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Universidade Federal do Paraná - UFPR Setor de Ciências Agrárias - SCA Depto de Economia Rural e Extensão - DERE Curso de Pós-Graduação em Gestão Florestal – Ed. a Distância Curitiba Professor Romano Timofeiczyk Junior, Dr UFPR PROJETOS ECONÔMICOS __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 2 Sumário 1. INTRODUÇÃO ................................................................................ 03 1.1. Alternativas .............................................................................. 05 1.2. Decisões .................................................................................. 08 1.3. Retorno de Investimento .......................................................... 09 1.4. Custo de Oportunidade ............................................................ 12 2. MERCADOS ................................................................................... 13 2.1. Informações Quantitativas ....................................................... 15 2.2. Informações Qualitativas .......................................................... 16 2.3. Estimativa de demanda futura ................................................. 17 2.4. Canais de Comercialização ..................................................... 24 2.5. Ciclo de Vida dos Produtos ...................................................... 26 3. ESTUDOS DE LOCALIZAÇÃO........................................................ 27 3.1. Forças locacionais ................................................................... 29 4. TAMANHO DO EMPREENDIMENTO ............................................ 34 4.1. Economia de Escala ................................................................ 34 4.2. Tamanho ótimo da firma .......................................................... 37 5. HORIZONTE DE PLANEJAMENTO E TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE............................................................................ 38 5.1. Horizonte de planejamento ...................................................... 38 5.2. Taxa mínima de atratividade .................................................... 39 6. FLUXO DE CAIXA .......................................................................... 42 6.1. Formação de fluxo de caixa ..................................................... 43 7. ANÁLISE INVESTIMENTOS–MÉTODOS DETERMINÍSTICOS 50 7.1. Métodos que não consideram o valor capital no tempo ............ 50 7.2. Métodos que consideram o valor capital no tempo ................... 53 8. DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO .................................... 70 8.1. Contabilidade da depreciação .................................................. 72 8.2. Forma de utilização da depreciação ........................................ 72 8.3. Depreciação e a Lei ................................................................. 73 8.4. Métodos de depreciação .......................................................... 75 8.5. Influência do imposto de renda no fluxo de caixa .................... 77 8.6. Depreciação acelerada ............................................................ 78 8.7. Compra, depreciação e locação .............................................. 80 9. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ....................................................... 81 10. ANÁLISE DA RELAÇÃO CUSTO-VOLUME-LUCRO ..................... 91 11. FINANCIAMENTO DE PROJETOS ................................................ 95 12. BIBIOGRAFIA __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 3 PROJETOS ECONÔMICOS Professor Romano Timofeiczyk Junior,1 1. INTRODUÇÃO Nas instituições, sejam comerciais, prestadoras de serviços ou indústrias, sempre existirá a necessidade de tomar decisões, visando maximizar a curto, médio ou longo prazo os seus resultados. As instituições sempre estão frente a decisões quando resolvem substituir equipamentos obsoletos, suprimentos e materiais, escolher qual dos financiamentos apresen- tados é o mais econômico para a empresa, escolher entre dois novos produtos pesquisados ou sobre qual a espécie a ser reflorestada, qual a área a ser plantada, entre tantas outras decisões que são tomadas diariamente. A intensidade e a forma com que estas decisões são tomadas dependem do tipo, porte e área de atuação da instituição. Dentro deste contexto, aparece um tipo de atividade empresarial, denominada de Projetos, que por envolver um conjunto de atividades em determinado período de tempo, e por ser único, possui elevado grau de risco e incerteza quanto ao seu sucesso como empreendimento. O significado da palavra Projeto é extremamente amplo para que seja possível conceituá-la de forma a abranger todas as suas aplicações na economia. O termo projeto refere-se às necessidades ou oportunidades de certa instituição, tendo como objetivo executar ou realizar algo no futuro, para atender a necessidades ou aproveitar oportunidades. O planejamento e execução de investimentos privados ou públicos pode ser realizado à base de projetos, podendo ser classificados da seguinte forma: • Agrícolas, florestais e pecuárias; • Industriais; • Serviços, como hidrelétricas, estradas, água e esgoto, ferrovias, portos, escolas, hospitais, habitações etc. 1 Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Economia e Política Florestal, Prof. de Engenharia Econômica e Economia Geral da Universidade Federal do Paraná. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 4 Os projetos podem ser classificados em função do seu objetivo, como: • Implantação: quando será implantado um empreendimento novo. • Expansão ou ampliação: Aumento da produção. • Modernização: Substituição de equipamentos ou plantas industriais obsoletas. • Relocalização: Mudança na localização em função de programas de modernização ou de alterações dos preços dos fatores de produção. Na análise da viabilidade de um projeto de investimento torna-se necessário considerar muitas variáveis. Dentre estas, pode-se citar a estratégia da firma, suas políticas, estrutura de mercado na qual está inserida, seus pontos fortes e fracos, pontos de estrangulamentos, ameaças aos seus negócios, entre outras. Enfim, fatores exógenos e endógenos, negativos ou positivos que influenciam a sobrevivência da firma e a geração de valor para os proprietários e acionistas. Portanto, projeto é um estudo que se faz antes de se tomar uma decisão. Ao se falar em projeto sob a ótica econômica, geralmente tem-se um plano de investimento, que é um comprometimento de recursos visando obtenção de benefícios futuros durante um período de tempo, e sua elaboração, análise e avaliação de projetos envolve variáveis sociais, econômicas, culturais, jurídicas, ambientais e políticas. Na avaliação e seleção de projetos, deve-se estudar o melhor modo de realizar os investimentos, do ponto de vista da rentabilidade, dentre diversas alternativas. As alternativas competem entre si pela obtenção do capital de investimento, que é um recurso escasso. Sempre existe a alternativa de não fazer nada, ou seja, guardar o dinheiro em um cofre, geralmente superado pela alternativa de depositá-lo na poupança. O dinheiro tem a função de facilitar o processo de transações entre os elementos da sociedade, e também de participar no processode produção dos bens e serviços, através do investimento. Portanto, tem-se que: Investimento é uma aplicação monetária em projetos de implantação de novas atividades, expansão, modernização etc., da qual se espera obter uma boa rentabilidade. Portanto, o investidor deve analisar as alternativas para garantir um bom retorno. Se os recursos fossem ilimitados, não necessitaria de análise de investimentos. As propostas seriam viáveis, bastando apenas que a renda total __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 5 fosse maior que os gastos. Dentre todas as alternativas possíveis de investimentos, devem-se verificar quais as alternativas que devem ser selecionadas e quais devem ser rejeitadas a fim de que os fluxos monetários no longo prazo sejam maximizados. Deve-se haver um planejamento das atividades, procurando responder perguntas tais como: • Identificação de oportunidades no mercado; • Definição das características dos negócios; • Definição de uma medida adequada de custo de capital; • Quais as necessidades e desejos do seu futuro cliente; • Como a concorrência está operando hoje; • O volume de investimento necessário para montar a empresa; • Lucratividade; • Determinação do retorno do projeto; • Análise dos riscos envolvidos; • As características empreendedoras e a capacidade gerencial disponível também são de fundamental importância. 