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Instituto Médio Politécnico e Pedagógico de Quelimane 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório de estágio 
 
Adelina Eusébio Macarão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quelimane, Setembro de 2020 
 
 
 
Instituto Médio Politécnico e Pedagógico de Quelimane 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório de estágio 
 
Adelina Eusébio Macarão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quelimane, Setembro de 2020 
ii 
 
Índice 
Lista de abreviaturas ................................................................................................................... iii 
Declaração .................................................................................................................................. iv 
Resumo ........................................................................................................................................ v 
Abstract ....................................................................................................................................... vi 
Introdução .................................................................................................................................... 7 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................................. 8 
1.1. Localização da instituição (DDAN) ..................................................................................... 8 
1.2. Breve historial sobre a cultura do caju ................................................................................. 9 
1.3. Plantio do cajueiro ................................................................................................................ 9 
1.3.1. Escolha do terreno ........................................................................................................... 10 
1.3.2. Propagação ...................................................................................................................... 10 
1.3.2.1. Por sementes ................................................................................................................. 11 
1.3.2.2. Propagação vegetativa .................................................................................................. 11 
1.4. Produção de mudas ............................................................................................................. 15 
1.4.1. Manejo das mudas ........................................................................................................... 16 
DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES REALIZADAS NO ESTAGIO .................... 19 
2.1. Propagação sexuada (uso de sementes para formação de mudas) ...................................... 19 
2.1.1. Colheita e preparação das amostras de solos ................................................................... 19 
2.1.2. Enchimento e etiquetagem das bolsas ............................................................................. 19 
2.1.3. Transporte e selecção das sementes................................................................................. 20 
2.1.4. Semeadura, controlo e conservação das amostras ........................................................... 20 
2.2. Propagação assexuada (formação de mudas através do processo de enxertia) .................. 22 
Sugestões ................................................................................................................................... 23 
Referências bibliográficas ......................................................................................................... 24 
Anexos ....................................................................................................................................... 25 
 
 
 
 
iii 
 
Lista de abreviaturas 
PH – Potencial de Hidrogênio 
PNCB – Pentacloronitratobenzeno 
DDAN – Direção Distrital de Agricultura de Nicoadala 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
Declaração 
Declaro por minha honra que este relatório, é resultado das minhas pesquisas pessoais e das 
indicações dos técnicos da DDAN. O seu conteúdo é original de todas fontes consultadas 
mencionada nos textos presentes na referência bibliográfica apresentada no final deste relatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
 
Resumo 
Este relatório, tem como base o estágio curricular efectuado nos campos de ensaios da ‘’ Direcção 
Distrital da Agricultura de Nicoadala’’ que opera no ramo da gestão das actividades agropecuárias. 
As tarefas desenvolvidas no estágio, correspondem as práticas agrícolas focando-se na cultura do 
cajueiro. Na primeira parte, o relatório descreve o fundamento teórico (pesquisa bibliográficas), 
trazendo os conceitos e aspectos técnicos usados na produção de mudas do cajueiro. Na segunda 
parte, descreve as actividades realizadas no estágio, desde a colheita do solo (preparação dos solos 
simples e solos compostos), propagação das mudas (a semeadura e enxertia), rega, controlo de 
daninhas e pragas. E finalmente apresenta as sugestões a serem seguidas para um bom 
acompanhamento das mudas produzidas. 
 
Palavras-Chaves: Estagio, Agricultura, Cultura do cajueiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
Abstract 
This report is based on the curricular internship carried out in the testing fields of the ‘’ Nicoadala 
District Agriculture Directorate ’’ which operates in the field of management of agricultural 
activities. The tasks developed in the internship correspond to agricultural practices focusing on 
cashew culture. In the first part, the report describes the theoretical basis (bibliographic research), 
bringing the concepts and technical aspects used in the production of cashew seedlings. In the 
second part, it describes the activities carried out in the stage, from the soil harvest (preparation of 
simple soils and compound soils), seedling propagation (sowing and grafting), irrigation, and weed 
and pest control. Finally, it presents the suggestions to be followed for a good monitoring of the 
seedlings produced. 
 
