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Produção de leite e bezerro comercial com vacas F1 holandês-zebu ³
 
José Reinaldo Mendes Ruas1,2; Reginaldo Amaral1; Alberto Marcatti Neto1; Jose Joaquim 
Ferreira1
 
Introdução 
 
Embora ainda em patamares tecnológicos que preocupam, a produção brasileira 
de leite posiciona-se como uma das mais importantes, pelo volume produzido, ocupando 
a sexta colocação no ranking mundial com cerca de 21 bilhões de litros anualmente. A 
atividade tem grande importância também no contexto econômico e social para o país, 
não só pelos valores nutricionais, mas, também nos aspectos de geração de emprego e 
renda. Os sistemas de produção de leite são diversificados nas diversas regiões 
brasileiras tanto no que se refere ao nível de tecnologia empregada, quanto nos aspectos 
gerenciais. A questão gerencial é tão importante para a sustentabilidade do negócio 
quanto os aspectos tecnológicos, considerando-se a nova ordem econômica. Segundo 
Vilela (2003), o rebanho brasileiro é, composto por 6% de vacas de raças especializadas, 
que produzem em média, 4.500 kg de leite/lactação, 74% de vacas mestiças com 
produção média de 1.100 kg/lactação e 20% de vacas sem qualquer especialização, com 
produção média de 600 kg/lactação. 
Em Minas Gerais, estado com maior tradição na produção de leite, estima-se que 
25% do rebanho seja de vacas de leite, que possuem as mesmas qualificações do 
rebanho nacional, particularmente no que se refere à composição racial. Independente 
das características do rebanho, a pecuária leiteira tem, no Estado, importância 
econômico-social relevante. O leite é produzido comercialmente em todos os municípios 
mineiros, sendo a maior parte da produção feita a partir de vacas mestiças. Assim, 
sistemas mais competitivos de produção de leite, baseados em animais mestiços sob 
condições de pastagens, têm sido avaliados como alternativas adequadas para as regiões 
com limitações. 
 
Reorganização do rebanho leiteiro 
 
Com o objetivo de estabelecer sistemas mais eficientes de produção e privilegiar a 
rentabilidade, principal norte de qualquer negócio, a EPAMIG vem implementando, desde 
1997, nas suas Fazendas Experimentais, o programa Organização e Gestão da Pecuária 
Bovina. O esquema representativo da organização do rebanho da EPAMIG pode ser visto 
na Figura 1. 
 
 
1 - Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG 
2 – Endereço do 1º autor – EPAMIG – CTZM – Viçosa –MG jrmruas@epamig,ufv.br
³ - Palestra apresentada no XXVI Encontro de Médicos Veterinários e Zootecnistas dos 
Vales do Mucuri, Jequitinhonha e Rio Doce – Maio de 2005 
 
mailto:jrmruas@epamig,ufv.br
Figura 1 - Cadeia Produtiva do Leite (simplificada) e organização e composição estrutural 
básica do rebanho 
 
Fornecedores Produção Indústria Comércio Consumo 
 
 Modelo EPAMIG
de organização 
do rebanho
Insumos
Máquinas
Equipamentos
Serviços...
Processamento Distribuição Varejo
 
 
 
Núcleo – Melhoramento e 
 o de Zebu Produçã
 
Multiplicador 
Produção de Fêmeas F1 
 
Comercial 
Produção de Leite e Bezerros 
de Corte 
 
 
Núcleo 
 Melhoramento e 
Produção de Zebu 
 Fonte: Marcatti Neto A. et al 2000. 
 
Os rebanhos foram organizados por atividades específicas. O rebanho Núcleo, 
constituído de animais zebuínos, é responsável pela produção de fêmeas para a 
reposição do próprio plantel e para serem comercializadas para o rebanho Multiplicador. 
No rebanho Núcleo são desenvolvidos trabalhos de melhoramento genético e seleção. 
A função do rebanho Multiplicador, constituído de fêmeas zebuínas, oriundas do 
rebanho Núcleo, é produzir fêmeas meio-sangue (F1), através da utilização de sêmen de 
touros provados da raça holandesa, para abastecer os rebanhos comerciais produtores 
de leite. O cruzamento de touros Zebus com vacas holandesas (cruzamento recíproco), 
também para produzir fêmeas F1, vem sendo praticado. A especialização em produção 
de novilhas, uma estratégia já adotada em outros locais, inclusive em rebanhos 
constituídos de gado especializado, é percebida como uma importante ferramenta de 
gerenciamento. 
O rebanho Comercial, cuja função primordial é produzir leite, é constituído de 
fêmeas F1, oriundas do rebanho Multiplicador, cobertas ou inseminadas com sêmen de 
touros terminadores zebuínos, para a produção de bezerros e bezerras terminais, que 
são destinados a comercialização. O programa Organização e Gestão da Pecuária Bovina 
não propõe tirar leite de filhas de touros de corte. Boi de corte em vaca de leite, longe de 
ser uma aventura, é uma estratégia de gerenciamento, capaz de proporcionar aumento da 
renda da propriedade. Em algumas regiões estes rebanhos poderão produzir animais 
destinados a reposição de outros planteis leiteiros, podendo ser ¾ Holandês-Zebu ou ¾ 
Zebu-Holandês. "A comercialização dos bezerros e das bezerras à desmama, abre 
espaço para ampliar o plantel de vacas e, conseqüentemente, o crescimento tanto na 
produção de leite quanto na produção de bezerros". A estratégia da reposição contínua 
com fêmeas F1 produzidas em rebanhos especializados em novilhas, possibilita a 
constituição de rebanhos leiteiros homogêneos, compostos de vacas de um único tipo 
genético, procedimento que facilita o gerenciamento que é traduzido em benefícios 
produtivos e econômicos. 
Trabalhos de pesquisa demonstram maior eficiência do genótipo F1, quando 
comparado com suas descendentes, independentemente se filhas de touros zebuínos ou 
touros da raça holandesa, muito embora se saiba que animais com maior fração de 
sangue da raça holandesa têm maior potencial produtivo (volume de leite). Para esses 
animais expressarem seu potencial, é necessário oferecer condições adequadas. Por 
outro lado, sob a ótica da eficiência (não é apenas produtividade), como têm demonstrado 
resultados de pesquisa, a melhor fêmea de reposição de uma vaca F1, é outra F1. Esse 
entendimento e a oferta de novilhas produzidas em rebanhos, fazendas multiplicadoras ou 
retiros especializados, propicia, ao produtor de leite, independência e flexibilidade quanto 
a raça do touro a ser utilizado para cobrir as vacas leiteiras. O norte precisa ser sempre a 
lucratividade. 
 
