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PLANEJAMENTO ESCOLAR (1)

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PLANEJAMENTO ESCOLAR E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 
INTRODUÇÃO 
O desejo de planejar advém da necessidade de alguém ou de algum grupo social. Ou seja, devido à 
realidade colocar diante das pessoas ou de grupos alguma situação que é percebida como problema, 
exigindo uma reflexão para solucioná-lo, planejamos ações. Sem um problema originário percebido como 
tal, não se colocaria a necessidade do planejamento. Ao perceber que algo vai mal, há um diálogo mais 
efetivo com a realidade, que será “examinada” e sobre a qual se deseja intervir. Assim, a intervenção exigirá 
um plano, um planejamento. 
O ato de planejar existe desde os tempos em que o homem se percebeu como ser humano. Antes mesmo 
de querer pensar em formar uma sociedade mais estruturada, o homem já planejava. E o fazia porque, 
diferentemente de outros animais, percebia a necessidade de articular ações para tornar sua atitude mais 
eficaz. Assim, planejava formas de caçar em função das possibilidades de sucesso; passou a retirar as peles 
dos animais para proteger-se do frio; dominou o fogo e desenvolveu técnicas de preservação da chama; 
percebeu que precisava se proteger da chuva e outras intempéries e, sabendo estimar quando ela viria, 
planejava a hora de se abrigar, entre outras ações que, antes de serem praticadas, eram pensadas, ou seja, 
planejadas. 
Com o passar do tempo e a complexificação das estruturas sociais, o planejamento foi se tornando parte 
estruturante da vida humana. A agricultura exigia aprender a cuidar da terra, a plantar na estação correta do 
ano, a colher no momento apropriado de cada cultura. Os locais e momentos em que apareceriam as caças 
também passaram a ser conhecidos e permitiam o planejamento do ato de caçar; as migrações de inverno 
eram preparadas conforme a chegada do frio. Tudo isso exigia planejamento. 
Com a complexificação das sociedades, foi necessário ampliar e melhor estruturar a organização de 
diferentes setores, como o da produção, do comércio, do uso dos espaços públicos e a estruturação das 
normas sociais, além de aperfeiçoar as estratégias de guerra, tornando-as mais eficientes. Assim, o ato de 
planejar ganhou maior sistematicidade e uso social diversificado, passando a integrar a vida social e mesmo 
a familiar. 
A noção de planejamento tornou-se mais ampla e complexa, de acordo com o setor, com o nível 
institucional ao qual se aplica e com a abrangência de seu conteúdo. Atualmente, é percebido como uma 
ferramenta usada pela administração que viabiliza uma percepção mais precisa da realidade, da avaliação 
dos caminhos possíveis para se chegar a determinados objetivos. 
Dica 
Um bom planejamento exige uma construção anterior do que se espera produzir como resultado e os 
trâmites e caminhos a serem seguidos para se chegar aos objetivos. 
A racionalidade da reflexão e proposição de ação é uma marca do planejamento, que normalmente não 
está sujeito, como as ações estão, a problemas eventuais e imprevisíveis que podem ocorrer. É fruto de um 
processo de deliberação abstrato e explícito que escolhe e organiza ações, antecipando os resultados 
esperados a partir de objetivos predefinidos. Sua constante avaliação é necessária, já que tanto as 
circunstâncias de sua aplicação quanto interferências externas podem ocorrer, comprometendo os 
resultados. 
Vejamos alguns tipos de planejamento: 
1. Planejamento estratégico 
• Destina-se à organização como um todo e ao longo do tempo. 
• Menos ligado às ações do que aos propósitos e à estrutura da organização – educacional ou de 
qualquer outro setor da sociedade. 
• É uma ferramenta gerencial adotada pelas empresas, buscando estabelecer metas de médio e longo 
prazo. 
• Centraliza as decisões nos gestores que chefiam a empresa ou a instituição. 
• É um processo contínuo e permanente pelo qual são definidos e revisados a missão da organização, 
sua visão de futuro, os objetivos e os projetos de intervenção que visam a mudanças ou permanências desejadas 
por aqueles que lideram a organização. 
2. Planejamento tático 
• É mais setorial e envolve metas e tarefas a serem executadas pelo pessoal do setor. 
3. Planejamento operacional 
• É por meio do qual planos de aplicação imediata aos níveis mais rotineiros e básicos de uma 
instituição são produzidos. 
Nas sociedades atuais, o planejamento é tão familiar que às vezes passa despercebido, mesmo estando 
presente em todos os segmentos de nossas vidas. Atualmente, o ato de planejar está consolidado como algo 
de suma importância, e temos formas e esferas do planejamento percebidos e definidos de diferentes 
maneiras. Falamos em: 
Planejamento pessoal 
Planejamento financeiro 
Planejamento organizacional 
Planejamento empresarial 
Planejamento estratégico 
Planejamento familiar 
Planejamento operacional 
Planejamento urbano 
Planejamento educacional e escolar 
Pode-se dizer que o termo planejamento foi e vem sendo empregado em diferentes cenários. Algumas 
vezes de maneira mais restrita e em outros momentos de modo mais amplo e complexo. Mas a notoriedade 
que o termo possui atualmente advém do período da Revolução Industrial e com as novas perspectivas de 
compreensão da administração no final século XIX e início do século XX, incluindo-se a administração do 
Estado. Foi também nesse período, após a Primeira Guerra Mundial e com a Revolução Russa de 1917, que o 
planejamento começou a ser aplicado no campo da economia. Rejeitado pelos liberais, que entendiam que a 
economia seria autorregulável e apostavam na “mão invisível” do mercado, o planejamento econômico 
centralizado no Estado foi adotado pelo regime comunista implantado na União Soviética e, gradativamente, 
foi sendo incorporado como necessidade nas economias capitalistas. Atualmente, é impensável uma 
economia não planejada, mesmo que não gerenciada em detalhes pelo Estado. 
Sendo o planejamento intimamente relacionado com os conceitos de organização ou administração e de 
produtividade, o planejamento em níveis distintos e formas específicas em função do setor a que se aplica é 
parte da vida de todos nós. Como não poderia deixar de ser, ele está também no campo da Educação, em 
níveis mais gerais por meio do planejamento educacional e, mais especificamente em cada unidade escolar, 
em diferentes instâncias das escolas. Os estudos do Planejamento Educacional e Escolar se situam, portanto, 
no campo da Administração Educacional e Escolar, respectivamente. 
Saiba mais 
Historicamente, além desse espraiamento em campos e da estruturação em níveis, o planejamento 
também evoluiu conceitualmente e encontrou em Frederick Winslow Taylor seu autor de referência. O livro 
escrito por ele, Os Princípios da Administração Científica, publicado em 1911, tornou-se um clássico 
incontornável nos estudos de Administração e Economia em geral, e mesmo nos estudos da administração 
educacional e escolar ainda atualmente. Foi a partir de seus estudos e de sua obra, trazendo o termo para a 
área empresarial, que cursos e formações específicas para o campo da Administração ganharam corpo e 
notoriedade. 
O planejamento, para Taylor, é um dos cinco princípios do que ele nomeia como sendo a Administração 
Científica, origem da disciplina acadêmica Administração de Empresas, e consiste em substituir o critério 
individual do operário, a improvisação e o empirismo por métodos planejados e testados de gestão. Os 
outros quatro Princípios da Administração Científica (seleção ou preparo, controle, execução e 
singularização das funções) não estudaremos neste tema. 
A Administração Científica é, portanto, um modelo de gestão que se baseia na aplicação do método 
científico à administração com o objetivo de garantir uma melhor relação custo/benefício nos sistemas de 
produção, aumentando-se, com isso, a produtividade da empresa e, consequentemente, seus lucros. O 
pensador percebeu que a padronização de métodos de produção poderia contribuir sensivelmente para o 
incremento da produção, sem ampliação de custos, e formulou cientificamenteos seus princípios. 
Ao incorporar o termo à gestão empresarial no início do período da interferência mais efetiva do Estado 
na economia e de complexificação dos processos de produção industrial, Taylor tornou-se uma referência 
tanto para empresas – Henry Ford foi um dos primeiros a adotar o taylorismo em suas fábricas – quanto 
para o campo acadêmico, e suas ideias se tornaram influentes até mesmo no nível estatal. 
Atualmente, embora a Administração Científica e seus princípios ainda exerçam influências sobre o 
campo de estudos da Administração, muitas outras perspectivas são consideradas relevantes, questionando 
o taylorismo e buscando outras formas de administrar e de incluir o planejamento da gestão do Estado e de 
empresas. Uma das novas formas de planejamento que tem adesões em muitos setores é o planejamento 
participativo, que envolve um número maior de pessoas e de setores de empresas, escolas e parte do 
Estado. 
A mais notória experiência de planejamento participativo no Brasil aconteceu na Prefeitura de Porto 
Alegre no início dos anos 2000, por meio do que ficou conhecida como “Orçamento Participativo”, uma 
forma de planejamento financeiro da prefeitura, do qual participavam cidadãos e organizações sociais para 
definir os destinos da verba disponível. 
Muitas outras experiências e propostas de planejamento vêm ocorrendo mundo afora e são estudadas, 
aperfeiçoadas e corrigidas por meio daquilo que se convencionou chamar de feedback (a análise avaliativa 
dos resultados das ações planejadas, que sugere as correções de rumo a serem implantadas). Essa avaliação 
é um procedimento permanente dos processos de planejar, sempre retomados pós-ação para serem 
melhorados e redefinidos. Ao incorporarmos a noção de feedback ao ato de planejar, estamos 
reconhecendo o caráter cíclico de todo o planejamento, que é retomado desde o início cada vez que uma 
avaliação se faz e a realimentação do processo é efetivada. 
