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A Eleição a Luz da Bíblia

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SEMINÁRIO MARTIN BUCER 
CURSO AVANÇADO DE TEOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ELEIÇÃO À LUZ DA BÍBLIA 
 
 
 
 
 
 
 
JEFERSON ALFREDO PEREIRA 
 
 Orientadora: 
 Prof.ª Dra. Cláudia Carioca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente - SP 
2016 
 
 
 
 
 
 
SEMINÁRIO MARTIN BUCER 
CURSO AVANÇADO DE TEOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ELEIÇÃO À LUZ DA BÍBLIA 
 
 
 
 
 
 
 
JEFERSON ALFREDO PEREIRA 
 
 
Trabalho de apresentação do 1º Ano do 
Curso Avançado em Teologia, Seminário 
Martin Bucer, como parte de requisito parcial 
para obtenção de nota para a matéria de 
Metodologia da Pesquisa Científica. 
 
Orientadora: 
Prof.ª Dra. Cláudia Carioca 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Presidente Prudente - SP 
2016 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.............................................................................................................3 
1. O QUE É ELEIÇÃO A LUZ DO TEXTO BÍBLICO?................................................4 
2. A BÍBLIA SAGRADA E A DOUTRINA DA ELEIÇÃO.............................................6 
2.1 PRINCIPAIS TEXTOS SOBRE A DOUTRINA DA ELEIÇÃO ................................8 
3. A ELEIÇÃO E SEUS EFEITOS NA VIDA DO CRENTE.......................................14 
3.1 O PRINCÍPIO DE TUDO......................................................................................14 
3.2 O CHAMADO.......................................................................................................14 
3.3 A REGENERAÇÃO SOBRENATURAL E NECESSÁRIA....................................15 
3.4 A MUDANÇA VISÍVEL, A CONVERSÃO.............................................................16 
3.5 JUSTIFICADOS, NÃO ORFÃOS..........................................................................17 
3.6 NA RETA FINAL, A SANTIFICAÇÃO DOS ELEITOS..........................................19 
 
4 CONCLUSÃO.........................................................................................................20 
 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................21 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O texto a seguir trata a respeito da doutrina da eleição à luz do texto 
bíblico. A eleição incondicional é uma doutrina protestante mais intimamente ligada 
com as igrejas de linha reformada1. Na teologia sistemática, eleição faz parte da 
doutrina da predestinação. Grudem conceitua eleição da seguinte maneira: “Eleição 
é um ato de Deus, antes da criação, no qual ele escolhe algumas pessoas para 
serem salvas, não por causa de algum mérito antevisto nelas, mas somente por 
causa de sua suprema boa vontade”. (GRUDEM 1999, 560 p.) 
Este trabalho não tem a pretensão de abranger todas as questões 
envolvidas em relação à eleição, muito poderia ser escrito, mas o tempo e o espaço 
não fornecem possibilidade para tal empreitada teológica. 
McGrath falando sobre a eleição em um sentido mais amplo declara: “[...] 
a doutrina da predestinação é muitas vezes considerada como um dos aspectos 
mais enigmáticos e complexos da teologia cristã” (MCGRATH, 2005, 530 p.). O 
objetivo do presente trabalho é apresentar ao leitor uma introdução que lhe incentive 
a procurar saber mais profundamente sobre essa doutrina que é um dos pilares para 
esperança de todo cristão verdadeiro. 
Outro fator importante é que o leitor esteja preparado para argumentar 
com aqueles que questionam sobre salvação, quando suas dúvidas são 
concernentes a questões eternas. Sendo assim todo cristão deve atender ao 
mandato bíblico que ordena: 
“...Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que 
pedir a razão da esperança que há em vocês”. (1Pe. 3:15 NVI) 
“Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo...”. (Os. 6:3 NVI) 
 
 
1
 Reformado é um conceito usado historicamente para as igrejas da reforma do séc. XVI 
influenciadas por Zwinglio e Calvino diferenciando das igrejas luteranas. Essa diferença girou em 
torno da compreensão sobre a presença de Cristo na Ceia do Senhor. Hoje, usa-se o termo 
reformado para conceituar quem crê nos brados da reforma (Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, 
Solus Christus e Soli Deo Gloria, respectivamente, somente as Escrituras, somente a fé, somente a 
graça, somente Cristo, somente Deus toda a glória). Os reformados são conhecidos também pela 
crença nas doutrinas da graça ou chamados “cinco pontos do calvinismo” (acrostico em inglês TULIP 
– Total depravation, Inconditional election, Limited atonement, Irresistible grace, Perseverance of 
saints, respectivamente Depravação total, Eleição incondicional, Expiação limitada, Graça irresistível, 
Perseverança dos santos) elaborados no Sínodo de Dort na Holanda em 1619 em resposta aos cinco 
pontos do arminianismo, ou mais delimitadamente conhecidos pela crença na doutrina da eleição e 
predestinação. 
 
 
1. O QUE É ELEIÇÃO À LUZ DO TEXTO BÍBLICO? 
 
Entre dezenas de doutrinas, uma centena de crenças e outros milhares 
de denominações, por que falar sobre eleição? 
Quando se usa o termo “eleição”, de pronto vem ao pensamento algo 
relativo à escolha, normalmente alguma coisa ligada à política. O termo no meio da 
cristandade é constantemente confundido com “predestinação” como se as duas 
coisas significassem o mesmo. É bem verdade que em teologia esse tipo de 
confusão não é raro – para aqueles que leem superficialmente ou muito rapidamente 
temas concernentes a profundas doutrinas – outro exemplo claro é propiciação e 
expiação. Não apenas eleição, mas também predestinação possui um local de 
destaque na teologia bíblica porque fazem parte do destino de todo ser humano, a 
saber, a salvação eterna. Relacionado à eleição, observe o que o Rev. Ryle destaca 
a sobre a diferença entre os termos existentes: 
 
“Contudo, há outra eleição, muito mais importante do que qualquer 
eleição parlamentar. Uma eleição cujas consequências subsistirão, 
mesmo depois que rainhas, reis e camponeses morrerem. Uma 
eleição que diz respeito a todas as classes, da mais baixa a mais 
alta, a mulheres e a homens. Essa eleição é a que as escrituras 
chamam de “Eleição de Deus”. (RYLE, 1961, 6 p.) 
 
