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UNIFANOR – CENTRO UNIVERSITÁRIO DEVRY FANOR DEVRY BRASIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DIEGO RODRIGUES LIMA PROCEDIMENTO EXECUTIVO DE REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA EM EDIFÍCIO: ESTUDO DE CASO FORTALEZA 2017 DIEGO RODRIGUES LIMA PROCEDIMENTO EXECUTIVO DE REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA EM EDIFÍCIO: ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da UniFanor – Centro Universitário Devry Fanor, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Ms. Adriano Sampaio Lima FORTALEZA 2017 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bruna de Melo Medeiro CRB3/1256 624 L698p Lima, Diego Rodrigues. Procedimento executivo de revestimento cerâmico de fachada em edifício: estudo de caso / Diego Rodrigues Lima. – 2017. 55 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade Nordeste, 2017. Orientador: Prof. Ms. Adriano Sampaio Lima 1. Procedimento Executivo. 2. Revestimento Cerâmico. 3. Durabilidade. I. Lima, Adriano Sampaio. II. Título. DIEGO RODRIGUES LIMA PROCEDIMENTO EXECUTIVO DE REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA EM EDIFÍCIO: ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da UniFanor – Centro Universitário Devry Fanor, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovada em / /2017. BANCA EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Ms. Adriano Sampaio Lima Orientador ___________________________________ Prof. Ms. Renato Evangelista Luna Cruz Examinador ___________________________________ Profa. Ms. Ylana Claudia Medeiros Paula Examinador AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e paciência para superar todas as dificuldades, como também pelas oportunidades surgidas. Ao meu orientador Prof. Ms. Adriano Lima, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. A todos os professores do curso de Engenharia Civil, pela transmissão do conhecimento e a confiança em minha capacidade. A meus pais, Noélio e Vilani, por acreditarem em mim, serem uma fonte de inspiração e terem dado um imenso incentivo na realização desse sonho. Sou quem sou porque vocês estiveram sempre ao meu lado. Em especial, a minha namorada, Rafaela Prudente, o melhor presente que tive em minha vida. Obrigado pelo carinho, atenção, amor e compreensão nos momentos em que estive ausente cumprindo essa jornada. Sem você esta conquista não teria o mesmo gosto. Mais uma vez, obrigado. Agradeço a meu melhor amigo Rodolfo Paz, obrigado por tudo o que você representa em todos esses anos de amizade. A todos os amigos de trabalho, em especial ao Eng. Leandro, pelo suporte e confiança dados a mim, como também ao Seu Antônio Luiz, por compartilhar parte dos conhecimentos adquiridos nesses anos de obra. A todos os amigos e colegas que, direta ou indiretamente, incentivaram e contribuíram para que este trabalho fosse realizado. RESUMO É de imenso interesse das construtoras a valorização do seu empreendimento, seja qual for o padrão. O revestimento cerâmico de fachada se destaca por agregar valor ao imóvel e pela função que esse revestimento proporciona na sua durabilidade, como, proteção contra a ação dos agentes agressivos ambientais de deterioração, isolamento termoacústico e estanqueidade a água. O revestimento cerâmico é largamente empregado na construção civil, principalmente nos últimos anos, com o grande aumento no volume das construções, entretanto, vem ocorrem muitas manifestações patológicas nos sistemas de revestimento dos edifícios. As causas e origens dessas patologias são inúmeras e bem complexas. Por conta disto, aparece a necessidade de verificação da tecnologia empregada, do material e do processo executivo realizado no revestimento cerâmico de fachada. Nas pesquisas realizadas sobre o tema, verificou-se que o procedimento executivo adequado e também o detalhamento do projeto é de fundamental importância para que o desempenho do edifício seja atendido ao longo da sua vida útil, pois estes descrevem o que deverá ser feito e como será executado antes mesmo da execução e que, se não realizados corretamente, podem vir a ter problemas futuros. Um procedimento executivo bem realizado, podem diminuir custos e tempo de execução, diminuir as perdas de material, otimizar as várias etapas da execução e especifica o que será necessário para sua concretização. Apresenta-se como objetivo geral deste trabalho, mostrar como é executado o revestimento cerâmico de fachada em um prédio na cidade de Fortaleza, e como objetivo específico, apresentar o processo de execução do revestimento cerâmico em fachada especificado na NBR, e como foi feito a execução do revestimento cerâmico usado pela construtora na qual foi feito o estudo, dentre elas, as especificações sobre os materiais empregados no revestimento cerâmico no edifício, a importância do procedimento executivo e suas peculiaridades, orientações para uma boa execução, etapas da execução, condições para o início do serviço. A metodologia utilizada na pesquisa foi o estudo de caso, considerando as características da pesquisa para tal tipo de estudo. Umas das contribuições mais relevantes deste trabalho foi mostrar como foi executado o revestimento em uma obra de Fortaleza e a necessidade de seguir um bom procedimento para a execução do revestimento cerâmico como um dos fatores determinantes na qualidade e durabilidade do sistema. Palavras-chave: Procedimento Executivo. Revestimento Cerâmico. Durabilidade. ABSTRACT It is of immense interest for the builders to value their enterprise, whatever the standard. The façade ceramic coating stands out for adding value to the property and for the function that this coating provides in its durability, as, protection against the action of environmental aggressive agents of deterioration, thermoacoustic insulation and watertightness. Ceramic coating is widely used in civil construction, especially in recent years, with the great increase in the volume of constructions, however, there are many pathological manifestations in the coating systems of buildings. The causes and origins of these pathologies are numerous and very complex. Because of this, the need for verification of the technology used, the material and the executive process realized in the façade ceramic coating appears. In the research carried out on the subject, it was verified that the proper executive procedure and also the detail of the project is of fundamental importance for the performance of the building to be served throughout its useful life, since these describe what should be done and how will be executed even before the execution and that, if not performed correctly, may have future problems. A well-executed executive procedure can reduce costs and execution time, reduce material losses, optimize the various stages of execution, and specify what will be required to accomplish them. It is presented as a general objective of this work, to show how the facade ceramic coating is executed in a building in the city of Fortaleza, and as a specific objective, to present the process of execution of the facade ceramic coating specified in the NBR, and how the Ceramic coating used by the constructor in which the study was carried out, among them, the specifications on the materials used in the ceramic coating in the building, the importance of the executive procedure and its peculiarities, guidelines for a good execution, execution stages, conditions for the beginning of the service. The methodologyused in the research was the case study, considering the characteristics of the research for this type of study. One of the most relevant contributions of this work was to show how the coating was executed in a work in Fortaleza and the need to follow a good procedure for the execution of the ceramic coating as one of the determining factors in the quality and durability of the system. Keywords: Executive Procedure. Ceramic coating. Durability LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Camadas constituintes do Revestimento Cerâmico de Fachada ............. 