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PLANEJAMENTO E ELABORAÇÃO DE PROJETOS CETEB – Centro de Ensino Tecnológico de Brasília Brasília, DF Caderno de Estudos e Pesquisa Elaboração: Cleia Cervigni Martinelli e Neurismar de Castro Barreto Torres Colaboração: Elisaíde Santos de Souza Ramos Avaliação e revisão linguística: Equipe Técnica do CETEB Desenho educacional: Heliane Maria Bergo Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial deste documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico, inclusive por processos xero- gráficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão expressa e por escrito do CETEB. DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB TODOS OS DIREITOS RESERVADOS SumárioPlanejamento e Elaboração de Projetos Sumário – Como é o Caderno de Estudos e Pesquisa – CEPes .................................................................................................................... 04 – Outros recursos ...................................................................................................................................................................... 05 – O que você vai ver neste curso ................................................................................................................................................. 06 – Mapa conceitual ..................................................................................................................................................................... 07 – Intenção educativa .................................................................................................................................................................. 08 – Provocação ............................................................................................................................................................................ 09 – Unidade 1 – Planejamento ....................................................................................................................................................... 11 • O planejamento: conceitos, características e dimensões ......................................................................................................... 11 • Planejamento e instrumentos ............................................................................................................................................... 19 • Abrangência do planejamento .............................................................................................................................................. 25 – Unidade 2 – Elaboração do Projeto ........................................................................................................................................... 33 • Estrutura técnica para elaboração do projeto ......................................................................................................................... 33 • O projeto e seu orçamento ................................................................................................................................................... 53 • O custo do projeto: classificação dos recursos financeiros por elemento de despesa .................................................................. 57 • O projeto e sua avaliação ..................................................................................................................................................... 85 – Unidade 3 – Modelos de Projeto ............................................................................................................................................... 92 • A estruturação de projetos: modelos propostos ...................................................................................................................... 92 – Para (não) finalizar .................................................................................................................................................................. 107 • Acreditar e agir ................................................................................................................................................................... 107 – Referências ............................................................................................................................................................................ 109 4Planejamento e Elaboração de Projeto Como é o Caderno de Estudos e Pequisa – CEPes Como é o Caderno de Estudos e Pesquisa – CEPes O que você vai ver neste curso Apresentação da ementa das Unidades. Mapa conceitual Expressão gráfica do que você vai ver no Curso. Observe que o mapa é formado por conceitos ligados por setas. Ele foi preparado para possibilitar-lhe visualizar as relações entre os conceitos. Você poderá realizar o seu estudo obedecendo à sequência em que os temas aparecem neste Caderno de Estudo e Pesquisa – CEPes, ou, se preferir, poderá definir a partir do mapa a ordem em que pretende estudá-los. Observe que os conceitos mais inclusivos vêm em destaque e o principal está localizado no Centro. Intenção educativa Competências e habilidades pretendidas neste curso. Para pesquisar Questões propostas para estimular você a analisar de forma mais profunda a sua realidade e buscar novas soluções. Provocação Texto colocado no início do Curso para provocar você a refletir sobre sua prática e seus sentimentos. É importante que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho. O que você pensa disto? Questões colocadas no início de cada tema para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto em estudo. Registre aqui a sua visão, sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos prévios. Textos básicos Textos que desenvolvem os temas. Janelas Novos textos, exemplos e sugestões, para enr iquecer, concret i za r, apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico. Sintetizando e enriquecendo nossas informações Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-lo com a sua contribuição pessoal. Para (não) finalizar Texto no final do Caderno com a intenção de instigá-lo a prosseguir na reflexão. Bibliografia Bibliografia consultada para a elaboração do curso e que você poderá consultar também. 5Planejamento e Elaboração de Projeto Outros recursos Outros recursos Memorial Instrumento de avaliação preparado para possibilitar o registro de sua caminhada no curso: suas reflexões, suas dúvidas, suas soluções, seus feedbacks etc. 6Planejamento e Elaboração de Projeto O que você vai ver neste curso O que você vai ver neste curso Você encontrará neste curso as seguintes Unidades: Unidade 1 – Planejamento Esta unidade apresenta uma introdução ao planejamento, envolvendo: conceitos, características, tipos, abrangência e instrumentos de planejamento. Analisam-se, ainda, aspectos da abrangência política do planejamento, abordando-se o Plano Plurianual de Ação – PPA em níveis federal, estadual e municipal. Unidade 2 – Elaboração do Projeto Constam desta unidade informações a respeito da estrutura técnica para elaboração do projeto, abordando seus componentes, orçamento, bem como o acompanhamento, o controle e a avaliação. Unidade 3 – Modelos de Projeto Apresenta diversos modelos de elaboração de projetos. 7Planejamento e Elaboração de Projeto Mapa conceitual Mapa conceitual Veja, no mapa a seguir, os temas abordados neste Caderno e as suas inter-relações. 8Planejamento e Elaboração de Projeto Intenção educativa Intenção educativa Este curso visa ao desenvolvimento das habilidades específicas para o alcance das competências necessárias ao exercício profissional, no que se refere à elaboração de projetos institucionais. Destacam-se os seguintes conhecimentos, habilidades e competências pretendidos neste curso: • Conceituar planejamento, identificando suas características, tipos,abrangência e instrumentos. • Identificar os principais tipos de planejamento. • Conhecer os elementos estruturais da elaboração de projetos. • Identificar os tipos de elementos de despesa utilizados no orçamento dos projetos. • Reconhecer a importância da sistemática de acompanhamento, controle e avaliação de projetos. • Analisar modelos diferenciados de elaboração de projetos. • Apropriar-se das habilidades e competências desenvolvidas para a elaboração de projetos. 9Planejamento e Elaboração de Projeto Provocação Provocação Leia o texto que se segue. Ele tem finalidade de provocar você a refletir sobre o Plane- jamento em sua prática pedagógica. Contar grão-de-bico Era uma vez – não se trata de uma história imaginária – um internato de crianças que possuía, em torno do seu prédio, uma ampla e rica área de terra. Lá, os trabalhadores agrícolas, ligados ao internato, teriam sabido fazer crescer toda uma variedade de produtos próprios das diversas estações. Poderiam plantar alfaces e tomates, couves e rabanetes, cenouras e aipos, feijões e berinjelas, pêssegos e uvas e até um pequeno canteiro de salsa onde a cozinheira previdente iria buscar o condimento dos seus molhos. No caso, não é só o valor intrínseco desses produtos que conta, mas, como dizem as donas de casa, o uso e a comodidade. Mas o “agrônomo” oficial estava alerta. Aquela produção anárquica, condicionada apenas pelas necessidades da comunidade, não era nada do seu gosto, mesmo que os convivas e a cozinheira se declarassem satisfeitos. O agrônomo é um “cientista”. Quer precisão e, portanto, medida. Tem de ter, ao lado da coluna Despesas, uma Receita com todas as verbas, para a majestade dos totais impressionar os controladores e os burocratas. Mandou plantar beterrabas, nabos e grão-de-bico. Ninguém os queria, nem sequer o agrônomo, mas a “escrita”, com os seus resultados de pesagens e de cálculos, estava salva. A carreira do funcionário estava assegurada. O internato teria grão-de-bico. A nossa Escola encontra-se muitas vezes, infelizmente, no regime do agrônomo, da falsa ciência e das estatísticas enganadoras, de que ele é o espantoso protótipo. Não se pergunta se o que irá produzir pode alimentar uma clientela de necessidades sutis e especiais. Receita, mais que tudo, a complexidade da vida, os diferentes gostos e apetites dos convivas, essa espécie de produção artesanal delicada e íntima como os sentimentos, as sensações, as cores e os perfumes que são a sua eterna riqueza. Todo mundo ao grão-de-bico! Os manuais escolares repartirão e pesarão a semente; os problemas sobre as Vamos fazer uma reflexão? Procure colocar-se numa posição em que se sinta bem confortável, ouvindo uma música relaxante para refletir sobre as questões que se seguem. Sentiu o gosto desagradável do “grão-de- bico” imposto ao professor e aos alunos? Reflita sobre como tem planejado as ações educacionais. Como fica o seu “canteiro”? O que você tem cultivado? Procure recordar-se de situações das quais participou como educador, identificando aquelas que se assemelharam a um canteiro de grão-de-bico e aquelas que eram ricos canteiros de verduras, frutos e flores. Respire fundo, expire lentamente e vá pensando sobre as questões. Depois retorne aqui e descreva essas experiências. 