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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO CIVIL
Responsabilidade Civil – Parte IV
Livro Eletrônico
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Carlos Elias
Responsabilidade Civil – Parte IV
DIREITO CIVIL
Apresentação .................................................................................................................3
Responsabilidade Civil – Parte IV ....................................................................................5
1. Classificação da Responsabilidade Civil .......................................................................5
1.1. Quanto à Origem .......................................................................................................5
1.2. Responsabilidade pela Quebra da Confiança: uma Terceira Categoria? ..................... 7
1.3. Quanto à Culpa .........................................................................................................8
1.4. Responsabilidade Objetiva ........................................................................................9
2. Pressupostos da Responsabilidade Civil ................................................................... 14
2.1. Conduta.................................................................................................................. 14
2.2. Culpa .....................................................................................................................23
2.3. Nexo Causal ..........................................................................................................24
2.4. Dano .....................................................................................................................27
2.5. Excludentes da Responsabilidade Civil...................................................................38
Questões de Concurso ..................................................................................................45
Gabarito .......................................................................................................................52
Gabarito Comentado .....................................................................................................53
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Responsabilidade Civil – Parte IV
DIREITO CIVIL
ApresentAção
Você acertará tudo, tudo, tudo de Direito Civil na prova!
Vamos continuar na nossa aula de responsabilidade civil.
Resumo
Se você tem pressa, deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios. É fun-
damental ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conteúdo e tra-
tar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De nada 
adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o  ideal é ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir às 
questões.
O resumo desta aula é este:
• Quanto à origem, a responsabilidade pode ser contratual (quando decorre da violação 
de um dever contratual) ou extracontratual (quando decorre da violação de um dever 
legal);
• O STJ admite a responsabilidade pela quebra da confiança como uma terceira categoria 
diferente das duas espécies de responsabilidade acima (contratual e extracontratual);
• Quanto à culpa, a responsabilidade pode ser subjetiva ou objetiva;
• Responsabilidade objetiva é a que dispensa a prova de culpa. É exceção: depende de lei, 
pois excepciona a regra geral do caput do art. 927 do CC. O parágrafo único do art. 927 
do CC admite a responsabilidade civil em dois casos: (1) quando for aplicável a teoria 
do risco e (2) quando houver lei específica;
• Os pressupostos da responsabilidade são a conduta, a culpa, o nexo causal e o dano. 
Em regra, sem esses pressupostos, não há responsabilidade civil;
• Levando em conta a conduta, a responsabilidade civil pode ser direta ou indireta;
• A responsabilidade direta ou por ato próprio se dá quando o agente é responsabilizado 
por uma conduta que ele mesmo adotou. É a regra geral da responsabilidade civil e está 
prevista genericamente no art. 927, caput, do CC;
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Responsabilidade Civil – Parte IV
DIREITO CIVIL
• A responsabilidade indireta ocorre quando alguém responderá por um dano causado por 
conduta de um terceiro ou por uma coisa ou animal. É exceção e, por isso, depende de lei;
• Os principais danos indenizáveis são os danos material, moral, estético e existencial, 
além da perda de uma chance e da perda do tempo útil;
• As excludentes de ilicitude são excludentes de responsabilidade civil;
• No caso da responsabilidade objetiva, apenas o fortuito externo é excludente, por se 
tratar de risco alheio à atividade;
• Se a responsabilidade objetiva for fundada na teoria do risco integral, não há fortuito 
externo, pois todos os riscos são considerados inerentes à atividade e, por isso, ne-
nhum fortuito será excludente.
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Responsabilidade Civil – Parte IV
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RESPONSABILIDADE CIVIL – PARTE IV
1. ClAssifiCAção dA responsAbilidAde Civil
1.1. QuAnto à origem
Questão 1 (CESPE/JUIZ/TRF-2ª/2009) Na responsabilidade contratual, a  distinção entre 
culpa e dolo, para fins de indenização, será irrelevante conforme a natureza do contrato.
Errado.
Quando se trata de um negócio jurídico gratuito, a parte generosa só responde por dolo, nos 
termos do art. 392 do CC.
Tratarei um pouco sobre responsabilidade contatual e extracontratual!
Quanto à origem, a responsabilidade civil pode ser contratual ou extracontratual. Marcos 
Ehrardt Jr. (2012, pp. 333-334), com acerto, prefere designar essas duas espécies de res-
ponsabilidade como negocial e extranegocial, pois descumprimentos de negócios unilaterais 
(como a promessa de recompensa), que não são contratos, encaixam-se como responsabili-
dade civil negocial. Os termos contratual e extracontratual não exprimem todos os casos por 
eles abrangidos. Manterei, porém, a nomenclatura antiga pela sua consolidada tradição. É o 
que cai em concurso público.
A responsabilidade extracontratual ou aquiliana decorre da violação direta de obrigação 
legal. Diz respeito a descumprimento de deveres gerais previstos em lei, como os oriundos do 
dever de cuidado objetivo (arts. 186 e 187, CC), dos direitos reais, dos direitos da personalida-
de e dos direitos de autor. O dever de cuidado objetivo é aquele que exige que todos adotem 
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condutas cautelosas para não causar danos a outrem (art. 186, CC) e não se portem com 
abuso de direito (art. 187, CC). O fundamento legalda responsabilidade extracontratual são 
especialmente os arts. 186, 187, 402, 927 e 944 do CC.
A responsabilidade contratual é a que decorre da violação de uma obrigação contratual, 
ou melhor, de uma obrigação de um negócio jurídico, inclusive os unilaterais, como a promes-
sa de recompensa etc. Excepcionalmente, deve-se admitir como contratual a responsabilida-
de decorrente da violação de uma obrigação nascida de lei, quando esta for, por um negócio 
jurídico ou judicial, individualizada, como o dever de pagar alimentos. Essa intermediação 
humana por um negócio ou um ato judicial torna contratual a responsabilidade. É nesse sen-
tido que se deve entender os doutrinadores que, como Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 
45), defendem que, excepcionalmente, violação de lei pode ensejar responsabilidade contra-
tual. O fundamento legal da responsabilidade contratual são especialmente os arts. 389, 402, 
475 e 927 do CC. A título de exemplo, se um ônibus de transporte coletivo se envolve em um 
acidente, atropelando um transeunte e causando lesões nos passageiros, haverá responsa-
bilidade civil contratual da empresa transportadora perante os passageiros por violação ao 
dever de proteção inerente ao contrato de transporte mantido com estes (cláusula de incolu-
midade tácita no contrato) e haverá responsabilidade extracontratual da empresa perante o 
transeunte por desrespeito ao dever legal de cuidado objetivo (art. 186, CC): não há contrato 
com transeunte.
Diga-me: qual é a relevância prática em classificar a responsabilidade civil em contratual 
ou extracontratual?
Há duas principais.
Uma utilidade prática da classificação é a de que, na responsabilidade contratual, o credor 
não precisa provar culpa, mas basta provar o inadimplemento contratual. O inadimplemen-
to, por si só, faz presumir a culpa, admitido, porém, que o devedor faça prova em contrário 
para afastar a culpa. Já na responsabilidade extracontratual, a vítima tem de provar a culpa 
do causador do dano. Não basta apenas provar o dano. Essa regra geral, todavia, pode ser 
flexibilizada por lei, pois há casos de inversão de ônus da prova por lei (como no art. 6º, VIII, 
do CDC, e na teoria da distribuição dinâmica da prova prevista no art. 373, § 1º, do CPC) e há 
casos de responsabilidade objetiva, para qual é irrelevante a prova de culpa.
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Outra utilidade da classificação é o termo inicial dos juros de mora. Na responsabilidade 
extracontratual, é a data do dano. Na responsabilidade contratual, é a data da interpelação 
judicial (geralmente a citação) ou extrajudicial, salvo quando se tratar de mora ex re, em que o 
termo inicial será a data do advento do termo (STJ, REsp 1513262/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro 
Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 26/8/2015). Sobre o tema, reporto ao que escrevi nas aulas de 
direito das obrigações.
1.2. responsAbilidAde pelA QuebrA dA ConfiAnçA: umA terCeirA 
CAtegoriA?
Você já ouviu falar em responsabilidade pela quebra da confiança? Isso seria uma terceira 
categoria de dano? O STJ analisou esse tema e, por isso, há chances de isso ser cobrado em 
concurso.