16 Figura 2 - Ilustração dos tipos de juntas ................................................................... 25 Figura 3 - Detalhe da colocação da tela entre a alvenaria e a estrutura .................. 29 Figura 4 - Detalhe da colocação da tela entre a 1ª e a 2ª camada de emboço ........ 29 Figura 5 - Descida dos arames ................................................................................. 30 Figura 6 - Locação das balanças da obra ................................................................ 35 Figura 7 - Lixamento da estrutura ............................................................................. 41 Figura 8 - Tamponamento do alvenaria com argamassa de emboço ....................... 41 Figura 9 - Aplicação de chapisco em alvenaria e concreto, com a utilização de argamassa de chapisco com Bianco ......................................................................... 42 Figura 10 - Chapeamento onde a emboço ficou maior que 5 cm ............................ 45 Figura 11 - Reforço com tela metálica ...................................................................... 45 Figura 12 - Execução de emboço em fachada ......................................................... 46 Figura 13 - Junta de movimentação impermeabilizada, com tinta elastómerica ....... 47 Figura 14 - Paginação para a execução do revestimento cerâmico ......................... 47 Figura 15 - Execução do revestimento cerâmico ...................................................... 48 Figura 16 - Limpeza das juntas para a aplicação do rejunte .................................... 49 Figura 17 - Rejuntamento das placas cerâmicas ...................................................... 49 Figura 18 - Frisamento do rejunte nas juntas das placas ......................................... 50 Figura 19 - Colocação do bastão de polietileno na junta de movimentação ............. 51 Figura 20 - Bastão de poliuretano dentro da junta .................................................... 51 Figura 21 - Colocação de fita crepe para proteger a placa cerâmica do selante ...... 51 Figura 22 - Preenchimento da junta de movimentação ............................................ 52 Figura 23 - Limpeza geral da fachada ...................................................................... 52 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Classificação genérica das placas cerâmicas em função da capacidade de absorção de água..................................................................................................17 Quadro 2 - Requisitos da argamassa colante............................................................22 Quadro 3 - Requisitos mínimos de argamassa de rejuntamento................................25 Quadro 4 - Prazos a serem observados, segundo a norma.......................................26 Quadro 5 - Materiais e especificações utilizadas na obra..........................................36 Quadro 6 - Etapas de execução do revestimento cerâmico seguido pela obra..........39 Quadro 7 – Planilha de acompanhamento das balanças...........................................40 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11 2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 13 3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 13 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 13 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 14 4 METODOLOGIA ................................................................................................. 14 5 REVESTIMENTO CERÂMICO ........................................................................... 15 5.1 MATERIAIS PARA O REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA ........ 16 5.1.1 Placas Cerâmicas para RCF ............................................................... 16 5.1.2 Argamassas ......................................................................................... 18 5.1.2.1 Argamassa de Chapisco .................................................................... 18 5.1.2.2 Argamassa de emboço ....................................................................... 19 5.1.2.3 Argamassa colante ............................................................................. 21 5.1.2.4 Argamassa para Rejuntamento .......................................................... 23 5.1.3 Juntas ................................................................................................... 24 5.1.4 Selante .................................................................................................. 26 6 METÓDO EXECUTIVO DO RCF ........................................................................ 26 6.1 PREPARAÇÃO DA BASE ........................................................................... 27 6.2 EXECUÇÃO DO CHAPISCO ....................................................................... 27 6.3 REFORÇO NO REVESTIMENTO ................................................................ 28 6.4 EXECUÇÃO DO EMBOÇO ......................................................................... 30 6.5 EXECUÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS ..................................................... 32 6.6 EXECUÇÃO DO REJUNTAMENTO ............................................................ 33 6.7 TRATAMENTO DAS JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO ................................ 33 6.8 LIMPEZA ..................................................................................................... 34 7 EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA ....................... 35 7.1 ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS EMPREGADOS ................................ 36 7.2 CONDIÇÕES GERAIS PARA INÍCIO DAS ETAPAS DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO .......................................................................................................... 37 7.2.1 Fixação da Alvenaria ........................................................................... 37 7.2.2 Chapisco .............................................................................................. 37 7.2.3 Reforço com tela metálica .................................................................. 38 7.2.4 Emboço ................................................................................................ 38 7.2.5 Revestimento Cerâmico ...................................................................... 38 7.3 PROCEDIMENTO EXECUTIVO DO REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA ............................................................................................................. 39 7.3.1 Preparação da Base ............................................................................ 40 7.3.2 Execução do Chapisco ....................................................................... 42 7.3.3 Execução do Mapeamento .................................................................. 