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Pronomes clíticos na gramática de crianças falantes de crioulo

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Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
 1 
PRONOMES CLÍTICOS NA GRAMÁTICA DE CRIANÇAS FALANTES DE 
CRIOULO 
 
 
Ana Maria MADEIRA1 
Maria Francisca XAVIER 
Maria de Lourdes CRISPIM 
 
 
RESUMO 
Um dos aspectos problemáticos na aquisição do português europeu (PE) por 
estrangeiros refere-se à realização e colocação dos pronomes clíticos. Em estudos 
anteriores efectuados com estudantes universitários estrangeiros aprendentes de PE, 
encontrou-se evidência de que, após uma fase caracterizada pela omissão de pronomes 
clíticos e pela sua substituição por outras formas (quer sintagmas preposicionais quer 
pronomes fortes), os diferentes padrões de colocação começam a ser adquiridos de 
acordo com uma sequência fixa. O estudo aqui apresentado visa investigar a aquisição 
dos padrões de colocação de pronomes clíticos, em PE como língua não materna (L2), 
por crianças falantes de crioulo cabo-verdiano e guineense, procurando dar resposta às 
seguintes questões: (1) Quais são os padrões de desenvolvimento que caracterizam a 
aquisição destes padrões por crianças? (2) Qual é o papel da língua materna (L1) no 
desenvolvimento das propriedades distribucionais dos clíticos pronominais em 
crianças? Com o objectivo de procurar resposta para estas questões, foi realizado um 
estudo com base em dados de juízos de gramaticalidade. Os resultados obtidos foram 
comparados com os resultados de três grupos de controlo, um constituído por crianças 
falantes de PE L1 e dois que incluíam crianças falantes de outras L1s. Verificou-se que 
o percurso seguido na aquisição dos pronomes clíticos pelas crianças falantes de crioulo 
é distinto quer do observado na aquisição de PE L1 quer do de falantes não nativos 
adultos descrito em estudos anteriores, registando-se algumas diferenças entre os 
diferentes grupos de aprendentes. Tal facto sugere que, embora não haja transferência 
directa da L1, esta desempenha um papel indirecto no desenvolvimento destas 
propriedades, podendo influenciar o ritmo e possivelmente o percurso de aquisição. Este 
estudo proporciona um melhor conhecimento do modo como os aprendentes 
estrangeiros adquirem as propriedades gramaticais do PE e dos efeitos de influência da 
L1 no processo de aprendizagem, oferecendo oportunidades para uma reflexão sobre os 
benefícios que tal conhecimento poderá trazer para o ensino de português a estrangeiros. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE 
aquisição; língua não materna; influência da L1; clíticos; ênclise/próclise 
 
 
 
1 UNL, Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, Departamento de Linguística, Avenida de 
Berna, 26-C, 1061-069 Lisboa, Portugal, ana.madeira@fcsh.unl.pt 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
 2 
Introdução 
 
Um dos aspectos problemáticos na aquisição do português europeu (PE) por 
estrangeiros refere-se à realização e colocação dos pronomes clíticos. Em estudos 
anteriores efectuados com aprendentes adultos de PE (MADEIRA; CRISPIM; 
XAVIER, 2006; MADEIRA; XAVIER, 2009), encontrou-se evidência de que, após 
uma fase inicial caracterizada pela omissão de pronomes clíticos e pela sua substituição 
por outras formas, os diferentes padrões de colocação começam a ser adquiridos em 
sequência, ao mesmo tempo que são adquiridas as marcas morfológicas de género, 
número e Caso. 
O estudo aqui apresentado visa investigar a aquisição dos padrões de colocação de 
pronomes clíticos, em PE como língua não materna (L2), por crianças falantes de 
crioulo cabo-verdiano e guineense, procurando compreender os padrões de 
desenvolvimento que caracterizam a aquisição desta propriedade gramatical por falantes 
de crioulo, bem como determinar se existem diferenças significativas no 
desenvolvimento desta propriedade gramatical entre crianças e adultos. Ao mesmo 
tempo, procurar-se-á investigar qual o papel da língua materna (L1) no desenvolvimento 
dos padrões de colocação dos clíticos pronominais em crianças. 
O estudo baseia-se em dados recolhidos, através de um teste de juízos de 
gramaticalidade, em instituições de ensino nas áreas de Lisboa e Setúbal. Os dados do 
grupo de falantes não nativos são confrontados com os dados de três grupos de controlo: 
um grupo de crianças falantes nativas de EP e dois grupos de crianças, aprendentes de 
PE L2, mas com L1s distintas das do grupo de teste. 
 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
 3 
 
 
 