Vale também ressaltar o que Louis Berkhof em sua Teologia Sistemática 
trata sobre isso ao dizer que: 
 
“A Bíblia fala de eleição em mais de um sentido. Há (1) a eleição de 
Israel como povo, para privilégios especiais e serviço especial, Dt 
4.37; 7.6-8; 5: Os 13.5. (2) A eleição de indivíduos para algum ofício, 
ou para a realização de algum serviço especial, como Moisés, Êx 3, 
os sacerdotes, Dt 18.5, os reis, ISm 10.24; SI 78.70, os profetas, Jr 
1.5, e os apóstolos, Jo 6.70; At 9.15. (3) A eleição de indivíduos para 
serem de Deus e herdeiros da glória eterna, Mt 22.14; Rm 11.5; ICo 
1.27,28; Ef 1.4; 1.4; IPe 1.2; 2Pe 1.10. Esta última é a eleição aqui 
considerada como parte da predestinação. Pode-se definir como o 
ato eterno de Deus pelo qual ele, em seu soberano beneplácito, e 
sem levar em conta nenhum mérito previsto nos homens, escolhe um 
certo número deles para receberem a graça especial e a salvação 
eterna. Mais resumidamente, pode-se dizer que a eleição é o 
propósito de Deus de salvar certos membros da raça humana, em 
Jesus Cristo e por meio dele”. (BERKHOF, 2012, p.107) 
 
 
 
Nesse sentido, Berkhof enumera as características da eleição: (1) “Uma 
expressão da vontade soberana de Deus, (2) É imutável e, portanto, torna segura a 
salvação dos eleitos. (3) É eterna, isto é, desde toda a eternidade. (4) É 
incondicional. (5) É irresistível. (6) Não merece a acusação de injustiça. (BERKHOF, 
2012, P.108) 
Um dos textos mais utilizados para o ensino da doutrina da eleição e da 
predestinação encontra-se em Romanos, onde Paulo diz: 
 
 29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os 
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de 
que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 
 30 E aos que predestinou,a esses também chamou; e aos que 
chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses 
também glorificou. (Rom 8:29-30 ARA) 
 
Fica clara a união desses termos em várias passagens bíblicas. Em 
muitas delas eleição estará intimamente ligada à predestinação, mas são partes 
diferentes de um mesmo plano de salvação do Deus soberano. Em suma a 
predestinação faz parte dos decretos de Deus que em seu plano maravilhoso elegeu 
os salvos. Daí a doutrina da eleição estar intimamente ligada a predestinação. Nas 
publicações teológicas muitas vezes o leitor deverá sempre ter em mente que 
predestinação e eleição estão intimamente ligadas. 
 
Somado a isso, pode se dizer que Culver possui uma brilhante 
argumentação sobre a análise de A. A. Hodge2 quando diz: 
 
“Será novidade para alguns que toda a linha de frente dos 
reformadores — a igreja luterana, reformada e da Inglaterra — 
defendeu uma forte doutrina da eleição. Uma grande controvérsia a 
respeito dela e uma rejeição por um pequeno segmento demoraram 
ao menos duas gerações depois de 1517 (as 95 teses de Lutero). Ela 
já era uma doutrina da Reforma quase que universalmente 
conhecida por quase uma geração antes que Calvino (que tinha 
apenas cerca de oito anos de idade quando Lutero tocou os clarins 
da Reforma de 1517) produzisse a primeira forma das Institutas na 
década de 1530.” (CULVER, 2012, p. 889) 
 
Dessa forma, chega-se a conclusão que o princípio do bem não vem de 
nenhum outro senão unicamente de Deus. 
 
2
 Culver cita A.A. Hodge, Oulines of Theology Grand Rapids, MI: Eerdmans Publ; 1957, p 
215. 
 
 
2. A BÍBLIA SAGRADA E A DOUTRINA DA ELEIÇÃO. 
 
A Bíblia Sagrada é uma coleção de livros, 66 ao todo3, perfazendo Antigo 
Testamento (AT) e Novo Testamento (NT). No Antigo Testamento – basicamente – 
nela se apresenta a história da criação do mundo, a formação do homem, a queda 
do homem em pecado e a solução para sua perdição eterna. Durante o AT surgem 
os patriarcas e profetas anunciando a vinda daquele que salvaria o mundo de seus 
pecados, o Messias! Já no NT observa-se o cumprimento da Palavra de Deus, a 
vinda do Messias prometido, sua vida e seus ensinos, seu breve ministério na terra e 
sua morte, bem como sua ressurreição sobrenatural. Finalmente dá-se o início da 
igreja primitiva e a propagação dos seus ensinos pelos doze apóstolos a 
continuidade da formação do cânon com a vinda do Espírito Santo, as viagens 
missionárias e a escrita dos demais livros e cartas do Novo Testamento. 
Em toda a Bíblia o leitor encontra de Gênesis a Apocalipse a eleição 
divina. Se o leitor empreendesse uma rápida pesquisa no Novo Testamento, 
procurando saber mais sobre “eleição”, em consonância com “eleitos”, o que poderia 
encontrar? Culver responde: 
 