43 7.3.4 Execução do Emboço ......................................................................... 43 7.3.5 Impermeabilização das Juntas e Paginação do Revestimento ....... 46 7.3.6 Execução do revestimento cerâmico ................................................. 47 7.3.7 Rejuntamento e preenchimento das juntas de movimentação....... 48 7.3.8 Limpeza Geral da Fachada ................................................................. 52 8 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 54 11 1 INTRODUÇÃO O revestimento cerâmico de fachada em edifícios agrega valor ao imóvel, pois a relação do uso desse revestimento é sinônimo de um produto com alta qualidade. O revestimento de fachada é o cartão de visitas dos imóveis e além de dar um acabamento estético, tem a função de proteção contra a ação dos agentes agressivos ambientais de deterioração, isolamento termoacústico e estanqueidade a água. Com o grande aumento que teve no volume de construção nos últimos anos no Brasil, os sistemas de revestimento em placas cerâmicas e ou com revestimento de argamassa com acabamento em pintura foram os métodos construtivos mais empregados na maioria das fachadas dos edifícios. A execução do revestimento cerâmico requer uma série de cuidados para que a eficácia e a eficiente seja atendida, contudo para que isso aconteça necessita-se de um conjunto de ações previamente estabelecidas, visando evitar que as decisões sobre como será executado o revestimento seja decidida pelos executantes. A grande falta de procedimento executivo em boa parte é de responsabilidade dos técnicos envolvidos no processo, que por sua vez adotam uma postura passiva diante dos problemas que deveriam ser enfrentados (Sabbatini e Barros, 1998). Segundo Rocha (2011) “90% dos erros em fachadas acontecem por falhas de execução. Não necessariamente porque o operário da obra não sabe fazer, mas porque o projetista não definiu de uma maneira clara o que deveria ser feito. ” Atualmente existem vários estudos acerca dos problemas que ocorrem em fachada, visando a redução desses problemas as empresas construtoras buscam incessantemente o aumento da qualidade das obras, buscando sempre o melhor procedimento executivo e os melhores materiais. Com isso obteve-se uma maior valorização no projeto e planejamento da execução, conseguindo ser mais eficiente e obtendo um desempenho mais que favorável, diminuindo a ocorrência de falhas na execução e assim reduzindo o custo de produção. Como também inibindo os problemas patológicos que ocorrem em revestimento de fachada. Segundo Pezzato (2010) “Embora a indústria brasileira de revestimentos cerâmicos tenha avançado muito, inovando tecnologicamente os sistemas de produção e aumentando a qualidade do produto e sua capacidade de produção, os casos de destacamentos de placas em fachadas têm crescido e se tornado um tema de frequente discussão. As vantagens do uso do produto cerâmico em fachadas de 12 edifícios são conhecidas pela durabilidade, facilidade de limpeza e manutenção e pela definição do padrão estético e econômico do prédio. ” Visando evitar esses problemas, este trabalho tem o objetivo de mostrar todo o processo executivo encontrado nas normas, bibliografias e o que foi feito em um edifício comercial, situado em Fortaleza-Ce. O estudo aborda os mais importantes aspectos do subsistema do revestimento de fachada. Logo no início será apresentado os conceitos que caracterizam os revestimentos dos edifícios, os materiais empregados na sua execução e o método executivo de acordo com as normas da ABNT e bibliografias utilizadas. Depois, como foi executado o revestimento na obra onde foi feito o estudo. 13 2 JUSTIFICATIVA Como o revestimento cerâmico de fachada é muito utilizado em edifícios no Brasil, vários estudos demostram a ocorrência de problemas muito comuns, tais como: peças cerâmicas mal assentadas; peças manchadas; destacamento das peças cerâmicas; superfície desgastadas, etc. O destacamento de peças cerâmicas é um dos mais graves problemas encontrados, pois além do revestimento perder sua função básica, que é a estanqueidade a água, pode provocar perdas materiais, como danos em automóveis e também até o risco a vida humana. A maioria das patologias ocorrem por falta de conhecimento sobre as propriedades das camadas que compõem a fachada e acerca das técnicas construtivas adequadas para sua execução. Diante das inúmeras patologias apresentadas nos RCF’s, pode-se concluir que as construtoras não dispõem de uma metodologia executiva satisfatória para que as fachadas dos edifícios tenham a qualidade esperada. Apesar das NBR’s para o procedimento de execução das fachadas compostas de placas cerâmicas e sobre os materiais utilizados, percebe-se que o procedimento não é seguido e a execução é muitas vezes feita de acordo com a experiência do executante. Mas sabemos que atualmente os edifícios são construídos com uma estrutura mais esbelta, fazendo com que sua estrutura se movimente mais, precisando assim submeter a uma execução mais delicada, e até mesmo com materiais específicos. Contudo o presente trabalho aborda a importância do procedimento executivo, o qual servirá para demonstrar a necessidade de implementar um procedimento de execução de revestimentos cerâmicos de fachada, objetivando reduzir os custos de produção, minimizando o retrabalho e os desperdícios de materiais e garantindo assim qualidade e a durabilidade. 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Expor como é executado o revestimento cerâmico de fachada em um prédio na cidade de Fortaleza-Ce. 14 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Apresentar o processo de execução do revestimento cerâmico em fachada especificado na NBR 13755 e bibliografias. Mostrar como foi feito a execução do revestimento cerâmico em fachada (RCF) usado pela construtora na qual foi feito o estudo; 4 METODOLOGIA O presente trabalho consiste num estudo de caso de um edifício, localizado na cidade de Fortaleza-Ce, no qual foi realizado o revestimento cerâmico aderido em fachada. Será apresentado o procedimento executivo de acordo com as normas técnicas e com as bibliografias mais utilizadas para este estudo. E a coleta de dados fazendo o acompanhamento no local do estudo de todas as etapas da execução do revestimento cerâmico, sendo assim será apresentado o procedimento utilizado na obra. 15 5 REVESTIMENTO CERÂMICO - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA De acordo com a NBR 13755 (ABNT, 1996), revestimento cerâmico de fachada (RCF) é “um conjunto de camadas superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura suporte, alvenarias, camadas sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja função é proteger a edificação da ação da chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgaste mecânico oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar acabamento estético. ” Segundo Torres (2007) “Os revestimentos cerâmicos de fachada tradicionais trabalham completamente aderidos sobre bases e substratos que lhe servem de suporte, por isto são chamados de revestimentos aderidos, enquanto os não aderidos empregam dispositivos metálicos para fixação das placas à base, existindo um vazio entre elas. ” Neste trabalho será abordado o revestimento cerâmico de fachada aderido. Denomina-se base, o suporte do revestimento de fachada constituído de estrutura de concreto e vedações em alvenaria (tradicional), e de substrato, o emboço de argamassa aplicado sobre as bases e sobre o qual são aplicadas as demais camadas do RCF. Segundo Medeiros (1999) “O Revestimento Cerâmico de Fachada de Edifícios é o conjunto monolítico de camadas, inclusive emboço de substrato, aderidas à base suporte da fachada do edifício seja alvenaria ou estrutura, cuja capa exterior é constituída de placas cerâmicas, assentadas e rejuntadas com argamassas ou material adesivo. ” Para Fiorito (2009), “qualquer que seja a natureza do revestimento final de uma parede ou de piso devemos sempre considerá-loligado e fazendo parte do conjunto de todas as camadas suportes. Todas as camadas de um revestimento têm deformações próprias quer devidas à sua secagem, como ocorre com as argamassas e concreto, quer devidas a esforços externos. Não esquecendo que os materiais cerâmicos não são totalmente estáveis, uma vez que se expandem, em menor ou maior grau, em função da umidade natural do ambiente. ” A Figura 1 mostra os materiais e camadas constituintes indicando os principais componentes do revestimento cerâmico de fachada. 