1.1 ALTERNATIVAS Alternativas são vários cursos que uma ação pode tomar para alcançar os objetivos traçados. Entre os vários objetivos a serem alcançados existem os de benefícios tangíveis e intangíveis. Benefícios tangíveis podem ser expressos em valores econômicos com relativa facilidade, visto que seguem um raciocínio simples e lógico em que todas as variáveis são determinadas com simplicidade. Como exemplo, tem-se os preços dos insumos e matérias primas, energia, salários, máquinas, equipamentos, instalações etc. Benefícios intangíveis são aqueles que não podem ser expressos em termos econômicos com relativa facilidade, haja vista que suas determinações são objetos de apreciações subjetivas que necessitam embasamentos bem estruturados. Entre tais benefícios, podem-se citar os de interesses sociais, políticos ou de segurança, considerados por ocasião dos exames de alternativas Em grande parte dos casos, um empreendimento se compõe de benefícios tangíveis e de benefícios intangíveis, os quais são todos analisados por ocasião do estudo de viabilidade de um empreendimento. Estudo de viabilidade de um empreendimento tem por finalidade verificar sua justificativa, considerando os aspectos técnicos, comerciais, administrativos, jurídicos, ambientais, econômicos, financeiros e sociais. Alternativa econômica é a avaliação em termos econômicos de uma das con- cepções planejadas. Se existirem várias alternativas econômicas é necessário haver uma classificação destas de acordo com algum critério econômico. A decisão é a alocação de recursos nas melhores alternativas, possibili- __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 6 tando sua execução. É importante ter cuidado na escolha das alternativas econômicas para que os riscos envolvidos sejam minimizados, pois a alocação de recursos pode ser elevada e muitas vezes irreversível. A melhor alternativa necessita estar muito bem fundamentada para não haver erros irreparáveis que somente aparecerão ao longo do tempo. Risco é a probabilidade de obter resultados insatisfatórios mediante uma decisão. Existem decisões que são completamente subjetivas e os riscos nelas contidos podem ser enormes. Entretanto, muitas decisões que, aparentemente, dependem de fatores subjetivos podem ser equacionadas por meio de técnicas adequadas, de forma a serem visualizadas alternativas econômicas que auxiliarão imensamente as tomadas de decisões, isentas, em grande parte, de fatores pessoais. Havendo critérios econômicos, podem ser apresentadas alternativas econômicas que poderão auxiliar em decisões. Tais decisões podem ser relativas a Investimentos, Vida Econômica de Equipamentos, Custos Mínimos e Pontos de Equilíbrio, Aplicações em Incentivos frente ao Imposto de Renda, Inflação, Proveitos Máximos em Empresas Privadas e Órgãos Públicos e diversos outros campos pertencentes aos vários setores da Produção. As decisões resultam das análises das posições econômicas no instante presente, futuro ou intermediário. O levantamento destas posições econômicas ao longo do tempo chama-se fluxo de caixa. Com o auxílio dos fluxos de caixa pode-se examinar, de forma mais clara e precisa, tais situações econômicas naqueles instantes: presente, futuro e após cada um dos períodos intermediários adequados entre estas duas situações extremas. A Figura 1 demonstra os passos para o estudo de viabilidade de investimento. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 7 Figura 1 Passos para o estudo da viabilidade de investimentos Cursos Justificativas Técnicos Administrativo Comerciais Jurídicos Financeiros/econômico Políticos Ambientais Locação dos recursos Probabilidade de insucessos Alternativas Objetivos Tangíveis Intangíveis Empreendimento Viabilidade do empreendimento Decisão Risco __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 8 1.2 DECISÕES A empresa terá o capital valorizado quando as decisões conduzirem a um saldo líquido de ganhos. As decisões podem ser classificadas como demonstrada na Tabela 1. Tabela 1 Níveis de decisão nas empresas Níveis de decisão Objeto Alcance temporal Estratégica Relações da empresa com o meio ambiente Médio ou longo prazo Administrativa Organização (interna) da empresa Médio ou longo prazo Operacional Processo de produção (ou de transformação) Curto ou médio prazo Fonte: Baseada em WOILER S. & MATHIAS, W.F. Projetos: Planejamento, elaboração e análise. São Paulo: 1992, p.21. Por implicar em mudanças no relacionamento da empresa com seus clientes, fornecedores e concorrentes, com o sistema financeiro e como o governo, as decisões de capital pertencem ao nível estratégico. Estas decisões apresentam horizonte de médio ou longo prazo, e em geral são irreversíveis, significando que as decisões de capital: • Envolvem grandes somas em recursos; • Afetam a vida da empresa por grande período de tempo; • São totalmente irreversíveis ou com altos custos de reversão. Podem consolidar uma trajetória de expansão ou comprometer a vida da empresa, por isto a necessidade que as decisões se baseiem, tanto quanto possível, em previsões e cálculos de todas as suas implicações relevantes. Os estudos, análises e avaliações relativas às decisões de capital não eliminam os riscos. Entretanto, pode-se melhorar o nível de informação e as condições de risco para a tomada de decisão, mas sempre haverá risco. A decisão de investir é complexa, já que muitos fatores entram em cena. A primeira idéia que surge é a de que a decisão de investir depende do retorno esperado, pois quanto maiores forem os ganhos futuros, tanto mais atraente esse investimento parecerá para qualquer investidor. Estando os agentes econômicos inseridos de forma diferenciada nosistema (econômico), farão avaliações distintas de uma mesma oportunidade de investimento, já que há dois fatores atuando em sentidos opostos: • Os retornos esperados do investimento que atraem o investidor e, • O risco que o afasta. Os tomadores de decisão assumem atitudes diferenciadas diante do risco. A primeira observação que deve ser feita é que quanto melhor for o nível de informação do tomador de decisão, menor será o nível de risco a que estará sujeito. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 9 Um determinado projeto de investimento nada mais é que uma simulação da decisão de investir Quando se menciona risco de forma genérica, está-se utilizando linguagem pouco precisa, porque não se está fazendo distinção entre duas situações diferentes: a. Situação de risco, em que os eventos possíveis e suas probabilidades de ocorrência são conhecidos; b. Situação de incerteza, em que não se sabe quais são os eventos possíveis, ou não se conhecem suas probabilidades de virem a ocorrer. Portanto, os projetos de investimento, geralmente, conseguem apenas melhorar a tomada de decisão, diminuindo o nível de incerteza. 1.3 RETORNO DE INVESTIMENTO O retorno de investimento é de importância crucial e vital para o equilíbrio e desenvolvimento da economia de um país, e da mesma forma, para a continuidade e sobrevivência das empresas. É saudável que haja políticas de incentivos, entretanto, se não houver níveis de retorno de investimentos satisfatórios, os investidores não investirão, e se o fizerem, poderão estar comprometendo sua própria existência. As firmas sem fins lucrativos ou outras entidades organizadas para determinados fins também necessitam que os seus investimentos sejam remunerados de alguma forma. Os fatores de produção, quando aplicados em determinado empreendimento são passíveis de remuneração, como representado a seguir: As pessoas procuram acumular fatores de produção e aplicá-los de forma a serem remunerados adequadamente, na forma de salários, rendas de aluguéis, juros, visando assim suprir suas necessidades de consumo. Uma empresa almeja não apenas a remuneração individual e isolada de cada um dos recursos aplicados, mas também o ganho excedente, ou um valor agregado (lucro). O montante deste lucro deve ser superior ao montante das remunerações individuais de cada recurso (se não for, não se justifica o investimento), obtendo-se, assim, um valor excedente que deverá compensar os riscos e preocupações inerentes à atividade empresarial. A análise do retorno de investimento ocorre de duas formas: • Inicialmente, na análise de viabilidade econômica de determinado projeto, ou seja, antes de investir. • Posteriormente, por meio dos relatórios contábeis, ou seja, após o investimento. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 10 As técnicas de viabilidade econômica de projetos utilizam instrumentos e conceitos da matemática financeira, analisando determinado projeto a priori. Tomada a decisão de investir, deve-se verificar se os níveis de retornos esperados inicialmente estão realmente se concretizando, recorrendo-se à análise dos relatórios contábeis. Matemática financeira Contabilidade Antes Depois Antes da decisão de investir: Recorre-se aos cálculos financeiros, ou às teorias das finanças, ou às técnicas de análise de viabilidade econômica de projetos (matemática) nas seguintes situações: • Análise de aquisição de uma nova máquina e substituição de equipamentos; • Lançamento de um novo produto e na expansão de mercado; • Análise de um projeto global, como a construção de uma nova fábrica ou da implantação de uma floresta. Os investimentos devem ser remunerados adequadamente, não apenas para a satisfação dos proprietários de capital, mas também para garantir a continuidade dos negócios. As diferenças intertemporais entre o lucro, fluxo de caixa e as necessidades de investimentos de uma empresa são supridas por recursos financeiros, onde o custo do dinheiro é um componente do produto final. A tecnologia e a capacidade empresarial do dono da empresa e de seus gestores, bem como os demais recursos, são também fatores de produção, devendo ser explorados e, conseqüentemente, remunerados adequadamente. Depois da decisão de investir: quando a empresa já estiver operando, recorrendo-se à contabilidade que tem a finalidade de registrar as decisões tomadas por meio da contabilização das transações econômicas e refletir seus respectivos efeitos no patrimônio da empresa. Pela análise dos relatórios contábeis, procura-se verificar se os resultados apurados são compatíveis com os retornos desejados por ocasião das decisões de investimentos. Demonstrações Contábeis: • Balanço Patrimonial (BP); • Demonstração do resultado de exercício (DER); • Demonstração de origem e aplicação de recursos (DOAR); • Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL); • Demonstração de lucros e prejuízos acumulados (DLPA). Análise de Viabilidade Econômica de Projetos Decisão de investir Análise dos relatórios contábeis __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 11 A contabilidade estuda o patrimônio, que é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pessoa qualquer, seja física ou jurídica. • Bens e Direitos: Parte positiva do patrimônio: ATIVO • Obrigações: Parte negativa do patrimônio: PASSIVO Situação Patrimonial Líquida = ATIVO – PASSIVO • Favorável, positiva ou superavitária: O ativo é maior que o passivo. Neste caso há patrimônio líquido. • Desfavorável, negativa ou deficitária: O ativo é menor que o passivo. Neste caso há passivo a descoberto. • Nula ou compensada: Quando o ativo é igual ao passivo. ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO O retorno do investimento é uma recompensa equivalente a todo o investimento e não apenas aos lucros gerados nos períodos iniciais, ou de um período específico. Um investimento pode proporcionar altas taxas de lucros em determinados períodos, e até prejuízo em outros; prevalecendo, assim, ênfase no retorno médio geométrico. Existem projetos que recuperam seus investimentos nos primeiros anos. Outros projetos são mais demorados. Como exemplo tem-se os projetos agrícolas e florestais, que necessitam de terras em grande quantidade, e estão sujeitos aos ciclos biológicos das culturas permanentes, que é de longo prazo. Os prazos, ou as taxa ideais, dependem não apenas da natureza dos projetos, mas também das características pessoais dos investidores. Alguns possuem alto índice de aversão ao risco, contentando-se com baixas taxas de retorno. Outros trabalham com expectativas elevadas, convivendo mais facilmente com os riscos envolvidos. O empreendimento tem que gerar um lucro compatível com os investimentos efetuados, onde o retorno mínimo exigido para o projeto está relacionado com a taxa mínima de atratividade. Segundo PETERS (1977), “Não é o fluxo monetário a partir das receitas provenientes das vendas e saídas dos custos das mercadorias vendidas que é primordial; mas sim, a questão é quanto foi investido no empreendimento em relação à recompensa gerada pelo investimento”. “...o percentual sobre as vendas não é, por si só, o meio expressivo de fazer comparações entre diversas atividades industriais...Excessivo número de executivos penetra na emboscada de enfatizar o lucro monetário sem a adequada consideração de quanto empenho ou dinheiro foi preciso para gerar os lucros”. __________________________________________________________________________________________UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 12 1.4 CUSTO DE OPORTUNIDADE Há na economia um conceito chamado Custo de Oportunidade, que representa o que o agente econômico perde com determinada escolha, ou seja, é a possível perda de rendimentos pela opção por uma determinada alternativa em detrimento de outra. Seu cálculo pode ser feito em função da diferença de resultado entre duas ou mais alternativas: a que de fato se concretizou e as que teriam se concretizado caso a opção tivesse sido diferente. Para se analisar esta diferença é preciso considerar as possíveis receitas e custos das duas alternativas. Dentro de um universo determinístico, supor que uma empresa tenha cinco alternativas de investimento (A1, A2 A3, A4 e A5), sendo que a ordem das rentabilidades é A1 > A2 > A3 > A4 > A5, ou seja, o de melhor ganho é o projeto A1 e o de menor ganho é o A5, porém todos apresentam rentabilidade acima do mínimo estabelecido. Se a decisão recair sobre o maior ganho (A1), não há custo de oportunidade, já que a oportunidade escolhida apresenta rentabilidade superior, ou pelo menos igual ao da primeira alternativa não escolhida. Caso a alternativa escolhida fosse a A2, haveria perda de oportunidade de alcançar melhores rentabilidades, e neste caso haverá custo de oportunidade, equivalente à diferença entre os ganhos que deixam de ser obtidos e os que realmente o são. Por exemplo, se a rentabilidade de A1 é for de 20% ao ano e de A2 16% ao ano, não haverá custo de oportunidade na escolha do projeto A1. Porém se a decisão recair sobre o projeto A2, perde-se a oportunidade de se ganhar mais, que neste caso é de 4%, sendo este o custo de oportunidade que se paga por não preferir tal oportunidade. Há situações em que é possível determinar a probabilidade de ocorrência de eventos futuros (decisão sobre condições de riscos), e outras situações em que estas probabilidades não são conhecidas. Ao se adicionar o nível de risco associado às oportunidades de investimentos, certamente os níveis de riscos não aparecerão na mesma ordem de rentabilidade dos projetos. O desenvolvimento e aprimoramento do projeto visam a diminuição do nível de incerteza, mas é possível que resultem em alteração dos ganho estimados de cada oportunidade e mesmo em identificação de novas oportunidades, podendo dar origem a uma nova ordenação das oportunidades. Deve-se ressaltar que nem sempre escolhe aquela alternativa que fornece o maior retorno financeiro, devido ao risco que os dois empreendimentos estão sujeito. A escolha sobre a combinação ótima de ganhos e riscos dependerá das características pessoais do tomador de decisão. Denomina-se aversão ao risco a disposição do decisor de abrir mão de ganhos adicionais para não enfrentar maior nível de risco. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 13 2. MERCADOS O mercado refere-se a uma área, na qual os compradores e vendedores têm as facilidades para negociar um com o outro e onde as forças de oferta e demanda atuam de modo a determinar os preços. O tamanho desta área é limitado pelo sistema de comunicação, transporte e características do produto. O estudo de mercado, junto com o estudo de localização, é o ponto inicial para a elaboração da maioria dos projetos. O dimensionamento do mercado representa uma primeira aproximação para que sejam estabelecidos os limites adequados ou as condições ótimas desse programa, determinando a procura potencial dos consumidores dos bens ou serviços a serem produzidos, levando em consideração as condições econômico-sociais em evolução nas áreas geográficas visadas pelo projeto. Portanto, estudo de mercado é o conjunto de atividades que tem por objetivo prever as vendas e os preços de certo produto com a finalidade de estimar as receitas futuras, envolvendo projeções das vendas e dos preços, ano a ano, para o horizonte de planejamento adotado para certo projeto. Os demais aspectos, como engenharia, investimentos, financiamentos, custos etc, serão estruturados a partir do programa de produção, que devem ter sidos estabelecidos previamente pelo estudo de mercado. A Figura 2 mostra os aspectos gerais do estudo de mercado. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 14 Figura 2 Aspectos gerais do estudo de mercado Informação quantitativa Informação qualitativa Consumo aparente (10-15 anos) Produção, importação, exportação Produção e renda global e região Consumo per capital e elasticidades Preço dos produtos substitutos Produtos, intermediário e consumidor Custo de distribuição, transporte e armazenamento Especificação e diferenciação do produto, qualidade, etc Comercialização, estrutura de mercado, concorrência, distribuição Características dos consumidores, tipos, hábitos, gostos e preferências Enquadramento legal e fiscal Impostos, direitos, preços Estimativa do consumo Correlação com a evolução dos outros países e regiões Projeção do consumo através das elasticidades Determinação da procura a partir da informação qualitativa Previsão da participação de mercado do produto ou serviço Definição final da rede de comercialização a ser utilizada I N F O R M A Ç Ã O H I S T Ó R I C A P R E V I S Ã O __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 15 2.1 INFORMAÇÕES QUANTITATIVAS Destina-se conhecer a atividade e o produto e/ou serviço a ser produzido, devendo analisar um período suficientemente longo de tempo, para que sejam realizadas estimativas que proporcione um conhecimento detalhado de fatores que atuam no mercado. Para tanto, deve-se: • Levantar informações sobre produção nacional, importação e produção nacional. • Calcular o consumo estimado. • Confrontar e testar o consumo estimado com informações existentes sobre o consumo real. • Agregar informações sobre a população na área de atuação do projeto e sobre renda