Padrões de colocação de clíticos em português europeu 
 
As condições que determinam os padrões de colocação dos clíticos em PE são distintas 
das observadas em outras línguas românicas. Enquanto, por exemplo, em línguas como 
o espanhol e o italiano, a alternância entre ênclise (ordem verbo-clítico) e próclise 
(ordem clítico-verbo) é determinada pela finitude do verbo (ocorrendo a próclise com 
formas finitas e a ênclise com formas não finitas do verbo) e, numa língua como o 
francês, próclise é generalizada em todos os contextos com excepção das imperativas, 
em PE, os dois padrões de colocação são determinados por condições sintácticas muito 
específicas (para uma descrição mais detalhada, bem como diferentes propostas de 
análise, ver, entre muitos outros, MATEUS et al., 2003; MADEIRA, 1993; DUARTE; 
MATOS, 2000). Ênclise, ou a ordem verbo-clítico (cf. (1) abaixo), ocorre apenas na 
ausência de certos elementos em posição pré-verbal, tais como negação frásica e outros 
constituintes negativos (cf. (2)), quantificadores (cf. (3)), certas classes de advérbios (cf. 
(4)), complementadores (cf. (5)) e constituintes-Qu (cf. (6)).2 
 
(1) A Cláudia escreveu-me / * me escreveu uma carta 
(2) A Cláudia não / nunca me escreveu / * escreveu-me uma carta 
 
2 Vários autores (FROTA, 1994; DUARTE; MATOS, 2000; MATEUS et al., 2003) têm observado que, 
especialmente entre as gerações mais jovens, se tem vindo a assistir a uma generalização do uso de 
ênclise na presença de elementos proclisadores, particularmente em orações subordinadas finitas, mas 
também em frases com advérbios e quantificadores pré-verbais e em interrogativas-Qu. Este facto poderá 
explicar os resultados, referentes a estes tipos de contextos, do grupo de falantes nativos, descritos neste 
artigo. 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
 4 
(3) a. Alguém me escreveu / * escreveu-me uma carta 
 b. Todos os meus amigos me escreveram / * escreveram-me uma carta 
(4) A Cláudia também / já me escreveu / * escreveu-me uma carta 
(5) O João pensa que a Cláudia me escreveu / * escreveu-me uma carta 
(6) a. Quem me escreveu / * escreveu-me uma carta? 
 b. A amiga que me escreveu / * escreveu-me uma carta chama-se Cláudia 
 
As análises propostas na literatura para explicar as propriedades distribucionais dos 
clíticos nas línguas românicas podem dividir-se em dois grandesgrupos: análises que 
assumem que os clíticos são projectados directamente nas suas posições de superfície 
(e.g STROZER, 1976; SPORTICHE, 1996); e análises que propõem que os clíticos são 
gerados em posições argumentais, sendo as suas posições de superfície derivadas por 
movimento para categorias funcionais (e.g. KAYNE, 1975, 1991). A maioria das 
análises sintácticas dos padrões de colocação de clíticos em EP adoptam esta segunda 
perspectiva (MADEIRA, 1993; ROUVERET, 1992; MARTINS, 1994; 
URIAGEREKA, 1995; DUARTE; MATOS, 2000; etc.) e assumem movimento do 
clítico para um núcleo funcional (e.g. C(omplementador), em MADEIRA, 1993; 
W(ackernagel), em ROUVERET, 1992; Σ [Sigma], em MARTINS, 1994; F 
[Funcional/Foco], em URIAGEREKA, 1995; AgrS [Concordância de Sujeito] (no caso 
de proclíticos) / AgrO [Concordância de Objecto] (no caso de enclíticos), em DUARTE; 
MATOS, 2000). Os padrões de ordem específicos do EP são derivados quer da 
existência de categorias funcionais que não ocorrem na estrutura frásica de outras 
línguas românicas (e.g. ROUVERET, 1992) quer da presença de traços específicos nas 
categorias funcionais relevantes em EP (e.g. MARTINS, 1994). 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
 5 
Neste artigo, adoptaremos uma análise de movimento, assumindo que os clíticos, em 
EP, são gerados em posições argumentais, alcançando as suas posições derivadas 
através de uma operação de movimento. De igual modo, assumiremos que as 
propriedades de colocação específicas dos clíticos em EP se podem derivar da proposta 
que o EP possui determinadas propriedades funcionais ausentes em outras línguas 
românicas (sejam elas núcleos ou traços funcionais). Dados estes pressupostos, 
consideramos que uma investigação sobre o processo de aquisição das propriedades de 
colocação dos clíticos em EP L2 poderá contribuir para uma melhor compreensão dos 
modos como se desenvolve o conhecimento de propriedades do domínio funcional ao 
longo do percurso de aquisição. 
 