Keywords: Stage, Agriculture, Cashew culture 
7 
 
Introdução 
De forma a relacionar o conhecimento teórico (aprendido no Instituto Médio Politécnico e 
Pedagógico de Quelimane) com o conhecimento prático, foi realizado um estágio nos campos da 
Direcção Distrital da Agricultura de Nicoadala. Com início no dia 25 de Agosto de 2020 até 24 de 
Setembro de 2020, perfazendo assim, um total de 30 dias de estágio. 
Assim, o presente relatório de estágio, enquanto parte integrante do estágio, pretende não só dar 
contas das actividades desenvolvidas pela estagiária durante o período de estágio, mas ainda 
abordar alguns conceitos e técnicas apresentadas por outros atores da área, através, da consulta 
bibliográfica, ou seja, fundamentação teórica. 
Neste sentido, o relatório apresenta-se estruturado em três partes importantes: O Estágio, na qual 
se apresenta a entidade de acolhimento, bem como as actividades desenvolvidas pela estagiária; 
Enquadramento Teórico, onde é feita uma caracterização geral do sector agrícola em Moçambique 
como também no mundo em geral; e um Estudo de Caso que incide sobre a cultura do cajueiro. 
Também, apresentam-se sugestões, pois o estudo continua mesmo com o estágio terminado. Como 
o estágio foi de 30 dias, não permitiu concluir o estudo, por isso, apresentam-se as sugestões que 
são recomendadas pelas referências bibliográficas consultadas. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
1.1. Localização da instituição (DDAN) 
Segundo o Ministério de Administração Estatal na sua edição de 2005, o distrito de Nicoadala está 
localizado a sudoeste da Província da Zambézia, fazendo fronteira a Norte com os Distritos de 
Mocuba e Namacurra, a Oeste com os Distritos de Morrumbala e Mopeia e a Sul com o Distrito de 
Inhassunge e Oceano Indico. 
 
FIG 6. Mapa delocalização geográfica do distrito. Fonte: Ministério de Administração Estatal (2005) 
O clima do distrito é predominantemente do tipo ‘’ Tropical Chuvoso de Savana – AW’’ 
(classificação de Kӧppen), com duas estacoes distintas, estação chuvosa e a seca. A maior 
pluviométrica ocorre sobretudo nos meses de Novembro de um ano até Abril do outro ano e a 
temperatura anual é em média 25.6 ºC. 
 
 
 
9 
 
1.2. Breve historial sobre a cultura do caju 
PEREIRA et al, 2004. Escreve que a fruticultura é um dos segmentos da agricultura mais rentáveis, 
despertando a atenção não só de empresas rurais e agricultores, mas também de órgãos 
governamentais (MUCHANGA, 2016). 
O cajueiro é encontrado praticamente em todos os países do clima tropical. É uma planta rústica, 
típica desta região. 
AGOSTINI & NAVES, 2005, descrevem que no nordeste de Brasil, a principal espécie de 
ocorrência é o Anacardium Occidental L., cujas arvores apresentam pequeno e médio porte e esta 
é a espécie que está em adopção em Moçambique. O A. Occidental L. é a única espécie do género 
que é cultivada com finalidade comercial, sendo as demais espécies exploradas apenas por 
extrativismo (MUCHANGA, 2016). 
Para OLIVEIRA (2002), tradicionalmente, a cultura do caju é resistente e adapta-se à seca, 
desenvolvendo-se até em condições altamente diversas, com isso para muitos não é interessante 
estudos para verificar se a cultura responderia a irrigação (MUCHANGA, 2002). 
O caju constitui um importante contributo para sustento das famílias rurais de Moçambique, como 
fonte de rendimento, nutrição e emprego. Cerca de 95% da produção actual de caju é feita pelos 
pequenos produtores, sendo poucas as propriedades agrícolas comerciais. 
Moçambique já foi um dos maiores produtores mundiais de castanha bruta e um dos maiores 
exportadores de amêndoa processada. Moçambique é, actualmente, a nível mundial, um pequeno 
competidor; a concorrência aumentou e países como Índia, o Brasil e o Vietnam dominam o 
mercado mundial. 
1.3. Plantio do cajueiro 
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta tropical, originária do Brasil, dispersa em 
quase todo o território. O cajueiro, uma planta de clima tropical, exige para seu desenvolvimento 
regime de altas temperaturas, sendo a média de 27 ºC a mais apropriada para o cultivo. O cajueiro 
pode ser cultivado em qualquer classe de solo. Preferencialmente, são utilizados solos com textura 
arenosa ou franco-arenosa, relevo plano ou suave ondulado, não sujeitos a encharcamento, sem 
camadas impermeáveis e de profundidade nunca inferior a 1,5 m. 
10 
 