da população, quando se trata em especial de estudar o mercado de um bem de consumo final. • Determinar a evolução do consumo per capita do país ou da região para o bem e relacioná-las com a renda per capita, calculando a elasticidade. • Identificar os preços e a sua evolução o longo da cadeia produtiva. • Identificar e caracterizar as redes de comercialização existentes, e os custos de distribuição. As informações quantitativas fornecem uma aproximação da previsão de consumo pelas seguintes vias: • Com a tendência histórica, tem-se uma estimativa rápida do consumo futuro, baseada no pressuposto que não haverá alterações significativas da atividade e do comportamento dos agentes econômicos, produtores e consumidores. • Com relação ao consumo e renda per capita do país ou região e o consumo e renda per capita de outros países ou regiões, são possíveis outras estimativas para níveis de rendas diferentes no futuro. Cnsiderando um padrão generalizado de comportamento dos consumidores, independente da localização e hábitos da comunidade em que vivem. • A elasticidade-renda fornecerá estimativa de consumo futuro desde que seja conhecida a taxa de crescimento programada da renda. Nos projetos é aconselhável estudar mais profundamente variáveis da análise anterior, sobretudo quanto à definição do produto e grau desejável de diferenciação dos outros produtos existentes, formas de comercialização, características dos consumidores, enquadramento legal e fiscal. Esta análise envolvea abordagem qualitativa do mercado, complementando a análise quantitativa, aplicando entrevistas e levantamento por amostragem, devendo ser realizadas em conjunto com o levantamento quantitativo. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 16 2.2 INFORMAÇÕES QUALITATIVAS O levantamento qualitativo é realizado considerando períodos de tempo menores, em função de muitas vezes não haver registros regulares sobre eventos qualitativos nem ser necessário o levantamento de informações de muitos anos passados. A identificação da estrutura de mercado é de fundamental importância, haja vista que a estratégia da empresa altera-se em função do mercado que a mesma está inserida. A análise estrutural de mercado influi nas características da organização, relacionadas à conduta das empresas e à eficiência industrial. A estrutura de mercado engloba as características que influem no tipo de concorrência dos mercados e na formação dos preços. Para determinar a estrutura, deve-se analisar o grau de concentração de mercado, grau de diferenciação do produto e as barreiras a entradas de novas firmas. Estes pontos mostram a importância da firma em relação ao mercado que ela pretende operar, e se os produtos dela em relação ao mercado são homogêneos ou não. Dependendo das variáveis que caracterizam a estrutura (concorrência pura, monopólio, oligopólio ou concorrência monopolista), ditarão a conduta da firma perante o mercado, e as estratégias que a ser adotada. Alguns aspectos da análise qualitativa devem ser levados analisados. Em relação ao consumidor, aconselhá-se o levantamento de algumas informações, tais como: • Perfil do consumidor para o produto ou serviço em análise. • Grau de necessidade e freqüência da compra do produto pelos con- sumidores. • Comportamento dos consumidores em relação ao preço, promoções, tipo de embalagens, publicidade, atendimento ao cliente etc. Deve-se ainda estudar a especificação e diferenciação do produto. Para tanto, os itens a seguir devem ser analisados: • Definição técnica do produto, conforme normas vigentes e a serem adotadas pela empresa e pela concorrência. • Identificação dos produtos substitutos e sua importância no mercado. • Características de acondicionamento próprias e da concorrência para o mercado. • Posição do produto na cadeia produtiva, ou seja, se é um bem de capital, bem intermédio, ou bem de consumo final. Caso seja um bem de capital ou intermédio, é necessário levantar os fatores que influenciam a sua demanda derivada. • Idade do produto no mercado. Em relação às condições de comercialização, sugere-se levantar as __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 17 seguintes informações qualitativas: • Estrutura de mercado que a empresa estará inserida. • Identificação da concorrência, como localização, capacidade e volu- me de produção, produtos fabricados, tendência de expansão, áreas de influência e participação no mercado. • Características da comercialização. • Tipos de redes de distribuição, organização e qualidade dos intermediários. • Custos de comercialização. Quanto ao enquadramento legal e fiscal, deve-se analisar: • Impostos diretos e indiretos, subsídios, regime aduaneiro para a importação e exportação dos produtos em estudo. • Incentivos fiscais e de crédito em vigor para a atividade em análise. 2.3 ESTIMATIVA DA DEMANDA FUTURA O estudo de mercado objetiva determinar a participação do mercado, níveis de preços, comercialização da produção, e também a projeção futura. A única certeza sobre o futuro é sua incerteza, e para minimizá-la, procura-se avaliar o comportamento futuro da demanda. As empresas usam a previsão para os mais diversos fins: orçamentos financeiros, compra de materiais, formação de estoques, programação de vendas etc. As informações da demanda a partir de dados passados permitem definir uma série temporal representada graficamente por um conjunto de pontos, tendo-se nas abcissas os intervalos de tempo entre cada observação, e nas ordenadas os valores absolutos da demanda. A união de pontos permite empiricamente definir uma curva que fornecerá uma primeira idéia prevista da procura ou consumo. Por meios estatísticos pode-se ajustar para o mesmo conjunto de observações uma curva representativa. 2.3.1 Extrapolação da tendência Geralmente a demanda de produtos e serviços está diretamente vinculada ao nível de renda da população. A partir de observações que correlacionam consumo e renda para determinada região ou país, pode-se estimar a curva de evolução do consumo em função da renda. Determinada esta curva, e estimado o nível de renda no futuro, é possível ter uma previsão do consumo no futuro. A previsão depende de duas classes de fatores: a) Os que geraram a demanda passada refletem o comportamento passado da demanda e podem, portanto, ser projetados para o futuro, assumindo que sejam mantidas as mesmas condições de oferta e procura no mercado. b) Os que afetarão a demanda futura compreendem o que se denomina de prognóstico ou predição e exige um profundo conhecimento do produto __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 18 considerado e, principalmente as condições dos negócios e da percepção antecipada do rumo do mercado consumidor. A Projeção requer dois elementos indispensáveis: um conjunto de observações do que se pretende estimar, e um modelo matemático representativo do comportamento passado das variáveis envolvidas. O primeiro deles denomina-se Série Temporal e consiste de um conjunto ordenado de observações numéricas coletadas ao longo do tempo. As séries temporais devem possuir as quatro seguintes características fundamentais: 1. Os dados devem estar em seqüência do mais antigo para o mais recente. 2. Os intervalos de tempo entre as observações devem ser iguais; por exemplo, diários semanais ou mensais. 3. Os dados devem ser coletados no mesmo instante dentro de cada período. 4. A seqüência deve ser completa, isto é, não pode haver pontos vazios. Quando há falta de um dado pode-se estimá-lo como a média aritmética entre antecessor e sucessor imediatos. A demanda possui uma tendência que obedece a duas hipóteses de desempenho, Permanência e Trajetória, além de servir como indicador da influência dos fatores determinantes do passado sobre o comportamento futuro do mercado. Por outro lado, cada hipótese permite estabelecer dois modelos distintos para representá-la: Linear e Sazonal. As hipóteses e modelos possuem as seguintes características gerais: a) Hipótese da Permanência: • Modelo Linear - A demanda oscila aleatoriamente em torno de um valor médio que permanece constante com o tempo. • Modelo Sazonal - A demanda obedece a ciclos de determinada amplitude distribuindo-se de maneira aleatória em torno de valores médios para cada período do ciclo. Os ciclos repetem-se ao longo do tempo, ou seja, a média do ciclo é constante. b) Hipótese da Trajetória: • Modelo Linear - A demanda oscila de forma aleatória em torno de um valor médio que apresenta uma tendência crescente ou decrescente com o correr do tempo. • Modelo Sazonal - Apresenta comportamento semelhante ao anterior, porém a média do ciclo é crescente ou decrescente no decorrer do tempo. A Figura 3 mostra as hipóteses e modelos de tendência. A linha reta representa o valor médio da série temporal ao longo do tempo, e é chamada de reta da tendência. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação emGestão Florestal – Projetos Econômicos 19 Figura 3 Hipóteses de modelos de tendência 2.3.2 Elasticidades O cálculo da elasticidade tem por objetivo determinar o nível de variação de uma grandeza (variável dependente) em resposta à variação de outra grandeza (variável independente) com ela relacionada. A utilização da elasticidade como meio de determinação da demanda no futuro pressupõe que, por um lado, a evolução do consumo é explicada pela evolução da renda ou preço. Portanto, há uma correlação aceitável, comprovada no passado, entre o consumo e o rendimento, e que tal correlação se supõe válida para o futuro. A elasticidade é calculada em termos relativos, medindo a variação percentual na quantidade demandada de um produto causada pela variação percentual em algumas das variáveis de demanda. e = variação % na quantidade demandada_______ variação % em qualquer determinante de demanda A elasticidade é de grande interesse para as empresas pelos seguintes motivos: • Serve de base para sua política de preços, • Estratégia de vendas, • Atendimento dos objetivos de lucros, • Participação e análise do mercado. No caso da demanda, as principais variáveis que determinam a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores irão adquirir no mercado são o preço do produto, o nível de renda disponível dos consumidores, os preços dos produtos substitutos e complementares, o Marketing, entre outras. A alteração em algumas destas variáveis afetará necessariamente o consumo de bens e serviços. Por exemplo, __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 20 matematicamente a quantidade demandada por MDF pode ser representada da seguinte forma: QMDF = f (P, Ps, Pc, T, Ax, As, Ac, R, E, F, N, O) Onde: • QMDF = Quantidade de MDF; • P = Preço do MDF; • Ps = Preço dos bens substitutos; • Pc = Preço dos bens complementares; • T = índice dos gostos e preferências dos consumidores; • Ax = Nível de propaganda e esforço promocional; • As = Propaganda e esforço promocional dos bens complementares, • R = Renda, • E = Expectativa do consumidor sobre preço, renda e disponibilidade, • F = Característica e atributo de um produto em relação a outros itens, • N = Número de compradores em potencial, • O = Outras características e fatores específicos ao produto MDF. Neste processo de análise, a elasticidade é fundamental para uma economia, pois contorna dois tipos de problemas oriundos da diversidade de unidades com que bens e serviços são medidos: a) o mesmo produto medido em unidades diferentes, como grama, tonelada, e b) produtos diferentes medidos em unidades diferentes (madeira em toras em estéreos, madeira serrada em m3, celulose em tonelada). No estudo da demanda, há três importantes tipos de elasticidades: elasticidade-preço, elasticidade-renda e elasticidade-cruzada da demanda. 2.3.2.1 elasticidade-preço da demanda Um dos aspectos fundamentais na análise do comportamento de um consumidor no mercado diz respeito à resposta dos consumidores a mudança de preço dos produtos. Os consumidores respondem em termos de demanda, de forma inversa a preço, ou seja, com a elevação do preço no mercado tendem a reduzir o consumo. Com a redução do preço tendem a comprar mais, porém deve-se ressaltar que há produtos que são mais sensíveis à variação de preços do que outros. A elasticidade preço da demanda é medida pela razão entre a variação percentual da quantidade e a correspondente variação percentual nos preços. O coeficiente da elasticidade preço sempre será negativo por que a quantidade e preços são inversamente relacionados. A demanda é classificada em relação a preço como: • Elástica: quando o coeficiente é maior que 1; • Inelástica: quando o coeficiente é menor que 1; • Unitária: quando o coeficiente é igual a 1. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 21 Por exemplo, caso a elasticidade preço da demanda de um determinado produto florestal seja de –0,8 (inelástica) significa que uma variação de 1% para mais ou para menos nos preços diminuirá ou aumentará a quantidade demandada em 0,8%, ou seja, a variação é maior nos preços do que na quantidade. Com uma elasticidade-preço da demanda de –1,7 (elástica), uma variação de 1% para mais ou para menos nos preços diminuirá ou aumentará a quantidade demandada em 1,7%, ou seja, a variação é menor nos preços do que na quantidade. Este fato é importante, pois uma política de redução ou aumento nos preços trará conseqüências na receita total da empresa. Para produtos com demanda inelástica, reduções nos preços diminuem a receita total, e aumentos nos preços elevam a receita total. Por outro lado, produtos com demanda elástica terão suas receitas totais elevadas com a diminuição dos preços e receitas totais diminuídas com a elevação no preço. Na análise de projetos, saber a elasticidade-preço da demanda é fundamental, pois será possível determinar o impacto que alterações nos preços ocasionarão nos critérios de rentabilidade, já que a simulações de variações nos preços serão completadas com as respectivas mudanças na quantidade. Há duas formas de calcular a elasticidade: elasticidade ponto e elasticidade arco. a) elasticidade arco Mede a elasticidade média entre dois pontos sobre a curva de demanda e, para sua utilização é necessário possuir apenas algumas observações de preços com as suas respectivas quantidades demandadas. É uma medida da sensibilidade da quantidade demandada entre dois pontos separados sobre uma curva de demanda. Exemplo: Calcular a elasticidade-preço da demanda no arco em uma curva de demanda que possua dois pontos A e B com as seguintes combinações entre preço e quantidade. Calcular a elasticidade do ponto A para o B e do ponto B para o ponto A. Ponto Preço Quantidade demandada Ponto A Ponto B $12 $10 30 unidades 50 unidades A forma de se obter uma variação percentual é calcular a mudança no valor da variável relativamente ao seu valor original e multiplicar este valor por 100, ou seja; e = [(Q2 – Q1)/Q1] x 100 [(P2 – P1)/P1] x 100 __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 22 • (Q1, P1) e (Q2, P2) representam, respectivamente, os valores dos preços e das quantidades antes e depois da mudança. • A multiplicação por 100 é supérflua e pode ser omitida. Calculando a elasticidade do ponto A para o B, tem-se: ep = (50 – 30)/30 = - 4,0 (10 – 12)/12 Calculando a elasticidade do ponto B para o ponto A, tem-se: ep = [(Q2 – Q1)/Q1] x 100 ep = (30 – 50)/50 = - 2,0 [(P2 – P1)/P1] x 100 (12 – 10)/10 A diferença dos resultados surge por que a variação percentual do ponto A para o ponto B não é a mesma do ponto B para o ponto A. Este exemplo mostra por que a elasticidade no arco são apenas aproximações, ou seja, não se tem uma curva de demanda ajustada, mas apenas algumas observações dos preços e respectivas quantidades. Quanto mais afastados os pontos, maior a disparidade dos coeficientes e menor a confiança. Para que seja útil, deve ser computada em pontos próximos. Para resolver o problema acima, utiliza-se a média das quantidades para se calcular o valor percentual e Q, e a media dos preços para se calcular a variação percentual em P. Ao se fazer este ajuste, a fórmula da elasticidade no arco fica; Q2 – Q1 Q1 + Q2 e = 2 P2 – P1 P1 + P2 2 Utilizando a fórmula modificada, o valor da elasticidadeé de – 2,75 (elástica). Significa que, ao longo do intervalo considerado de preços e quantidades, uma variação de 1% no preço irá provocar uma variação de 2,75% nas quantidades demandadas na direção oposta. b) elasticidade no ponto Determina o valor da elasticidade sobre um ponto específico da curva de demanda e, para sua utilização, necessitamos ter uma função de demanda estimada para os dados analisados em questão, o que nem sempre é possível. Refere-se à sensibilidade da quantidade demandada a pequenas variações de preço a partir de um dado ponto. Elimina a imprecisão da elasticidade no arco. e = ΔQ/Q ∴ ΔQ.P ΔP/P Q ΔQ __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 23 A expressão acima afirma que a elasticidade preço em um ponto qualquer é igual à variação na quantidade demandada em função da variação de preço multiplicada pela razão entre o preço do bem e a quantidade demandada naquele ponto. À medida que as variações de preço se tornam cada vez menores e se aproximam de zero, a razão ΔQ/ΔP se torna equivalente à derivada da função de demanda com relação ao preço, ou: Lim ΔQ = dQ Δp O ΔP dP Portanto, a fórmula para elasticidade no ponto torna-se: ep = dQ . P dP Q Supondo que o cálculo da demanda para determinado produto de base florestal tenha resultado em -0,8. A interpretação econômica deste valor significa que uma redução de 1% no preço de mercado gera um aumento de 0,8% na quantidade demandada deste produto ou vice-versa. Exemplo: Considerando a seguinte função de demanda: P = 940 – 48Q + Q2, qual será a elasticidade preço da demanda quando são vendidas 10 unidades de produção? Como o preço é tipicamente colocado no eixo horizontal e a quantidade demandada no eixo horizontal de um gráfico, a equação de demanda é normalmente escrita de forma que P é uma função de Q, em vez de Q ser expresso como uma função de P. Com a função dada, calcula-se o preço quando são vendidas 10 unidades: P = 940 – 48 (10) + 102 P = R$ 540,00 A equação está expressa em termos de quantidades em vez de preços, devendo-se encontrar dQ/dp. Pode-se escrever Dp/dQ da seguinte forma: dP = - 48 + 2Q dQ = 1 dQ dP dP/dQ dQ = 1 ⎣ ep = - 2 dP - 48 + 2(10) No caso de uma variação de 1% no preço de R$ 560,00, a quantidade demandada irá variar em 2% na direção oposta, sendo, portanto, uma demanda elástica __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 24 2.3.2.2 Elasticidade-cruzada da demanda Quando alguns produtos existentes no mercado são substitutos, como o compensado e o MDF, se o preço de um deles aumenta, a quantidade demandada do outro produto aumenta. Para determinar se os produtos são substitutos ou complementares, calcula-se a elasticidade-cruzada da demanda para o MDF com respeito ao preço do compensado, que mede a extensão da relação da demanda entre dois diferentes produtos. A elasticidade-cruzada é uma medida da variação percentual na quantidade procurada de um produto (MDF) devido a uma mudança relativa no preço de outro produto (no caso, o compensado), com todas as outras variáveis permanecendo constantes. ecd = ΔQMDF / QMDF = ΔQ MDF . PC = ΔQMDF . PC PC / PC QMDF ΔQC ΔPC QMDF Se coeficiente resultar num valor positivo e relativamente grande, os produtos são substitutos e competem pela renda do consumidor. Para coeficientes negativos, os produtos são complementares e tendem a ser usados juntos. Caso a elasticidade-cruzada resulte em zero, os produtos são independentes entre si. A maioria dos produtos tende a ser substitutos e os coeficientes da elasticidade-cruzada não são simétricos. 