16 Figura 1 - Camadas constituintes do Revestimento Cerâmico de Fachada Fonte: Elaboração Pessoal Cada uma das camadas que constitui o sistema deve apresentar comportamentos particulares, afim de conferir ao revestimento, e principalmente, a edificação, as condições para se obter um desempenho aceitável. A base e a preparação da base não fazem parte do sistema RCF, mas é fundamental para seu desempenho global, contudo devem ser executadas seguindo as técnicas construtivas adequadas. 5.1 MATERIAIS PARA O REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA 5.1.1 Placas Cerâmicas para RCF A placa cerâmica é o principal material que constitui o RCF e para esse material ser utilizado em fachadas ele deverá ter uma série de características que habilitará o seu uso. Além de dar proteção às fachadas, tais como, resistência à penetração de 17 água e facilidade de limpeza, é a parte do revestimento que transmite a beleza ao sistema através de suas cores e modelos. Entretanto, para escolher um produto de boa qualidade é necessário conhecer um pouco mais de suas classificações e propriedades. Segundo a NBR 13816 (ABNT, 1997), placa cerâmica para revestimento é um “material composto por argila e outras matérias-primas inorgânicas, geralmente utilizadas para revestir pisos e paredes, sendo formada por extrusão (Representada pela letra A) ou por prensagem (representada pela letra B), podendo ser conformadas por outros processos (Representada pela letra C). As placas são então secadas e queimadas à temperatura de sinterização. Podem ser esmaltadas, em correspondência aos símbolos GL (glazed) ou UGL (unglazed), conforme ISO 13.006. As placas são incombustíveis e não são afetadas pela luz. ” As placas cerâmicas usadas para revestimento são classificadas de várias maneiras, como por exemplo: para classifica-las pela existência de vidrado na face a ser exposta usa-se o termo esmaltada ou não esmaltada; para indicar o processo de fabricação empregado na sua produção, classifica-se como prensada ou extrudadas. Contudo a propriedade mais utilizada para a classificação presente na normatização é a absorção de água. Tendo como base a capacidade de absorção de água, as placas podem ser classificadas também por diversos modos. No Quadro 1 abaixo apresenta-se uma classificação usada na prática. Quadro 1 - Classificação genérica das placas cerâmicas em função da capacidade de absorção de água Fonte: Anfacer (1998) 18 5.1.2 Argamassas Segundo Fiori (2009), “As argamassas são definidas como sendo a mistura de aglomerantes e agregados com água, possuindo capacidade de endurecimento e aderência.” As argamassas, como parte do revestimento, têm igual importância às placas cerâmicas. Para a produção do revestimento cerâmico de fachadas são utilizados alguns tipos de argamassas, são elas: argamassas de chapisco, emboço, adesiva e rejuntamento. 5.1.2.1 Argamassa de Chapisco A ABCP (2002) considera a argamassa de chapisco como uma camada de preparo de base, constituída de mistura de cimento, areia e aditivos, aplicada de forma contínua ou descontinua, com a finalidade de uniformizar a superfície quanto à absorção e melhorar a aderência do revestimento à base. O chapisco quando aplicado sobre a base pode ter diferentes características, isso vai depender do tipo de material que a base é constituída, como alvenaria de blocos cerâmicos, blocos de concreto, estrutura de concreto, etc. Com o objetivo de homogeneizar o grau de sucção de água, que propicia a microancoragem, e a rugosidade superficial da base, que contribui para a macroancoragem, emprega-se o chapisco, não como uma camada de revestimento, mas como uma preparação da base, (ABNT, 1998). O chapisco comumente quando empregado sobre as alvenarias é aplicado no traço em massa de 1:3 (cimento e areia média) sem a adição de nenhum aditivo, já quando utilizado sobre estruturas de concreto, pode ser adicionada emulsão de polímeros dos tipos PVAC, acrílicos e estirênicos, com o objetivo de melhorar a aderência, em virtude da superfície lisa da estrutura e da baixa porosidade do concreto. Atualmente se verifica crescente emprego das argamassas industrializada para chapisco na execução dos RCF’s. 19 5.1.2.2 Argamassa de emboço De acordo com Fiorito (1994), como parte do sistema de revestimento cerâmico de fachada, o emboço, apresenta importantes funções que são genericamente: Proteger os elementos de vedação dos edifícios da ação dos agentes agressivos; Auxiliar as vedações no cumprimento das suas funções como, por exemplo, o isolamento termo-acústico e a estanqueidade à água e aos gases; Regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de base regular adequada ao recebimento de outros revestimentos ou constituir-se no acabamento final; A ABCP (2002) considera emboço uma camada de revestimento executada para cobrir e regularizar a superfície da base com ou sem chapisco, propiciando uma superfície que permita receber outra camada de reboco ou de revestimento decorativo, ou que se constitua no acabamento final. Medeiros (1999) enfatiza a noção de que a argamassa de emboço deve possuir uma resistência de aderência à base compatível com os esforços a que estará sujeita, suportando a camada de cerâmica aderida a ela sem despegar. É importante considerar na produção do emboço a sua resistência de aderência à base e a sua resistência superficial ao arrancamento. A NBR 7200 (ABNT, 1998), recomenda que sejam tomados os seguintes cuidados na preparação da argamassa de emboço: A empregar mistura mecânica, observar tempo de mistura de 3 a 5 min; Descansar a argamassa intermediária (cal : areia) por no mínimo 16 horas; Quando armazenada a mistura de cal e areia, estas devem ser mantidas permanentemente úmidas para evitar a formação de grumos de homogeneização difícil; Tempo de utilização de no máximo 2 horas e 30 minutos (para locais com temperatura acima de 30ºC ou UR (umidade relativa do ar) inferior a 50% reduzir este tempo para 1 hora e 30 minutos); 20 O valor mínimo de resistência de aderência com relação à interface emboço e a base é de 0,3 MPa. Este valor é o especificado pela norma NBR 13.749 (ABNT, 1996b). A argamassa de emboço deve possuir algumas propriedades para que atenda as solicitações de uso, tais como: capacidade de aderência, resistência mecânica, capacidade de absorver deformações, durabilidade e trabalhabilidade. A capacidade de aderência da argamassa de emboço é a propriedade que permite a camada a resistir aos esforços de tração e cisalhamento. A resistência mecânica do emboço é a capacidade