Produção de animais F1 - A fase de cria 
O cruzamento entre duas raças, gera um produto com 50% de composição 
genética de origem paterna e 50% de composição genética de origem materna que são 
denominados animais F1. Quando se utilizam duas raças originadas de sub-espécies 
diferentes (bos taurus taurus x bos taurus indicus) obtem-se um produto (F1) com máxima 
heterose. Este tipo de cruzamento já é bastante difundido. Na pecuária de corte é 
utilizado em cruzamento chamado de industrial ou terminal e na pecuária de leite é uma 
tecnologia emergente praticada por um número cada vez maior de produtores, na busca 
de animais mais adaptados a exploração leiteira em regime de pastagens. 
A produção de fêmeas F1 para a exploração leiteira normalmente é feita a partir de 
matrizes zebuínas acasaladas com touros holandeses. As raças zebuínas mais utilizadas 
são Gir, Guzerá e Indubrasil, visto que esses animais apresentam características leiteiras 
e são mais dóceis. Matrizes azebuadas, ou seja, aquelas com características raciais não 
definidas, mas com 100% de sangue zebu também são utilizadas. Para filhas 
provenientes de matrizes da raça Nelore, há uma rejeição do mercado, temendo um 
comportamento mais bravio e menor produção de leite. Mas pesquisas estão sendo 
realizadas na EPAMIG com este genótipo para que no futuro seja possível caracterizar a 
produção e o comportamento deste animal. Outra linha de pesquisa que está sendo 
desenvolvida é a produção de uma fêmea oriunda do cruzamento de vacas nelore com 
touros gir. Esta fêmea, é 100% zebuína, será utilizada no cruzamento com touro holandês 
para produção de animais F1. Esta estratégia visa aumentar a disponibilidade de matrizes 
F1 para a produção de leite. A produção dessesanimais deve ser feita utilizando-se 
inseminação artificial, com touros da raça holandesa provados para produção de leite. A 
monta natural pode ser utilizada, mas tem o inconveniente de não utilizar touro provado, 
bem como sofrer os efeitos do clima tropical sobre eficiência deste touro. Outra alternativa 
é a produção a partir de vacas da raça holandesa cruzadas com touros de raças zebuínas 
provados para leite. 
Biotecnologias como transferências de embriões (TE) e fertilização “in vitro” são 
alternativas potenciais, mas são processos que têm ainda custo de produção elevado. 
Entretanto se a TE e a fertilização “in vitro” ficarem competitivas serão ótimos caminhos 
para aumentar a oferta de animais F1. 
A fase do nascimento à desmama, denominada de cria, para os animais F1, é feita 
normalmente a pasto, onde as crias são mantidas com as mães, amamentando-se “ad 
libitum”. Esta prática é suficiente para proporcionar bom desempenho destes até a 
desmama. Na tabela 1 são mostrados os pesos de fêmeas F1 desmamadas e submetidas 
ao manejo acima descrito: 
 
TABELA 1 - Peso após a desmama de fêmeas F1 oriundas de diferentes cruzamentos 
 
Raça paterna Raça materna Idade em dias Peso em kg 
Holandês Gir¹ 333 176 
Holandês Guzerá¹ 334 195 
Holandês Nelore² 210 171 
Fonte: EPAMIG ¹ - Fazenda Experimental de Felixlândia ² Faz. Exp. de Patos de Minas 
Fase de recria – crescimento 
 
A idade à puberdade é uma característica que depende diretamente da nutrição. 
De acordo com WILTBANK et al. (1966) e WILTBANK (1973), um nível nutricional 
adequado ao potencial de desenvolvimento do animal pode contribuir para diminuir a 
idade ao primeiro estro. Este conceito pode ser aplicado a todos os grupos genéticos de 
bovinos, embora eles respondam de forma diferente à suplementação alimentar. O 
tamanho do animal, no qual a puberdade é alcançada, é determinado geneticamente, mas 
a subnutrição aumenta a idade à puberdade (JOUBERT, 1963). 
A ocorrência de ganho compensatório, após períodos de restrição alimentar, é um 
fato comprovado, mas efeitos negativos da restrição alimentar são observados em 
animais em desenvolvimento (antes da puberdade) e em animais no terço final da 
gestação. O desenvolvimento limitado, durante a fase de recria até o primeiro parto 
geralmente, conduz a transtornos de performance produtiva e reprodutiva. O tecido 
responsável pela secreção do leite desenvolve-se em duas fases: antes da puberdade e 
durante o terço final da gestação. Durante esses dois estágios, tanto os crescimentos 
excessivos, quanto o restrito produz efeito negativo sobre potencial de produção de leite. 
Se por um lado o crescimento exacerbado antes da puberdade pode reduzir a taxa de 
fertilidade, por outro lado, o baixo desenvolvimento pode retardar a puberdade e, 
conseqüentemente, o primeiro parto; podendo também provocar dificuldades na parição e 
uma performance deficiente na primeira lactação. Após a puberdade, a taxa de 
crescimento deve ter um ritmo que permita às novilhas atingirem ao primeiro parto 85 % 
do peso adulto, pois, de acordo com dados de WATTIAUX (1996), quanto mais próximo 
do peso adulto a novilha atingir ao parto, maior será a produção de leite durante a 
primeira lactação, menor o risco de complicações ao parto e menor o período de serviço. 
O caminho para obter bom desenvolvimento da desmama até a primeira cobrição 
seria a utilização da cria em regime de pasto e com suplementação estratégica durante 
esta fase, mas sempre observando o custo. Além disso, a utilização de suplementos que 
limitam o seu próprio consumo, mesmo deixando à vontade, através de inibidores tais 
como uréia e sal, e que possa atender deficiências que ocorrem nesta fase, 
principalmente durante o período da seca. Na tabela 2 estão resultados de fêmeas F1 
criadas em regime de pastagens e com suplementação na época da seca. 
 