O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E ESCOLAR 
O planejamento faz parte de todos os setores da sociedade e pode se organizar de modos distintos 
conforme escolhas daqueles a quem cabe a responsabilidade por ele. Essas escolhas envolvem gestores, mas 
também (mesmo antes deles) decisões políticas a respeito do modo de planejar e daquilo que deverá ser o 
conteúdo do plano. Isso porque a definição dos objetivos mais amplos de qualquer organização é sempre 
fruto de uma opção política. 
Isso significa que, concretamente, pouco a pouco, o conceito de planejamento também foi incorporado 
pelo campo da Educação e pela escola e, assim como em outros campos da vida humana e da sociedade, 
muitos dos princípios básicos do planejamento já eram praticados no dia a dia da administração escolar. Isso 
porque, sem uma organização básica, uma escola não teria a mínima condição de funcionamento. Mais do 
que isso, o planejamento escolar se inscreve em uma política educacional – pública ou privada – definida em 
documentos que devem ser respeitados por todas as escolas do sistema no momento de sua organização 
específica. 
Um dos grandes conflitos em torno do planejamento – em especial o chamado estratégico – no campo da 
Educação reside no fato de sua origem estar ligada às necessidades da economia capitalista, do mercado, da 
indústria. Seus princípios básicos estão centrados em uma racionalidade tecnicista e seus desdobramentos – 
a partir dos anos 1970 – nos princípios da tecnocracia, na qual eficiência e produtividade são características 
básicas da lógica reprodutivista do modo de produção capitalista que esse modelo encarna. Traduzindo: um 
modelo pautado na técnica, no domínio da técnica e na reprodução da técnica como a coisa mais importante 
para ter sucesso na educação. 
Saiba mais 
Existem muitas formas econômicas de compreender o cotidiano social do capitalismo; as principais delas 
são dos autores de economia, com destaque para Adam Smith e Karl Marx como os primeiros 
interpretadores do fenômeno do capital nos séculos XVIII e XIX. O conceito de Modo de Produção é cunhado 
por Marx, ampliando a visão de Smith, no sentido de perceber qual a principal forma de produção de 
riqueza. Com o capital e suas dinâmicas, entende-se que controlar a produção – ora industrial, ora de 
riquezas setorizadas – marca o momento de uma sociedade definida pelo capital. 
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Exemplo 
Pense no impacto que isso provoca: o professor deixa de ser um intelectual que promove para ser um 
técnico que executa uma missão; os gestores e a equipe pedagógica têm técnicas, procedimentos e ações 
que, se cumpridos, garantem resultados semelhantes, ainda que com poucas correções de rumo. 
Esse primado do planejamento tecnicista não é total, e o planejamento educacional e escolar atualmente 
o transcendem, indo muito além dessa visão tecnicista, bastante questionada na atualidade. A mais 
difundida das propostas de superação do planejamento tecnicista tradicional, reconhecido por alguns como 
tecnocrático e por outros como burocrático, é o planejamento participativo. 
A principal característica do que atualmente se chama planejamento participativo não é o fato de nele 
se estimular a participação das pessoas. Isso existe em quase todos os processos de planejamento: não há 
condições de fazer algo na realidade atual sem, pelo menos, pedir às pessoas que tragam sugestões. Usa-
se essa “participação” até para iludir ou cooptar. O planejamento participativo é, de fato, uma tendência 
(uma escola) dentro do campo de propostas de ferramentas para intervir na realidade. Ele se alinha a 
outras correntes, como o gerenciamento da qualidade total e o planejamento estratégico. Como tal, ele 
tem uma filosofia própria e desenvolveu conceitos, modelos, técnicas e instrumentos também específicos. 
GANDIM, 2001 
O planejamento participativo recebe esse nome porque pressupõe que seja feito, não por técnicos 
especializados ou por políticos no poder, mas pelo conjunto de pessoas envolvido com a instituição (seja ela 
qual for, mas, no nosso caso, as escolas) e interessado em pensá-la e em suas ações, com autonomia 
suficiente para que a participação não seja um simulacro, caindo na cooptação de que fala Gandim. A 
pensadora da Educação, Ilma Veiga (2005), afirma que a escola é o lugar de concepção, realização e 
avaliação de seu projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico com base 
em seus alunos. Ou seja, a participação dos diferentes sujeitos da escola é fundamental para que o projeto 
elaborado considere, efetivamente, as especificidades locais, de alunos, professores e demais trabalhadores, 
suas possibilidades e seus limites. Por isso, a opção pelo planejamento participativo parece tão relevante 
para esses autores. 
Nos campos educacional e escolar, é preciso, também, diferenciar o caráter do planejamento nas 
instituições públicas e privadas. Podemos dizer que, no caso: 
Redes privadas 
Os Planos de Desenvolvimento Institucional (PDI) e os Projetos Pedagógicos Institucionais (PPI) são 
definidos pelos proprietários e gestores contratados para a tarefa. 
Redes públicas 
As escolas não formulam nem seguem esses tipos de planos, já que a elas cabe apenas elaborar os 
projetos político-pedagógicos locais – tornados obrigatórios para todas as escolas a partir da aprovação da 
LDB em 1996 –, recebendo orientações gerais da Administração do sistema, o Ministério e as Secretarias de 
Educação estaduais e municipais. Há, ainda, o planejamento especificamente pedagógico, definido dentro 
das escolas e do qual, normalmente, participam os docentes da escola e, eventualmente, representantes dos 
responsáveis, de acordo com as normas gerais da gestão democrática da escola pública. 
Vejamos a seguir alguns artigos da LDB, Lei n. 9394/1996, que demonstram a importância que o 
planejamento assume nos atuais sistemas de ensino, a preocupação em normatizá-lo de modo democrático 
e o investimento na autonomia das unidades escolares. Percebendo, ainda, os diferentes níveis em que o 
planejamentodeve ocorrer, bem como a subalternidade dos níveis mais específicos ao projeto da escola: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
ARTIGO 12 
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a 
incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica (...). 
ARTIGO 13 
Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento 
de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de 
ensino (...). 
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ARTIGO 14 
Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, 
de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais 
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e 
local em conselhos escolares ou equivalentes. 
ARTIGO 15 
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram 
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas 
gerais de direito financeiro público. 
A tentativa de legislar dessa forma sobre o planejamento escolar está baseada no princípio da gestão 
democrática, presente na LDB e inspirador dos itens I do Artigo 13, e do Artigo 14, ao determinar que todos 
os profissionais da Educação participem na elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola, 
reconhecendo funcionários de apoio como “educadores” e incorporando pais e responsáveis à gestão da 
escola. Ressaltamos, ainda, o Artigo 15 e a perspectiva de autonomização progressiva das escolas em 
relação ao sistema de ensino que integram, democratizando não apenas a gestão local, mas também a 
relação dela com o sistema. Como vimos, essa preocupação democrática também se faz presente no campo 
acadêmico do estudo do planejamento escolar e sua proposta de planejamento participativo. 
Celso Vasconcellos (2008), pensador brasileiro que se dedica ao estudo do planejamento escolar, propõe 
o planejamento estruturado da seguinte forma: 
 
PPP E O PLANEJAMENTO 
O projeto político-pedagógico é um documento legal obrigatório desde a LDB 9394/1996 e que deve ser 
elaborado pelas escolas, definindo objetivos, interações, missões, entre outros aspectos. 
Nos níveis mais especificamente pedagógicos dos planos de ensino e das aulas, sempre em consonância 
com o PPP da escola, os planejamentos devem obedecer, também, a uma lógica participativa. Vejamos: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
PLANO CURRICULAR OU DE ENSINO 
• Constitui-se no referencial basilar para a fundamentação de cada disciplina e de cada ação junto aos 
alunos. 
• É no plano curricular que são expressos os conteúdos previstos, as expectativas de aprendizagem e 
as propostas de avaliação para cada ano/série. 
PLANOS DE AULA 
• Constitui-se da organização didática do processo ensino-aprendizagem destinado a cada turma, 
apontando explicitamente o conteúdo de ensino, os objetivos a atingir, as estratégias de ensino e o material 
didático de apoio, além de prever avaliações e seu tempo de execução. Essa estrutura clássica dos planos de 
aula continua válida por ser uma forma completa e útil de acompanhamento de conteúdos ministrados e de 
alunos. 
Essa esfera pontual do planejamento escolar exige do docente algum trabalho anterior de diagnóstico 
dos alunos, já que os planos de aula precisam levar em consideração os conhecimentos prévios destes e as 
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defasagens existentes, procurando garantir que todos os alunos alcancem os objetivos de aprendizagem 
contidos no plano curricular geral e expressos especificamente em cada plano de aula. 
Como instrumento personalizado de trabalho, o plano de aula deve ser desenvolvido para atingir os 
objetivos definidos no plano curricular, mas respeitando a especificidade de cada turma, precisando, 
portanto, ser formulado para cada grupo em suas características, quando estamos diante dos mesmos 
conteúdos. Isso significa, do ponto de vista conceitual, que o conhecimento da realidade sobre a qual se 
quer intervir antecede o próprio ato de planejar. 
FIXANDO CONCEITOS 
Podemos resumir os principais conceitos trabalhados neste módulo por meio de uma esquematização e 
das principais noções envolvidas. 
Tivemos acesso aos níveis de planejamento atualmente reconhecidos como necessários à gestão de 
empresas, de instituições educativas autônomas e de escolas que integram sistemas de ensino. Em cada 
caso, os níveis do planejamento se repetem, do mais amplo ao mais específico, sendo que, nas escolas que 
integram sistemas educacionais, a autonomia na definição do PPP é parcial, já que este, como vimos na 
legislação, deve obedecer às normas do sistema de ensino no qual se inscreve a escola. 