deste de suportar as solicitações externas sem que sofra deformações. A capacidade de absorver deformações, segundo SABATTINI (1997), é “a propriedade permite o revestimento se deformar sem ruptura ou através de microfissuras imperceptíveis, oriundas de pequenas deformações. ” A capacidade de absorver deformações e a resistência mecânica devem ser analisadas de forma conjunta, pois são inversamente proporcionais, como mostra a equação: ξ = σ / E ξ – deformação unitária (mm/m) σ – tensão (MPa) E – módulo de deformação (GPa) A fissuração da argamassa de emboço é uma situação que deve ser evitada, pois interfere na capacidade de aderência. Portantonas argamassas fortes ou rígidas, os esforços necessários para partir as ligações internas são maiores, ocasionando fissuras de maior tamanho e indesejadas ao revestimento, contudo existem componentes que podem reduzir a sua rigidez, de forma que as microfissuras oriundas das solicitações sejam diluídas, as quais não comprometem o desempenho do revestimento. (SABATTINI, 1997). A durabilidade é a capacidade de manter o desempenho de suas funções ao longo do tempo, dependendo de todas as propriedades já citadas. A trabalhabilidade define a sua habilidade de fluir ou espalhar-se em toda a área da base, por suas saliências e protuberâncias. Portanto, ela determina a 21 intimidade do contato entre a argamassa e o substrato, afetando assim a capacidade de aderência (CARASEK, 1996). 5.1.2.3 Argamassa colante Segundo (FIORI, 2009), “A argamassa colante é definida como uma mistura constituída de aglomerantes hidráulicos, agregados minerais e aditivos que possibilitam, quando preparada em obra com adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa, plástica e aderente, empregada no assentamento de peças cerâmicas para revestimentos ou pedras de revestimento. A argamassa colante é aplicada em camada relativamente fina comparada com as espessuras das argamassas comuns. Sua aplicação só é possível com utilização de desempenadeiras denteadas. ” As argamassas tradicionais são aquelas preparadas no canteiro da obra a partir de uma mistura de cimento Portland, com adição ou não de cal hidratada, aditivos e areia. Estas argamassas, junto com as pastas de cimento puro, eram a alternativa para o assentamento de revestimentos cerâmicos até o surgimento das argamassas adesivas industrializadas. Estas argamassas prestam-se à aderência de materiais com superfícies porosas por meio do endurecimento do cimento Portland (MEDEIROS, 1999). Depois do surgimento das argamassas industrializadas as argamassas preparadas no canteiro, ou argamassas tradicionais, foram deixadas um pouco de lado, sendo as industrializadas as mais usadas na execução de RCF, ou até mesmo em revestimentos cerâmicos em geral. A grande diferença entre as argamassas industrializadas e as argamassas tradicionais é a capacidade de retenção de água, permitindo assim que o material seja aplicado em uma espessura fina, sem que perda para o substrato ou para o ar a água necessária à hidratação completa do cimento Portland. Segundo a norma brasileira NBR 14.081 (ABNT, 2004) a classificação da argamassa adesiva tem quatro tipos, com a seguinte designação: tipo AC I – argamassa típica para uso interno, com exceção daqueles aplicados em saunas, churrasqueiras estufas e outros revestimentos especiais; tipo AC II – argamassa para uso interno e externo; 22 tipo AC III – argamassa que apresenta aderência superior em relação às argamassas do tipo AC I e AC II; tipo E – argamassa colante industrializada dos tipos I, II, III, com tempo em aberto estendido. A norma brasileira também apresenta a classificação e as exigências mecânicas que a argamassa colante deve ter: Quadro 2 - Requisitos da argamassa colante Fonte: NBR 14.081 (2004) Para aplicação em fachadas, as argamassas colantes do tipo ACII devem absorver os esforços decorrentes de flutuações térmicas e higrotérmicas, da ação do vento e da chuva, mas isso quando empregadas placas cerâmicas com capacidade de absorção de água superior a 0,5%. Para placas com capacidade inferior a 0,5%, devem ser utilizadas as argamassas colantes do tipo AC III ou AC III-E (TORRES, 2007). A principal propriedade das argamassas colantes é a capacidade de aderência. Mas ela vai depender de alguns fatores, como, o teor de absorção da placa cerâmica, das características do substrato, das condições ambientais e da mão de obra. A capacidade de retenção de água é outra propriedade das argamassas colantes, sendo está propriedade ligada ao tempo em aberto da argamassa, que é o período entre a aplicação da argamassa no substrato até o momento em que ela não apresenta mais capacidade de aderência. 23 5.1.2.4 Argamassa para Rejuntamento Segundo (FIORI, 2009), as argamassas de rejuntamento “podem ser produzidos em obra ou encontrados prontos. A maioria dos materiais de rejuntamento é à base de cimento Portland. Podem receber adições de outros produtos para: serem mais elásticos, repelirem água, resistirem a fungos, permanecerem brancos (quando o rejunte for branco), terem resistência mecânica, serem impermeáveis, serem coloridos etc.” As argamassas industrializadas para rejuntamento também são constituídas basicamente de cimento Portland, com adição de agregados inertes e aditivos químicos, que melhoram as suas propriedades. Mas ainda existem materiais para rejuntamento a base de resinas epóxi, compostas de pigmentos e cargas minerais, endurecedor e adesivo. As argamassas para rejuntamento são de fundamental importância para a durabilidade do RCF. As três características básicas que devem conter as argamassas de rejuntamento, são: boa trabalhabilidade, baixa retração e boa aderência as bordas das juntas de assentamento, Medeiros (1999). A NBR 14992 (ABNT, 2003) classifica as argamassas à base de cimento em duas classes distintas: Rejuntamento do tipo I: indicada para rejuntamento de placas cerâmicas em ambientes internos e externos, desde que observadas as condições de uso em locais em que o trânsito de pedestres/transeuntes não é intenso, uso em conjunto com placas cerâmicas com absorção de água acima de 3% (grupos II e III, segundo a NBR 13817) e uso em ambientes externos limitado a 20m² no caso de pisos, e 18m², no caso de paredes. Rejuntamento do tipo II: indicada para rejuntamento de placas cerâmicas em ambientes internos e externo, desde que observadas todas as condições do tipo I, além disso, o uso em locais onde haja trânsito intenso de pedestres/transeuntes, uso em conjunto com placas cerâmicas com absorção de água inferior a 3% (grupos I, segundo a NBR 13817), uso em ambientes externos, pisos ou paredes, de qualquer dimensão, ou sempre que haja juntas de movimentação e uso em ambientes internos ou externos com presença de água confinada (piscinas, espelhos d’água, etc.). 