10Planejamento e Elaboração de Projeto Provocação formas culturais e os adubos necessários estabelecerão os preços exatos do custo. Já não haverá surpresas: medir-se-ão e contar-se-ão grãos-de-bico. A falsa ciência pedagógica ri-se das sutilezas. Tem necessidade do prático, do sólido, do simples. Os exames sancionarão o rendimento com uma precisão e uma eficiência que atividades funcionais rebeldes aos testes engenhosos não permitem. Se as crianças e os professores definham a contar e a comer grão-de-bico, se lhes falta o frescor das verduras, os sucos nutritivos e as vitaminas cujas virtudes são suspeitadas pelo menos pela ciência, é questão de clínica e de médicos, e não de educadores agrônomos. Você sente o ridículo dessa mania de agrônomo cultivador de grão-de-bico, mas aceita, ou tolera, que uma escola, ultrapassada pela vida, cultive exclusivamente os produtos mortos – ortografia, redação e problemas –, essas beterrabas, esses nabos e esse grão-de-bico, medidos pelos programas e pesados pelos exames. Extraído de: FREINET, Celestin. Pedagogia do bom-senso. Trad. J. BAPTISTA. 7. ed. Martins Fontes: São Paulo, 2004. Para pesquisar Vamos iniciar propondo que você realize uma pesquisa em sua instituição, objetivando verificar a visão e a prática de planejamento. Estabeleça a forma de abordar a equipe. Relate no Memorial como você resolveu essa questão. 11Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento O que você pensa disto? O que é planejamento? Quais as características e dimensões do planejamento? UNIDADE 1 – Planejamento O planejamento: conceitos, características e dimensões A noção de planejamento, por si mesma, é tão antiga quanto a humanidade. Sabe-se que a construção das pirâmides egípcias não teria se concretizado se não tivessem sido elaborados, para isso, vários planos e projetos. O mesmo se pode afirmar em relação a outras construções importantes como os aquedutos construídos pelos romanos, os templos astecas, as muralhas chinesas e outros. O planejamento era conhecido antigamente como “estratégia” ou “a arte dos generais”. O ato de planejar foi conhecido pelo homem a partir do momento em que o mesmo descobriu sua capacidade de pensar e agir. A sua sistematização se dá fora do campo educacional estando relacionada, também, ao da produção e a emergência da ciência da administração. Em todas as áreas de atuação, é fundamental a preocupação com o planejamento. Todos, de forma mais científica ou não, têm as suas ideias próprias do que seja planejar. Tradicionalmente, os planejadores têm sido vistos como pessoas inatingíveis, mágicas, que se fecham em gabinetes para buscar soluções miraculosas aos problemas considerados insolúveis. Hoje, felizmente, as coisas mudaram e o planejamento já é socializado entre vários profissionais e segmentos da sociedade, utilizando-se de metodologias menos complexas. Breve retrospectiva histórica Embora a atividade de planejar seja tão antiga quanto o homem, a sistematização do planejamento se dá fora do campo educacional, estando ligada ao mundo da produção (I e II Revoluções Industriais) e à emergência da ciência da administração, no final do séc. XIX. Este novo campo de saber terá como emblemáticos os nomes do americano Taylor (1856–1915) e do francês Fayol (1841–1925). A própria Administração vai se utilizar, para configurar o planejamento, de termos (como objetivos, estratégia) de um campo ainda mais distante e ancestral: a guerra! Considerada como um empreendimento que desde muito cedo buscou a eficiência... Mas talvez o elemento genealógico mais complicador em termos de alienação do trabalho – em geral e escolar – tenha sido a preconização por Taylor da necessidade de separar a tarefa de planejamento da execução, ou seja, para ele, organizar cientificamente o trabalho implicava a distinção radical entre concepção e realização. Desta forma, esta nova ciência acaba por respaldar e justificar a prática tão antiga (desde os gregos, por exemplo) de uns conceberem (homens livres) e outros executarem (escravos). Abre também o campo para o planejamento tecnocrático, onde o poder de decisão e controle está nas mãos de outros (‘técnicos’, ‘políticos’, ‘especialistas’), e não no próprio agente. 12Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento De acordo com Gracioso (1990): “Há uma crença, ainda hoje bastante arraigada, de que no Brasil é impossível (ou inútil) planejar, dado o alto grau de imprevisibilidade da economia. De fato, depois de décadas de inflação e loucuras, em que o jeito era “empurrar as coisas com a barriga” (um conselho, imaginem, de um de nossos Ministros do Planejamento!),não fica fácil acreditar que o Brasil virou de repente um país sério. Aliás, o mais provável é que no Brasil se pode hoje planejar com relativa dose de segurança – pelo menos tanto quanto na Europa, por exemplo, onde a maioria das empresas está a menos de 100km de um arsenal ou depósito de bombas atômicas. A verdade é que planejar não é apenas possível, mas cada vez mais necessário. O que é preciso, porém, é definir com clareza, antes de começarmos o processo de planejamento, quais são nossos objetivos principais; em outros termos, o que (de mais importante) esperamos obter, através de nosso plano estratégico.” E você, o que pensa disto? Leia o texto Breve retrospectiva histórica que se encontra na janela. Conceito de planejamento O planejamento é um processo que implica a formulação de um conjunto de decisões sobre as ações futuras. Caracteriza-se como um processo racional, por meio do qual se pode garantir um maior grau de eficiência às atividades. O planejamento pressupõe um método para sistematizar o processo de decisões e planificar ações, de forma que se possa prever situações futuras, a partir de respostas a questionamentos, tais como: • O que fazer? • Como fazer? • Quando fazer? • Onde fazer? • Com que meios fazer? No início do século XX, o planejamento vai avançando para todos os setores da sociedade, provocando um enorme impacto a partir do seu uso na ex-União Soviética, não como simples organização interna a uma empresa, mas como planificação de toda uma economia. Atualmente, pode-se identificar três grandes linhas em termos de planejamento administrativo: o gerenciamento da qualidade total, o planejamento estratégico e o planejamento participativo, sendo que a tendência do primeiro é decrescente em favor do segundo, que procura, em certos casos, incorporar contribuições do terceiro, que é mais difícil de ser utilizado em empreendimentos cuja função social não possa ser definida coletivamente. Extraído e adaptado de: VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 2006. Continua ... 13Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Finalidades e benefícios do processo de planejamento O futuro é não apenas inevitável, como dizia Oscar Wilde, mas também incerto. É possível antever com clareza alguns eventos que acontecerão, porque estão sob controle, são consequências previsíveis de atos e decisões passadas, ou estão dentro de um calendário de acontecimentos regulares. As estações repetem-se todos os anos, há datas certas para o pagamento de impostos e prestações, e sabemos que é preciso comparecer àquela reunião da semana que vem para a qual fomos convocados. O material em estoque é consumido segundo a taxa constante, e assim o responsável pelas compras sabe quando será necessário fazer nova encomenda ao fornecedor. No entanto, não se pode ter essa mesma certeza em relação a outros tipos de eventos, sobre os quais é limitada ou inviável a possibilidade de controle. Não se pode saber qual vai ser exatamente o comportamento da concorrência e dos consumidores, se os fornecedores serão capazes de atender às encomendas, se haverá recursos financeiros disponíveis para cumprir os compromissos assumidos, ou o que dirão as outras pessoas presentes àquela reunião da semana que vem. A incerteza é particularmente aguda quando dois ou mais competidores estão tentando alcançar o mesmo objetivo: vencer uma eleição, uma batalha ou um campeonato, ou conquistar os mesmos clientes. Nesse sentido, pode-se afirmar que PLANEJAR é: • o oposto de improvisar; • conhecer a realidade e nela intervir; • decidir, previamente, o que fazer; • tomar decisões; • preparar para a ação; • um processo sistêmico, racional, participativo e dinâmico. A construção de um planejamento compreende uma série de etapas que ocorrem, em