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Psicologia e criminologia

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Revisão técnica:
Caroline Bastos Capaverde
Graduada em Psicologia
Especialista em Psicoterapia Psicanalítica
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147
P974 Psicologia e criminologia [recurso eletrônico] / Eliane Dalla
Coletta... [et al.] ; [revisão técnica: Caroline Bastos 
Capaverde]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018.
ISBN 978-85-9502-464-9
1. Psicologia. 2. Direito penal. I. Dalla Coletta, Eliane.
CDU 159.9:343.1
Fatores determinantes 
do comportamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir noções de comportamento.
 � Identificar fatores que determinam diferentes comportamentos.
 � Descrever a relação entre comportamento criminal e psicopatia.
Introdução
O comportamento humano passou a ser estudado com métodos cien-
tíficos a partir do século XIX, com base nas diferentes perspectivas teó-
ricas surgidas nesse período. Estas perspectivas evidenciam diferentes 
paradigmas e apresentam métodos e modos próprios de interpretar os 
dados na pesquisa do comportamento humano.
Neste capítulo você vai estudar as noções de comportamento a partir 
de quatro perspectivas teóricas: o behaviorismo, a psicanalítica, a teoria 
da aprendizagem social e a teoria cognitiva. Os fatores que influenciam o 
comportamento serão abordados pela perspectiva da psicologia cogni-
tiva, em função de sua contribuição para a psicologia jurídica. Essa influ-
ência se deve ao fato de que a psicologia cognitiva investiga e pesquisa os 
processos mentais para entender e compreender a cognição humana, por 
meio da observação do comportamento das pessoas enquanto executam 
diversas tarefas cognitivas. O comportamento violento também é tema 
de estudos, desenvolvidos especialmente pelos psicólogos forenses, 
que apontam relações entre a psicopatia e o comportamento criminal. 
Neste capítulo você também vai conhecer as possíveis relações entre o 
comportamento criminal e a psicopatia.
Noções de comportamento
A partir do estudo do comportamento por meio de métodos científicos, iniciado 
no século XIX, surgiram diferentes teorias de desenvolvimento humano que 
estudam e evidenciam paradigmas, métodos próprios e modos de interpretar 
os dados na pesquisa do comportamento. Com base em Papalia e Feldman 
(2013), vamos apresentar quatro perspectivas teóricas que amparam a maioria 
das teorias renomadas e suas pesquisas.
Uma das primeiras escolas a estudar o comportamento foi o behaviorismo, 
que entende o comportamento como uma interação entre a ação do sujeito e o 
ambiente onde a sua ação acontece. O comportamento, para o behaviorismo, 
é uma reação ou resposta do “sujeito” observado (homem ou animal) a uma 
determinada situação. Ou seja, o comportamento é uma resposta do sujeito 
observado a um estímulo.
O estudo do comportamento é possível a partir da variação do estímulo 
(S) e da observação de cada reação (R) do sujeito de acordo com o estímulo 
dado, conforme o esquema clássico S R. Skinner (1904 - 1990), um dos mais 
célebres representantes do behaviorismo, deu início a um amplo e diversifi-
cado programa de investigações sobre o comportamento com base em suas 
consequências; um desses estudos é a teoria do reforço. Reforço é uma força 
que, se acontece após uma resposta, aumenta a probabilidade desta se repetir; 
ele pode ser positivo ou negativo. O reforço positivo aumenta a probabilidade 
futura de repetição da mesma resposta, e o reforço negativo remove ou 
atenua uma situação desagradável (aumentando, com isso, a probabilidade 
da repetição da resposta).
O experimento clássico do behaviorismo, desenvolvido por Skinner, ocorreu 
com a utilização de ratos e pombos, cujos comportamentos eram condiciona-
dos por meio de estímulos e reforços. Os animais eram colocados dentro das 
chamadas caixas de Skinner (Figura 1). A experiência tinha como objetivo 
fazer com que o rato apertasse uma alavanca para receber uma gota de água. 
A primeira ocorrência foi por acaso, durante a exploração que o rato estava 
fazendo na caixa; logo que a gota de água apareceu, o rato a consumiu rapi-
damente. A expectativa de Skinner era que, se o rato continuasse com sede ou 
viesse a ter sede depois de um tempo, pressionaria a barra. Nesse experimento, 
acionar a alavanca era a resposta (R), e o estímulo reforçador (S) era a água. 