“Esses dois últimos termos são usados (21 vezes no Novo 
Testamento, como segue: Eklegõ (eleger), duas vezes acerca da 
escolha da escolha de Deus do povo judeu (At 13.17); da escolha de 
Maria da “boa parte” (Lc 10.42); finalmente, no maior número de 
casos da escolha de Deus (eleição) de indivíduos para a vida eterna 
(Jo 15.16) — talvez pertencente a uma das primeiras categorias 
acima — ICoríntios 1.27,28; Efésios 1.4; Tiago 2.5. Eklogê (eleição) 
aparece só sete vezes: uma vez para a escolha ao apostolado (At 
9.15); uma vez abstratamente para a “eleição da graça” (Rm 11.7); 
mas em todos os outros casos, refere-se ao ato de Deus escolher o 
seu povo para a salvação (Rm 9.11; 11.5,28; lTs 1.4; 2Pe 1.10). Uma 
análise linguística de termos relacionados poderia ser introduzida, 
mas entendo que já foi apresentado o suficiente para mostrar que 
“eleger” e “eleição” são uniformemente usados no Novo Testamento 
para a escolha benigna. Por isso sempre será incorreto, biblicamente 
falando, dizer que Deus “escolheu” alguém para o inferno. A Bíblia 
simplesmente nunca diz isso. Repetindo, a eleição é um termo 
soteriológico e deveria ser usado apenas em conexão com a 
salvação, não com a condenação, que é o oposto. (CULVER, p. 889) 
 
 
3
 O autor do artigo se reserva no direito de citar aqui o Cânon sagrado protestante. Os 
leitores da ICAR certamente protestarão porque a coleção de seus livros incluem os 
deuterocanônicos ou livros apócrifos. 
 
 
Quando a Bíblia Sagrada fala a respeito de Esdras, no capítulo 7 de seu 
livro, observam-se três características em sua vida: (1) Ele queria aprender mais 
sobre o Senhor e sobre as Sagradas Escrituras. Na época a Torá. Esdras tinha a 
disposição para além de aprender, (2) viver a palavra de Deus, cumprindo em seu 
dia a dia e finalmente tinha por certo o desejo de (3) ensiná-la ao seu povo. 
O leitor pode estar se perguntando: “Por que devo investir meu tempo 
procurando aprender sobre a eleição segundo a Bíblia?”. Sturz relata que: 
 
“A soteriologia, doutrina da história da salvação, é essencial para 
nosso entendimento das Escrituras e de nosso lugar no universo. De 
uma perspectiva puramente humana, essa doutrina justamente 
explica o porquê e o para quê da revelação que Deus faz de si 
mesmo e de suas obras. Sem ela, o restante da teologia seria no 
máximo uma recitação soturna da perdição do homem. A salvação é 
central para nossa fé crista e provê o fundamento para a 
possibilidade de fé e prática. Assim, sem a redenção, não haveria 
uma teologia cristã”. (STURZ, 2012, 389 p.) 
 
Partindo desse princípio, a declaração de Sturz enfatiza que para 
entender bem a Bíblia, deve-se compreender corretamente a doutrina da eleição. 
Vale também ressaltar a declaração do autor do livro “Imperativo Confessional”, Dr. 
Carl Trueman, defendendo que: “a longa doutrina da eleição se inicia em Gênesis e 
vem se desenrolando por toda a Bíblia”. Spurgeon em seus sermões afirmava 
veementemente a necessidade de se pregar sobre a eleição incondicional. 
Sendo assim, é chegada a conclusão de que nos tempos pós-modernos, 
doutrinas verdadeiramente bíblicas estão sendo deixadas de lado enquanto a igreja 
se ocupa com discussões e distrações de menor valor. 
Muitos são os textos bíblicos que falam sobre a eleição. O leitor já deve 
estar ciente a essa altura que embora os termos sejam parecidos – predestinação e 
eleição – é importante apontar que ambos fazem parte de uma área da teologia 
sistemática chamada soteriologia que significa: 
 
“Soteriologia (a doutrina da salvação): [...] inclui o plano, a execução 
e a aplicação, e os efeitos gloriosos da salvação dos homens. Isso 
abrange a Cristologia (a doutrina sobre Cristo): a encarnação, a 
constituição da Pessoa de Cristo, sua vida, morte e ressurreição, 
juntamente com a obra própria do Espírito Santo, os meios de graça, 
a Palavra de Deus e os sacramentos”. (FERREIRA, 2007, 36 p.). 
 
 
 
 
2.1 PRINCIPAIS TEXTOS SOBRE A DOUTRINA DA ELEIÇÃO. 
 
A seguir será apresentada uma breve exegese4 de alguns textos da Bíblia 
Sagrada no NT que tratam da eleição. 
A Bíblia diz na primeira carta de Paulo aos Tessalonicenses: 
“...reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição”. (1Ts 1:4 ARA). 
Champlin (1998, 169 p.) diz que os crentes são irmãos, membros da 
mesma família divina, que compartilham de elevadíssima eleição e chamada, para 
que sejam transformados segundo a imagem do irmão mais velho Jesus Cristo. Um 
dos mais graves problemas do ser humano nos dias atuais é perda de sua 
identidade. Mais do que nunca é necessário resgatar o sentido de “família de Deus”. 
Independente das inúmeras denominações que compõe o cristianismo, deve se 
fazer o possível para que os cristãos se respeitem e possam conviver em paz diante 
das diferenças teológicas. É sabido que os eleitos de Deus foram eleitos por Deus e 
para Deus. 
Somado a isso, Hendriksen (2007. 62 p.) enumera o ensino de Paulo 
sobre eleição dessa maneira: 
 
(1) A eleição é desde a eternidade (Efésios 1:4-5) “...assim como nos 
escolheu, nele, antes da fundaçãodo mundo, para sermos santos e 
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para 
a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito 
de sua vontade, (Ef. 1:4-5 ARA) 
 
A escolha é soberana e provém do Senhor que predestinou para si 
mesmo os seus, mais uma vez enfatizando sua vontade bendita. 
 
(2) Ela se toma evidente na vida (lTs. 1.4). Isso não significa que 
alguém tenha o direito de se achar melhor do que alguém. Os eleitos tem a 
evidência da graça de Deus sobre suas vidas. Deve ser evidente no passar dos dias 
que eles pertencem ao Senhor. 
 