TABELA – 2. Desempenho de fêmeas¹ F1 suplementadas com proteinado² durante a 
época da seca 
 
Variável ½ HOL. x GIR ½ HOL. x GUZERÁ ½ HOL. x ZEBU 
Número de animais 48 43 32 
Idade inicial 333a 334a 496b
Idade final 440a 441a 603b
Peso inicial 176b 195a 182ab
Peso final 216b 233a 220ab
Ganho diário 0,367a 0,362a 0,351a
Ganho período 39,25a 38,76a 37,53a
Consumo diário 0,416 0,416 0,416 
Consumo período 44,51 44,51 44,51 
Médias, na linha, seguidas de letras diferentes são diferentes pelo teste de SNK (P<0,05) 
Fonte: EPAMIG ¹ - Fazenda Experimental de Felixlândia ² - Suplemento Tecnutri- Multi-Plus 
 
Este genótipo apresenta bom desenvolvimento na época de maior disponibilidade 
de pastagens, ou seja, na época do verão, quando mantidas somente a pasto ou quando 
submetida à suplementação. Na tabela 3 estão descritos os dados de desempenho 
durante o verão. 
 
TABELA 3 - Desempenho de fêmeas¹ F1 a pasto suplementadas com proteinado² 
durante verão 
Tratamento Pasto Pasto + 500g Proteinado 
Peso inicial kg 275 275 
Peso final kg 341 366 
Período – dias 83 83 
Ganho médio diário kg 0,676 a 0,920 b
Médias, na linha, seguidas de letras diferentes são diferentes pelo teste de F (P<0,05) 
Fonte: EPAMIG ¹ - Fazenda Experimental de Felixlândia ² - Concentrado Multi-Verão - Tecnutri 
 Esta característica de poder ser criada a pasto sem ou com suplementações 
com concentrados fornecidos de forma estratégica, poupando o uso de volumoso no 
cocho, faz com que se tenha uma recria menos onerosa, condição esta, de difícil 
obtenção em sistemas com fêmeas mais especializadas para produção de leite. Na tabela 
4 são mostrados dados de diversas combinações de recria. 
 
Tabela 4 - Desempenho de novilhas F1HZ recriadas em regime de pasto e submetidas a 
diferentes esquemas de suplementação 
 
Tratamento Peso aos 547 dias Peso aos 639 dias Peso aos 736 dias
Sem suplementação 
durante a recria 
255,8±57,1c 297,5±38,3c 342,6±36,2a
Suplementação 
durante um verão 
289,4±74,7b,c 319,5±26,3b,c 370,5±26,4a
Suplementação 
durante uma seca 
295,3±48,8b 336,8±42,9b 369,9±35,2a
Suplementação 
durante uma seca e 
um verão 
339,0±24,8a 364,7±29,6a 361,8±22,0a
a,b,c Médias, na mesma coluna, seguidas de letras diferentes, são diferentes (p<0,05), pelo teste SNK. 
Dados – Fazenda Experimental de Felixlândia - 2004 
 
Idade e peso à primeira cobrição e taxa de gestação de novilhas F1HxZ. 
 
A partir da puberdade o animal torna-se apto a iniciar a vida reprodutiva. 
Entretanto, para alcançar elevadas taxas de gestação, as novilhas precisam estar 
ciclando com regularidade antes da estação de cobrição. Na raça holandesa, a entrada da 
novilha em reprodução é, geralmente, posterior è puberdade, que, nesta raça, ocorre 
muito precocemente e a novilha precisa alcançar maior peso. Diferentemente, as novilhas 
zebus, devido à tardia manifestação do cio da puberdade, são cobertas em algum cio 
próximo ao da puberdade, quando já exibem idade e peso adequados para iniciarem a 
reprodução. Idade e peso são, portanto, elementos importantes na definição do melhor 
momento para a novilha iniciar a atividade reprodutiva. Fêmeas F1 holandês-zebu, devido 
aos benefícios da heterose, podem alcançar esse status mais cedo e proporcionarem, 
para a pecuária leiteira, benefícios econômicos. 
Carvalho (2005), analisando a performance de novilhas F1, pertencentes a 
Fazenda Experimental de Felixlândia – Epamig, encontrou que a idade e o peso médio 
destas à primeira cobrição foram de 22,24 e 24,70 meses e de 360,7 e 376,7 kg para 
grupos que conceberam na estação seca e chuvosa, respectivamente. A taxa de 
gestação na estação de monta realizada na época da seca foi 89,4% e a realizada no 
verão de 93,7 %. 
 
Performance de vacas F1HxZ 
 
O desempenho reprodutivo tem reflexos econômicos significativos sobre a 
pecuária leiteira. Acréscimos na eficiência reprodutiva podem ser traduzidos por aumento 
de produção e produtividade. Nesta direção, a produção por intervalo entre partos é mais 
importante do que a produção total de leite por lactação. Por outro lado, períodoscurtos 
de lactação implicam em menor quantidade de leite produzido e, períodos longos estão, 
geralmente, associados a uma menor eficiência reprodutiva. O equilíbrio parece estar 
mesmo, em 305 dias de lactação, situação que permite uma cria por ano, e 60 dias de 
recuperação/repouso, especialmente da glândula mamária, necessários para o ciclo 
produtivo subseqüente. A eficiência da produção e reprodução é dependente de fatores 
de meio e do genótipo do animal. As condições de meio, prevalecentes na faixa tropical, 
não favorecem a expressão do potencial das raças especializadas e os zebuínos mais 
adaptados a esse meio não têm o mesmo potencial produtivo. O produto do cruzamento 
de bovinos de raças especializadas com zebuínos tem sido o caminho utilizado para 
produção econômica de leite em ambiente tropical. Madalena (1992) informa que no 
Brasil, o rebanho mestiço é responsável por grande parte da produção leiteira, devido à 
melhor adaptação desses animais ao meio prevalecente, entretanto, a composição 
genética do rebanho contempla variados graus de sangue. Madalena (1992) também 
apontou significativas vantagens de natureza produtiva, reprodutiva e econômica de 
vacas meio sangue(F1) europeu/zebu. Na tabela 5 são mostrados os dados referentes ao 
desempenho produtivo e reprodutivo de vacas mestiças em diferentes ordens de parto. 
 