Na formulação da equação representativa R S, a flecha significava “levar a” 
e o estímulo (S) era o reforço.
Fatores determinantes do comportamento2
Figura 1. Caixas de Skinner: artefatos mecânicos complexos que auxiliavam nas pesquisas 
com ratos e pombos. Registravam todos os movimentos, conforme os reforços recebidos.
Fonte: Soares (2013). 
Foram realizadas inúmeras variações dessa experiência. Por exemplo, a 
água era disponibilizada depois de três apertos, depois com sete, doze, vinte 
e assim por diante, com variações sucessivas, medidas com cronometragem 
criteriosa e com o uso extenso de modelos estatísticos complexos em vários 
níveis. A partir desse rigor metodológico, nasceu a ciência do comportamento. 
A partir de outras variações nas quais o estímulo era dado aletoriamente, 
como a disponibilidade de água depois de trinta apertos, ou, por outro lado, 
a indisponibilidade de água, era esperado que essas recompensas aleatórias 
eliminassem o comportamento. No entanto, Skinner percebeu que esses hábitos 
baseados em recompensas irregulares são os mais difíceis de serem extintos 
e podem explicar o porquê de as pessoas perderem fortunas nas máquinas 
caça-níqueis, por exemplo. Ou seja, esses reforços/recompensas intermitentes 
podem se transformar em comportamento compulsivo (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2001).
Contemporaneamente, temos a perspectiva psicanalítica, que surgiu com 
Sigmund Freud (1856–1939). Para Freud, o desenvolvimento humano advém 
de forças inconscientes que motivam e controlam o comportamento humano. 
Segundo Papalia e Feldman (2013, p. 60), 
3Fatores determinantes do comportamento
[...] a psicanálise se concentrou no desenvolvimento da personalidade, na 
importância dos pensamentos, sentimentos e motivações inconscientes, nas 
experiências infantis na formação da personalidade, na ambivalência das 
respostas emocionais, no papel das representações mentais do eu e dos outros 
no estabelecimento das relações íntimas, e no curso do desenvolvimento 
normal partindo de um estado imaturo e dependente para um estado maduro 
e independente.
Em 1924 surge a teoria da aprendizagem social, desenvolvida pelo psi-
cólogo Albert Bandura, o qual fez contribuições para os campos da psicologia 
social e cognitiva, da psicoterapia e da pedagogia. Esta teoria propõe que o 
desenvolvimento humano é bidirecional – o que Bandura denomina determi-
nismo recíproco. Isso significa que a pessoa age sobre o mundo à medida que 
o mundo age sobre a pessoa, em uma interação simultânea, em contraposição 
à teoria behaviorista que defendia a primazia da ação do ambiente sobre a 
pessoa como impulso significativo e determinante no seu desenvolvimento. 
Bandura defendeu a ideia de que a pessoa aprende o comportamento social 
por meio da admiração por outras pessoas, como os pais, os professores, os 
heróis esportivos, ou seja, os modelos que possuem notoriedade e que ganham 
recompensas pelos seus feitos. Segundo Papalia e Feldman (2013, p. 64), na 
teoria da aprendizagem social, “[...] a imitação de modelos é o elemento mais 
importante para a criança aprender uma língua, lidar com a agressão, desen-
volver um senso moral e aprender os comportamentos apropriados de gênero”. 
A versão mais atualizada desta teoria, de 1989, é a teoria social cognitiva, 
com destaque para os processos cognitivos.
A perspectiva cognitiva defende que o comportamento humano representa 
os estágios cognitivos do desenvolvimento humano. Na perspectiva cognitiva, 
destacaram-se estudiosos como Piaget e Vygotsky, entre outros. Para Piaget 
(1896–1980), o desenvolvimento humano ocorre por meio dos aspectos físico-
-motor, intelectual, afetivo-emocionale social. Para o estudioso, somente 
por meio destes aspectos é possível entender como e por que o indivíduo 
se comporta de determinada maneira, em certa situação, em determinado 
momento de sua vida. 
Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2001, p. 129), 
[...] os estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de 
perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada 
faixa etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente, 
que implica uma acomodação das estruturas mentais a este novo dado do 
mundo exterior.