 
 
4
 Obtenção do significado de uma passagem bíblica ao extrair o significado do próprio 
texto, em vez de inseri-lo ali. 
 
 
(3) Ela é soberana e incondicional; isto é, não está condicionada em 
obras predeterminadas nem em fé prevista (ICo. 1.27,28; 4.7; Ef. 
1.4;2.8). “...pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para 
envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as 
fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas 
que não são, para reduzir a nada as que são; (1Co. 1:27-28 ARA). Observa-se, que 
a escolha é de Deus. Quem ele escolhe é decisão unicamente dele, não de méritos 
que possamos ter ou desenvolver em algum momento. Observe essa verdade com o 
seguinte texto: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas 
recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras 
recebido?”. (1Co. 4:7 ARA) O que o cristão tem em suas mãos que não tenha vindo 
de Deus? A Bíblia declara toda glória ao Deus trino. Pai, Filho e Espírito. (Sl. 115:1) 
 
(4) Ela é justa (Rm. 9.14,15). “Que diremos, pois? Há injustiça da parte 
de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me 
aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão”. 
(Rm. 9:14-15 ARA) O termo de quem me aprouver denota novamente a soberania 
de Deus em ser justo e ele mesmo escolher dentre uma massa caída alguns para a 
salvação. Ainda que haja contestações referentes à “bondade de Deus” o texto 
bíblico não permite outra interpretação. Igualmente, Sam Storms diz: 
 
“Se a eleição acontece segundo o beneplácito soberano de Deus, 
então Deus fica feliz por ter escolhido alguns e não todos. Agradou-
lhe escolher alguns para a salvação dentre a massa de pecadores 
merecedores do inferno. A escolha de Deus não foi impulsionada por 
forças externas a Ele. Deus não estava agindo de acordo com 
alguma regra externa a qual ele era obrigado moralmente. Muitas 
pessoas simplesmente não gostam da ideia de que o motivo para as 
escolhas de Deus reside inteiramente no íntimo de Deus. Elas 
querem justificar a sua decisão, explica-la apelando para leis ou 
princípios comuns a todos nós. Querem racionalizá-la, fundamentá-
la, justificá-la apontando para A, B ou C em algo que não seja Deus, 
ou preferencialmente para X, Y ou Z em nós, dando sentindo ao 
porquê de Deus ter feito o que fez. Elas querem apelar para 
determinada qualidade ou certo traço de personalidade, ou para 
alguma virtude que uma pessoa possua e outra não, como o motivo 
da decisão de Deus”. (STORMS, 2014, p. 39) 
 
 
 
Para a maioria das pessoas é difícil compreender esse “senso de justiça” 
de Deus. Diante desse desafio; caso o leitor também esteja dizendo: “Como pode 
Deus ser justo, elegendo apenas algumas pessoas?” Storms responde prontamente: 
 
“Uma das objeções à eleição incondicional que ouvimos com mais 
frequência é que ela impugna a justiça de Deus. O arminiano5 afirma 
que Deus é desleal e injusto se trata as pessoas diferentemente ou 
concede a alguns um favor que nega a outros. Mas essa é, 
certamente, uma maneira estranha de definir justiça. A justiça é o 
princípio em virtude do qual uma pessoa recebe o que lhe é devido. 
Negar a uma pessoa o que ela merece ou o que a lei exige que ela 
receba é agir injustamente. Como pode, então, ser injusto negar a 
uma pessoa o que ela não merece? Se você me deve e eu exijo 
pagamento, dificilmente se pode dizer que agi injustamente. De 
semelhante maneira, se você não me pagar, como é obrigado por lei, 
a justiça exige que você sofra as consequências. Toda a humanidade 
tem uma dívida infinita para com Deus, tendo sido condenada 
justamente a sofrer as consequências penais que o pecado merece. 
Ninguém pode afirmar legitimamente que merece misericórdia ou 
clemência divina, porque “não há ninguém que faça o bem, não há 
nem um sequer” (Rm. 3.12). O veredicto das Sagradas Escrituras é 
“culpado das acusações”, sem base para novo julgamento ou 
recurso. Nenhuma acusação legítima pode ser movida contra o 
tribunal se o "Meritíssimo” entregar imediatamente toda a raça de 
Adão à morte eterna. Não há recurso cabível para os réus, nem na 
lei nem em si mesmo. Nenhum detalhe técnico do desenvolvimento 
processual do julgamento ou testemunha de caráter em favor do 
acusado pode ser reivindicado. Ao contrário dos juízes terrenos que 
podem ser confundidos por advogados de raciocínio rápido ou 
subornados por partidários inescrupulosos, Deus pesa todas as 
provas e julga com absoluta imparcialidade. O veredicto é o mesmo 
para todos: Culpado! A punição é a mesma para todos: Morte Eterna! 
Deus não tem obrigação de salvar a ninguém, e é inteiramente justo 
em condenar a todos. O seu perdão a alguns se deve inteiramente à 
graça livre e soberana. Assim, “a maravilha das maravilhas”, diz 
Benjamin Warfield, não é Deus, em seu infinito amor, não ter elegido 
todos desta raça culpada para serem salvos, mas ter elegido alguns. 
O que realmente precisa ser reconhecido — embora reconhecê-lo vá 
muito além do que nossa imaginação possa conceber — é como o 
Deus santo poderia consentir salvar um único pecador sem ir contra 
a sua natureza. Se sabemos o que é o pecado, o que é a santidade e 
o que é a salvação do pecado para a santidade, isso é o que 
enfrentaremos. Vejo-me obrigado a confessar que a pergunta que 
assombra meu coração não é “Como pode Deus ser justo?”, mas 
“Como pode Deus ser misericordioso?” Não é “rejeitei Esaú” que me 
incomoda, mas “amei Jacó” que me surpreende absolutamente. 
(STORMS, 2014, 176 p.) 
 
Se analisado alguma outra maneira, outro modo de “justiça” que não seja 
essa. Ainda se chamaria justiça? O ser humano conseguiria escolher melhor? 
 
