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Orçamento e Controles Internos e Externos W BA 01 09 _v 1. 1 2/142 Orçamento e Controles Internos e Externos Autora: Veruska Evanir Pereira Como citar este documento: PEREIRA, Veruska Evanir. Orçamento e Controles Internos e Externos. Valinhos, 2015. Sumário Apresentação da Disciplina 03 Unidade 1: Orçamento e Planejamento 04 Unidade 2: Modelo Orçamentário no Brasil 35 Unidade 3: Programação e Execução Financeira 70 Unidade 4: O Controle da Execução Orçamentária 104 2/142 3/142 Apresentação da Disciplina Esta disciplina, Orçamento e Controles Internos e Externos, tem como objetivo apresentar aos alunos como a Administração Pública se organiza orçamentariamente para atender às expectativas da sociedade. Ao longo da leitura, os alunos poderão verificar que todo o processo se inicia pelo planejamento. Desta forma, os textos introduzem a questão do orçamento como ferramenta de planejamento gerencial. Serão elencadas Leis Orçamentárias vigentes no Brasil – O Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual – e apresentados de que forma elas são instituídas, seus conteúdos e aplicações. Após o entendimento sobre as Leis Orçamentárias brasileiras, apresentaremos como a administração pública trata da programação da execução financeira que, em seu propósito final, acaba por materializar os programas com seus projetos e atividades, exprimindo, de certa forma, as necessidades da sociedade. Por fim, trataremos do controle interno e externo como ferramentas de análise da legalidade, eficiência e eficácia do sistema orçamentário-financeiro no Brasil, apresentando a base conceitual e normativa na Administração Pública. Ao final, pautaremos a discussão na importância da participação da sociedade no acompanhamento das receitas e despesas públicas com o objetivo de analisar criticamente se suas necessidades estão sendo atendidas de acordo com o planejado. 4/142 Unidade 1 Orçamento e Planejamento Objetivos 1. Esta aula tem como objetivo introduzir a questão do orçamento na Administração Pública, a importância do planejamento e entender os valores basilares na construção deste processo. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento5/142 1. Introdução: Em nossa família, na nossa casa, temos necessidades de acordo com o estilo de vida que levamos e com os desejos que temos. Além de nossas próprias necessidades e de nossa família, devemos também nos lembrar dos anseios daqueles que nos cercam: amigos, familiares e a comunidade como um todo. Desta forma, devemos nos organizar de modo a que tenhamos os recursos necessários para o atendimento das necessidades de todos. Esta organização familiar consiste basicamente em estimar nossas receitas, fixar as despesas e calcular as possibilidades onde cada recurso poderá ser utilizado. Todo mundo de certa forma já faz isso. Algumas pessoas de uma maneira simples, tendo uma ideia de como será seu orçamento mensal, e outras de um jeito mais consistente, utilizando planilhas eletrônicas ou outros meios, como registros em cadernos, por exemplo. Mas o mais importante é saber a razão pela qual todos nós devemos fazer um orçamento. Aliás, fazer orçamento é importante? Para que serve fazer um orçamento? Vamos, neste momento, imaginar o seguinte cenário: estamos em uma família composta pelo pai, mãe e três filhos com 6, 12 e 17 anos. O pai trabalha em uma indústria e a mãe é professora da educação infantil. O filho menor de 6 anos está no primeiro ano do ensino fundamental I, o de 12 está no ensino fundamental II e o 17 está se preparando para os vestibulares e Unidade 1 • Orçamento e Planejamento6/142 prestes a ingressar em uma universidade. Além de frequentarem a escola regularmente, todos têm atividades extras como natação, línguas, teatro etc. Como esta família se organizaria para atender às necessidades de todos? Uma ideia seria somar as receitas dos salários dos pais e dividir entre as despesas correspondentes a todos os membros da família, certo? Mas quem tem prioridade? Que necessidades devem ser satisfeitas primeiro ou por último? E se a família resolvesse adquirir um imóvel novo, maior e mais caro do que o atual? Deixaria de gastar em alguma atividade extra para direcionar o recurso para este projeto? Agora vamos pensar um pouco na coletividade. Imaginemos que moramos em um prédio de apartamentos e que mensalmente todos os condôminos pagam a taxa de condomínio para fazer frente às despesas gerais do prédio. Para a organização dos recursos, um síndico foi eleito para tomar conta destes e realizar os pagamentos de todas as despesas do prédio. Ocorre que o síndico resolveu ampliar a área de lazer construindo mais uma piscina e também uma sauna sem a aprovação dos condôminos e tampouco sem estimar o impacto deste projeto implantado no futuro, ou seja, quanto custaria a manutenção desta nova piscina e sauna. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento7/142 Vamos considerar que nem todos os condôminos estariam a favor desta ampliação, já que existem outros projetos que julgariam mais prioritários. Então, algumas questões vêm à tona: o que deve ser feito primeiro? O que poderia ser deixado para depois? Quais as Para saber mais COLETIVIDADE: s.f. Natureza do que é coletivo: a coletividade é a essência da sociedade. Conjunto de seres que constitui o corpo coletivo, a comunidade: as coletividades não procedem como os indivíduos. (Fonte: <http://www.dicio. com.br>) necessidades que deveriam ser satisfeitas para que fosse causado o maior bem-estar coletivo? Que consequências uma decisão sem planejamento poderia gerar? E como a administração pública deve planejar, já que deve levar em consideração a satisfação e bem-estar da coletividade que representa? Coletividade esta que representa uma maior complexidade de ações do que organizar os recursos de uma só família ou de um condomínio onde habitam um grupo de famílias. 2. Evolução das Despesas Públi- cas – Necessidade de Recursos A evolução das despesas públicas é caracterizada pelo seu acréscimo, sendo http://www.dicio.com.br http://www.dicio.com.br Unidade 1 • Orçamento e Planejamento8/142 uma das características mais marcantes da economia do século XX. Esta situação acontece tanto onde o Estado tem a função de agente econômico quanto nas nações capitalistas avançadas, onde há grande participação da livre iniciativa e da economia de mercado, como Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos a partir de 1890. No Brasil, o acréscimo das despesas públicas acentuou-se a partir da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, dados mais precisos foram registrados a partir da criação da Empresas Estatais (Sest) e da Secretaria de Planejamento da Presidência da República (Seplan/PR), em 1979, que tem como característica os registros da administração descentralizada, setor público expandido, especialmente a partir de 1964. A tabela a seguir demonstra o dispêndio global do Governo Federal – 1979-1982. Discriminação 1979 1980 1981 1982 Cr$ bilhões Cr$ bilhões Cr$ bilhões Cr$ bilhões Dispêndio Líquido da União 317,1 534,7 1.053,6 2.709,2 Dispêndio das Estatais 1.481,2 3.636,0 7.586,5 14.559,1 Despesas no Orçamento Monetário 287,8 858,5 1.300,4 1.780,6 Dispêndio Total 2.086,1 5.029,2 9.940,5 19.048,9 Fonte: Adaptado da Consolidação Plurianual de Programas do Governo/CPPG, IPEA/Seplan, 1982 Unidade 1 • Orçamento e Planejamento9/142 3. Planejamento e Orçamento Então, como a Admnistração Pública organiza-se para o atendimento destas demandas da sociedade? O passo inicial seria o planejamento. As razões do crescimento das despesas públicas, bem como o próprio aumento da participação do Estado, têm origem nas mais diversas correntes doutrinárias da economia e podem ser elencadas: • O crescimento das funções administrativas e de segurança. • As crescentes demandas por maior bem-estar social, especialmente educação, saúde e segurança.• Maior intervenção do governo, direta ou indiretamente, no processo produtivo. • A necessidade de serviços públicos. • O desejo de melhores serviços públicos. • Os recursos disponíveis para utilização pelo governo. • O custo dos serviços públicos. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento10/142 Para Albuquerque et al. (2008), o planejamento é uma figura de organização introduzida como atividade recente na história e devido ao aumento da complexidade das demandas da sociedade, que passa a exigir maior qualidade, diversidade e disponibilidade dos produtos e serviços ofertados pelos governos e pelo setor privado. Ainda para Albuquerque et al. (Ibid.); O planejamento da ação governamental, como mecanismo de intervenção na sociedade e na economia, pode assumir diferentes configurações, implicando maior ou menor grau de inferência. A atuação do Estado se efetiva por intermédio de mecanismos que imponham maior ou menor grau de autonomia ao setor privado. No primeiro caso, o Estado pode tomar a si a tarefa de produzir e distribuir bens e serviços para consumo da sociedade, assumindo os riscos inerentes à atividade produtiva, a gestão dos seus custos, o estabelecimento de preços, a distribuição e a comercialização dos produtos. Em outro sentido, pode, por exemplo, simplesmente atuar na construção da infraestrutura necessária ao funcionamento da economia, exercendo seu poder intervencionista especialmente naqueles setores nos quais o setor privado não encontra viabilidade econômica para realizar os investimentos. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento11/142 Independente da decisão política em relação ao tamanho da atuação do Estado, a visão da maioria dos autores de estudos sobre planejamento público é positiva em declarar que o planejamento não pode se limitar somente a aspectos processuais e legais. Deve, então, preocupar-se com a alocação de recursos para o atendimento das demandas atuais da sociedade, visando à manutenção da implantação de projetos que se tornarão atividades de longo prazo (exemplo: construção de hospitais), à construção de cenários futuros (novas demandas da sociedade), à negociação da alocação destes recursos com todos os atores envolvidos neste processo, como, por exemplo, os diversos setores da sociedade e à capacidade da própria Administração Pública em fazer a gestão deste processo baseando-se em sistemas informatizados como ferramenta operacional e que estejam integrados para a otimização de resultados. Em resumo, a atividade de planejamento governamental tem por objetivo principal estabelecer, baseado em políticas públicas pré-definidas, a forma pela qual o Estado equacionará a oferta à demanda de serviços públicos, num determinado horizonte de tempo, estabelecendo metas e resultados a serem atingidos e, para tal, dimensionar os recursos físicos, humanos e financeiros. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento12/142 4. Aspectos Políticos e Econô- micos do Orçamento Público 4.1 Atribuições Econômicas do Estado Quais seriam as atribuições do Estado que geram crescentes despesas e exigem cada vez mais recursos para seu financiamento? A partir do tripé microeconômico clássico – oferta, demanda e preço – baseado no mercado capitalista, a intervenção estatal tem sua função, em especial, na dinamização da demanda agregada e na utilização dos instrumentos de política de estabilização econômica. Richard Musgrave (1974) propôs uma classificação das funções econômicas do Estado, que se tornaram clássicas. Denominadas como “funções fiscais”, Musgrave as considera também como as próprias “funções do orçamento”, principal instrumento de ação estatal na economia. a) Promover ajustamentos na alocação de recursos (função alocativa). b) Promover ajustamentos na distribuição de renda (função distributiva). c) Manter a estabilidade econômica (função estabilizadora). Voltando à analogia do orçamento familiar, onde estão relacionadas as receitas oriundas dos salários do pai e da mãe e as despesas de seus três filhos, podemos perceber que a figura do planejamento Unidade 1 • Orçamento e Planejamento13/142 orçamentário não se caracteriza apenas como peça de registro financeiro e contábil, mas também como instrumento de ação. Assim, também está sinalizado o tratamento ao orçamento para a Administração Pública, não caracterizando esta peça como apenas um quadro frio e contábil das despesas e receitas públicas. Segundo Harada (2003), o orçamento público, atualmente, constitui-se no principal instrumento de intervenção estatal espelhando um instrumento representativo do consentimento dos contribuintes. Ainda segundo Harada (Ibid.), ao direito de autorizar as receitas seguiu-se o de controlar as despesas, dando origem ao orçamento como processo de fiscalização financeira e cerceamento das tendências abusivas dos governantes. O aspecto político do orçamento pode ser desenhado a partir da afirmação de que a proposta orçamentária é apresentada pelo Executivo para a aprovação do Legislativo, formado de representantes legítimos da sociedade, os quais, por sua vez, aprovarão a peça de acordo com a vontade da massa que representam e nos setores que a ela interessam. Desta forma, o exame da peça orçamentária poderá nos levar a identificar, com clareza, que as despesas elencadas para aquele certo período poderá ser em proveito de certos setores, como, exemplo, a saúde em detrimento da cultura, ou de Unidade 1 • Orçamento e Planejamento14/142 certos grupos sociais (incentivo às micro empresas), que espelham a vontade do direcionamento de um ato baseado em políticas públicas, constituindo, assim, seu caráter político. O orçamento público pode e deve ser analisado também sob o aspecto econômico. Além da representação das vontades políticas, é inegável o caráter de instrumento de otimização dos recursos financeiros quando são compatibilizadas as necessidades da coletividade com as receitas estimadas e efetivamente ingressadas no Tesouro, obrigando o administrador público a utilizar a racionalidade econômica (Id. Ibid.). Ainda sob o aspecto econômico, deve- se considerar o “poder de compra” do Estado. O orçamento como instrumento de determinada política financeira acaba por influenciar a política econômica do Estado. Hipoteticamente, imaginemos que o Governo Federal resolva investir na malha viária na região nordeste do país nos próximos cinco anos em detrimento do desenvolvimento viário. Todo o segmento de produção ferroviária terá um aquecimento no mercado, trazendo um desenvolvimento neste setor. Consequentemente, o setor viário sofrerá um desaquecimento e talvez alguns fornecedores deste segmento deixem de existir. Como afirma Harada (2003, p. 81), “por meio do orçamento é possível ao Estado estimular ou desestimular a produção, o consumo e o investimento, Unidade 1 • Orçamento e Planejamento15/142 ora incrementando a política de gastos públicos (déficit sistemático), ora contendo as despesas, adiando obras e serviços e, ao mesmo tempo, aumentando a carga tributária para absorver o poder aquisitivo dos particulares (superávit orçamentário)”. Bem, onde os recursos serão alocados é uma questão importante, porém, faz-se necessário, neste momento, o questionamento do resultado orçamentário. Para a família mencionada no início desta aula, o que seria melhor: sobrar recurso, faltar recurso ou equilibrar o orçamento? E para o Estado, qual seria o orçamento ótimo? Se faltar recurso, alguma necessidade prevista não foi atendida. Se sobrar, pode significar que o planejamento não foi bem feito no sentido de subdimensionar as necessidades, pois todos sabemos que a sociedade não tem atendida todas suas necessidades pela capacidade máxima de arrecadação de recursos. O ideal seria, então, que orçamento público tivesse saldo “zero” ao final do exercício. Para Aliomar Baleeiro (2002, p.4), a questão não é de equilibrar oorçamento, pois este não pode ser entendido como um fim em si mesmo, mas como um instrumento de progresso de uma nação. Sua função é equilibrar a economia nacional. Já para Harada (2003), o orçamento atua como instrumento de redistribuição de renda nacional e corrige a desigualdade de patrimônio e rendas das pessoas, quer pela tributação, quer pela realização de despesas. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento16/142 5. Natureza Jurídica do Orçamento É a Lei 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal. Em seu artigo 1º dispõe: Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal”. Como está descrito, esta legislação conjuga dois sistemas de informações de controle: o orçamento e a contabilidade. Em termos de contabilidade, podemos considerar que este sistema é um grande gerador de informações sob a forma de registros organizados acerca das realizações feitas ou ainda por fazer da Administração Pública em termos financeiros. Já em termos de orçamento, o qual em sua evolução aliou-se ao planejamento, mostra-se como Unidade 1 • Orçamento e Planejamento17/142 instrumento de que o gestor dispõe para planejar o futuro com informações reais, como as atividades e projetos em1 ação que compõem os programas de trabalho. Como explicitado por Reis e Machado Jr (2012), estas duas técnicas diferem no sentindo de que: enquanto a contabilidade é o instrumento que possibilita a informação para tomada de decisões, controle e avaliação de desempenho, o orçamento deverá assegurar informações sobre políticas e programas para possibilitar o controle gerencial, aliadas a um sistema de quantificação física para a mensuração das ações governamentais”. Sendo assim, é possível considerar que o orçamento é um instrumento que faz o elo entre os sistemas de planejamento e finanças expressando quantitativamente o aspecto financeiro e fisicamente nos programas de trabalho de todas as esferas de governo. Também é possível identificar a utilização do orçamento como ferramenta de descentralização administrativa, de delegação de competência e de apuração de responsabilidades, em que, a partir da alocação dos recursos por atividades, projetos e programas sob a responsabilidade de cada esfera administrativa, dá-se a autorização para a consecução de suas ações. Por fim, Unidade 1 • Orçamento e Planejamento18/142 caracteriza-se também como instrumento de controle gerencial por possibilitar informações para comparações e avaliações de caráter gerencial, tais como as da economicidade, eficiência, eficácia e efetividade (Reis e Machado Jr., 2012). Este caráter gerencial só é possível pelo fato de a peça orçamentária no Brasil ser instituído por Lei que abrange a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal, criando certa padronização da existência de normas homogêneas em todo o país. Esta homogeneidade facilita a obtenção das informações que são trabalhadas sob a forma de dados estatísticos financeiros e de efetivação dos programas de trabalho, assim como a junção de forma consolidada dos orçamentos do setor público brasileiro. E quem pode legislar sobre Orçamento Público no país? O artigo 24, da Lei 4.320/64, diz: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I. direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; II. orçamento. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento19/142 Entende-se do mencionado no caput deste artigo que os Estados e o Distrito Federal poderão legislar concorrentemente com a União sobre matérias orçamentárias e financeiras, porém é importante destacar que a União tem a competência de limitar- se a estabelecer normas gerais, em que não excluem a competência suplementar dos Estados. Caso não haja tal lei federal sobre normas gerais, os Estados e o Distrito Federal exercerão a competência legislativa para atender às suas peculiaridades. De acordo com o art. 30, II da Constituição do Brasil, o Município poderá legislar de forma suplementar, no que couber à legislação federal ou estadual. Desta forma, o Município pode estabelecer, por Lei, normas específicas de controle interno e de administração financeira e orçamentária e de contabilidade. 6. Princípios Orçamentários Os princípios podem ser definidos como o instituto basilar, o fundamento, a razão fundamental que norteiam as ações, sendo elas de qualquer natureza. Os princípios gerais do direito são normas que permeiam o sistema jurídico como um todo e têm o papel de representar os valores fundamentais de uma sociedade. Assim, o orçamento público também está baseado em princípios, ou aquelas diretrizes gerais oriundas das regras construídas pela sociedade e que tanto Unidade 1 • Orçamento e Planejamento20/142 são importantes para que compreendamos as razões ou motivos do arcabouço orçamentário brasileiro. A seguir serão elencados alguns princípios orçamentários que são encontráveis na própria Constituição Federal, de forma expressa ou implícita, segundo Harada (2003). 6.1 Princípio da Exclusividade Este princípio se refere ao conteúdo do orçamento e está descrito no parágrafo 8º do art. 165 da CF: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação da receita, nos termos da lei”. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento21/142 Este princípio em como norte evitar que existam matérias estranhas ao respectivo projeto de lei e que, de qualquer sorte, possam causar um desequilíbrio ao planejamento já feito. Mas é importante mencionar que a CF prevê que haja o que chamamos de alterações orçamentárias, as quais podem ser descritas como suplementações de dotações já existentes ou mesmo novas dotações que estejam previstas como antecipações de receitas. 6.2 Princípio da Programação Todo o orçamento público está ligado ao plano de ação governamental. O plano de ação está construído sobre os programas de governo que constam de apenas um ano civil ou mais, sendo este último constante do plano plurianual. Estando, então, todos os programas autorizados, inicia-se o processo de execução orçamentária. Mas nada poderá ser liberado sem prévia programação de despesas e, desta forma, asseguram-se às unidades orçamentárias os recursos financeiros necessários à boa execução de suas atividades e projetos, bem como manter o possível equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, para que se evite ao máximo as situações de insuficiência de caixa. O princípio da programação decorre dos artigos 48, II e IV, e 165, parágrafo 4º, da CF e estão recepcionados pelos artigos 47 a 50 da Lei 4.320/64. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento22/142 6.3 Princípio do Equilíbrio Orçamentário Este princípio estava embasado na antiga Constituição Federal de 1967 e não está previsto explicitamente na Constituição Federal atual (1988). Era considerada a regra de ouro das finanças onde as receitas e despesas devem estar equilibradas. A partir da crise econômica de 1929, este princípio passou a ser discutido, pois o papel do Estado como orientador e regulador do Estado passou a ser mais acentuado. Portanto, em algumas épocas é necessário, devido às conjunturas, que o Estado estabeleça o mecanismo de gastos em áreas específicas que antes não havia sido estabelecido. Segundo Harada (2003): “prevalece o pensamento de que não cabe à economia equilibrar o orçamento, mas ao orçamento equilibrar a economia, isto é, o equilíbrio orçamentárionão pode ser entendido como um fim em si mesmo, mas como um instrumento a serviço do desenvolvimento da nação” (p. 84). Unidade 1 • Orçamento e Planejamento23/142 6.4 Princípio da Anualidade O princípio da anualidade orçamentária decorre de vários dispositivos expressos na Constituição Federal (artigos 48, II, 65, III e parágrafo 5º e 166º). Embora a CF não estabeleça que o exercício financeiro deva corresponder ao exercício civil, a Lei 4.320/64 dispõe que o exercício financeiro vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro, coincidindo, portanto, com o ano calendário. Sabemos que os programas governamentais, em sua maioria, ultrapassam um ano civil, sendo assim, plurianuais, mas seu orçamento deve ser previsto e executado em bases anuais, como previsto na Lei 4.320/64. 6.5 Princípio da Unidade Cada entidade de direito público deve possuir apenas um orçamento, ou seja, um para a União, um para o Estado e um para os Municípios, embora o parágrafo 5º do artigo 65 da CF estabeleça a existência de vários documentos orçamentários: o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; orçamento de investimento das empresas estatais; orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração indireta e direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento24/142 Assim, percebemos que a ideia não é ter apenas um documento como unidade documental, mas sim que os orçamentos estejam estruturados uniformemente, utilizando a mesma metodologia e baseados no princípio da programação. Este princípio reza que o orçamento deva conter todas as despesas e receitas de todos os entes federativos e que nenhuma instituição pública deve ficar fora do orçamento. 6.6 Princípio da Legalidade Esse princípio significa que a Administração Pública subordina-se às prescrições legais. O campo de atuação do princípio da legalidade orçamentária alcança também os planos, programas e alterações orçamentárias. (artigos 48, II, IV, 166, 167, I, III, V, VI e IX da CF). 6.7 Outros Princípios Temos ainda o Princípio da Publicidade Orçamentária, baseado no Princípio Basilar da CF da publicidade na Administração Pública, o Princípio da Não-Vinculação da Receita de Impostos a Órgão, Fundo ou Despesa (art. 167, IV da CF) e o da Quantificação dos Créditos Orçamentários (inciso VII, art. 167 da CF) que veda a concessão ou utilização de créditos ilimitados. Questão reflexão ? para 25/142 Partindo da afirmação de que o Estado necessita se organizar para atender às demandas da sociedade, qual é a ferramenta adequada para tal? Justifique. 26/142 Considerações Finais Fazer um orçamento, mesmo que doméstico, é ter uma ferramenta poderosa de planejamento para a realização de nossos projetos. A administração pública se organiza de forma tal que possibilita o planejamento para o atendimento das demandas das sociedades, eficaz e eficientemente. Esta organização está baseada no desenvolvimento o orçamento público. O orçamento público está baseado em princípios que foram elaborados a partir da organização da própria sociedade, sendo, entre outros: exclusividade, programação, equilíbrio orçamentário, anualidade, unidade e legalidade. Unidade 1 • Orçamento e Planejamento27/142 Referências ALBUQUERQUE, Claudiano; MEDEIROS, Márcio; FEIJÓ, Paulo Henrique. Gestão de Finanças Públicas. Brasília, Coleção Gestão Publica, 2ª edição, 2008. BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das Finanças. 16. ed .rev. e atualizada por Dejalma de Campos. Rio de Janeiro: Forense, 2002. BURKHEAD, Jesse. Orçamento Público. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1971. FERRER, Florência. “Déficit de Avaliação” na Administração Pública e seus Efeitos Perversos. Disponível em: <www.florenciaferrer.com.br> Acesso em: 03 Nov. 2011. HARADA, KYOSHI. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo. Editora Atlas, 2008. MARE - MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO FEDERAL E REFORMA DO ESTADO – Programa da qualidade e participação na administração pública, Caderno 4, Brasília, 1997. MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, SECRETARIA DE GESTÃO. Melhoria da gestão pública por meio da definição de um guia referencial […]. Produto 1: Mapeamento bibliográfico e do Estado da Arte sobre indicadores de Gestão. Brasília, 2009. REIS, Heraldo da Costa; MACHADO JR, José Teixeira. A Lei 4.320 comentada e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Rio de Janeiro. Lumen Juris Editora, 2012. http://www.florenciaferrer.com.br Unidade 1 • Orçamento e Planejamento28/142 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20ª edição. Atlas, 2007. GIACOMONI, James. Orçamento Público. 16ª edição. Atlas, 2012. 