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AULA 6 RETENÇÃO DE PESSOAS Prof. Dori Luiz Tibre Santos 02 CONVERSA INICIAL Tentando construir uma trajetória a partir da assim chamada Era do Conhecimento, contextualizamos o tema para embasá-lo até chegarmos à ideia de retenção de pessoas. Voltando rapidamente no tempo, fizemos uma construção de três eras importantes no cenário mundial, observando o que representaram suas mudanças e suas transformações: a Era da Industrialização Clássica; a Era Industrial Neoclássica e a Era da Informação. Depois, desenvolvemos as atividades e desafios da gestão de pessoas, que está situada na Era da Informação. Também abordamos conceitos como habilidades e competências. Cada uma dessas categorias representa um conjunto de indicadores para que a adequada gestão de pessoas saiba gerir a capacidade e o desenvolvimento de cada colaborador. Desenvolvemos os conceitos de conhecimento e de talento, bem como a sua gestão, respectivamente, e refletimos sobre o mercado de trabalho e as questões de desemprego e economia, fazendo uma análise do planejamento do recurso humano por parte da organização. Nesta última aula, retomaremos rapidamente alguns conceitos trabalhados, mas nos aprofundaremos numa discussão importante: o papel do colaborador e seu desenvolvimento de carreira. CONTEXTUALIZANDO Finalmente retomemos a questão norteadora na primeira aula: como reter uma pessoa em uma empresa? Tentamos, até agora, dar mais elementos para responder a essa pergunta, analisando a construção histórica do pensamento da gestão de pessoas, partindo da Revolução Industrial e da construção das eras de evolução administrativa. Pensemos o seguinte: quais são os elementos que uma organização possui para reconhecer que um funcionário tem resultados melhores do que outro? Quais critérios as organizações utilizam nesse caso? Quais indicadores diferenciam um funcionário do outro? Bem, ao longo desta disciplina, demos condições para responder a essa questão norteadora e a esse minicase descrito no parágrafo anterior: tratamos 03 da construção de conceitos como habilidades e competências, ou seja, duas categorias bem complexas e cujos termos são amplamente discutidos na bibliografia acadêmica e no interior das empresas. Depois abordamos temas como o conhecimento e o talento. Chamamos a atenção sobre o conhecimento que, independentemente do contexto, não é fácil de definir. Tal dificuldade também se aplica ao termo talento, pois, para uma pessoa ou para uma instituição, o reconhecimento desse termo aplicado a alguém é muito destoante, uma vez que, em determinado lugar, uma pessoa pode ser talentosa, mas em outro não necessariamente. Ao analisar o papel desse ator social e sua evolução profissional, oferecemos mais elementos para responder a esta questão norteadora: por que uma empresa quer reter esse trabalhador? Como pano de fundo, desenvolvemos o assunto sobre mercado de trabalho e economia e, depois, relacionando com esse ator social, além de refletir sobre o desemprego e as novas relações de trabalho. Hoje, analisaremos a questão da carreira. TEMA 1 – RETOMANDO O CONCEITO DE TALENTO De acordo com Chiavenato (2004, p. 52), gerir talento está se tornando indispensável par ao sucesso das organizações. Ter pessoas não significa necessariamente ter talentos. E qual a diferença entre pessoas e talentos? Um talento é sempre um tipo especial de pessoa. E nem sempre toda pessoa é um talento. Para ter talento a pessoa precisa possuir algum diferencial que a valorize. Segundo esse autor (2004, p. 52), o talento hoje envolve três aspectos: 1. Conhecimento: é o saber. Constitui o resultado de aprender a aprender, aprender continuamente e aumentar continuamente o conhecimento. 2. Habilidade: é o saber fazer. Significa utilizar e aplicar o conhecimento, seja para resolver problemas ou situações ou criar e inovar. 