1.3.1. Escolha do terreno 
O cajueiro se desenvolve bem em solos de textura média (barrentos) ou areno argilosos e 
profundos. Recomenda-se fazer a análise de solo em laboratório para se fazer a sua correcção. O 
solo deve ter boa fertilidade e o pH em torno de 6,5. O cajueiro produz melhor onde as chuvas 
variam entre 800mm a 1.500mm anuais. As chuvas devem ser distribuídas entre cinco e sete meses, 
seguida de estação seca bem definida. A estação seca deve coincidir com as fases de floração e 
frutificação da planta. 
Segundo VILLAR (Junho, 2017). Indica que, para a realização da amostragem dois princípios 
devem ser seguidos: 
 Cada área a ser amostrada deve ser a mais homogênea possível e para isso deve-se 
considerar os seguintes aspectos: vegetação (cultura, cultivares, idade, etc); textura (solos 
arenosos e argilosos); topografia (topo, meia encosta e baixada); produtividade; histórico 
de aplicações de corretivos e fertilizantes; 
 As áreas resultantes dessa divisão não deverão ter tamanho superior a 10 ha, mesmo que 
sejam homogêneas, e pelo menos 20 sub amostras (amostras simples), à profundidade de 
20 cm devem ser feitas dentro dessas áreas homogêneas, sendo depois misturadas para 
formar uma única amostra representativa (amostra composta). Assim, a amostra simples é 
a porção de terra coletada em cada ponto da área e a amostra composta é a reunião das 
várias amostras simples coletadas. 
De realçar que, para frutíferas em produção, recomenda-se que a amostragem seja feita após o 
termino da colheita. 
1.3.2. Propagação 
Semeadura: é o ato de se colocar a semente no solo. Ex: castanha de caju, milho, soja, algodão, etc. 
Plantio: é o ato de colocar partes vegetativas ou mudas no solo para instalação de uma determinada 
cultura. Ex: cana-de-açúcar, mandioca, mudas cajueiro, mudas de arroz inundado, etc. 
Semeadura ou plantio directo, é a técnica de colocação da semente em sulco ou cova em solo não 
resolvido, com largura e profundidade suficiente para obter uma adequada cobertura e um 
adequado contacto da semente com o solo (ARF, 2012). 
11 
 
Segundo RAMOS (1996). A propagação de plantas consiste em sua multiplicação por meios 
sexuais (sementes) e assexuais (partes vegetativas, como garfos, gemas, estacas, etc.). 
1.3.2.1. Por sementes 
A principal vantagem das plantas propagadas por sementes é seu maior vigor e longevidade, ou 
seja, vivem mais. Entretanto, o plantio por sementes resulta em pomares com plantas desuniformes, 
tanto em altura como em arquitectura e envergadura da copa, dificultando os tratos culturais. Há 
desuniformidade, também, na produção entre plantas (algumas produzem bem, a maioria muito 
pouco), no peso da castanha, no tamanho e na coloração do pedúnculo em razão de ser o cajueiro 
uma planta alógama, ou de cruzamento, isto é, cada semente é resultado do cruzamento entre duas 
plantas, das quais apenas a planta-mãe - aquela onde o fruto é colhido - é conhecida. Apesar disto, 
este método ainda é utilizado principalmente pelo desconhecimento dessas desvantagens ou pela 
dificuldade de obtenção de mudas de qualidade. 
1.3.2.2. Propagação vegetativa 
A propagação vegetativa é importante porque permite reproduzir exatamente as características 
genéticas de qualquer planta individual, o que constitui a razão primária do seu uso, além de 
permitir a multiplicação, em larga escala, de qualquer planta, em tantas quanto o material 
vegetativo disponível permitir. Isto garante a uniformidade, tanto das plantas no pomar, facilitando 
os tratos culturais, quanto da produção, do peso e da qualidade dos frutos e pedúnculos, o que é 
bom para o produtor, para as indústrias de beneficiamento e para o consumidor, principalmente os 
de pedúnculo in natura. As plantas descendentes por propagação vegetativa de uma matriz formam 
um clone. 
O processo de propagação vegetativa do cajueiro mais utilizado é a enxertia. A alporquia, embora 
seja pouco utilizada, também permite a obtenção de mudas de boa qualidade. 
i. Alporquia 
A alporquia, ou mergulhia aérea, consiste no envolvimento de parte de um ramo da planta, com o 
substrato, para induzir a formação de raízes. Uma vez formadas as raízes, o ramo é destacado 
abaixo do local onde o substrato foi colocado e a nova planta está pronta. Este processo permite 
reproduzir fielmente as características da planta que se quer multiplicar, desde que o ramo não 
12 
 
tenha sofrido mutação. Este processo, não obstante utilizado em diversas espécies frutíferas e 
ornamentais, é pouco utilizado por ser pouco prático e pela grande quantidade de mão-de-obra 
necessária. Além disso, a sobrevivência das plantas em campo, em condições de sequeiro, pode 
ficar comprometida em razão de o sistema radicular da planta obtida ser, provavelmente, 
adventício, o que não é recomendável para cultivo em solos com baixa capacidade de retenção de 
humidade. 
 