24 A NBR 14992 (ABNT, 2003) determina os requisitos mínimos que as argamassas de rejuntamento devem possui, conforme Quadro 3. Quadro 3 - Requisitos mínimos de argamassa de rejuntamento Fonte: NBR 14.992 (2003) 5.1.3 Juntas As juntas são feitas no RCF visando diminuir as trincas e fissuras decorrente das movimentações da estrutura, essas juntas são chamadas de juntas de movimentação ou juntas de trabalho. Segundo SABBATINI (1998), “As juntas de trabalho são definidas como o espaço regular cuja função é subdividir o revestimento para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento. Elas podem ser horizontais ou verticais. ” As juntas de trabalho são definidas como o espaço regular cuja função é subdividir o revestimento para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento. Elas podem ser horizontais ou verticais. ” As juntas de trabalho, são obtidas pelo seccionamento da camada de acabamento do revestimento cerâmico e de toda (ou parte) da camada de regularização. A junta assim obtida deve ser preenchida com um selante elastomérico. Estas juntas têm como finalidade criar painéis de dimensões tais que as tensões induzidas pelas deformações intrínsecas (do próprio revestimento) somadas as deformações da base de amplitude normal, não suplatem a capacidade resistente dos 25 mesmos, permitindo dissipar as tensões induzidas, sem que surjam fissuras que lhe comprometam o desempenho e a integridade (SABBATINI, 2001). A NBR 13755 (ABNT, 1996), define os tipos de junta como: Junta: Espaço regularentre duas peças de materiais idênticos ou distintos; Junta de assentamento: Espaço regular entre duas placas cerâmicas adjacentes; Junta de movimentação: Espaço regular cuja função é subdividir o revestimento, para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento, compensando a variação de bitola das placas cerâmicas facilitando do alinhamento, harmonizando o tamanho das placas e as dimensões do pano a revestir com a largura das juntas entre as placas cerâmicas, facilitando o perfeito preenchimento, garantindo a vedação completa da junta e até mesmo, facilitar a troca de placas; Junta de dessolidarização: Espaço regular cuja função é separar o revestimento para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento; Junta estrutural: Espaço regular cuja função é aliviar tensões provocadas pela movimentação da estrutura de concreto. A Figura 2 mostra bem como são os tipos de juntas. Figura 2 - Ilustração dos tipos de juntas Fonte: Antunes (2010) 26 5.1.4 Selante Uns dos materiais mais utilizados para o preenchimento das juntas são os chamados selantes. A NBR 13.755 (ABNT, 1996a) recomenda selantes à base de elastômeros, como poliuretano, polissulfeto, silicone etc. Os selantes são flexíveis e impermeáveis, com isso ele trabalha juntamente com a movimentação dos painéis do RCF e confere estanqueidade ao sistema, assim como o rejunte. Para que o selante mantenha seu desempenho, é necessário que permaneça aderido e conservar suas propriedades. No caso de fachada, a durabilidade é uma propriedade fundamental. A ação do tempo sobre os selantes do RCF pode provocar fenômenos de microfissuração e enrugamento, ação originada das condições climáticas, a efeitos da evaporação do solvente e radiação ultravioleta do Sol. Na cidade de Fortaleza, os efeitos da radiação UV são intensivos. Verifica-se nessa cidade, que alguns selantes apresentam enrugamento e perda de aderência ao longo do tempo (TORRES, 2007). 6 METÓDO EXECUTIVO DO RCF A execução do RCF segue uma série de etapas, que devem ser seguidas para que a qualidade do serviço seja a mais satisfatória possível. As normas NBR 13.755 e 7200 indicam prazos que devem ser verificados quando for executar o RCF, como mostra no Quadro 4. Quadro 4 - Prazos a serem observados, segundo a norma Fonte: TORRES, 2007 27 6.1 PREPARAÇÃO DA BASE A estrutura deve estar concluída há, pelo menos 28 dias, a preparação da base inicia com a fixação (encunhamento) da alvenaria, logo depois vem a limpeza da base. Antes de serem iniciados à execução do chapisco recomenda-se que remova da alvenaria e estrutura todo e quaisquer materiais e substâncias (poeiras, fuligens, bolor, eflorescências e outros) que venham a prejudicar a aderência ao substrato. A norma NBR 13.755 (ABNT, 1996a) recomenda que a superfície nua da parede deve ser limpa e livre de poeiras, restos de argamassa, restos das formas de madeira utilizadas na concretagem, pontas soltas de ferros, eflorescências, outros resíduos que possam afetar o caráter monolítico do revestimento final. Deve-se tomar especial cuidado em se remover completamente a película de desmoldante, como também promover a abertura dos poros para proporcionar uma melhor aderência da argamassa de chapisco. Esse processo pode ser feito através d e apicoamento na superfície do concreto, ou por lixamento com disco diamantado de desbaste de concreto, com o objetivo de aumentar a rugosidade e porosidade na superfície do concreto. Deve-se também fazer o tamponamento de todos os nichos de concretagem com a utilização de graute, e a correção de falhas na alvenaria, como rasgos, furos, quebra, etc. Depois do apicoamento ou lixamento a estrutura deve ser lavada com jato de água sob pressão, para que toda a poeira proveniente do lixamento seja tirada para que não isole na aplicação do chapisco. 6.2 EXECUÇÃO DO CHAPISCO Após a limpeza, a correção das falhas e o aumento da porosidade da base, aplica-se o chapisco, que é uma argamassa de cimeto e areia, normalmente no traço de 1:3, fabricada na obra ou a argamassa de chapisco industrializada. Em superfície de concreto, por ser muito lisa, utiliza-se a adição de aditivo, que é um adesivo que ajuda na aderência do chapisco com o substrato, concreto. Na alvenaria, não se utiliza aditivo, pois o tijolo ou bloco já tem rugosidade que não é necessário o uso de adesivos. A norma NBR 7.200 (ABNT, 1998) indica que “quando se fizer uso de 28 argamassas preparadas em obra, as bases de revestimento devem ter as seguintes idades mínimas: três dias de idade do chapisco para aplicação do emboço ou camada única; para climas quentes e secos, com temperatura acima de 30°C, este prazo pode ser reduzido para dois dias. Para estas temperaturas e condições de umidade, no entanto, o chapisco deve ser protegido da ação direta do sol e do vento mediante processos que mantenham a umidade da superfície, no mínimo, por 12 horas, após a aplicação. ” Depois de todos os cuidados, inicia-se a aplicação do chapisco. Primeiramente deve aspergir água com broxa, tomando-se cuidado para não saturar a superfície. Caso a base esteja saturada, deve-se aguardar a sua secagem para o início dos serviços. Logo em seguida aplica-se o chapisco em espessura necessária de modo a garantir alta rugosidade observando a temperatura elevada do substrato, devido à insolação, protegendo da incidência direta do sol. Não executar chapisco nas fachadas sobre insolação no período da tarde (a aderência do chapisco deve ser verificada três dias após sua execução). O chapisco deverá ser curado, por aspersão de água pelo menos por 1(um) dia. A cura deve ser feita aspergindo água pelo menos duas vezes ao dia ou sempre que o chapisco se mostrar seco superficialmente. 6.3 REFORÇO NO REVESTIMENTO Evitando combater a fissuração no revestimento, é recomendado o reforço com tela metálica. Essa tela é colocada no encontro entre a alvenaria e o concreto (pilar ou viga), no caso de pilares a tela deverá ser interrompidas a cada pavimento, ou melhor, na região das juntas de movimentação (encunhamento). A figura 3 mostra o detalhe da colocação da tela metálica. 