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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA DESIGN DE INTERIORES ESTUDO DE CASO SOBRE COMPOSIÇÃO DE OBRA DE ARTE: MONA LISA Vinícius Hansen Barbosa RA: 0570577 Turma: SEI DI 0720 Rio Claro/SP, Outubro de 2020 VINÍCIUS HANSEN BARBOSA ESTUDO DE CASO SOBRE COMPOSIÇÃO DE OBRA DE ARTE: MONA LISA Trabalho desenvolvido em cumprimento ao Projeto Integrado Multidisciplinar (PIM) III do 2º semestre do curso de Design de Interiores da Universidade Paulista (UNIP). Rio Claro/SP, Outubro de 2020 1 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo de caso de análise da obra de arte Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, com o intuito de examinar os elementos da obra e identificar seus significados e impacto cultural, levando em conta suas características principais, como cores, elementos gráficos e contexto histórico. Para o desenvolvimento da exploração da pintura, foram consultadas fontes de referência a respeito da obra que continham sua história e estudos sobre a mesma em diversos âmbitos, bem como materiais sobre o movimento artístico no qual a obra estava inserida e a vida e inspiração do pintor, a fim de abarcar todos os seus aspectos, produzindo uma leitura atual e completa sobre a peça. 2 SUMÁRIO RESUMO 2 INTRODUÇÃO 4 A obra 5 Leonardo da Vinci 6 O Movimento Renascentista 7 Elementos do quadro 9 Cores 13 História e fama 15 Inspirações artísticas 16 CONCLUSÃO 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19 3 INTRODUÇÃO A Mona Lisa é uma obra de arte pintada por Leonardo da Vinci entre os anos de 1503 e 1506, com uma inovadora técnica para a época conhecida como Sfumato e desenvolvida pelo próprio pintor. Tal técnica unida a outros diversos fatores consolidou a fama de Mona Lisa nos dias atuais, transformando-a em inspiração para milhares de outros conhecidos artistas, e levando sua imagem para os mais variados tipos de mídia. A obra, que se encontra há mais de 200 anos no museu do Louvre em Paris, França, tem uma história conturbada desde seu roubo no ano de 1911, momento este em que alcançou sua fama, sendo reconhecida mundialmente. Além da sua importância histórica e artística, atrai olhares curiosos de leigos e especialistas a fim de desvendar os diversos mistérios que rondam a obra. Esse, talvez, seja um dos principais pontos que a tornam tão famosa. Até os dias atuais, especialistas estudam e analisam o retrato da misteriosa mulher em busca de respostas sobre sua identidade e as inspirações de da Vinci. Dados os intensos estudos e a aclamação popular, pode-se dizer que essa é, sem dúvida, uma das obras de maior valor da história da arte, que vale a pena ser sempre revisitada. 4 A obra Mona Lisa é uma obra pintada por Leonardo da Vinci, entre os anos de 1503 e 1506 durante o período renascentista. O quadro foi pintado a tinta óleo sobre madeira de álamo com dimensões de 77cm x 53cm, porém não se deve enganar com seu tamanho reduzido, pois esta obra, apesar de pequena, é cercada de elementos misteriosos e suposições que jamais foram realmente reveladas. Várias questões existem até os dias de hoje, dentre elas, a principal dúvida é a respeito da identidade da mulher retratada com seu semblante calmo em serena harmonia. Essa é a pergunta que mais intriga os historiadores, assim surgindo várias hipóteses. (FUKS) Antes de mais nada deve-se entender o significado de seu título, Mona pode ser referido à contração de "Madona", que é correspondente à "Senhora" ou "Madame" Lisa, em italiano. Também é conhecida como Gioconda que pode se traduzir como "mulher alegre" ou "a esposa de Giocondo". (FUKS) Existem algumas hipóteses sobre a identidade da mulher ali retratada, a mais famosa e provável teoria é suportada por Giorgio Vasari que afirma se tratar de Lisa del Giocondo, esposa de Francesco del Giocondo, importante figura da sociedade de Florença na Itália. Outros estudiosos indicaram que existem documentos que se referem a Leonardo pintando um quadro dela, o que ajuda a contribuir com essa história. Um outro ponto destacado é de que talvez ela tenha dado à luz pouco tempo antes e o quadro teria sido encomendado pelo seu marido como um presente de comemoração. Acredita-se nisso, pois investigações que analisaram a obra a fundo parecem indicar que, em sua versão inicial, Mona Lisa