FIG 1. Processo de obtenção de alporque: 1· anelamento do ramo selecionado; 2· substrato para enraizamento da 
região anelada; 3· ramo enraizado estalado na planta; matriz; 4- alporque; 5- muda oriunda de alporque. Fonte: 
Ramos (1996). 
ii. Enxertia 
A enxertia consiste na obtenção de uma planta a partir da combinação de partes de duas plantas, 
chamadas de enxerto e porta-enxerto ou "cavalo". A gema, ou garfo, retirada de um cajueiroque 
se pretende propagar é justaposta ao porta-enxerto, de modo a originar, após o pegamento, novo 
cajueiro. O porta-enxerto fornece o sistema radicular, e a gema ou garfo, a copa da nova planta. 
13 
 
As principais vantagens da enxertia são: 
 Assegurar a manutenção das características da planta-matriz; 
 Modificar porte: o cajueiro enxertado tem sempre menor porte do que o não enxertado; 
 Assegurar a precocidade na frutificação: normalmente, as plantas enxertadas iniciam a 
produção mais cedo do que as propagadas por sementes; 
 Restaurar cajueiros improdutivos por meio da substituição da copa da planta indesejável, 
com borbulhas ou garfos da planta que se quer. 
 As principais desvantagens são: 
 Diminuir a longevidade da planta: de modo geral, acredita-se que a planta enxertada de 
cajueiro durará menos que a proveniente de semente; 
 Transmitir agentes patogênicos: a enxertia pode ser um meio de transmissão de doenças 
quando as borbulhas ou os garfos são retirados de cajueiros doentes. 
Os métodos de enxertia que se aplicam ao cajueiro são a garfagem em fenda e a borbulha em placa. 
a) Garfagem em fenda lateral 
É um método eficiente por permitir índices de pegamento de enxerto de até 90%, superiores aos 
dos métodos de garfagem em bisel ou inglesa simples e em fenda cheia. Em decorrência, constitui-
se, ao lado da borbulha, num método também recomendado para a formação de mudas de cajueiro. 
A 6 ou 8cm acima do colo do porta-enxerto efetua-se uma incisão oblíqua no caule, sem cortar a 
parte superior do cavalo. Em seguida, escolhe-se o garfo mais adequado, tendo em vista a sua 
compatibilidade com o porta-enxerto, e faz-se na extremidade inferior do garfo um corte em bisel 
duplo em forma de cunha, inserindo-o no corte praticado no porta-enxerto. Feita a união das 
superfícies cortadas, o enxerto é amarrado com fita plástica e protegido com um saquinho 
transparente de polietileno, para evitar o ressecamento e a penetração de água, o que prejudicaria 
o pegamento. 
 
14 
 
 
FIG 2. Processo de enxertia por garfagem em renda lateral. Fonte: Ramos (1996). 
Após o pegamento do enxerto, a parte aérea do cavalo é decapitada, primeiramente a 10cm acima 
da região do enxerto, 25 dias após a enxertia, e urna segunda vez, 45 dias depois da enxertia, a 2cm 
acima do enxerto. No processo da enxertia por garfagem, as mudas permanecem com a proteção 
do saquinho transparente até a emissão das primeiras folhas (cerca de 30 dias após a enxertia). 
Após a retirada da proteção, as mudas continuam em viveiro coberto no mínimo por urna semana, 
quando então serão transferidas para local a pleno sol, onde permanecerão até completarem 120 
dias de idade (contados a partir da semeadura), ou seja, até atingirem a fase de desenvolvimento 
apta ao plantio no campo. 
b) Borbulha em placa 
É o método de enxertia actualmente mais recomendado. Consiste na justaposição de uma gema 
retirada de planta-matriz e inserida sobre o porta-enxerto ou cavalo. É uma técnica fácil de operar 
e permite a reenxertia do porta-enxerto, em caso de não-pegamento. As gemas intumescidas são 
retiradas de ramos com flores abertas, ou no início de floração. A enxertia é feita na altura de 5cm 
acima do colo. Retira-se do caule do porta-enxerto, com um só corte de canivete, a placa com lenho, 
em forma elíptica, com 1.5 a 2.0 cm de eixo longitudinal, e eixo transversal tanto maior quanto 
mais grosso for o porta-enxerto. De um ramo produtivo em fase de floração, no início ou com 
panícula desenvolvida, retira-se a borbulha, ou gema, com as mesmas dimensões e a mesma forma 
do corte do caule. Esta operação exige grande habilidade do enxertador, que deverá fazer coincidir 
a casca da borbulha com o corte feito no porta-enxerto. 
15 
 