 
Clíticos na aquisição de L2 de outras línguas românicas 
 
Existem vários trabalhos que se debruçam sobre a aquisição de L2 dos pronomes 
clíticos em línguas românicas como o espanhol, o francês e o italiano (ver, entre outros, 
LICERAS, 1985; LICERAS et al., 1997; DUFFIELD; WHITE, 1999; BELLETTI; 
HAMANN, 2000; WHITE, 1996; DUFFIELD et al., 2002; LEONINI; BELLETTI, 
2004). Em geral, estes estudos concluem que não se registam diferenças significativas 
entre falantes de línguas maternas distintas, os quais apresentam um idêntico percurso 
de desenvolvimento na aquisição das propriedades sintácticas dos clíticos, semelhante 
ao observado na aquisição de L1 destas línguas. Este percurso caracteriza-se por um 
recurso frequente a estratégias alternativas, tais como omissão do clítico ou substituição 
por um SN pleno, nos estádios iniciais, com um desenvolvimento rápido dos padrões de 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
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SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
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colocação dos clíticos, nos estádios seguintes, com colocação dos clíticos 
predominantemente em posições apropriadas. 
 
 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
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SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
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Aquisição de clíticos em português europeu língua materna 
 
O percurso de desenvolvimento observado na aquisição de clíticos em PE língua 
materna difere claramente do verificado em outras línguas românicas (DUARTE; 
MATOS; FARIA, 1995; FROTA, 1994; MATEUS et al., 2003). Assim, ênclise é o 
padrão de colocação preferido em todos os contextos até por volta dos 42 meses. Veja-
se os exemplos em (7) e (8),3 em que o pronome ocorre em posição enclítica numa frase 
negativa e numa interrogativa-Qu: 
 
(7) não chama-se nada (20 meses) 
(8) porque é que foste-me interromper? (29 meses) 
 
Próclise torna-se o padrão predominante em frases negativas e em orações subordinadas 
finitas por volta dos 48 meses. 
De entre as principais características observadas na aquisição de pronomes clíticos em 
PE L1, destacam-se a omissão do clítico (COSTA; LOBO, 2009) – cf. exemplo (9) –, 
‘leísmo’, ou seja, substituição do pronome acusativo de 3ª pessoa pela forma dativa (cf. 
exemplo (10)), e duplicação do clítico, ou seja, a sua ocorrência simultânea em posição 
pré- e pós-verbal (cf. (11)). 
 
(9) o menino estava a chamar (5 anos) 
(10) depois atirou-lhe # ele # para o rio (5 anos) 
(11) não te engasgas-te nada! (29 meses) 
 
3 Os exemplos nesta secção são retirados de Duarte, Matos & Faria (1995). 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
 8 
 
Aquisição de clíticos em português europeu língua não materna 
 
Estudos realizados com base em dados de produção e de juízos de gramaticalidade, 
provenientes de aprendentes adultos de PE L2, falantes de línguas com clíticos (línguas 
românicas) e de línguas sem clíticos (línguas germânicas) (MADEIRA; XAVIER; 
CRISPIM, 2006; MADEIRA; XAVIER, 2009), revelam, à semelhança do que tem sido 
observado na aquisição de outras línguas românicas, ausência de efeitos significativos 
de influência da L1 no desenvolvimento das propriedades sintácticas dos clíticos. 
Independentemente da existência ou não de clíticos nas L1s dos aprendentes, observou-
se a presença de clíticos (em posições distintas daquelas em que ocorrem pronomes 
fortes), em dados de produção, desde os níveis mais elementares de proficiência, 
recorrendo os aprendentes, de forma pouco significativa, a estratégias de omissão ou 
substituição dos clíticos por outras formas (quer sintagmas preposicionais quer 
pronomes fortes). Além disso, ao contrário do que se verifica na aquisição de PE como 
língua materna, os aprendentes demonstram, desde muito cedo, conhecimento da 
distinção entre ênclise e próclise, embora, nos níveis elementares, não tenham ainda 
adquirido todas as condições que determinam os dois padrões de colocação e 
manifestem uma preferência clara por ênclise, ao contrário do que se verifica na 
aquisição de L2 de outras línguas românicas, e tal como se verifica na aquisição de 
português L1. 
No desenvolvimento dos padrões de colocação dos clíticos, embora se verifiquem 
algumas diferenças entre aprendentes, atribuíveis à influência da L1, estas diferenças 
manifestam-se sobretudo, a nível do ritmo de desenvolvimento, observando-se um 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
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percurso idêntico para todos os aprendentes na aquisição gradual das condições que 
determinam próclise em PE (verificou-se, por exemplo, que a preferência por próclise 
na presença de elementos proclisadoressurge primeiro em contextos de negação). 
Estes resultados são consistentes com um modelo que assume não existir transferência 
da L1 no domínio funcional, sendo o desenvolvimento da gramática de interlíngua 
caracterizado pela construção gradual da estrutura sintáctica (de baixo para cima) ao 
longo do processo de aquisição (Hipótese das Árvores Mínimas, VAINIKKA & 
YOUNG-SCHOLTEN, 1996). Assumindo a análise de Duarte & Matos (2000), 
segundo a qual os pronomes enclíticos ocupam uma posição mais baixa na estrutura que 
os proclíticos, prevê-se, assim, que a ênclise surja, no processo de desenvolvimento, 
mais cedo que a próclise. 
 