Fatores determinantes do comportamento4
Nessa teoria, para entendermos o comportamento, temos que conhecer 
as características comuns de cada faixa etária para que possamos diferenciar 
individualidades. Piaget propôs quatro estágios de desenvolvimento: de 01 a 
02 anos (sensório-motor), de 2 a 7 anos (pré-operatório), de 7 a 12 anos (ope-
rações concretas) e de 12 anos em diante (operações formais). Essa teoria foi 
amplamente utilizada na educação, possibilitando aos pais e professores uma 
maior compreensão da criança e do adolescente e embasando teoricamente 
o currículo escolar, apropriado a cada faixa de desenvolvimento. Segundo 
Papalia e Feldman (2013, p. 66), 
[...] a pesquisa com adultos indica que o foco de Piaget na lógica formal como 
o ápice do desenvolvimento cognitivo é por demais estreito. Não explica a 
emergência de habilidades maduras como a resolução de problemas práticos, 
a sabedoria e a capacidade de lidar com situações ambíguas.
Vygotsky (1896–1934), por sua vez, tem por foco o desenvolvimento humano 
com base nos processos sociais e culturais do desenvolvimento cognitivo. O 
autor defende que o processo cognitivo ocorre por meio da interação social, 
com colaboração. Para ele, as pessoas adquirem as habilidades cognitivas por 
meio da linguagem, ao exercerem atividades compartilhadas. Os adultos devem 
ajudar a criança a transpor a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que 
é o intervalo entre o que a criança já faz sozinha e o que ela pode realizar com 
a ajuda dos adultos (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
A corrente cognitiva mais atual é a do processamento da informação, a 
qual estuda o desenvolvimento cognitivo e os processos mentais envolvidos 
na percepção e no tratamento da informação, investigando os processos de 
compreensão da informação recebida e de desenvolvimento eficaz das tarefas, 
que envolvem atenção, memória, estratégias de planejamento, tomadas de 
decisão e estabelecimento de metas (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Nessa 
perspectiva, o desenvolvimento humano é constante e cumulativo, acontecendo 
conforme a idade, a prontidão, a complexidade e efetividade do processo 
mental, e a capacidade e diversidade do que pode ser armazenado na memória. 
A atenção e a memória são integradoras do comportamento, mantido pelos 
processos cerebrais centrais.
Dessa forma, podemos entender como 
[...] psicologia cognitiva aquela que estuda os processos internos (atenção, 
percepção, aprendizagem, memória, linguagem resolução de problemas, 
raciocínio e pensamento) envolvidos em extrair sentido do ambiente e decidir 
5Fatores determinantes do comportamento
que ação deve ser apropriada. Visa a compreender a cognição humana por 
meio da observação do comportamento das pessoas enquanto executam várias 
tarefas cognitivas (EYSENCK; KEANE, 2017, p. 01).
Com o que foi exposto, você pode perceber que o comportamento é 
estudado há muito tempo por diferentes pesquisadores, originando várias 
abordagens que contribuem para o entendimento do comportamento humano. 
Cada abordagem apresenta subsídios para a atuação do psicólogo no enten-
dimento da subjetividade dos indivíduos e das suas manifestações compor-
tamentais, utilizando conhecimentos e técnicas da psicologia na promoção 
da saúde. A psicologia jurídica, dessa forma, também está alicerçada sobre 
esses conhecimentos e técnicas psicológicas para avaliação, diagnóstico 
e parecer técnico para auxiliar juízes, desembargadores e promotores na 
elucidação dos processos judiciais.
Fatores determinantes no estudo do 
comportamento
O comportamento humano é influenciado por diversos fatores que variam 
de acordo com o ângulo ou a especificidade pela qual queremos entendê-lo e 
abordá-lo. Por exemplo, os fatores que determinam o comportamento de um 
gerente administrativo não são necessariamente os mesmos que determinam 
o comportamento de um atleta de alto rendimento, de uma dona de casa, de 
um psicopata, de um criminoso ou de um delinquente juvenil. As condições 
do meio, da maturação neurofisiológica e da hereditariedade também fazem 
parte dos fatores que influenciam o comportamento das pessoas.