2.3.2.3 Elasticidade-renda consumo Este coeficiente mostra a resposta dos consumidores às variações na sua renda. A elasticidade-renda consumo é a mudança percentual na quantidade adquirida de determinado produto ou serviço pela variação na renda. Matematicamente tem-se: erc = ΔC / C = ΔC . R = ΔC . R ΔR / R C ΔR ΔR C 2.4 CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO Canais de comercialização é a parte da análise de mercado que se refere ao movimento dos bens entre produtores, ou seja, é o desempenho de todas as funções ou atividades envolvidas na transferência de bens e serviços do produtor ao consumidor final. A comercialização começa antes da produção, e a transferência de bens e serviços não significa apenas transporte dos mesmos, mas todas as atividades ou funções através das quais bens e serviços são transferidas dos produtores aos consumidores. A comercialização é um processo de produção, podendo ser analisada sob a ótica econômica. Vários bens considerados intermediários podem passar pelos atacadistas antes de alcançar a empresa que irá utilizá-los na produção. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 25 Como exemplo desses bens, tem-se toras de madeira, celulose, painéis de madeira, aço, plástico, entre outros. Porém, os bens finais são os que mais passam pelo comércio atacadista e pelo comércio varejista antes de chegarem ao consumidor. Através da figura 4 é possível visualizar os canais de comercialização de certo bem. Figura 4 Canais de comercialização As alterações que as atividades de comercialização exercem sobre a matéria-prima são de três naturezas: alterações de forma, tempo e espaço. No primeiro caso é mais fácil visualizar o processo de produção envolvido: através do processamento combinam-se recursos produtivos para alterar a forma do bem. Nos outros dois casos também se tem um processo de produção que emprega recursos na criação de serviços de armazenamento (transferência do bem ao longo do tempo) e transporte (transferência do bem no espaço). De uma forma geral, a comercialização é um processo social que envolve interações entre agentes econômicos através de instituições apropriadas. Uma importante instituição no sistema de comercialização é o mercado. A comercialização deve facilitar a responder os problemas econômicos “o que” e “quanto” produzir, “quando”, “como” e “onde” distribuir os produtos, e sob que “forma”. As melhorias nas condições da comercialização podem contribuir para: • Melhor uso da produção; • Aumentar a produção, pela redução do custo de comercialização; • Aumentar o valor econômico do produto devido ao melhor desempenho na criação de utilidades; • Expandir a área de mercado. No estudo de mercado, mais precisamente em relação aos canais de comercialização alguns aspectos devem ser analisados. Os canais de comercialização podem variar com o tempo, e entre regiões e países, e as possibilidades de mudanças devem ser consideradas para que o projeto tenha possibilidade de se adaptar às mudanças, ou mesmo inovando na sua área de atuação. ATACADISTA PRODUTOR CONSUMIDOR FINAL VAREJISTA __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 26 Deve-se também considerar as práticas comercias, verificando se o preço inclui frete e seguro (CIF) ou não (FOB), a freqüência das compras, quantidades, prazos. As políticas de estoques também merecem uma atenção especial, haja vista que interferem diretamente no programa de produção, podendo apresentar sensibilidade à inflação, taxas de juros e as condições econômicas. Quanto ao porte e capacidade financeira dos agentes envolvidos, cabe considerar tanto o podereconômico dos concorrentes quanto dos compradores. 2.5 CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS De acordo com CLEMENTE at al (1997), conceito de ciclo de vida dos produtos é uma analogia com os seres vivos, como mostra a Tabela 2. Tabela 2 Ciclo de vida dos produtos. Seres Vivos Produto Vendas Lucro/Prejuízo Fase embrionária Projeto e testes Inexistentes Prejuízo Nascimento Lançamento Crescentes Prejuízo Crescimento Crescimento Adoção do produto Expansão das vendas Crescentes Rapidamente crescentes Prejuízo/Lucro Lucro Maturidade Maturidade Saturação Crescentes com tendência à estagnação Estagnadas Lucro com tendência declinante Lucro decrescente Declínio Declínio das vendas Lucro/Prejuízo De acordo com os autores, essas fases apresentam duração variável conforme o produto e conforme as políticas adotadas pelos produtores. Na fase de crescimento começa haver retorno do capital investido no produto, contendo duas partes: adoção do novo produto pelos consumidores inovadores ou líderes, e expansão das vendas, em que um universo relativamente muito maior de imitadores passa a comprar o produto. Na maturidade, a inclusão de novos consumidores é difícil. Surgindo concorrentes, concorrência tende a ganhar ênfase em relação ao preço. Quando certo produto atinge as fases de maturidade e saturação, normalmente é realizado um esforço para convencer os consumidores sobre novos usos e procura modificar sua embalagem e sua aparência, o que pode aumentar a sobrevida ao produto. O conceito de ciclo de vida dos produtos para a elaboração de projetos é crucial e torna-se necessário considerar a fase em que se encontra o produto, a duração da fase atual e das subseqüentes, bem somo as possibilidades de mudanças devido ao projeto ou aos concorrentes. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 27 3. ESTUDOS DE LOCALIZAÇÃO Além de decidir o que, como, quanto e para quem produzir, deve-se também determinar onde produzir. O estudo de localização tem por objetivo determinar o local ou locais onde se torna viável e de menor custo global implantar uma unidade produtiva. Em termos econômicos, projeto é uma estrutura de investimento, em que se aplicam recursos durante um período razoável de tempo, visando a benefícios futuros. A elaboração de um projeto de produção de bens ou serviços necessita de um complexo número de variáveis, relacionadas com os aspectos técnicos, econômicos, financeiros, administrativos, ambientais e legais das empresas, onde os riscos de insucessos serão menores na medida em que essas informações forem muito bem detalhadas e analisadas. A determinação da localização do projeto é de fundamental importância na elaboração de projetos de investimentos. A localização de um projeto é a situação espacial da parte física do investimento. Não há uma fórmula matemática para determinar o melhor local para a implantação do projeto, apenas uma solução prática na qual são realizadas comparações entre as variáveis disponíveis. A melhor localização espacial do projeto pode ser em função da fonte de matéria prima ou ao mercado do produto, ou pode independer de ambos. Para a escolha do local estão envolvidos os custos de transferência e de aquisição de insumos e fatores. Os custos de transferência estão ligados ao transporte de matéria-prima e insumos até o local de processamento e ao transporte do produto acabado até o mercado consumidor. Custos de aquisição de insumos e fatores relacionam-se com a dificuldade em se conseguir mão-de-obra, energia, instalações, comunicação e outros fatores necessários para a produção. Dentre as várias informações a serem levadas em consideração na análise de projetos, encontra-se a oferta e demanda de produtos e insumos, custo e produtividade da terra, facilidade de transporte, população, incentivos, climas e comunicação Esses aspectos devem também ser usados no setor florestal, como, por exemplo, na localização econômica de reflorestamentos, de fábricas de móveis, chapas de madeiras, papel e celulose, carvoarias e tipos de solos. Os tipos de orientação locacional são: Projetos Orientados para o Mercado consumidor Segundo REZENDE e PEREIRA, 2001, as indústrias que devem se localizar próximo do mercado consumidor é as que utilizam matéria-prima que ganham peso durante o processo de fabricação