3. Competência. É o saber fazer acontecer: a competência permite alcançar e superar metas e resultados, agregar valor, obter excelência e abastecer o espírito empreendedor. Na atualidade é fundamental, por parte das organizações, saber atrair, aplicar, desenvolver, recompensar, reter e monitorar os talentos E quem deve fazê-lo? Esse é um desafio para toda a organização e não apenas para a área de RH. Por isso, quando falamos, em aulas anteriores, que a gestão de pessoas não é apenas uma nomenclatura para o departamento de 04 RH, e sim uma filosofia e uma ação presente em toda a organização. Todo gerente é gestor de pessoas! Lembremos que a revisão de processos e o realinhamento de estratégias poderão contribuir para a agilidade de respostas a questões relevantes, tais como: Quem são os profissionais da empresa? Quais são suas habilidades? A empresa tem uma estratégia que permita aproveitar o potencial das pessoas? A empresa está investindo nas pessoas certas? Quem do grupo de funcionários precisa de treinamentos? A empresa dispõe das competências essenciais para atingir os objetivos do negócio? O retorno que a empresa faz do investimento em treinamentos é verificado e medido? De que forma? Como são desenhados os planos de desenvolvimento na empresa? Que ferramentas a empresa usa para identificar necessidades? Há mecanismos de acompanhamento do desenvolvimento individual que permitam identificar talentos em potencial? A empresa adota algum procedimento interno para formar sucessores? A empresa possui um sistema de avaliação de desempenho em sintonia com a estratégia empresarial? A empresa é capaz de gerenciar a carreira de seus colaboradores? As mudanças que ocorrem dentro e fora da organização estão sendo levadas em consideração nos projetos e planos da empresa? Existe um sistema de remuneração que atenda aos interesses da empresa e dos trabalhadores? Tais inquietações são importantes para atrelar os indicadores de desempenho empresarial. Não há dúvida de que empresas inteligentes estão preocupadas em atrair, desenvolver e reter pessoas talentosas. As questões anteriormente citadas são norteadoras para o começo de uma boa gestão de talentos. 05 TEMA 2 – CARREIRA Embora possamos pensar que o processo de manutenção de um funcionário seja apenas limitado à organização, geralmente esse não é o caso. Inevitavelmente, as decisões sobre talentos – independentemente de elas serem de responsabilidade dos profissionais de recrutamento, transferência, promoção, desenvolvimento ou implementação – precisam ser consideradas no contexto das prioridades de longo prazo da companhia e de seus funcionários. Cada vez mais, os gerentes não estão tomando essas decisões individualmente, mas sim como parte de uma abordagem abrangente do gerenciamento de carreira. Integrar o desenvolvimento de carreira com outros programas de RH cria sinergias em que todos os aspectos de RH se reforçam mutuamente. Ao planejar carreiras, por exemplo, os funcionários precisam de informações da empresa – informações que o planejamento estratégico, as previsões, os planos de sucessão e os levantamentos de habilidades podem fornecer. Do mesmo modo, à medida que obtêm informações sobre si mesmos e usam-nas no planejamento de carreira, os funcionários precisam saber sobre as possibilidades de fazer carreira dentro da empresa e sobre como a gerência vê o desempenho deles. Uma organização é uma ampla unidade social, econômica e política, na qual as pessoas costumam passar a maior parte do seu tempo. Acredita-se que, com a correria do dia a dia, com as obrigações no trabalho e na vida particular, os colaboradores de uma empresa qualquer passam a esquecer da empregabilidade ou até mesmo do seu próprio planejamento de carreira. Para Hanashiro, Zaccarelli e Teixeira (2008, p. 157), “o profissional deve encarar o trabalho como um projeto, no qual ele traga contribuições paragarantir o crescimento sustentável da empresa e, em troca, será recompensado por meio de um pacote de remuneração equivalente a certo período ou meta atingida”. No entanto, ter um contrato de trabalho, como visto ao longo desta disciplina, não significa parar de tornar-se útil aos olhos do mercado, parar de atualizar-se de acordo com exigências estabelecidas na atual Era da Informação. Ao contrário, os profissionais precisam estar à frente do seu tempo e das necessidades das organizações e sua postura tem que ser proativa e não reativa. Em outras palavras, o profissional moderno não pode esperar por uma oportunidade e sim criá-la, inventando mecanismos de autodesenvolvimento. 