Feita a justaposição, procede-se ao amarro e à protecção do local da enxertia com uma folha. Vinte 
dias após a enxertia, quando da visualização do pegamento do enxerto, faz-se a decepagem do 
porta-enxerto a 1.0 cm acima da região enxertada c, 25 dias após a primeira decepagem, retira-se 
a fita plástica que envolve a região enxertada, procedendo-se à segunda decepagem do cavalo, a 
2cm acima da gema a fim de facilitar a formação da nova planta. As brotações do porta-enxerto 
devem ser eliminadas a fim de não prejudicar o crescimento do enxerto. Recomendam-se duas 
adubações foliares, pelo menos (ou aplicar a solução directamente no substrato), quando as mudas 
estiverem na fase de aclimatação (a céu aberto), ou seja, aos 45 e 90 dias de idade a partir da 
semeadura. O produto, as dosagens e a forma de adubação são os mesmos recomendados para o 
porta-enxerto. 
 
FIG 3. Processo de enxertia por borbulha. Fonte: Ramos (1996). 
1.4. Produção de mudas 
Mudas: as mudas são métodos de facilitar o plantio das arvores e podem ser tanto de forma sexuada 
ou assexuada. Podendo ser de qualquer gênero ou espécie, as mudas são jovens utilizadas para o 
plantio. 
16 
 
Para a obtenção das mudas é preciso acondiciona-las de forma adequada, podendo utilizar porções 
de terra para fixação de suas raízes, ou apenas raízes nuas (expostas). 
Segundo RAMOS ET AL. (1996), afirma que a formação de mudas está dividida em: 
 Jardim de sementes: na formação do porta-enxerto devem ser utilizadas sementes oriundas, 
de preferência, de jardins de sementes constituídos de plantas que apresentem bom aspecto 
fitossanitário, vigor vegetativo, porte reduzido e uma produção mínima, por planta, de 400g 
de sementes (70 castanhas) no segundo ano; 
 Jardim clonal: no jardim clonal obtêm-se propágulos vegetativos (garfos ou borbulhas) 
necessários à realização de enxertia. Ele deve ser mantido próximo ao viveiro, receber tratos 
culturais e fitossanitários adequados (irrigação, controle de plantas daninhas, de pragas e 
doenças, adubação e poda de limpeza), para que possa oferecer propágulos em menor prazo, 
de qualidade superior e em maior quantidade. Uma planta de cajueiro anão-precoce pode 
oferecer, aos 5 anos de idade, 200 garfos ou 1.400 borbulhas, em média, por ano. O jardim 
clonal deve ser feito com o clone, ou clones, que se deseja cultivar. 
1.4.1. Manejo das mudas 
Para o manejo das mudas, RAMOS ET AL. (1996), começa por falar de: 
 Substrato terroso: a composição do substrato (mistura) varia com as disponibilidades 
existentes em cada propriedade; 
 É recomendável análises química e granulométrica da mistura do substrato, para 
determinação das dosagens dos nutrientes. O pH do substrato para o cajueiro deve ficar 
entre 5,0 e 5,5. 
 Sacos de plástico - os porta-enxertos devem ser formados em sacos de plástico que devem 
medir 28 x 15cm x 0,15mm, escuros, de preferência sanfonados e com doze furos no terço 
inferior. 
 Formação dos canteiros - no processo de borbulha, os sacos com as mudas são arrumados 
em canteiros, a pleno sol, na direção Leste-Oeste, em largura correspondente a seis sacos e 
comprimento variável de acordo com o total de mudas Que se Quer produzir. Entre os 
canteiros, deve-se prever uma passagem de 50cm a fim de facilitar os tratos culturais e 
fitossanitários e, especialmente, a irrigação manual e a eliminação de plantas daninhas. 
17 
 
 Semeadura do porta-enxerto - deve ser feita diretamente no saco de plástico, utilizando-se 
apenas uma semente por saco, na posição vertical, com a ponta voltada para baixo. A 
semente deve ser enterrada a uma profundidade máxima de 3crn. Para evitar podridões-
radiculares, as castanhas devem ser desinfetadas, por via seca, em um tambor rotativo, e 
misturadas com fungicida à base de PCNB (pentacloronitrobenzeno), na dosagem de 500g 
do produto para 60g de sementes. Após a semeadura e durante o período de germinação, os 
canteiros devem ser cobertos com sacos de juta ou similar. 
 