ou permanecem com o mesmo peso após o processo industrial; produzem mercadorias perecíveis; elaboram __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 28 materiais puros; utilizam materiais que podem ser encontrados em qualquer região (cerâmica de tijolos e telhas); e produzem bens cujo transporte é mais caro e complicado que o transporte do material de sua confecção, a exemplo de uma fábrica de móveis de madeira. O projeto deve ser orientado para o mercado do produto, caso os bens tiverem baixo valor específico, com o custo de transporte elevando demasiadamente o valor unitário do produto final. Projetos Orientados para as Fontes de Insumos As industrias que elaboram material bruto que perde muito peso durante o processamento, a localização tende para a fonte dos insumos, haja vista que o custo de transporte do produto acabado ate o mercado é menor que o do transporte da matéria-prima na mesma distância considerada. Como exemplo, pode citar as empresas de reflorestamento, que instalam suas carvoarias dentro dos maciço florestais e transportam para a industria o carvão vegetal, de peso bem inferior ao da madeira, e as industrias de celulose e papel cuja localização geralmente ocorre em função dos plantios. Em relação às serrarias, as mesmas tem sido instaladas próximo às florestas e o transporte da madeira serrada até as madeireiras e marcenarias que se situam nos centros consumidores, já que o transporte da madeira serrada e mais barato em razão do melhor aproveitamento do espaço de carga, comparativamente ao transporte da madeira roliça. Projetos Orientados para Pontos Intermediários entre as Fontes de lnsumos e o Mercado de Produtos A localização ótima de um projeto é entre a fonte de matéria-prima e o mercado, em casos em que não há fluxo contínuo de transporte entre esses pontos, o que gera a necessidade de baldeações. Projetos com Orientação Independente As indústrias que se localizam independentemente do mercado e da fonte de matéria-prima são, geralmente, aquelas em que tanto a matéria-prima utilizada quanto o produto acabado contêm alto valor específico. Assim, os custos de transporte representam uma percentagem muito pequena no valor unitário do produto final. Nesses casos, os outros fatores locacionais, principalmente a mão-de-obra, têm, geralmente, importância decisiva na definição da localização ideal. Citam-se, como exemplo, as indústrias que fabricam produtos óticos e instrumentos de precisão (REZENDE e PEREIRA, 2001). __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 29 3.1 FORÇAS LOCACIONAIS A escolha da localização está condicionada pela influência e comportamento das forças locacionais, que são variáveis que determinam ou orientam a distribuição geográfica dos investimentos e as suas características de concentração e dispersão. As forças locacionais podem ser agrupadas em três categorias em função da sua importância. 3.3.1 Custos de transferências ou custo de fretes A soma dos custos de transporte de insumos e produtos origina os custos de transferência, que tem grande importância no custo total do produto acabado e podem. em alguns casos, ser maiores que os custos de processamentodo produto. Nos custos de transporte devem incluir os custos de seguros, taxas e impostos, investimento em máquinas e equipamentos, salários e encargos dos motoristas e ajudantes, combustível depreciação e manutenção de máquinas e veículos, como caminhões e automóveis. Os custos de transporte variam de forma sistemática e previsível, permitindo o calculo dos custos em relação à distância entre a matéria-prima e o mercado. Havendo apenas um mercado e uma fonte de matéria-prima, a determinação da localização é facilitada. Neste caso, deve-se analisar a localização junto ao mercado, transportando as matérias-primas, ou a localização levando em consideração a fonte de matéria-prima, transportando os produtos acabados. A opção escolhida será que apresentar menor custo total de transporte. A determinação da localização mais econômica torna-se mais difícil quando o projeto em questão pode produzir diferentes tipos de produtos, com cada um destinado a um mercado distinto, quando se têm fontes de insumos ou mercados geograficamente distintos. Nessas situações, devem-se determinar os diferentes pontos geográficos ou alternativos de localização em que os custos de transportes sejam mínimos. Existindo dois ou mais locais cuja localização econômica é igual, a seleção final poderá ser feita em função dos demais fatores relevantes. De modo geral, a análise da localização de determinado projeto é voltada para a matéria-prima nas seguintes situações: • Elaboram materiais que durante a industrialização sofrem grandes perdas de peso, por combustão ou desperdício. Como exemplo pode citar as indústrias siderúrgicas, serrarias, açucareira etc. • Processa material que embora não percam muito peso na industrialização, se transformam em mercadorias de mais fácil transporte, quando sob a forma de produto semi-elaborado. • Utilizam matérias-primas perecíveis que não podem ser transportadas a grandes distâncias. • Dependem do suprimento das matérias-primas localizadas, que somente podem ser encontradas em áreas geográficas definidas, __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 30 como o processamento de determinada espécie florestal, fonte de matéria prima para a indústria de celulose. • Utilizam matéria-prima de baixo valor específico, ou em função do excessivo custo de transporte (CT) sobre o valor da matéria- prima (VM), o índice CT/VM torna-se muito alto. Geralmente a análise da localização de determinado projeto é voltada para a indústria nas seguintes situações: • Elaboram bens que não perdem peso durante a fabricação, ou nos casos em que os materiais ganham peso no decorrer do processo industrial. • Produzem mercadorias perecíveis. • Fabricam bens de baixo valor específico, onde a incidência dos custos de transporte (CT) no valor unitário do produto final (VF) é muito elevada. Deve-se considerar o problema de diferenciação entre as tarifas cobradas no transporte de matérias-primas e as cobradas no transporte do produto acabado. As primeiras, em geral, são mais baixas. Os meios de transporte mais utilizados no Brasil é o rodoviário, o ferroviário e o marítimo. O fluvial é usado significativamente na Região Norte. Em razão das diferenças de custos fixos envolvidos nas diversas modalidades de transporte, nota-se que o sistema rodoviário apresenta-se como o mais viável para pequenas distâncias; o ferroviário, para médias distâncias; e o marítimo, para longas distâncias. Nos setores florestais e siderúrgicos, principalmente, o transporte por cabos teleféricos tem-se mostrado viável em regiões de topografia acidentada (REZENDE e PEREIRA, 2001). Segundo REZENDE e PEREIRA (2001), o custo com transportes tem sido o mais sério problema do setor florestal no Brasil, em virtude de grande parte dos reflorestamentos estarem situada muito distante dos centros consumidores. Essa má localização dos reflorestamentos deve-se, principalmente, à política de incentivos fiscais a partir de 1966. Nessa época os plantios eram feitos, em sua maioria, com o intuito de usar os benefícios fiscais, não havendo, portanto, preocupação com a definição dos usos a serem dados à madeira produzida. Assim, fatores decisivos na definição da localização dos reflorestamentos, como a produtividade dos solos e a distância até os centros de consumo, foi relegada a segundo plano, sendo o preço da terra o fator preponderante na escolha dos locais a serem reflorestados. De acordo com os autores, na implantação de novos reflorestamentos, deve-se verificar a localização dos maciços florestais em relação aos centros de consumo. Dependendo da localização da floresta, os custos de transporte podem ser tão altos que investimentos em reflorestamentos mais próximos dos centros de consumo tornam-se mais viáveis, ainda que o custo da terra seja mais elevado e a produtividade menor. __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 31 3.3.2 Disponibilidade e custos dos insumos e fatores de produção A oferta de insumos e de mão-de-obra, especializada ou não, conjugada com determinados custos de produção, podem variar em relação à localização. Os principais fatores encontram-se abaixo, e seu grau de importância depende da participação que os mesmos apresentam nos custos totais. a) Mão-de-Obra Geralmente tem muita influência na definição da localização de projetos, tanto com relação aos custos quanto com relação às qualidade e precisão requeridas pela produção e pela manutenção da indústria. De acordo com REZENDE E PEREIRA (2001), no caso das indústrias orientadas para a mão- de-obra, ou seja, aquelas nas quais os custos desse fator incidem percentualmente nos custos de produção em níveis mais elevados existem dois aspectos a serem considerados na determinação teórica de sua localização. O primeiro refere-se aos níveis salariais e custos sociais da mão-de-obra, que tornam o local atrativo, em confronto com as demais opções de localização. O segundo diz respeito à existência, no local, de mão-de-obra satisfatória, qualitativa e quantitativamente, para a operação da indústria. Para as empresas