Enquanto a responsabilidade contratual decorre da violação de uma prestação pactuada 
entre as partes e a responsabilidade extracontratual deriva do descumprimento de um dever 
genérico de abstenção, há corrente doutrinária a sustentar uma terceira categoria de respon-
sabilidade: a responsabilidade pela quebra da confiança. Esta não seria contratual, porque 
não necessariamente se vincula a um contrato, nem seria extracontratual, pois não se relacio-
na a um dever genérico de abstenção (Rosenvald; Farias; Braga Netto; 2015, p. 72).
A responsabilidade pela quebra da confiança consiste nos danos causados a uma vítima 
em razão da frustração de uma legítima expectativa criada pelo agente com sua conduta. 
Não se confundiria com a responsabilidade pré-contratual, porque esta tem, como foco, a ce-
lebração futura de um contrato, meta essa inexistente na responsabilidade pela quebra da 
confiança.
O STJ já admitiu essa responsabilidade pela quebra da confiança para condenar a IBM a 
indenizar uma empresa que, com base na expectativa criada pelo comportamento daquela 
(apresentação de projeto, visita de engenheiros, indicação das especificações técnicas do 
produto e utilização de uma empresa intermediária), sofreu prejuízo ao verem rejeitadas as 
peças que fabricara para serem empregadas no produto projetado pela IBM. Nesse caso, 
embora o ministro relator tenha chegado a esse veredito entendendo que, embora inexistisse 
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inexistir contrato entre as partes, seria devida a responsabilidade pela quebra de confiança, 
a ministra Isabel Gallotti adotou o mesmo veredito com argumento diverso, afirmando haver 
um contrato informal entre as partes (STJ, REsp 1309972/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, DJe 08/06/2017).
Não é adequado considerar a responsabilidade pela quebra da confiança como uma ter-
ceira categoria. Se enquadra tanto dentro da responsabilidade contratual como na extracon-
tratual, pois deriva da violação da boa-fé, que é um dever a ser observado em contratos (res-
ponsabilidade contratual) ou fora deles (responsabilidade extracontratual).
Se o comportamento de má-fé for adotado sem haver negócio entre as partes, há respon-
sabilidade extracontratual, pois a boa-fé é um dever legal que foi descumprido. Não importa 
se as partes (fase da puntuação) celebrariam um contrato no futuro, pois aí se terá uma res-
ponsabilidade civil pré-contratual, que é uma modalidade de responsabilidade extracontratu-
al pela falta de um negócio prévio entre as partes.
Se, porém, houver um negócio, a violação à boa-fé será um descumprimento de um dever 
contratual, ainda que conexo, e, portanto, enseja responsabilidade contratual.
1.3. QuAnto à CulpA
Quanto à culpa, a responsabilidade pode ser subjetiva ou objetiva.
Responsabilidade subjetiva é a que depende da prova de culpa do agente. É a regra geral: 
sem culpa, não há responsabilidade (art. 927, CC).
Culpa é tomada em sentido amplo e abrange a culpa em sentido estrito (negligência, im-
prudência e imperícia) e o dolo (intenção deliberada de causar o dano).
Não importa o grau de culpa: mesmo no caso de culpa levíssima, já está presente a culpa 
necessária para a responsabilidade civil subjetiva. Só se excepciona isso quando houver lei 
ou princípio. Em contratos gratuitos, culpa leve ou média não autoriza responsabilização do 
generoso; só dolo ou culpa grave permite essa responsabilização, conforme interpretação 
extensiva do art. 392 do CC pelo STJ (inferência da Súmula n. 145, STJ).
Responsabilidade objetiva é a que dispensa a prova de culpa. É exceção: depende de lei, 
pois excepciona a regra geral do caput do art. 927 do CC. O parágrafo único do art. 927 do CC 
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admite a responsabilidade civil em dois casos: (1) quando for aplicável a teoria do risco e (2) 
quando houver lei específica.
1.4. responsAbilidAde objetivA
1.4.1. Breve histórico
Questão 2 (CESPE/JUIZ/TJ-CE/2018) Pedro descobriu que seu nome havia sido inscrito 
em órgãos de restrição ao crédito por determinada instituição financeira em decorrência do 
inadimplemento de contrato fraudado por terceiro.
Nesse caso hipotético, a instituição financeira
a) não responderá civilmente, uma vez que se trata de fato de terceiro, mas deverá proceder à 
retirada do registro negativo no nome de Pedro.
b) não responderá civilmente, porque a fraude configura uma excludente de caso fortuito 
externo.
c) responderá civilmente na modalidade objetiva integral.
d) responderá civilmente apenas se Pedro comprovar que sofreu prejuízos devido à inscrição 
de seu nome nos órgãos de restrição ao crédito.
e) responderá civilmente na modalidade objetiva, com base no risco do empreendimento.
Letra e.
Se trata de uma aplicação da teoria do risco a justificar a responsabilidade objetiva da ins-
tituição financeira. Fraude de terceiros integra o risco da atividade dos bancos: é fortuito 
interno e, portanto, não afasta a responsabilidade objetiva. Para entender melhor esse tema, 
temos de estudar alguns assuntos. Vamos lá!
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É importante você ter noção rápida da história da responsabilidade objetiva.
Até a Idade Média, a regra era a responsabilidade objetiva, que era justificada na vingança. 
Quem sofresse um dano reivindicava, como ato de vingança, indenização independentemente 
de discussão de culpa.
Com a Idade Média, por influência de ideais do cristianismo – que associa o pecado à 
culpa –, a responsabilidade subjetiva passou a ser a regra geral. Ninguém poderia ser respon-
sabilizado por um dano causado sem culpa.
Notadamente com a efervescência das cidades com a Revolução Industrial, muitas víti-
mas das atividades perigosas das máquinas ficavam sem obter a indenização, pois não con-
seguiam provar culpa dos industriais. Havia casos de proletários que, durante suas jornadas 
desumanas de trabalho, sofriam lesões corporais nas máquinas e eram demitidos por conta 
de sua incapacidade laboral. Esses proletários não tinham condições de comprovar a culpa 
do industrial, ainda mais levando-se em conta que o seu baixo grau de instrução e a sua pe-
núria os tornavam vulneráveis para guardar e produzir provas (fotos, perícias etc.). A injustiça 
era notável.
Foi nesse contexto que a doutrina desenvolveu a teoria do risco criado para justificar a res-
ponsabilidade objetiva, de modo que os industriais, ao criarem riscos de danos aos indivíduos, 
passaram a responder objetivamente pelos danos causados em razão de suas atividades.
A teoria do risco criado se especializou nas demais teorias do risco: a do risco profissio-
nal, do risco-proveito, risco administrativo e risco integral.
Assim, a regra continuou sendo a responsabilidade subjetiva, mas passou-se a admitir 
excepcionalmente a responsabilidade objetiva com base na teoria do risco. O fundamento da 
responsabilidade objetiva não era mais a vingança, e sim a teoria do risco.
1.4.2. Teorias do Risco
Questão 3 (FAURGS/JUIZ/TJ-RS/2016) e adota, segundo entendimento majoritário, a te-
oria do risco integral como fundamento da imputação de responsabilidade, independente de 
culpa em razão de atividade de risco (artigo 927, parágrafo único).
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Errado.
A teoria do risco integral é excepcional entre as várias teorias do risco. Ela só se aplica para 
casos especiais.
Todas as espécies de teorias do risco originaram-se da teoria do risco criado. As três pri-
meiras teorias do risco (criado, profissional e proveito) encontram fundamento expresso no 
parágrafo único do art. 927 do CC, de modo que, sendo verificadas em um caso concreto, a res-
ponsabilidade será objetiva. Um mesmo caso pode ser justificado em cada uma dessas teorias. 
Por exemplo, a responsabilidade dos bancos por danos causados a clientes por estelionatários 
pode ser justificada na teoria do risco criado, na do risco profissional ou do risco proveito.
Já a teoria do risco administrativo é voltada para a responsabilidade do Estado por ato 
dos seus agentes públicos, e o seu fundamento será nas normas de Direito Administrativo 
(como o art. 37, § 6º, CF/1988).
Por fim, a teoria do risco integral se aplicará a casos específicos em que o responsável 
terá de assumir todos os riscos de danos provocados por sua atividade e tem por fundamento 
normas específicas, que geralmente são interpretadas extensivamente.