29 Figura 3 - Detalhe da colocação da tela entre a alvenaria e a estrutura Fonte: Elaboração Pessoal A NBR 13.755 (ABNT, 1996a) recomenda mais de uma camada, sempre que a espessura do emboço exceder a 25 mm, como também inserir uma tela metálica eletro-soldada no emboço e ancorada na base. Essa tela é posicionada entre o chapisco e o emboço numa espessura da dependerá do projetista da fachada, e ancorada na base com pinos metálicos, conforme Figura 4. . Figura 4 - Detalhe da colocação da tela entre a 1ª e a 2ª camada de emboço Fonte: Elaboração Pessoal 30 6.4 EXECUÇÃO DO EMBOÇO Antes de iniciar o emboço, deve ser realizado a locação dos arames da fachada. Os arames de fachada devem estar posicionados de forma adequada, alinhados e em esquadro com a estrutura. A distância dos arames à base pode ser de 10 cm, sendo posicionados da seguinte maneira: nas quinas externas e cantos, deslocados de 10 a 15 cm do eixo, um em cada canto das faces; de cada lado das janelas; nos eixos dos detalhes alinhados. A distância entre os arames deve ser de 1,5m a 1,8m, conforme Figura 5. Figura 5 - Descida dos arames Fonte: ABCP (2002) 31 Após a descida dos arames, deve-se realizar o mapeamento da fachada, medindo as distâncias entre os arames e a superfície da fachada em pontos específicos: nas vigas, na alvenaria e pilares a meia distância entre vigas. Essas distâncias devem ser anotadas em uma planilha para análise da espessura do revestimento. Para o início do taliscamento d a fachada, d e v e - s e f a z e r o estudo domapeamento, onde será definida a espessura do revestimento. Definido a espessura coloca-se a talisca (mestra) observando a distância das taliscas em relação aos arames de fachada de acordo com o definido após a análise do mapeamento, com tolerância de ± 1 mm. Deve ser feita também a verificação da distribuição das taliscas de forma que fiquem espaçadas entre si cerca de 1,50 m a 1,80 m. A NBR 7.200 (ABNT, 1998) recomenda os seguintes passos para a execução do emboço de fachada: taliscamento; preenchimento das mestras (faixas) preenchimento de áreas entre as mestras remoção das taliscas e preenchimentos dos vazios; espera do ponto de consistência da argamassa para sarrafear; preenchimento dos vazios restantes com novo lançamento; repetição do sarrafeamento e preenchimento até atingir planicidade requerida; desempenamento grosso, com desempenadeira de madeira. O emboço sarrafeado e desempenado que receberá o revestimento cerâmico. Segundo Sabbatini e Barros (1990) adota-se superfície desempenada em razão de obter uma estrutura mais compactada, em virtude deste procedimento proporcionar o aperto dos grãos da argamassa, acarretando melhor aderência e menor consumo da argamassa de fixação. Para verificar a aderência do emboço, fazer avaliação por percussão, através de impactos leves, com martelo de madeira ou outro instrumento rígido ao toque, não devendo apresentar som cavo (avaliar 1m² a cada 100 m²), (ABNT, 1996b). O corte das juntas será feito através de cortes no emboço após a etapa de desempeno, marcando a posição da junta de acordo com o projeto. O corte pode ser feito com o auxílio de um guia e um frisador. 32 6.5 EXECUÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS A base do emboço necessita estar limpa e deve ser levemente umedecida para melhorar as características de aderência da argamassa à base. Para isso se utiliza uma broxa, borrifando água antes da aplicação da argamassa de assentamento. O desvio de planeza da superfície sobre a qual serão assentados os revestimentos não seja maior do que 3 mm em relação a uma régua retilínea com 2 m de comprimento (ABNT, 1996a). Aplica-se a argamassa colante com o lado liso da desempenadeira em camada uniforme sobre a base. Em seguida, com o lado denteado, filetar a argamassa com a desempenadeira de modo a formar cordões contínuos e uniformes. Avaliar a altura do cordão de argamassa colante. Após a aplicação da argamassa no emboço, na placa cerâmica poderá ser aplicada camada simples. A placa cerâmica deve ser assentada através de movimentos de vai-vem perpendiculares aos cordões, de modo a se obter um completo esmagamento dos filetes da argamassa e um preenchimento de 100% no tardoz da placa. Ajustar as peças imediatamente e bater com um martelo de borracha. Fiorito (1994) cita ser importante golpear sobre a placa cerâmica na posição definitiva, pois a argamassa adesiva, sendo um material tixotrópico, diminui sua viscosidade quando percutida ou vibrada. Deve-se promover a remoção da argamassa colante do interior das juntas de assentamento, deixando-as prontas para receber o rejuntamento. Empregar uma escova de nylon de cerdas para facilitar a retirada sem esforço do material. Para verificar o desempenho da resistência da argamassa colante, a norma NBR 13.755 (ABNT, 1996a) estabelece que, quando necessário, devem ser realizadas seis determinações da resistência de aderência, após a cura de 28 dias da argamassa colante utilizada no assentamento, e, pelo menos, quatro valores devem ser iguais ou maiores que 0,30 MPa. 33 6.6 EXECUÇÃO DO REJUNTAMENTO A NBR 13.755 (1996a) recomenda que o rejuntamento das placas cerâmicas deve ser iniciado no mínimo após três dias do seu assentamento Ao iniciar o rejuntamento, deve-se verificar se a junta estar limpa, evitando assim problemas na aderência junto as placas cerâmicas. Após a verificação promover o umedecimento das juntas entre as placas com a broxa, de modo a garantir uma boa hidratação e evitar problemas de retração. A aplicação d a argamassa de rejunte d e v e s e r f e i t a com desempenadeira de borracha, executando movimentos contínuos e de vai-vem diagonalmente ás juntas. Em seguida remover o excedente de argamassa de rejunte com um pano seco ou espuma umedecida em água, antes do início do seu endurecimento, para que a argamassa não venha aderir à placa cerâmica. Depois do rejuntamento fazer o acabamento frisado das juntas com uma ponta arredondada e lisa de plástico ou ferro, de modo a retirar o excesso de argamassa e alisar a sua superfície, após isso, executar limpeza com esponja e secagem superficial, providenciar a imediata limpeza da superfície das placas com o emprego de um pano seco e limpo. 6.7 TRATAMENTO DAS JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO As juntas devem ser executadas, após o rejuntamento das placas cerâmicas. Segundo Torre (2007) a execução do tratamento da junta compreende as seguintes operações: limpeza da junta; colocação do material de enchimento; colocação das fitas de proteção de bordas; aplicação do selante; frisamento do selante; e retirada das fitas de proteção das bordas. O rasgo da junta deve ser impermeabilizado com tinta elastomérica, aplicando duas demãos do produto em todo o rasgo. Deve ser colocado apoio flexível sob 34 pressão no interior da junta, de modo a ficar adequadamente posicionado, e não sofrer movimento ao colocar o selante ou o frisamento do selante. O selante deve ser aplicado com pistola aplicadora e seu acabamento deve ser feito com espátula ou frisador. 6.8 LIMPEZA Segundo Torre (2007) a realização da limpeza antes do momento adequado pode prejudicar a argamassa de rejuntamento e retirando parte desta argamassa. Uma limpeza tardia, porém, pode trazer prejuízos, não só para o rejuntamento, como também para a placa cerâmica, em virtude da necessidade de aplicar esforços mecânicos e abrasivos para a retirada do excesso de argamassa. A limpeza da RCF é feita com a utilização de água, esponjas de fibra e produtos desincrustantes, esses produtos são utilizados de acordo com o quão sujo esteja o RCF, sendo estes diluídos na água numa proporção que dependerá do estado de sujeira da fachada, essa proporção dependerá também do fabricante do produto, que normalmente classifica o modo de limpeza em Leve, Médio e Pesado. 