5
 Seguidor do “Arminianismo”, que nega a predestinação e a eleição incondicional. 
 
 
(5) Ela não se limita aos gentios; em cada era um remanescente dos 
judeus também está incluído (Rm. 11.5). “Assim, pois, também agora, 
no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. 
(Rom 11:5 ARA). Segundo a graça de Deus, o mesmo Deus não esqueceu do povo 
de Israel, outrora eleito para ser representante do amor e do poder de Deus sobre a 
terra. Hoje participante, assim como todos os demais eleitos, da graça maravilhosa 
de Cristo que alcança aqueles que o Senhor desejou salvar. 
 
(6) Ela é imutável e eficaz; os eleitos realmente alcançarão o céu 
final. Obtêm a salvação (Rm 11.7). A “corrente” de Deus não pode ser quebrada 
(Rm 8.28-30; cf. 11.29; 2Tm 2.19). “Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não 
conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos, (Rm 11:7 ARA) 
É a obra de Deus que alcança os eleitos, isso pode ser visto no capítulo oito de 
Romanos onde Paulo declara: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem 
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. 
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem 
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos 
irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a 
esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. (Rom 8:28-
30 ARA). Chamados por seu propósito,pois de antemão haviam sido conhecidos 
pelo Senhor que os predestinou entre muitos. A Ordo Salutis6 oferece um panorama 
ideal dos processos após a eleição do crente. Grudem enumera: 
 
1. Eleição (Deus escolhe as pessoas serem salvas) 
2. O chamado do evangelho (proclamar a mensagem do evangelho) 
3. Regeneração (nascido de novo) 
4. (Fé e arrependimento) Conversão 
5. Justificação (posição legal correto) 
6. Adoção (tornando-se membros da família de Deus) 
7. Santificação (conduta correta na vida) 
8. Perseverança (permanecendo como cristãos) 
9. Morte (para ir viver com o Senhor) 
10. Glorificação (recebendo um corpo de ressurreição) 
Devemos observar aqui que os passos 2-6 e parte da 7 estão todos 
incluídos no processo de "se tornar um cristão." Os números 7 e 8 ter 
lugar na vida, o número 9 ocorre no final da vida, eo número 10 
ocorre quando Cristo retorna. (GRUDEM, 1999, 559-560 p.) 
 
 
6
 A lista de eventos em que Deus aplica a salvação às vezes é chamada pela frase em 
latim, “Ordo Salutis”, que significa "ordem da salvação". 
 
 
(7) Ela afeta a vida em todas as suas fases. Não é abstrata. Embora a 
eleição faça parte do decreto de Deus desde a eternidade, toma-se uma força 
dinâmica no coração e na vida dos filhos de Deus. A eleição produz frutos tais 
como a adoção de filhos, a vocação ou chamamento, a fé, a justificação, etc. 
Veremos ainda nesse trabalho quais são os efeitos da eleição na vida do crente. Por 
isso a introdução da Ordo Salutis, para estabelecer o conceito de que existe todo um 
processo que se inicia a partir da eleição incondicional. 
 
(8) Ela diz respeito a indivíduos (Rm 16.13; Fp 4.3; cf. At 9.15). “Saudai 
Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para 
mim. (Rom 16:13 ARA). Rufo possuía o comportamento do crente eleito no Senhor. 
Possuía as credenciais daquele que nasceu de novo devido a verdadeira conversão. 
As mesmas características que Paulo vai endossar ao escrever aos Filipenses: “A ti, 
fiel companheiro de jugo, também peço que as auxilies, pois juntas se esforçaram 
comigo no evangelho, também com Clemente e com os demais cooperadores meus, 
cujos nomes se encontram no Livro da Vida”. (Fp 4:3 ARA). Aqueles que são eleitos 
possuem seus nomes escritos no Livro da Vida. E finalmente Lucas registra em Atos 
a respeito do próprio Paulo: “Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim 
um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem 
como perante os filhos de Israel”; (At 9:15 ARA). 
 
(9) Ela compreende esses indivíduos “em Cristo”, de modo que são 
realmente considerados como um só corpo (Ef 1.4; 2Tm 2.10). 
“...assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos 
santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor (Ef 1:4 ARA) Os eleitos constituem 
“um povo” escolhido, espalhado pelo mundo. “Por esta razão, tudo suporto por 
causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo 
Jesus, com eterna glória. (2Tm 2:10 ARA). Paulo tinha a responsabilidade sobre a 
igreja de Cristo – como pastor – e vivia diante das necessidades e demandas dos 
eleitos. Dessa forma, ser eleito não é ser perfeito, ser eleito é fazer parte do Corpo 
de Cristo chamado igreja. Como igreja deve-se viver de maneira santa, graças ao 
Espírito Santo para a glória de Deus. 
 
 
 
 
(10) Ela não só é uma eleição para a salvação, como certamente 
também é (como um elo na corrente) para o serviço (Cl 3.12). 
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de 
misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. 
(Cl 3:12 ARA). Os eleitos devem ser revestidos ou seja, devem viver uma vida “de 
dentro para fora” e “de fora para dentro” com os aspectos e comportamento dignos 
de filhos de Deus. A igreja chama isso de “testemunho de vida cristã”. 
 