Ressaltamos, também, a importância de sabermos que esse esquema visa a facilitar a retenção dos 
conteúdos trabalhados, mas requer o conhecimento das definições específicas que não estão no esquema, 
mas foram devidamente trabalhadas acima. 
Finalmente, dentro desse esquema, cabe tanto o planejamento científico burocrático ou tecnocrático 
quanto as propostas de planejamento participativo que discutiremos no próximo módulo, de 
aprofundamento do estudo do planejamento escolar. 
Vejamos a seguir os conceitos já estudados: 
Níveis do 
planejamento 
Planejamento em 
empresas 
Planejamento em 
instituições 
educativas 
Planejamento 
escolar 
Institucional 
(Níveis hierárquicos 
mais altos) 
Estratégico PDI → PPI PPP 
(participativo) 
Intermediário 
(Gerências e 
subdivisões) 
Tático Planos de 
curso/disciplinas 
Plano curricular 
Local 
(Setor específico) 
Operacional Planos de aula Planos de aula 
Vamos fixar o que foi aprendido? Sua vez de escrever. Faça seus registros e guarde suas anotações. Vê-las 
daqui a algum tempo dará a você outra possibilidade de compreensão. 
Embora a humanidade tenha sempre realizado o planejamento de ações, a aceitação da necessidade do 
planejamento para diferentes setores da vida e a proposição científica e estruturada do planejamento são 
bem mais recentes. Explique o que ocorreu a partir do que estudou neste módulo. 
PLANEJAR E A INSTITUIÇÃO ESCOLA 
É comum acreditar na diferença entre os que pensam e planejam e aqueles que executam as tarefas. Não 
há, nas instituições, empresas e escolas, profissionais isentos da tarefa de planejar. Mesmo que em escala e 
níveis diferentes, todo profissional atuando na escola – e nas empresas– em algum momento precisa 
planejar sua ação. 
É um equívoco acreditar que cabe às autoridades governamentais a obrigação de apresentar um 
planejamento para as escolas. Não é assim que o processo educativo funciona. Por mais que o governo de 
um estado ou de um país defina normas gerais de funcionamento ou mesmo diretrizes para a ação 
pedagógica, cada escola precisa ter seu próprio planejamento. Não se faz uma escola somente com uma sala 
de aula e um professor que siga um planejamento externo do qual não participou. O processo escolar vai 
muito além disso e envolve muita planificação. 
Atenção 
Por mais que haja uma responsabilidade do Estado pelo planejamento nas escolas da rede pública, 
notadamente há elementos centrais da ação pedagógica na definição das políticas educacionais e de 
financiamento que devem ser planejados dentro das escolas. Ou seja, são instâncias diferentes de 
organização do trabalho escolar, todas responsáveis pelo planejamento. 
PLANEJAMENTO NA ESCOLA 
Quando pensamos em uma escola funcionando, às vezes não percebemos o quanto aquela rotina exigiu 
ações de planejamento anterior. Desde a elaboração dos projetos político-pedagógicos, passando pela 
logística de funcionamento no dia a dia, pela organização da gestão e do trabalho educativo em si, nos 
processos ensino-aprendizagem, tudo numa escola precisa ser planejado, de preferência coletivamente. 
Dos horáriosdas diferentes aulas à organização do uso dos espaços e chegando aos conteúdos 
escolares, nada se faz espontaneamente. A estruturação de uma escola se assemelha a um quebra-cabeça, 
no qual cada peça precisa encontrar seu lugar sob pena de jamais se chegar a uma organização satisfatória. 
Ou seja, para que uma escola funcione satisfatoriamente no cotidiano, muitos planos e muitas reflexões 
precisam ser realizados antes. Não é por acaso que, em geral, profissionais de educação retornam às escolas 
alguns dias antes dos alunos: é para planejar. 
Alguns exemplos úteis à compreensão dessa necessidade de planejamento logístico para o bom 
funcionamento de uma escola podem ser úteis. Vamos a eles: 
 Recreação: A recreação nas escolas é um momento de muitos ruídos e, para evitar acidentes envolvendo 
alunos muito grandes e os menores, com frequência, há uso em horários alternados dos espaços abertos ou 
mais amplos. O inevitável barulho produzido pelo recreio de uns interfere nas aulas dos outros. Assim, para 
evitar maiores prejuízos, as aulas nesse horário precisam alternar diferentes disciplinas e, quando for o caso, 
docentes, para não sobrecarregar ninguém e nenhum conteúdo com dificuldades. Ou seja, é o planejamento 
dos horários das aulas que precisa ser sabiamente estruturado para assegurar esse equilíbrio. 
Aulas: Outro problema semelhante é o das aulas no início e no final dos dias, que tendem a ser mais 
“curtas” do que as do meio do dia, em virtude de sempre haver algum atraso no início do dia e alguma 
dispersão próxima ao horário de saída. 
Horário: Outro constrangimento a ser levado em conta quando da organização dos horários. Somem-se a 
isso outros problemas, pessoais e profissionais de docentes que atuam em mais de uma escola ou com 
outras tarefas, limitando disponibilidades. Assim, chegamos à “arte” envolvida em uma simples montagem 
de horário de aulas. 
Espaços especializados: Do mesmo modo, há outros limites e outras necessidades, como o uso do 
refeitório e dos espaços especializados (laboratórios, salas-ambiente, bibliotecas) e, assim, temos uma 
percepção melhor da importância desse tipo de planejamento logístico nas escolas. 
Junte-se a ele o planejamento mais propriamente pedagógico, do qual os professores devem participar e 
levar em conta ao organizar o trabalho, como em que dia e horário eles encontram melhores condições para 
ministrar conteúdos mais densos e quando será necessário trabalhar exercícios ou atividades de menor 
exigência intelectual. E usando essa informação, organizar as ações para cada turma, respeitando as 
sequências necessárias dos conteúdos e, por caminhos diferentes, chegar com suas turmas ao mesmo ponto 
nas avaliações mais gerais. 
Exemplo 
Caio é professor de Artes da educação infantil e está trabalhando competências motoras com seus 
alunos. Ao planejar, Caio precisa utilizar diferentes ambientes da escola para desenvolver seu trabalho. Mais 
do que isso, uma das turmas de Caio tem três alunos com grave deficiência motora. Caio não pode avaliar ou 
construir seu planejamento de forma individual, precisa planejar apoiado por um plano maior, trabalhado 
com a equipe pedagógica, pensado para atender a demandas e grupos diversos, sabendo que têm objetivos 
a serem alcançados. Logo, planejar passa por ver os limites, mas também garantir ao máximo que os 
instrumentos necessários estejam disponíveis para auxiliar o professor em sua complexa missão: conduzir 
alunos a atingir pontos de aprendizagem específica. 
Poderíamos multiplicar os exemplos e ampliar as variáveis dos nossos quebra-cabeças, mas o importante 
a reter nesse momento é que o ato de planejar permeia, basicamente, toda a estrutura e ação de uma 
escola, tanto física quanto pedagógica, passando pela gestão dos espaços, pelas normas curriculares e a 
sequência do trabalho pedagógico, pelos critérios e processos de contratação dos professores e demais 
profissionais de educação, pelos modos de relacionamento interno e com a comunidade escolar. Tudo 
envolve planejamento! 
Planejar é necessariamente perceber que vivemos sob um acúmulo de planejamentos que precisam ser 
articulados para serem efetivamente atingidos. As secretarias planejam, e o planejamento de uma escola 
dialoga com o das secretarias e com os seus planejamentos pedagógicos, financeiros, de projetos, em vários 
níveis. Depois vem o planejamento docente, que dialoga como o da escola, com o da secretaria e com os 
seus. Ainda temos os alunos, enfim, se não houver uma concatenação de objetivos e fins, ocorre a 
fragilização dos resultados. Diante de um processo tão complexo, só há uma solução: planejar com muito 
cuidado! 
O planejamento prevê ações para todas as áreas da escola, envolvendo gestores, professores, 
profissionais de educação não docentes e a comunidade escolar. A gestão escolar envolve, portanto, a 
estruturação da escola a partir de sua proposta geral, expressa no projeto político-pedagógico, referência 
para tudo o que lhe sucede na organização escolar. 
Como vimos, há também uma dimensão logística de estruturação dos espaços e tempos da escola, bem 
como toda a parte estritamente administrativa a ser planejada e estruturada segundo um plano de gestão 
escolar. 
Finalmente, temos o planejamento propriamente pedagógico, que envolve a organização dos conteúdos 
a serem trabalhados ao longo do ano letivo, chegando ao detalhamento de planos de aula, passando pelos 
momentos de avaliação e replanejamento. 
No campo estritamente pedagógico, é por meio do planejamento que a escola coloca em prática o seu 
projeto político-pedagógico, define os caminhos a serem traçados para atingir seus objetivos, os modos de 
como será desenvolvida cada etapa do trabalho, qual o eixo condutor do ensino e dos diferentes 
componentes curriculares. Nesse contexto, todas as ações pedagógicas precisam estar claras e definidas, 
bem como as estratégias para o bom desenvolvimento do ensino e quais as formas de avaliação utilizadas. 
Percebe-se, com isso, que o planejamento é fundamental para o desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem, bem como para o desenvolvimento do dia a dia da escola. 
Considerando essa relevância do planejamento pedagógico dentro do planejamento escolar, faz-se 
necessário considerar os docentes como elementos de grande importância, não apenas na execução de 
planos, mas em sua elaboração cotidiana. 
