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TRABALHO INFANTIL
1. Explique o que é trabalho infantil de acordo com o ECA?
Trabalho infantil é toda forma de trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima permitida, de acordo com a legislação de cada país. No Brasil, o trabalho é proibido para quem ainda não completou 16 anos, como regra geral. Quando realizado na condição de aprendiz, é permitido a partir dos 14 anos. Se for trabalho noturno, perigoso, insalubre ou atividades da lista TIP (piores formas de trabalho infantil), a proibição se estende aos 18 anos incompletos.
O Estatuto é claro com relação ao trabalho infantil. Em seu artigo 60: É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.
Ou seja, o pressuposto é de que não pode haver trabalho infantil. A criança tem direito a não ser explorada no trabalho. 
A condição de aprendiz, a partir de 14 anos, é peculiar, porque ela pressupõe que o adolescente esteja frequentando regularmente a escola e que tenha bom aproveitamento escolar (ou seja, o trabalho não pode impedir o sucesso escolar), que tenha carteira assinada com contrato de aprendiz (remunerado como tal, com direitos trabalhistas e previdenciários assegurados) e que, na sua vida de profissional, o aprendizado, o desenvolvimento pessoal e social são mais importantes que o aspecto produtivo.
Não é qualquer profissão que se enquadra para oferecer um contrato de aprendiz. No artigo 62, o Estatuto traz o conceito: “Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.” E essa formação obedece a princípios estabelecidos no artigo 63, como a garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular; atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente; e horário especial para o exercício das atividades.
O artigo 67 destaca condições em que o trabalho não pode ser realizado pelo aprendiz. É vetado o trabalho noturno (entre 22h e 5h), o trabalho perigoso, insalubre ou penoso; o trabalho realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; e aquele realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.
2. Uma adolescente de 16 anos de idade pode ser babá e realizar trabalhos domésticos na casa de outras pessoas?
A idade mínima para o trabalho doméstico é 18 (dezoito) anos. Assim, todo trabalho doméstico realizado antes dessa idade será considerado infantil. Assim, não pode, a Babá também é empregada doméstica. Aliás, qualquer um que trabalhe para pessoa ou família, no (ou para o) âmbito residencial, é trabalhador doméstico. 
Assim, nem a atividade de babá nem outra qualquer nessa situação pode ser realizada por quem ainda não completou 18 (dezoito) anos. Isto, porque de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) citou o trabalho doméstico em sua lista de piores formas de trabalho infantil, a TIP, por submeter o trabalhador a riscos ocupacionais, como esforços físicos intensos, isolamento, abuso físico, psicológico e sexual; longas jornadas de trabalho, trabalho noturno, calor, exposição ao fogo, posições antiergonômicas e movimentos repetitivos; tracionamento da coluna vertebral e sobrecarga muscular. 
Tais riscos trazem, como possíveis consequências à saúde, afecções musculoesqueléticas (bursites, tendinites, dorsalgias, sinovites, tenossinovites), contusões, fraturas, ferimentos, queimaduras, ansiedade, alterações na vida familiar, transtornos do ciclo vigília-sono, DORT/LER, deformidades da coluna vertebral (lombalgias, lombociatalgias, escolioses, cifoses, lordoses), síndrome do esgotamento profissional e neurose profissional; traumatismos, tonturas e fobias. Bem, tudo isso é suficiente para justificar a proibição.
3. O menor de idade poderá realizar trabalho artístico? Em caso positivo, quais são as condições para que isso ocorra? (autorização, competência, meios?)
Ao analisar art. 7º, XXXIII da Constituição Federal, tem se o entendimento de que seja expressamente delimitada a proibição de qualquer trabalho a menor de 16 anos, exceto função de aprendiz para maiores de 14 anos. Porém, é possível uma flexibilização quanto essa proibição para autorizar o trabalho artístico infantil para menor, utilizando algumas brechas e baseando-se, por exemplo, no art. 406 da CLT ou no Decreto Presidencial 4.134/2002, que ratifica a Convenção n.138 da OIT.
É admitido no art. 8º da Convenção a possibilidade do trabalho artístico para menores em situações excepcionais, individuais e especificas. Para o consentimento dessa autorização é necessário a limitação com o número de horas da duração do emprego ou trabalho e estabelecer também as condições em que é permitido o trabalho.