Tabela 5 – Performance produtiva e reprodutiva de vacas F1 Holandês-Zebu 
 
 Ordem de parto 
 n Primeiro n Segundo n Terceiro 
Idade – (meses) 221 33,82±4,81 194 48,77±5,69 126 59,53±5,44 
Peso (kg) 197 449,47±49,24b 179 487,86±61,97a 118 495,79±50,97a
P. S (dias) 202 165,94±92,32a 187 94,51±53,40b 106 89,74±50,23b
Intervalo 1-2 parto 194 14,89±3,06a 126 12,36±1,69b 43 12,35±1,80b
Prod. Total (kg) 192 2.100±766c 162 2.740±8231b 75 3.070±989a
Dur. Lact. (dias) 192 295±68a 162 272±44b 75 272±64b
PMD ( kg/dia) 192 7,07±1,80c 162 10,02±2,37b 75 11,20±2,38a
Pico ( kg/dia) 211 11,68±2,816a 161 15,09±2,83b 75 16,86,±3,34a
Dia do pico 211 68,1±58,3a 161 49,4±40,8b 74 51,8±60,3b
Dados Epamig - Fazenda Experimental de Felixlândia – Período 2001 à 2004 
n- número de observações; P. S- período de serviço; Prod. Total- produção total de leite; Dur. Lact.- duração 
da lactação; PMD-Produção média diária; Pico de produção 
abc-Médias com letras minúsculas distintas na mesma linha diferem (P<0,05) 
 
Em geral, as vacas primíparas são menos eficientes do que as multíparas. Não 
raramente, é permitido as novilhas entrarem em reprodução muito precocemente, antes 
mesmo de atingirem o completo desenvolvimento. Conciliar desenvolvimento corporal 
com elevados níveis de produção é um desafio difícil de ser cumprido pela vaca 
primípara, ainda mais, se somadas as adversidades de meio, características de muitas 
fazendas leiteiras. Também no genótipo F1HxZ as vacas primíparas mostraram-se menos 
eficientes em termos de produção de leite e de retorno à atividade reprodutiva do que as 
vacas multíparas. A maior eficiência registrada em partos subseqüentes ao primeiro é 
indicativo do potencial das vacas F1HxZ. A eficiência observada ao primeiro parto e/ou à 
primeira lactação não deve ser o único elemento de decisão, quanto à permanência da 
vaca no plantel de produção. 
É notório que a maioria dos produtores de leite, que trabalham com gado mestiço, 
tem preferência por vacas Holandês x Gir. A raça Gir vem, há anos, passando por um 
processo de seleção para produção de leite, tendo a vertente leiteira dessa raça já 
conquistado status de raça leiteira. Somam-se a esse fato, história e tradição e a 
preferência fica bem compreensível. Por outro lado, o efetivo de fêmeas da raça gir é de 
pequena monta, insuficiente para produzir em grande escala animais F1 com a 
composição Holandês x Gir. O observado crescimento da demanda por vacas F1 HxZ 
está obrigando a busca de alternativas e, neste contexto, zebuínos de outras raças 
precisam ser avaliados. Bovinos da raça guzerá, também com pequena 
representatividade numérica, mas, da mesma forma, submetida a um trabalho de 
melhoramento genético para leite, surge, sem reduzir o grau de importância das demais, 
como a primeira opção. Até o gado azebuado comum (mix de zebu), ainda muito utilizado 
em várias regiões do Estado, entra no grupo de zebuínos que precisa ser avaliado para a 
produção de fêmeas F1HxZ. Nas tabelas 6,7 e 8 são apresentados os dados referentes 
ao desempenho reprodutivo e produtivo de fêmeas F1 de diferentes bases maternas em 
três ordens de parto. 
 
Tabela 6 – Performance produtiva e reprodutiva de vacas F1, ao primeiro parto e à 
primeira lactação 
 
 Primeiro parto 
 n F1 Holandês-Gir n F1 Holandês-Guzerá n F1 Holandês-Zebu
Idade 142 33,98±4,48a 47 32,12±4,63b 32 35,57±5,82a
Peso (kg) 122 445,36±46,73b 43 467,39±46,11a 32 441,09±57,77ab
P. S (dias) 124 164,09±93,06b 47 144,55±89,66b 31 205,77±83,06a
Intervalo 1-2 parto 117 14,88±3,11b 46 14,07±2,83b 31 16,12±2,86a
Prod. Total (kg) 118 2.092±727b 44 1.887±691b 30 2.443±914a
Dur. Lact. (dias) 118 288±67b 44 286±56b 30 337±74a
PMD ( kg/dia) 118 7,22±1,71a 44 6,62±2,08a 30 7,15±1,67a
Pico ( kg/dia) 136 12,08±2,76a 44 10,17±2,40b 31 12,10,±2,89a
Dia do pico 136 67,3±53,7a 44 71,1±55,9a 31 40,9±34,9a
Fonte: Epamig - Fazenda Experimental de Felixlândia – Período 2001 à 2004 
n- número de observações; P. S- período de serviço; Prod. Total- produção total de leite; Dur. Lact.- duração 
da lactação; PMD-Produção média diária; Pico de produção 
ab-Médias com letras minúsculas distintas na mesma linha diferem (P<0,05) 
 
Tabela 7 – Performance produtiva e reprodutiva de vacas F1, ao segundo parto e à 
segunda lactação 
 
 Segundo parto 
 n F1 Holandês-Gir n F1 Holandês-Guzerá n F1 Holandês-Zebu
Idade 117 48,98±4,98b 46 46,27±5,49c 31 51,66±7,00a
Peso (kg) 122 478,76±67,94b 43 508,58±45,93a 32 491,18±52,06ab
P. S (dias) 111 96,06±54,82ab 45 79,04±46,13b 31 111,42±53,67a
Intervalo 2-3 parto 70 12,32±1,53b 40 12,04±1,62b 16 13,34±2,20a
Prod. Total (kg) 95 2.780±837a 42 2.425±593b 25 3.115±934a
Dur. Lact. (dias) 95 272±44ab 42 261±40b 25 289±47a
PMD ( kg/dia) 95 10,13±2,38ab 42 9,33±2,11b 25 10,75±2,56a
Pico ( kg/dia) 94 15,17±2,85ab 42 14,33±2,68b 25 16,06,±2,74a
Dia do pico 94 53,5±46,0a 42 41,7±32,6a 25 47,0±30,2a
Fonte: Epamig - Fazenda Experimental de Felixlândia – Período 2001 à 2004 
n- número de observações; P. S- período de serviço; Prod. Total- produção total de leite; Dur. Lact.- duração 
da lactação; PMD-Produção média diária; Pico de produção 
ab-Médias com letras minúsculas distintas na mesma linha diferem (P<0,05) 
 
 
 
 
 
Tabela 8 – Performance produtiva e reprodutiva de vacas F1, ao terceiro parto e à terceira 
lactação 
 