06 Na concepção de Dutra (2001, p. 47), o desenvolvimento de uma carreira não deve ser entendido como um caminho rígido, mas como uma sequência de posições e de trabalhos realizados pelo profissional. Tal sequência, articulada de forma a conciliar desenvolvimento pessoal com desenvolvimento organizacional, é o que se pode chamar de carreira. Na visão de Araújo (2006), no passado, a organização era a responsável pelo plano de carreira de seu pessoal. Atualmente, as organizações passam essa responsabilidade para as pessoas. Não quer dizer que elas se eximam, mas esperam que essa atitude seja oriunda do indivíduo, uma vez que o plano de carreira está relacionado com os objetivos profissionais do indivíduo e de suas aspirações pessoais de carreira. De qualquer modo, as ações das empresas em prol do profissional sempre dependerão do que realmente o profissional quer de sua vida, pois, se ele não tem um planejamento de carreira, que deve ser atualizado ao longo do tempo e desenvolvido independente das ações dos outros, a empresa não terá segurança em investir na empregabilidade dos seus colaboradores (Hanashiro; Zaccarelli; Teixeira, 2008). A carreira, para Chiavenato (2006, p. 227), “significa sequência de posições e atividades desenvolvidas por uma pessoa ao longo do tempo em uma organização”. Hoje a tendência, segundo o autor, é que a carreira seja baseada nas competências. Para Hanashiro, Zaccarelli e Teixeira (2008), a empregabilidade é um termo relativamente recente, derivado do inglês employability, que significa ter capacidade de obter trabalho e renda. Ou seja, refere-se ao preparo dos profissionais em ter conhecimento para serem úteis a ponto de alcançarem qualquer segmento que almejarem da sociedade, mas é importante lembrar que esse conceito não é estático, uma vez que engloba o que é necessário para que o indivíduo possa se adaptar e se enquadrar num mercado cada vez mais globalizado. TEMA 3 – PAPEL DO INDIVÍDUO Vimos há pouco que a recente nomenclatura dada à empregabilidade acaba sendo a capacidade de adequação do profissional ao mercado de trabalho. Ou seja, quanto mais adaptado o profissional, maior a sua empregabilidade. Nesse contexto, o profissional que desenvolve a sua empregabilidade terá mais condições de lidar com os riscos de ficar sem renda, 07 fará a estabilidade ser um estado de espírito e não algo quase impossível, que se encontra apenas em empregos públicos. Parece-nos não haver muito mistério: o segredo está no profissional entender, antes de mais nada, que é preciso aprender sempre, exigindo do indivíduo a busca constante pelo aprimoramento de seus conhecimentos, sendo esta uma exigência fundamental para se inserir ou se manter no mercado de trabalho. Apesar de algumas organizações desempenharem um papel importante no planejamento das carreiras de seus funcionários, intimamente os indivíduos são responsáveis por iniciar e gerenciar o próprio planejamento. Como ter uma carreira que satisfaça exige que o indivíduo crie seu próprio plano de carreira – e não somente siga um caminho que foi preestabelecido pela organização -, cabe também a ele, indivíduo, identificar seus conhecimentos, habilidades, capacidades, interesses e valores, e buscar informações sobre opções para estabelecer metas e desenvolver planos de carreira. Os gerentes devem estimular os funcionários a assumir a responsabilidade por suas próprias carreiras, oferecendo a assistência contínua na forma de feedback do desempenho do indivíduo e tornando disponíveis informações sobre a empresa, sobre o cargo e sobre as oportunidades de carreira que possam ser de seu interesse. O progresso significativo de carreira pode ocorrer quando a iniciativa individual combina com as oportunidades dadas pela empresa. Os programas de desenvolvimento de carreira, que fazem parte do planejamento de RH (visto em aula anterior), beneficiam os gestores, dando-lhes mais habilidades para administrar as próprias carreiras, promovendo maior retenção dos funcionários de valor, mais