(11) Ela é ensinada não somente por Paulo, mas também pelo 
próprio Jesus (Jo 6.39; 10.11,14,28; 17.2,9,11,24). “E a vontade de quem me 
enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o 
ressuscitarei no último dia. (Jo 6:39 ARA) Os eleitos pertencem a Jesus. A escolha é 
dele, bem como a obra e os “seus”. O apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo 
continua registrando as palavras de Jesus que diz: “Eu sou o bom pastor. O bom 
pastor dá a vida pelas ovelhas [...] Eu sou o bom pastor; conheço as minhas 
ovelhas, e elas me conhecem a mim, [...] Eu lhes dou a vida eterna; jamais 
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. (Jo 10:11,14,28 ARA) 
 
(12) Ela tem como alvo principal a glória de Deus, e é obra do seu 
beneplácito (Ef 1.4-6) “assim como nos escolheu, [...] em amor nos 
predestinou para ele, [...] segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da 
glória de sua graça, [...] (Ef 1:4-6 ARA). O senhor é glorificado, afinal ele venceu a 
morte e o inferno, resgatou seu povo através do sacrifício do seu filho na cruz do 
Calvário, todas essas etapas estavam implícitas antes da fundação do mundo 
quando elegeu os seus. Como já apresentado na Ordo Salutis, a eleição é o fator 
primário e essencial para toda a obra da salvação na vida da pessoa. Entretanto, 
não é a pessoa eleita o alvo da glória, a glória pertence àquele que operou 
poderosamente todo esse processo sobrenatural e impossível para o homem. 
Sozinho o ser humano estaria totalmente perdido e arruinado devido a depravação 
total do pecado. 
 
 
 
 
3. A ELEIÇÃO E SEUS EFEITOS NA VIDA DO CRENTE. 
 
Inúmeras mudanças ocorrem na vida do ser humano devido sua eleição 
incondicional. Observa-se como a eleição é incondicional, não fomos eleitos por algo 
que já fizemos ou que iríamos fazer, mas salvo algum caso extraordinário, o eleito 
deverá por certo, demonstrar em seu viver os frutos advindos dessa escolha divina. 
É o resultado do crescimento de sua vida em Cristo Jesus, em uma linguagem 
bíblica, pode-se afirmar que são os frutos que evidenciam que o ramo está ligado à 
videira verdadeira. Para isso, normalmente, a vida do eleito será guiada por algumas 
etapas. 
 
3.1 O PRINCÍPIO DE TUDO. 
A eleição acontece antes da criação, por causa do seu bendito amor e 
soberana vontade, Deus escolhe algumas pessoas da massa perdida para serem 
salvas. 
 
3.2 O CHAMADO. 
 
Deus convoca pessoas para si mesmo através da proclamação humana 
do evangelho e eles respondem com fé salvadora. Alguns textos que demonstram 
isso: 
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis 
minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até 
aos confins da terra”. (At 1:8 ARA). 
“Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe 
fizera; e todos se admiravam”. (Mc 5:20 ARA). 
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de 
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos 
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, 
mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, 
alcançastes misericórdia”. (1Pe 2:9-10 ARA). 
O eleito é chamado para fora, como verdadeiro convertido é chamado 
“igreja”. Tem como missão proclamar as grandezas do amor de Deus que antes da 
fundação do mundo já havia traçado um plano de salvação e redenção aos seus. 
 
 
Muitos autores escrevem sobre o “poder”, sobre a “unção”, como foi visto 
nos textos anteriores, todo esse poder e unção foram outorgados aos eleitos por 
apenas um motivo: Pregar a mensagem do evangelho. Falar do amor de Cristo. E 
assim os eleitos serão “chamados” para um propósito específico. Esse chamado 
pode ter sido um letreiro, um folheto evangelístico, uma música, um convite, etc. Mas 
o eleito foi chamado, e esse chamado deve-se a vontade soberana de Deus 
revelada na eleição incondicional. 
 
3.3. A REGENERAÇÃOSOBRENATURAL E NECESSÁRIA. 
 
Como visto, o eleito foi chamado e conheceu a verdade conforme o 
apóstolo João descreve no capítulo 8 de seu evangelho: “conhecereis a verdade e a 
verdade vos libertará!”. (Jo. 8:32 ARA). Mas como o indivíduo constatou que era a 
verdade? Afinal todos estavam: “...mortos em nossos delitos...” mas graças a 
regeneração o Senhor “...nos deu vida juntamente com Cristo...” (Ef. 2:5 ARA) 
Como disse Spurgeon em seu sermão na noite do Domingo, 29 de 
novembro de 1874, a respeito da necessidade de regeneração: 
 
“Mas o que é nascer de novo? Eu já disse que eu não posso explicar 
como o Espírito de Deus opera sobre os não regenerados, tornando-
os novas criaturas em Cristo Jesus. Eu sei que Ele geralmente opera 
por meio da Palavra através da proclamação da Verdade do 
Evangelho” (SPURGEON, 1874, 4 p.) 
 
É imprescindível que se tenha o correto conceito a respeito da 
regeneração, que diz: “Deus secretamente e soberanamente dá vida espiritual para 
aqueles que têm sido chamados”. Um morto não pode decidir por salvar-se, como 
faria? Não tem vida em si para isso. Sendo assim, constata-se a necessidade da 
vivificação espiritual como obra divina com resultado eficaz na “carne”. O Dr. Walter 
A. Elwell em sua Enciclopédia Teológica declara: 
 
“Não pode haver salvação que não seja uma salvação da "carne", e 
quando Ezequiel antevê o ato divino da regeneração, declara que 
Deus "tirará de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne" 
(36.26). Nisto, ele deixa subentendido aquilo que Paulo declara: que 
a carne se perverteu, e Deus planeja para a humanidade aquilo que 
aprendemos a chamar de "ressurreição do corpo".(ELWELL, 2009, 
235 p.) 
 
 
Como disse Spurgeon em seu sermão sobre a Regeneração: 
“[...] verdadeiros cristãos são como são porque foram regenerados, e cristãos 
formais são como são porque não são regenerados. O coração do cristão foi 
verdadeiramente mudado” . 
 