Vamos falar um pouco mais sobre essas teorias do risco.
Pela teoria do risco criado, quem cria um risco de dano com sua atividade responde ob-
jetivamente pelo dano. Na teoria do risco criado, não se exige prova de lucro; basta uma ati-
vidade criadora de risco de dano. Não se trata de qualquer risco; é preciso que se trate de um 
risco além do usual, sob pena de banalizar a responsabilidade objetiva para todos os casos 
do mundo visto que qualquer atividade – até mesmo a de andar pela rua – cria um risco de 
dano a terceiros. O risco criado também é conhecido como “risco da atividade” ou “risco da 
atividade perigosa”.
Pelo risco profissional, quem exerce profissão ou atividade com fins lucrativos assume os 
riscos dos danos. Trata-se de uma aplicação da regra do “ubi emolumentum ibi onus” (onde 
há lucro, há ônus). No risco profissional, a vítima sofre dano pela atividade profissional 
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do responsável. O risco profissional justifica responsabilidade por acidentes de trabalho e por 
outros casos, como o da responsabilidade do empregador por atos do empregado (art. 932, 
III, CC). O STJ já invocou a teoria do risco profissional para responsabilizar objetivamente 
instituições financeiras perante clientes cujos nomes foram negativados por dívidas decor-
rentes de cheques emitidos fraudulentamente por terceiros. A atividade profissional dos ban-
cos, ao atrair a atenção dos bandidos, cria risco de os clientes serem atingidos por condutas 
desses criminosos (STJ, AgRg no AREsp 75.376/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJe 
01/07/2013; REsp 1093617/PE, 4ª Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 23/03/2009).
Segundo a teoria do risco proveito, quem tira proveito de uma atividade que cria risco de 
danos responde objetivamente. É também aplicação da regra do ubi emolumentum ibi onus. 
O proveito não precisa ser puramente econômica e abrange também casos de proveitos eco-
nômicos indiretos. É o que ocorre com os casos de estacionamentos gratuitos oferecidos por 
grandes empresas:há proveito econômico indireta pelo fato de essa comodidade atrair clientes.
No risco administrativo, o poder público cria risco de danos a terceiros com sua atividade 
administrativa e, por isso, responderá objetivamente. De fato, o exercício da atividade estatal, 
por envolver prerrogativas de poderes (poder de polícia, por exemplo), cria riscos além do 
usual. A aplicação da teoria do risco administrativo é restrita aos casos de responsabilidade 
civil do Estado.
Por fim, vamos falar da teoria do risco integral. Pelo risco integral, quem exercer uma ativi-
dade muito perigosa responde objetivamente por todos – sem exceção – os danos causados. 
Distingue-se das demais teorias do risco pelo fato de que estas admitem o fortuito externo 
como excludente de responsabilidade. Nos casos de teoria do risco integral, não há fortuito 
externo: todos os fortuitos são internos à atividade.
A jurisprudência vem admitindo a aplicação da teoria do risco integral mesmo sem texto 
legal expresso, desde que seja identificada a altíssima periculosidade da atividade desenvol-
vida. Os três principais casos citados pela doutrina são os de responsabilidade ambiental, 
nuclear e por atos terroristas ou bélicos. Tratemos deles.
Um dos casos de teoria do risco integral é a responsabilidade por dano ambiental por for-
ça de interpretação extensiva do art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981 (STJ, REsp 1114398/PR, 2ª 
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Seção, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 16/02/2012). Essa interpretação extensiva decorre da 
elevada importância do meio ambiente, de sorte que quem ameaça o meio ambiente com sua 
atividade terá de responder objetivamente por qualquer dano causado: não há fortuito exter-
no. Pessoalmente discordamos desse entendimento, pois entendemos que, embora de forma 
mais limitada, deve ser admitida a existência de fortuito externo, a exemplo de um dano am-
biental decorre de um ataque bélico. Não nos parece razoável impor ao explorador de uma ati-
vidade econômica na natureza um risco totalmente alheio à sua atividade, como uma guerra.
Outro caso é a responsabilidade do operador por dano causado pela atividade de energia 
nuclear. O fundamento é uma interpretação extensiva do art. 21, XXIII, “c”, da CF/1988, que, 
ao prever a responsabilidade por dano nuclear independentemente de culpa sem fazer qual-
quer ressalva, teria recepcionado o art. 8º da Lei n. 6.453/1977, que excluía a responsabilida-
de do operador de energia nuclear se o dano tiver decorrido de guerras e fatos excepcionais 
da natureza. Essa é interpretação majoritária. Dela, porém, discordamos, pois não enxerga-
mos incompatibilidade do referido art. 8º da Lei n. 6.453/1977 com o referido dispositivo da 
CF/1988, que, em momento algum, previu a teoria do risco integral nem atacou a opção legis-
lativa de considerar a guerra e catástrofes naturais como fortuitos externos. O art. 8º da Lei 
n. 6.453/1977, portanto, estaria em vigor. Todavia, temos por conveniente que o Congresso 
Nacional revogue esse dispositivo e preveja expressamente a teoria do risco integral. Acres-
cemos, porém, que a limitação de indenização prevista no art. 9º da Lei n. 6.433/1977 não foi 
recepcionada pela Constituição Federal, que garante o direito à reparação integral.
A doutrina cita ainda como caso de teoria do risco integral seria a responsabilidade do Es-
tado por ataque terrorista, por atos de guerra ou por eventos correlatos ocorridos no território 
brasileiro. O fundamento são as Leis n. 10.309/2001 e n. 10.744/2003, que autoriza a União 
a, com limite de valor, assumir a responsabilidade civil perante terceiros, vítimas de atenta-
dos terroristas ou de atos de guerra. Discordamos do enquadramento dessa hipótese como 
responsabilidade civil. Entendemos que essas leis instituem, na verdade, uma faculdade de 
a União se tornar uma espécie de segurador: está a assumir uma obrigação de segurador 
perante qualquer vítima, e não uma responsabilidade civil. A ideia é que quem estiver em ter-
ritório brasileiro estaria segurado por danos causados por terrorismo ou guerra. Obrigação é 
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diferente de responsabilidade: esta decorre da violação de uma obrigação. No caso das refe-
ridas leis, a União ficou autorizada a assumir uma obrigação de indenizar quem for vítima de 
ataque terrorista ou bélico. Não se trata de responsabilidade civil, e sim de obrigação.
2. pressupostos dA responsAbilidAde Civil
Os pressupostos da responsabilidade são a conduta, a culpa, o nexo causal e o dano. Em 
regra, sem esses pressupostos, não há responsabilidade civil.
2.1. CondutA
2.1.1. Comissiva ou Omissiva
Para haver responsabilidade civil, é fundamental haver uma conduta do agente que tenha 
causado o dano. A conduta pode ser comissiva, quando há um ato praticado pelo agente (ex.: 
xingar alguém, atropelar outrem etc.), ou omissivo.
A conduta omissiva, todavia, só é juridicamente relevante quando havia dever jurídico de 
agir, em respeito ao princípio da legalidade (ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer 
algo senão em virtude de lei). O dever jurídico de agir ocorre quando houver lei, e os princi-
pais casos são estes: (1) dever jurídico decorrente da profissão, como no caso de médicos e 
bombeiros, que têm dever de socorrer quem esteja em situação de risco; (2) dever jurídico de 
quem assumiu a condição de garante, como um generoso que voluntariamente se obrigou a 
cuidar de uma criança enquanto os pais se deslocam a algum outro lugar; e (3) dever jurídico 
de socorrer alguém que está em uma situação de perigo criada pelo próprio agente, caso em 
que a omissão pode configurar não apenas um ilícito civil, mas também o crime de omissão 
de socorro (art. 135, CP).
Quanto ao último caso, se a situação de perigo não tiver sido criada pelo agente, não há 
dever jurídico de agir e, portanto, não poderá ser responsabilizado civilmente quem, vendo al-
guém em apuros, faz ouvidos moucos e segue seu rumo. Esse ato egoísta é criticável moral-
mente, mas não pode ser considerado um ilícito por falta de obrigação legal. A lei não obriga 
ninguém a ser um bom samaritano. Temos, ademais, por indevido o uso abusivo de princípios 
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jurídicos para criar obrigações que o texto não legal não previu, de maneira que o princípio 
constitucional do solidarismo (art. 3º, I, CF/1988) não poderia ser utilizada para responsabili-
zar civilmente esse egoísta.
