1982) indicou ser a cordialidade uma 
característica fundamental da sociedade local. Acerca do 
conceito de homem cordial, conforme construído por Sérgio 
Buarque de Holanda, é correto afirmar que 
01) indica o desapreço da sociedade brasileira pelo uso da 
violência. 
02) versa sobre a adesão da sociedade brasileira ao cumprimento 
das leis e sobre o desprezo pelo “jeitinho”. 
04) as relações pessoais extrapolam as relações privadas e 
organizam também a vida pública. 
08) a cordialidade seria algo transmitido no processo de 
socialização presente, de certa forma, na maioria dos 
brasileiros. 
16) indica a superação do passado colonial e a possibilidade de 
estruturação de uma democracia no Brasil baseada nos 
princípios de ordem e de progresso. 
 
12. (Enem PPL 2017) TEXTO I 
 
A Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a 
disciplinar o exercício do nepotismo cruzado, isto é, a troca de 
parentes entre agentes para que tais parentes sejam contratados 
diretamente, sem concurso. Exemplificando: o desembargador A 
nomeia como assessor o filho do desembargador B que, em 
contrapartida, nomeia o filho deste como seu assessor. 
 
COSTA, W. S. Do nepotismo cruzado: características e 
pressupostos. Jusnavigandi, n. 950, 8 fev. 2006. 
 
 
TEXTO II 
No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um 
sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente 
dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. 
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 
1993. 
 
 
A administração pública no Brasil possui raízes históricas 
marcadas pela 
a) valorização do mérito individual. 
b) punição dos desvios de conduta. 
c) distinção entre o público e o privado. 
d) prevalência das vontades particulares. 
e) obediência a um ordenamento impessoal. 
 
13. (Unioeste 2017) As sociedades humanas podem ser 
compreendidas com base no exame de suas representações 
coletivas, suas categorias de classificação que podem ser 
percebidas nas maneiras de se comportar dos seus membros, nos 
hábitos mais comuns do seu cotidiano, nas suas expressões e 
valorações presentes na linguagem. No Brasil, vários pensadores 
sociais tentaram interpretar a sociedade brasileira. Sobre os 
Intérpretes do Brasil, entre eles Euclides da Cunha, Sérgio 
Buarque de Holanda, Roberto Da Matta, Gilberto Freire e 
Raymundo Faoro, é INCORRETO afirmar. 
a) Para Euclides da Cunha, é possível entender o Brasil a partir 
das categorias de litoral e de sertão. As organizações sociais 
do tipo que se encontrava no litoral limitavam-se a copiar as 
formas europeias, destinando o País à submissão permanente. 
Por outro lado, Euclides afirma que uma nação efetivamente 
brasileira e capaz de realizar um projeto nacional autônomo 
teria que originar-se na população sertaneja. Em seu trabalho, 
o autor destaca o sertanejo como o personagem histórico 
capaz de impulsionar a formação da nação autônoma. 
b) Para Sérgio Buarque de Holanda, o Brasil pode ser 
compreendido a partir do estudo das suas raízes 
socioculturais. Ele constrói um panorama histórico de nossa 
estrutura política, econômica e social influenciada pelo 
modelo português. O Brasil de Sérgio Buarque de Holanda é 
um território de desterro do europeu que aqui se constitui 
enquanto homem cordial e organiza-se pelo personalismo, 
patriarcalismo e autoritarismo, porém que precisa se tornar 
uma democracia. 
c) Para Roberto Da Matta, os vários paradoxos e tensões que 
constituem nossa maneira de ser são um caminho possível 
para entender o Brasil. Tais paradoxos e tensões podem ser 
vistos no fato do brasileiro acreditar ser importante respeitar 
a lei, por outro lado, esse mesmo brasileiro acha lícito recorrer 
ao famoso “jeitinho”. 
d) Para Gilberto Freire, o Brasil pode ser compreendido a partir 
de uma interpretação histórica da realidade econômica e, em 
especial, do seu subdesenvolvimento, entendidos como fruto 
de relações internacionais. 
e) Para Raymundo Faoro, o Brasil pode ser compreendido a partir 
da formação do patronato político e do patrimonialismo do 
Estado brasileiro, levando-se em consideração as 
características da colonização portuguesa. 
 