Dica 
Quanto maior a clareza do docente no que diz respeito ao planejamento, à importância dele e do ato de 
planejar propriamente dito, maior liberdade e autonomia docente e discente podem ser alcançadas no 
processo ensino-aprendizagem. 
Com isso, afirmamos que a tarefa de ensinar não pode ser concebida como um processo mecânico ou 
estático, onde os resultados estão definidos e podem ser predeterminados como produto de uma ação 
mecanizada. Vejamos: 
SALA DE AULA: É um espaço de interação humana, na qual pessoas convivem com outras, com interesses 
e comportamentos diversos. E é por isso mesmo que a sala de aula se constitui como espaço privilegiado de 
negociação, formação do pensamento crítico e produção de novos sentidos em relação aos conhecimentos 
formais e outros a partir de situações de aprendizagem previamente planejadas. Por isso, o planejamento 
escolar precisa ser pensado muito além do planejamento empresarial, que envolve estratégias e metas de 
produção de objetos ou serviços, ao contrário da escola, espaço-tempo de formação humana e de produção 
de aprendizagens significativas. 
Todos os profissionais de uma escola são educadores, pois a articulação entre as diferentes instâncias e 
dimensões do planejamento – material, organizacional, logístico e pedagógico – só funcionam 
articuladamente, de modo interdependente. 
Para o profissional docente, pode-se afirmar que a prática pedagógica docente seria a junção de três 
momentos: o planejamento, a mediação e a avaliação. São três momentos distintos e autônomos, mas 
intrinsecamente vinculados e sempre presentes, um influenciandoo outro. Eles têm uma relação de 
interdependência cujo reconhecimento depende da qualidade e da coerência de todo o processo da prática 
pedagógica. Ao longo do processo, certamente ocorrerão momentos de prevalência de um sobre o outro, 
mas nunca de ausência. Pode-se, ainda, considerar que, de modo cíclico, o momento de avaliação precederá 
novos momentos de planejamento, funcionando como feedback e levando ao replanejamento, tendo em 
vista novas ações e assim sucessivamente. 
CITAÇÃO 
(...) quando se fala em planejamento escolar, estamos indo muito além da elaboração de planos de 
aula pelos docentes a partir de alguma orientação externa. Não se deve, portanto, confundir o 
planejamento com a elaboração de planos de aula. São bem diferentes! Planos de aula fazem parte do 
planejamento, mas se integram às demais instâncias. Ou seja, pode-se dizer que o planejamento, como 
processo, é permanente; o plano de aula, por sua vez, como produto, é provisório. 
VASCONCELOS, 2010 
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO ESCOLAR 
Quando a ideia de planejamento chegou à Educação e às escolas, a partir das interferências da 
Administração Científica Burocrática sobre a Administração Escolar, houve muita resistência. Não porque 
não houvesse planejamento nas escolas, mas porque a ideia de se assemelhar uma escola a uma empresa 
causava estranheza e muita resistência no meio educacional. Nos últimos cinquenta anos, no entanto, os 
debates foram intensos, muitas vezes acalorados, e, apesar dessa forma dominante de se pensar o 
planejamento ser de fato considerada imprópria para escolas e espaços educativos em geral, o 
planejamento se consolidou não só como algo necessário, mas também como relevante. 
Atualmente, existe um consenso em torno da ideia de que o planejamento veio para ficar e que o ato de 
planejar de modo sistemático traz vários benefícios facilitadores para o bom funcionamento da escola e 
para a gestão escolar. Além de auxiliar a gestão e a logística administrativa e pedagógica, o planejamento 
contribui para a organização dos conteúdos a serem ministrados, sua distribuição em meses, semanas e 
aulas, tornando-se um eixo auxiliar fundamental para o professor na organização do seu trabalho. 
O planejamento escolar ou pedagógico, se concebido e implantado de modo cooperativo, proporciona 
trocas de experiências e de ideias entre professores, entre eles e os coordenadores e supervisores 
pedagógicos, podendo chegar, em casos de gestão mais democrática do sistema, a autoridades locais de 
educação, permitindo fazer circular em diferentes grupos e instâncias experiências positivas, questões 
delicadas e possibilidades de atuação inovadoras. Quando se percebe esse potencial, chega-se à 
possibilidade de concepção de uma unidade escolar, na qual todos os professores estejam trabalhando em 
prol dos mesmos objetivos e que pode transcender os muros de uma escola e chegar ao sistema de ensino. 
Esse favorecimento de trocas de experiências, dúvidas, sucessos e problemas pode levar ao 
amadurecimento local do trabalho em uma escola específica e, quando se consegue uma interlocução 
maior, espraiar-se pela rede de ensino. 
Um bom planejamento pode levar à transformação de conceitos abstratos em realidade concreta, pois, 
mais do que um documento, ou vários, expressam possibilidades e servem de eixo norteador do trabalho na 
escola. Conforme visto, o processo que envolve o planejamento traz consigo a avaliação do que se realizou e 
a possibilidade de replanejamento. 
Considerando o caráter cíclico do ato de planejar, melhor formulado como planejamento-
implementação-avaliação, pode-se afirmar que ele é o eixo condutor do trabalho na escola (em permanente 
mudança), desde que avaliado no tempo correto. A ansiedade em avaliar, antes de dar tempo para a 
consolidação das ações planejadas, pode trazer mais problemas do que soluções, já que é preciso respeitar o 
processo antes de avaliar seu sucesso ou não. 
Para formular um bom planejamento: 
 
Não raro, boas ideias acabam por se mostrar ineficientes, inovações naufragam em meio a intempéries 
repentinas e outros problemas do cotidiano se interpõem, exigindo mudanças. Mas o oposto também 
acontece, quando planos se mostram úteis, eficazes e mesmo multiplicáveis em função do seu sucesso. 
Saber lidar com ambos, sucessos e fracassos, são qualidades de bons professores, gestores, já que fazem 
parte daquilo que nenhum planejamento pode prever, a dinâmica da vida cotidiana nas escolas, com suas 
imprevisibilidades e incontrolabilidades. 
Por exemplo, quando os alunos durante as aulas perguntam, questionam, indagam, as circunstâncias são 
modificadas e o cenário inicialmente planejado perpassa as diferentes formas de ensinar “inventadas” e 
integra-se a criação de alternativas móveis, provisórias, não planejadas, como resposta aos problemas e às 
dificuldades da vida cotidiana. Criam-se, então, ações que transcendem objetivos e funções predefinidos da 
ação pedagógica, levando-a para além do já existente e do já sabido. 
E é exatamente porque a vida cotidiana nas escolas tem essas características que o planejamento se 
torna tão importante. 
Essas práticas, comuns nas escolas, criam novidades em relação àquilo que foi previsto e prescrito e, com 
frequência, levam a adaptações nos planos, que precisam estar lá para que a escola não se desorganize e 
seja capaz de recriar os planos e seguir com a ação de modo coerente com seus objetivos. 
Outra dimensão em que o planejamento escolar surge como elemento de grande relevância é o do 
diálogo escola-comunidade. A estruturação do projeto político-pedagógico com a participação da 
comunidade e a existência de conselhos operacionais e ativos dentro das escolas são pontos centrais de 
atendimento ao princípio da gestão democrática. Nessa perspectiva, o planejamento precisa expressar, 
também, os interesses da comunidade, de uma maneira geral, influenciando o direcionamento das metas e 
as diretrizes da escola. Assim, nessa perspectiva, todas as partes internas e externas da escola (docentes, 
discentes, funcionários, governo, família e toda a comunidade) se envolvem no direcionamento das 
diretrizes. 
Rede privada 
Muitas são as escolas que, por meio das associações de pais, integram a comunidade em sua gestão, o 
que normalmente é facilitado pelo fato de as escolhas das famílias já considerarem as semelhanças de 
compreensão do que seja e do que deva ser o processo educativo, numa perspectiva de consonância de 
intenções entre família e escola. 
Rede pública 
Atualmente, os diretores são eleitos pelos corpos envolvidos na escola, alunos, comunidade e 
funcionários. É um pequeno exemplo. 
De qualquer modo, é mais do que recomendável que a comunidade participe efetivamente das decisões 
do planejamento da escola. Nesse contexto, o planejamento precisa ser pensado ou repensado 
coletivamente a fim de abrir espaço para que os membros da equipe de coordenação pedagógica – quando 
existirem – e docentes troquem experiências, além de possibilitar que a comunidade se envolva e se 
comprometa com a instituição de ensino. Essa atitude de conciliar interesses de todos os participantes torna 
a escola mais consciente das demandas externas e mais democrática. 
ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESCOLAR 
Para que o planejamento escolar cumpra sua função, é preciso que ele seja organizado conforme um 
cronograma e um sistema em que, gradativamente, possa-se chegar ao conjunto de aspectos que ele 
abranja. 
Planejar é estabelecer uma bússola, definir um caminho; para isso, necessita de procedimentos. No nível 
macro, o que podemos chamar de estrutura mais geral da escola é a definição de metas gerais. O 
planejamento deve seguir o PPP da escola, que deve permitir o entendimento do cenário da escola para 
determinar os objetivos que deseja alcançar. Nesse sentido, temos algumas etapas. 
 Clique nas barras para ver as informações. 
PRIMEIRA ETAPA 
É a do planejamento geral, renovável a cada ano letivo, em função da avaliação do anoanterior e da 
feitura dos ajustes considerados necessários. Em geral, as escolas promovem reuniões de planejamento em 
sua primeira semana após as férias, antes do retorno dos alunos, para efetivar as discussões necessárias ao 
entendimento do “cenário” no momento a ser planejado, partindo dessa compreensão e do seu PPP para 
definir os objetivos gerais da instituição para o ano letivo que se inicia. 