Como vimos anteriormente, o comportamento humano é objeto de análise 
de diferentes perspectivas teóricas. Para Piaget, os aspectos que atuam no 
desenvolvimento humano, como o aspecto físico-motor, o intelectual, o 
afetivo-emocional e o social, se complementam, e somente a partir de uma 
análise que considera essa multiplicidade é possível entender como e por que o 
indivíduo se comporta de uma maneira em determinada situação da sua vida. 
Para o behaviorismo, o comportamento é uma reação ou resposta do “sujeito” 
observado (homem ou animal) a uma determinada situação. O ambiente in-
fluencia (estimula) o comportamento de cada pessoa. Para a psicanálise, são 
as forças do inconsciente que motivam e controlam o comportamento. Para 
Bandura, as pessoas aprendem o comportamento social por meio da admiração 
por outras pessoas, como os pais, os professores, os heróis esportivos, ou 
Fatores determinantes do comportamento6
seja, os modelos que possuem notoriedade e que ganham recompensas pelos 
seus feitos. Para o cognitivismo, na perspectiva do processamento da infor-
mação, o comportamento é influenciado pela percepção, atenção e memória, 
especificamente.
No estudo da cognição humana, outras áreas também estão envolvidas, 
interdisciplinarmente, com aportes da psicologia cognitiva e experimental, 
das neurociências, da medicina, da biologia, da linguística, da educação, entre 
outras. Diversos saberes são mobilizados para o entendimento da cognição 
humana.
Na área jurídica, observamos a contribuição substancial da psicologia, 
especialmente da psicologia cognitiva e da neuropsicologia (mais recentemente). 
Por esse motivo, neste capítulo abordaremos os fatores da cognição humana: 
a percepção, a memória, a linguagem, a aprendizagem e as emoções. Estes 
fatores são processos internos utilizados pelo indivíduo para captar os estímulos 
do ambiente, possibilitando a escolha da ação mais apropriada (expressão do 
comportamento). São também estes os fatores mais investigados nas avaliações 
psicológicas na área jurídica. Poderíamos acrescentar, ainda, segundo Papalia 
e Feldman (2013), o pensamento, o raciocínio, a inteligência, a motivação, a 
autoestima, a autoconfiança, a ansiedade, a agressividade, a sexualidade e a 
dinâmica familiar.
Iniciaremos a abordagem da cognição humana pela percepção. Para Ey-
senck e Keane (2017, p. 37) a “[...] percepção é a aquisição e o processamento 
da informação sensorial para ver, ouvir, provar ou sentir os objetos no mundo; 
também guia as ações de um organismo no que diz respeito a estes objetos”, em 
um entendimento da psicologia cognitiva mais voltada para o processamento 
da informação.
A Gestalt fez uma importante contribuição para a psicologia com a des-
coberta da influência da percepção no comportamento humano a partir dos 
estudos voltados para a relação entre o todo e a parte, revolucionando princí-
pios fundamentais da ciência. Nesse ponto, o todo influencia a compreensão 
do objeto, demonstrando que o comportamento das pessoas é determinado 
por sua percepção da realidade e não da realidade em si, uma vez que duas 
pessoas olhando para o mesmo objeto ou para a mesma situação podem vê-los 
de diferentes formas. Disso decorre que a percepção é induzida por vários 
fatores que podem distorcê-la ou moldá-la; eles podem estarrelacionados a 
quem percebe, ao objeto percebido, a como ele é visto, ou à situação em que 
a percepção ocorre. Essa distorção, às vezes, pode ser patológica – como as 
ilusões ou alucinações, que são as distorções em seu nível extremo. 
7Fatores determinantes do comportamento
A memória tem sido estudada, pesquisada e investigada no campo das 
teorias do processamento de informação e da neurociência que tem como 
foco de estudo a aprendizagem (na resolução de problemas e no raciocínio). 
Para Reis (2014), a memória é uma das funções cognitivas mais imprescin-
díveis e complexas do ser humano, por ser a base de toda a aprendizagem. 
Um dos mais importantes conceitos desenvolvidos pela teoria cognitiva é 
a subdivisão da memória em três processos (Figura 2): a codificação (per-
cepção da informação), o armazenamento (manutenção desta informação) 
e a recuperação (recordação da informação previamente armazenada). A 
recuperação pode ser para uso imediato ou posterior, simultaneamente a 
mecanismos biológicos e psicológicos, com suporte externo diversificado 
e elementos culturais.