14. (Uel 2017) O decênio de 1930 viu florescer um gênero novo 
de textos sobre o Brasil. O país, que já havia sido interpretado 
anteriormente em livros de gênero literário (como em Os Sertões, 
de Euclides da Cunha), passou a contar com análises advindas do 
campo das ciências sociais, que também começavam a se 
constituir em terreno nacional. Um dos mais destacados autores 
do período foi Sérgio Buarque de Holanda, que escreveu, em 
1936, o clássico ensaio Raízes do Brasil, que aborda aspectos 
fundamentais acerca da colonização nacional e da formação de 
características da cultura política brasileira. Muito conhecida é 
sua formulação acerca do homem cordial. 
 
Com base nessas considerações, disserte sobre como a 
cordialidade do brasileiro, descrita por Sérgio Buarque de 
Holanda, influi na relação entre o público e o privado na 
sociedade brasileira. 
 
15. (Uel 2016) Leia o texto a seguir. 
 
Cumpre ainda acrescentar que essa cordialidade, estranha, por 
um lado, a todo formalismo e convencionalismo social, não 
abrange, por outro, apenas obrigatoriamente, sentimentos 
positivos e de concórdia. A inimizade bem pode ser tão cordial 
como a amizade, visto que uma e outra nascem do coração, e 
procedem, assim, da esfera do íntimo, do familiar, do privado. 
Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida 
do que o brasileiro. Nada mais significativo dessa aversão ao 
ritualismo social, que exige, por vezes, uma personalidade 
fortemente homogênea e equilibrada em todas as suas partes, 
do que a dificuldade em que se sentem, geralmente, os 
brasileiros, de uma reverência prolongada ante um superior. 
Nosso temperamento admite fórmulas de reverência, e até de 
bom grado, mas quase somente enquanto não suprimam de todo 
a possibilidade de convívio mais familiar. Para o funcionário 
“patrimonial”, a própria gestão política apresenta-se como 
assunto de seu interesse particular. As funções, os empregos e os 
benefícios que deles aufere, relacionam-se a direitos pessoais do 
funcionário e não a interesses objetivos, como sucede no 
verdadeiro Estado burocrático, em que prevalecem a 
especialização dasfunções e o esforço para se assegurarem 
garantias jurídicas aos cidadãos. 
 
(Adaptado de: HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. 13.ed. Rio de 
Janeiro: J. Olympio, 1979. p.105-108.) 
 
 
O pensador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda desenvolveu 
sua noção de “homem cordial” em Raízes do Brasil. 
A partir desse trecho da obra, identifique e explique as três 
características básicas ligadas a essa noção. 
 
Gabarito: 
 
Resposta da questão 1: 
 [B] 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
Ao se tornar escravizado, o indivíduo é obrigado a romper os seus 
vínculos sociais, perdendo laços, deixando de ser reconhecido 
por sua identidade originária e sendo tratado como mercadoria. 
Assim é que a “despersonalização” e a “dessocialização” se 
mostram como características marcantes desse fenômeno. 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
A escravidão comercial negra, iniciada por Portugal na época 
mercantilista e colonialista, enxergava o escravo como 
mercadoria e, por isso, promovia uma espécie de 
despersonalização nos negros escravizados, retirando deles a 
condição de humanidade. Além disso, o fato de os negros serem 
retirados a força de suas tribos na África para serem vendidos 
mundo afora promovia uma dessocialização cultural e social que, 
por fim, levava os negros escravizados a um processo de 
aculturação. 
 
Resposta da questão 2: 
 [A] 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
Somente a alternativa [A] está correta. Gilberto Freyre em sua 
obra “Casa Grande e Senzala” defendeu a ideia de uma 
democracia racial no Brasil. Abaixo segue um trecho da obra 
citada, “Casa-Grande & Senzala”, que dá uma síntese do “Brasil 
de Gilberto Freyre”, do teor de sua interpretação: “Híbrida desde 
o início, a sociedade brasileira é de todas da América a que se 
constituiu mais harmoniosamente quanto às relações de raça: 
dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que 
resultou no máximo de aproveitamento dos valores e 
experiências dos povos atrasados pelo adiantado; no máximo de 
contemporização da cultura adventícia com a nativa, a do 
conquistador com a do conquistado. Organizou-se uma 
sociedade cristã na superestrutura, com a mulher indígena, 
recém-batizada, por esposa e mãe de família; e servindo-se em 
sua economia e vida doméstica de muitas das tradições, 
experiências e utensílios da gente autóctone.” (FREYRE, 
Gilberto. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira 
sob o regime da economia patriarcal. 49ª Ed. São Paulo: Global 
2004. p. 160). 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
Florestan Fernandes foi um dos principais sociólogos brasileiros. 
Entre os seus trabalhos está A integração do negro na sociedade 
de classes, no qual ele analisa como se dá a sobreposição entre 
uma sociedade de preconceito racial com a estrutura de divisão 
de classes. Esse trabalho demonstra empiricamente, portanto, 
como a ideia de “democracia racial” é falsa. 
 