estaria usando um véu em seus cabelos que era usado por mulheres grávidas ou que tinham dado à luz recentemente. (DW, 2006) Outra hipótese que vem sendo estudada é de que Mona Lisa seria Isabel de Aragão, Duquesa de Milão. Estudos apontam que o tom verde escuro e o padrão das vestes são evidências de pertencer à casa de Visconti-Sforza. Uma comparação 5 de Mona Lisa com alguns retratos da duquesa pode revelar que existe grande semelhança entre ambas. A terceira hipótese é a de que a obra seria um autorretrato de Leonardo da Vinci com vestes femininas. Essa teoria se embasa nas semelhanças entre a modelo e os autorretratos de da Vinci, além disso, alguns acreditam que isso explica o motivo da paisagem ao fundo ser mais alta do lado direito, elemento associado ao gênero feminino, em comparação ao lado esquerdo associado ao masculino. Porém, pode ser argumentado também que a similaridade das pinturas é dada pelo motivo de terem sido pintadas pelo mesmo artista, que utilizou a mesma técnica e estilo (FUKS). Leonardo da Vinci Leonardo di Ser Piero da Vinci, mais conhecido como Leonardo da Vinci, foi um artista, pintor, desenhista, escultor, engenheiro e cientista italiano, nascido em 15 de abril de 1452, em um vilarejo conhecido como Anchiano próximo de Vinci na República de Florença, Itália. Vale ressaltar que da Vinci não era seu sobrenome, usa-se esse título em razão de “Vinci” ser o nome do vilarejo em que nasceu. O artista autodidata passou grande parte da juventude na cidade de Florença, depois se mudou para Milão, Roma e por fim França. Suas anotações revelam uma aptidão de investigação científica e uma inventividade mecânica séculos a frente de sua época. Registrando e anotando tudo em seus cadernos, fazia o uso de códigos em algumas de suas anotações. Além da escrita, também desenhava e tinha grande interesse pela anatomia humana, chegando a passar grandes períodos em hospitais para entender o funcionamento do corpo. Ele considerava os olhos como a mais importante via de conhecimento, pois somente a visão transmitia os fatos da experiência imediatamente (HEYDENREICH). Fascinado pela natureza, gostava de admirar, observar e estudar para ganhar conhecimento. Seu grande intelecto e seu extraordinário poder de análise unidos ao domínio da arte do desenho o permitiu criar linhas de investigação sobre diversos 6 assuntos, assim o artista desenvolveu uma habilidade de mesclar sua arte com ciência. Ao mesmotempo que da Vinci era perfeccionista, era também um grande procrastinador, sendo esse um dos motivos de ter deixado várias de suas obras inacabadas (TANCREDI). Conhecido até hoje principalmente como pintor, o artista desenvolveu técnicas próprias, como o Sfumato que é usada para “gerar suaves graduações entre as tonalidades [...] em que ele conseguia reproduzir com fidelidade a textura da pele humana, através de uma série de camadas de tinta que davam um efeito de esfumaçado.” (IMBROISI, 2018). Nas artes plásticas foi um pioneiro entre os italianos ao usar a técnica de óleo sobre tela. O artista produziu pouco mais de 30 obras que retratavam, geralmente, rostos e temas religiosos, mas como dito, nem todas chegaram a ser finalizadas. Duas de suas obras estão entre as pinturas mais famosas, mais copiadas e mais parodiadas, que são A Última Ceia 1495 – 1498, um afresco pintado na igreja Santa Maria delle Grazie em Milão, Itália; e uma das obras mais emblemáticas do mundo a Mona Lisa 1503 – 1506 que atualmente se encontra no museu do Louvre em Paris, França. Outra famosa obra do artista é o Homem Vitruviano, datado de 1492, que também é tida como um ícone cultural. Cerca de apenas 15 de suas pinturas sobreviveram até os dias atuais. Leonardo da Vinci morreu em 2 de maio de 1519 em Cloux, na França, e foi sepultado na igreja de Saint-Florentin, em Amboise. O Movimento Renascentista Talvez mais do que qualquer outra personalidade já conhecida, Leonardo da Vinci atualmente resume o ideal humanista da Renascença. O Renascimento foi um movimento artístico, cultural e científico surgido na transição da Idade Média para a Moderna, um momento em que se buscava uma 7 transformação de valores, abandonando os valores então medievais e buscando novos interesses correspondentes à época de maneira amena. Com isso, os novos ideais passaram a integrar elementos da Roma e Grécia