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Luto na Adolescência- Tanatologia



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Adolescência: período de grandes mudanças
Adolescência é um período de mudança de estilo e de personalidade. Durante essa fase, a busca da identidade adulta e independência são os principais objetivos e fazem parte do desenvolvimento psicológico, acompanhados pelas modificações físicas e cognitivas.
A adolescência é, portanto, uma fase evolutiva do ser humano, onde ocorrem todas as alterações necessárias para transformar a criança em adultos. É uma fase turbulenta, marcada por mudanças biopsicossociais que, se não compreendida, passa a ser rotulada de problemática.
Luto na adolescência
Quando o luto enfrentado pelo adolescente refere à perda de alguém querido, principalmente, se for uma morte rápida e traumática, os cuidados são ainda mais importantes. Trata-se de um momento que se não for bem assimilado e tratado, pode resultar em problemas sérios na fase adulta. A gente sempre pensa na adolescência como um tempo para diversão, revolta e independência. Não como um tempo de perdas profundas. Mas os adolescentes, assim como adultos, sofrem perdas.
O luto na adolescência não acontece só por morte de alguém querido. Além das transformações físicas e biológicas, os adolescentes geralmente enfrentam a primeira paixão, passam a dar mais valor para os amigos e estar enturmado é bastante valorizado.
O rompimento com um amigo ou amiga, por exemplo, pode ter como consequência um verdadeiro luto. E se houver o término de um namoro, então o luto pode ser maior ainda.
Todas as mudanças que acontecem nesta etapa da vida podem gerar o chamado luto na adolescência. Desde a perda da infantilidade até o ganho de responsabilidades e obrigações que não se tinha até então.
Por causa de tudo isso, a conversa entre pais e adolescentes é muito importante. Os pais não devem ter receio de discutir estes temas todos e ajudar os filhos a passarem por esta fase de descobertas e questionamentos.
Afinal, todas as mudanças que ocorrem nessa fase, quando amparadas por conselhos, ensinamentos e exemplos, tornam-se mais fáceis de serem vividas.
Perdas na adolescência
Todas essas perdas caracterizam o luto na adolescência. Os sintomas são os mais diversos possíveis, variando de pessoa para pessoa. Vão desde uma atitude mais agressiva, passando pelo choro repentino, momentos de tristeza e perda de apetite até os maus resultados na escola.
É difícil enfrentar essa fase de luto na adolescência. E os pais assumem um papel preponderante para ajudar os filhos. Toda compreensão, apoio e esclarecimento devem ser dados, a fim de minimizar essa sensação de perda.
Os pais devem auxiliar os adolescentes, esclarecendo que estes sentimentos controversos fazem parte desta etapa da vida e os fortalecerão para o que está por vir: o mundo dos adultos.
Todo este cuidado contribui para que eles não busquem refúgio em outros lugares, nas más companhias e no uso de drogas, por exemplo.
Muitos pais se perguntam se existe um tipo de perda mais difícil ou um luto pior que outros na adolescência. E a resposta é não. Porque tudo depende da personalidade e do modo que o adolescente encara as dificuldades e estes momentos de transição próprios da idade.
Os três grandes lutos da adolescência
Para vivenciar todas essas mudanças, o adolescente passa por momentos de experimentações e perdas, de modo a reformular os conceitos que tem a respeito de si mesmo e do mundo. Segundo Erikson, a busca da identidade adulta é a principal tarefa da adolescência e, para que isto aconteça, é necessário que o jovem vivencie três grandes perdas:
Luto pela perda do corpo infantil
O corpo se modifica, independentemente de sua vontade, o que causa grande desconforto, mais facilmente percebido nas fases iniciais da adolescência.
Luto pela perda da identidade infantil
A sociedade e o próprio indivíduo passam a exigir um comportamento diferente daquele mostrado até o momento, com responsabilidades e deveres.
Luto pela perda dos pais da infância
Os pais deixam de ser vistos como ídolos infalíveis e passam a ser vistos como humanos, tão frágeis e capazes de errar como qualquer outro.
Em função do momento desafiador, a experiência com o luto para um adolescente, é única. Não são crianças, nem adultos. Adolescentes em luto precisam de ajuda para o que consideram impossível de se sobreviver. Na adolescência as alterações físicas mexem com a autoestima desses jovens. E essas alterações podem sobrecarregá-los ainda mais no processo de luto. Essas mudanças os tornam mais parecidos com homens ou mulheres o que nos faz pensar intuitivamente que são emocionalmente maduros e podem assim lidar com o próprio luto. Ninguém, especialmente um jovem, deve lidar com o próprio luto sozinho. A morte de uma pessoa próxima é um momento de fracionamento para um adolescente que passa a reconstruir sua vida. Com suporte e compreensão, adolescentes em luto, aprendem cedo que nós humanos não temos controle completo sobre nós mesmos e sobre o nosso mundo. Eles aprendem que o luto é o contraponto natural de ter amado. Eles aprendem que fé e esperança são pontos centrais em achar um sentido para tudo que se faz nessa vida curta. E aprendem o verdadeiro valor para a alegria de viver. 
Como o adolescente identifica que está enlutado?