FIG 4. Formação dos canteiros em viveiro a céu aberto, no sentido Leste-Oeste. Fonte: Ramos (1996). 
 Germinação - O tempo gasto da semeadura até a geminaçãovaria com a temperatura, 
umidade e estado da semente. Maior percentagem de germinação e emergência mais 
rápida são obtidas em temperaturas ao redor de 35°C. a 10°C as sementes praticamente 
não germinam e a 40°C ocorre redução acentuada da germinação e do vigor da 
plantinha. Sementes novas de tamanho médio (8 a 12g) são as mais indicadas, pois o 
tempo de germinação é de doze a 20 dias, com índices de germinação de 98% a 100%. 
Após 20 dias da semeadura, reutilizam-se os saquinhos cujas sementes não germinaram. 
18 
 
 
FIG 5. Posição e profundidade da semente. Fonte: Ramos (1996). 
 Trato, culturais - os tratos culturais recomendados são irrigação, adubação foliar, 
controle de plantas daninhas e tratos fitossanitários. As irrigações devem ser diárias nos 
primeiros 30 dias após a semeadura. Em seguida. Devem ser feitas a cada três dias. No 
período seco, porém, as mudas devem ser regadas; duas vezes ao dia. 
Recomenda-se uma adubação foliar, pelo menos, aos 45 dias, com Bayfolan Extra 9-6-5, ou 
similar, aplicado por irrigação na dosagem de 40ml por 10 litros de água. Cada muda recebe em 
tomo de 150ml da solução. O substrato deve estar um e decido antes da aplicação do adubo foliar. 
O controle de plantas daninhas deve ser sistemático, de modo a manter as mudas nos sacos sempre 
limpas, bem como o solo do viveiro. O viveiro deve ser inspeccionado diariamente para verificar 
se há ocorrência de pragas e doenças. Existem duas pragas que ocorrem na fase de viveiro e que 
constituem problema por prejudicarem o desenvolvimento normal das mudas: o díptero-das-folhas, 
Contarinia sp., que causa redução da área foliar e a larva-do-broto-terminal, também um díptero, 
que ataca a gema terminal da muda. Com a morte do broto, a planta emite brotações laterais, o que 
não é desejável. O controle preventivo dessas pragas deve ser feito com o inseticida trichlorfon 
(Dipterex SC 50), na dosagem de 30ml para 10 litros de água, aplicado até o início de escorrimento, 
de modo a cobrir uniformemente as plantas. A operação deve ser repetida a cada doze dias, 
utilizando-se um pulverizador costal manual. 
19 
 
DESENVOLVIMENTO DAS ACTIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO 
2.1. Propagação sexuada (uso de sementes para formação de mudas) 
2.1.1. Colheita e preparação das amostras de solos 
Material usado 
 Carinha de mão 
 Pá 
 Enxada 
 Ancinho 
Após a identificação do solo (solo coberto de folhas), com ajuda do ancinho fez-se a limpeza do 
local. Através da enxada abriu-se ou cavou-se o solo para facilitar o seu manuseamento, e em 
seguida transferiu-se o solo cavado com ajuda de uma pá para o interior da carinha. 
Como o teste realizou-se em duas amostras de solo (solo simples e solo composto), recorreu-se a 
um outro tipo de solo resultante da limpeza de curais de boi (o que chamou-se de esterco). 
Nas amostras de solo simples manteve ou preparou-se o solo colhido (solo coberto de folhas). Para 
fazer as amostras de solo composto fez-se a mistura do solo coberto com o esterco de boi colhido 
em curais. 
2.1.1.1. Preparação do solo composto 
Para preparar o solo composto, levou-se quantidades aleatórias de solo coberto e esterco de boi 
para uma zona previamente limpa (zona preparada para efectuar a mistura), através da enxada fez-
se a mistura do solo durante 15mim para permitir a miscibilidade dos solos. 
2.1.2. Enchimento e etiquetagem das bolsas 
Material usado 
 Saco plástico 
 Etiquetas 
 Lápis ou caneta 
20 
 