 Terceiro parto 
 n F1 Holandês-Gir n F1 Holandês-Guzerá n F1 Holandês-Zebu
Idade 70 60,09±4,69a 40 57,46±4,64b 16 62,27±8,30a
Peso (kg) 62 486,41±46,61b 40 512,87±50,00a 16 489,37±61,16ab
P. S (dias) 57 91,64±52,68a 35 87,37±48,98a 14 87,93±46,03a
Prod. Total (kg) 41 3.273±1128a 25 2.804±753a 09 2.884±718a
Intervalo 3-4 parto 27 12,53±1,92a 11 12,13±1,65a 05 11,85±1,64a
Dur. Lact. (dias) 41 280±72a 25 260±59a 09 265±32a
PMD ( kg/dia) 41 11,49±2,66a 25 10,87±1,95a 09 10,83±2,10a
Pico ( kg/dia) 41 17,11±3,79a 25 16,50±2,77a 09 16,68,±2,76a
Dia do pico 40 53,9±58,1a 25 57,8±72,3a 09 26,1±11,92a
Fonte: Epamig - Fazenda Experimental de Felixlândia – Período 2001 à 2004 
n- número de observações; P. S- período de serviço; Prod. Total- produção total de leite; Dur. Lact.- duração 
da lactação; PMD-Produção média diária; Pico de produção 
ab-Médias com letras minúsculas distintas na mesma linha diferem (P<0,05) 
 
Ordenha 
 Propriedades com produção abaixo de 200 litros diários e rebanho composto por 
vacas mestiças, realidade do nosso estado, utilizam na grande maioria das vezes o 
sistema de ordenha manual. A opção por este sistema está relacionado à capacidade de 
investimento, produção de leite e tipo de animal, uma vez que, sem comprovação 
científica,associa-se ordenha mecânica à vacas especializadas e de alta produção. 
A ordenha utilizada no sistema de produção da Fazenda de Experimental de 
Felixlândia, que é composto por 100% de vacas mestiças, é mecânica, tipo passagem ou 
fila indiana, canalizada, com arraçoamento na sala e presença do bezerro no momento da 
ordenha. A adaptação ao sistema de ordenha chega próximo aos 100% e de forma 
eficiente, visto que obtivemos valores de 8,72 vacas por unidade de teteira por hora, valor 
este próximo ao utilizado para dimensionar salas de ordenhas em sistemas de alta 
produção, onde não se utiliza bezerro ao pé e arraçoamento, que é de 10 vacas por 
unidade de teteira por hora. Na tabela 9 são mostrados maiores detalhes sobre o 
comportamento das vacas mestiças submetidas a este tipo de ordenha. 
 
 
Tabela 9 – Itens de avaliação da adaptação ao sistema de ordenha 
 
Característica nº total nº aptos % 
Adaptação à ordenha – Avaliação de 4 anos 242 241 99,59 
Ordenha completa – Avaliação de 4 anos 242 234 96,69 
Temperamento dócil fora sala de ordenha 242 234 96,69 
Ordenha sem peia – último controle 139 137 98,56 
Tetas funcionais – Avaliação de 4 anos 968 955 98,66 
Tetas negativas ao CMT – último ano 764 743 97,25 
Fonte: Epamig – Fazenda Experimental de Felixlândia – 2001 a 2004 
 
Qualidade do leite 
 
 O mercado comprador de leite está cada dia mais exigente. Isto é devido à 
pressão do mercado consumidor que, cada vez mais, demanda produtos de alta 
qualidade. Produto de alta qualidade depende principalmente da qualidade matéria prima 
e, assim, as indústrias de laticínios estão exigindo que o produtor forneça este leite. 
Também sem comprovação científica, classifica como leite de boa qualidade somente 
aquele produzido em sistemas especializados, com vacas de alta produção, sem 
presença do bezerro, sem arraçoamento na sala de ordenha e ordenhas mecânica de 
última geração. Esta é uma situação que não se aplica a grande maioria dos produtores 
do país, o que não que dizer que não se produz leite de boa qualidade. Basta que sejam 
tomadas medidas necessárias de controle e higiene. Na tabela 10 são mostrados dados 
da qualidade do leite do sistema de produção da Fazenda Experimental de Felixlândia – 
Epamig, durante o ano de 2004, que utiliza vacas mestiças F1, com a presença do 
bezerro e arroçoamenrto na sala de ordenha e utiliza ordenha mecânica sem nenhum 
grau de sofisticação. 
 
Tabela 10 - Indicadores de qualidade do leite (UFC – contagem bacteriana, CCS – 
contagem de células somáticas, EST – extrato seco total, Prot – proteína, 
Gord – gordura, Res–Ant – resíduo de antibiótico, Res-Inib – resíduo de 
inibidores) do sistema de produção da Fazenda Experimental de 
Felixlândia – Epamig no ano de 2004 
 
 Parâmetros de qualidade 
Mês - Ano UFC/mL CCS/mL EST - % Prot - % Gord - % Res-Ant Res-Inib 
Jan 2004 84.000 185.000 12,52 3,28 3,60 Negativo Negativo 
Fev 2004 36.000 78.000 12,38 3,34 3,40 Negativo Negativo 
Mar 2004 1.194.000 152.000 12,45 3,32 3,45 Negativo Negativo 
Abr 2004 83.000 175.000 12,95 3,42 3,87 Negativo Negativo 
Mai 2004 13.000 124.000 12,44 3,35 3,48 Negativo Negativo 
Jun 2004 11.955.000 239.000 12,32 3,15 3,61 Negativo Negativo 
Jul 2004 76.000 116.000 12,72 3,22 3,87 Negativo Negativo 
Ago 2004 26.000 171.000 12,87 3,30 3,92 Negativo Negativo 
Set 2004 306.000 153.000 13,01 3,31 3,99 Negativo Negativo 
Out 2004 97.000 160.000 12,54 3,22 3,75 Negativo Negativo 
Nov 2004 16.000 148.000 12,65 3,14 3,84 Negativo Negativo 
Dez 2004 132.000 100.000 12,38 3,24 3,38 Negativo Negativo 
Fonte: Boletim mensal de análise do leite do produtor fornecido pela Itambé 
 
 
 Observa-se que no mês de março e junho de 2004 ocorreram aumentos 
expressivos na quantidade de UFC, o que foi prontamente detectado. No mês de março 
por uma contaminação da tubulação de leite e no mês de julho por problema no sistema 
de resfriamento do tanque. 
 