2.1.2. Espécies de Responsabilidade quanto à Conduta
Quanto à conduta, a responsabilidade civil pode ser classificada como direta ou indireta.
2.1.3. Responsabilidade Direta
A responsabilidade direta ou por ato próprio se dá quando o agente é responsabilizado por 
uma conduta que ele mesmo adotou. É a regra geral da responsabilidadecivil e está prevista 
genericamente no art. 927, caput, do CC. Assim, quem xinga ou atropela outrem tem de res-
ponder civilmente pelos danos que ele mesmo causou.
2.1.4. Responsabilidade Indireta
A responsabilidade indireta ocorre quando alguém responderá por um dano causado por 
conduta de um terceiro ou por uma coisa ou animal. A responsabilidade pela guarda do ani-
mal é enquadrada como responsabilidade por fato da coisa por alguns doutrinadores, mas 
prefiro segregar as hipóteses para fins didáticos. A  responsabilidade indireta é exceção e, 
portanto, só é admitida quando houver lei expressa. Sem lei específica, não há responsabi-
lidade indireta. Há, porém, casos de responsabilidade civil indireta extraídos com base em 
princípios jurídicos deduzidos do texto legal, como é o caso da responsabilidade por fato da 
coisa fundada na teoria da guarda da coisa.
Enfim, a responsabilidade indireta ocorre em dois casos: por fato de terceiro, pelo fato da 
coisa e pela guarda do animal. Vamos falar um pouco sobre isso.
Responsabilidade por Fato de Terceiro
A responsabilidade por fato de terceiro ocorre quando, por lei, alguém será responsabili-
zado pelos danos causados por uma terceira pessoa. É o que ocorre nos casos do art. 932 do 
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CC, que, por exemplo, responsabiliza o empregador por ato do empregado. No regime do CC, 
essa responsabilidade é, em regra, objetiva, solidária e com direito de regresso nos termos 
dos arts. 928, 932, 933, 934 e 942, parágrafo único, do CC, mas há particularidades. Sobre o 
tema, reportamos o leitor ao que escrevemos sobre a responsabilidade do incapaz e sobre a 
responsabilidade solidária.
Responsabilidade pela Guarda do Animal
Questão 4 (FCC/ANALISTA/ALESE/2018) Thaísa é dona de cão feroz que atacou e feriu 
Thiago. Thaísa
a) somente indenizará Thiago se este comprovar que Thaísa agiu com dolo, provocando o 
ataque com manifesta intenção de causar lesão.
b) somente indenizará Thiago se este comprovar que Thaísa agiu com negligência ou impru-
dência na guarda do animal.
c) será obrigada a indenizar Thiago ainda que se prove que tenha havido culpa exclusiva da 
vítima ou força maior.
d) deverá ressarcir o dano causado pelo animal, a menos que prove culpa exclusiva de Thiago 
ou motivo de força maior.
e) responderá subjetivamente pelo dano, não podendo alegar causa excludente do nexo de 
causalidade.
Letra d.
Corresponde ao art. 936 do CC.
Questão 5 (FAURGS/JUIZ/TJ-RS/2016) A responsabilidade pelo fato do animal é indepen-
dente de culpa do seu dono ou detentor, não podendo ser afastada mesmo quando ausente o 
nexo de causalidade.
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Errado.
O nexo causal é pressuposto da responsabilidade civil mesmo no caso de responsabilidade 
objetiva, como no caso de responsabilidade pelo fato do animal. O próprio art. 936 do CC 
afasta a responsabilidade por culpa exclusiva da vítima, pois aí se rompe o nexo causal.
Pela responsabilidade por guarda do animal, o proprietário ou o detentor responde ob-
jetivamente pelos danos causados por um animal, como no caso de um cachorro agressivo 
que, desvencilhando-se da coleira, morde um transeunte na rua (art. 936, CC). Não importa se 
havia culpa do proprietário ou do detentor; a responsabilidade é objetiva1. Quem tem a pro-
priedade ou o poder sobre um animal assume o risco pelos danos por este causado.
Se o animal estava sob os cuidados de alguém, esse possuidor ou detentor responderá 
solidariamente com o proprietário pelos danos causados pelo animal, assegurado, porém, 
a quem pagar a dívida o direito de regresso contra o culpado. A solidariedade decorre da in-
terpretação extensiva do art. 936 do CC e do parágrafo único do art. 942 do CC (ambos seriam 
coautores do dano, para esse efeito).
As excludentes de responsabilidade são as mesmas que vigoram para os casos de res-
ponsabilidade objetiva baseada na teoria do risco criado, como o fortuito externo e a culpa 
exclusiva da vítima.
Responsabilidade pelo Fato da Coisa
A responsabilidade indireta por fato da coisa ocorre quando o dano não é diretamente 
provocado por uma conduta do agente, e sim de forma indireta, por meio de alguma coisa que 
estava sob o controle ou sob o risco do agente. Os casos principais são os de ruína do prédio, 
o de coisas caídas e os assentados na teoria da guarda da coisa.
Ruína do Prédio
No caso de ruína do prédio, há o seguinte. O proprietário do prédio responde objetivamen-
te pelos danos causados pela sua ruína (art. 937, CC). Apesar de o art. 937 do CC mencionar 
1 Há corrente minoritária a sustentar que a responsabilidade é subjetiva com base na culpa presumida.
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a falta de reparos de necessidade manifesta, a doutrina majoritária entende que, se houve a 
ruína, é porque havia essa necessidade de reparos manifesto. As excludentes de responsabi-
lidade são as mesmas que vigoram para os casos de responsabilidade objetiva baseada na 
teoria do risco criado, como o fortuito externo e a culpa exclusiva da vítima.
Teoria da Guarda da Coisa
Embora inexista um dispositivo legal com uma cláusula geral, admite-se a responsabili-
dade pelo fato da coisa com base na teoria da guarda da coisa, desenvolvida no direito fran-
cês. Segundo essa teoria, quem detém o comando intelectual (guarda) e de direção sobre a 
coisa deve responder pelos danos causados pelo mau uso por outros. É que, em última aná-
lise, tal dano decorre da falta da necessária vigilância da coisa.
Entendo que o fundamento dessa responsabilidade é a teoria do risco sediada no pará-
grafo único do art. 927 do CC, pois quem tem uma coisa potencialmente perigosa cria um 
risco de dano à sociedade e, por isso, deve responder objetivamente. Entendo, ainda, que a 
teoria não pode ser aplicada para qualquer coisa, mas apenas para aquelas que, de acordo 
com o senso comum, sejam potencialmente perigosas.
Com base nisso, o STJ entende que, ao emprestar o veículo, o proprietário assume a res-
ponsabilidade pelos danos por ele culposamente causados, caso em que haverá responsa-
bilidade solidária entre o proprietário e o condutor. Há ressalva pessoal contra esse enten-
dimento no caso de empréstimo gratuito de veículo, pois não consideramos o veículo um 
bem potencialmente perigoso a ponto de atrair a teoria da guarda da coisa. Nesses casos, 
a responsabilidade do dono do carro deveria seguir a regra geral da responsabilidade subje-
tiva: se o dono emprestar o carro para alguém sem habilitação, poderia ser responsabilizado 
solidariamente por sua negligência.
Igualmente, o  STJ assentou que o uso indevido de máquina retroescavadeira pelo ca-
seiro, que transportava na “concha” pessoa que veio a falecer, impõe a responsabilização do 
proprietário do bem. É irrelevanteque o caseiro não tivesse autorização e estivesse bêbado e 
fora do horário de trabalho, pois só o fortuito externo excluiria a responsabilidade pela guar-
da da coisa. De fato, “pela aplicação da teoria da guarda da coisa, a condição de guardião é 
imputada a quem tem o comando intelectual da coisa, não obstante não ostentar o comando 
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material ou mesmo na hipótese de a coisa estar sob a detenção de outrem, como o que ocorre 
frequentemente nas relações ente preposto e preponente” (STJ, REsp 1072577/PR, 4ª Turma, 
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 26/04/2012).
Coisas Caídas
No caso de coisas caídas, precisamos aprofundar um pouco mais.