(...) o planejamento do ano não começa da estaca zero. O trabalho já se inicia no ano anterior, quando 
a equipe escolar realiza a avaliação do último plano. Na semana pedagógica, trabalha-se em cima dos 
resultados obtidos e com a troca de experiência sobre as turmas entre os docentes, visando sempre 
melhorar o que tem sido feito. 
PASCOAL, 2014 
SEGUNDA ETAPA 
Trata-se de prever as ações apropriadas aos objetivos, ou seja, de definir e detalhar previamente as 
estratégias gerais de ação sobre o trabalho que será desenvolvido no dia a dia para atingir os objetivos 
definidos, aproximando-nos do trabalho especificamente pedagógico. 
TERCEIRA ETAPA 
Promove-se a adequação, passo a passo na proposta, das estratégias gerais ao dia a dia escolar e suas 
possibilidades. É nesse momento que toda a estrutura logística precisa estar clara a fim de avaliar se ela está 
de acordo com o que se pretende desenvolver, que a cooperação entre docentes se faz mais relevante – já 
que coletivamente é possível tecer propostas mais sólidas – e que a ação gestora precisa refletir sobre as 
condições efetivas da escola de desenvolver o que se prevê. A distribuição das tarefas por setor pode ser 
integrada à terceira etapa ou ser percebida como uma etapa específica ao final do processo. Preferimos 
situá-la aqui, uma vez que os setores já trabalham especificamente naquilo que farão no próprio 
planejamento do cotidiano. 
Embora haja mais duas fases do planejamento a serem apresentadas, esses três momentos expressam 
uma sequência que vai do nível mais amplo, envolvendo a instituição e suas metas mais gerais ao mais focal, 
quando chegamos aos planejamentos docentes para o dia a dia. 
Resumindo 
Na primeira etapa, portanto, estaríamos no nível do planejamento estratégico, conforme o significado a 
ele atribuído no módulo 1. Na segunda etapa, vamos à definição setorial das estratégias adequadas aos 
objetivos, determinadas pelos diferentes setores da escola, o que poderia ser percebido como o 
planejamento tático e, com relação aos docentes, seria a formulação de planos de curso. Finalmente, na 
terceira etapa, chegamos ao planejamento operacional, talvez o mais fácil de compreender, já que se 
debruça sobre as ações cotidianas, planos de aula docentes e ações ligadas ao que conhecemos como 
atividades-meio, ou seja, aquelas necessárias como suporte à atividade-fim, o processo ensino-
aprendizagem. 
Depois de finalizado o planejamento, ações de acompanhamento do trabalho precisam ser organizadas e 
elas fazem parte da quarta etapa da nossa reflexão, aquela que prevê a criação de indicadores para que se 
possa analisar e acompanhar os resultados das ações desenvolvidas, buscando mensurá-los. A definição de 
critérios apropriados é aqui fundamental, já que da precisão deles dependerá a eficácia da avaliação. 
Um bom planejamento não está concluído antes de ser apresentado à comunidade escolar. Assim, após 
a elaboração do planejamento é necessário divulgá-lo em reuniões gerais e focais para que aquilo que foi 
decidido pela escola chegue aos seus parceiros externos. 
A implantação do planejamento também exige algumas medidas voltadas à ampliação da clareza da 
equipe e da comunidade escolar em relação ao plano e às funções que lhes cabe desempenhar. Para isso, 
recomenda-se a elaboração de um plano de trabalho relacionando objetivos e estratégias; explicação clara 
dos objetivos e a avaliação dos resultados, já prevista na quarta etapa. 
Em poucas palavras, o planejamento significa conhecer a realidade e as necessidades da comunidade 
escolar, estabelecer metas e objetivos, destinar recursos financeiros e materiais e gerir tempo e pessoas. 
Assim, é possível antecipar problemas e antever ações para contribuir com o desenvolvimento 
educacional dos estudantes. 
PASCOAL, 2014 
Vamos pesquisar um pouco? 
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 
O planejamento estratégico é aquele que envolve o próprio perfil de uma empresa ou instituição, suas 
metas de longo prazo e o conjunto dos seus membros. Assim, é comum encontrar a responsabilidade por 
essa definição ampla e geral daquilo que interessa à instituição na mão de gestores altamente 
profissionalizados e percebidos como capazes de avaliar e propor planos de grande escala e longa duração. 
O planejamento estratégico tanto se diferencia de instâncias mais específicas do planejamento, de 
conjuntos de setores ou mesmo locais – nas quais se desenvolvem o planejamento tático e operacional – 
como também de formas de planejamento mais democráticas, especialmente presentes no planejamento 
participativo. 
No campo da Educação, sobretudo a partir da Lei n. 9.394/1996 e da definição do princípio da gestão 
democrática como obrigação no sistema público de ensino, o planejamento participativo vem ganhando 
adeptos e formulações importantes para entendermos como ele contribui para a democratização da 
educação e das escolas. Pode-se dizer que: 
Planejamento participativo 
É aquele em que a responsabilidade pela definição das estratégias está democratizada e envolve os 
diferentes atores sociais. 
Planejamento estratégico 
É centralizado nas principais autoridades da empresa ou da instituição (em sentido estrito). 
Relembrando 
Como vimos no módulo 1, a ideia de planejamento advém de necessidades do sistema econômico, 
notadamente a partir da Revolução Industrial, que exigiu e promoveu grandes mudanças no mundo da 
produção e do trabalho. A complexificação dos sistemas produtivos e a necessidade de ampliar a 
produtividade trouxeram consigo a demanda por formas mais precisas e estruturadas de organização, 
exigindo mais e melhores planejamentos. 
Não é exagero pensar que duas visões de administração emergem e ganham notoriedade: uma que 
propõe especificamente que o campo da Administração seja mais uma das ciências em formação, e outra 
que pensava na herança das hierarquias sociais tradicionais como foco central das decisões em torno da 
Administração. 
A evolução dessas noções no século XIX e início do século XX, juntamente à crise do capitalismo e à 
Primeira Guerra Mundial, faz com que a Administração Científica e a planificação da economia assumam 
certo protagonismo em relação às tradições. 
Antigas estruturas da administração, em especial no que tange ao planejamento, tornam-se rapidamente 
obsoletas. Os avanços muito rápidos das tecnologias transformam o mundo e os processos de produção, 
exigindo adaptações e novos planos de gestão do trabalho em diferentes setores. Nesse contexto, muitas 
foram as teorias do planejamento formuladas, com maior ou menor projeção e expressando possibilidades 
múltiplas de gestão nos mais diferentes setores e instituições, incluindo a Educação. 
Foi no imediato pós-guerra, em 1945, que a noção de planejamento estratégico ganhou notoriedade. A 
partir de seu uso pelo governo dos Estados Unidos nos anos 1950 como parte do exercício orçamentário 
oficial, a ideia se generaliza como modo de planejamento eficiente. 
Segundo Christensen e Rocha (1995), o termo estratégia advém dos estudos da guerra e, ao ser 
ressignificado para a gestão, corresponde à capacidade de se trabalhar contínua e sistematicamente o 
ajustamento da organização às condições ambientais que se encontram em constante mudança, tendo 
sempre em mente a visão de futuro e a perpetuidade organizacional. 
Planejamento estratégico é definido como o processo gerencial de desenvolver e manter uma 
adequação razoável entre os objetivos e recursos da empresa e as mudanças e oportunidades de mercado. 
O objetivo do planejamento estratégico é orientar e reorientar os negóciose produtos da empresa de 
modo que gere lucros e crescimento satisfatórios. O planejamento estratégico, em todos os aspectos 
técnicos, surgiu somente no início da década de 1970. Nas décadas de 1950 e 1960, os administradores 
empregavam apenas o planejamento operacional porque o crescimento de demanda total estava 
controlado e era pouco provável que mesmo um administrador inexperiente não fosse bem-sucedido no 
negócio. 
KOTLER, 1992 
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA EDUCAÇÃO 
E NO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL 
Quando tratamos de planejamento estratégico voltado à Educação, a principal linha reconhecida como 
importante para o campo é o modelo da abordagem sistêmica, pautada na Teoria Geral dos Sistemas, 
elaborada por Ludwig von Bertalanffy. A proposta sistêmica busca demonstrar que diferentes instituições 
de diversos setores, quando desenvolvem seus sistemas administrativos, apresentam características 
comuns. Isso significa que é possível encontrar as mesmas características em planejamentos aplicadas a 
sistemas distintos, permitindo, consequentemente, a percepção do planejamento educacional a partir 
dessas teorias. 
Essa teoria é claramente integradora, uma vez que expõe a necessidade de se compreender os diferentes 
sistemas de modo conjunto, já que perspectivas isoladas gerariam uma miopia da percepção dos processos 
de planejamento. Acreditando em uma “dependência recíproca” entre os agentes que compõem um 
conjunto a ser analisado, essa teorização acaba por explicitar, em relação ao planejamento, que é necessário 
um conjunto analítico interdisciplinar a fim de constituir um campo decisório que permita “prever” 
resultados possíveis, assim como direcioná-los a tais tendências. Esse é um modelo possível para a 
compreensão do planejamento educacional na relação com o planejamento estratégico, mas não o único. 