3.4. A MUDANÇA VISÍVEL, A CONVERSÃO. 
 
Entre todos os processos provenientes da eleição incondicional, o ponto 
principal e muitas vezes interpretado como o ápice nessa jornada é a conversão do 
indivíduo. Fulano converteu-se ao evangelho! Alguém disse. Lembra daquele 
cidadão, bravo como um raio? Pois é “ele virou crente!”. Vários silogismos tem sido 
usados para ilustrar a conversão. Uma das principais nos dias pós modernos é se 
dizer que “aceitou Jesus como Senhor e Salvador!”. Infelizmente nem sempre 
aceitar a Cristo, faz com que a pessoa realmente demonstre as mudanças 
necessárias provindas do caminho que temos traçado até o presente momento. Ao 
analisar o que foi apresentado até aqui sobre eleição, constata-se que aquele que 
escolhe soberanamente é Jesus e não o contrário. O capítulo quinze do evangelho 
de João relata essa verdade imutável proferida pela boca do próprio Messias 
quando Jesus Cristo diz: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, 
eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso 
fruto permaneça...”. (Jo. 15:16 ARA). Sendo assim, conversão é ato quando o ser 
humano voluntariamente responde ao chamado do evangelho, arrependido do 
pecado e colocando a fé em Jesus Cristo para a salvação. 
É interessante retornar ao conceito do Dr. Elwell com respeito à 
conversão: 
“Conversão é um conceito integral na Bíblia, embora nem sempre 
apareça com este nome nas traduções. No AT está diretamente 
relacionado com o hebraico sub, o décimo- segundo verbo na ordem 
de frequência do uso, que significa "voltar atrás", "retornar" ou 
"voltar". Está associado também com o hebraico niham, que significa 
"lastimar-se" ou "lamentar". No NT, as duas principais palavras que 
representam "voltar" são epistreptiõ e metanoéõ. Este último verbo, 
com seus cognatos, indica uma renovação de mente e coração, o 
arrependimento do fundo do coração. Uma passagem-chave nos 
evangelhos é Mt.18.33: "Se não vos converterdes e não vos 
tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos 
céus". A Bíblia Viva começa assim: "Se vocês não voltarem..." 
(ELWELL, 2009, 353 p.) 
 
 
 
Destaca-se que aquele que andava errante no pecado, agora, vai em 
busca de outros, assim como ele mesmo foi encontrado. 
Acredita-se que, os efeitos externos e visíveis da eleição incondicional 
são mais evidentes agora do que nunca. O eleito passa a pertencer a uma igreja, 
começa a participar de uma comunidade, assumi uma posição eclesiástica, em seu 
viver diário verbaliza para todos que agora é: “Presbiteriano”, ou “Batista” ou ainda 
“Assembleiano”. Conclui-se que Deus é aquele que elege, mas a diversidade de 
denominações cristãs em nosso Brasil – para não dizer o mundo inteiro – faz com 
que esse “convertido” agora se torne membro professo de uma igreja local. O eleito, 
participante da igreja militante local, também é biblicamente membro da igreja 
triunfante que um dia Cristo irá buscar! Ao proclamar o evangelho, automaticamente 
ele proclamará também a comunidade de que faz parte. 
Outros detalhes que demandam tempo poderiam ser tratados aqui, tais 
como: testemunho, serviço cristão, boas obras, etc. Por ora com os últimos efeitos 
da eleição na vida do cristão. 
 
3.5 JUSTIFICADOS, NÃO ORFÃOS. 
 
Uma das mais incríveis bênçãos de Deus, que não poucas vezes é 
subestimada pelos cristãos, por falta de ensino a respeito da mesma é a justificação 
pela fé. O Catecismo de Westminster (VOS, 2007, 195 p.) na sua septuagésima 
questão ensina que: “Justificação é um ato da livre graça de Deus para com os 
pecadores, no qual Ele os perdoa, aceita e considera justas as suas pessoas diante 
dele, não por qualquer coisa neles operada, nem por eles feita, mas unicamente 
pela perfeita obediência e plena satisfação de Cristo, a eles imputadas por Deus e 
recebidas só pela fé”. (Rm. 3:22-25, e 4:5; 2Cor. 5:19, 21; Ef. 1:6-7; Rm. 3:24, 25, 
28, e 5:17-19, e 4:6-8, e 5:1; At. 10:43). Após a justificação em nossa vida, ocorre a 
“adoção7” que é um ato da livre graça de Deus, em seu único Filho Jesus Cristo e 
por amor dele, pelo qual todos os que são justificados são recebidos no número dos 
filhos de Deus, trazem o seu nome, recebem o Espírito do Filho, estão sob o seu 
cuidado e dispensações paternais, são admitidos a todas as liberdades e privilégios 
 
7
 Ibid, 209 p. 
 
 
dos filhos de Deus, feitos herdeiros de todas as promessas e co-herdeiros com 
Cristo na glória. 
1 João 3:1; Ef. 1:5; Gal. 4:4-5: João 1:12; II Cor. 6:18; Apoc. 3:12; Gal. 
4:6; Sal. 103:13; Mat. 6:32; Rom. 8:17. 
Esse é o divisor de águas quando se observam nas sagradas escrituras 
os termos: “Criação de Deus” e “filhos de Deus”. São seus filhos aqueles que lhe 
pertencem, logo, aqueles que lhe pertencem são os que foram eleitos. Portanto, 
santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus. (Lev 20:7 ARA) 
 
3.6 NA RETA FINAL, A SANTIFICAÇÃO DOS ELEITOS. 
 
Ser santo. O alvo de todo cristão verdadeiro! Deus asseverou no AT: 
“Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus” 
(Lv 20:7 ARA). Essa área na vida do cristão é tão importante que o apóstolo Pedro 
reitera o mesmo texto no NT em sua primeira carta: “porque escrito está: Sede 
santos, porque eu sou santo” (1Pe 1:16 ARA). 
É interessante notar que a santificação é um trabalho progressivo de 
Deus e do homem ao longo da vida. O agente “operacional” é o Espírito Santo que 
santifica os eleitos. Calvino tratando sobre santificação, alega que a ausência da 
mesma é uma demonstração da reprovação de Deus sobre aquela pessoa. Os 
réprobos, ele afirma, são privados do conhecimento da palavra e da santificação 
realizada pelo seu Espírito, anunciando assim seu destino final. (CALVINO, 2006, 42 
p.) Ser santo, em essência, é ser separado para algo. No contexto de eleição, os 
eleitos são separados para Deus, escolhidos por ele para um propósito. Propósito 
esteque já foi demonstrado no decorrer deste trabalho. Nem todos os teólogos 
concordam com santificação como um processo na vida do crente. Observe Reid: 
 
“Em Hebreus, “santificar” em geral significa não a operação de 
melhoria moral progressiva, mas perdão (Hb 2.11; 9.13; 10.10,29; cf., 
contudo, Hb 12.14). Os que creem foram santificados “uma vez por 
todas” por meio do oferecimento do corpo de Jesus Cristo (Hb 
10.10). Essa santificação é nada mais que o perdão dos pecados (v. 
Hb 10. 2,1 8). (REID, 2012, 328 p.) 
 