Noções Gerais
O habitante de um prédio ou de parte dele responde objetivamente pelos danos decorren-
tes de coisas que caírem do prédio ou que forem arremessadas (art. 938, CC). É o caso, por 
exemplo, de alguém que foi atingido por uma panela que caiu do prédio; nesse caso, a vítima 
poderá pleitear indenização contra o dono do prédio. Trata-se do que, no Direito romano, cha-
mava-se de actio de effusis et dejectis (ação de coisas sólidas e líquidas).
Esse dispositivo não deve ser aplicado para casos em que um pedaço do prédio se des-
prende e cai em outrem. Nesse caso, o mais adequado é aplicar o art. 937 do CC, pois aí se 
trata de uma ruína parcial do prédio. Nesse caso, o proprietário da coisa é que responde obje-
tivamente, e não o mero habitante, pois o dano aí decorre do risco de ruína do prédio.
Portanto, o art. 938 do CC deve ser aplicado para casos de coisas arremessadas do prédio, 
a exemplo de uma queda, a partir de uma janela, de um celular ou de um vaso na cabeça de 
um pedestre.
No caso do art. 938 do CC, há duas situações importantes: uma em que o prédio não está 
em condomínio edilício, outra em que está.
Coisas Caídas de Prédio sem Condomínio
Quando não se trata de condomínio edilício, deve-se entender que a responsabilidade é o 
habitante, que não necessariamente será o proprietário. Pode ser um locatário ou um como-
datário. Quem responde é aquele que tinha a ocupação efetiva do bem. Assim, se um celular 
é arremessado de uma casa alugada na cabeça de um pedestre, o locatário dela responderá 
objetivamente pelo dano, e não o proprietário.
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Não importa se a coisa foi arremessada por um visitante que estava na casa do locatário: 
o locatário responderá objetivamente pelo dano (art. 938, CC), sem prejuízo de esse visitante 
responder solidariamente por ter sido o autor do ato danoso (art. 927, CC). É que o locatário é 
o “habitante” aí para todos os efeitos. Desconhecemos precedentes do STJ nesse caso.
Desconheço precedentes do STJ nesse caso.
Coisas Caídas de Prédio em Condomínio Edilício
Quando se tratar de condomínio edilício, é preciso identificar se se trata de queda anôni-
ma2 ou não.
De um lado, se puder ser identificada a unidade autônoma de onde procedeu a coisa, não 
há queda anônima. Nesse caso, o condômino dessa unidade responderá objetivamente pelos 
danos. Se a unidade autônoma estava na posse de um terceiro, como um inquilino, enten-
demos que é esse inquilino que terá de arcar com a indenização, e não o mero condômino, 
porque o art. 938 do CC se refere ao “habitante” apenas.
De outro lado, se não puder ser identificada a unidade autônoma de onde caiu a coisa, há 
uma queda anônima. Nesse caso, por força do art. 938 em conjunto com o parágrafo único 
do art. 927 do CC (teoria do risco), a responsabilidade será do condomínio, que poderá cobrar 
uma contribuição extraordinária dos condôminos para arcar com a indenização (STJ, REsp 
64.682/RJ, 4ª Turma, Rel. Min. Bueno de Souza, DJ 29/03/1999). Se, posteriormente, for iden-
tificada a unidade de onde partiu a coisa, o condomínio poderá pleitear direito de regresso 
contra o habitante dessa unidade à época do dano para reembolsar-se do que houver pago 
de indenização, deduzido, obviamente, o que esse habitante já tiver desembolsado a título de 
contribuição extraordinária. No mesmo sentido, é o Enunciado n. 557, JDC (“nos termos do 
art. 938 do CC, se a coisa cair ou for lançada de condomínio edilício, não sendo possível iden-
tificar qual unidade, responderá o condomínio, assegurado o direito de regresso”).
Nesse caso, indaga-se: essa contribuição extraordinária pode ser cobrada do condômino 
mesmo se a sua unidade estiver em posse de terceiro (como um inquilino)? Entendo que sim, 
assegurado direito de regresso contra esse terceiro (o habitante). É que, apesar de o art. 938 
2 Feliz expressão de Rosenvald, Farias e Braga Netto (2016, p. 592).
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do CC se referir apenas ao habitante como responsável por coisas caídas, o fato de o con-
domínio ser o responsabilizado no caso de queda anônima implica que ele poderá cobrar a 
contribuição extraordinária com fundamento no art. 1.336, I, do CC. Essa contribuição tem 
natureza propter rem, decorre do regime jurídico dos condomínios edilícios e, portanto, vin-
cula-se a cada unidade autônoma. Dessa maneira, se uma unidade estiver na posse de um 
terceiro que não o condômino, essa contribuição extraordinária poderá ser cobrada tanto do 
condômino quanto do inquilino, assegurado àquele direito de regresso contra este.
Ainda nesse caso de queda anônima, se a coisa caída só puder ter procedido potencial-
mente de determinadas unidades autônomas, há controvérsia doutrinária e desconhecemos 
julgados do STJ sobre o assunto.
De um lado, com meu apoio, respeitados doutrinadores, como Pablo Stolze Gagliano e 
Rodolfo Pamplona Filho (2020, p. 230), defendem que só os condôminos dessas unidades 
poderão sofrer o encargo financeiro pela responsabilidade civil. Nesse caso, o condomínio 
continuará sendo responsabilizado, mas só cobrará contribuição extraordinária desses con-
dôminos potencialmente vinculados ao dano. Assim, se, por exemplo, o prédio possui duas 
faces de unidades autônomas, somente os condôminos de uma face poderão ser obrigados a 
pagar a contribuição extraordinária ao condomínio pelos danos causados por uma pedra que 
caiu em um carro estacionado em frente dessa face. Os condôminos da outra face não terão 
esse dever, pois é impossível ter procedido de lá a coisa caída. Para concursos públicos, em 
provas objetivas, recomendo seguir essa primeira corrente por haver precedentes de tribunais 
locais nesse sentido, como dão conta Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2020, 
p. 230), embora entendo que uma questão objetiva nesse ponto merece ser anulada diante da 
divergência doutrinária e da falta de julgado do STJ.
De outro lado, juristas de escola, como Flávio Tartuce (2020, p. 629) e Sílvio de Salvo Ve-
nosa, defendem ser irrelevante a face do bloco de onde potencialmente tenhapartido a coisa 
caída. Todos os condôminos devem suportar os ônus financeiros da condenação do condo-
mínio, mesmo daqueles cujas unidades estejam no lado oposto àquele de onde procedeu a 
coisa caída. O fundamento dessa tese é a necessidade do que Venosa chama de pulverização 
dos danos na sociedade, de modo que todos os integrantes de um grupo devem responder 
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pelos danos causados por um membro não identificado. Transcrevemos aqui as palavras do 
célebre doutor pelas Arcadas Flávio Tartuce:
Dúvidas surgem (...) quanto à responsabilização dos condôminos que que estão do lado oposto 
de onde caiu a coisa. Entendemos, com Sílvio de Salvo Venosa, que todo o condomínio deve ser 
responsabilizado, não interessando de onde exatamente caiu o objeto. Para justificar seu ensina-
mento, o doutrinador fala em pulverização dos danos na sociedade, ensinando que, “assim, quando 
o dano é praticado por um membro não identificado de um grupo, todos os seus integrantes devem 
ser chamados para a reparação” (Direito civil..., 2003, p. 119).
Entendemos que é perfeitamente possível sustentar que o caso é de aplicação da tese da respon-
sabilidade pressuposta, que busca, antes de qualquer discussão, reparar a vítima diante de uma 
exposição ao perigo ou ao risco. Em síntese, o condomínio deve reparar todos os prejuízos supor-
tados pela pessoa atingida pelo objeto. Após a vítima estar devidamente reparada, está assegura-
do o direito de regresso do condomínio contra o eventual culpado.
Apesar do brilho dos juristas sectários dessa corrente, prefiro a outra por entender que a 
pulverização dos danos só deve ocorrer entre aqueles membros do grupo que potencialmente 
tenham causado o dano, de modo que não poderíamos onerar os moradores de unidades do 
lado oposto do bloco de onde procedeu a “coisa caída”. Para a vítima, não há prejuízo algum: 
poderá cobrar a indenização diretamente do condomínio. Para a comunidade condominial, 
é que o repasse desse valor desembolsado pelo condomínio só poderá recair sobre os habi-
tantes da face do prédio de onde pode ter procedido a coisa.
