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Seção 4 
ESPELHO DE CORREÇÃO 
DIREITO 
PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
Agora vamos à resolução comentada da resposta à acusação? 
Por se tratar de denúncia pela suposta prática de crime previsto no artigo 316 
do CP, o procedimento adotado é o comum (artigos 394 a 405 do CPP). 
Assim, a presente resposta à acusação tem como fundamento, os artigos 396 e 
396-A do CPP. 
Tal peça deve ser endereçada para o mesmo juiz ao qual a denúncia foi oferecida 
(Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE). 
Por meio de uma análise das informações que possuímos fica clara a existência 
de uma tese preliminar: a nulidade do termo de colaboração premiada firmado entre 
o Ministério Público e o acusado João Santos. 
Isso porque o presente acordo foi celebrado sem a presença de um advogado (o 
acusado estava acompanhado apenas de sua esposa). Assim, ocorreu uma violação ao 
§15 do art. 4º da Lei n.º 12.850/13. Trata-se, portanto, de prova ilícita. 
Deve-se, assim, requerer a declaração de nulidade do acordo de colaboração, 
com o seu consequente desentranhamento dos autos. 
Por fim, não se pode esquecer dos requerimentos de provas (documental, 
testemunhal, pericial) e o rol de testemunhas. 
Seção 4 
DIREITO PENAL 
Na prática! 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE. 
 
 
 
 
[10 linhas] 
 
 
 
 
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, 
respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra-
assinado, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fundamento nos artigos 396 e 396-
A do CPP pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 
I- DOS FATOS 
 
 Segundo consta da inicial acusatória, os denunciados, sob a liderança do acusado 
José Percival da Silva (Zé da Farmácia, Presidente da Câmara dos Vereadores e 
liderança política do Município), valendo-se da qualidade de vereadores do Munícipio, 
associaram-se em unidade de desígnios, com o fim específico de cometer crimes. 
Questão de ordem! 
 
E, dentro deste propósito, no dia 03 de fevereiro de 2018, na sede da Câmara 
dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de Finanças e 
Contratos da Câmara, teriam exigido do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma 
empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara 
de Vereadores, o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa 
pudesse participar de um procedimento licitatório que estava agendado para o dia 
seguinte. 
Por este motivo, os réus foram denunciados pela suposta prática dos delitos 
previstos artigos 288 e 316, na forma do art. 69, todos do Código Penal. Entretanto, a 
denúncia foi recebida apenas em relação ao crime do art. 316 do CP. É um breve 
resumo dos fatos. 
 
 
II – DA NULIDADE DO ACORDO DE DELAÇÃO PREMIADA FIRMADO ENTRE O 
MINISTÉRIO PÚBLICO E O ACUSADO JOÃO SANTOS 
 
Preliminarmente, verifica-se a nulidade do Termo de Acordo de Colaboração 
Premiada, firmado entre o Ministério Público e o acusado João Santos. Trata-se de vício 
insanável, gerador de nulidade absoluta para os posteriores atos praticados no 
processo (art. 573, § 1º do CPP), a partir de sua juntada. E, tratando-se de prova ilícita, 
deve ser ela imediatamente desentranhada nos autos. Explica-se. 
Conforme consta dos autos, o acusado João Santos assinou Termo de Acordo de 
Colaboração Premiada com o Ministério Público. 
Ocorre que, da forma narrada nos autos toda a negociação foi realizada sem a 
presença de advogado. 
 
Ora, a legislação atinente ao instituto da colaboração premiada (Lei n.º 
12.850/2013), exige que em todos os atos de negociação, confirmação e execução, o 
colaborador esteja acompanhado e assistido pelo advogado (art. 4º, §15º). 
É a chamada “dupla garantia”, indicando a necessidade de que haja consenso 
do colaborador e do advogado, sobretudo para que o colaborador tenha consciência 
das implicações penais, processuais e pessoais do ato de colaboração. E, por óbvio, 
trata-se de requisito indisponível e irrenunciável. 
Assim, não restam dúvidas de que o presente Termo de Acordo de Colaboração 
Premiada, firmado entre o Ministério Público e o Acusado João Santos é nulo, por 
absoluta violação aos artigos 4º, §15 da Lei n.ª 12.850/2013. 
Por todo o exposto, requer-se a declaração da ilegalidade do referido acordo 
com seu consequente desentranhamento dos autos, em conformidade com a CF/88 
(art. 5º, LVI) e CPP (art. 157). 
Manter tal prova nos autos, entendendo-a como válida, ocasionará vício 
insanável, gerador de nulidade absoluta para os posteriores atos praticados no 
processo (art. 573, § 1º do CPP), que ofende aos princípios constitucionais da vedação 
às provas obtidas por meios ilícitos, da ampla defesa e do contraditório (art. 5º, LVI e 
LV da CF). 
 
 
 
 
 
 
 
III. DOS REQUERIMENTOS DE PROVA 
 
Protesta o denunciado pela produção de todas as provas em direito admitidas, 
em especial, prova documental, testemunhal e pericial. Aproveita a oportunidade para 
apresentar seu rol de testemunhas, que, desde já, requer a intimação: 
 
1- Nome, endereço. 
2- Nome, endereço. 
3- Nome, endereço. 
4- Nome, endereço. 
 
IV. DOS PEDIDOS 
 
 Por todo o exposto, requer-se a declaração da ilegalidade do referido 
acordo com seu consequente desentranhamento dos autos, em conformidade com a 
CF/88 (art. 5º, LVI) e CPP (art. 157). 
 
 Termos em que, 
 Pede e espera deferimento. 
 
(LOCAL), DATA. 
__________________________________________________________ 
[NOME COMPLETO DO ADVOGADO] 
[OAB] 
 
 
 
Perguntas: 
1- Em que consiste a colaboração premiada? 
2- Há diferença entre a colaboração e a delação premiada? 
3- Cabe colaboração premiada para qualquer tipo de crime? 
4- Quais os requisitos para a celebração de um acordo de colaboração premiada? 
 
Resolução comentada

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