29/142 1. Qual é a atividade governamental que tem como objetivo principal estabelecer, baseado em políticas públicas pré-definidas, a forma pela qual o Estado equacionará a oferta à demanda de serviços públicos, num determinado horizonte de tempo, estabelecendo metas e resultados a serem atingidos e definindo os recursos necessários? a) execução orçamentária b) implantação de projetos c) planejamento d) gestão de processo e) compras públicas Questão 1 30/142 2. O orçamento público sob o enfoque econômico preconiza: a) a classificação das receitas b) a otimização dos recursos financeiros c) a classificação das despesas d) o superávit orçamentário e) o superávit financeiro Questão 2 31/142 3. Qual é o instrumento jurídico que estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal? a) Lei 4.320/64 b) Lei 101/2000 c) Lei 8.666/93 d) Portaria CPO 42/95 e) Lei de Licitações e Contratos Questão 3 32/142 4. Qual é o princípio orçamentário que se refere: A Lei Orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratações de operações de crédito, ainda que por antecipação da receita, nos termos da lei. a) da programação b) do equilíbrio orçamentário c) da anualidade d) da exclusividade e) da unidade Questão 4 33/142 5. a Lei 4.320/64 dispõe que o exercício financeiro vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro, coincidindo, portanto, com o ano calendário. Indique qual o princípio orçamentário que trata deste assunto. a) da programação b) do equilíbrio orçamentário c) da anualidade d) da exclusividade e) da unidade Questão 5 34/142 Gabarito 1. Resposta: C. Planejamento. 2. Resposta: B. A otimização dos recursos financeiros. 3. Resposta: A. Lei 4.320/64. 4. Resposta: D. da exclusividade. 5. Resposta: C. Da anualidade. 35/142 Unidade 2 Modelo Orçamentário no Brasil Objetivos 1. O objetivo desta aula é apresentar uma breve nota histórica sobre o orçamento e quais são as ferramentas instituídas para a formulação, validação e aprovação do orçamento no Brasil. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil36/142 1. Introdução. Um pouco de História Em 1215, na Inglaterra, foi elaborado um documento denominado Magna Carta, o qual, resumidamente, limitaria o poder dos monarcas daquele país, impedindo o poder absoluto, ou seja, a vontade do rei a partir de então estaria sujeita às leis. O artigo 12 da Magna Carta, outorgada pelo Rei João sem Terra, rezava: “Nenhum tributo ou auxílio será instituído no Reino, senão pelo seu conselho comum, exceto com o fim de resgatar a pessoa do Rei fazer seu primogênito cavaleiro e casar sua filha mais velha uma vez, os auxílios para esse fim serão razoáveis em seu montante” (BURKHEAD, 1971). Desta forma, vemos o início da separação das contas do Rei e o Parlamento, bem como a destinação de despesas específicas em relação às receitas.Com o passar do tempo, observou-se que não bastava autorizar a cobrança de rendas públicas. Era necessário também verificar se sua aplicação correspondia às finalidades para as quais foram autorizadas. Em todo o século XIX, o orçamento público inglês foi sendo aperfeiçoado e valorizado como instrumento básico da política econômica e financeira do Estado. Mencionar a história do orçamento público na Inglaterra se faz importante em dois aspectos: primeiro, por descrever a natureza técnica e jurídica desse Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil37/142 instrumento e, segundo, por difundir a instituição orçamentária em outros países (GIACOMONI, 2012). Na França, a instituição orçamentária surgiu posteriormente à adoção do princípio do consentimento popular do imposto outorgado pela Revolução de 1789, embora haja registros de uma organização proposta desde o século XIV. Segundo Burkhead (1971), o sistema orçamentário Francês ajudou a consolidar algumas regras atualmente aceitas no orçamento público: • A anualidade do orçamento. • A votação do orçamento antes do início do exercício. • O orçamento de conter todas as previsões financeiras para o exercício (princípio da universalidade). • A não vinculação de itens da receita e despesas específicas (princípio da não afetação das receitas). Para alguns autores, a revolução pela independência dos Estados Unidos decorreu da contrariedade dos colonos em face dos tributos cobrados pelo governo inglês. O início da revolta se deu pelo fato do Parlamento inglês lançar impostos à revelia de qualquer consulta dos interessados. Nos primeiros anos da República havia muita proximidade entre os congressistas e os membros do Gabinete, porém as poucas Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil38/142 formalidades impediam que houvesse uma transparência e clareza a respeito das separações das funções legislativas e executivas em matéria financeira. Assim como em outros países, ao longo das décadas, novas técnicas administrativas foram introduzidas para a adequação do instrumento do orçamento como figura eficaz. Contudo, um fato importante marca esta evolução. Foi designado em 1910, pelo então presidente Taft, a Comissão de Economia e Eficiência, que objetivava a realização de amplo estudo do funcionamento da administração federal, visando à sua modernização. Percebe-se que esta modernização leva a uma tendência de aproximação entre o planejamento e o orçamento e é possível a concepção do orçamento como cumpridor de uma séria de objetivos: um documento para ação por parte do Congresso, um instrumento de controle e de administração para o Chefe do Executivo e uma base para fazer funcionar os departamentos e os órgãos. O Brasil iniciou um processo de organização de suas finanças com a vinda da família real e a abertura dos portos trouxe a necessidade de maior disciplinamento na cobrança dos tributos aduaneiros. Em 1808, foram criados o Erário Público (Tesouro) e o regime de contabilidade. Na história do Brasil, também encontramos o desenvolvimento do orçamento público Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil39/142 em todas as edições das Constituições Brasileiras, com início em 1824. As atribuições a respeito das competências sobre a elaboração e aprovação das leis orçamentárias sempre orbitou entre o Executivo e o Legislativo. Mesmo em tempos de maior poder ao Legislativo, sempre coube ao Executivo a proposta de elaboração do orçamento público. Importante ressaltar que em 1922, por ato do Congresso Nacional, foi aprovado o Código de Contabilidade da União. Tal norma e seu regulamento logo baixados constituíram importante conquista técnica, pois possibilitou ordenar toda a gama imensa de procedimentos orçamentários, financeiros, contábeis, patrimoniais etc., que já caracterizavam a gestão em âmbito federal (GIACOMONI, 2012). Na última edição da Constituição Brasileira, datada de 1988, inovação importante trazida pelo texto constitucional foi a instituição do plano plurianual e da lei anual de diretrizes orçamentárias que compõe, com o orçamento anual, o sistema orçamentário e o ciclo ampliado – agora plurianual – da gestão orçamentária e financeira pública. 2. Estrutura Orçamentária no Brasil A gestão orçamentária no Brasil está diretamente vinculada ao processo de planejamento público e está baseada no Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil40/142 O orçamento-programa “é aquele que apresenta os propósitos, objetivos e metas para as quais a administração solicita os fundos necessários, identifica os custos dos programas propostos para alcançar tais objetivos e os dados quantitativos que se medem as realizações e o trabalho realizado dentro de cada programa” ou conceito de orçamento-programa, com ênfase nas realizações. “uma sistemática para ordenar a aplicação dos recursos financeiros, visando objetivos definidos, dentro de uma programação e um planejamento coordenados” ou, ainda, “instrumento que cumpre o propósito de combinar os recursos disponíveis no futuro imediato para consecução dos objetivos de longo e médio prazo” (FUNDAP, 2008). Voltemos ao exemplo da família que, neste momento, decide fazer uma viagem de lazer nas férias. Em primeiro lugar, a família deve declarar o motivo por que decide viajar em férias, depois definir para onde ir, quando viajará, quanto tempo deverá ficar, quais recursos serão consumidos etc. Este seria um dos programas da família que deveria estar presente em seu orçamento familiar que, ao longo da realização de suas Para saber mais Orçamento-Programa é um plano de trabalho do governo, no qual se especificam as proposições concretas que se pretende realizar durante o ano financeiro. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil41/142 etapas, possa ser acompanhado, avaliado e até modificado, sempre de acordo com o objetivo principal e, por fim, obter uma avaliação do resultado final. Na Administração Pública o planejamento e realização de suas ações são inicialmente registrados no que chamamos de programas. Programas estes que foram eleitos de acordo com as necessidades da sociedade e definidos como prioritários pelos representantes do povo. Estes programas são materializados em três instrumentos principais: PPA – Plano Plurianual, LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias e LOA – Lei Orçamentária Anual. 3. Leis Orçamentárias Existem três leis orçamentárias de acordo com a Constituição Federal Brasileira prevista no artigo 165, todas de iniciativa do Executivo, o qual institui o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e aprova o orçamento anual. 3.1 Plano Plurianual – PPA O Plano Plurianual – PPA é o instrumento legal de planejamento de maior alcance temporal no estabelecimento das prioridades e no direcionamento das ações do governo. (ALBUQUERQUE et al., 2008). É Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil42/142 o documento em que devem constar todos os programas da administração pública de forma regionalizada, as diretrizes, ações, projetos e onde os recursos a serem aplicados deverão estar alocados para um período equivalente ao do mandato do chefe do Poder Executivo deslocado em um exercício (quatro anos). Por exemplo, estamos no mandato para Governador de Estado para os anos de 2011 a 2014 e o PPA deverá ser aprovado para o período de 2012 a 2015. O PPA, como forma de instrumento gerencial, foi instituído na Constituição Federal de 1998 e antes disso havia o OPI – Orçamento Plurianual de Investimento, que se limitava a planejar os investimentos e não chegava a abranger diretrizes, objetivos e metas para toda a administração. Para a análise da base legal, tomaremos como parâmetro do PPA a legislação federal, valendo para os Estados, Distrito Federal e os Municípios a analogia em relação à União. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil43/142 Em relação à regionalização, assim dispõe o art. 165 da CF de 1988:Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. §1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.” Esta previsão de regionalização tem como objetivo levar em consideração as diferenças de atuação e de necessidades das diferentes regiões brasileiras e promover a redução das desigualdades, já que o território brasileiro é grandioso e possui diferentes realidades. A regionalização atualmente considera as cinco macrorregiões, a saber: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Assim, poderá ser identificado em cada programa onde estão Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil44/142 localizados os beneficiários ou que região será alcançada com tal projeto. Ocorre que, em muitos casos, não há como promover a divisão da entrega deste ou aquele benefício, pois se trata de programas abrangentes e também de registro do programa em apenas um local. Como ilustrado por Albuquerque et al. (2008), o exemplo da construção de uma usina de geração de energia realizado em um determinado estado da federação não é necessariamente contabilizado exclusivamente naquele estado, mas em todos onde estiverem localizados os beneficiários diretos daquela ação. Também como exemplo, a “Aquisição de Chancelaria da Embaixada do Brasil em Pretória, na África do Sul” que beneficiará indistintamente todos os brasileiros, independentemente do estado ou região macroeconômica em que residem. Desta forma, existe a possibilidade de haver mais uma região, a qual poderíamos nomear de nacional. Então, compreendem regionalizações possíveis do Plano Plurianual da União: • Centro-Oeste. • Nacional (ausência de regionalização). • Nordeste. • Sudeste. • Sul. A regionalização dos planos plurianuais dos estados, Distrito Federal e municípios Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil45/142 não é regulada pela Constituição Federal. Todavia, mesmo que não haja previsão legal para tal, esta prática deve ser estimulada, pois oferece maior transparência e orientação à aplicação dos recursos. 3.1.1 Abrangência, Prazos e Vi- gência §1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.” O Plano Plurianual influencia as despesas de capital e outras delas decorrentes e as relativas aos programas de duração continuada. Como título ilustrativo, vamos imaginar que o estado de Sergipe inclui em seu PPA o programa de construção de um hospital no ano de 2013. Com a finalização da construção deste hospital, o estado de Sergipe agora aumentou o seu capital. Assim, tipificamos uma despesa de capital que são aquelas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. Mas, a partir de 2013, este hospital deverá então ocorrer em despesas para sua manutenção. Desta forma, está caracterizada a despesa corrente que representa o incremento de gastos correntes resultantes da ampliação de bens e serviços ofertados pela administração pública. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil46/142 Já as despesas relativas aos programas de duração continuada se referem à manutenção dos bens e serviços públicos ofertados pela administração pública no período de vigência do Plano Plurianual. Exemplo: manutenção do serviço de saúde pública no estado de Sergipe. Em relação ao prazo, o parágrafo 9º do artigo 165 da Constituição Federal remete a lei complementar à disposição sobre a vigência, os prazos, a elaboração e organização do Plano Plurianual “§9º - Cabe à lei complementar: I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual” Contudo, a inexistência da referida legislação condiciona esses aspectos do PPA à disposição do artigo 35 dos Atos e Disposições Constitucionais Transitórias, que define em seu parágrafo 2º: Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil47/142 “§2º - até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, §9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa.” A vigência do Plano Plurianual está definida até o final do primeiro exercício financeiro do mandato subsequente. Considerando o período de quatro anos para o mandato presidencial que coincide com o ano civil, e este coincidente com o ano financeiro, temos o Plano Plurianual com vigência de quatro anos, deslocado um exercício em relação ao mandato presidencial, como ilustrado no quadro abaixo: Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil48/142 ano x Mandato Presidencial 1 ano x+1 PPA (x+1 a x+4) ano x+2 ano x+3 ano x+4 Mandato Presidencial 2 ano x+5 PPA (x+1 a x+4) ano x+6 ano x+7 ano x+8 3.1.2 Conteúdo Basicamente, o PPA compor-se-á de dois grandes módulos: a base estratégica e os programas. Para Albuquerque et al. (2008), de um modo geral, a base estratégica compreende: • Análise da situação econômica e social. • Diretrizes, objetivos e prioridades de governo propostas pelo Chefe do Poder Executivo e aprovadas pelo poder Legislativo. • Previsão dos recursos orçamentários e sua distribuição entre os setores e/ ou entre os programas. • Diretrizes, objetivos e prioridades dos órgãos setoriais compatíveis coma orientação estratégica de governo. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil49/142 E os programas compreendem: • Definição dos problemas a serem solucionados e os objetivos a serem alcançados na superação desses problemas. • Conjunto de ações que deverão ser empreendidas para alcançar os objetivos estabelecidos. Ainda para Albuquerque (Ibid.), Programa é um conjunto articulado de ações (orçamentárias – projetos, atividades e operações especiais – e não orçamentárias), estruturas e pessoas motivadas ao alcance de um objetivo comum. Esse objetivo é concretizado em um resultado (solução de um problema ou atendimento de uma demanda da sociedade), expresso pela evolução de indicadores no período de execução do programa, possibilitando, assim, a avaliação objetiva da atuação do Governo. E o que é importante salientar sobre os programas é que eles partem de uma necessidade da sociedade e são inseridos na agenda de governo para que, com o desenvolvimento de ações, este problema possa ser solucionado. É fundamental que objetivos sejam descritos, bem como as metas e indicadores sejam desenhados para que, então, os resultados possam ser mensurados. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil50/142 3.2 Lei de Diretrizes Orçamen- tárias - LDO A Lei de Diretrizes Orçamentárias foi a grande inovação no sistema orçamentário nacional introduzida pela CF de 1988 e é o documento que faz a ligação do plano plurianual com o orçamento anual, e se estrutura em quatro diretrizes operacionais básicas, segundo Reis e Machado Jr. (2012), a saber: • Compreenderá metas e prioridades da Administração, incluindo as Despesas de Capital para o exercício financeiro subsequente. As metas poderão ser de caráter social, econômico e financeiro e estarão refletidas no Plano Plurianual, enquanto as prioridades dizem respeito às atividades implantadas e já implementadas, dentre as quais revelam-se as obrigatórias como a educação e a saúde, cujas aplicações devem observarregras constantes da Constituição da República. • Orientará a elaboração do orçamento. Esta diretriz tratará da metodologia de elaboração do orçamento que, além de observar os princípios que lhe são inerentes, mostrará como foram projetadas as receitas e as despesas da organização governamental, bem como a atuação integrada dos órgãos da administração governamental. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil51/142 • Disporá sobre a legislação tributária. Esta diretriz indicará as providências da administração que digam respeito às alterações na legislação tributária e que produzirão efeitos nas projeções das receitas tributárias e na estrutura do orçamento governamental. • Estabelecerá a política de aplicação das agências de financeiras oficiais de fomento. O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa. Este papel intermediário entre os programas e metas contidos no plano plurianual e a previsão da receita e fixação da despesa contidas na Lei de Orçamento Anual, a LDO tem o papel de equilíbrio entre a estratégia proposta no início de um governo e as reais possibilidades que vão se configurando ao longo dos anos da implementação do PPA. Outra função fundamental da LDO é a de dispor sobre as normas para o controle de custos e avaliação de resultados dos programas financiados com recursos orçamentários. A questão da avaliação dos programas é um ponto importante a ser tratado, pois, por meio desta avaliação, será possível programar e reprogramar o planejamento Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil52/142 previamente feito. Mas este ponto será abordado com mais propriedade quando se tratar de Avaliação de Políticas Públicas. 