Por fim, nada impede que a vítima, no lugar de propor a ação contra o condomínio, ende-
rece o seu pleito contra cada um dos condôminos das unidades de onde potencialmente pode 
ter procedido a coisa. Entendo que não há solidariedade entre os condôminos, porque ela não 
se presume, mas decorre de lei ou da vontade (art. 265, CC). A vítima só poderá cobrar a quota 
de cada um. Todavia, a dificuldade processual será notável, razão por que é melhor cobrar do 
condomínio.
Queda de Pessoa Suicida
No caso de a queda ser de uma pessoa suicida que pulou de um prédio, e não de uma 
coisa, não se aplica o art. 938 do CC, pois este se aplica apenas para queda de coisas, e não 
de pessoas. Ainda que assim não fosse, o suicídio nessas hipóteses deve ser considerada um 
fortuito a excluir a responsabilidade objetiva do art. 938 do CC. Nesse caso, apenas o espólio 
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do suicida responderá pelos danos causados a terceiros (Rosenvald, Farias e Braga Netto, 
2016, p. 593).
Pode, porém, haver alguma outra norma que responsabilize terceiros por esse episódio, 
como o próprio art. 12 do CDC, que responsabilizaria o shopping solidariamente pelo dano 
sofrido por um consumidor que venha a ser atingido por um suicida que de um andar alto 
interno do shopping saltou no chão do térreo da parte interna do shopping. Nesses casos, por 
se tratar de relação de consumo, dificilmente se poderá considerar uma hipótese de fortuito 
externo, pois nos parece ser risco interno à atividade de shopping lidar com essas espécies 
de potenciais suicidas que ameacem os consumidores.
2.2. CulpA
A culpa em sentido amplo é um pressuposto da responsabilidade civil e abrange o dolo (in-
tenção deliberada) ou a culpa em sentido estrito (negligência, imprudência e imperícia). Se, to-
davia, a responsabilidade for objetiva – o que exigirá lei específica ou a aplicação da teoria do 
risco (art. 927, parágrafo único, CC) –, a culpa será dispensada para a responsabilização civil.
Vamos ver um caso concreto do STJ para ilustrar.
Empresa de vigilância responde por danos causados à instituição financeira que a con-
tratou apenas no caso de culpa. O contrato de prestação de serviço de vigilância constitui 
obrigação de meio, e não de resultado, de modo que a empresa de segurança devem envidar 
todos os esforços possíveis para coibir assaltos às agências bancárias. Não se trata de obri-
gação de resultado, sob pena de desfigurar esse contrato de vigilância em um contrato de se-
guro. Na análise da culpa, é preciso considerar que a empresa de segurança tem de observar 
as restrições de armamento impostas pela legislação específica (Lei n. 7.102/1983), o que 
limite o seu poder de ação. Por isso, o STJ isentou de responsabilidade, por falta de culpa, 
a empresa Congelseg Vigilância Privada Ltda numa ação proposta pelo Banco do Brasil com 
o objetivo de obter, a título de indenização, valor superior a um milhão de reais em razão de 
assalto realizado em agência bancária por bandidos fortemente armados e disfarçados de 
funcionários de empresa de transporte de valores. O STJ entendeu que o fato de o segurança 
ter destravado espontaneamente a porta para os bandidos disfarçados não configura culpa, 
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pois, se tivesse mantido as portas fechadas, é certo que os bandidos fortemente armados 
adentrariam a agência ceifando a sua vida e dos clientes (STJ, REsp 1329831/MA, 4ª Turma, 
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 05/05/2015).
2.3. nexo CAusAl
O nexo de causalidade consiste na necessidade de a conduta do agente ter sido a causa 
do dano. Não há responsabilidade civil se o dano tiver sido causado por outro fato não re-
lacionado com a conduta do agente. Assim, ninguém pode ser condenado a indenizar dano 
causado exclusivamente por uma conduta de terceiro, salvo se houver lei (como nos casos de 
responsabilidade por ato de terceiro nas hipóteses do art. 932 do CC).
Há ampla margem de subjetividade na definição do nexo causal em cada caso concreto, 
o que gera intenso debate na doutrina e na jurisprudência. Na doutrina, há várias teorias do 
nexo causal, conforme abordarei a seguir. Os tribunais oscilam entre as teorias e, no STJ, há 
precedentes tanto a favor da teoria da causalidade quanto em prol da teoria do dano direto 
e imediato. Prefiro a teoria do dano direto e imediato, pois, além de estar no art. 403 do CC, 
abrange elementos das demais teorias.
2.3.1. Teorias do Nexo Causal
Teoria da Equivalência das Condições ou da Conditio Sine Qua Non
Questão 6 (CESPE/JUIZ/TRF-2ª/2009) O Código Civil adota a teoria da equivalência dos 
antecedentes causais, para fins de indenização.Errado.
Embora haja controvérsia acerca de qual teoria foi adotada, a doutrina é majoritaríssima no 
sentido de que a teoria da equivalência dos antecedentes causais não foi a adotada pelo CC.
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Pela teoria da equivalência das condições, também batizada de teoria da conditio sine 
qua non ou de teoria da equivalência dos antecedentes causais, toda e qualquer circunstân-
cia é considerada causa, se tiver concorrido para o dano. Sem qualquer delas, o dano não 
ocorreria. Critica-se essa teoria por chancelar uma cadeia causal infinita. Em tese, o fabri-
cante de uma arma teria vínculo causal com todos os assassinatos ocorridos no mundo com 
uso de suas armas, pois, sem a fabricação da arma, o crime não teria ocorrido, o que é um 
despropósito.
Apesar da sua insuficiência, a teoria da equivalência das condições pode ser usada como 
uma triagem inicial do caso: se um caso concreto não passa por essa teoria, não poderá pas-
sar pelas demais, que são mais rigorosas na caracterização do nexo causal.
Teoria da Causalidade Adequada
Pela teoria da causalidade adequada, há nexo causal em qualquer circunstância que, se-
gundo a experiência comum3, seja apta para ocasionar o dano. Entende-se por “apta” aquela 
circunstância que seja necessária e determinante para o dano. Critica-se essa teoria por não 
contemplar determinadas situações, como, por exemplo, a de alguém que desferiu um “cas-
cudo” na cabeça de uma pessoa que, sem ciência do agressor, possuía uma abertura na caixa 
craniana e que veio a falecer. Em princípio, a conduta “cascudo” não é apta, segundo a experi-
ência comum, para causar o dano “morte”, de modo que, pela teoria da causalidade adequada, 
não haveria nexo causal, o que livraria o agressor de responder pelos danos causados pela 
morte. Nesse caso, poderia responder apenas por uma eventual lesão corporal, que seria o 
resultado que um “cascudo”, segundo a experiência comum, geraria.
Seja como for, a  teoria da causalidade adequada é útil e já foi utilizada pelo STJ. Por 
exemplo, o STJ reconheceu que ParkShopping responde por avarias causadas por assaltan-
tes durante fuga policial em veículo de cliente do shopping. A conduta do shopping em falhar 
no seu serviço de guarda e vigilância do veículo consumidor foi determinante para que os 
bandidos, durante fuga policial, atingisse o veículo do consumidor (STJ, EDcl no AgRg no 
AREsp 790.643/DF, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe 01/07/2016).
3 Grosso modo, o bom senso.
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Igualmente, o STJ livrou empresa televisiva vinculada ao SBT de pagar indenização em 
um caso em que uma criança que, após ver um programa em que um mágico ateava fogo 
em si mesmo e não se queimava, combinou com o seu irmão – também criança – de imitar 
a mágica em casa e, com uso de álcool e fogo, ateou fogo nele. O STJ entendeu que, embo-
ra o programa tenha inspirado as crianças, não era causa adequada para causar o dano: a 
queimadura dos irmãos. Em princípio, o sinistro foi causado pela omissão dos pais em não se 
manterem perto dos filhos e pela conduta deles de deixar substâncias inflamáveis ao alcance 
da criança. Assim, com base na teoria da causalidade adequada, o STJ afastou a responsabi-
lidade do SBT (STJ, REsp 1067332/RJ, 4ª Turma, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 05/05/2014).