A compreensão do planejamento estratégico como um sistema complexo é recorrente quando pensado 
no âmbito da Educação, mas nem por isso é livre de críticas de percepções que anunciam sua ascensão e seu 
fim no mundo. Há uma tendência que considera essa forma de planejamento como muito vaga e abstrata, 
sendo incapaz, portanto, de cumprir a função de conceber efetivamente a construção do futuro. Indo mais 
longe ainda, afirma-se que qualquer probabilidade de controle do futuro por meio do planejamento tem 
pouco sentido. Voltamos, aqui, aos limites que a realidade cotidiana em sua mutabilidade impõe aos 
planejamentos, sejam eles estratégicos ou não. De qualquer modo, a lição que fica é a da necessidade de 
consideração do imponderável nas elaborações de planejamentos, sobretudo no campo da Educação. 
A complexidade do sistema educacional e as inúmeras variáveis nele intervenientes, bem como as 
influências recíprocas, tornam o planejamento educacional uma tarefa árdua e habitada por imensos 
desafios. 
Quando se reflete sobre os sistemas educacionais, pensando em planejar ações para seu bom 
desempenho e aperfeiçoamento permanente, o que se encontra são possibilidades organizativas e de 
articulação múltiplas, sem que se possa definir, com base apenas na racionalidade cognitiva, as melhores 
escolhas. É um tipo de planejamento que inclui as decisões sobre a educação no conjunto do 
desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento requer a proposição de modos de 
organização do sistema, objetivos ou competências em longo prazo que definam uma política da Educação. É 
aquilo que deveria ser realizado pelo governo federal e pelos governos estaduais que possuem seus próprios 
sistemas de ensino por meio de planos e programas educacionais, normas legais e outras. Suas principais 
expressões são: 
Plano Nacional de Educação (PNE) 
Legislação vigente 
Relembrando 
Você se lembra de que falamos de planejamentos organizados pelos estados, pelo governo federal, 
municípios e que eles funcionam em cascata na organização do planejamento? Eles se materializam nesse 
documento obrigatório, que precisa ser renovado a cada decênio e fundamenta metas para a Educação. 
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A complexidade e dificuldade inerentes à formulação desse plano e dessas leis devem-se ao fato de que 
pensar a Educação exige pensar em políticas voltadas à estruturação das escolas e à adequação de 
diferentes estudantes, com diversas características sociais e individuais, a distintos espaços e realidades 
sociais. É preciso definir modelos educativos em função de objetivos também definidos para a Educação, 
chegando ao planejamento estritamente pedagógico, que envolve a dimensão da formação e da contratação 
de docentes. Há, ainda, as questões relacionadas à logística de implantação de todo esse sistema de modo 
coerente e, sobretudo, à definição de uma política de financiamentos compatível ao que se pretende. Para 
cada uma dessas tantas variáveis, e outras não consideradas nessa lista, existem atores distintos, muitas 
vezes com necessidades específicas e interesses opostos. 
O que se percebe na realidade brasileira é, precisamente, a falta de articulação entre os diferentes 
atores, além de muitas vezes serem adotadas medidas autoritárias, que nem estratégicas são, já que seguem 
mais a ditames políticos do que técnicos, como seria o caso de qualquer planejamento estratégico. O que 
encontramos, com frequência, são planejamentos parciais, impossíveis de levar o sistema a avançar em 
direção ao cumprimento de metas, uma vez que, sendo definidos em espaços distintos de decisão, muitas 
vezes são incompatíveis uns com os outros. 
Exemplo 
Exemplo disso foi uma proposta organizacional para o sistema municipal de ensino da cidade do Rio de 
Janeiro, em que a Secretaria Municipal de Educação definiu que a metodologia adotada no município, à 
época contando com mais de mil escolas, seria a construtivista, mas não ofereceu nenhuma formação 
específica para docentes, nem adaptação de espaços escolares, para que se pudesse implantar o que, 
supostamente, fora planejado. 
Figura 2: Placa na entrada de uma escola municipal do Rio de Janeiro 
Em outras circunstâncias, fala-se em democratização das decisões, mas resumem a participação efetiva 
dos interlocutores à confirmação ou não do que foi elaborado em gabinetes e por poucos, ferindo o 
princípio fundante da deliberação democrática. A lista pode ser interminável, mas não vamos seguir com ela. 
O importante nesse debate é perceber, simultaneamente, como mais do que planejamento impróprio, nosso 
sistema educacional sofre com a falta de um planejamento estruturado, ao mesmo tempo em que lida com 
uma centralização decisória incompatível com a pluralidade de interesses em jogo e de atores envolvidos. 
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E ESCOLA: O PLANEJAMENTO ESCOLAR 
Nossa discussão já permitiu perceber que o planejamento é uma necessidade dos tempos atuais e vem 
se mostrando cada vez mais relevante para a Educação e nas escolas. Ele não pode ser confundido com uma 
ação puramente técnica, já que envolve decisões que transcendem as compreensões de certo e errado e se 
vinculam a objetivos previamente estabelecidos. Assim, pode-se afirmar que o planejamento é, também, um 
ato político que envolve reflexão, tomada de decisão e participação. 
De acordo com Daibem e Minguili (1996), a meta da perspectiva mais democrática de compreensão da 
organização da escola é que ele se efetive por meio de uma prática docente desenvolvida de maneira 
solidária e articulada, levando ao avanço contínuo do conhecimento, consolidando caminhos já 
descobertos e construindo novos e melhores caminhos a partir do desejado: um projeto de vida para o ser 
humano em suas relações sociais e com a natureza. 
O planejamento, por outro lado, também deve revelar um conhecimento amplo da realidade a que se 
destina, obtido por meio de um diagnóstico tão amplo e preciso quanto possível, o que, feito coletivamente, 
também tem vantagens sobre perspectivas centralizadas de análise. É preciso, para definir de modo 
consistente os objetivos do planejamento, que as ações propostasse articulem para permitir que, em 
conjunto, atinjam os objetivos e avaliem de modo sistemático o que foi feito para, coletivamente, fazerem 
uma apreciação sólida das “ações desenvolvidas” que permita levar à produção de sugestões de correção de 
rumo também eficientes. 
Entre as diferentes dimensões e instâncias do planejamento escolar estão aquelas que envolvem: 
Aspectos decisórios sobre a filosofia de educação a ser adotada. 
Aspectos logístico e administrativo. 
Aspectos pedagógicos centrados no fazer docente, nos currículos propostos e nas práticas pedagógicas e 
de avaliação dos estudantes. 
Umas dimensões dialogam e interferem nas outras, mas a interdependência entre elas não anula suas 
especificidades nem a necessidade de se pensar essa articulação ao longo dos processos de planejar. Em 
instâncias e dimensões diferentes, os participantes desse planejamento vão se alterar, mas é necessário que, 
em alguns momentos, todos estejam juntos, já que a escola é uma só. 
Em que pese o fato de que muitas sejam as formas de organizar o planejamento escolar, em função das 
opções de cada grupo por esta ou aquela forma de estruturar sua escola e seu planejamento, temos, na 
atualidade, um debate muito específico entre duas formas de planejar: o planejamento estratégico e o 
planejamento participativo. 
PLANEJAMENTO ESCOLAR ESTRATÉGICO E PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 
A principal característica do modelo de planejamento estratégico é a centralização decisória. O poder de 
decisão fica concentrado em uma única pessoa, geralmente, no caso das escolas, o diretor, que define o que 
será feito, deixando a cargo dos demais atores apenas decisões de como fazer. 
O modelo de planejamento escolar estratégico se baseia em métodos qualitativos e quantitativos em 
formato de metas, analisando-se os pontos fracos, as oportunidades e as restrições do ambiente. Missão, 
visão do futuro e valores norteiam essa perspectiva, que passa a medir, por meio de indicadores e de um 
conjunto de metas organizacionais, o desempenho e as possibilidades de desenvolvimento. 
É um tipo de planejamento que se desenvolveu dentro de uma concepção de administração estratégica, 
que se articula aos modelos e padrões de organização da produção construídos no contexto das mudanças 
do mundo, do trabalho e da sociedade a partir da segunda metade do século XX e notadamente dos anos 
1970. Essa concepção de administração e de planejamento procura definir a direção a ser seguida por 
determinada organização, especialmente no que se refere ao âmbito de atuação, às macropolíticas e às 
políticas funcionais, à filosofia de atuação, aos objetivos de nível macro e funcionais, sempre com vistas a um 
maior grau de interação dessa organização com o ambiente. 
A interação com o ambiente, no entanto, é compreendida como a análise das oportunidades e ameaças 
do meio ambiente à instituição, de forma a estabelecer objetivos, estratégias e ações que possibilitem um 
aumento da competitividade da empresa ou da organização; no caso das escolas, a melhoria de índices de 
rendimento e desempenho de alunos e professores. 
Em síntese, o planejamento estratégico concebe e realiza o planejamento dentro um modelo de decisão 
unificado e homogeneizador, que pressupõe os seguintes elementos básicos: 
Determinação do propósito organizacional em termos de valores, missão, objetivos, estratégias, metas e 
ações com foco em priorizar a alocação de recursos. 
Análise sistemática dos pontos fortes e fracos da organização, inclusive com a descrição das condições 
internas de resposta ao ambiente externo e à forma de modificá-las com vistas ao fortalecimento dessa 
organização. 
Delimitação dos campos de atuação. 
Engajamento de todos os níveis da organização para a consecução dos fins maiores. 
Em contraposição a esse modelo de planejamento, que pensa a escola como uma empresa ou 
organização, a perspectiva da gestão democrática da educação e da escola pressupõe o planejamento 
participativo como concepção e modelo de planejamento: 
 Clique nas barras para ver as informações. 
PRINCÍPIOS DEMOCRÁTICOS 
É a participação de todos os membros da comunidade escolar nos processos decisórios da escola. 