 
Questões 
 
Neste trabalho, procuraremos investigar as seguintes questões: 
(1) Quais são os padrões de desenvolvimento que caracterizam a aquisição dos padrões 
de colocação dos pronomes clíticos por crianças, em PE L2? 
Se as crianças apresentam um desenvolvimento paralelo ao observado em português L1, 
esperaremos encontrar ênclise generalizada nos estádios iniciais, seguida de aquisição 
gradual dos contextos que determinam próclise. Por outro lado, se as crianças falantes 
não nativas seguem um percurso idêntico ao verificado em aprendentes adultos, prediz-
se variação nos estádios iniciais, com recurso aos dois padrões de colocação, embora 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
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com preferência inicial por ênclise em todos os contextos, e aquisição gradual de 
próclise nos contextos adequados. 
(2) Qual é o papel da L1 no desenvolvimento dos padrões de colocação dos clíticos 
pronominais em crianças? 
Se, ao contrário do que se observou em aprendentes adultos, se observam efeitos de 
influência da L1 na aquisição de PE L2 por crianças, espera-se que o percurso de 
desenvolvimento desta propriedade gramatical seja predominantemente determinado 
pelas características da sua L1. Tanto em crioulo de Cabo Verde (cf. exemplo (12)) 
como em crioulo da Guiné-Bissau (cf. os exemplos em (13)), os clíticos de objecto 
ocorrem exclusivamente em posição pós-verbal, parecendo ter uma natureza afixal. 
 
(12) nha mai sabe ki n odja-bu onti 
 minha mãe sabe que 1SG ver-2SG ontem 
 “A minha mãe sabe que eu te vi ontem.” (BAPTISTA, 1997, p.257) 
(13) a. karu yara m aja l 
 carro quase matar 3SG 
 “O carro quase o matou.” (KIHM, 1994, p.28) 
 b. ningin ka pudi tuji ne l 
 ninguém neg poder proibir 1SG 3SG 
 “Ninguém me pode proibir de o fazer.” (KIHM, 1994, p.164) 
 
Tal implica que, se se verificar que as crianças falantes de crioulo manifestam uma 
preferência generalizada por ênclise em todos os contextos, isso poderá ser indicativo 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
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quer da presença de efeitos de influência da L1 dos aprendentes quer de um percurso de 
desenvolvimento semelhante ao observado na aquisição de português L1. 
Para evitar esta potencial ambiguidade dos resultados, decidiu-se incluir dois grupos de 
controlo, constituídos por crianças falantes de outras línguas maternas: um grupo de 
falantes de línguas eslavas (russo e ucraniano) e um grupo de falantes de romeno. Tanto 
o russo e o ucraniano como o romeno se distinguem do crioulo (e do PE) quanto às 
propriedades de elementos clíticos. As duas línguas eslavas, por um lado, apresentam 
um sistema de formas clíticas muito restrito: “Ukrainian and Russian are the only 
[Slavic] languages with a ‘poorclitic’ system in that only the form by used in 
Conditionals is a clitic. On a non-standard level, Russian also has weak forms of the 2 
P,SG pronominal and the Dative reflexive” (RIEMSDIJK, 1999, p.83). No romeno, por 
seu lado, os clíticos pronominais ocupam uma posição pré-verbal, excepto se o verbo se 
encontra no gerúndio ou no imperativo positivo (14).4 
 
(14) a. Alexandru mi- l trimite astǎzi 
 Alexandru cl(dat-1sg) cl(acus-3msg) envia hoje 
 “Alexandru envia-mo hoje.” (MONACHESI, 1998, p.100) 
 b. dǎ-ni- l 
 
4 Apenas o clítico acusativo feminino singular o constitui uma excepção, sendo enclítico ao verbo lexical 
com formas verbais compostas contendo o auxiliar ter: 
 
a. Îl / o / ii / le văd 
 cl(acus-3msg) / cl(acus-3fsg) / cl(acus-3mpl) / cl(acus-3fpl) vejo 
 “Eu vejo-o/a/os/as.” 
b. Am văzut- o 
 tenho visto cl(acus-3fsg) 
 “Eu vi-a.” 
c. L- / i- / le- am văzut 
 cl(acus-3msg) /cl(acus-3mpl) / cl(acus-3fpl) tenho visto 
 “Eu vi-o/os/as.” (MARIN, 2004) 
 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
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 12 
 dá cl(dat-1pl) cl(acus-3msg) 
 “Dá-no-lo!” (MONACHESI, 1998, p.106) 
 
No caso de se observar uma preferência generalizada por ênclise no grupo de falantes de 
crioulo, a comparação com os resultados destes dois grupos de controlo permitir-nos-á 
compreender até que ponto essa preferência é determinada pela influência da L1 dos 
aprendentes. Assim, se for esse o caso, esperar-se-á observar resultados distintos nos 
dois grupos de controlo. Se tal não se verificar, podemos concluir que tal preferência é, 
de facto, consequência do percurso natural de aquisição destas propriedades, que será 
idêntico para todos os aprendentes. 
 