antigas, influenciando fortemente a arte como um todo. Por reviver os padrões estéticos dessa época, o renascentismo é considerado o segundo movimento da arte clássica. Os italianos daquela época identificaram esses ideais na poderosa Roma Antiga e, com o intuito de reviver esse período, buscaram retomar os seus valores, hábitos, literatura e mitologias [...] os artistas renascentistas estabeleceram como parâmetros para as suas produções as antigas obras clássicas greco-romanas, consideradas, por eles, o que de melhor havia sido produzido em termos artísticos até então. Ao fato de reviver os padrões da antiga Arte Clássica, tais como realismo, simetria e beleza, é que consideramos o Renascimento como o segundo momento da Arte Clássica na história da arte. (OLEQUES) Uma das principais ações desse período foi a ruptura do teocentrismo, que centralizava a visão de mundo na religião e em Deus, passando para uma visão antropocentrista, partindo do ponto de vista do homem e da humanidade. Essa ação instigou o exercício da razão, criando um movimento de progressão no ramo da ciência. Enquanto isso, na arte, influenciou os artistas a retratarem “situações do cotidiano e [...] rigorosa reprodução dos traços e formas humanas” (SOUSA), chamado de naturalismo. Ao contrário do que possa parecer, o renascimento não pode ser visto como uma radical ruptura com o mundo medieval. Durante o período renascentista houve grande evolução naval, comercial e urbana, resultando em grande crescimento econômico, sendo assim surgiu a nova classe social classificada como burguesia. Em consequência, criou-se uma nova relação entre arte e sociedade, conhecido como o Mecenato, que era um incentivo e patrocínio aos artistas. O mecenato é originariamente uma prática de estímulo à produção cultural e artística, que consiste no financiamento de artistas e de suas obras. Além disso, os artistas passavam a viver exclusivamente desse incentivo, ganhando ainda proteção política e prestígio social. (PINTO) O renascimento influenciou primeiramente a arquitetura, como é possível observar no modelo clássico da cúpula da catedral de Florença em Santa Maria del 8 Fiore, construída entre 1420 e 1436 pelo arquiteto Filippo Brunelleschi, com suas formas simétricas e harmoniosas. Carregada de inovações técnicas nos campos artísticos, a observação direta da realidade era uma delas. Desenhando exaustivamente, os artistas tentavam representar da maneira mais real em suas artes aquilo que estava perante eles. Algumas inovações também foram trazidas com esse movimento, como o uso de cavaletes para pintura e o uso de tinta a óleo que permitia o deslocamento e comercialização das obras, dando mais vida às cores e causando efeitos mais realistas nas pinturas. Além disso, artistas antes ignorados pela sociedade passaram a ser valorizados, assim dando início à prática de autorretrato. (OLEQUES) Durante um curto período conhecido como Renascimento Pleno (1500-1520) surgiram três dos mais conhecidos artistas desse período, dentre eles Leonardo da Vinci. Seu grande interesse pelas diversas áreas o auxiliou a obter a fama de "artista completo", muito valorizado durante a Renascença. A Mona Lisa é uma pintura emblemática da época, uma vez que nela estão presentes os ideais renascentistas de serena harmonia. (OLEQUES) Elementos do quadro Estando o quadro situado no movimento renascentista, é possível localizar diversos elementos próprios desse contexto. O principal deles é a retratação de uma pessoa, corroborando com a ideia antropocêntrica do movimento. A técnica exclusiva e inovadora da composição de Mona Lisa faz dela uma das obras mais estudadas na história da arte. Naquela época era comum que os artistas ao iniciarem suas obras partissem de um contorno, contudo da Vinci não seguia essa regra, pois usava tons e matizes diferentes de tinta para criar uma ilusão de luz e sombra, dando volume e profundidade. (UNDERSTANDING Paintings, 2009) Além disso, seu enquadramento se remete a um olhar moderno, semelhante ao de uma foto que poderíamos reproduzir hoje. (PARIS City Vision) 9 O enquadramento da obra apresenta uma mulher sentada, exibindo apenas a parte superior do seu corpo. Ao fundo há uma representação de paisagem que mescla a natureza e a ação humana, tais como os caminhos dentre a natureza retratada. Seu corpo surge