A memória pode ser analisada pelos cientistas por meio de duas perspec-
tivas: estrutural e processual. Na perspectiva estrutural, os componentes da 
memória são a memória de curto prazo (MCP) e a memória de longo prazo 
(MLP). A informação é, então, processada em cada componente, e os tipos de 
conhecimentos são armazenados. Já na perspectiva processual, a memória 
tem sido analisada em suas fases de codificação: retenção e recuperação de 
informação. As memórias não são armazenadas no cérebro de forma integral 
e, mesmo quando já definidas e estabelecidas, podem não ser permanentes. 
É o fenômeno do esquecimento, que é fisiológico e ocorre constantemente, 
debilitando o traço de memória que foi aprendido. Também existem os casos 
de amnésias e falsas memórias.
Reis (2014, p. 50) faz a seguinte observação sobre a memória e sua 
complexidade:
O cérebro é uma estrutura em permanente construção e a memória está, sem 
dúvida, entre as mais interessantes abordagens das neurociências. Assim, 
através das várias técnicas e conceitos neuropsicológicos, devemos não reduzir 
a memória a modelos sem referência a processos nervosos [...], assim como 
não devemos reduzi-la a fenômenos puramente celulares, sem referência a 
processos cognitivos ou comportamentais. 
Fatores determinantes do comportamento8
Figura 2. Segundo Feldman (2015, p. 205), os processos de codificação, armazenamento 
e recuperação podem ser pensados numa analogia aos computadores, na qual o teclado 
representaria o processo de codificação, o disco rígido seria o armazenamento, e o programa 
que acessa a informação para exibição na tela seria a recuperação.
Fonte: Feldman (2015).
Dois elementos da cognição humana de extrema complexidade são o 
pensamento e a linguagem. Vygotsky (2002) afirma que, nos primeiros anos 
do desenvolvimento da criança, há tanto um período pré-linguístico para a 
fala quanto um pré-intelectual para o pensamento. Assim, o pensamento e 
a fala não se encontram relacionados por uma conexão primária; a conexão 
entre eles é dinâmica, complexa e pode se desenvolver de diversas formas. 
A linguagem (verbal, gestual e escrita) é o mecanismo utilizado pelo ser 
humano para se relacionar com os outros, e é por meio dela que o ser humano 
aprende a pensar. A aptidão da fala pela criança é adquirida durante o seu 
desenvolvimento, sendo que, na sua evolução, o domínio das palavras, das 
frases e da gramática lhe possibilita uma comunicação cada vez mais apurada. 
É por meio de seus conhecimentos práticos, do seu fazer com os outros, 
que a criança adequa a sua fala ao ouvinte, envolvendo o aspecto social no 
desenvolvimento da linguagem.
Um aspecto importante a ser sinalizado é que “[...] o desenvolvimento dos 
conceitos, ou dos significados das palavras, pressupõe o desenvolvimento de 
muitas funções intelectuais: atenção deliberada, memória lógica, abstração, 
capacidade para comparar e diferenciar” (VYGOTSKY, 2002, p. 112). A 
linguagem é o instrumento primordial para o psicólogo, pois a forma como 
as pessoas se comunicam envolverá a interação, os fatores sociais, culturais, 
afetivos e emocionais e o pensamento, que são os influenciadores principais 
do comportamento do indivíduo nas suas relações interpessoais. Na avaliação 
9Fatores determinantes do comportamento
psicológica e/ou neuropsicológica, os dados da linguagem podem ser coletados 
em observação direta, a partir de relatos do avaliado ou de familiares sobre 
habilidades ou inabilidade de comunicação, e por meio de testes padronizados 
(MIRANDA; SENRA, 2012).
Outro fator que influencia significativamente o comportamento é a 
aprendizagem. O processo de aprendizagem é bastante complexo e pode 
ser desenvolvido a partir de diversas teorias e suas respectivas abordagens. O 
aprender está relacionado à ordenação e à reordenação de estruturas mentais 
e do meio ambiente. A teoria behaviorista abriu caminho para o desenvol-
vimento do ensino programado, possibilitando o rápido aprendizado por 
meio de estímulos positivos, enfatizando o reforço, os feedbacks imediatos, 
os ambientes controlados por meio de simulações e o contato gradual com a 
disciplina a ser ministrada. A teoria cognitivista estabeleceu que o aprendizado 
é uma prática social, que perpassa o contexto da estruturação pedagógica e 
permeia o mundo social. Esta teoria enfatiza as questões de transformação 
sociocultural e as relações entre o mais experiente e o menos experiente 
no contexto de uma prática educacional mais eficiente. A aprendizagem 
realizada por meio da participação ativa e da colaboração são aspectos da 
prática social que envolvem a pessoa como um todo, propiciando não somente 
a interação em atividades específicas, mas também nas comunidades sociais 
(MIRANDA, 2009).