geral, na seguinte sequência: Dessa forma, planejar é preciso e é possível. Planeja-se para desenvolver a ação e age-se em função do planejamento. Agir significa intervir na realidade, planejar significa refletir criticamente sobre a ação. ETAPAS DO PLANEJAMENTO Diagnóstico Alternativas de ações Acompanhamento, controle e avaliação Implantação/ implementação Planificação Decisão 14Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento O planejamento não é um ato isolado que antecede a ação, mas um ato contínuo e permanente que precede, acompanha e continua após a ação. Nesse sentido, conforme teóricos da área, o planejamento é: • Previsão – reflexão crítica, que precede a ação. • Revisão – reflexão crítica, no decorrer da ação. • Avaliação – reflexão crítica, durante e após a ação. Características do planejamento A partir dessas considerações sobre o planejamento, destacam-se alguns aspectos essenciais sobre os seus componentes básicos para se apreender o seu conceito e os objetivos a que se propõe. Podem-se destacar, dentre outras, como características do planejamento: • é sempre voltado para o futuro; • visa à racionalidade e à tomada de decisões; • objetiva selecionar, entre várias alternativas, a mais apropriada; • é sistêmico, isto é, considera a totalidade da instituição; • é iterativo, ou seja, deve ser suficientemente flexível, para aceitar ajustes e correções; • é uma alocação (técnica) de recursos, visando ao emprego de recursos humanos e não humanos, da instituição; • é uma técnica cíclica, pois a sua execução permite avaliação e mensuração para novos planejamentos; • é uma função administrativa que interage de forma dinâmica com as demais, influenciando e sendo influenciado por elas; • é uma técnica de coordenação, já que as atividades de diferentes órgãos ou níveis operacionais são integrados e sincronizados para a consecução dos objetivos finais; Natureza do processo de planejamento Seja o futuro previsível ou incerto, a organização precisa preparar-se para enfrentá-lo, visando assumir os riscos certos e aproveitar as oportunidades que ele oferece. O processo de preparar o futuro chama-se planejamento. O processo de planejar consiste em tomar decisões antecipadamente. Certas decisões são tomadas de imediato, assim que o problema ocorre, e seu alcance esgota-se com a resolução desse mesmo problema. Outras decisões, ao contrário, visam definir um objetivo ou curso de ação para o futuro. Elas são formuladas no presente, para serem postas em prática no futuro. Não apenas serão postas em prática num futuro que pode estar próximo ou distante, mas também têm o objetivo de influenciar esse mesmo futuro. Decisões desse tipo são decisões de planejamento. O processo de planejamento pode ser definido de várias maneiras: – É o processo de definir objetivos ou resultados a serem alcançados, bem como os meios para atingi-los. – É o processo de interferir na realidade, com o propósito de passar de uma situação conhecida para outra situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo. – É tomar no presente decisões que afetam o futuro, visando reduzir sua incerteza. Continua ... 15Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento • é uma técnica de transformação, já que introduz mudanças e inovações dentro da instituição; • é um processo permanente e contínuo e • é viável ou exequível, isto é, adequado ao público-alvo e à realidade na qual será executado. O planejamento é um processo e como tal é contínuo e permanente, ou seja, não se restringe à elaboração de documentos, tais como Planos, Programas e Projetos, que por si só não garantem os resultados pretendidos. Há uma longa distância entre documentos e ação. Muitas vezes sobram bons Planos, mas faltam boas ações. Para ser efetivado, de forma sistemática, o planejamento requer uma organização e uma administração relativamente complexas. Essa organização pressupõe uma estrutura que pode abranger diferentesníveis e setores, normas e regulamentos e sistemas de informações e avaliação, a partir da linha mestra política de ação que serve de base a todos os níveis de decisão. O planejamento está voltado ou é dirigido para a ação futura, ou seja, preocupa-se em determinar o futuro, implicando duas ações básicas: a projeção e a implementação. Assim, por meio da projeção de dados é examinada a maneira como a situação evolui historicamente e quais os fatores dinâmicos que influenciaram essa evolução. Por exemplo: quais as taxas de crescimento da população obtidas e os esforços realizados para consegui-las ou, conforme o caso, para reduzi-las? A pesquisa procurará identificar as tendências futuras prováveis, as possibilidades de variação ou de persistência de determinados fatores, as possibilidades de desenvolvimento da situação e o grau de intervenção necessário para desencadeá-las. Os dados analisados servirão, por exemplo, para definir a política de ampliação ou redução da rede física escolar em determinadas regiões. A implementação é a formalização, incorporação dos diversos recursos (humanos, materiais, financeiros e institucionais) e a obtenção das Finalidades do processo de planejamento O processo de planejamento tem três finalidades principais: antecipação a situações previsíveis, predeterminação de acontecimentos e preservação da lógica entre eventos. Em outras palavras, há três situações principais que geram a necessidade de planejar: – enfrentar fatos que certamente ocorrerão; – criar um futuro desejável; – coordenar fatos entre si. Você pode estabelecer um paralelo entre essas finalidades e sua vida como estudante. Supondo- se que você esteja agora no segundo ano de um curso de quatro, dentro de, no mínimo, dois anos você sabe que estará alcançando um diploma. Este é o futuro previsível, que ocorrerá com certeza. O que você pretende fazer com esse diploma? Pode ser que dentro de um ano você escolha uma das modalidades que sua habilitação profissional lhe oferece, o que significa que no quarto ano você estará decidindo-se por uma profissão e especializando-se. Este é o futuro incerto, relacionado com o destino profissional que você pretende seguir, e que depende de suas decisões para se concretizar. Seja qual for sua escolha, terá de eleger determinadas disciplinas e estágios profissionalizantes para alcançar a especialização pretendida. Essa é sua tentativa de coordenar os fatos do futuro entre si. Continua ... 16Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento decisões políticas para a colocação em andamento da intervenção planejada. O processo de planejamento supõe, também, a realimentação contínua, principalmente através dos dados obtidos da avaliação da execução das ações propostas. A realimentação ou feedback do processo de planejamento permitirá a redefinição ou elaboração de novas políticas, novos planos, com base nas evidências detectadas a partir do comportamento do progresso da intervenção e da análise dos resultados obtidos. O planejamento visa a atingir objetivos determinados, ou seja, deve haver uma relação necessária entre planejamento e tomada de decisão, a fim de se assegurar que o processo esteja voltado para a consecução daqueles objetivos desejados. Os momentos específicos de tomada de decisão ocorrem por ocasião da definição dos objetivos, quando são escolhidas as metas, eleitas as prioridades e alternativas de intervenção de modificação nos níveis, na composição de recursos, na distribuição de responsabilidades etc. Assim, a tomada de decisão quanto aos objetivos e metas a atingir envolve uma função política. Pode-se até afirmar que não há situações totalmente planejadas nem totalmente improvisadas. Em algumas circunstâncias há necessidade de improvisar soluções rápidas, usar a criatividade. Outras situações exigem uma ação cuidadosamente planejada, resultando em sérios prejuízos quando isso não acontece. Mesmo nesses casos o planejamento deve ser flexível, passível de mudanças, correções, adaptações e redirecionamento. Em qualquer situação o planejamento não é, por si só, nem eficiente, nem ineficiente, é um instrumento racional de ação, cuja eficiência depende da interpretação e do uso que dele se faça. Benefícios do processo de planejamento O processo de planejamento permite que a organização tenha controle sobre seu próprio futuro – ela não deixa o futuro ao acaso e procura definir um caminho a ser seguido para não ser apanhada de surpresa. Isso traz três benefícios principais. Permanência das decisões Um pequeno grupo informal pode facilmente alterar seus objetivos: em vez do clube, que tal a praia neste fim de semana? Uma organização, especialmente uma de grande porte, não pode alterar um programa de trabalho e muito menos seus rumos com a mesma facilidade. É necessária uma certa permanência de comportamento ao longo do tempo. É neste ponto que o planejamento ajuda a organização, definindo objetivos a serem perseguidos e os caminhos a serem percorridos. Como o processo de planejamento procura antever os problemas e as formas de resolvê-los, quando chegar o momento, basta colocar em prática aquilo que já foi decidido anteriormente. Os planos estabelecidos passam a constituir um caminho a ser seguido pela organização, independentemente de quem dela faça parte e, dessa forma, alguns problemas estão resolvidos antecipadamente. Isto é particularmente útil em organizações onde a composição da administração muda periodicamente. Continua ... 17Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Dimensões do planejamento O processo de planejamento envolve diferentes dimensões (Suzart, 2003): • dimensão racional, visto que é uma prática que norteia naturalmente as ações humanas, levando-nos a pensar e agir dentro de uma sistemática própria; • dimensão política, pois o processo contínuo de tomada de decisões requer a definição de objetivos e metas, a seleção de prioridades e alternativas, a dotação de recursos etc., que envolvem uma função política e exercício do poder, seja na área governamental ou privada; • dimensão valorativa, considerando que as decisões tomadas envolvem opções que não são neutras, mas têm conteúdos éticos, sociais, formativos, cuja execução propositada, sistemática, implica mudanças na situação presente e futura, podendo se constituir em um instrumento de dominação ou de participação e • dimensão técnico-administrativa, ou seja, sob esse aspecto o planejamento significa atividades estruturadas em uma organização, com funções e responsabilidades claramente definidas, buscando operar com eficiência, aplicar economicamente os recursos materiais, humanos, financeiros e controlar o processo e a qualidade dos resultados. Todas essas dimensões se relacionam no processo dinâmico e contínuo do planejamento. As decisões tomadas para a intervenção em uma realidade determinada são sistematizadas, interpretadas e consubstancializadas em documentos específicos. Esses documentos, decorrentes das ações de elaboração do planejamento podem se caracterizar como um Plano, um Programa ou um Projeto, a depender do nível decisório a que se relacionam, de seu âmbito de ação e de seu grau de agregação de variáveis e detalhamento. Permanência das decisões não signif ica imobilidade. Assim, o objetivo é orientar o comportamento da organização, de modo a torná-la menos vulnerável às incertezas do futuro, bem como aos interesses pessoais ou de momento, e evitar a necessidade de tomar decisões uma a uma. Equilíbrio A organização que não se prepara para o futuro está constantemente sendo apanhada de surpresa: no extremo, seu dia a dia é feito de emergências e calamidades. A consequência de uma administração sem planejamento (por incoerente que isto possa parecer) é a incerteza quanto ao futuro e a falta de rumos. As decisões são tomadas conforme os problemas aparecem, e alguns problemas são criados pelas próprias decisões. Comoos recursos estão previstos para serem aplicados em situações de normalidade, a organização fica sempre no limite do risco, na “corda bamba”, e qualquer evento inesperado provoca uma drenagem de esforços que deveriam estar sendo usados em outro lugar. Uma administração praticada desta maneira parece-se muito com o primeiro e desajeitado governo daquela fase da história do Brasil que ficou conhecida como “Nova República”: foi nessa época que inventaram a expressão “pacote”, para designar um conjunto de decisões. Se um pacote não dava certo, o que acontecia regularmente, inventava-se outro, e assim indefinidamente, sem que qualquer problema fosse resolvido. Continua ... 18Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento O planejamento deve estar dirigido à realização de metas. O interesse pelos resultados é a primeira razão para que se faça a opção pelo planejamento, que se prevejam metas a realizar, em lugar de improvisar. A necessidade de planejamento é tanto maior quanto mais complexa for a ação planejada, que, por sua vez, requer proporcional empenho para o alcance dos seus resultados. Dessa forma, tendo estabelecido os objetivos da ação, o processo de planejamento busca empregar os meios mais convenientes para atingi-los, ou seja, otimizar, maximizar recursos e meios. Utilizando esses componentes básicos poderemos sintetizar mais um conceito de planejamento: Planejamento é um processo contínuo, que requer uma organização e uma administração nos vários ramos da atividade humana. Nesse sentido, se analisarmos todos os conceitos, encontraremos explícita ou implicitamente os seus componentes básicos. Sintetizando e enriquecendo nossas informações Faça uma síntese do texto O planejamento: conceitos, características e dimensões. Você acrescentaria outras características? Analise o texto Finalidade e benefícios do processo de planejamento, apresentado na janela. Você apontaria outros benefícios do planejamento? Melhor desempenho Quando se tem um curso de ação definido, as pessoas sabem de antemão quais serão os padrões que servirão para avaliar seu desempenho e quais são os problemas que se espera que elas resolvam. Implícita ou explicitamente, sabem quais serão os benefícios que advirão de atender esses padrões ou resolver esses problemas. É de se esperar, portanto, que se dediquem a eles com certo grau de empenho. Outro importante benefício que advém do processo de planejar é, portanto, esse efeito positivo sobre o comportamento de indivíduos e grupos, que se acentua quando há algum tipo de participação na definição dos objetivos. A possibilidade de seguir um caminho predefinido, para reduzir um problema do presente ou previsto no futuro, especialmente quando se trabalhou para ajudar a estabelecê-lo, constitui um poderoso fator de mobilização de competências. Extraído e adaptado de: MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. 7. ed. revisada e ampliada. São Paulo: Atlas, 2007. Continua ... Para refletir Alice no país das maravilhas Por falar em planejamento, lembramos o diálogo seguinte de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol: – Alice perguntou ao gato: “Diga-me, por favor, por onde devo ir daqui? – “Isto depende muito de para onde você quer ir”, disse o gato. Alice respondeu: – “Não me importa muito para onde...” O gato concluiu: “Então não importa qual o caminho que você tome”. Extraído de Stephen Paul Robins. O processo administrativo: integração teoria e prática. São Paulo: Atlas. 1981 – p. 155. 19Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Planejamento e instrumentos Tipos de planejamento Os tipos de planejamento mais utilizados podem ser classificados em: Planejamento Participativo e Planejamento Estratégico. Planejamento participativo é o planejamento em que “o saber deixa de ser considerado como propriedade de especialistas, valorizando a construção, a participação, o diálogo, o poder coletivo local, objetivando transformar as relações de poder autoritárias e verticais, em relações igualitárias e horizontais, de caráter dialógico e democrático”. (VASCONCELLOS, 2006). O conceito de planejamento que se apresenta traz consigo uma exigência: a participação. Conforme (VASCONCELLOS, 2006) não importa “o que” se planeja mas também “o como”, visto que estamos na busca do bem comum, de uma nova qualidade de vida para todos. A autêntica participação é, muito concretamente, uma estratégia de superar a dominação e a exclusão. A proposta metodológica do planejamento participativo é o envolvimento, visto que nasce da própria participação ativa de cada membro. O problema maior não está em se fazer uma mudança, mas em sustentá-la, daí, a essencialidade da participação. Que o planejar seja do grupo e não para o grupo. A participação pode ser enfocada em três níveis inter-relacionados: a institucional, que remete ao tipo de proposta feita para a elaboração do planejamento, a individual que tem a ver com o grau de conhecimento das pessoas e a coletiva relativa à organização, que pode favorecer a que um conjunto de forças se articule em torno de uma mesma meta, o que aumenta as chances das ações se concretizarem. O que você pensa disto? Quais os tipos de planejamento que você conhece? Descreva-os. Quais os instrumentos de planejamento que você já utilizou? Planejamento Participativo • O planejamento participativo “se constitui num processo político, num contínuo propósito coletivo, numa deliberada e amplamente discutida construção do futuro na comunidade, na qual participe o maior número possível de membros de todas as categorias que a constituem. Significa, portanto, mais do que uma atividade técnica, um processo político vinculado à decisão da maioria, tomada pela maioria, em benefício da maioria” (CORNELY, 1977, p. 37). • “Genericamente, o Planejamento Participativo constitui-se uma estratégia de trabalho, que se caracteriza pela integração de todos os setores da atividade humana social, num processo global, para solução de problemas comuns” (VIANNA, 1986, p. 23). • Sobre o Planejamento: “(...) Valorizar a participação é considerar importante o próprio processo de planejamento e não apenas o produto final que é o plano com suas propostas. A eficácia torna-se, portanto, mensurável a partir de critérios mais amplos do que apenas custo e tempo. Aceitar o planejamento participativo como um valor a ser buscado deve fazer com que uma possível incapacidade inicial dos envolvidos para participar não seja impeditivo intransponível, justificador do abandono do esforço inicial 20Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento A participação deve se dar em todas as instâncias: sensibilização, discussão, decisão, colocação em prática, avaliação e resultados. No planejamento participativo há a oportunidade das pessoas se posicionarem, arriscarem-se, apostarem em algo, assim, abrem-se espaços para o autêntico diálogo. Leia na janela, um pouco mais a respeito do planejamento participativo. Planejamento estratégico é definido normalmente pela alocação de recursos para atingir determinados objetivos; é o instrumento em torno do qual todos os demais sistemas de controle – orçamento, informações, estrutura organizacional – podem ser integrados. A função precípua do planejamento estratégico é criar condições para o crescimento equilibrado da instituição ou empresa (GRACIOSO, 1996). O planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças, dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua missão e, por meio desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos. O planejamento estratégico incentiva a identificação de valores, visão e missão da instituição. Nesse tipo de planejamento, as ações não ficam só no papel. Para cadaação é nomeada uma pessoa responsável pelo andamento e implementação. Os resultados esperados, os indicadores que justificam a necessidade da ação, os custos e os financiadores também são definidos previamente. O processo é dinâmico. A cada ano, o planejamento estratégico é avaliado para identificação do alcance das metas. rumo à participação. Antes, deve ser vista tal dificuldade como um desafio a superar. Nesta perspectiva, viabilizar a participação de todos passa a ser também uma tarefa educativa (...) O processo participativo, longe de ser estanque, é dinâmico e dotado de tensões que precisam ser vividas e administradas” (FONSECA, NASCIMENTO; SILVA, 1995:88- 91). Extraído de PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez, Instituto Paulo Freire, 2001. Continua ... 21Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento A partir daí, há duas possibilidades: melhoria contínua ou ação corretiva que implica um novo planejar. Novas metas e ações serão propostas para o alcance dos objetivos que são de longo prazo. Hoje a exigência é por um estudo, um trabalho mais científico, não mais empírico ou intuitivo, mas técnico; e o planejamento estratégico promove isso. Instrumentos do planejamento O planejamento assume formas instrumentais diversas de acordo com o âmbito e a abrangência a que o mesmo se destina. Em decorrência, pode ser apresentado sob a forma de Planos, Programas e Projetos. Observe as características essenciais desses instrumentos: Plano • Delineia as decisões de caráter geral do sistema; • define as linhas políticas prioritárias; • apresenta estratégias e diretrizes básicas; • estabelece responsabilidades para os órgãos/setores; • constitui-se em referencial para análises setoriais e/ou regionais, visando à elaboração de programas e projetos específicos; • estabelece a duração, em geral, a médio e longo prazos. Programa • Apresenta o detalhamento do Plano; • detalha, por setor, a política e diretrizes do Plano; • possibilita projeções mais aproximadas em relação ao nível setorial ou regional; Plano de Desenvolvimento da Escola – PDE: um modelo de Planejamento Estratégico O Plano de Desenvolvimento da Escola é o planejamento estratégico da escola, elaborado após o levantamento de dados e intenso debate com a comunidade escolar para definir prioridades e metas. Foi instituído em 1998 e implantado, primeiramente, em 400 escolas das regiões Norte e Centro-Oeste. No ano seguinte, passou a ser adotado também na região Nordeste. Trata-se de uma proposta de gestão baseada na escola e busca promover a autonomia escolar e estimular a comunidade ao pensar estratégico. Enquanto na Secretaria de Educação o FUNDESCOLA apoia o Planejamento Estratégico da Secretaria (PES), na escola é dado apoio ao PDE. Em 2002, 6.735 escolas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste desenvolveram o PDE com apoio do FUNDESCOLA. Os estados de Goiás, Acre, Tocantins, Rondônia e Mato Grosso promoveram uma expansão autônoma do programa para todas as escolas da rede estadual. Alguns municípios também adotaram o plano em todas as escolas. Santo Augusto, no Rio Grande do Sul, está entre os municípios situados fora da área de atendimento do FUNDESCOLA que o adotou. Extraído de BOLETIM TÉCNICO DO FUNDESCOLA – ano VII – nº 63 – dez/2002, p. 8. 22Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento • apresenta a referência para a elaboração dos projetos; • pressupõe a vinculação entre os projetos dele decorrentes; • permite a realização de diagnósticos precisos; • identifica, com detalhes, as disponibilidades de recursos humanos, materiais, financeiros e institucionais. Projeto • É o instrumento mais próximo da execução; • sistematiza as ações principais; • detalha as atividades; • objetiva a produção de bens ou serviços; • propõe-se a obter resultados definidos, específicos; • estabelece prazos mais curtos; • determina recursos humanos, materiais e financeiros; • exige maior detalhamento técnico e financeiro; • atende, na sua elaboração, a um roteiro predeterminado, estabelecido conforme as características do objeto, necessidades e exigências da instituição executora ou financiadora. Como exemplificação desses tipos de instrumentos, pode-se citar: • O Plano Nacional de Educação – PNE, documento norteador para elaboração dos Planos Estaduais e Municipais de Educação, com duração decenal. • O Programa de Aceleração da Aprendizagem – PAA, voltado para a correção da defasagem idade-ano nos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental, em atendimento à meta estabelecida no Plano Nacional de Educação – PNE. Apresentam-se, a seguir, algumas concepções relacionadas por Padilha (2001), referentes a Planejamento, Plano, Programa e Projeto. Planejamento • O planejamento “é uma atividade essencial e exclusivamente humana. Somente o homem, como animal racional e temporal que é, realiza a complexa atividade de planejamento. (...) Pensar antes de agir. Organizar a ação. Adequar meios a fins e valores. Estas expressões sintetizam o conceito de planejamento, considerando-o uma técnica, uma ferramenta para a ação. Coloca-se esta questão dentro do que se convencionou chamar de visão instrumental do planejamento, destacando-se seu aspecto utilitário. (...) Global, integrado, contínuo, realista, flexível, interdisciplinar e multiprofissional, participativo: estas são algumas condições, entre outras, para um bom planejamento, inclusive o educacional” (FONSECA, NASCIMENTO; SILVA, 1995:81-86). • Planejamento é um “processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego dos meios materiais e dos recursos humanos disponíveis, a fim de alcançar objetivos concretos, em prazos determinados e em etapas definidas, a partir do conhecimento e da avaliação científica da situação original” (MARTINEZ; LAHORE, 1977, p. 11). 23Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento • O Projeto de Correção do Fluxo Escolar – desenvolvido com financiamento do MEC/FNDE, por Municípios e Estados, objetivando a regularização do fluxo escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Utiliza como alternativa pedagógica a Aceleração da Aprendizagem. Para perceber melhor as distinções, do ponto de vista do âmbito da ação e do grau de detalhamento de cada um, observe: • se o âmbito da ação tem maior abrangência, como no caso do Plano Nacional de Educação e o nível de detalhamento é menor, o documento se caracteriza como um Plano. • se o âmbito da ação se refere a um setor específico (educação, saúde, segurança) ou a uma área geográfica (leste, oeste, urbano, rural), e o nível de detalhamento com abrangência setorial ou regional, pode-se caracterizar o documento como um Programa. • se o âmbito ou área de abrangência é menor, porém o grau de detalhamento é maior (educação infantil, ensino fundamental, defasagem idade-série, desempenho escolar), o documento apresentará as características de um Projeto. Conforme COHEN e FRANCO, “um Plano é a soma de Programas que procuram objetivos comuns, ordena os objetivos gerais e os desagrega em objetivos específicos, que constituirão por sua vez os objetivos gerais dos Programas.” “o Programa é um conjunto de Projetos que perseguem os mesmos objetivos. Estabelece as prioridades da intervenção, identifica e ordena os projetos, define o âmbito institucional e aloca os recursos a serem utilizados. O horizonte temporal dos Programas são, em geral, de 1 a 5 anos.” “um Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados.” Plano • O Plano é um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. Para que exista o Plano é necessário que um grupo tenha antes sereunido e, com base nos dados e informações disponíveis, tenha definido os objetivos a serem alcançados, tenha confrontado os objetivos com os recursos humanos e financeiros disponíveis, tenha definido o período de realização das ações, enfim, tenha organizado o conjunto de ações e recursos. O Plano evita o improviso, o imediatismo, a ausência de perspectivas, pois ele antecipa, ele prevê. O Plano passa a ser um referencial, um norte para as ações educacionais do município. Com o Plano é possível então acompanhar o seu desempenho, avaliar se os resultados alcançados foram ou não os esperados, onde houve desvios, quais os problemas enfrentados. Planejamento e Plano estão estreitamente relacionados, mas não são sinônimos. O primeiro representa o processo e o segundo é um registro do processo (SOBRINHO, 1994, pp. 3-4). • “P lano é um cor te no processo de planejamento – que torna explícitos os seus elementos já conhecidos: é um instantâneo da situação presente que fixa os objetivos, suas interdependências e prioridades, meios e recursos, estimativas de prazos e custos” (LAMPARELLI, in BIERRENBACH, 1981:30). Continua ... 24Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Programa “Programa é constituído de um ou mais projetos de determinados órgãos ou setores, num período de tempo definido” (LAMPARELLI, in BIERRENBACH, 1981:30). Projeto “O projeto é uma antecipação. A utilização do prefixo pro-, que significa antes, na terminologia da planificação e nomeadamente nas noções de projeto e de programa, é neste ponto de vista significativa: o conteúdo de um projeto não tem a ver com acontecimentos ou objetivos, pertencendo ao ambiente atual ou passado do ator que o elabora, mas com acontecimentos ou objetos ainda não verificados; não se debruça sobre fatos, mas sobre possíveis; relaciona-se com um tempo a vir, com um futuro de que constitui uma antecipação, uma visão prévia” (BARBIER, 1993:49). Continua ... Em síntese, pode-se dizer que o planejamento em nível macro vai direcionar ou estar alinhado ao planejamento em nível micro. Para exemplificar melhor essa correspondência, podemos citar um dos objetivos e metas – item 3, citado no Plano Nacional de Educação, no que se refere ao fluxo escolar, ou seja, “Regularizar o fluxo escolar, reduzindo 50%, em cinco anos, as taxas de repetência e evasão, por meio de programas de aceleração da aprendizagem e de recuperação paralela ao longo do curso, garantindo efetiva aprendizagem.” Este objetivo é consubstanciado nos Planos Estaduais e Municipais de Educação, mediante a implantação/implementação do Programa de Aceleração da Aprendizagem para o Ensino Fundamental – 1o ao 9o ano, sob a forma de Projeto, nos vários estados brasileiros e municípios, objetivando regularizar o fluxo escolar dos alunos. Você encontrará nas janelas pequenos textos que analisam os conceitos aqui discutidos. Sintetizando e enriquecendo nossas informações Faça uma síntese dos tipos e instrumentos de planejamento, apresentados no texto Planejamento e instrumentos. 25Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Abrangência do planejamento A abrangência do planejamento pode ser definida em relação à sua duração, ao seu alcance físico ou ao político. Em relação ao período em que os Planos são elaborados, pode-se ter o planejamento: conjuntural – menos de um ano; de curto prazo – de um a dois anos; de médio prazo – de três a quatro anos e de longo prazo – mais de quatro anos, vinculado às vezes, a mais de um período governamental. Essa duração é flexível, sendo que alguns autores e órgãos financiadores a classificam como: curto prazo – 1 mês a 1 ano; médio prazo – até 2 anos e longo prazo – mais de 2 anos. Quanto a sua abrangência física, o planejamento pode ser: • mundial, multinacional, nacional, regional, estadual, municipal, urbano, rural, local, institucional, familiar e, até, individual. Em referência à abrangência política, pode-se ter o planejamento em: • nível macro e • nível micro. Observa-se, que na prática, utilizam-se nos planejamentos dois ou mais critérios de abrangência, como pode ser observado nos exemplos apresentados a seguir. Plano Plurianual de Ação – PPA, em nível federal A ideia da elaboração do Plano Plurianual foi inspirada no patrono universal do planejamento econômico, o czar soviético Josef Stalin, que já em 1939, elaborava planos quinquenais para a ex-URSS. O que você pensa disto? Como classificar o planejamento em termos de abrangência? Em que consiste um Plano Plurianual de Ação? Quais os Planos Plurianuais de Ação que você conhece na área educacional? Os desafios do Plano Plurianual Pensar no Brasil a longo prazo e fazer cumprir as promessas da campanha. Com essas intenções, o governo anunciou há pouco a elaboração do próximo Plano Plurianual – PPA. Até aí, nenhuma novidade. O planejamento é o alicerce das finanças públicas: quem planeja tem melhores condições de fazer uma boa gestão. Mas o atual governo lança as discussões do PPA com um grande diferencial: pela primeira vez no Brasil, a sociedade civil organizada poderá participar da elaboração do planejamento orçamentário do governo. Mesmo diante dos drásticos cortes orçamentários do início de gestão, da indefinição do futuro do país com o novo contexto internacional e dos juros severos da dívida, o presidente tem chances factíveis de fazer um bom trabalho. Primeiro, porque vai aproveitar os avanços metodológicos do plano, que hoje não pode mais ser considerado uma carta de boas intenções. Desde 1996, o PPA passou a ser organizado por programas, voltados para a solução de problemas, quantificados por indicadores. Incorporou metas físicas de gasto e passou a definir gerentes, explicitar parcerias, além de prever a avaliação dos programas orçamentários. Antes os governantes rejubilavam-se com a divulgação das cifras de gasto, em puro exercício de abstração. Com o novo método de elaboração do PPA, o cerne da questão 26Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento No Brasil, a partir da promulgação da Constituição de 1988, que obrigou o Governo Federal a elaborar e submeter ao Congresso Nacional seus projetos de médio e longo prazos, o então chamado PLANO PLURIANUAL foi adotado. Pode-se afirmar que, em nível macro, a expressão máxima de PLANEJAMENTO está consubstanciada no PLANO PLURIANUAL DE AÇÃO elaborado tanto em nível federal quanto estadual e municipal. Ele representa o documento maior, sendo que os demais são decorrentes dele. É um plano de médio prazo, por meio do qual procura-se ordenar as ações do Governo que levem ao atingimento dos objetivos e metas fixados para o período de 4 anos. Cabe ao Governo Federal expressar sua visão sobre os problemas prioritários enfrentados pelo país e apontar soluções mediante a concepção e execução de Programas e Metas. Um dos instrumentos utilizados por ele para isso é o Plano Plurianual de Ação – PPA, que consiste em instrumento de previsão, organização e sistematização de suas atividades nas várias áreas de atuação. O Plano apresenta uma percepção dos desafios em cada área, ou seja, Educação, Saúde, Transporte, Ciência e Tecnologia, Defesa, Comunicações, Energia e outros, apresentando, também, um elenco de políticas, com propostas para a superação das dificuldades, entre outras, a redução das desigualdades sociais e diminuição das disparidades regionais, integração do país com os países vizinhos. Assim, o PPA estabelece Diretrizes, Objetivos, Metas e Programas da administração pública federal vinculados aos respectivos custos orçamentários. O PPA é elaborado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a partir de dados e informações coletados, bem como instrumentos próprios elaborados em cada um dos ministérios, já no primeiro ano do mandato do Presidente. passou a ser a relação custo-benefício, ou seja, o que se pretende fazer com os recursos previstos. Segundo, porquea abertura das discussões à sociedade civil representa uma grande parceria para o país. Bem conduzido, esse processo poderá constituir um marco referencial no processo de formulação, implementação e avaliação de políticas públicas no Brasil. No entanto, alguns aspectos do plano devem ser pontuados e discutidos pelo governo e pela sociedade para que não aconteçam os mesmos erros do passado. 1. Um projeto de desenvolvimento. O primeiro ponto refere-se ao diagnóstico, realizado em etapa anterior à formulação dos programas do plano. É o ponto de partida para a discussão dos problemas que atingem a sociedade brasileira e que devem ter sua proposta de resolução elencada no PPA. Essa análise deve orientar a intervenção planejada do governo para dar sentido aos programas que compõem o Plano Plurianual como parte de um projeto de desenvolvimento para o país. Esse diagnóstico deve estar inserido na agenda de debate do governo com a sociedade civil. E, sob o pressuposto da transparência da ação governamental, é fundamental que se dê publicidade ao estudo. 2. Compatibilidade. Refere-se à necessidade de compatibilizar os programas com as estratégias abordadas, ou seja, estabelecer uma lógica interna entre os programas, bem como Continua ... 27Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Trata-se de Programas para todo o Brasil e empreendimentos que devem ser assumidos não só pelo governo federal, mas também por estados, municípios, iniciativa privada e sociedade civil organizada. É uma convocação à união de esforços para o desenvolvimento voltado para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. O microplanejamento, aquele que se dá em nível da escola, tem vinculação direta com o macroplanejamento, ou seja, aqueles projetos elaborados com vistas à melhoria da ação pedagógica correspondem às diretrizes e aos objetivos determinados para a educação em nível nacional. Assim, as ações estabelecidas numa escola do interior do Amapá ou de São Paulo, para combater a repetência, não estão isoladas, soltas, mas buscam atender ao que está estabelecido no Plano Plurianual de Ação do Governo Federal, que se caracteriza como um macroplanejamento. Veja, na janela, as reportagens Os desafios do Plano Plurianual e PPA prevê aumento de consumo. Elas mostram a abrangência e os desafios de um PPA. Como modelo de macroplanejamento no setor educacional, destaca-se o Plano Nacional de Educação. No contexto de um processo histórico de planejamento e organização, não é resultado de uma decisão isolada, de um grupo de pessoas, de forças políticas ou educacionais organizadas, mas de uma ampla discussão em níveis nacional e internacional, e sendo lei está em consonância com compromissos internacionais firmados pelo Brasil, que dizem respeito diretamente à educação. Como exemplo, citem-se as diretrizes do PNE – 2011/2020: • erradiação do analfabetismo; • universalização do atendimento escolar; • superação das desigualdades educacionais; • melhoria da qualidade do ensino; • formação para o trabalho; entre estes e as prioridades elencadas pelo governo. Na questão ambiental, por exemplo, não faz sentido propor um programa que crie um corredor de exportação onde antes havia uma floresta, para depois criar um outro com o objetivo de protegê-las e recuperá-las. Do mesmo modo, se o governo tem como meta concentrar seus esforços na área social, seus programas precisam ser compatíveis com esse objetivo e sua estratégia organizada para atingir tal fim. 3. Interação com os Estados. O terceiro aspecto aponta para uma coerência entre o planejamento dos governos federal e estadual. Embora os prazos constitucionais ainda sejam um empecilho a essa tarefa – matéria que deverá ser objeto da lei de finanças públicas –, é importante realizar um esforço para evitar contradições e sobreposições entre os PPAs federal e estaduais. 