A presença do bezerro na sala de ordenha 
 Brandão (2004), trabalhando com vacas mestiças holandês x zebu, na Fazenda 
Experimental de Patos de Minas – Epamig, observou que a ausência do bezerro na sala 
de ordenha determinou um retorno mais rápido à atividade ovariana luteal cíclica nos 120 
dias iniciais do parto (P<0,05) mas, não influenciou (P>0,05) o período de serviço e a taxa 
de concepção total. Observou, também, que a ausência do bezerro, na sala de ordenha, 
reduziu a duração da lactação (P<0,05), embora não interferisse na produção de leite 
(P<0,05). O grupo I ( sem a presença do bezerro) apresentou maior incidência de mastite 
(P<0,05) em relação aos demais. Os bezerros com acesso às mães após o término da 
ordenha apresentaram um maior ganho de peso, traduzido por maior peso ao desmame. 
Parte dos dados referentes a esta pesquisa é mostrada na tabela 9. 
 
Tabela 11 - Duração da lactação, produção de leite e incidência de mastite, em vacas 
F1HZ ordenhadas na presença ou ausência dos bezerros 
 
 Grupo I – 25 vacas 
 Ausência 
do bezerro 
 Grupo II - 25 vacas 
Presença 
momentânea 
 Grupo III - 25 vacas 
Presença 
 constante 
Duração da lactação (dias) 259,6b ± 71,5 295,0a ± 36,9 304,4a ± 51,6 
Produção total de leite (kg) 2298,8 ± 850,1 2313,9 ± 639,6 2644,1 ± 610,1 
Produção média leite(kg) 9,2 ± 4,6 8,1 ± 3,7 9,3 ± 4,1 
Incidência mastitec (média) 6,39a ± 1,91 5,46b ± 1,44 4,68b ± 0,85 
a,b Médias, na mesma linha, seguidas de letras diferentes, diferem (P<0,05) pelo teste SNK. 
c avaliada por escore de CMT 
Fonte: Epamig – Fazenda Experimental de Patos de Minas – Brandão 2004 
 
Freqüência de ordenhas diárias 
 
A partir de rebanhos leiteiros constituídos de gado especializado, a prática de duas 
ou mais ordenhas alcançou rebanhos mestiços, inclusive muitos com baixa produção. 
Pode-se afirmar que a produção de leite tem relação direta com a freqüência das 
ordenhas. A tabela 10 mostra os efeitos de uma e de duas ordenhas sobre a duração da 
lactação, produção de leite e saúde do úbere em vacas F1HZ. 
 
Tabela 12 - Duração da lactação(dias), produção de leite (kg), produção diária de leite 
(kg), e incidência de mastite em vacas F1HZ, submetidas a uma ou 
duas ordenhas diárias 
 
 Uma ordenha 
 dia 
 Duas ordenhas 
 dia 
Uma ou duas 
 ordenhas dia 
Duração da lactação (dias) 288,7 ± 34,0 286,5 ± 34,8 276,4 ± 40,1 
Produção total de leite (kg) 2.151,7b ± 517,7 2.851,6a ± 637,4 2.674,1a ± 614,1 
Produção média leite (kg) 7,4b ± 1,6 10,1 a ± 2,6 9,7 a ± 2,0 
Incidência mastitec (média) 4,1 ± 0,4 4,1 ± 0,1 4,3 ± 0,4 
 a,b Médias, na mesma linha, seguidas de letras diferentes são diferentes (P<0,05) pelo teste SNK. 
 c avaliada por escore de CMT 
 Fonte: Epamig – Fazenda Experimental de Felixlândia – Brandão 2004 
 
Vacas F1HZ ordenhadas duas vezes ao dia produziram, durante a lactação, 32,5% a mais 
de leite do que aquelas ordenhadas uma única vez (700 kg/leite a mais/lactação)..Cabe ressaltar 
que as vacas F1HZ mostraram também capacidade para retomar a produção de leite, em qualquer 
estádio de lactação. Ao passar de uma para duas ordenhas, as vacas responderam prontamente 
com aumento da produção. 
 
 
Produção de Bezerros Terminais 
 
Alguns produtores aumentam a receita da fazenda leiteira, vendendo animais. 
Outros, entretanto, não produzem animais com a qualidade demandada pelo mercado e, 
deixam de aproveitar uma ótima oportunidade de incremento de renda. Em sendo assim, 
é oportuno e, perfeitamente possível, aproveitar melhor o potencial das vacas de leite, 
relativo a produção de bezerros destinados a venda. O acasalamento das vacas leiteiras 
com touros terminadores de raças zebuínas resulta na produção destes. A opção por 
determinada raça de touro é ditada pelo mercado onde o sistema está inserido, inclusive 
para o uso de touro holandês apenas para a produçãode animais 3/4 HZ, se esta for 
uma opção rentável para o produtor na sua região. Entretanto a decisão de produzir 
bezerros para venda não implica, em princípio, na necessidade de abandonar por 
completo a produção de novilhas de reposição. A extensão do processo fica 
evidentemente condicionada ao mercado. Em muitas circunstancias, pode fazer melhor 
negócio o produtor que adquirir fêmeas de reposição de fazendas especializadas em 
produzi-lás. Fica a certeza de que produzir bezerros terminais via vacas mestiças, 
propicia vantagens econômicas. Na tabela 12 são mostrados dados sobre desempenho 
de bezerros terminais. 
 
Tabela 13 - Desempenho de bezerros e bezerras terminais, filhos de vacas F1HZ e de 
touros Nelore ou Guzerá ou Gir, durante a fase de cria 
 
Sexo Nº de 
lotes 
Nº de cab. 
lote 
Idade 
meses 
C.V. 
% 
Peso 
Kg 
C.V. 
% 
Macho 23 15 10,3 12,6 189,2 11,5 
Fêmea 5 12 11,9 10,0 179,7 7,8 
Fêmea 7 20 23,7 16,4 346,7 11,3 
Fonte: Epamig – Fazenda Experimental de Felixlândia – 2001 a 2004 
 
Os bezerros e bezerras terminais receberam como alimento, o leite produzido por 
um teto (sucção direta no teto), até 80-90 dias de idade e após este período apenas o 
leite residual, ao final da ordenha, que após este período prosseguiu sendo realizada com 
a presença do bezerro, para o apojo. O único alimento volumoso ofertado aos bezerros, 
até a desmama foi a pastagem durante o verão e ou silagem durante a época da seca. 
O bezerro terminal tem alcançado expressivo valor de venda. Condicionado ao 
lucro proporcionado por litro de leite vendido, a receita obtida com a comercialização de 
um bezerro terminal é expressiva. Na tabela 13 são mostrados valores de 
comercialização. 
 