 
O estudo 
 
Metodologia 
Participantes 
Participaram no estudo 12 crianças, falantes nativas de crioulo de Cabo Verde e da 
Guiné-Bissau, com idades compreendidas entre 6 e 11 anos (média de idades: 7,8), que 
frequentam estabelecimentos do 1º ciclo do ensino básico em Portugal (3 crianças 
frequentavam o 1º ano, 5 crianças o 2º ano, 1 criança o 3º ano e 3 crianças o 4º ano). 
Todas as crianças, com excepção de duas, nasceram em Portugal e começaram a 
aprender português antes da entrada na escola. 
Foram também constituídos três grupos de controlo, com crianças que frequentam o 1º 
ciclo do ensino básico: (1) um grupo de 12 crianças, falantes nativas de PE, com idades 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
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compreendidas entre 7 e 11 anos (média de idades: 9), alunas do 1º ciclo do ensino 
básico (3 crianças frequentavam o 2º ano e 9 crianças o 4º ano); (2) um grupo de 4 
crianças falantes de línguas eslavas (4 falantes de russo e 1 de ucraniano), com idades 
entre os 9 e os 10 anos (média de idades: 9,8); e (3) um grupo de 3 crianças falantes de 
romeno, também com idades compreendidas entre os 9 e os 10 anos (média de idades: 
9,3). 
 
Tarefa 
Os dados foram obtidos através de uma tarefa de juízos de gramaticalidade, obtidos 
através de um teste realizado online. As frases eram apresentadas apenas oralmente, e 
cada frase correspondia à resposta que uma personagem (o Stitch), que estava a 
aprender português, dava a uma pergunta feita por uma outra personagem, que era 
apresentada como o falante nativo (a ovelha). Após ouvir a frase, pedia-se à criança que 
premisse umde dois botões, consoante considerasse que a personagem estava a falar 
correctamente ou não. 
 
 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
(Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana 
LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 
 
SLG 24 – Aquisição de Português como segunda língua. 
 
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Figura 1: Imagem do teste de juízos de gramaticalidade 
O teste era constituído por 24 frases de teste e 26 distractores. Foram testadas 4 
condições: 
1. Enclítico em contexto de ênclise (N=2) 
(15) Tens aí o teu rádio? 
 Não, deixei-o em casa. 
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2. Enclítico em contexto de próclise (N=10) 
(16) Hoje fizeste o trabalho de casa sozinho? 
 Fiz, a minha amiga não ajudou-me. 
3. Proclítico em contexto de próclise (N=10) 
(17) Ontem foste aos anos do Pepe? 
 Fui, mas não lhe dei nada. 
4. Proclítico em contexto de ênclise (N=2) 
(18) Este jogo é muito difícil! 
 Não é nada! Eu te ensino a jogar. 
 
Resultados 
Num primeiro momento, calcularam-se as percentagens globais de respostas-alvo e de 
respostas desviantes, para cada um dos grupos. Foram consideradas respostas-alvo as 
respostas que correspondiam à aceitação de frases gramaticais e rejeição de frases 
agramaticais, e respostas desviantes as que correspondiam à rejeição de frases 
gramaticais e aceitação de frases agramaticais, sendo a gramaticalidade das frases 
avaliada de acordo com as regras que determinam a colocação dos clíticos nos 
diferentes contextos sintácticos, na gramática do português padrão. Estes resultados são 
apresentados nas figuras 2 e 3 abaixo. 
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 16 
77,1%
27,8%
75%
18,8%
94,4%
38,9%
95,1%
45,1%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
Aceitação de frases gramaticais Rejeição de frases agramaticais
 
Figura 2: Percentagens de respostas-alvo 
22,9%
72,2%
25%
81,2%
5,6%
61,1%
4,9%
54,9%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
Rejeição de frases gramaticais Aceitação de frases agramaticais
 
Figura 3: Percentagens de respostas desviantes 
Os resultados mostram que os grupos de falantes de crioulo e de línguas eslavas não 
estabelecem uma distinção clara entre frases gramaticais e agramaticais. 
Independentemente do estatuto gramatical das frases, os dois grupos apresentam 
percentagens de aceitação entre 72,2% e 81,2%, e percentagens de rejeição entre 18,8% 
e 27,8%. Ao contrário destes dois grupos, os grupos de falantes de romeno e de 
português L1 apresentam resultados distintos para os dois tipos de frases, exibindo um 
melhor desempenho nos juízos de frases gramaticais que de frases agramaticais. 
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Relativamente às frases gramaticais, estes dois grupos demonstram conhecimento pleno 
das condições relevantes, apresentando percentagens de aceitação que rondam 95% e 
percentagens de rejeição rondando 5%. Contudo, na avaliação das frases agramaticais, 
ambos os grupos manifestam dificuldades. No caso do grupo romeno, a percentagem de 
aceitação destas frases (61,1%) é significativamente mais elevada que a percentagem de 
rejeição (38,9%). Quanto ao grupo de falantes nativos, este apresenta valores muito 
próximos de aceitação (54,9%) e rejeição (45,1%). 
No intuito de compreender a natureza das dificuldades observadas, procedeu-se à 
análise das respostas por tipo de contexto. Abaixo, representam-se as percentagens de 
aceitação de ênclise e próclise em contexto de ênclise (figura 4) e em contextos de 
próclise (figura 5). Na análise dos resultados que se apresentam nas figuras 4 e 5, 
considerou-se que houve aceitação de um determinado padrão de colocação se, num 
determinado contexto, os informantes (1) aceitam efectivamente esse padrão (frases 
gramaticais); e (2) expressam rejeição do padrão alternativo (frases agramaticais). 
68,7%
31,3%
56,3%
43,7%
75%
25%
85,4%
14,6%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
ênclise próclise
 