Resposta da questão 3: 
 04 + 32 = 36. 
 
As afirmativas [04] e [32] são as únicas corretas. A cultura 
brasileira tem forte relação com a África e essa influência não 
pode ser ignorada. Isso porque as desigualdades no nosso país 
tenderam a produzir um apagamento dessa história, que 
recentemente tem sido recuperada e valorizada. 
 
Resposta da questão 4: 
 No Brasil, a escravidão ocupou a maior parte de nossa história. 
Durante quatro séculos, pessoas foram trazidas da África para 
serem aqui escravizadas. Com isso, tiveram seus laços sociais e 
familiares rompidos, tendo sido submetidas a condições 
drásticas de trabalho e exploração. Com o fim da escravidão, ao 
invés de essa população recém-libertada ter sido incentivada e 
formada para o exercício do trabalho assalariado, a maioria dos 
postos de trabalho – e, claro, os de melhor remuneração – foram 
ocupados por imigrantes de origem europeia. O resultado disso 
foi o deslocamento dos afrodescendentes para o desemprego ou 
subemprego de péssima remuneração, empurrando os para a 
pobreza, fragilizando os vínculos familiares e tornando quase 
impossível a formação educacional necessária para a 
concorrência com os imigrantes. Com esses indivíduos exercendo 
atividades socialmente desvalorizadas ou incorrendo na 
criminalidade, reiterou-se a ideia de que os afrodescendentes – 
e, por extensão, os pobres em geral – são uma ameaça aos 
membros da “boa sociedade”. Daí serem eles os principais 
herdeiros contemporâneos do ódio e do desprezo que os 
senhores devotavam aos escravos nos séculos anteriores. 
 
Resposta da questão 5: 
 [A] 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
A letra de Chico Buarque apresenta uma homologia de estrutura 
social em diversos tempos históricos em que certos elementos 
estão presentes, de forma a sugerir as origens do racismo 
estrutural que existe na sociedade brasileira atual. Dentre esses 
elementos, podemos citar: o racismo, o discurso de ódio, a 
segregação urbana, o determinismo geográfico e a violência 
institucional. 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
O grande artista Chico Buarque de Holanda em sua composição 
“As Caravanas” aponta para a grande chaga social do Brasil, a 
escravidão. O regime escravista que caracterizou o Brasil entre os 
séculos XVI e XIX deixou marcas profundas na sociedade, o autor 
mostra como o passado escravista segue firme no presente. 
Portanto, a estrutura social brasileira está associada ao processo 
histórico caracterizado pela escravidão, violência, racismo, 
preconceito, etnocentrismo, intolerância, entre outras chagas 
sociais que ainda assolam o país. 
 
Resposta da questão 6: 
 [E] 
 
Há tempos existe no Brasil a confusão entre o âmbito público e o 
privado. Essa característica é fundante das nossas relações 
políticas, gerando situações de clientelismo, favorecimento e, 
muitas vezes, de corrupção. 
 
Resposta da questão 7: 
 02 + 04 + 16 = 22. 
 
As afirmativas [01] e [08] estão incorretas. A ideia de democracia 
racial foi desenvolvida por Gilberto Freyre, e não por Florestan 
Fernandes. Florestan Fernandes foi importante para que 
pudéssemos compreender a estrutura social brasileira vinculada 
ao racismo. Ele demonstrou que, em nosso país, a questão racial 
associa-se também a outros fatores sociais, como as 
desigualdades de classe. 
 
Resposta da questão 8: 
 01 + 02 + 04 + 08 = 15. 
 
A afirmativa [16] é a única incorreta. As ideias de miscigenação 
acabaram por ocultar os conflitos raciais que já existiam no Brasil 
e que perduram até hoje. 
 
Resposta da questão 9: 
 [A] 
 
Gilberto Freyre, em diversos escritos, considera a miscigenação 
como uma característica positiva da história brasileira, sendo 
responsável por favorecer o equilíbrio de antagonismos que já 
existia durante o período escravocrata. 
 
Resposta da questão 10: 
 Para Gilberto Freyre, o processo de modernização brasileiro, 
ocorrido a partir do século XIX, foi resultado da entrada do 
capitalismo avançado no país. Isso modificou as relações de 
poder, mas sem interferir diretamente nas bases da cultura 
patriarcal do país. Nesse sentido, houve, de fato, um certo 
enfraquecimento do patriarcalismo, mas que continuou a se 
reproduzir no interior das relações familiares e no Estado. Por 
fim, segundo Gilberto Freyre, essas modificações criaram, nas 
camadas dominantes, um comportamento de troca de favores no 
interior da vida pública e privada. Comportamento este que pode 
relacionar com diversas práticas da política contemporânea. 
 