Mesmo não citando diretamente o trabalho artístico para crianças e adolescentes, no art. 149,II do ECA, também existe uma brecha para que autoridade judiciária competente conceda alvarás com permissão para que crianças e adolescentes participem de espetáculos públicos.
É necessário o juiz decidir em cada caso concreto, com aplicação do Direito Objetivo a autorização do alvará e não decidir de maneira coletiva e nem elaborar normas para se aplicar de modo geral.
O Ministério Público do Trabalho desenvolveu um detalhado estudo sobre o assunto onde foram aprovadas algumas orientações a serem seguidas a cerca da autorização do trabalho do menor no meio artístico. O MPT também apontou algumas condições que devem ser observadas antes do consentimento do alvará contendo a autorização da participação da criança ou adolescente. 
Insta mencionar as condições que foram feitas para serem alcançados o alvará judicial com permissão para o trabalho artístico ao menor de 16 anos:
•  Imprescindibilidade de contratação, de modo que aquela específica obra artística não possa, objetivamente, ser representada por maior de 16 anos;
•  Observância do princípio do interesse superior da criança e do adolescente, de modo que o trabalho artístico propicie, de fato, o desenvolvimento de suas potencialidades artísticas;
•  Prévia autorização de seus representantes legais e concessão de alvará judicial, para cada novo trabalho realizado;
•  Impossibilidade de trabalho em caso de prejuízos ao desenvolvimento biopsicossocial da criança e do adolescente, devidamente aferido em laudo médico-psicológico;
•  Matrícula, frequência e bom aproveitamento escolares, além de reforço escolar, em caso de mau desempenho;
•  Compatibilidade entre o horário escolar e atividade de trabalho, resguardados os direitos de repouso, lazer e alimentação, dentre outros;
•  Assistência médica, odontológica e psicológica;
•  Proibição de labor a menores de 18 anos em locais e serviços perigosos, noturnos, insalubres, penosos, prejudiciais à moralidade e em lugares e horários que inviabilizem ou dificultem a frequência à escola;
•  Depósito, em caderneta de poupança, de percentual mínimo incidente sobre a remuneração devida;
•  Jornada e carga horária semanal máximas de trabalho, com intervalos de descanso e alimentação, compatíveis com o desenvolvimento biopsicossocial da criança e do adolescente;
•  Acompanhamento do responsável legal do artista, ou quem o represente, durante a prestação do serviço;
•  Garantia dos direitos trabalhistas e previdenciários quando presentes, na relação de trabalho, os requisitos dos arts. 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO (2012).
4. O adolescente poderá trabalhar em quais condições?
Os artigos 402 ao 441 da CLT trata do Trabalho do Menor, estabelecendo as normas a serem seguidas por ambos os sexos no desempenho do trabalho. A Constituição Federal, em seu artigo 7º, inciso XXXIII considera menor o trabalhador de 16 (dezesseis) a 18 (dezoito) anos de idade.
Segundo a legislação trabalhista brasileira é proibido o trabalho do menor de 18 anos em condições perigosas ou insalubres. Os trabalhos técnicos ou administrativos serão permitidos, desde que realizados fora das áreas de risco à saúde e à segurança.A partir dos 14 anos é admissível o Contrato de Aprendizagem, o qual deve ser feito por escrito e por prazo determinado conforme artigo 428 da CLT.
Outra função que pode ser exercida por menores é o Estágio. Alunos que estiverem frequentando cursos de nível superior, profissionalizante de 2º grau, ou escolas de educação especial, podem ser contratados como estagiários. 
Já ao menor que está na faixa de 16 a 18 anos é permitido trabalhar desde que o adolescente também não esteja escalado em horário noturno ou labore em condições perigosas ou insalubres. As empresas que tenham menores de 18 anos são obrigadas ainda a velar pela observância, nos seus estabelecimentos pelos bons costumes e pela decência pública, bem como das regras da segurança e da medicina do trabalho (art. 425, CLT).
O artigo 427 da CLT determina que todo empregador, que empregar menor, será obrigado a conceder-lhe o tempo que for necessário para a frequência às aulas.
5. Como se dá a relação do trabalho esportivo infantil, ou seja, do jovem atleta (crianças e ou jovens jogadores de futebol, por exemplo)?