entendimento da empresa e melhor reputação como aqueles que promovem o desenvolvimento de pessoas. Vejamos os quadros a seguir: 08 Quadro 1 – Necessidades da empresa ESTRATÉGICAS OPERACIONAIS Competências atuais Rotatividade de funcionários Competências futuras Absenteísmo Mudanças de mercado Banco de talentos Fusões Terceirização Inovação Produtividade Crescimento Etc. Reestruturação Fonte: Elaborado pelo autor. GERENCIAMENTO DE CARREIRA Figura 2 – Necessidades do indivíduo PESSOAIS PROFISSIONAIS Idade/estabilidade no emprego Fase da carreira Preocupações com a família Educação e treinamento Emprego do cônjuge Aspirações à promoção Mobilidade Desempenho Interesses externos Potencial Financeiro Atual trajetória de carreira Remuneração Fonte: Elaborado pelo autor. A avaliação das necessidades deve seguir uma série de abordagens (pesquisas, discussões de grupo informais, entrevistas, etc.) e envolver pessoal de grupos diferentes, como novos funcionários, gerentes, funcionários que não estão progredindo e funcionários técnicos e profissionais. Identificar as necessidades e problemas desses grupos assinala o ponto de partida para os esforços do desenvolvimento de carreira da empresa. Como visto na figura anterior, as necessidades da empresa devem estar integradas às necessidades de carreira das pessoas de uma forma que integre a eficiência pessoal e a satisfação dos funcionários com a realização dos objetivos estratégicos da empresa. 09 TEMA 4 – PAPEL DA EMPRESA Para que o desenvolvimento de carreira aconteça, ele deve receber apoio total da alta cúpula. Em termos ideais, os gestores de linha e os gestores de RH devem trabalhar juntos para elaborar e implantar um sistema de desenvolvimento de carreira, o qual deve refletir as metas e a cultura da empresa e a filosofia de RH, que devem estar entrelaçadas. A filosofia de RH deve fornecer aos funcionários um conjunto mais claro de expectativas e direções para o desenvolvimento das próprias carreiras. Para que um programa seja efetivo, o pessoal da gerência de todos os níveis deve ser treinado quanto aos aspectos fundamentais do plano de cargo, da avaliação de desempenho, do planejamento de carreira e do aconselhamento. Um dos indicadores mais importantes do suporte gerencial é a orientação, independentemente de ela ser formal, como parte de um programa contínuo, ou informal, como um gesto generoso em relação a um funcionário menos experiente. Lidar com a incerteza é um dos maiores desafios que qualquer indivíduo enfrenta em sua carreira. Receber conselhos e orientações de alguém que passou por experiências semelhantes pode ser valioso para os funcionários. No tema anterior, mostramos as figuras que envolvem gerenciamento de carreiras. É importante observarmos nele a prioridade de equilibrar as necessidades individuais e das empresas. Pois bem, antes de se engajarem no planejamento significativo de carreira, as pessoas devem não só ter ciência da filosofia da empresa, como também saber com clareza quais as metas mais imediatasdesta. Caso contrário, elas podem planejar a mudança e o crescimento pessoal sem saber se ou como suas metas corresponderão às da empresa. Ao mesmo tempo, pode ser irrealista esperar que os indivíduos estabeleçam suas metas de carreira, sabendo perfeitamente para onde estão se encaminhado ou – da mesma forma – para onde a empresa se encaminha. Os indivíduos mudam com o tempo e, por isso, suas necessidades e interesses também. Da mesma forma, as empresas também mudam seus rumos e ajustam suas estratégias para lidar com as mudanças. Assim, embora seja fundamental estabelecer metas, manter certa flexibilidade provavelmente seja uma boa ideia. Não podemos nos esquecer de que as organizações estão cada vez mais pressionadas pelo ambiente externo e ambiente interno a investir no desenvolvimento humano e percebem a necessidade de estimular e apoiar os 010 indivíduos como forma de conquistar vantagem competitiva no mercado. Para Dutra (1996), no que diz respeito à gestão de recursos humanos, a melhor resposta para as necessidades de uma empresa moderna está na administração de carreiras, uma vez que estimula e instrumentaliza