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Gestalt-Percepção

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Livro Unidade 2
2. Percepção
“Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar”. Clarice Lispector"
O que você vê na imagem acima? Supostamente você responderá que é um girassol. Se você achou que foi uma pergunta boba, far-lhe-ei mais uma: Será que todos os indivíduos olham o mesmo girassol? A resposta é não. Se o indivíduo tiver um distúrbio de percepção conhecido como agnosia visual, por exemplo, ele não reconhecerá o girassol apenas olhando. Ele poderia descrevê-lo como uma forma amarela com conexões verdes. Agora, imagine como o descreveria os daltônicos.
Uma das principais razões do por que alguns indivíduos se comportam de determinada maneira se embasa no conceito de sensação e percepção. A sensação está relacionada ao estímulo que recebemos por meio dos nossos órgãos do sentido: visão, audição, tato, olfato e paladar. Por sua vez, a maneira como interpretamos a mensagem recebida pelos nossos órgãos do sentido de forma tenha significado para o nosso cérebro, será a percepção.
A forma como interpretamos um evento em particular influenciará em nossas ações. Um exemplo claro disso foi a Copa do Mundo Fifa de 2014. Nosso país sempre foi visto ao redor do mundo como o “país do futebol”, e sempre nos orgulhamos disso. No entanto, após a perda trágica para a Alemanha de 7 a 1, muitos brasileiros choraram e envergonharam-se da seleção que nos representava, inclusive, conforme noticiou a imprensa midiática, alguns brasileiros tatuaram o placar em seu braço para nunca esquecer desse episódio.
Há muitos fatores que influenciam a percepção, tais como os fatores ambientais, a cultura, as limitações fisiológicas, entre outros. Para explicar o fenômeno da percepção, recorremos a uma corrente teórica da psicologia, a Teoria da Gestalt*. O princípio básico desta teoria é que quando percebemos algo, logo tentamos encaixar esse objeto ou evento dentro de um quadro de esquemas previamente estabelecidos (BOWDITCH; BUNO, 2013), em outras palavras, tentamos interpretar o que vemos com base em algo que já tivemos contato. Se você não fala espanhol, imagine interpretar uma letra de uma música espanhola. A princípio você perceberá as palavras similares as da língua portuguesa, pois farão sentido para você.
O administrador Robbins (2010), em seu livro comportamento organizacional, sinaliza que o estudo da percepção é importante nas organizações porque o comportamento das pessoas baseia-se em sua percepção da realidade, e não na realidade como ela é realmente. A Teoria da Gestalt parte da premissa de que o todo é maior que a soma das suas partes, isso ficará mais claro após a leitura dos princípios da percepção propostos por essa teoria. Um dos psicólogos gestaltistas que mais se destacaram na literatura foi o psicólogo alemão Max Wertheimer *.
Princípios perceptivos da Gestalt:
1 Figura-fundo: a forma mais simples da organização perceptiva é que ao observarmos estímulos diferentes ao nosso redor, tendemos a organizá-los a fim de minimizar as diferenças e preservar a unidade. Olhamos como figura aquilo que está em evidência para nós, e o fundo é a base dessa figura, formando um processo dinâmico em que, o fundo poderá tornar-se figura e vice-versa. Observe, a Figura 1, a seguir;
O que você vê nesta figura? Uma taça? Dois rostos olhando um para o outro? Você consegue vê-los ao mesmo tempo? Ora você observa um vaso branco contra o seu fundo preto, e depois você observa dois rostos pretos contra um fundo branco, não é verdade!
Por exemplo, pela manhã podemos apreciar o canto dos pássaros (figura) e ignorar a buzina do carro do vizinho (fundo).
2 Fechamento: propensão em perceber figuras incompletas como se já estivessem completas. Quando olhamos a Figura 2, observamos nitidamente um quadrado, um triângulo e uma lâmpada;
3 Semelhança: tendência a agrupar coisas semelhantes.
Tendemos a ver as colunas de quadrado e círculo, e não as linhas horizontais e verticais formadas por quadrados e círculos.
4 Contraste: tendemos a perceber algo que se destaca do seu fundo, por exemplo, imagine um convidado chegar ao casamento vestido de roupa de dormir, não passaria despercebido de forma alguma; e
5 Repetição: tendemos a perceber mais nitidamente coisas ou eventos que ocorrem repetidamente. Um exemplo clássico disso, é a repetição da propaganda que nos influencia a achar que determinada marca é melhor que a outra. Um outro exemplo seria a música, às vezes, por escutarmos por repetidas vezes uma música, já sabemos cantá-la mesmo quando só se está escutando o instrumental.
Estes são apenas alguns princípios da Teoria da Gestalt para explicar a forma como o nosso cérebro codifica as informações do meio de maneira que faça sentido para ele (WEITEN, 2016). Conforme vimos nos princípios acima, assim como em relação aos objetos e eventos, a nossa percepção das pessoas também está sujeita a distorções perceptivas (BOWDITCH; BUNO, 2013). A compreensão no âmbito organizacional das tendências que utilizamos para julgar o comportamento dos outros pode ser útil para identificarmos previamente as distorções perceptivas(ROBBINS, 2010). Vejamos algumas dessas tendências:
• Estereotipagem: propensão a julgar alguém de acordo com a percepção que temos do grupo do qual essa pessoa está inserida. Um exemplo claro disso é pensarmos que todos os políticos são corruptos, ou que, os homens não sabem cuidar das crianças como fazem as mulheres, como também, pensar que os jovens trazem mais lucros a organização por aprenderem mais rápido que os idosos. Conforme sinaliza Robbins (2010), nas organizações é comum comentários baseados nos estereótipos de gênero, idade, peso etc.;
• Percepção seletiva: propensão a interpretar o comportamento das outras pessoas segundo os nossos interesses e expectativas. Por esperarmos que uma pessoa se comporte de determinada maneira, por exemplo, “bajular” o chefe, ignoramos todos os demais comportamentos e frisamos apenas os comportamentos que confirmem essa nossa percepção;
• Efeito Halo: tendência a deixar que uma única característica de uma pessoa sobressaía as demais. Um exemplo disso seria uma pessoa que tem facilidade em expressar-se em público, tendemos a achar que essa pessoa é muito inteligente, popular, segura, proativa e bem-sucedida. Será que uma boa oratória implica nas demais características?
Em síntese, nossa percepção é influenciada por limitações fisiológicas, conforme vimos no primeiro parágrafo deste capítulo, por nossa personalidade, cultura, ambiente, entre outras variáveis. Compreender os mecanismos perceptivos só virá a somar com as nossas ações nas organizações.

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