4. Indicadores adequados. O quarto ponto diz respeito à definição dos indicadores que servem para estabelecer os parâmetros iniciais de ação e avaliar a eficiência dos programas ao término de sua implementação. Até o momento, não há estatísticas adequadas para mensurar demandas específicas do país. 5. Realismo. Deve-se buscar o realismo das metas físicas em relação aos seus custos e das ações em relação ao objetivo de cada programa. Ao mesmo tempo, evitar ao máximo Continua ... 28Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento • promoção da sustentabilidade socioambiental; • promoção humanística, científica e tecnológica do País; • estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto; • valorização dos profissionais da educação; e • difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação. O PNE abrange todos os níveis de ensino, desde a Educação Infantil até a Pós-Graduação, nas diversas modalidades para as diferentes demandas. Ali estão incluídas a educação regular, especial, a indígena, o afro-brasileiro, a educação de jovens e adultos, a formação para o trabalho, a educação a distância etc. Quanto aos níveis de ensino e modalidades de educação, os entes federados têm suas respectivas áreas de atuação prioritária, consoante atribuição da Constituição Federal e da LDB. Município Educação Infantil Ensino Fundamental Estado Ensino Fundamental Ensino Médio (inclui formação de professores em nível médio) União Ensino Superior (inclui formação de professores em nível superior) A União presta, ainda, assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para garantir a equalização das oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino. Plano Plurianual de Ação – PPA, em níveis estaduais e municipais De forma semelhante ao de nível federal, também os governos estaduais elaboram o seu Plano Plurianual de Ação, como documento-síntese dos Programas/Metas estabelecidos pelo governo. a dispersão dos recursos em vários programas, o que introduz o risco de comprometimento dos objetivos inicialmente estabelecidos. 6. Participação. Diante do compromisso do governo de ouvir a sociedade, é demonstração de boa vontade definir interlocutores no governo federal para receber as sugestões da sociedade civil. A articulação da sociedade para intervir no PPA é legítima no contato de fortalecimento da democracia brasileira, mas deve contar com instrumentos adequados, não apenas na elaboração do PPA, mas em todas as etapas da gestão fiscal (PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, orçamento e execução). É preciso, por exemplo, que os critérios adotados no contingenciamento não se choquem com as prioridades definidas para o PPA. A participação da sociedade poderá representar também um salto de qualidade se articulada ao gerenciamento dos programas durante o processo e elaboração, gestão e avaliação do PPA. 7. Transparência. Para que a participação seja efetiva e não sirva apenas para validar o PPA elaborado pelo governo, uma condição prévia é o acesso à informação. A transparência no processo de formulação e implementação do Plano Plurianual faz parte de uma estratégia maior que permitiria o monitoramento pela sociedade civil de todo o ciclo orçamentário (PPA, LDO, execução financeira e avaliação dos relatórios de gestão fiscal). Esse Continua ... 29Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento A concepção geral do PPA estadual é relativamente tradicional, em consonância com as determinações da legislação de cada estado. O PPA deve ser entendido como um instrumento de trabalho que orienta as ações governamentais nos quatro anos de governo. Os Planos Plurianuais estaduais podem variar conforme metodologia específica adotada para cada estado. Em geral, devem conter uma estrutura integrada composta de: apresentação, de forma sintética, das principais tendências atuais e os fundamentos da ação governamental; definiçãodas principais prioridades, diretrizes e programas que sintetizam a compreensão da ação governamental; apresentação dos objetivos, diretrizes, programas, subprogramas, projetos e metas setoriais, abrangendo todos os poderes e entidades do governo e, finalmente, o financiamento e as prestações de despesas ao longo dos quatro anos que abrangem o Plano. Devem ser elaborados instrumentos de coleta de informações direcionados especificamente às unidades orçamentárias do Governo, contendo: • diagnóstico: a análise da situação atual, problemas e deficiências que afetam a população e as limitações e carências que dificultam a efetividade das ações corretivas por parte do Governo; • objetivos: o quadro ideal da sociedade que se pretende atingir pela ação do Governo; • metas: etapas de curto, médio ou longo prazo, quantificáveis ou passíveis de serem aferidas, com prazo definido, considerado como marco no alcance dos objetivos estabelecidos; • diretrizes: as estratégias e os princípios que orientam a ação do governo para melhor atingimento dos objetivos. O PPA estadual abrange os Poderes Legislativo, Judiciário e o Executivo. No Executivo, definem-se Programas/Metas e respectivos orçamentos estabelecidos para as áreas de Educação, Cultura e Esporte, Saúde, Segurança Pública, Trabalho, Transportes, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio e outros. Continua ... monitoramento pressupõe a abertura do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e do Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento do Plano Plurianual (Sigplan), bem como a publicidade dos diagnósticos dos problemas que orientam a estratégia do governo na elaboração dos programas. 8. Avaliação. O processo de planejamento apenas se completa com uma avaliação periódica e independente dos programas, com base em indicadores adequados, de forma a realimentar pelos próprios gerentes dos programas, o que é útil, mas não confere a necessária transparência e isenção ao processo. Seria extremamente importante envolver instituições de pesquisa não públicas, principalmente de organizações da sociedade civil. Levanta-se, ainda, a necessidade de a avaliação do PPA ser um processo contínuo, concebido desde o início do programa. Extraído do Jornal Correio Braziliense. Brasília, 2003. 30Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Com relação à área educacional, além do disposto no PPA, tem-se como referência o estabelecido no PNE, para nortear a elaboração dos Planos Decenais da Educação e dos seus correspondentes, em níveis estaduais e municipais. O PNE foi arquitetado sob três eixos: a educação como direito, a educação como instrumento do desenvolvimento econômico e social e a educação como fator de inclusão social. Da mesma forma que o Plano Nacional de Educação, os estaduais e municipais terão como primeira referência para a fixação de seus objetivos, aqueles estabelecidos pela Constituição Federal, em seu art. 214: erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade do ensino, formação para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do País. Em seguida, devem contemplar os objetivos estabelecidos pelo PNE: • elevação global da escolaridade da população; • melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; • redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e • democratização da gestão do ensino público. Os planos estaduais e municipais seguirão, no que couber, a estrutura temática do PNE: Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Educação Superior Educação de Jovens e Adultos Educação a Distância e Tecnologias Educacionais Educação Especial Educação Afro-Brasileira e Indígena Magistério da Educação Básica Financiamento e Gestão Acompanhamento e Avaliação Plano Plurianual – PPA O Plano Plurianual – PPA, é visto como a principal ferramenta que o governo têm em mãos para se diferenciar das gestões anteriores. Apesar de falar várias vezes sobre a questão social, o PPA mostra a continuidade da política econômica, com a manutenção de um superavit primário (receita total menos despesas, excluídos os juros) “consistente” e a preocupação com o controle da inflação. As prioridades do Plano Ao apresentar o documento sobre o Plano Plurianual – PPA, o ministro do Planejamento, destaca as principais prioridades do governo. Ampliação do Consumo de Massa O governo quer estimular a expansão do chamado mercado de consumo de massa. Isso significa aumentar o poder aquisitivo de famílias de baixa renda, por meio de sua inclusão no mercado de trabalho. Com isso, o consumo de bens e serviços também cresce, movimentando a economia e gerando mais investimentos. 31Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Os Planos Decenais de Educação, em níveis estaduais e municipais, deverão, em consonância com o Plano Nacional de Educação, contemplar no seu processo de planejamento, a seguinte estrutura técnica: diagnóstico, diretrizes, objetivos e metas. a. Diagnóstico: indicação e análise, com a maior objetividade e precisão possível, dos problemas da educação no território do ente federado, das medidas já adotadas, das experiências que vêm dando certo. Sugere-se a utilização dos estudos, diagnósticos, relatórios existentes na Secretaria de Educação e em outros órgãos, os levantamentos próprios do Sistema de Ensino e os dados disponíveis do IBGE e do INEP. É importante enfatizar a participação no diagnóstico dos diversos atores da educação, para assegurar uma visão mais realista, vivenciada, da realidade educacional. b. Diretrizes político-pedagógicas para a ação educacional: a análise das diretrizes nacionais presentes no PNE à luz das realidades locais subsidiará a definição ou eleição das diretrizes estaduais e municipais. c. Objetivos e Metas: enquanto o PNE estabelece objetivos e metas globais para a Nação, os planos das unidades federadas determinarão a participação de cada um no conjunto, o que implica ter, na sua elaboração, duas referências: o desejo nacional e as possibilidades locais. Os objetivos e as metas serão particularizadas e passarão a ser compromisso efetivo de cada unidade federada. Sempre que possível, separar objetivo e meta, sendo o primeiro uma clara intenção finalística, e a segunda, um dado quantificado mensurável no tempo. Pode haver metas qualitativas para as quais não é possível estabelecer um indicador temporal ou quantitativo. A prática, em cada caso, indicará a melhor forma de tratar o assunto, ora separando-os, ora juntando-os. O importante é expressar o que o Estado e o Município assumem, na dimensão que lhes corresponde no conjunto do Plano Nacional. Neste item, incluem-se as linhas de ação de curto e médio prazos. À medida que a execução do Plano avança no tempo, novas ações vão sendo definidas para realizar os objetivos e atingir as metas. Investimento em Infraestrutura No PPA o investimento público tem um papel fundamental na ampliação da infraestrutura, mas não há recursos suficientes. Por isso, o governo vai concentrar esforços nas áreas que dificilmente serão atendidas pelo setor privado e incentivar o investimento de empresas privadas nas outras áreas. Extraído e Adaptado do Jornal Correio Braziliense. Brasília, DF. Continua ... 