Figura 4: Percentagens de aceitação de ênclise e próclise em contexto de ênclise 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
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 18 
46,7%
53,3% 55%
45%
35%
65%
32,9%
67,1%
0%
20%
40%
60%
80%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
ênclise próclise
 
Figura 5: Percentagens de aceitação de ênclise e próclise em contextos de próclise 
De modo geral, todos os grupos apresentam melhores resultados em contexto de ênclise 
que em contextos de próclise. A preferência por ênclise nos contextos apropriados é 
significativa em todos os grupos, com excepção do grupo eslavo, que apresenta valores 
muito próximos para os dois padrões de colocação. Em contextos de próclise, a 
preferência por próclise é menos marcada e, no caso do grupo eslavo, não existente. 
Observa-se aqui, novamente, uma divisão bipartida entre os grupos crioulo e eslavo, por 
um lado, e os grupos romeno e nativo, por outro: enquanto os primeiros não parecem 
estabelecer uma distinção clara entre ênclise e próclise nestes contextos, apresentando 
percentagens elevadas (e com valores muito próximos) de aceitação das duas opções, os 
segundos manifestam uma preferência clara por próclise (embora com valores 
relativamente elevados de ênclise). 
Tendo-se verificado acima que os informantes apresentam resultados distintos para as 
frases gramaticais e agramaticais, procedeu-se à separação dos resultados para cada um 
dos contextos. Assim, as figuras 6 e 7 apresentam os dados obtidos, para os contextos 
que elicitam ênclise, através de frases gramaticais (com pronome enclítico) e 
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agramaticais (com pronome proclítico), respectivamente, e as figuras 8 e 9 apresentam 
os dados obtidos, para os contextos que elicitam próclise, através de frases gramaticais 
(com pronome proclítico) e agramaticais (com pronome enclítico), respectivamente. 
66,7%
75%
100% 100%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
aceitação de ênclise rejeição de ênclise
29,2%
37,5%
50%
70,8%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
rejeição de próclise aceitação de próclise 
Figura 6: Percentagens de aceitação e 
rejeição de ênclise em contexto de ênclise 
(frases de teste gramaticais) 
 
Figura 7: Percentagens de rejeiçãoe aceitação 
de próclise em contexto de ênclise (frases de 
teste agramaticais) 
 
79,2%
75,0%
93,3% 94,2%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
rejeição de próclise aceitação de próclise
 
27,5%
15%
36,7% 40%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Grupo crioulo Grupo eslavo Grupo romeno Grupo nativo
aceitação de ênclise rejeição de ênclise
 
Figura 8: Percentagens de rejeição e 
aceitação de próclise em contexto de próclise 
(frases de teste gramaticais) 
 
Figura 9: Percentagens de aceitação e rejeição 
de ênclise em contexto de próclise (frases de 
teste agramaticais) 
 
É notória a assimetria entre os resultados, não se verificando uma correlação entre a 
aceitação de padrões gramaticais e a rejeição de padrões agramaticais, como seria de 
esperar, se estas propriedades estivessem plenamente adquiridas. Se, com frases 
gramaticais, as percentagens de aceitação do padrão alvo são elevadas em todos os 
grupos (mais marcadas nos grupos romeno e nativo), nas frases agramaticais, a 
tendência é bem diferente. Assim, em contexto de ênclise, assiste-se a percentagens de 
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aceitação elevadas de próclise em todos os grupos de aprendentes, superiores às 
percentagens de rejeição, nos grupos crioulo e eslavo, e idênticas, no grupo romeno. 
Apenas o grupo nativo apresenta uma percentagem elevada de rejeição de próclise neste 
contexto. Em contextos de próclise, as percentagens de aceitação de ênclise são mais 
elevadas que as percentagens de rejeição, em todos os grupos, particularmente no 
crioulo e no eslavo. Assim, embora se observe uma tendência para aceitação de próclise 
em contexto de ênclise, em todos os grupos de aprendentes, é nos contextos de próclise 
que se observa uma maior oscilação entre os dois padrões, não só nos grupos de 
aprendentes mas também no grupo de falantes nativo. 
Uma observação mais detalhada dos resultados em contextos de próclise confirma esta 
tendência, bem como a existência de assimetrias entre os quatro grupos. Os resultados, 
por grupo, estão representados nas figuras 10-13 abaixo,5 onde se apresenta a 
comparação entre as respostas de aceitação de frases gramaticais e de aceitação de 
frases agramaticais. 
70,8%
58,3%
87,5%
70,8%
79,2%
87,5%
75%
83,3% 83,3%
62,5%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Neg Qu- Sub Q Adv
aceitação de próclise aceitação de ênclise
75% 75% 75%
87,5%
62,5%
87,5%
62,5%
87,5% 100%87,5%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Neg Qu- Sub Q Adv
aceitação de próclise aceitação de ênclise 
Figura 10: Grupo crioulo Figura 11: Grupo eslavo 
 