Diretores, professores, alunos e funcionários participam de discussões em todos os níveis e em todas as 
dimensões da escola e têm direito ao voto nesse modelo de planejamento escolar. Análise, decisão, 
execução e avaliação das ações são de responsabilidade desses atores sociais. A grande vantagem desse 
modo de planejar é a possibilidade de construção de uma cultura de planejamento coletivo, fortalecendo as 
práticas democráticas e a distribuição horizontal do poder da decisão. 
TOMADA COLETIVA DE DECISÕES 
Tem como objetivo, não só a democracia das decisões, mas o estabelecimento de prioridades entre os 
envolvidos, apontando os caminhos da escola em função das urgências e prioridades coletivas, permitindo a 
organização de pautas conforme as necessidades e possibilidades da escola para definição, inclusive, de 
temas futuros. Diretores, professores, alunos e funcionários têm direito ao voto no modelo do planejamento 
escolar participativo, mas o mais importante é o debate do qual todos participam em igualdade de 
condições para convencer outros ou serem convencidos por eles dos melhores rumos a seguir no 
planejamento e no desenvolvimento das ações da escola. 
GESTÃO PARTICIPATIVA 
São relacionados, justamente, ao aprendizado coletivo, focando em valores como a cidadania, a 
organização e a gestão coletiva. 
Entretanto, para que o modelo funcione da forma esperada, é um requisito que todos estejam inteirados 
da realidade da escola para diagnosticar os problemas e apontar as soluções. Ou seja, se todos vão intervir, é 
necessário que o façam com conhecimento de causa e ciência da responsabilidade assumida. Informações 
sobre a comunidade, o local e a realidade presente e futura são a base desse tipo de planejamento. Análise, 
decisão, execução e avaliação das ações são de responsabilidade desses atores sociais, coletivamente. 
Saiba mais 
O planejamento de ações de ensino-aprendizagem já existia, mas como instituição, nem as escolas nem 
as universidades buscavam definir estratégias gerais para suas diferentes instâncias e níveis. Do ponto de 
vista do sistema educacional, havia estruturas concebidas por diferentes atores sociais, como algumas 
ordens religiosas e comunidades. Mas, talvez se possa dizer que o primeiro sistema escolar nacional do 
mundo, público, laico e gratuito, foi o francês, criado em 1871. Ou seja, o primeiro país a centralizar o 
planejamento educacional teria sido a França. 
Atualmente, o planejamento educacional e escolar faz parte da vida de educadores e estudantes mundo 
afora, e mesmo da vida de pais e responsáveis, quando se opta por meios mais democráticos de planejar, 
como o planejamento participativo. O certo é que, atualmente, é impensável um sistema educacional ou 
uma escola que não planeje suas ações. 
Por meio de estratégias de planejamento distintas, de modo mais ou menos democrático ou completo, 
sempre há planejamento. E ao estudar o tema, habilitamo-nos a perceber não apenas sua importância, mas 
também seu alcance, mais amplo ou mais restrito em relação à estrutura institucional ou escolar ou 
governamental; e sua democraticidade, definida conforme se preveja e se pratique uma maior participação 
decisória dos diferentes atores das escolas e da sociedade. 
A participação decisória não pode se restringir a um direito de voto; exige uma discussão aberta entre 
alternativas e a possibilidade de participação argumentativa, sem que o ponto de vista dos gestores 
prevaleça em virtude apenas da função que exercem. Ou seja, essa participação democrática, para ser 
considerada como estilo de planejamento e de gestão, não deve se restringir ao consentimento de todos 
sobre a proposta da direção. 
Vamos pesquisar? 
Em 2016, o Congresso Nacional aprovou uma emenda constitucional que proíbe o aumento de 
investimentosem Educação pelos próximos vinte anos. Em 2017, a Reforma do Ensino Médio previu a 
ampliação das horas obrigatórias de 800 para 1400 anuais. Ao observar essas duas medidas, como se pode 
interpretá-las do ponto de vista do planejamento educacional do país? 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O estudo deste tema nos permitiu não só definir conceitualmente o que é planejar, como também nos 
levou à compreensão de muitas variações e distinções entre dimensões, instâncias e perspectivas 
relacionadas ao ato de planejar. 
Iniciamos nosso trabalho buscando definir de modo global as ações de planejamento que acompanham o 
ser humano desde a Pré-história, evidenciando a própria necessidade de planejar que acompanha a 
humanidade. Depois, mostramos como, à medida em que a sociedade crescia e se complexificava, as 
exigências colocadas ao planejamento se modificavam. 
Planejar foi, sempre, uma questão de sobrevivência, individual e coletiva, já que os seres humanos 
necessitavam de abrigo, alimento e armas para se manterem vivos no planeta, organizando-se e planejando 
os modos de fazer cada uma dessas coisas. 
Planejar é, antes de tudo, responder antecipadamente a questões com a clara definição do estudo em 
que todas as possibilidades devem ser observadas. 
No mundo organizado, já bem depois das primeiras sociedades humanas, as exigências da produção de 
bens, da estratificação social e das guerras elevaram o planejamento a outro patamar. Surgem armamentos 
mais sofisticados, estruturas de governo mais organizadas. Estratégias de ação são definidas com maior 
antecedência e as instituições de apoio a esses planos e ações também se complexificam. 
Tudo isso exigiu, sempre, planejamento, mas a generalização da prática de planejar como válida e 
socialmente necessária emergiu da Revolução Industrial e, posteriormente, consolidou-se nos fins do século 
XIX e início do século XX, chegando ao campo da educação formal, tanto na organização da instituição 
escolar e dos sistemas de ensino quanto do trabalho pedagógico em si. 
PLANEJAMENTO ESCOLAR 
INTRODUÇÃO 
O cotidiano escolar precisa ser planejado. A escola é composta por um grande grupo de pessoas de 
formações diversas e atende a fins específicos. É falso que a escola é somente um ambiente de transmissão 
de conteúdo, ou ainda que é um espaço para que o aluno aprenda os conteúdos. A escola é uma instituição 
social, envolve a comunidade, os pais, alunos e funcionários, e essas convivências precisam ser organizadas, 
claras e com fins que atendam a todos esses grupos. 
Neste tema, trataremos sobre o cotidiano escolar e a organização e execução de planejamentos para que 
a escola possa cumprir seus muitos fins: um ambiente acolhedor para os alunos, um espaço saudável para se 
trabalhar, fomentar o aprendizado, medir o “êxito” e o “fracasso”, buscando ações corretivas, dinâmicas e 
democráticas. 
Seja bem-vindo à escola e entenda o compromisso com a educação que move os objetivos. 
POR QUE PLANEJAR É UM ATO IMPORTANTE? 
O planejamento é um processo ininterrupto, processual, organizador da conquista prazerosa dos 
nossos desejos onde o esforço, a perseverança, a disciplina são armas de luta cotidiana para a mudança 
pedagógica. 
(FREIRE et al., 1997) 
Planejar compreende o ato de organização do cotidiano. E o planejamento escolar? Por que ele é tão 
importante? Será que as perspectivas de planejamento sempre foram as mesmas? Os planejamentos são 
estanques ou se modificam de acordo com o desenvolvimento de cada turma? 
Sabemos que, por mais que planejemos uma aula, ela nunca ocorrerá exatamente como o programado, 
já que é modificada com a interação dos estudantes. Então, por que planejamos? O planejamento anual de 
uma escola é marcado por constantes demandas e reorientações, sendo assim, por que planejar? 
Essas reflexões não têm respostas prontas. Elas devem fazer parte do seu cotidiano como docente. Nesse 
sentido, é fundamental que você, como futuro docente, independentemente do segmento e da forma como 
vai atuar, compreenda as discussões que existem em relação ao planejamento na escola. 
PLANEJAMENTO NO COTIDIANO 
Planejar faz parte da história da humanidade. Sempre foi necessário pensar sobre as nossas ações, 
mesmo que não tivéssemos clareza de que isso seria um planejamento. Pensamos sobre nossas ações 
cotidianamente: o que fizemos ou o que deixamos de fazer, o que faremos no futuro (ou, pelo menos, o que 
desejamos fazer). Ou seja, o planejamento está presente em nossa vida desde a hora em que acordamos e 
tomamos nossas decisões: tomar café da manhã ou não? Como chegar ao trabalho? Como organizar uma 
viagem, uma festa ou um encontro com os amigos? Todas essas escolhas fazem parte do nosso 
planejamento cotidiano, que nasce de um desejo, de uma intenção, de uma possibilidade ou necessidade. 
Esperamos tomar as decisões mais acertadas mesmo sabendo que há uma imprevisibilidade no dia a dia 
que nem sempre nos permite realizar nossas tarefas da forma como planejamos. Mas, queremos alcançar 
nossos objetivos e, mesmo sem termos consciência, isso faz parte do ato de planejar. 
E você, o que planejou para o dia de hoje? Que objetivos espera alcançar? Todas as ações que você 
programou foram cumpridas da forma que imaginou? 
Assim como acontece na nossa vida cotidiana, as ações pedagógicas também surgem da necessidade de 
organizar a relação ensino-aprendizagem. O planejamento de ensino constitui-se, então, da necessidade de 
responder às questões do que – que conhecimentos vamos trabalhar –, do como – os procedimentos e as 
metodologias que vamos usar para trabalhar com esses conhecimentos – e do porquê trabalhar com esses 
conhecimentos. 
Assim, podemos prever, organizar e avaliar situações que propiciem condições para que os estudantes 
construam, produzam, teçam conhecimentos sobre determinados conteúdos e valores a serem trabalhados. 
DIFERENTES CONCEPÇÕES DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO 
É importante a compreensão de que há diferentes concepções do processo de planejamento ao longo da 
história da educação escolar. Nesse sentido, reconhecemos três fases temporais nas quais a concepção do 
que seria importante em um planejamento é diferente. 