O enchimento das bolsas plásticas, foi feito de forma manual (usou-se as mãos para fazer o 
enchimento dos sacos plásticos), onde foram enchidos um total de 100 sacos plásticos divididos 
em 50 sacos de amostras de solo simples e 50 sacos de amostras de solos compostos. Em seguida 
etiquetou-se usando as seguintes itens: data, mês, ano, local da realização da actividade, tipo de 
cultura, tipo de solo, número da amostra e nome do técnico. 
2.1.3. Transporte e selecção das sementes 
Material usado 
 Carinha de mão 
 Pá 
 Balde plástico 
Com ajuda de uma pá transferiu se quantidade aleatória da semente (castanha de caju) para o 
interior da carinha. Em um balde de cheio agua, foi se adicionando a semente no seu interior. 
Como processo de selecção usado é por gravidade, as sementes mais pesadas (sementes boas para 
germinação) ficam no interior do balde e as leves (sementes sem condições de germinação) ficam 
na parte superior do balde. Em seguida separa-se as sementes flutuantes das não flutuantes 
permitindo assim, uma boa classificação. 
2.1.4. Semeadura, controlo e conservação das amostras 
Durante a semeadura, verificou-se a posição vertical (semente virada para o embrião). Segundo 
recomendado, a semente foi semeada numa profundidade de 3cm abaixo da superfície superior da 
bolsa cheio de solo (solo simples ou solo composto). 
Após terminado o processo de semeadura, as mudas são conservadas em estufas (é uma 
infraestrutura destinada a conservação e criação de viveiros de culturas diversas, construído com 
matérias como rede, arame, paus ou outro material conveniente, de modo, a fornecer característica 
e condições necessárias para desenvolvimento de mudas ou viveiros) 
Após todo o processo de semeadura, passou-se para rega das amostras preparadas, obedecendo um 
calendário de rega de duas vezes ao dia. 
 
21 
 
Data Horas Data Horas Data Horas Data Horas 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
08/09/2020 17:00 16/09/2020 17:00 21/09/2020 17:00 
* 
29/09/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
09/09/2020 17:00 17/09/2020 17:00 22/09/2020 17:00 
* 
30/09/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
10/09/2020 17:00 18/09/2020 17:00 23/09/2020 17:00 
* 
01/10/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
11/09/2020 17:00 19/09/2020 17:00 24/09/2020 17:00 
* 
02/10/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
12/09/2020 17:00 20/09/2020 17:00 
* 
25/09/2020 17:00 
* 
03/10/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
13/09/2020 17:00 21/09/2020 17:00 
* 
26/09/2020 17:00 
* 
04/10/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
14/09/2020 17:00 22/09/2020 17:00 
* 
27/09/2020 17:00 
* 
05/10/2020 17:00 
 6:00 6:00 6:00 6:00 
15/09/2020 17:00 23/09/2020 17:00 
* 
28/09/2020 17:00 
* 
06/10/2020 17:00 
Tabela1: Calendário de rega das mudas 
Nota: * Significa em seguimento, pois, o estágio terminou no dia 25/09/2020. Mas, ainda a 
actividade continua. 
Durante o processo de controlo das mudas, verificou-se a existência de pragas como, por exemplo, 
os fungos, que depois foi usado para controlar esta praga o processo denominado pulverização. 
Usando a substancia trichlorfon (Dipterex SC 50), preparado numa proporção de 40ml de 
trichlorfon para 10L de agua para formar a solução inseticida, introduziu-se volume necessário em 
mudas com esse problema. 
 
22 
 
2.2. Propagação assexuada (formação de mudas através do processo de enxertia) 
Material usado 
 Canivete 
 Capucho 
 Fita plástica 
Para realização desta actividade, não foi feita a selecção das plantas a serem enxertadas, porque 
todas as plantas estavam no estado de floração. 
O processo de enxertia foi feito através do método de enxertia borbulha em placa. Que consistiu 
numa justaposição (colagem da gema no cavalo com ajuda da fita plástica) de uma gema retirada 
de planta-matriz e inserida sobre o porta-enxerto ou cavalo. É uma técnica fácil de operar e permite 
a reenxertia do porta-enxerto, em caso de não-pegamento. As gemas intumescidas foram retiradas 
de ramos com flores abertas, ou no início de floração. A enxertia foi feita na altura de 5cm acima 
do colo. Retirou-se do caule do porta-enxerto, com um só corte de canivete, a placa com lenho, em 
forma elíptica, com 1.5 a 2.0cm de eixo longitudinal, e eixo transversal tanto maior quanto mais 
grosso for o porta-enxerto. De um ramo produtivo em fase de floração, no início ou com panícula 
desenvolvida, retirou-se a borbulha, ou gema, com as mesmas dimensõese a mesma forma do corte 
do caule. Esta operação exigiu grande habilidade, pois faz-se coincidir a casca da borbulha com o 
corte feito no porta-enxerto. 
Feita a justaposição, procedeu-se ao amaro e à protecção do local da enxertia com uma folha e em 
seguida revestido com um capucho (plástico transparente usados para proteger a planta enxertada 
e permitir o pegamento devido a sua característica de não absorver umidade). Após esse todo 
processo são conservados em cuba para permitir o desenvolvimento da muda. 
De igual forma, como na propagação sexuada são feitos trabalho de irrigação, controlo de ervas 
daninhas e pragas e a respectiva pulverização para o controlo das pragas, assim, o desenvolvimento 
saudável da planta. 
 