 
5 São utilizadas as seguintes abreviaturas: Neg = contextos de negação; Qu- = interrogativas-Qu; Sub = 
orações subordinadas (finitas); Q = frases com quantificadores pré-verbais; Adv = frases com advérbios 
pré-verbais. 
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 21 
100%
33,3%
100%
50%
83,3% 83,3%
100%100%
83,3%
50%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Neg Qu- Sub Q Adv
aceitação de próclise aceitação de ênclise
100%
29,2%
95,8%
37,5%
91,7%
70,8%
95,8% 91,7% 87,5%
70,8%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Neg Qu- Sub Q Adv
aceitação de próclise aceitação de ênclise
 
Figura 12: Grupo romeno Figura 13: Grupo nativo 
Uma comparação dos resultados apresentados nas figuras 10-13 revela que a elevada 
aceitação de próclise, observada acima (ver figura 8), caracteriza todos os contextos 
proclisadores. A seguir ao grupo nativo, é no grupo romeno que se observam os valores 
mais elevados de aceitação de próclise, seguido do grupo crioulo e do grupo eslavo. 
Relativamente à aceitação de ênclise, observa-se, novamente, uma divisão bipartida 
entre os grupos. Assim, nos grupos de falantes de crioulo e de línguas eslavas observa-
se uma elevada aceitação de ênclise em todos os contextos que despoletam próclise. Em 
alguns contextos, os valores de aceitação de ênclise excedem mesmo os de aceitação de 
próclise (subordinadas e quantificadores, nos dois grupos, e interrogativas-Qu, no grupo 
eslavo). Os outros dois grupos, pelo contrário, manifestam uma preferência clara por 
próclise em contextos de negação, em interrogativas-Qu e em frases com advérbios pré-
verbais. Nos restantes contextos, enquanto o grupo de falantes nativos continua a 
preferir próclise (apresentando, simultaneamente, uma elevada aceitação de ênclise), o 
grupo romeno apresenta valores idênticos para ênclise e para próclise. 
 