Teoria do Dano Direto e Imediato
A teoria do dano direto e imediato representa um meio-termo das duas teorias anteriores 
(a da equivalência das condições e a da causalidade adequada). Essa teoria foi adotada ex-
pressamente pelo NCC, conforme art. 4034. Deve haver, entre a conduta e o dano, uma relação 
de causa e efeito direta e imediata. O dano é efeito direto e imediato de determinada causa. Por 
essa razão, não é indenizável o dano remoto, assim entendido o decorrente de consequência 
indireta da conduta, por ausência de nexo causal a luz da teoria dos danos diretos e imediatos.
O STJ analisou o seguinte caso. Um adolescente havia fugido há oito dias do centro de 
internação no qual cumpria uma medida socioeducativa sob regime de semiliberdade e, em 
tiroteio com um desafeto, atingiu mortalmente uma terceira pessoa por erro de mira. O STJ 
entendeu que o Estado não poderia ser responsabilizado civilmente por essa morte, pois a 
sua conduta omissiva (não ter evitado a fuga do adolescente) não foi a causa direta e imedia-
ta do dano (a morte). Se, porém, a morte de um terceiro tivesse ocorrido durante um tiroteio 
entre a polícia e o fugitivo durante a fuga, poder-se-ia falar em nexo causal. Todavia, na espé-
cie, já havia vários dias da fuga (STJ, REsp 858.511/DF, 1º Turma, Rel. Ministro Luiz Fux, Rel. 
p/ Acórdão Ministro Teori Albino Zavascki, DJe 15/09/2008).
4 “Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os 
lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.
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2.4. dAno
Nem todos os danos são juridicamente indenizáveis. Só o são aqueles que se enquadra-
rem naquelas espécies de danos indenizáveis admitidos na lei. A lei, todavia, tem categorias 
muito abertas (como o dano moral), além de a utilização de princípios jurídicos para criar es-
pécies de danos indenizáveis (como o dano existencial) gerar um maior grau de subjetividade. 
O enquadramento dos danos como indenizáveis e não indenizáveis geram muitas controvér-
sias por conta dessa abertura dos tipos legais.
Assim, por exemplo, o descumprimento de um contrato gera um aborrecimento no credor, 
mas esse aborrecimento não necessariamente caracterizará um dano indenizável. Em regra, 
trata-se de mero aborrecimento, que é um dano não indenizável. Excepcionalmente, porém, 
esse aborrecimento pode caracterizar um dano indenizável, na modalidade do dano moral.
Aguardar na fila de um banco é um aborrecimento, que é um dano não indenizável, salvo 
se houver um tempo excessivo de espera.
Há muitos danos na vida que não são indenizáveis.
Os principais danos indenizáveis são os danos material, moral, estético e existencial, além 
da perda de uma chance e da perda do tempo útil.
2.4.1. Dano Material
Dano Emergente e Lucros Cessantes
O dano material corresponde a danos patrimoniais. Podem ser divididos em duas espé-
cies: os danos emergentes e aos lucros cessantes (art. 402 do CC5).
O dano emergente é o efetivo desfalque patrimonial, é o efetivo prejuízo, é a efetiva dimi-
nuição patrimonial sofrida pela vítima, é o dano patrimonial que emerge do evento danoso. 
No caso, por exemplo, de uma batida de carro, o valor do conserto do carro e das despesas 
médico-hospitalares para o passageiro lesionado é um dano emergente.
Lucro cessante, também chamado de dano negativoou dano frustrado, corresponde àqui-
lo que a vítima razoavelmente deixou de lucrar. É a frustração de um lucro razoável, ou seja, 
5 O art. 402 do CC vale-se da expressão “perdas e danos”, que nos parece atécnica pela sinonímia dos dois termos coorde-
nados (Gonçalves, 2011, p. 356). Preferimos simplesmente utilizar o termo “dano”.
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é a perda de um lucro esperado. Decorre da constatação de que, presumindo que os fatos se 
desenrolariam no seu curso normal (tendo em conta os antecedentes), a vítima deixaria de 
lucrar aquilo que, à luz do bom senso, lucraria.
Não se trata de dano meramente hipotético ou fantasioso. Os lucros cessantes precisam 
ser razoáveis, o que exige prova de que foram frustrados proveitos econômicos que, à luz do 
bom sendo, adviria naturalmente de uma atividade que foi interrompida pelo agente. A exis-
tência de antecedentes causais reforça a razoabilidade, mas não é requisito essencial.
A definição é aberta, o que gera controvérsias na jurisprudência em cada caso concreto.
Vamos ver alguns casos concretos.
Atraso na Entrega de um Imóvel: Aluguéis e Rendas de uma Hipotética 
Atividade
O atraso na entrega de um imóvel pelo devedor, como no caso de um inquilino que tinha 
de restituir o bem ou no de um vendedor que tinha de entregar as chaves para o comprador, 
causa ao credor lucros cessantes correspondentes aos alugueis que seriam percebidos com 
a entrega do imóvel. É compatível com o bom senso que o credor, ao receber o imóvel, iria 
fruir dele pessoalmente, ainda que essa fruição seja simplesmente, por diletantismo, deixar o 
imóvel fechado. Essa fruição tem um valor econômico: o valor de aluguel.
Todavia, não podem ser considerados, como lucros cessantes, a renda que o credor teria 
explorando economicamente o imóvel, abrindo, por exemplo, um comércio, pois aí se tem 
um dano meramente hipotético. Não é compatível com o bom senso presumir que o credor 
haveria de conseguir abrir um comércio e, ainda por cima, obter lucro com isso (STJ, REsp 
194.483/RN, 5ª Turma, Rel. Ministro Felix Fischer, DJ 12/04/1999).
Frustração do Início de uma Empresa vs Lucros Cessantes
A frustração do lucro que seria percebido com o início de uma atividade empresarial não 
é lucro cessante, e sim mero dano hipotético, pois não é razoável presumir que o sucesso de 
uma nova atividade empresarial, especialmente levando-se em conta que, no Brasil, é peque-
na a chance de sucesso das novas empresas (STJ, REsp 253.068/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Ari 
Pargendler, DJe 04/08/2003).
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Atraso no Término de um Curso: Renda Hipotético em Atividade
No caso de demora no término de um curso por culpa da instituição de ensino, não pode 
pleitear, a título de lucros cessantes, o ganho que o aluno teria com uma atividade profissional 
que seria exercida com base no curso. Trata-se aí de dano meramente hipotético, pois não 
é razoável presumir que a vítima, caso terminasse o curso no prazo inicialmente previsto, 
iria perceber lucros em uma atividade profissional baseada na titulação obtida (STJ, REsp 
615.203/MS, 4ª Turma, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJe 08/09/2009).
Dano Causado a Profissionais Autônomos: Renda Perdida durante o Perío-
do de Convalescença
No caso de profissional autônomo que, por conta de uma dano físico, fica inabilitados a 
exercer sua atividade profissional até a sua cura, há lucros cessantes correspondentes à mé-
dia da renda que, até a data do dano, o profissional percebia (STJ, REsp 971.721/RJ, 4ª Turma, 
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 22/03/2011).
Recusa da Seguradora em Reparar Veículo Segurado de Empresa Agrope-
cuária: Lucros Cessantes pela Indisponibilidade do Bem
Empresa agropecuária que fica sem veículo essencial à sua atividade econômica por cul-
pa da seguradora – que recusou indevidamente cobrir a reparação desse veículo – pode plei-
tear, a  título de lucros cessantes, o valor correspondente aos produtos agropecuários que, 
com o veículo, a empresa poderia transportar para venda (STJ, REsp 1056295/RJ, 3ª Turma, 
Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 18/02/2009).
O STJ já aceitou, em outro caso, esses lucros cessantes contra a seguradora por negativa 
indevida a cobertura de veículos importantes para a atividade normal do segurado (STJ, REsp 
593.196/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJ 17/12/2007).
Paralisação da Atividade de um Posto de Gasolina vs Lucros Cessantes
Posto de gasolina cuja atividade é interrompida por incêndio sofre, como lucros cessan-
tes, durante o período necessário para a reconstrução, a média dos lucros que ele percebia 
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antes do sinistro (STJ, REsp 1110417/MA, 4ª Turma, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, DJe 
28/04/2011).
Falta de Repasse de Recursos para Ampliação de Parque Industrial: Lucro 
que Seria Percebido
No caso de indevida falta de repasse de recursos pelo banco financiador para empresa 
que promoveria a ampliação do parque industrial, o lucro que seria percebido com o aumento 
da produção industrial após essa obra não configura lucro cessante, mas caracteriza mero 
dano hipotético, que não é indenizável (STJ, REsp 846455/MS, 3ª Turma, Rel. Ministro Castro 
Filho, Rel. p/ Acórdão Ministro Sidnei Beneti, DJe 22/04/2009).