As emoções auxiliam o ser humano a garantir a sobrevivência por meio 
do medo e da ousadia. A tomada de decisão é influenciada pelas emoções, 
que são uma parte indispensável da nossa vida racional. Assim, ao contrário 
do que propõe Descartes, e mesmo Kant, o raciocínio não pode ser realizado 
de forma pura, dissociada das emoções. Na verdade, são as emoções que 
permitem o equilíbrio das nossas decisões. Biologicamente, as emoções podem 
contribuir para a regulação dos mecanismos corporais; por exemplo, em uma 
fuga, as emoções podem direcionar o corpo a aumentar o fluxo sanguíneo 
nos membros inferiores. 
Se a emoção é uma resposta do corpo a um estímulo externo, o que são 
sentimentos? Sentimento pode ser a forma como o cérebro interpreta as emo-
ções. É a experiência mental que será gerada após as reações do corpo a um 
incentivo externo. Essa distinção entre sentimento e emoção é defendida por 
Damásio (PIRES, 2017, documento on-line): 
[...] a emoção é um conjunto de todas as respostas motoras que o cérebro faz 
aparecer no corpo em resposta a algum evento. É um programa de movimen-
Fatores determinantes do comportamento10
tos como a aceleração ou desaceleração do batimento do coração, tensão ou 
relaxamento dos músculos e assim por diante. Existe um programa para o 
medo, um para a raiva, outro para a compaixão, etc. Já o sentimento, é a forma 
como a mente vai interpretar todo esse conjunto de movimentos.
Nesse caso, é a experiência mental. O autor complementa
[...] alguns sentimentos não têm a ver com a emoção, mas sempre têm a ver 
com os movimentos do corpo. Por exemplo, quando você sente fome, isso é 
uma interpretação da mente de que o nível de glicose no sangue está baixando 
e você precisa se alimentar (PIRES, 2017, documento on-line).
Esses fatores apresentados são significativos para a cognição humana – o 
processo que transforma o mundo em significados. Através da interação com 
o seu meio, o indivíduo capta o mundo (o cérebro percebe, aprende, recorda 
e pensa) e o converte para seu mundo interno. Assimilamos e processamos 
as informações que recebemos por meio de diferentes meios e processoscognitivos como a percepção, a memória, a linguagem, a aprendizagem e as 
emoções. Conforme Eysenck e Keane (2017, p. 1), “[...] a psicologia cognitiva 
investiga e pesquisa estes processos mentais para entender e compreender a 
cognição humana por meio da observação do comportamento das pessoas 
enquanto executam diversas tarefas cognitivas”.
Relação entre o comportamento criminal e a 
psicopatia
Ao pensarmos em comportamento criminal, a primeira imagem que nos vem 
à mente é a dos psicopatas que cometem crimes graves; porém, o compor-
tamento psicopático é encontrado nas mais diversas situações do convívio 
em sociedade. Para os agentes forenses, principalmente os psicólogos, que 
se deparam diariamente com indivíduos com características psicopáticas, é 
fundamental o entendimento desse comportamento. A psicopatia não está 
listada oficialmente no DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatística das 
Perturbações Mentais) e nem no CID-10 (Classificação Estatística Internacio-
nal de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), que a reconhecem 
como um tipo de transtorno da personalidade antissocial (TPA), relativo a 
comportamentos objetivos (Figura 3).
11Fatores determinantes do comportamento
Figura 3. Diagnóstico para o transtorno da personalidade antissocial, de acordo com o 
DSM-IV.
Fonte: Huss (2010). 