As reações típicas do luto são: tristeza, revolta, vontade de ficar sozinho, choro (muitas vezes repentino, que deixa o enlutado muito envergonhado, por não controlar suas emoções), sentimento de culpa. Também são muito frequentes problemas para dormir, para comer, adoecimento e uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de drogas e remédios.
No entanto, essas reações tendem a desaparecer, à medida que a pessoa enlutada vai se dando conta da realidade da perda, pode contar com apoio de seus amigos e familiares e se propõe a enfrentar a vida, sem aquele ou aquela que perdeu. É encontrado um novo jeito de viver, no qual a pessoa que morreu não é esquecida e sim, transformada em uma memória, da qual se lembra e se fala com saudade, da qual se guardam recordações, boas e más.
	 O que posso fazer para ajudar meu amigo enlutado?
	É importante destacar que tudo o que se sabe sobre luto não é suficiente para descrever uma reação de uma pessoa em particular. Ou seja: cada pessoa vai viver a perda da sua própria maneira, muitas vezes parecendo incompreensível, estranha, difícil de conviver.
Para ajudar seu amigo, pode ser muito útil você perguntar a ele como ele quer ser ajudado. Talvez ele não saiba dizer. Talvez diga que quer apenas ficar sozinho. Ou que não quer ser um estraga-prazeres, que vai ser uma companhia ruim. Procure mostrar a ele que vocês são amigos para todas as horas, as boas e as más, e que você está disposto a mostrar isto a ele. Mas só diga isto se for realmente o que você sente. Muitas vezes, uma companhia, mesmo que silenciosa, que saiba ouvir e oferecer o ombro, é muito mais valiosa que muitas palavras e conselhos sábios.
	Às vezes penso que poderia ter sido eu no lugar dele...
	Pode ocorrer de o jovem se comportar de maneira a desafiar limites, pensando que nada irá lhe acontecer, que ele sabe bem como sair dos problemas, ou que tem controle sobre todas as situações. Pode ocorrer também que nada disso aconteça e esse jovem se dê mal. Um acidente de carro, um uso exagerado de bebida alcoólica ou de alguma droga, a prática de um esporte sem os cuidados necessários. Uma brincadeira que depois a gente acha que foi boba... desnecessária... tudo isso pode levar o adolescente à morte.
	O luto diante da morte
Quando o luto enfrentado pelo adolescente se refere à perda de alguém querido, principalmente, se for uma morte rápida e traumática, os cuidados são ainda mais importantes.
Trata-se de um momento que se não for bem assimilado e tratado, pode resultar em problemas sérios na fase adulta.
As reações também aparecem em forma de atitudes destrutivas, perda de aproveitamento na escola, isolamento social e familiar e problemas de saúde.
Este período de luto deve ser vivenciado. Serve para refletir sobre o sentido da vida e para o adolescente se adaptar à nova situação, sem o ente quepartiu. Mas se essa fase se prolongar por mais de três meses, além da ajuda familiar, deve-se procurar também auxílio psicológico.
 O apoio dos pais, familiares e amigos é fundamental para a aceitação da perda. E se você não sabe como ajudar um filho ou amigo enlutado, lembre-se que o diálogo e a disposição em oferecer apoio auxiliam bastante.
Ofereça-se para conversar. Pergunte ao adolescente sobre o que, ele quer falar. Certamente a conversa vai fluir, ele vai administrar melhor seus sentimentos e sentir alívio para a dor do luto.
Dicas práticas para se lidar com o luto de um adolescente:
1. Converse sobre a morte: em geral, trazer a morte para a conversa ajuda a dissipar medos e caminha a favor da aceitação;
2. Estabeleça um vínculo de confiança e confidencialidade: escute sem julgamento e honre o combinado de confidencialidade, não dívida com outras pessoas as confissões ou falas íntimas;
3. Preste atenção à comunicação não verbal: 50% da arte de ouvir e estar presente envolve comunicação não verbal. Olhar nos olhos, inclinar-se em direção à pessoa, manter uma postura aberta (sem braços cruzados);
4. Fale: “sinto muito”, “estou pensando em você”, “eu me importo”, “eu te amo”, “você é muito importante pra mim”, ‘estou aqui para você”, “quero ajudar”;
5. Use o nome da pessoa falecida: quando estiver conversando com o adolescente mencione a pessoa falecida citando seu nome;
6. Acompanhe e siga acompanhando: logo após a morte a rede de suporte é intensa, parentes e amigos estão por perto. Meses depois essa rede diminui, as pessoas retomam suas atividades. Siga acompanhando e dando suporte, não espere que o adolescente tome a iniciativa. Ligue, envie mensagens, faça visitas ou simplesmente convide para um sorvete.
Bibliografia
http://www.4estacoes.com/o_adolescente_enlutado.asp
http://www.adolesc.com.br/os-tres-grandes-lutos-e-a-sindrome-da-adolescencia-normal/
http://vamosfalarsobreoluto.com.br/post_helping_others/o-luto-de-um-adolescente/
https://gruposaojudastadeu.com.br/luto-na-adolescencia-so-acontece-com-a-perda-de-um-ente-querido/