Resposta da questão 11: 
 04 + 08 = 12. 
 
As afirmativas [04] e [08] são as únicas corretas. A cordialidade 
diz respeito à confusão entre o público e o privado nas relações 
sociais na sociedade brasileira. Já presente no período colonial, 
essas relações de cordialidade fazem com que ainda hoje existam 
formas de tratamento baseadas no “jeitinho” e no tratamento 
personalista das questões coletivas. 
 
Resposta da questão 12: 
 [D] 
 
[Resposta do ponto devista da disciplina de História] 
Os textos trazem consigo exemplos que deixam claro que o fazer 
política no Brasil, na maioria das vezes e em diferentes épocas, 
está atrelado ao atendimento de interesses de cunho pessoal, e 
não público, como deveria ser. O nepotismo, citado no texto I, é 
um grande exemplo disso. 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, 
defende a ideia de que, no Brasil, sempre houve uma grande 
confusão entre o público e o privado, dando origem àquilo que 
ele chamou de cordialidade. Na prática, os interesses privados 
(vontades particulares) sempre tenderam a se colocar acima dos 
interesses públicos. 
 
Resposta da questão 13: 
 [D] 
 
A questão aparenta ser de uma dificuldade alta. No entanto, ela 
é mais simples do que parece devido à alternativa [D], que é 
claramente incorreta. Gilberto Freyre pensou o Brasil não a partir 
da realidade econômica, mas sociocultural. Não por acaso, sua 
principal ideia de democracia racial se dá justamente nesse nível. 
Vale ressaltar que quem analisou o Brasil a partir de uma lógica 
econômica de subdesenvolvimento foi Celso Furtado. 
 
Resposta da questão 14: 
 Sérgio Buarque de Holanda argumenta que o excesso de 
pessoalidade presente em todas as relações sociais no Brasil fere 
alguns princípios básicos da ordem pública, onde todos os 
cidadãos devem ser tratados igualmente, independentemente 
de seus círculos de socialização, amizade ou parentesco. Nesse 
raciocínio, a ordem burocrática (no sentido apregoado por Max 
Weber) é completamente comprometida quando a esfera 
pública é entendida como um prolongamento da esfera privada. 
A cordialidade apresenta, assim, seu lado mais cruel, pois ela 
fundamenta diferentes formas de tratamento para as pessoas 
que fazem e as que não fazem parte dos círculos de relação de 
funcionários do Estado, por exemplo. Nesse sentido, ter acesso 
ou não a benefícios e direitos sociais passa a depender mais das 
relações sociais que as pessoas travam entre si do que dos 
princípios da ordem pública. Como pode ser visto, as 
competências para cumprir determinadas funções não são 
priorizadas, de forma que até mesmo a empregabilidade 
depende mais dos círculos de sociabilidade do que de critérios 
objetivos e impessoais de escolhas de candidatos. A extrema 
pessoalidade das relações sociais, marca da cordialidade 
brasileira, enfraquece as instituições, a democracia e o próprio 
Estado, que sofrem com a debilidade de seu funcionamento. 
Além disso, a fraqueza da dimensão pública, impessoal e 
coercitiva, é relativa à força e à permanência da estrutura 
patriarcal da sociedade brasileira. 
 
Resposta da questão 15: 
 O gabarito oficial do vestibular identifica três características do 
“homem cordial”: 
 
1) O caráter dual ou duplo, de cor/cordial/coração, significando 
não apenas amor, afeto, simpatia, mas ódio ou desamor, em 
relação às pessoas em geral. 
 
2) Caráter informal ou de descompromisso excessivo em todas as 
instâncias e relações da vida cotidiana: na religião, nos rituais, 
no trabalho, nos estudos, na política, nos horários, nas 
normas, na vida privada etc., ou seja, a pessoalidade 
superando a impessoalidade. 
 
3) Trato indiscriminado entre a coisa pública e a coisa privada, 
que ocorre entre políticos e burocratas, os quais as utilizam como 
equivalentes, agradando parentes, amigos, correligionários, e 
prejudicando inimigos ou desconhecidos, ou seja, usando o bem 
público como extensão pessoal e sentimental de sua casa e de 
seus interesses. 
 
Abraços e bons estudos, 
Prof. João Gabriel.

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