 
 
23 
 
Sugestões 
Por forma a sugerir medidas para um bom desenvolvimento das mudas, a estagiaria apresenta: 
 No caso de propagação das mudas na forma sexuada: Recomenda-se uma adubação foliar, 
pelo menos, aos 45 dias, com Bayfolan Extra 9-6-5, ou similar, aplicado por irrigação na 
dosagem de 40ml por 10 litros de água. Cada muda recebe em tomo de 150ml da solução. 
O substrato deve estar umedecido antes da aplicação do adubo foliar. O controle de plantas 
daninhas deve ser sistemático, de modo a manter as mudas nos sacos sempre limpas, bem 
como o solo do viveiro. O viveiro deve ser inspecionado diariamente para verificar se há 
ocorrência de pragas e doenças. Existem duas pragas que ocorrem na fase de viveiro e que 
constituem problema por prejudicarem o desenvolvimento normal das mudas: o díptero-
das-folhas, Contarinia sp., que causa redução da área foliar e a larva-do-broto-terminal, 
também um díptero, que ataca a gema terminal da muda. Com a morte do broto, a planta 
emite brotações laterais, o que não é desejável. O controle preventivo dessas pragas deve 
ser feito com o inseticida trichlorfon (Dipterex SC 50), na dosagem de 30ml para 10 litros 
de água, aplicado até o início de escorrimento, de modo a cobrir uniformemente as plantas. 
A operação deve ser repetida a cada doze dias, utilizando-se um pulverizador costal manual. 
 Propagação das mudas na forma assexuada (enxertia por borbulha em placa): Vinte dias 
após a enxertia, quando da visualização do pegamento do enxerto, deve-se fazer a 
decepagem do porta-enxerto a 1,0cm acima da região enxertada e, 25 dias após a primeira 
decepagem, retira-se a fita plástica que envolve a região enxertada, procedendo-se à 
segunda decepagem do cavalo, a 2cm acima da gema a fim de facilitar a formação da nova 
planta. As brotações do porta-enxerto devem ser eliminadas a fim de não prejudicar o 
crescimento do enxerto. Recomendam-se duas adubações foliares, pelo menos (ou aplicar 
a solução diretamente no substrato), quando as mudas estiverem na fase de aclimatação (a 
céu aberto), ou seja, aos 45 e 90 dias de idade a partir da semeadura. O produto, as dosagens 
e a forma de adubação são os mesmos recomendados para o porta-enxerto. 
 
 
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Referências bibliográficas 
ARF, Orivaldo. BOLONHEZI, Antônio Cesar (2º Semestre, 2012). Apostila de Agricultura Geral. 
Ilha Solteira. 
KANJI, Nazneen et al. (Março, 2009). Liberalização, Gênero, e Meios de Sustento: Castanha de 
caju em Moçambique. Relatório Resumo. Moçambique 
MUCHANGA, Ângelo Pedro (Maio de 2016). Fruticultura: Cultura de Caju. Instituto Politécnico 
de Gaza, Chokwé 
OLIVEIRA, Vitor Hugo (2002). Cultivo do Cajueiro anão precoce. Fortaleza, CE 
RAMOS, Augmar Drumund et al. (1996). A cultura do caju. Serviço de Produção de Informação 
– SPI. Brasília, DF 
SÁ, Filadelfo Tavares De et al. (2000). Planta de Caju. Fortaleza, CE 
VILLAR, Maria Luiza Perez (Junho/2007). Manual de Interpretação de Analises de Planta, Solos 
e Recomendação de Adubação. Cuiabá-MT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Anexos 
Estagiária durante o processo de pulverização das mudas de cajueiro.

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