numa estrutura piramidal (Figura 1): na base suas mãos e no pico seu rosto. Figura 1 - Representação piramidal na imagem da obra Mona Lisa Fonte: PREVIDELLI (2020) - Editado via Adobe Illustrator Um dos elementos bastante notórios é o sorriso da modelo, destacado pelo jogo visual do quadro. Seu sorriso tido como enigmático já estimulou diversas teorias, inspirando textos, músicas e filmes. Ao longo dos anos, vários estudos foram realizados a fim de identificar o sentimento por trás do seu sorriso (figura 2). Mesmo obtendo alguns resultados que indicam medo, angústia ou incômodo, podemos ver um ligeiro temor nos cantos da boca e rugas de expressão ao redor dos olhos, o que parece indicar que ela está prestes a abrir um sorriso de felicidade. Segundo AnizaPourtauborde (2020), o mistério do sorriso de Mona Lisa pode ser estudado à luz da fisiologia do olho. Compreendendo que nossa visão possui duas áreas, uma que reconhece detalhes e cores, e outra que percebe o movimento e sombras, é possível entender que o sorriso do retrato fica maior ao encarar os 10 olhos, devido a diferença de percepção e foco de cada uma dessas áreas da visão. Essa explicação permite identificar ilusões de ótica sutis presentes no quadro. O olho humano consiste em duas regiões: a fóvea [...] e a área periférica circundante. A fóvea reconhece detalhes e cores [...], e a área periférica identifica movimento, sombras e preto e branco. Quando uma pessoa olha para a pintura, a fóvea se concentra em seus olhos, deixando a área periférica em sua boca. A visão periférica é menos precisa [...] então as sombras em suas maçãs do rosto aumentam a curvatura de seu sorriso. Quando o observador olha diretamente para a boca da mulher, entretanto, a fóvea não capta as sombras, e o retrato não parece mais sorrir. Portanto, o aparecimento e desaparecimento de seu sorriso é realmente um atributo da visão do espectador. (POURTAUBORDE, 2020, tradução livre). Figura 2 - Representação destacada do sorriso da Modelo de Mona Lisa. Fonte: PREVIDELLI (2020) - Editado via Adobe Illustrator O olhar da Mona Lisa (Figura 3), que é um ponto bastante conhecido da obra, exibe uma expressão muito intensa, produzindo um efeito de ótica que resulta na impressão de que seus olhos nos seguem em todos os ângulos. De acordo com um estudo de James Todd, professor de psicologia na Ohio State University, a impressão que se tem de ser seguido pelos olhos de alguma pintura, como é o caso da Mona Lisa, ocorre devido ao olhar do retrato em direção reta. Como a pintura é plana e estática, nosso ângulo de visão não altera a real direção em que o quadro está representado, portanto, independentemente do ângulo de visão, ou luz e sombra próximo ao quadro, nosso cérebro tende a interpretar a imagem vista como real, ou seja, uma pessoa olhando sempre para frente, e, portanto, em nossa direção (GRABMEIER, 2004). 11 Figura 3 - Representação destacada dos olhos da Modelo de Mona Lisa. Fonte: PREVIDELLI (2020) - Editado via Adobe Illustrator A postura de suas mãos mostra seu braço esquerdo apoiado em uma cadeira (Figura 4), enquanto sua mão direita repousa sobre a esquerda, indicando certa formalidade e demonstrando que a mesma posava para o pintor. Figura 4 - Representação destacada das mãos da Modelo de Mona Lisa. Fonte: Compilação do autor1 1 Montagem realizada via Adobe Illustrator com imagens de PREVIDELLI (2020) e ZAP (2020) 12 Cores Ao se observar a obra, rapidamente nota-se tons bastante escuros e levemente sombrios no quadro, contudo, é preciso destacar que devido à ação do tempo e à deterioração das substâncias aplicadas no quadro, sua cor original foi alterada, dando-lhe um aspecto mais escuro do que a da pintura inicial. Um estudo realizado com uma câmera multiespectral, por Pascal Cotte, um cientista francês que estuda a Mona Lisa de perto há mais de 10 anos, foi capaz de recriar pigmentos e criar uma réplica de como seria sua cor original (Figura 5), bastante diferente do visível tom de verde-oliva causado pelo envelhecimento do verniz aplicado na obra. (MIS, 2020) A cor original do ambiente seria mais azulada, inclusive as montanhas da obra teriam sido pintadas em azul, ao invés de verde (Figura 5). Essa teoria ganha ainda mais força de acordo com os estudos sobre a percepção visual que da Vinci tinha. Sabemos que, em uma atmosfera