as pessoas para pensar suas carreiras e seu desenvolvimento profissional e pessoal e oferece à empresa os conceitos e as ferramentas necessárias para pensar a gestão de recursos humanos de forma estratégia e para interagir com o conjunto das políticas e práticas de administração de pessoas. Deve ser entendido como uma forma de organizar possibilidades para que a pessoa possa planejar sua carreira. Para Dutra (2001, p. 75), o sistema de administração de carreiras é constituído por princípios, estrutura de carreira, instrumentos de gestão, a seguir detalhados: Princípios: os princípios devem estar alinhados entre os compromissos firmados entre indivíduos e organização. Os princípios garantem a consistência do sistema ao longo do tempo e servirão de base para qualquer revisão das partes; Estrutura de Carreira: a estrutura de carreira dá concretude ao sistema, define a sucessão de posições, a valorização e os requisitos de acesso. A estrutura de carreira é composta pelas estruturas de linha, em rede e as paralelas, que podem ser combinadas para atender às necessidades das empresas e das pessoas; Instrumentos de Gestão: os instrumentos de gestão apoiam a relação entre a empresa e as pessoas, estimulam e ajudam o indivíduo a planejar sua carreira, cabendo à empresa decidir sobre as oportunidades de carreira e sobre a escolha das pessoas. Os instrumentos de gestão oferecem suporte às decisões individuais sobre as carreiras, ou seja, instrumentos de autoavaliação, aconselhamento profissional e processos estruturados de feedback. [...] Os instrumentos de gestão devem ter características que auxiliem o sistema de administração de carreira. Essas características são: transparência, as pessoas devem ter acesso às informações que lhe dizem respeito e a organização deve ser informada sobre as expectativas dos indivíduos; honestidade de intenções, ou seja, deve existir confiança entre as partes; sentimento de segurança, ou seja, deve existir segurança entre as partes e a clareza das regras é fundamental para que as regras básicas da relação estejam acordadas entre ambas. As decisões acerca dos objetivos, das estratégias organizacionais e negociais e dos princípios de atuação da empresa devem estar alinhadas. Os gestores devem estar preparados para darem suporte aos subordinados e conciliar as necessidades das pessoas com as da empresa. O novo contrato de trabalho contemporâneo é a busca pela mescla dos objetivos da organização com os objetivos individuais. A capacidade de atrair e 011 reter os talentos organizacionais está relacionada ao favorecimento do sucesso de todo o contingente humano da empresa. Qualquer ação corporativa visando à gestão de carreira deve ser culturalmente contextualizada. Um programa de gestão de carreira pressupõe a existência de uma política de recursos humanos compatível com esta nova abordagem da carreira. As premissas da compatibilização dos interesses organizacionais e individuais devem permear todos os sistemas e programas de gestão de pessoas (Martins, 2001). TEMA 5 – RETENÇÃO DE PESSOAS Um questionamento: como reter pessoas? O caro aluno se recorda de que, desde o início desta disciplina, essa tem sido a nossa questão norteadora para o desenvolvimento das ideias aqui tratadas. Vimos a evolução da gestão de pessoas, a partir da Revolução Industrial (e, naquele momento histórico, nem tinha esse nome e muito menos essa filosofia) e também o novo perfil do trabalhador, que está inserido em uma sociedade que valoriza outras categorias como habilidades, competências e talentos. Não podemos esquecer que esse trabalhador também sofre, como a organização, de nuanças e oscilações da economia e do mercado de trabalho. Pois bem, da parte dele, colaborador, a única (ou a melhor) “arma” na luta para continuar no emprego, para galgar melhores oportunidades no emprego ou até mesmo para ser reinserido em outro emprego é o seu conhecimento. Não só um conhecimento teórico, técnico, mas a expressão desse conhecimento na prática. Para a organização, não basta apenas usar uma nomenclatura nova e modista, como competências, talentos, manutenção dos talentos... A empresa tem que definir