 
 
 
 
 
Tabela 14 – Dados sobre a comercialização de bezerros (as) terminais produzidos por 
vacas F1 H x Z, acasalados com touros zebuínos de corte ou leite. 
 
Sexo Preço @ 
dólar 
Preço @ 
Reais 
C.V. 
% 
Valor 
venda R$ 
Equiv. L. 
de leite 
C.V. 
% 
Macho 18,3 52,3 13,3 331,45 820,6 29,4 
Fêmea 16,5 46,4 15,5 276,86 704,1 28,4 
Fêmea 17,3 48,4 17,5 553,19 1.168,3 17,1 
Fonte: Epamig – Fazenda Experimental de Felixlândia – 2001 a 2004 
 
 
Desempenho econômico. 
 
O caminho da pecuária de mercado passa, obrigatoriamente, por sistemas de 
produção que privilegiem pastagens de boa qualidade e animais que se mostrem 
economicamente viáveis nesse regime de criação. Sistemas de produção sustentados em 
animais com maior capacidade de adaptação ao ambiente tropical, mais simples e 
adequados à realidade vigente, têm condições de apresentar resultados econômicos mais 
competitivos do que outros de maior dimensão, apoiados em modelos e estratégias que 
custam caro. A flexibilidade é uma das principais características do gado mestiço. Sua 
adequação tanto à produção de leite, quanto à produção de animais de corte, permite ao 
produtor ajustar-se com facilidade às mudanças do mercado e explica, em parte, ser esse 
o sistema mais praticado no País ( Gloria e Bergmann, 2003, citado por Moraes, 2004). 
 Moraes (2004) analisou os dados de produção e custo do ano de 2003, da 
Fazenda Experimental de Felixlândia, pertencente à EPAMIG. Neste ano o sistema de 
produção tinha as seguintes características: rebanho composto por 220 vacas F1HZ, 81% 
delas na primeira ou segunda lactação; intervalo entre primeiro e o segundo partos de 
14,3 meses e entre o segundo e terceiro de 12,1 meses; duração da lactação das vacas 
primíparas de 286 dias, as de segundo parto, de 268, e as de terceiro, de 312; taxa de 
mortalidade de 7,57% para bezerros até um ano de idade; produção média para as vacas 
de primeira lactação 1.990,16 kg de leite/ lactação, as de segunda, 2.512,15 kg e as de 
terceira 3.001,00 kg. Na tabela 15 são mostrados os itens que foram considerados para 
a avaliação econômica. 
 
Tabela 15 - Itens utilizados para avaliação econômica do sistema de produção da 
Fazenda Experimental de Felixlândia – Epamig no ano de 2003 
 
Centros de custo 
Item R$ US$ % Despesa 
Alimentação – Volumosos 46.571,47 15.707,44 28,64 
Alimentação – Concentrados 47.630,92 15.819,41 29,29 
Medicamentos 886,05 293,33 0,54 
Controle sanitário 2.726,60 891,63 1,68 
Inseminação artificial 0,00 0,00 0,00 
Aluguel máq. agric – Transporte 15.799,00 5.446,84 9,71 
Manutenção geral 5.727,10 1.798,41 3,52 
Mão-de-obra 28.423,20 9.340,90 17,48 
Custos operacionais fixos 14.868,50 4.801,69 9,14 
Total das despesas 162.632,83 54.099,66 100,00 
Fonte: Moraes 2004 
 
Na tabela 16 são mostrados os resultados da avaliação econômica obtida no 
sistema de produção de leite com vacas mestiças F1HZ da Fazenda Experimental de 
Felixlândia. 
 
 
Tabela 16 – Síntese econômica do sistema de produção de leite com vacas F1 HZ da 
Fazenda Experimental de Felixlândia no ano de 2003 
 
 Receitas Indexadores 
Item Qtde V. Unit Total R$ Total US$ Leite (litros) @ Boi 
Leite in natura - litros 401.530 0,47 187.911,18 60.421,60 399.811,03 3.331,76
Bezerros terminais - cabeças 181 390,22 70.630,17 22.710,67 150.276,97 1.252,31
Vacas de descarte - cabeças 26 563,94 14.662,46 4.714,62 31.196,73 259,97 
Total das receitas (R) 273.203,82 87.846,89 581.284,72 4.844,04
 
Custo Operacional Variável Total (CopE) = 147.764,33 47.512,65 314.392,19 2.619,93
Margem bruta = Receitas - despesas = 125.439,49 40.334,24 266.892,53 2.224,10
Custo Operacional Fixo Total (CopFT) = 14.868,50 4.780,87 31.635,11 263,63 
Custo Operacional Total (CopT) = CopE + CopFT = 162.632,83 52.293,51 346.027,30 2.883,56
Margem líquida = Receitas - CopT = 110.570,99 35.553,37 235.257,42 1.960,48
Custo Alternativo (CA) = 7.749,39 2.491,76 16.488,06 137,40 
Custo Total = CopT + CA = 170.382,22 54.785,28 362.515,36 3.020,96
Lucro (L)= Receitas - Custo Total = 102.821,60 33.061,61 218.769,36 1.823,08
Rentabilidade: L/R*100 = 37,64% 
Fonte: Moraes, 2004. 
 