2.4.2. Dano Moral
Dano moral é uma lesão a um direito da personalidade. Não é a mera tristeza e angústia. 
Se alguém sofre angústia por ver uma criança ser atropelada, não necessariamente sofre 
dano moral, pois isso não implica direito da personalidade. Se, porém, nesse caso, a criança 
atropelada fosse filha do telespectador, haveria dano moral, pois a morte da criança implicou 
a violação de um direito da personalidade desse telespectador (o direito relacionado ao vin-
cula familiar).
Dano Moral Direto e Indireto
O dano moral pode ser classificado como direto ou indireto.
O dano moral direto é lesão diretamente ao direito da personalidade, como no caso de 
alguém xingar outra.
O dano moral indireto é uma lesão a um bem patrimonial, mas que causa um dano a um 
bem extrapatrimonial. Ex.: perda de um bem com valor afetivo. Nesse caso, é cabível indeni-
zação pelo dano moral indireto (pelo valor afetivo da coisa). O art. 952, parágrafo único, do CC, 
estabelece que o valor de afeição da coisa não pode exceder o preço ordinário da coisa, no 
caso de usurpação ou esbulho de coisa alheia. Sobre o tema, anota Rui Stoco (2011, p. 1.436): 
“a previsão da lei de ‘preço de afeição’ é feita tendo em conta que alguns objetos pessoais 
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em uso há longos anos já não têm valor material, senão e apenas afetivo. Nesta hipótese, 
estima-se o valor de modo mais ou menos aleatório, desde que não supere o valor que o bem 
alcançaria se tivesse que ser comprado”.
Arbitramento do Valor do Dano Moral
O valor da indenização por dano moral é mais ou menos aleatório, pois o bem violado é 
imaterial (direito da personalidade) e, portanto, insuscetível de uma reparação integral. O va-
lor pecuniário da indenização apenas destina-se a atenuar a lesão extrapatrimonial. O arbi-
tramento não pode ser tão alto a ponto de expor o causador do dano a um “inferno de severi-
dade”6, nem tão baixo de tal modo a estimular reincidências.
O STJ desenvolveu o método bifásico como critério para o arbitramento do valor do 
dano moral (STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 
06/05/2011). Por esse método, a liquidação do dano moral ocorre em duas etapas.
Em um primeiro momento, fixa-se um valor básico com base no estudo dos precedentes 
dos tribunais em casos análogos. Atenta-se aí essencialmente para o bem jurídico lesado 
para fixar uma indenização básica.
Em uma segunda etapa, é feito o aumento ou a diminuição desse valor-base a partir da 
análise das particularidades do caso concreto, de modo a fixar o valor final da indenização. 
Por esse critério bifásico, o valor da indenização do caso concreto se aproximará de outros já 
apreciados pela jurisprudência.
Há grande margem de manobra ao juiz na segunda etapa, mas deverá agir com equidade 
em razão da aplicação analógica do parágrafo único do art. 953 do CC (analogia autorizada 
pelo fato de inexistir regra específica no Código Civil para o arbitramento do dano moral) e, 
ao se atentar para as “particularidades do caso concreto”, o juiz deverá estes parâmetros: a 
dimensão do dano (gravidade do fato e consequências para a vítima), culpabilidade do agente 
(intensidade do dolo ou da culpa), eventual culpa concorrente (participação culposa da víti-
ma, conforme art. 945, CC), condição econômica do ofensor e condições pessoais da vítima 
6 Trata-se do enfer de severité, em francês, expressão utilizada pelo jurista francês Geneviève Viney e invocada pelo STJ 
(REsp 1127913/RS, 4ª Turma, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 30/10/2012).
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(posição política, social e econômica). No tocante a esse último critério, o STJ, embora ad-
mita que se leve em conta a situação econômica da vítima para evitar que valores elevados 
de indenização levem a enriquecimentos injustificados da própria vítima, adverte o juiz para 
ter a cautela de impedir que discriminações que levem a pessoas atingidas pelo mesmo fato 
danoso recebam indenizações em valores diferentes.
A função punitiva e preventiva da indenização por dano moral é levada em conta no exa-
me da culpabilidade do agente e da situação econômica do ofensor: quanto mais reprovável 
a conduta do agente e quanto maior a sua condição econômica, maior deve ser o valor da 
indenização por dano moral.
Como se vê, o Código Civil adotou, como regra, o arbitramento equitativo da indenização, 
e não o tarifamento legal da indenização7. Todavia, como reconhece o ministro Paulo de Tarso 
Sanseverino8, há uma tendência de tarifamento judicial da indenização por dano moral com 
base na análise apenas no bem jurídico atingido, prática que não é expressamente confessa-
da pelos juízes, mas que, na prática, vem se consolidando. O mais adequado, porém, é sempre 
individualizar o dano, conforme a segunda etapa do critério bifásico supracitado, deixando a 
análise dos valores usualmente praticados pela jurisprudência para a primeira etapa desse 
critério.
7 Este último chegou a ser previsto nos arts. 1.547 (injúria e calúnia) e 1.550 (ofensa à liberdade pessoal) do CC/1916, 
os quais fixavam a indenização no dobro da multa máxima prevista para a pena criminal respectiva sempre que não for 
viável comprovar prejuízo material. Todavia, a jurisprudência, assustada com os altos valores alcançados, afastou essa 
regra ao argumento de que o CC/1916 se remetia à legislação penal anterior ao Código Penal de 1940. Também o art. 51 
da não recepcionada Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/67) fixava os valores de indenização por dano moral a ser paga pelo 
jornalista profissional a depender do tipo de lesão praticada (ex.: 2 salários mínimos para notícias falsas; 5 salários míni-
mos para ofensa à dignidade; 10 salários mínimos para agressão à reputação; 20 salários mínimos para imputação falsa 
de crime), ao passo que o art. 52 da mesma lei autoriza majorar, em dez vezes, esses valores se a causadora do dano 
fosse uma empresa jornalística, o que também era um tarifamento legal. A Lei de Imprensa, no entanto, não foi recepcio-
nada pela CF, segundo o STF; todavia, antes de o STF se manifestar, o STJ já havia rejeitado o sistema de tarifamento legal 
dessa lei por reputá-la contrária aos incidos V (direito de indenização) e X (inviolabilidade da vida privada, da honra e da 
imagem com direito à indenização) do art. 5º da CF, tudo conforme a Súmula n. 281/STJ: “a indenização por dano moral 
não está sujeita à tarifação prevista pela Lei de Imprensa”. Seja como for, infere-se daí que seria plenamente constitucio-
nal uma lei que tabelasse o valor da indenização por dano moral dentro de uma margem de valor máximo e mínimo, desde 
que essa faixa fosse razoável e permitisse ao juiz uma margem de manobrada adequada para individualizar os casos 
concretos. É o que implicitamente reconhece o Ministro Paulo de Tarso neste julgado: STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, 
Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011.
8 Ver seu voto neste julgado: STJ, REsp 959.780/ES, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011.
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Como exemplo de aplicação do critério bifásico, em um caso envolvendo morte, o ministro 
Paulo de Tarso Sanseverino arbitrou o valor de 400 salários mínimos como indenização bási-
ca (1ª etapa), levando em conta que os valores arbitrados pelo STJ em casos de morte osci-
lam entre 300 e 500 salários mínimos. Em seguida, o ministro aumentou esse valor para 500 
salários mínimos ao atentar para as circunstâncias do caso concreto, que envolvia a morte 
de uma mulher de 43 anos casada e com quatro filhos por atropelamento (gravidade do fato 
em si), a existência de culpa leve do agente (culpabilidade) e falta de provas acerca de culpa 
concorrente da vítima ou da condição econômica de ambas as partes (STJ, REsp 959.780/ES, 
3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 06/05/2011).
Casuística
Iminente Ingestão de Biscoito Recheado com Corpo Estranho
O simples “levar à boca” de um objeto estranho em um biscoito industrializado, ainda 
que não haja a efetiva ingestão, configura dano moral por atingir o direito da personalidade 
do consumidor relacionado à sua integridade física e psíquica. Se isso

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