de densidade uniforme, quando observamos as coisas mais distantes, como as montanhas, elas vão parecer azuis em consequência da grande quantidade de atmosfera existente entre elas e nossos olhos. (VINCI apud MIS, 2020) Figura 5 - Réplica com cores corrigidas da Mona Lisa Fonte: BAUSERO (2016) 13 O Museu do Prado anunciou a redescoberta de uma cópia da Mona Lisa que estava em seus depósitos, e se supõe que ela tenha sido pintada na mesma época da pintura original por algum dos alunos de da Vinci. (G1, 2012) Com sua restauração e os estudos realizados com reflectografia infravermelha, pôde-se observar coincidências em ambas as obras, com linhas comuns traçadas a partir de um desenho compartilhado. É ainda possível observar correções semelhantes. Com isso tudo parece afirmar que as duas obras foram realizadas juntas e ao mesmo tempo por um dos aprendizes do mestre (BAUSERO, 2016). Antes de sua restauração, era possível observar um fundo totalmente preto e escuro, porém após a realização da restauração foi possível ver a paisagem original surgir novamente: uma gama de cores como o céu lápis-lazúli, tons terrosos, verdes e vermelhos no tecido de seu vestido e até os tons de pele da modelo ali representada. Com uma vida bem menos agitada que a original, foi possível que suas cores se mantivessem preservadas com o tempo (BAUSERO, 2016). Com isso, é possível nos dar um vislumbre de como seria a qualidade real de uma das obras mais conhecidas da humanidade. Quem a observa pode ter ideia da cor original do quadro, permitindo transportar essas cores para a obra do Louvre (BAUSERO, 2016). Estudando o espectro de cores, é notável a ausência de cores primárias e a presença sutil de cores secundárias, tais como o verde. As cores que dominam a obra são as terciárias, tais como o rosa, o verde-amarelado, o marrom e tons neutros, deixando a obra com um aspecto mais sombrio. Com isso ao observar os detalhes e cores podemos ter os mais variados sentimentos e sensações, uma vez que cada cor representada tende a nos causar um efeito, algum tipo de influência. O vermelho, presente nas mangas da Mona Lisa, é uma cor intensa que nos remete a paixão e força. O verde, por sua vez, nos causa sensação de segurança, harmonia, enquanto o azul da paisagem é uma cor que pode simbolizar a sabedoria, a inteligência. (PORTAL, 2014). 14 História e fama Antes de chegar ao Louvre, no ano de 1797, a Mona Lisa viajou pela mala de da Vinci. A convite do rei Francisco Primeiro, Leonardo teria levado sua obra para a França, uma vez que, na história, se menciona que o artista estaria carregando um retrato feminino enquanto ele se hospedou no Castelo de Clos Lucé. A obra também fez parte das coleções reais e foi exposta no castelo de Versalhes durante o reinado de Luís XIV. Antes de ganhar toda a popularidade e fama, a obra estava disposta em uma parede do Louvre e muitas vezes passava despercebida até que no mês de agosto de 1911, em uma segunda-feira em que o museu se encontrava fechado, a obra foi roubada por Vincenzo Peruggia (SORREL-DEJERIN, 2013). Sua ausência só foi notada na terça-feira e então as investigações foram iniciadas. A cobertura da mídia a lançou para a fama, já que, anteriormente, muitas pessoas a desconheciam. Após o roubo, sua imagem começou a circular em noticiários, caixas de chocolate, postais e anúncios, fazendo delauma celebridade. Com isso, muitas pessoas passaram a visitar o museu apenas para ver o espaço vazio onde a obra ficava antes de seu roubo (Figura 6) (SORREL-DEJERIN, 2013). Figura 6 - Parede do Museu do Louvre em Paris, França, após o roubo da Mona Lisa Fonte: PAVESSI (2012) 15 Seguindo diversas pistas sem nenhum sucesso, o poeta Vanguardista Guillaume Apollinaire e seu amigo Pablo Picasso, o famoso pintor espanhol, chegaram a ser presos como suspeitos do roubo, mas foram liberados após constatarem sua inocência. Depois de vários meses, muitos chegaram a cogitar que a obra jamais voltaria para o museu, mas após mais dois anos ela foi recuperada. Após a captura de Peruggia, ele alegou que a intenção de seu ato era apenas de devolver a obra para seu país natal, a Itália. Após o ocorrido, a obra se tornou mundialmente famosa e passou a ser visitada por pessoas de todas as partes do mundo, mas em grande maioria só para dizerem que viram a obra, pois, segundo o escritor