O Dr. Reid insere em sua obra outro comentário que afirma: 
 
Indubitavelmente, a convicção de que Deus é santo constitui um 
elemento importante no relato paulino da salvação e está por trás de 
 
 
seu argumento, em ITessalonicenses 4.3-8, de que seus leitores 
devem manter distância das práticas imorais e atender ao chamado 
divino para levar uma vida de “santificação” (ITs 4.7). Para Paulo, no 
entanto, isso só é possível se recorrermos à provisão divina do dom 
do Espírito Santo (ITs 4.8), que é o agente santificador na redenção 
(cf. 2Ts 2.13). (REID, 2012, 388 p.) 
 
Logo, apresentam-se aqui, as duas faces de uma mesma moeda. A 
santificação proporcionada por Deus através do Espirito Santo é uma constante, 
onde Deus oferece ao homem a possibilidade de viver uma vida longe do pecado. 
Infelizmente, o ser humano sempre irá falhar e pecar em um momento ou outro em 
seu viver diário. Isso também é claro e evidente nos ensinos do NT, principalmente 
na primeira carta do apóstolo João onde ele ensina inspirado pelo Espírito Santo: 
“Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos 
enganamos, e a verdade não está em nós. [...] Se, todavia, alguém pecar, temos 
Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”. (1Jo 1:8; 2:1 ARA). 
Mas qual o meio que Deus proporciona para que os eleitos permaneçam 
santos? A resposta mais eficaz é: Perseverando! A teologia apresenta como efeito 
da eleição na vida do cristão, o que é ensinado no Calvinismo como “a perseverança 
dos santos”. Sobre isso Sean Michel Lucas conceitua: 
 
“Como Deus operou para a nossa salvação em cada aspecto 
certamente ele a levará à consumação para que entremos na 
plenitude da vida eterna. Nossa perseverança está ligada à 
preservação feita por Deus: "Aquele que começou boa obra em vós 
há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus" (Fp 1.6). Nossa 
salvação final está nas mãos de Deus, assim como o restante de 
nossa salvação. Sendo assim, a salvação é certa, porque está 
firmemente baseada no propósito e na promessa de Deus. (LUCAS, 
2011, 48 p) 
 
São esses alguns dos efeitos na vida do eleito. Deve-se atentar para o 
cuidado de Deus em cada “etapa” de suprir aos seus filhos tudo aquilo que os 
mesmos precisam para concluir a obra que se inicia na eleição. É nobre reconhecer 
que o ser humano é totalmente dependente de Deus em todas as coisas e que 
somente Deus pode oferecer aos eleitos os meios pelos quais se alcança a vida 
eterna. 
 
 
 
4. CONCLUSÃO. 
 
Conclui-se que a eleição à luz do texto bíblico é uma doutrina que faz 
parte daquilo que a teologia também chama de “predestinação”, decorrente dos 
decretos de Deus. Sobre isso Watson postula que: 
 
“O decreto da eleição é eterno e imutável e, portanto, não depende 
da previsão da fé. “E creram todos os que haviam sido destinados 
para a vida eterna” (At 13.48). Não foram eleitos porque creram, mas 
creram porque foram eleitos”. (WATSON, 2009, 91 p.) 
 
Calvino (2006, 42 p.) assevera que a eleição é incondicional, quando diz: 
“Certamente o apóstolo Paulo, ao os ensinar que “fomos eleitos em Cristo antes da 
criação do mundo”, elimina toda a qualquer consideração por nossa dignidade e 
merecimento”. Logo não há uma necessidade de que Deus seja auxiliado por seus 
filhos na doutrina da eleição. Deus não precisa de ajuda, ele requer obediência. 
Como Deus soberano, seu beneplácito demonstra isso. Calvino8 continua dizendo: 
“Paulo coloca o beneplácito de Deus em oposição a todos os méritos que se possa 
mencionar, porque, onde quer que reine o beneplácito de Deus, nenhuma obra entra 
em consideração”. 
O Dr. Ryle assegura: 
 
Você não tem como tornar sua eleição ainda mais segura aos olhos 
de Deus do que ela já tem sido por toda a eternidade, posto que nele 
não há incertezas. Nada que Deus faz para o seu povo é deixado à 
sorte ou sujeito a mudanças. Entretanto, o ponto para o qual desejo 
que foque toda a sua atenção é que sua eleição pode ficar mais 
evidente para você e sua igreja. Lute por essa certeza de que, como 
João afirmou: Você conhece a Cristo! (1Jo. 2:3). Esforce-se para 
viver nesse mundo de modo que todos saibam que você é um filho 
de Deus e não duvidem de que você esteja indo para o céu. (RYLE, 
1961, 8 p.) 
 
Dessa maneira a vida do cristão deve ser pautada de acordo com os 
ensinos da Palavra de Deus que orienta o viver santo, sempre buscando conhecer 
mais a respeito dessa “eleição” tão nobre, ainda que sem merecimento por parte dos 
alcançados. Isso tudo se deve a Graça. 
 
 
 
8
 Ibid, p 43. 
 
 
REFERÊNCIAS 
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2012. 107 p. 
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por versículo volume 5. 1 ed. São Paulo: Hagnos, 1998. 169 p. 
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WATSON, Thomas. A fé cristã: estudos baseados no breve catecismo de 
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