florestais, a mão-de-obra não tem sido fator decisivo na definição da localização de projetos. Isso se justifica considerando que o setor florestal, em grande parte, não exige mão-de-obra qualificada e, conseqüentemente altos salários. Assim, por exemplo, estima-se que, do custo final da produção de carvão vegetal, apenas 7% tenham sido devidos à mão- de-obra, enquanto 79% são associados à matéria-prima (REZENDE e PEREIRA, 2001). No caso da produção de papel, são gastos 21% do custo total com mão-de-obra e 55% com matéria-prima, e, no custo final da madeira, estima-se que 26% sejam devidos à mão-de-obra e 56% à matéria-prima. A mecanização, automação e globalização da economia têm exigido mão-de- obra em menor quantidade e tecnicamente mais bem preparada. b) Matérias-Primas A disponibilidade de determinadas matérias-primas pode ter grande importância quanto estas são perecíveis (frutas, leite etc) ou não suportam fretes elevados (madeira), e pode influir decisivamente na localização da indústria. Indústrias que se utiliza de matérias-primas que podem ser facilmente transportáveis e a custos baixos tendem a se localizar próximo ao mercado consumidor. c) Disponibilidade e Custo de Energia e combustíveis A energia de baixo custo é essencial para determinadas indústrias, como eletroquímicos, celulose etc. Nesses custos deverão ser consideradas, naturalmente, as formas possíveis de geração e de transmissão de energia, bem como hipóteses de geração própria ou de aquisição de energia de terceiros. __________________________________________________________________________________________UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 32 Geralmente, em regiões pouco desenvolvidas, a disponibilidade de energia é fator decisivo na localização de uma indústria, já que o investimento em rede elétrica para longa distância é alto. Os combustíveis podem influir na localização em razão das condições de transporte, disponibilidade e custos na origem, e características técnicas. d) Disponibilidade e Qualidade da água A disponibilidade de água para uso industrial nos volumes requeridos pelo tipo de indústria a instalar-se é fator que assume, com a industrialização da região, importância crescente, quer do ponto de vista quantitativo, quer do qualitativo. O consumo de água por unidade do produto acabado em uma indústria permitirá medir a importância desse fator locacional, levando o empreendimento para regiões que oferecem possibilidade de suprir as exigências da indústria. De acordo com REZENDE e PEREIRA (2001), para a produção de uma tonelada de pasta celulósica, podem-se gastar de 15.000 a 230.000 litros de água, dependendo da maior ou menor taxa de recirculação da água não incorporada ao produto. Deverão ser acrescentados ao custo de captação, transporte, armazenamento e tratamento da água os custos de sua restituição ao meio ambiente, nos padrões mínimos de pureza e de descontaminação impostos pela política local de proteção ao meio ambiente e de manutenção do equilíbrio ecológico. c) Custo da Terra No caso do setor florestal, o investimento em terra é um dos fatores de maior significância na localização dos reflorestamentos, com tendência de ser menor quanto mais distante estiverem as terras do centro consumidor, uma vez que as terras mais baratas geralmente se encontram distantes desses centros. Entretanto, nem sempre essas terras são as mais adequadas ao reflorestamento, em virtude de sua baixa produtividade e de sua má localização. Assim, a aquisição de terras mais caras, porém mais produtivas e mais próximas dos centros consumidores, pode ser compensadora. Tratando-se de indústria que necessita de grandes áreas para sua instalação, esse fator poderá ter importância decisiva na definição da melhor localização. Os freqüentes aumentos dos preços das terras, afetando sensivelmente a implantação de novos reflorestamentos, ocorrem em razão da contínua expansão da fronteira agrícola e da generalizada utilização da terra como instrumento de reserva de valor (REZENDE e PEREIRA, 2001). De acordo com TIMOFEICZYK (2004), em projetos de manejo de baixo impacto em florestas tropicais, em escala empresarial, o preço da terra tem também um peso primordial na rentabilidade econômica. Ao considerar o preço da terra nos investimentos, os critérios de análise econômica ficam muito aquém do desejado. Ao desconsiderar o valor deste ativo, a rentabilidade __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 33 aumenta de forma significativa. Há tendência dos preços da terra aumentar ainda mais, porque as dificuldades para obter terras contínuas e de extensão suficiente para alcançar uma adequada economia de escala são crescentes nas regiões prioritárias. As terras situadas mais próximas das fontes de consumo e que possuem produtividade mais elevada são, em geral, mais caras. Entre os muitos fatores que afetam o preço da terra consideram-se, principalmente, a sua localização, a facilidade e custo de transporte para os outros fatores de produção, a produtividade, o valor dos produtos, o avanço tecnológico, a demanda de terras, a expansão urbana, a topografia e a presença de minerais. 3.3.3 Outros fatores Apesar de muitas vezes não serem relevantes, outros fatores devem ser levados em consideração na escolha da localização, já que a sua consideração pode ter importância quando há mais de uma alternativa favorável com aos outros fatores. São relevantes as políticas de desenvolvimento regional e industrial, os incentivos financeiros e fiscais e tributários, taxas de juros compatíveis com a realidade. As condições climáticas também é um fator importante nos projetos agro florestais, em razão das necessidades e do grau de tolerância das culturas às condições climáticas do local, __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 34 4. TAMANHO DO EMPREENDIMENTO O tamanho de um projeto é definido por sua capacidade de produção, durante um período de trabalho considerado normal. A capacidade de produção pode ser definida sob o ponto de vista técnico ou de engenharia, que identifica a capacidade com o máximo de produção a ser obtida com um conjunto de fatores. Ressalta-se que a capacidade efetiva, normal ou real tende a ser menor que a capacidade nominal, haja vista que está é obtida sob certas condições ideais, enquanto a efetiva é obtida em condições reais de trabalho. Sob o ponto de vista econômico, a capacidade de produção é definida como o nível de produção que reduz ao mínimo os custos unitários, elevando ao máximo os lucros obtidos. O conceito técnico difere do econômico, porque a máxima produção, em termos físicos, pode não ser a mesma que assegura custos unitários menores. Os custos com matérias primas, mão-de-obra, energia, entre outros, pode elevar-se a medida que aumenta os turnos de operação, já que em 3 turnos, por exemplo, ocorrem diferenças de salários e encargos nos mais diversos níveis hierárquicos, além de poder haver limitações de ordem legal e/ou institucional. A elevação do número de turnos de trabalho compensa quando a redução dos custos fixos mais do que compensa a elevação dos variáveis. Sob o ponto de vista técnico, a capacidade de um projeto é, na maior parte das vezes, em função do seu capital fixo. Já sob o ponto de vista econômico, leva- se em consideração a plena utilização de todos os recursos investidos na empresa de forma que todos os recursos sejam utilizados integralmente. Isto ocorre principalmente nos casos de indústrias que utilizam atendem um mercado estacional, ou cuja oferta de matéria-prima é sazonal. 4.1 ECONOMIA DE ESCALA A decisão sobre o tamanho de certo projeto começa a ser estabelecido pelas restrições impostas por outras variáveis, como localização, mercados do produto e de insumos, financiamentos etc. Portanto, as tecnologias de produção, disponíveis ou permitidas devidas aos impactos ambientais, as alternativas de localização, a demanda e a participação do mercado, o financiamento disponível, formam um conjunto de soluções viáveis para decidir o tamanho ideal do projeto em estudo. As economias de escalas são reduções de custo associada ao tamanho do projeto, podendo ser obtidas da implantação de um projeto, como podem surgir de um número maior de projetos integrados organizacional e tecnologicamente, produzindo o mesmo produto ou não. As economias de escala refletem-se diretamente no formato e na posição da curva de custo médio de longo prazo. A obtenção de economias de escala para projetos de __________________________________________________________________________________________ UFPR – Pós Graduação em Gestão Florestal – Projetos Econômicos 35 tamanhos maiores é representada por uma curva de custo médio de longo prazo declinante. O longo prazo é um período de tempo dilatado o suficiente para que as quantidades de todos os fatores de produção sejam consideradas variáveis. A capacidade instalada e os correspondentes insumos de capital, considerados fixos no curto prazo, são considerados variáveis no longo prazo. As curvas típicas dos custos no longo prazo mostram que os custos caem à medida que se aumenta o nível de produção, atingindo um mínimo, e depois voltam a
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