 
Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas 
 
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Conclusões 
 
A análise dos resultados descritos acima indica que, na aquisição dos padrões de 
colocação dos pronomes clíticos em PE L2, as crianças falantes de crioulo apresentam 
padrões de desenvolvimento distintos dos verificados na aquisição de português L1, por 
um lado, e também dos observados em aprendentes adultos investigados em estudos 
anteriores. Assim, ao contrário do que acontece em aquisição de português L1, estas 
crianças não apresentam evidência de um estádio inicial de ênclise generalizada. Por 
outro lado, ao contrário do que tem sido observado em aprendentes adultos, embora se 
registe variação entre os dois padrões de colocação, não se verifica um predomínio de 
ênclise em nenhum dos contextos investigados. Observou-se que, quando se considera a 
distribuição dos dois padrões de colocação globalmente, os falantes de crioulo 
manifestam uma ligeira preferência por ênclise em contextos de ênclise (com uma 
percentagem de aceitação de 68,7%) e valores elevados de aceitação em contextos de 
próclise (46,7%). Contudo, quando se consideram as frases gramaticais e agramaticais 
separadamente, observa-se, em contextos de ênclise, uma aceitação de ênclise de 66,7% 
e uma aceitação de próclise de 70,8%, e, em contextos de próclise, uma aceitação de 
ênclise de 72,5% e uma aceitação de próclise de 79,2%. 
A ausência de uma preferência marcada por ênclise parece indicar a ausência de efeitos 
directos de transferência da L1. Espera-se, pois, que todos os aprendentes exibam um 
percurso idêntico na aquisição destas propriedades. Tal é confirmado pela comparação 
dos resultados das crianças falantes de crioulo com os dos falantes de línguas eslavas. 
Considerando a distribuição dos dois padrões de colocação globalmente, os falantes 
eslavos revelam uma leve preferência por ênclise tanto em contextos de ênclise (56,3%) 
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como em contextos de próclise (55%). Quando se consideram as frases gramaticais e 
agramaticais separadamente, observa-se, em contextos de ênclise, uma aceitação de 
ênclise de 75% e uma aceitação de próclise de 62,5%, e, em contextos de próclise, uma 
aceitação de ênclise de 85% e uma aceitação de próclise de 75%. Assim, o facto de os 
falantes de línguaseslavas, que são línguas que possuem um sistema de clíticos 
extremamente pobre, como se descreveu acima, exibirem um desempenho semelhante 
ao dos falantes de crioulo, com oscilação entre os dois padrões de colocação (e com 
valores ligeiramente mais elevados de aceitação de enclíticos no grupo eslavo), permite 
excluir transferência de propriedades da L1. Os resultados mostram que ambos os 
grupos evidenciam conhecimento da existência dos dois padrões de colocação dos 
clíticos, mas a ausência de uma preferência marcada por ênclise ou próclise, observada 
em todos os contextos, sugere que os aprendentes não desenvolveram ainda 
conhecimento das condições e das propriedades funcionais que determinam cada um 
dos padrões. 
Em contraste com estes dois grupos de falantes não nativos, porém, o grupo de falantes 
de romeno apresenta um desempenho próximo do dos falantes nativos, que parece 
reflectir um percurso de desenvolvimento paralelo ao observado em falantes adultos. 
Estes aprendentes apresentam resultados que os distinguem dos outros dois grupos de 
aprendentes e os aproximam do grupo nativo, sugerindo que se encontram num estádio 
mais avançado de desenvolvimento das propriedades funcionais relevantes. Assim, 
considerando os resultados globais, tanto o grupo romeno como o grupo nativo 
manifestam uma preferência marcada por ênclise em contextos de ênclise (com uma 
percentagem de aceitação de 75%, para o grupo romeno, e 85,4%, para o grupo nativo) 
e uma fraca aceitação de ênclise em contextos de próclise (35%, para o grupo romeno, e 
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32,9%, para os falantes nativos). Considerando as frases gramaticais e agramaticais 
separadamente, observa-se, em contextos de ênclise, uma percentagem de aceitação de 
ênclise de 100%, para os dois grupos, e uma percentagem de aceitação de próclise de 
50%, para os falantes de romeno, e de 19,2%, para os falantes nativos (esta é a única 
diferença significativa que se observa entre os resultados dos dois grupos); em 
contextos de próclise, as percentagens de aceitação são, para a ênclise, de 63,3%, para 
os romenos, e 60%, para os nativos, e, para a próclise, de 93,3%, para os romenos, e de 
94,2%, para os nativos. As semelhanças entre os dois grupos são confirmadas pela 
análise dos contextos específicos de próclise, onde se observa, no grupo de falantes 
romenos, uma aquisição gradual de próclise nos contextos adequados, com uma 
preferência por próclise mais marcada em contextos de negação. 
Estas assimetrias entre os diferentes grupos de aprendentes sugerem um efeito indirecto 
de influência da L1, que, no caso dos falantes de romeno (uma língua que apresenta 
maiores semelhanças relativamente ao PE que quer o crioulo quer o russo e o 
ucraniano), poderá facilitar a aquisição e acelerar o desenvolvimento das propriedades 
relevantes em PE L2. 
Contudo, não é claro se as diferenças observadas entre os três grupos de crianças 
aprendentes de português L2, que parecem ser condicionadas pelas suas L1s, reflectem 
apenas diferenças no ritmo de aquisição ou poderão ser consequência de diferentes 
percursos de desenvolvimento das propriedades sintácticas. Ao mesmo tempo, não ficou 
claro, a partir da análise dos resultados obtidos, se as diferenças observadas entre o 
percurso de crianças falantes de crioulo e o percurso observado em adultos, em estudos 
anteriores, será consequência do factor idade ou poderá ser explicado pela influência da 
L1 (uma vez que os adultos que constituíram o objecto desses estudos eram falantes de 
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 25 
outras línguas maternas). Estas são questões que permanecem em aberto e que deverão 
ser exploradas em trabalhos futuros. 
Para rematar, é importante referir que o estudo apresentado neste artigo se deparou com 
algumas dificuldades de carácter metodológico, que poderão ter contribuído para que os 
resultados obtidos não tenham sido tão claros como seria de desejar. Em primeiro lugar, 
por razões práticas, não foi possível determinar, de forma fiável, o nível de proficiência 
dos informantes, o que constituiu um obstáculo para a avaliação da homogeneidade de 
cada um dos grupos, bem como da comparabilidade dos diferentes grupos. Em muitos 
casos, também não foi possível determinar a idade com que as crianças tinham 
começado a aprender português e em que condições essa aprendizagem tinha decorrido, 
que constituem aspectos importantes da caracterização linguística dos participantes no 
estudo. Por outro lado, o facto de dois dos grupos de controlo (eslavo e romeno) serem 
constituídos por um menor número de crianças levanta também algumas dúvidas quanto 
à legitimidade da comparação dos resultados. Apesar destas questões metodológicas, 
parece-nos que os resultados deste estudo levantam questões e sugerem pistas que será 
interessante explorar em trabalho futuro. 
 
 
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