francês Jérôme Coignard, este pequeno quadro precisa de tempo e calma para ser realmente observado e apreciado como um todo. (SORREL-DEJERIN, 2013). Inspirações artísticas Com toda sua fama e popularidade, Mona Lisa hoje é facilmente reconhecida até por aqueles que não entendem de arte. Pode-se ainda encontrar diversas representações da obra feitas pelos mais variados estilos e artistas, tais como a versão do Cubista Francês Fernando Léger e Marcel Duchamp com sua versão de nome polêmico L.H,O,O,Q que, cujas letras quando lidas uma a uma em francês, criam uma brincadeira desbocada (PARIS City Vision). Provavelmente inspirado em Duchamp, Salvador Dalí fez, em 1954, seu autorretrato como Mona Lisa. Ainda é possível citar inspirações de Andy Warhol, Fernando Botero entre outros grandes nomes (Figura 7). 16 Figura 7 - Grade de imagens de representações e paródias da obra. Em ordem da esquerda para a direita, na parte superior: Versão de Duchamp; Versão de Maurício de Souza; Versão de Salvador Dalí. Da esquerda para a direita, na parte inferior: Versão de Léger; Versão de Andy Warhol; Versão de Botero. Fonte: Composição do autor2 Além das releituras plásticas da obra, outros artistas como Elton John e Jorge Vercillo também aproveitam o sucesso da obra criando canções inspiradas no retrato. Além dessas, a canção de Nat King Cole de 1950 nomeada "Mona Lisa" em homenagem ao quadro foi vencedora de um Oscar no mesmo ano. (ARAUJO, 2012) Além disso, em 2003, ela aparece no livro “O Código Da Vinci” de Dan Brown que retrata um mistério envolvendo diretamente a pintura. O romance policial vendeu mais de 80 milhões de cópias, tornando-se 3 anos depois um filme homônimo, trazendo uma nova dimensão à obra. Sua fama a levou ainda para outros segmentos, tais como a moda e até mesmo os memes na internet. 2 Composição em moodboard editado via Adobe Illustrator com imagens de (ARAUJO, 2012) e Pinterest, disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/174866398010896627/?nic_v2=1a7E8m7As> Acesso em: 07 out. 2020. 17 https://br.pinterest.com/pin/174866398010896627/?nic_v2=1a7E8m7As CONCLUSÃO Com a realização deste trabalho, foi possível identificar a importância do movimento Renascentista para a época, com a quebra de paradigmas em torno das expressões artísticas. Mona Lisa é uma importante representação do movimento, já que se trata de um retrato humano, característica relacionada à valorização do homem (antropocentrismo) muito presente no Renascimento. Outra importante característica do período foi o surgimento do mecenato, que viabilizou o movimento artístico da época e permite até os dias atuais a manutenção e criação de obras, provando a importância da inovação e ruptura dos padrões instaurados. A composição artística do quadro também contribui para sua fama artística, uma vez que foi produzido através de técnicas inovadoras para sua época. Além disso, fica bastante evidente o interesse do público por mistérios que envolvem objetos históricos. Tais mistérios, muito recorrentes nos estudos sobre a Mona Lisa, instigam a curiosidade e fazem dela um quadro muito visitado. Releituras da obra como o livro O Código Da Vinci, permitem que o espectador fique ainda mais intrigado a respeito da veracidade dos elementos. Outro fator que corrobora com essa ideia é o fato da obra ter ganhado grande fama e visibilidade após seu roubo, despertando no público uma curiosidade inexistente até então sobre o quadro, sendo assim, pode-se concluir que a importância de uma obra artística pode estar relacionada não só à técnica empregada, mas também aos eventos históricos que estão relacionados a ela. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, Gilberto. Todas as Monalisas. 2012. Disponível em: http://conpoema.org/?p=6962. Acesso em: 06 out. de 2020. BAUSERO, Matías Ventura. The colours of the Mona Lisa. 2016. Disponível em: https://matiasventura.com/post/the-colours-of-the-mona-lisa. Acesso em: 07 out. 2020. DW. Mona Lisa sem mais segredos. 2006. Disponível em: https://p.dw.com/p/9V8j. Acesso em: 05 out. de 2020. FUKS, Rebeca. Quadro Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Disponível em: https://www.culturagenial.com/quadro-mona-lisa. Acesso em: 05 out. 2020. G1. Museu anuncia descoberta de cópia da Mona Lisa. 2012. 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