o que são competências, talentos e conhecimentos, saber reconhecê-los em seus colaboradores e incluir mecanismos de retenção. Voltemos ao sistema de RH. A figura seguir é uma adaptação dos conceitos de Chiavenato (2004): 012 Figura 3 – Cinco subsistemas de RH Provisão Trata do planejamento de recursos humanos, do recrutamento e da seleção de pessoal. Aplicação Refere-se ao desenho e à descrição de cargos e de competências e à avaliação do desempenho humano. Manutenção Considera os aspectos de compensação, benefícios sociais, higiene, segurança e relações sindicais. Desenvolvimento Abrange o treinamento e o desenvolvimento de pessoas e o organizacional. Monitoração Contempla o banco de dados e os sistemas de informações, a auditoria de recursos humanos. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2004). Com base nesses subsistemas, o autor sugere o detalhamento das políticas de gestão de pessoas, considerando os subsistemas, as atividades e os instrumentos ou ações necessários à operacionalização dessas políticas. Lotz e Gramms (2012) acrescentam a esse modelo o seguinte: Figura 4 – Base da política de recursos humanos Provisão Pesquisa de mercado de recursos humanos Recrutamento Seleção Integração Aplicação Análise e descrição de cargos e/ou competências Planejamento e alocação de recursos humanos Plano de carreiras Avaliação do desempenho Manutenção Administração de salários Planos de benefícios sociais Higiene e segurança do trabalho Relações Sindicais Desenvolvimento Treinamento Desenvolvimento de recursos humanos Desenvolvimento organizacional Monitoração Banco de dados Sistemas de informação Auditoria Fonte: Adaptado de Lotz e Gramms (2017) Segundo Lotz e Gramms (2017, p. 131), fornecidas as bases e os insights para o planejamento da gestão estratégica de pessoas, cabe a cada organização escolher o conjunto de políticas e práticas, considerando sua estratégia organizacional, sua estrutura, seu porte, o mercado em que está inserida e outros requisitos internos, como capacidade e disponibilidade de recursos. 013 Com base no planejamento realizado, a organização, a direção e o controle da gestão de talentos da organização serão estabelecidos. As organizações não querem apenas preencher vagas, e sim contratar pessoas que agreguem valor à organização, pessoas com um espírito empreendedor e que possuem uma visão de negócio. Tendo em vista esse novo cenário, o departamentode recursos humanos passa a ocupar uma nova função na organização, sendo essencial para o planejamento estratégico da organização. Para que sua função estratégica funcione corretamente, seus métodos devem ser inovados. Recrutar, selecionar, treinar e reter seus colaboradores de forma eficiente, esse é o grande desafio do RH e de toda organização! FINALIZANDO Chegamos ao final desta aula, em que analisamos alguns importantes aspectos sobre a retenção de talentos, como a necessidade de um desenvolvimento de carreira por parte do colaborador, mas com o auxílio da empresa na qual este está inserido. Respondemos, ao longo desta disciplina, à difícil questão norteadora: como reter pessoas. Observamos que a resposta necessitava de uma minuciosa análise, tanto da evolução no interior da organização (com um setor específico de trato ao funcionário − RH) quanto da filosofia inserida na cultura da organização moderna, a gestão de pessoas. Analisamos o mercado de trabalho, as questões de desemprego, as necessidades das organizações, bem como as do trabalhador, principalmente a de se ajustar a novos modelos mais competitivos e também às novas categorias exigidas pelo atual momento do trabalho: habilidades, competências, conhecimento e talento. Esperamos ter trazido uma luz em relação às possíveis inquietações acerca desse tema e despertado outras, a fim de incentivar e dar continuidade ao desejo de saber. Até a próxima!! 014 REFERÊNCIAS ANTUNES, A. Os sentidos do trabalho. São Paulo: Bomtempo, 1999. ARAUJO, L. C. Gestão de pessoas. São Paulo: Atlas, 2006. BOHLANDER, G.; SNELL, S. Administração de recursos humanos. São Paulo: Cengage Learning, 2010. CHIAVENATO, I. 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