 
 O sistema de cria do rebanho é a pasto durante a estação chuvosa. Na época 
seca, vacas em lactação, vacas 30 dias pré-parto e as crias que estão amamentando são 
suplementadas com volumoso, que pode ser silagem de milho, cana de açúcar e ou a 
mistura de cana e silagem. Alimentação concentrada é fornecida de acordo com a 
produção individual, independente da época do ano. Esta diferença no manejo nutricional 
reflete no desempenho econômico do sistema. Nas tabelas 16 e 17 são mostrados os 
dados de lucratividade em função da época do ano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 16 – Resumo econômico do sistema de produção F1 na estação chuvosa - 
 Ano 2003 
 
Receita 
Item Qtde V. Unit Total R$ Total US$ % Receita
Leite in natura - litros 198.135 0,44 86.463,76 26.105,47 61,88 
Bezerros terminais - cabeças 99 405,58 40.152,60 12.331,46 28,74 
Vacas de descarte - cabeças 23 570,19 13.114,46 3.846,97 9,39 
Total das receitas (R) 139.730,81 42.283,90 100,00 
 
Custo Operacional Variável Total (CopE) = 39.594,32 12.032,89 
Margem bruta = Receitas - CopE = 100.136,49 30.251,02 
Custo Operacional Fixo Total (CopFT) = 7.255,99 2.179,75 
Custo Operacional Total = CopE + CopFT = 46.850,31 14.212,63 
Margem líquida = Receitas - CopT = 92.880,50 28.071,27 
Custo Alternativo (CA) = 4.980,50 1.499,71 
Custo Total = CopT + CA = 51.830,82 15.712,34 
Lucro = Receitas - Custo Total = (L) 87.900,00 26.571,56 
Rentabilidade: L/R*100 = 62,91 % 
Fonte: Moraes, 2004. 
Tabela 17 – Resumo econômico do sistema de produção F1 na estação seca - Ano 2003 
 
Receita 
Item Qtde V. Unit Total R$ Total US$ % Receita
Leite in natura - litros 203.395 0,50 101.447,43 34.936,26 76,01 
Bezerros terminais - cabeças 82 371,68 30.477,57 10.515,87 22,83 
Vacas de descarte - cabeças 3 516,00 1.548,00 533,68 1,16 
Total das receitas (R) 133.473,00 45.985,80 100,00 
Custo Operacional Variável Total (CopE) = 108.170,01 37.265,08 
Margem bruta = Receitas- CopE = 25.302,99 8.720,72 
Custo Operacional Fixo Total (CopFT) = 7.612,51 2.621,94 
Custo Operacional Total = CopE + CopFT = 115.782,52 39.887,02 
Margem líquida = Receitas - CopT = 17.690,49 6.098,78 
Custo Alternativo (CA)= 2.768,89 953,96 
Custo Total = CopT + CA = 118.551,40 40.840,98 
Lucro = Receitas - Custo Total = (L) 14.921,60 5.144,82 
Rentabilidade: R/L*100 = 11,18% 
Fonte: Moraes, 2004. 
Para Moraes (2004), a venda de bezerros (as) com aptidão para produção de 
carne representa parte significativa da receita da atividade, sendo-lhe atribuída grande 
parcela de contribuição pelo expressivo resultado econômico positivo obtido pelo sistema; 
e com relação aos custos que compõem os custos operacionais totais, os custos com 
alimentação representaram em torno de 50% dos mesmos, e os custos fixos 
corresponderam a cerca de 10% do custo operacional total da atividade, significando 
baixa necessidade de investimentos em equipamentos e benfeitorias.Na tabela 18 são 
mostrados dados referente ao desempenho técnico, detalhamento de itens de despesa e 
margem bruta do sistema de produção da Fazenda Experimental de Felixlândia no ano de 
2004. 
TABELA 18 - Desempenho técnico do sistema de produção de leite da Fazenda 
Experimental de Felixlândia, ano de 2004. 
 
Receita 
Item % receita 
Leite in natura 78,61 
Bovinos 21,39 
Despesa 
Item % despesa % receita 
Alimentação - Volumoso 38,30 20,79 
Alimentação - Concentrado 22,03 11,96 
Medicamentos e controle sanitário 1,98 1,07 
Aluguel de máquinas e transporte 5,92 3,22 
Manutenção geral 13,84 7,51 
Mão de obra 14,11 7,66 
Impostos 3,66 1,9 
Total das despesas 100,00 54,27 
Margem bruta = Receita - despesas 45,73 % 
Outros parâmetros 
% de vacas em lactação 68,8
Média de litros de leite vendido por dia 1.334,6
Média de litros de leite comercializado por vaca em lactação 8,23
Relação litros de leite produzido por kg de ração gasto 4,86
Taxa de natalidade 94,0%
Mortalidade até 01 ano de idade 6,5%
Receita por vaca do rebanho – em reais 1.444,03
Despesa por vaca do rebanho – em reais 783,74
Margem bruta por vaca do rebanho - em reais 660,29
 
Considerações Finais 
 
 Minas Gerais tem amplas condições para promover a necessária e urgente 
adequação da pecuária bovina, sustentada neste modelo. As limitações do meio 
dificultam à expressão dos potenciais produtivo e econômico de animais de raças 
especializadas sendo, portanto, necessário recorrer a outras alternativas. A vaca F1, 
capaz de produzir leite a preços mais competitivos, em ambiente de muitas limitações, 
pode também, se coberta com touro terminador, produzir, bezerros de qualidade e 
contribuir para a pecuária leiteira tornar-se mais rentável. 
O projeto plataforma tecnológica do leite, coordenado por Vilela (2002), e em 
publicação de Bressan et al. (2002), mostra que os principais desafios no segmento 
produção são sistemas competitivos nos aspectos de rentabilidade e lucratividade, que 
tenham sustentabilidade nos aspectos ambiental, econômico e social e que todos tenham 
acesso a tecnologia. Considerando estas necessidades, o sistema de produção leite em 
referência pode contribuir para superar estes desafios. 
Nessa direção, o editorial da Revista Balde Branco de Junho de 2004, intitulado de 
"desempenho de fazendas leiteiras", é pertinente ao colocar....".A falta de padrões ou 
indicadores que possibilitem uma visão de conjunto e que permitam uma avaliação da 
atividade, independentemente do modelo de produção adotado em cada fazenda, dificulta 
a mudança de conceitos estabelecidos pela tradição e contribui para que a atividade 
leiteira seja considerada como um dos poucos negócios ruins dentro do agronegócio 
brasileiro, apesar de se ter hoje resultados muito bons em fazendas que usam estruturas 
de rebanho compatíveis com objetivo de lucro; vacas que, independentemente da 
produção individual, garantem volume de venda para cobrir custos e melhorar lucros, e 
indicadores de uso eficiente do solo, mão-de-obra e outros fatores produtivos.....” 
 
 
Literatura consultada 
 
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	Figura 1 - Cadeia Produtiva do Leite (simplificada) e organização e composição estrutural básica do rebanho 
	 
	Fornecedores Produção Indústria Comércio Consumo 
	Fase de recria – crescimento 
	Performance de vacas F1HxZ 
	Produção de Bezerros Terminais 
	 
	Considerações Finais

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