Huss (2010, p. 89-95) aborda as escalas desenvolvidas por Robert Hare 
para medir a psicopatia:
Robert Hare é frequentemente creditado como o responsável pela explosão 
das pesquisas durante as últimas décadas devido à sua criação da medida da 
psicopatia mais amplamente utilizada, o Psychopathy Checklist (PCL) e o 
atual Psychopathy Checklist-Revised (PCL-R), [...] frequentemente a medida 
padrão para avaliar a psicopatia [...]. [...] o PCL-R é, na verdade, uma lista de 
20 sintomas, e requer o julgamento clínico de um especialista para pontuá-
-lo por meio do exame de informações colaterais e de uma entrevista clínica 
estruturada, para fins clínicos e legais.
Porém, o PCL-R não é válido para avaliar o risco de violência futuro. O 
PCL-R avalia as características listadas em duas categorias, denominadas fatores: 
o fator 1, relacionado ao comportamento interpessoal e à manifestação afetiva; 
e o fator 2, relacionado ao comportamento socialmente desviante/antissocial. 
Veja o quadro a seguir.
Fatores determinantes do comportamento12
Fonte: adaptado de Huss (2010).
Itens do PCL-R
1. Lábia/ charme superficial – Fator 1
2. Senso grandioso de autoestima – Fator 1
3. Mentira patológica – Fator 1
4. Ausência de remorso – Fator 1
5. Afeto superficial – Fator 1
6. Crueldade/falta de empatia – Fator 1
7. Comportamento sexual promíscuo – Fator 1
8. Falta de objetivos realistas de longo prazo – Fator 2
9. Impulsividade – Fator 2
10. Irresponsabilidade – Fator 2
11. Falha em aceitar responsabilidade pelas próprias ações – Fator 1
12. Versatilidade criminal – Fator 2
13. Necessidade de estimulação – Fator 2
14. Ludibriador/ manipulador – Fator 1
15. Estilo de vida parasita – Fator 1
16. Controle deficiente do comportamento – Fator 2
17. Problemas comportamentais precoces – Fator 2
18. Muitas relações conjugais de curta duração – Fator 2
19. Delinquência juvenil – Fator 2
20. Revogação da liberação condicional – Fator 2
Quadro 1. Itens do PCL-R
Segundo Huss (2010, p. 95-96), 
[...] essas categorias de fatores de psicopatia não diferenciam os vários tipos de 
psicopatas; não existem psicopatas fator 1 e fator 2 [...] uma distinção comum 
entre diferentes tipos de psicopatia é a diferenciação entre psicopatia primária 
(prototípica – comete atos antissociais, é irresponsável, não tem empatia e 
é superficialmente charmoso devido a algum déficit inerente) e a psicopatia 
secundária (causada pela desvantagem social, inteligência baixa, ansiedade 
neurótica) [...] a principal diferença entre estas categorias é a presença de 
ansiedade no psicopata secundário, pois o psicopata secundário comete o 
comportamento antissocial a partir da impulsividade que é ocasionada pela 
ansiedade. 
A probabilidade maior de ocorrer violência por parte do psicopata é quando 
este está sob a influência de álcool ou drogas, por não conseguir manter o 
controle emocional. Os psicopatas apresentam déficits interpessoais e afe-
13Fatores determinantes do comportamento
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tivos que afetam a capacidade de interagir e manter relações, por isso não 
interagem a longo prazo com outras pessoas. Para camuflar e disfarçar estes 
déficits, o psicopata utiliza linguagem tecnicamente correta, no sentido literal, 
sem conseguir entender a importância emocional da palavra. Os indivíduos 
com psicopatia são incapazes de utilizar os significados semânticos. Eles 
podem, por exemplo, entender as definições do dicionário sobre desespero, 
excitação, medo e ansiedade, mas não possuem a vivência com essas emo-
ções para entendê-las completamente; a raiva expressa pode ser considerada 
como uma pseudoemoção. Outros déficits apresentados pelos psicopatas são 
o cognitivo e o de aprendizagem. Conforme Patterson e Newman (1993), 
pesquisas verificaram uma limitação cognitiva em termos de aprendizagem 
bem específica, que é expressa por um problema com a aprendizagem pas-
siva de evitação, isto é, a incapacidade de aprender com os comportamentos 
punitivos (HUSS, 2010).
Fatores determinantes do comportamento14
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Leituras recomendadas
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Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/3577/357735613010/>.Acesso em: 
13 mar. 2018.
15Fatores determinantes do comportamento
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
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