3.2.1 Anexos da LDO No anexo de Prioridade e Metas da LDO estarão definidas as despesas que terão precedência na alocação dos recursos no projeto e na Lei do Orçamento do exercício seguinte, bem como em sua execução. Se faz mister salientar que as metas estabelecidas na LDO não constituem limite à programação da despesa, mas base para a programação e execução das despesas incluídas nos Orçamentos. Somente as despesas que constituem obrigação constitucional ou legal, as ações relativas aos programas sociais existentes e as de funcionamento dos órgãos e entidades que integram os orçamentos fiscal e da seguridade social gozam de privilégio em relação àquelas listadas no Anexo de Prioridades e Metas. Por essa razão, e para que não restem dúvidas em relação ao estabelecimento de prioridades, recomenda-se que as despesas obrigatórias de caráter continuado, as das ações de programas sociais existentes e aquelas relativas ao funcionamento dos órgãos e entidades públicos não constem do Anexo de Prioridades e Metas Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil53/142 3.2.2 Estrutura e Organização Com o intuito de manter a uniformidade conceitual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem definido: • A estrutura programática dos orçamentos. • A classificação institucional e os papéis assumidos pelas instituições no processo orçamentário. • A finalidade da classificação funcional. • A competência dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social ou de Investimentos (das empresas estatais). • A classificação econômica da despesa. • A estrutura do projeto de lei orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo e da respectiva lei. A estrutura programática, pelo próprio nome, relatará quais são os programas elencados e como eles estão organizados. A classificação institucional indicará a que instituição aquele programa se refere. A classificação funcional mostra-se importante para que os gestores públicos possam ter padronizadas as informações gerenciais para tomada de decisão e deve seguir os preceitos da Portaria MOG nº 42, de 14 de abril de 1999. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil54/142 Como exemplo, vamos tomar despesas de um programa no município X em construções de escolas, bem como despesas semelhantes efetuadas pelo estado Y. Segundo o anexo da Portaria MOG 42, as despesas com construção de escolas se encaixariam na função 12 – Educação, mas seria necessário ainda que esta despesa estivesse classificada em uma subfunção. De qualquer forma, a esta altura, teríamos de certo como afirmar quanto o país havia gasto em Educação, somente por esta simples classificação. Portanto é importante que os gestores públicos tenham o conhecimento do conteúdo da Portaria MOG 42, que pode ser encontrada em: Em resumo, para estruturar a peça orçamentária é necessário conhecer as informações de quem estará propondo a despesa, para qual o objetivo e em que será gasto. Vamos imaginar um exemplo: João, pai de Marcelo e Maria e avô de José, está preocupado com os rumos da educação em sua família. Marcelo, pai de José, completou Link Portaria MOG 42. Atualiza a discriminação da despesa por funções , vale a pena pesquisar um pouco mais sobre o assunto. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil55/142 apenas o ensino fundamental e tem um emprego relativamente bom considerando sua escolaridade, porém, para alcançar novos horizontes, ele deveria ter dado continuidade aos seus estudos. Assim, João resolveu poupar algum dinheiro para que José, hoje com 6 anos de idade, possa completar seus estudos até o nível universitário, pois assim ele acredita que o neto terá mais chances de conseguir um desenvolvimento profissional que lhe renda mais recursos. Portanto, por analogia, podemos dizer que o Sr. João é a instituição que irá investir no programa “Educação do neto José” para enfrentar o problema de baixa escolaridade de sua família com o objetivo de proporcionar um maior bem- estar para a mesma. E para organizar este investimento, o Sr. João vai nomear estas despesas na rubrica Educação (classificação funcional) para que estes recursos não se confundam com as outras finalidades para a manutenção de sua família. A administração pública também funciona assim, porém, é claro, guardando sua respectiva amplitude. Parece simples, não é? Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil56/142 3.3 Lei do Orçamento Anual - LOA 3.3.1 Elaboração da Lei do Or- çamento – A Proposta Orça- mentária O artigo 22 da Lei 4.320/64 trata do conteúdo e da forma da proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições Federal e/ou Estadual e nas Leis Orgânicas dos Municípios, conforme dispõe o parágrafo 9 do art. 165 da CF/88. Os incisos deste artigo tratam minuciosamente de organizar a elaboração da proposta orçamentária a fim de padronizar este documento. O Inciso I trata da mensagem com alguns pontos obrigatórios, mas também poderá conter um breve histórico dos indicadores e resultados do órgão, o que facilitaria a contextualização das demandas pelo Legislativo. O Inciso II trata do projeto de lei orçamentária que deverá refletir políticas e programas governamentais, observados os princípios da unidade e da universalidade com o objetivo de dar mais transparência ao orçamento. O projeto de lei deverá conter, além do determinado no parágrafo 5º, incisos I, II e III do art. 165 da CF, dispositivos que: • Estabeleçam a previsão da receita e a fixação da despesa; Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil57/142 • Determinem as fontes de receita pública. • Determinem as destinações dos recursos orçamentários aos órgãos ou às funções de Governo. • Estabeleçam a previsão das receitas aos órgãos da Administração indireta, bem como as aplicações a serem efetuadas através deles, desde que recebam transferências para a conta do orçamento. • Autorizem o Poder Executivo a abrir créditos suplementares até determinado limite. • Autorizem o Poder Executivo a efetuar operações de crédito, inclusive aspor antecipação da receita, obedecida a legislação em vigor sobre a matéria. O inciso III trata das tabelas explicativas com as informações básicas indispensáveis para a composição da proposta orçamentária e que podem se resumir em dois quadros: o da Receita e o da Despesa com três colunas: Receita Despesa RA – Receita Arrecadada DR – Despesa Realizada RO – Receita Orçamentária DF – Despesa Fixada RP – Receita Prevista DP – Despesa Prevista Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil58/142 O Inciso IV trata dos programas especiais de trabalho onde o legislador pretendeu dar uma margem de flexibilidade e de descentralização. Segundo o artigo 32 da Lei 4.320/64: “Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta de Lei de Orçamento vigente”. É importante salientar que o orçar significa “dar rumo”, portanto não é recomendável que a lei do orçamento anual não seja votada em seu prazo legal, pois desta forma a sociedade pode sofrer pela não realização de seus programas conforme o planejado. Infelizmente, estes atrasos costumam ocorrer em todas as esferas de Governo. O desafio do gestor público é o de fazer com que estas peças orçamentárias estejam caminhando de acordo com seu curso planejado de forma a poder executar seus programas eficazmente. Estes atrasos podem ocorrer por ocasião do recebimento da proposta pelo Legislativo, o qual, neste momento, pode receber as emendas a este orçamento, está regulamentado pelo art. 66 da CF, transcrito a seguir: Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil59/142 §3º As emendas ao projeto de Lei do Orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso: I. sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias; II. indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulações de despesa, excluídas as que indicam sobre; a) dotações para pessoal e seus encargos; b) serviços da dívida; e c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou III. sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou…. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil60/142 A partir então da publicação da Lei Orçamentária Anual, o orçamento poderá ser executado de acordo com o que havia sido planejado e os programas então começam a se materializar de acordo com a estrutura de execução orçamentária. Questão reflexão ? para 61/142 Faça um resumo das ferramentas orçamentárias, seus objetivos gerais e suas interações. 62/142 Considerações Finais A gestão orçamentária no Brasil está diretamente vinculada ao processo de planejamento público. O Plano Plurianual é o instrumento legal de planejamento de maior alcance temporal no estabelecimento de prioridades e no direcionamento das ações do governo. A Lei de Diretrizes Orçamentárias é o documento que faz a ligação do plano plurianual com o orçamento anual. A partir da publicação da Lei Orçamentária Anual, o orçamento poderá ser executado de acordo com o que havia sido planejado. Unidade 2 • Modelo Orçamentário no Brasil63/142 Referências ALBUQUERQUE, Claudiano; MEDEIROS, Márcio; FEIJÓ, Paulo Henrique. Gestão de Finanças Públicas. Brasília, Coleção Gestão Publica, 2ª edição, 2008. BURKHEAD, Jesse. Orçamento Público. Rio de Janeiro. Fundação Getúlio Vargas, 1971. FUNDAP – FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Gestão Orçamentária e Financeira. Programa de Desenvolvimento Gerencial. São Paulo, 2008. HARADA, KYOSHI. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo. Editora Atlas, 2008 REIS, Heraldo da Costa; MACHADO JR, José Teixeira. A Lei 4.320 comentada e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Rio de Janeiro. Lumen Juris Editora, 2012. GIACOMONI, James. Orçamento Público. 