O atleta não profissional em formação, maior de quatorze anos de idade, poderá receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes.
Com relação ao esporte, a chamada Lei Pelé (Lei 9.615/98) garantiu proteção específica aos atletas mirins. De acordo com o artigo 29, o primeiro contrato especial de trabalho desportivo – cujo prazo não poderá ser superior a cinco anos – só pode ser assinado a partir dos 16 anos. A Lei Pelé prevê ainda que o atleta não profissional em formação – maior de 14 e menor de 20 anos – receba auxílio sob a forma de bolsa de aprendizagem sem que seja gerado vínculo empregatício. A regra, contudo, não vale para a prática de esporte, em qualquer modalidade, que é desenvolvida nos estabelecimentos escolares de ensino fundamental, médio e superior.  
6. E com relação aos modelos mirins?
Os modelos de moda adolescente, em especial meninas, tem sido contratada por agências de modelos para prestar serviços à clientes, requerendo dedicação integral. Muitas dessas meninas não conseguem cursar até os últimos anos da educação formal, devido aos compromissos do trabalho. Porém, não há uma proibição formal legal ou legislação nacional para regrar esse tipo de trabalho.
As agências de modelo funcionam como um organismo intermediador de mão de obra. As modelos se cadastram nas agências e estas procuram trabalhos para as modelos, ganhando uma porcentagem dos cachês das modelos. Muitas agências têm tido um especial cuidado com as modelos menores de idade, fornecendo um suporte ‘quase-familiar’ para as modelos. Algumas dessas agências fornecem estrutura de habitação, cuidado com alimentação, estrutura de transporte, etc. Há uma enorme diferença entre agências internacionais, nacionais de grande, médio e pequeno porte, que devem ser considerados. Porém, mesmo com uma boa estrutura essas agências não substituem a relação familiar, nem o convívio escolar de que essas adolescentes são privadas. A agenda de trabalho de alguns modelos também está longe de ser adequadas às suas idades.
Há uma série de peculiaridades desse tipo de relação laboral entre as agências de modelos, as modelos e os clientes. A relação laboral é transformada em contratos civis, a prestação dos serviços ocorre nos mais diferentes países do mundo, a internacionalidade de algumas agências dificultam a cobrança das normas estatais de cada país, as modelos dificilmente não tem jornada fixa, as agências por vezes atuam como financiadoras das carreiras da modelos arcando por vezes custos altos, etc. Essas particularidades são comuns da profissão de modelo, porém não há regulamentação específica para ela no Brasil e mesmo se existisse, existiria uma dificuldade de ser cumprida. Para as modelos menores, essas dificuldades são ainda maiores.
Estresse exagerado, bulimia, anorexia, baixa escolaridade, exposição à situações de ‘adultização’ e de sensualidade além da idade, são alguns dos muitos problemas dessas modelos menores. Diversas modelos menores morrem ano a ano devido à distúrbios alimentares, causados por uma exigência das agências e clientes de uma estética da extrema magreza. Essas mortes são decorrentes de uma tentativa de se adequar às exigências do mercado, porém ninguém se responsabiliza por isso, e a modelo que tem problemas alimentares acaba arcando por sua pretensa ‘negligência e falta de profissionalismo’. Porém, é difícil de exigir que uma menina menor seja responsável por seu corpo e sua nutrição, frente a uma pressão imensa para ser magra e terem trabalhos.
A legislação brasileira não cuida de proteger essas menores trabalhadoras, que se lançam em empreitadas muitas vezes mal-sucedidas, colocando sua vida em risco. Não se garante o mínimo de direitos trabalhistas, nem o cumprimento das leis específicas para menores, como o ECA. Não há como se inserir as modelos menores como aprendizes, uma vez que a profissionalização não está ligada a uma educação formal. A lei do aprendiz não se aplica nesse caso. Os juízes do Juizado da Infância e do Adolescente, apenas regulam a questão fornecendo autorização para participação de alguns dos trabalhos das modelos executados no Brasil. A exigência das modelos frequentarem uma escola formal dificilmente é fiscalizada e os pais quase nunca respondem por autorizarem a desistência escolar. Não há políticas públicas destinadas a tratar de problemas alimentares decorrentes do trabalho, que no caso das modelos pode ser considerada uma doença laboral.

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