32Planejamento e Elaboração de Projeto Planejamento Os planos estaduais serão encaminhados às Assembleias Legislativas, e os planos municipais, às Câmaras de Vereadores, para sua aprovação, e serão, respectivamente, leis estaduais e municipais. Além do Plano Decenal, os governos estaduais e municipais poderão, ainda, elaborar um Plano específico, para o período de vigência do governo, buscando sempre a coerência com o Plano Decenal. Em síntese, verifica-se que o planejamento em nível macro norteia o planejamento em níveis regional e local. Dessa forma, a elaboração dos PlanosEstaduais deve estar em consonância com o Plano Nacional – nível macro, e também, a dos Planos Municipais – nível micro, que devem ser coerentes com o Plano do respectivo Estado. Os três documentos deverão compor um conjunto integrado e articulado. Integrado, quanto a objetivos, prioridades, diretrizes e metas estabelecidas. E articulado nas ações, de forma que, na soma dos esforços das três esferas, de todos os Estados, Municípios e a União, alcancem-se as metas estabelecidas pelo PNE. Os objetivos e as metas do PNE somente poderão ser alcançados se ele for concebido e acolhido como “Plano de Estado”, mais do que “Plano de Governo” e, por isso, assumido como um compromisso da sociedade para consigo mesma. Sua aprovação pelo Congresso Nacional, num contexto de expressiva participação social, o acompanhamento e a avaliação pelas instituições governamentais e da sociedade civil e a consequente cobrança das metas nele propostas, são fatores decisivos para que a educação produza a grande mudança, no panorama do desenvolvimento, da inclusão social, da produção científica e tecnológica e da cidadania do povo brasileiro. Maiores informações sobre o Plano Nacional de Educação poderão ser acessadas no site <http://www.mec.gov.br/legislaçãoeducacional>. Em síntese, a concretização dos objetivos/metas estabelecidos tanto no Plano Nacional de Educação quanto nos Planos Decenais, em níveis estaduais e municipais, serão consubstanciados em Projetos específicos, caracterizados como produto final do processo de planejamento. Sintetizando e enriquecendo nossas informações Faça a síntese do texto Abrangência do planejamento. 33Planejamento e Elaboração de Projeto Elaboração do Projeto UNIDADE 2 – Elaboração do Projeto Estrutura técnica para elaboração do projeto O projeto resulta de um procedimento lógico e racional que substitui o comportamento intuitivo e empírico. Assim, o projeto desenvolve alternativa que substitui o comportamento arbitrário por decisões tecnicamente justificadas, assegurando padrões mínimos de eficiência e eficácia. Como já foi dito, os projetos públicos surgem como decorrência de planos globais e/ou setoriais de caráter nacional, estadual ou municipal e se constituem em propostas que devem atender a uma estrutura definida. Uma vez estabelecido o processo de planejamento, este tende a evoluir no sentido de um progressivo detalhamento, que contém indicações bastante precisas para a elaboração, execução e avaliação do projeto. Tem-se convencionado que a técnica de elaboração de projetos envolve três processos fundamentais: a) elaboração do projeto; b) implantação; c) avaliação. Na verdade, é difícil dissociar esses aspectos que quase sempre se apresentam estreitamente inter-relacionados, mesmo porque a elaboração do projeto é, até certo ponto, uma simples ordenação de dados para a sua implantação, implementação e avaliação. Leia o texto Predominância da ação que se encontra na janela. O que você pensa disto? Quais as etapas para a elaboração de um projeto? Quais os seus componentes? Explique. Predominância da ação A ação deve ter predominância sobre o planejamento em si. O planejamento prepara para a ação, mas não a substitui. É como disse certa vez um prefeito de São Paulo, recém-empossado, ao tomar conhecimento da miríade de planos não realizados que seus antecessores haviam deixado: “chega de planejamento, a hora é de fazejamento!” A atitude de fazer a ação predominar sobre o planejamento evita a síndrome de paralisia analítica: o coordenador ou equipe preocupa-se tanto em tomar todos os cuidados de não errar, de fazer previsões, as mais corretas, que termina por não fazer nada. Extraído de: MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Op. cit., p. 209. 34Planejamento e Elaboração de Projeto Elaboração do Projeto A forma de ordenamento desses dados e/ou informações é muito flexível, dependendo dos diferentes modelos apresentados para elaboração. Na fase de elaboração do projeto, todas essas questões têm que ser devidamente observadas: torna-se necessário organizar os dados, estabelecer uma justificativa para proposição do projeto, definir metas, ações e até mesmo atividades, especificar responsabilidades e parcerias e dimensionar o prazo em que o projeto deverá acontecer. Para que você tenha uma ideia da relação entre esses aspectos ou partes/ itens de um projeto, apresenta-se o esquema a seguir: JUSTIFICATIVA OBJETIVO META AÇÃO ATIVIDADE RESPONSABILIDADE INTERFACE CRONOGRAMA PROJETO Com base nessa representação, você pode observar que o projeto final é o desdobramento do objetivo em metas, das metas em ações, das ações em atividades e a delimitação dessas quanto à responsabilidade, interface e cronograma. Definição de objetivos e análise do contexto Os objetivos são os resultados finais em direção aos quais a atividade é orientada. Por exemplo: • comprar um casa é um objetivo para uma família; • aumentar em 25% a participação no mercado é um objetivo para uma empresa; • disputar a final do campeonato é um objetivo para um time de futebol; • reduzir a inflação é um objetivo para o governo petista; • melhorar o nível de vida da população é o objet ivo de um projeto de desenvolvimento. Os objetivos definem o que deve ser feito, orientam o comportamento de indivíduos e de organizações, e condicionam a forma e o conteúdo dos planos que possibilitam sua realização.Os objetivos são criados de muitas maneiras diferentes: eles originam-se das missões da organização, de intenções, necessidades, desejos de pessoas ou grupos, problemas atuais ou previstos, ameaças ou oportunidades e outras circunstâncias. Este é o contexto dentro do qual o plano é elaborado. 35Planejamento e Elaboração de Projeto Elaboração do Projeto Nesse sentido, vale lembrar que o PROJETO é uma proposta de intervenção em uma dada realidade; realidade essa que o justifica. E o objetivo que se quer atingir com essa intervenção é que direciona todo o desdobramento da elaboração do projeto. A partir desse entendimento, caracteriza-se cada um desses aspectos para que você possa ter maior clareza na sua diferenciação. Nesta etapa, você vai aprender a elaborar os itens físicos do projeto, os itens físico-financeiros serão trabalhados em seguida. A elaboração do projeto é um processo que compreende várias fases, iniciando com a concepção até a sua redação final. Elas ocorrem de forma dinâmica e simultânea. É importante observar que não se consegue elaborar um projeto de uma só vez; é preciso muita discussão, reflexão, rascunhos e reelaboração até que se obtenha o resultado desejado. É preciso ressaltar que esse processo exige muita exercitação, à medida que as experiências vão se acumulando, o técnico vai adquirindo mais segurança e competência no desenvolvimento dessa atividade. Essa tarefa deve ser feita pela equipe que irá desenvolver o projeto e jamais por um técnico isolado do grupo. No entanto, a redação final poderá ser de responsabilidade de um pequeno grupo de representantes da equipe inicial. Lembre-se: A elaboração de um projeto exige: bom-senso, negociação, criatividade, coerência, experiência e conhecimento técnico sobre o assunto objeto do projeto. Passemos ao processo de elaboração do Projeto, detalhando seus componentes. O que é uma JUSTIFICATIVA? A JUSTIFICATIVA de um projeto é a descrição clara e sucinta das razões que levaram à proposição do projeto, evidenciando os benefícios sociais a serem Quanto mais precisa for a análise do contexto mais realistas e viáveis serão os objetivos. Se o problema a ser resolvido for o abastecimento de energia para uma região, a avaliação do contexto, envolve informações sobre a demanda presente e sua evolução previsível, sobre o potencial de energia disponível e suas perspectivas de utilização ou esgotamento, as possibilidades de substituição ou complementação das fontes que estiverem sendo usadas e assim por diante.
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