16ª edição. Atlas, 2012. 64/142 1. Na administração pública, onde são registrados o planejamento e a realização de suas ações? a) orçamento b) programas c) atividades d) projetos e) ações Questão 1 65/142 2. Quais são as leis orçamentárias no Brasil? a) Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei do Orçamento Anual b) Plano Plurianual e Lei de Diretrizes Básicas c) Lei de Diretrizes Básicas e Lei Orçamentária Anual, somente. d) Plano Plurianual e Lei de Diretrizes Orçamentárias, somente. e) Lei de Responsabilidade Fiscal e Plano Plurianual. Questão 2 66/142 3. A vigência do Plano Plurianual a) até o final do segundo exercício financeiro do mandato subseqüente b) até o início do segundo exercício financeiro do mandato subseqüente c) coincidente com o período do mandato presidencial d) até o início do primeiro exercício financeiro do mandato subseqüente e) até o final do primeiro exercício financeiro do mandato subsequente Questão 3 67/142 4. Indique qual a lei orçamentária que está estruturada nas seguintes diretrizes operacionais: compreende metas e prioridades da Administração; orientar a elaboração do orçamento; dispõe sobre a legislação tributária e estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento: a) CF b) PPA c) LDO d) LOA e) LRF Questão 4 68/142 5. A Lei do Orçamento anual tem como função principal: a) elencar os programas prioritários do PPA b) autorizar a execução do orçamento anual c) estabelecer diretrizes orçamentárias d) dispõe sobre a execução financeira, prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual e) definir o anexo de prioridades e metas. Questão 5 69/142 Gabarito 1. Resposta: B. Programas. 2. Resposta: A. Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei do Orçamento Anual. 3. Resposta: E. Até o final do primeiro exercício financeiro do mandato subsequente. 4. Resposta: C. LDO. 5. Resposta: B. Autorizar a execução do orçamento anual. 70/142 Unidade 3 Programação e Execução Financeira Objetivos 1. Esta aula pretende demonstrar os instrumentos da programação e execução financeira anual que tem como objetivo a garantia de obtenção dos recursos necessários para a consecução dos programas previamente aprovados, bem como tratar do assunto de créditos adicionais, caso não haja recursos suficientes para os programas. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira71/142 1. Introdução Em toda a organização, seja ela pública ou privada, faz-se necessário adequar o compasso dos pagamentos ou despesas com o ingresso de receitas no caixa. Contudo, isso é um desafio a ser enfrentado por todos os administradores. Trata-se de tarefa que exige planejamento, implicando na prospecção quanto ao recebimento dos créditos e das receitas da entidade, assim como dos compromissos a serem pagos em cada época, objetivando a previsão, com a maior exatidão possível, dos fluxos de entradas e saídas de recursos no caixa, sem o que é impossível realizar um bom gerenciamento das finanças (Albuquerque et al., 2008). Este tipo de organização financeira também é utilizado em nosso orçamento doméstico. Em nossa família para que efetuemos as despesas conforme nossa programação, como por exemplo, o pagamento mensal da escola dos filhos, despesa semanal do supermercado, da poupança para a viagem de férias, etc. é importante que saibamos quais são as nossas receitas, em que tempo elas ocorrem (ex.: mensal, quinzenal, semanal, ou por tarefas) e qual o montante delas. Mas por quê? Basicamente para que possamos evitar que não tenhamos o recurso suficiente para fazer frente a uma despesa na ocasião da consecução de uma tarefa. Com este planejamento também se procura evitar que tenhamos que pedir “empréstimos” a instituições financeiras Unidade 3 • Programação e Execução Financeira72/142 com a incidência de encargos financeiros, acrescendo às despesas sejam acrescidos valores adicionais em relação ao valor original, fazendo com que tenhamos que gastar mais que o devido. Desta forma,tanto para os indivíduos quanto para a sociedade em geral, empresas, organizações em geral, bem como para o governo, o planejamento financeiro procura evitar que eventuais desajustes venham a desestabilizar o equilíbrio da economia. Para Albuquerque (2008), um bom fluxo de caixa deve ser estabelecido para que: • Eventuais insuficiências de caixa deixem de ocorrer. • Os recursos disponíveis não se mantenham ociosos. • Se possível, uma reserva mínima de caixa se mantenha disponível, para atendimento de eventuais contingências. • Programas em andamento não sejam paralisados por falta de recursos. • A execução dos programas se mantenha em ritmo regular, em conformidade com o planejamento pertinente, com elevado grau de eficiência. • Recursos de terceiros a serem utilizados sejam previamente negociados, para que se obtenham as melhores condições do mercado de crédito. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira73/142 • O mercado de crédito não seja negativamente afetado pelo não cumprimento das obrigações. • Problemas sociais não sejam criados por atrasos nos pagamentos dos salários. A materialização de uma programação financeira de desembolso em nosso país em todos os níveis de governo – União, Estados e Municípios –, foi institucionalizada pela Lei 4.320/64. Em seus artigos 47 e 48 ficou estabelecido que, a cada ano, imediatamente após a promulgação da Lei Orçamentária, o Poder Executivo deverá ajustar o compasso de execução do orçamento ao fluxo provável de recursos financeiros, mediante aprovação de um quadro de cotas trimestrais que cada órgão ficará autorizado e utilizar, com vistas a alcançar os seguintes objetivos: a) Assegurar às unidades orçamentárias, em tempo hábil, os recursos suficientes à melhor execução do seu programa de trabalho durante o exercício. b) Manter, durante o exercício, na medida do possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, visando à redução de eventuais insuficiências financeiras. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira74/142 2. Instrumentos da Programa- ção Anual A Lei 4.320/64 preconiza que os objetivos da programação financeira consistam, de certa forma, em garantir que haja os recursos necessários à execução da despesa e também previna eventuais déficits de caixa. Se ao longo da execução financeira o cenário se realizar com uma frustração da receita estimada ou outras despesas não planejadas, porém imprescindíveis, medidas de precaução devem ser tomadas pelo Executivo como, por exemplo, deixar de executar parcelas da despesa autorizada no orçamento, ou como podemos dizer, contingenciar ou “cortar” despesas. Porém outros objetivos também devem ser contemplados para assegurar uma gestão fiscal responsável. Para tanto, a Lei de Responsabilidade Fiscal exige a prevenção contra os riscos de desequilíbrio das contas públicas motivados por fatores mais ou menos previsíveis quando da elaboração da Lei Orçamentária e também se preocupa com a reavaliação das ações do governo concomitantemente com a execução orçamentária e financeira. Para saber mais A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), foi uma lei instituída na perspectiva de controlar de forma eficaz os gastos governamentais. Veja mais no site do tesouro. Bons estudos! Unidade 3 • Programação e Execução Financeira75/142 De acordo com Albuquerque (2008), o ordenamento instituído pela LRF impôs o estabelecimento de metas fiscais que deverão nortear todo o processo de planejamento e de execução das finanças públicas em cada exercício, devendo ser cumpridas as seguintes etapas: • Inclusão, na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, a cada ano, de Anexo de Metas Fiscais que contenha não só a identificação dos resultados esperados, mas também da consistência das estimativas de arrecadação. • Inclusão na Lei Orçamentária Anual – LOA, de demonstrativo de sua compatibilidade com as metas estabelecidas na LDO. • Programação de desembolsos mensais. • Ajustes bimestrais no montante da despesa autorizada, quando novas estimativas indicarem frustração da receita prevista na peça orçamentária. • Publicação bimestral do relatório resumido da execução orçamentária. • Avaliação quadrimestral do cumprimento das metas fiscais, em audiência do Poder Executivo junto ao Poder Legislativo. 2.1 Receita Considerando que a matéria sobre Orçamento Público trata basicamente do Unidade 3 • Programação e Execução Financeira76/142 registro, controle e resultado das Receitas e Despesas, vamos a seguir conhecer os conceitos sobre elas. Já vimos nos capítulos anteriores a importância da elaboração do orçamento como ferramenta de planejamento de qualquer instituição, seja ela pública e privada, inclusive para todos nós domesticamente. Também já discutimos que o início da elaboração deste orçamento é a previsão da nossa capacidade de arrecadarmos recursos – capacidade de receita - para dar conta das despesas provenientes de nossas atividades e projetos. Assim como nós temos o nosso limite de capacidade de arrecadação, a administração pública também tem, de forma que sua capacidade de gasto está relacionada com a capacidade dos contribuintes em pagar tributos. Portanto, é clara a relevância da Receita no processo orçamentário, cuja previsão restringe a capacidade do governo em fixar a Despesa e, no momento de sua arrecadação, torna- se instrumento condicionante da execução orçamentaria da despesa. Assim, a seguir vamos explanar os aspectos e conceitos de receita pública. 