A primeira fase é a do princípio prático e que não apresenta uma grande preocupação formal. Essa fase 
atenderia às atividades de aula, exclusivamente. 
Exemplo: 
Um professor que dará aula de Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental sabe que os 
alunos precisam contar e fazer as quatro operações. Ele aprendeu dessa maneira, pensa que os alunos 
devam ser capazes de decorar e reproduzir, afinal, sempre foi assim. Para ele, a apreensão do conhecimento 
por essa via é natural e, por isso, ele não se empenha em elaborar estratégias de aprendizado ou em 
adequar o conteúdo às vivências dos alunos. 
A segunda fase é a de caráter técnico-instrumental e que estava relacionada a uma tendência tecnicista 
de educação, que não considerava os fatores sociais, políticos e econômicos. 
Exemplo: 
O professor organiza sua ação: os alunos precisam aprender as quatro operações matemáticas básicas. 
Esse é o conteúdo a ser passado. E passa a organizar como ele vai atingir esse objetivo. Define a estratégia, a 
metodologia, explicita o objetivo principal, os objetivos correlatos, a forma pela qual ele pretende avaliar o 
aprendizado. De maneira conteudista, ele formaliza, disponibiliza e executa. A dificuldade é atingir 
resultados semelhantes com alunos diversos utilizando o mesmo planejamento, duro e linear. 
A terceira fase é a do planejamento participativo, que “buscou na resistência ao modelo de reprodução 
do sistema educacional valorizar a construção coletiva, a participação e a formação da consciência crítica a 
partir da reflexão sobre a prática transformadora” (BOSSLE, 2002). 
Exemplo: 
Os alunos precisam aprender as quatro operações matemáticas. Planejar: o que os alunos já sabem das 
operações matemáticas, a importância do domínio desse conteúdo, como e qual a relação dos grupos coma 
dinâmica desse conhecimento, como esse conhecimento faz parte do seu cotidiano, e estabelecer 
procedimentos reflexivos e adaptáveis. 
Atenção 
Não imagine uma linha do tempo! Essas diferentes formas de planejar a aula continuam presentes em 
nosso cotidiano. 
De acordo com Veiga-Neto (1993), podemos identificar apenas duas vertentes quando falamos em 
planejamento educacional – uma tecnicista e outra participativa ou crítica. 
Segundo o autor, pensar o planejamento a partir da primeira vertente traz como problema a manutenção 
do status quo social porque, nesse caso, a Educação não é vista numa dimensão política mais ampla, mas 
somente por meio de métodos e técnicas. No entanto, segundo a sua análise, não devemos descartar 
métodos e técnicas, como se não fossem necessários, pois criamos uma impressão de que o processo 
educacional não precisa ter seus próprios métodos, sua própria técnica. 
Ainda segundo o autor, a vertente crítica, que ele denomina de segunda vertente, exige que os docentes 
busquem compreender o que é a escola também de fora dela, isto é, considerá-la como uma instituição 
inserida em um contexto social mais amplo. 
Nesse paradigma, o professor e a professora saem obrigatória e constantemente da sala de aula para 
buscar compreender o que é a escola, quais as relações entre essa instituição e o mundo social, 
econômico, político, cultural em que ela se situa. O paradigma crítico é o paradigma da desconfiança, da 
suspeita (FORQUIN, 1993). Seu compromisso é com a transformação das relações econômicas e sociais. 
Assim sendo, o paradigma crítico se identifica com os movimentos políticos progressistas. 
(VEIGA-NETO, 1996, p. 166) 
De acordo com Luckesi (1990), esse planejamento, que se localiza em uma vertente crítica e que é 
também um ato político, no sentido amplo da palavra crítica, terá que ser dinâmico, pois, está relacionado 
sempre à tomada de decisões constantes. 
Os planejamentos escolares acompanham as discussões educacionais mais amplas e assumem, de acordo 
com a perspectiva pedagógica, determinadas características. Isso acontece porque se alinham às 
perspectivas existentes conforme cada contexto sócio-histórico, ao longo da história da educação escolar. 
Fundamentados em um formato prescritivo e instrumental, atualmente, precisam articular dimensões 
técnicas, político-sociais, coletivas e críticas. No entanto, é importante ressaltar que as discussões e 
pesquisas sobre planejamento não são, de forma alguma, hegemônicas, havendo retrocessos, avanços de 
enfoques e preocupações. 
Exemplo 
Você, aluno estudioso, leu, preparou-se, passou em um concurso e, pouco depois, foi indicado diretor de 
uma escola. A escola fica em um bairro próximo ao seu. Você conhece as pessoas, a comunidade, tem uma 
relação histórica com os professores. Conhece os fundamentos pedagógicos do planejamento e o contexto 
social de sua aplicação. 
Passados dez anos, você já se mudou do bairro há algum tempo, os alunos são de uma geração bem 
diferente daqueles que você conhecia. Novos debates pedagógicos foram levados por professoras que 
entraram recentemente. Uma delas chega a sinalizar, com jeito, mas, de forma clara, que suas ideias estão 
ultrapassadas. 
Sua primeira reação é afirmar que você é diretor daquela escola há dez anos. Quem é ela para contestá-
lo? 
Mas, para cumprir o devido e chegar a um planejamento móvel, democrático e participativo, as novas 
ideias devem ser debatidas, apropriadas, e a realidade deve ser percebida como algo que definitivamente 
não é estático. As novas ideias, a recuperação de ideias antigas e a necessidade de uma educação 
continuada com constantes atualizações devem ser características de um bom profissional da educação. 
Vasconcellos (2000) nos ajuda a pensar nesse planejamento, que deve ser compreendido como um 
instrumento capaz de intervir em uma situação real para transformá-la. É uma mediação teórico-
metodológica para uma ação intencional, que tem como objetivo fazer algo acontecer. Para isso, é 
importante e necessário estabelecer, além de condições materiais, uma disposição interior, buscando prever 
o desenvolvimento da ação desejada no tempo e no espaço. Caso o planejamento não seja formulado, 
ocorrerá o trabalho a partir de improvisações e sob pressão. 
O planejamento é um ato político-pedagógico que revela intenções, pois, planejar é intervir na realidade 
de forma intencional, um processo de reflexão e ação, de tomada de decisão. 
Vasconcellos dá ao planejamento significados de intervenção e reflexão sobre a ação. Desse modo, 
segundo o autor, pode-se intervir na realidade, permitindo que o planejamento assuma uma importância de 
conscientização e transformação, sendo capaz de promover mudanças nas relações de ensino-
aprendizagem. 
Conhecendo as mudanças ocorridas no campo da Didática – que é responsável por estudar os processos 
de aprendizagem e ensino, portanto, a ciência da Educação que, a priori, pensa e pesquisa sobre os 
planejamentos escolares –, podemos conhecer o contexto de mudanças que modificou a forma de pensar 
também os planejamentos. 
Refletindo sobre a história do planejamento 
No início dos anos 1980, havia um cenário geral muito propício ao movimento de crítica à Didática e ao 
surgimento de propostas alternativas para seu redimensionamento. Na ocasião, o país passava por um 
movimento de luta pelo restabelecimento da democracia e os educadores se sentiam altamente desafiados 
a colaborar com a redemocratização da sociedade. (CANDAU, 2000) 
Figura 4. Manifestação diante do Congresso Nacional em 1985 
A década de 1980 teve como característica uma significativa ampliação da produção acadêmica. Essa 
produção foi marcada por pedagogias contra-hegemônicas, ou seja, voltadas para uma educação com 
possibilidades emancipatórias e de transformação da sociedade. Podemos dizer, então, que a produção da 
Didática nos anos de 1980 viveu uma renovação que resultou de mudanças que atravessaram os campos 
educacional e social nesse período. Uma série de encontros decorrentes do movimento dos educadores 
propiciou sua problematização, tecendo progressivamente mudanças paradigmáticas na área. (CRUZ; 
ANDRE, 2014) 
Nos anos 1990, o processo de globalização trouxe a transformação do mundo do trabalho e a afirmação 
da sociedade da informação. Nesse sentido, desenvolveram-se, também, novas formas de exclusão e 
desigualdade que levaram a um estado de perplexidade e de falta de clareza sobre os caminhos e as 
possibilidades de futuro. Na educação, foi o momento das reformas educativas que, independentemente 
dos países e até dos continentes, seguiram um esquema similar, apoiadas nas políticas neoliberais. 
Desde então, as reformas educativas avançaram para uma reorganização institucional e descentralização 
da gestão administrativa, financeira e pedagógica, com um fortalecimento da autonomia das escolas. A 
política de municipalização da educação levou à efetivação de vários programas federais, como a merenda 
escolar e o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola). A eleição de diretores e a criação de Conselhos 
Escolares também constaram da pauta das reformas educativas, como medidas plausíveis no que concerne à 
autonomia administrativa dos sistemas públicos de ensino no país. 
Como marco dessa fase, apontamos o desafio proposto por Vera Candau: a superação de uma Didática 
exclusivamente instrumental. A autora apresentou a construção de uma Didática fundamental, que estaria 
articulada à problemática da educação na sociedade. Essa proposta representou um amplo movimento de 
reação à Didática marcada pela ideia de neutralidade. 
Para a Didática fundamental, no centro do processo de aprender-ensinar estão as dimensões técnica, 
política e humana, contextualizadas pelas práticas pedagógicas, o que possibilita a reflexão didática a partir 
da análise de experiências concretas, exercitando, assim, a relação teoria-prática de forma horizontalizada. A 
Didática fundamental está preocupada com as interações

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