2.1.1 Conceito Existem vários conceitos sobre a Receita na Doutrina do Direito Financeiro, mas basicamente a ideia é que todo o ingresso Unidade 3 • Programação e Execução Financeira77/142 de dinheiro nos cofres públicos que estejam destinados ao atendimento das demandas da sociedade seja considerado receita. “É um conjunto de ingressos financeiros com fonte e fatos geradores próprios e permanentes oriundos da ação e de atributos inerentes à instituição, e que, integrando o patrimônio, na qualidade de elemento novo, produz-lhe acréscimos, sem contudo gerar obrigações, reservas ou reinvindicações de terceiros”. (MACHADO, p. 18) “É a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondências no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”. (BALEEIRO, p. 130) As definições acima esclarecem a importância da caracterização da Receita em produzir aumento do patrimônio. Desta forma, qualquer ingresso em entidade pública que caracterize uma obrigação ou ainda seja um recurso que esteja sob “guarda” da entidade, enquanto perdurar a obrigação da entidade para com o terceiro o ingresso de recursos não deverá ser classificado como receita. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira78/142 A principal receita pública é a receita tributária, aquela proveniente de arrecadação de tributos, que tem como espécie: impostos, taxas e contribuições. No Brasil, as competências para a criação e cobrança efetiva e característica dos impostos por parte dos entes tributantes está disposto a seguir: Impostos Federais Imposto de Importação (II) Imposto de Exportação (IE) Imposto de Renda (Pessoas Física e Jurídicas) (IR) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) Imposto Territorial Rural (ITR) Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) Indireto Indireto Direto Indireto Indireto Direto Direto Regressivo Regressivo Progressivo Regressivo Regressivo Progressivo Progressivo Não Vinculado Não Vinculado Não Vinculado Não Vinculado Não Vinculado Não Vinculado Não Vinculado Unidade 3 • Programação e Execução Financeira79/142 Impostos Estaduais Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA Imposto sobre a TransmissãoCausa Mortis e sobre Doações – ITCMD Indireto Direto Direto Regressivo Progressivo Progressivo Não Vinculado Não vinculado Não Vinculado Impostos Municipais Imposto sobre Serviços (ISS) Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) Imposto sobre a Transmissão Intervivos de Bens e Imóveis – (ITBI) Indireto Direto Direto Regressivo Progressivo Progressivo Não Vinculado Não vinculado Não Vinculado Unidade 3 • Programação e Execução Financeira80/142 Classificação dos Tributos Como descrito por Mauro Benevides Filho (Universidade Aberta do Nordeste – Controle Social das contas Públicas, p. 140), os tributos se classificam em: 1. Direto ou indireto: quando o ônus do pagamento recai sobre quem efetivamente recolhe o tributo – IR e IPVA são diretos. Caso haja distinção entre quem recolhe o tributo e quem arca com o ônus do valor cobrado (no caso dos impostos sobre o consumo, não existe coincidência entre quem paga – o empresário – e quem suporta a carga – o consumidor), é indireto. 2. Progressivo ou regressivo: progressivo é o tributo que proporciona maior oneração a quem possui maior capacidade de contribuição. Isso quer dizer que o Imposto de Renda e o IPTU são exemplos de tributos progressivos, pois, em tese, cobram mais de quem tem mais poder de contribuir. Ao contrário, regressivo é o tributo que cobra proporcionalmente mais de quem possui menor capacidade contributiva. Exemplo de regressividade são os impostos que incidem sobre o consumo. 3. Vinculado ou não vinculado: vinculado requer uma contrapartida por parte do ente tributante ao valor cobrado do contribuinte – as taxas são exemplos singulares de tributo Unidade 3 • Programação e Execução Financeira81/142 vinculado, assim como as contribuições. Contraprestação por parte do ente tributante faz face à sua arrecadação. A Lei 4.320/64 em seu Capítulo II, artigo 51 trata da Receita: Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça; nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.” Está previsto em nossa Constituição Federal vigente (1988) que nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça (art. 150, I), bem como proíbe cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que havia sido publicada a lei que o instituiu ou aumentou (art., 150, III, b). Assim, a exigência ou aumento de tributos só deve ocorrer através de lei e esta deverá entrar em vigor até o último dia do exercício anterior àquele em que a sua cobrança se efetivar, independente da prévia autorização orçamentária. Portanto, após a promulgação da lei orçamentária poderá acontecer de ter sido autorizada novo tributo para o ano seguinte e então esta arrecadação não terá sido prevista no orçamento. E, então, como proceder? Unidade 3 • Programação e Execução Financeira82/142 Ao tratar o assunto, o Professor Joaquim Castro Aguiar (p. 39) deu por inexistente a regra da prévia autorização orçamentária: Basta que a lei criadora do tributo esteja em vigor antes do início do exercício financeiro, para que haja cumprimento ao princípio constitucional ainda que o orçamento já tenha sido aprovado e publicado. A lei (Código Tributário Nacional, Lei nº 5.172, de 25.10.1966) não mais se refere à prévia autorização orçamentária, como prescrevia a Constituição de 1946 e a de 1967. A Emenda de 1969 não subordina a aplicação da lei tributária à autorização formal do orçamento. Basta que esteja em vigor até 31 de dezembro.” Então, desta forma examinamos bem rapidamente a questão da receita para que fosse possível identificar as principais previsões para a construção do orçamento na Administração Pública. Classificação da Receita A título de ilustração, será transcrito o artigo 11 da Lei 4.320/64 que trata da classificação da Receita no Brasil. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira83/142 “Art. 11 A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receita Corrente e Receitas de Capital. § 1º. São receitas correntes as receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. §2º. São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. §3º. O superávit do Orçamento Corrente, resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo 1, não constituirá item da receita orçamentária. §4º. A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema: Unidade 3 • Programação e Execução Financeira84/142 RECEITAS CORRENTES Receita Tributária Impostos Taxas Contribuições de Melhoria Receita de Contribuições Receita Patrimonial Receita Agropecuária Receita Industrial Receita de Serviços Transferências Correntes Outras Receitas Correntes RECEITAS DE CAPITAL Unidade 3 • Programação e Execução Financeira85/142 Operações de Crédito Alienação de Bens Amortização de Empréstimos Transferências de Capital Outras Receitas de Capital 2.2 Despesa Com base na previsão das receitas feita no orçamento, chega a hora de determinar quais despesas deverão ser contempladas para que aqueles programas elencados no Programa Plurianual – PPA se realizem. Cabe lembrar que para esta realização é necessário que seja feita uma priorização, já que as despesas são as mais diversas entre os programas, de acordo com as diretrizes declaradas na Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira86/142 Vamos, a seguir, estudar a caracterização e a forma como as despesas estão organizadas na Administração Pública. 2.2.1 Classificação da Despesa Orçamentária A despesa orçamentária está dividida em classes/grupos e se estrutura de forma a se organizar para atender às demandas de necessidades de informação tanto do agente público quanto à sociedade em geral, para que esta possa exercer seu direito de cidadania na participação do processo orçamentário. A classificação da despesa orçamentária tem por finalidade permitir respostas a perguntas, como: • Quanto o município do Rio de Janeiro gasta com Folha de Pagamento? • Quanto o Governo Federal está aplicando no Programa Bolsa Família? • Quanto do total do orçamento é gasto na Função Saúde? • Quantos os governos federais, estaduais ou municipais gastam com investimento? Para Albuquerque (2008), o Orçamento é ao mesmo tempo instrumento de análise e de síntese. Como instrumento de análise, possibilita a representação da variação nos elementos patrimoniais, no menor nível de detalhamento; como instrumento de síntese, permite o agrupamento das contas de forma a oferecer uma visão global dos resultados alcançados pela gestão. Unidade 3 • Programação e Execução Financeira87/142 O modelo brasileiro de classificação da despesa orçamentária observa quatro critérios: 1. Classificação Institucional (ou departamental) – que responde à questão: “quem” é responsável pela programação? 2. Classificação Funcional e Estrutura Programática – responde às questões: “em que área” de ação governamental a despesa será realizada?; “o que fazer” e “para que fazer” (finalidade). A partir da descrição do Programa e seus elementos, outras questões poderão ser respondidas: “por que é feito” (problema a atender); “para quem é feito” (público-alvo); “quais os resultados esperados” (indicadores), “qual o resultado” (produto), entre outros. 3. Classificação por natureza de despesa:
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