35 7 EXECUÇÃO DO REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA – ESTUDO DE CASO Este capítulo tem por objetivo especificar o sistema de revestimento cerâmico aderido das fachadas do empreendimento localizado na cidade de Fortaleza- CE. O empreendimento do estudo é um prédio comercial de 27 pavimentos, sendo estes constituídos de 3 Subsolos, 1 Pavto Térreo, 3 Sobressolos, 1 Pavto. Lazer e 19 Pavtos tipo. O prédio possui 13703,07 m² de área de revestimento cerâmico de fachada. O prédio foi totalmente arrodeado de balanças, num total de 78 balanças, 51 no perímetro dos pavimentos tipos, e 27 na periferia, como mostra a figura 6. Figura 6 - Locação das balanças da obra Fonte: Projetos da obra em estudo 36 7.1 ESPECIFICAÇÃO DOS MATERIAIS EMPREGADOS O Quadro 5 abaixo mostra os materiais e especificações utilizados para a execução do revestimento cerâmico da obra em estudo. Material Especificação AREIA PARA EMBOÇO Areia de rio lavada média passando na peneira 3,0 mm CAL CH-I – sacos de 20 kg CIMENTO CP V, CP II F 32 ou CP II Z 32 - sacos de 50 kg. ADESIVO PARA CHAPISCO Bianco (consultar a condição de uso) PEÇA CERÂMICA EPU em autoclave < 0,4 mm/m Isento de gretamento Absorção 0 a 6% PEI > 1 Manchas classe 5 Ataque químico - classe A Isenta de engobe Lateral sem esmalte ARGAMASSA DE REJUNTE Flexível - Tipo II, de base acrílica. BASTÃO DE POLIETILENO EXPANDIDO DE BAIXA DENSIDADE Diâmetro > 1,3 * espessura da junta, ~ 20 mm SELANTE A basede poliuretano alifático com plastificação intra- molecular com capacidade de movimentação maior que 25 % em relação à largura da junta. Dureza Shore A < 30 TELA DE REFORÇO METÁLICA Tela eletro-soldada zincada a fogo # 25 x 25 mm – Ø 1,24 mm FITA CREPE Com 1 cm e 2 cm de largura IMPERMEABIL IZAÇÃO DAS JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO Tinta elastomérica elástica “Frentes e Fachadas” da Renner PINO Pino de aço liso com arruela para concreto, zincados a fogo (HILTI X-CS 27 S23 ou similar), fixados com ferramenta HILTI DX 36M ou similar. PRODUTO DE LIMPEZA Neutro Quadro 5 - Materiais e especificações utilizadas na obra Fonte: Projeto da obra em estudo 37 7.2 CONDIÇÕES GERAIS PARA INÍCIO DAS ETAPAS DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO 7.2.1 Fixação da Alvenaria Foi sugerido para argamassa de encunhamento o seguinte traço: Traço - 1:2:10 (Cimento: cal hidratada: areia média de rio lavada). O traço foi testado no canteiro da obra para a verificação da sua trabalhabilidade e produtividade. 7.2.2 Chapisco O chapisco deverá ser aplicado sobre a estrutura de concreto de forma a cobri- la completamente, como também na alvenaria. Em ambos os casos, deverá ser garantido alta rugosidade e aderência. Para argamassa produzida no canteiro da obra, foi sugerida: Traço - 1:3 (cimento: areia de rio lavada). Dimensão da padiola de areia: 35x45x25,5 cm, sendo a areia de rio com dimensão máxima de 4,75 mm. Nas superfícies lisas, como no caso das estruturas de concreto, deverá ser adicionado na água de amassamento, produto químico para melhorar a ponte de aderência, tais como: Bianco, seguindo as recomendações do fabricante. Foram seguidas algumas condições para o início do serviço de chapisco, como: A estrutura deve estar concluída há, pelo menos, 28 (vinte e oito) dias. Promover a limpeza da base antes de serem iniciados à execução do chapisco removendo-se da alvenaria e estrutura todo e quaisquer materiais e substâncias (poeiras, fuligens, bolor, eflorescências, desmoldantes e outros) que venham a prejudicar a aderência ao substrato. Executar o preenchimento de todos os ninhos de concretagem, utilizando grout ou argamassa polimérica, quando necessário. Correção das falhas (furos, rasgos, quebra parcial etc.) na alvenaria com profundidade superior a 5 cm devem ser encasquilhadas. Lavagem da estrutura com jato de água sob pressão. 38 7.2.3 Reforço com tela metálica Deverá ser realizado reforço com tela metálica eletro-soldada zincada a fogo # 25x25 mm – Ø 1,24 mm, objetivando combater a fissuração do revestimento. A tela deverá ser posicionada dentro da argamassa de emboço correspondendo a 1/3 de sua espessura a partir do chapisco. Em casos que a espessura do emboço ultrapasse o valor de 5 cm deverá ser adicionada uma tela metálica objetivando a estruturação da camada. O espaçamento médio dos pinos deve ficar a cerca de 70 cm. 7.2.4 Emboço O emboço deverá ser executado de modo a garantir as condições de planeza adequadas ao posterior assentamento de revestimento cerâmico com argamassa colante. Assim como o chapisco, também foram seguidas algumas condições para o início do serviço de emboço, como: Promoção da limpeza da base de modo a remover quaisquer poeiras ou substâncias que possam prejudicar a aderência. Sobre superfícies chapiscadas, verificar o intervalo mínimo de 3 (três) dias para iniciar a execução do emboço. Executar mapeamento da fachada preenchendo planilha especifica. Efetuar leituras com trena nos pontos de encontro dos arames com: vigas, alvenaria e pilares (a meia distância entre as vigas). 7.2.5 Revestimento Cerâmico Após a execução do emboço, vem o assentamento do revestimento cerâmico, que deve seguir as seguintes condições para o seu início: A base não deve estar encharcada. Certificar-se de que as instalações elétricas e hidráulicas que interferem no revestimento de fachada estão concluídas e testadas. 39 A base de emboço necessita ser levemente umedecida para melhorar as características de adesividade da argamassa à base. Para isso se utiliza uma broxa, borrifando água momentos antes da aplicação da argamassa de assentamento. Verificar a planeza da base. O desvio de planeza não deve ser superior a 3 mm em relação a uma régua retilínea de 2 m. 7.3 PROCEDIMENTO EXECUTIVO DO REVESTIMENTO CERÂMICO DE FACHADA No Quadro 6 abaixo, é apresentado a sequência de execução do revestimento de fachada para a obra em estudo com a utilização de argamassa colante industrializada. ETAPA ATIVIDADES 1ª SUBIDA Limpeza da base Fixação da alvenaria de fachadas (Encunhamento) Fechamento de nichos de concretagem e rasgos em alvenaria 1ª DESCIDA Lavagem da estrutura Chapiscamento da estrutura e alvenaria 2ª SUBIDA Locação dos arames Mapeamento da fachada Taliscamento e verificação do chapisco 2ª DESCIDA Fixação da tela metálica Execução do emboço Corte das juntas 3ª SUBIDA Impermeabilização das juntas Emestramento da cerâmica 3ª DESCIDA Assentamento das placas cerâmicas 4ª SUBIDA Verificação do assentamento das placas cerâmicas Rejuntamento e limpeza das juntas de assentamento Preenchimento das juntas de movimentação 4ª DESCIDA Lavagem geral da fachada Quadro 6 - Etapas de execução do revestimento cerâmico seguido pela obra Fonte: Autor 40 Na Quadro 7 a seguir, é mostrado o custo, a duração e as datas de início e términos de algumas balanças. Quadro 7 - Planilha de acompanhamento das balanças Fonte: Arquivos da obra em estudo 7.3.1 Preparação da Base Na 1ª subida foi realizado a preparação da base que engloba os serviços de limpeza, encunhamento e tamponamento da estrutura, estes serviços são essenciais para que o chapisco tenha uma aderência perfeita a base, então foram executadas da seguinte maneira: Remoção das pontas de ferro e madeira, deixados na estrutura; Lixamento de viga e pilares para retirada da camada de desmoldantes, conforme Figura 7; Remoção das rebarbas do concreto e da argamassa; Execução do encunhamento da alvenaria. Correção das falhas de concretagem, preenchimento com graute dos nichos de concretagem. 41 Tamponamento da alvenaria com argamassa de emboço, conforme Figura 8. Figura 7 - Lixamento da estrutura Fonte: Autor Figura 8 - Tamponamento do alvenaria com argamassa de emboço Fonte: Autor 42 7.3.2 Execução do Chapisco Na 1ª descida foi executado o chapiscamento da estrutura e alvenaria, conforme ilustra a Figura 9, a argamassa de chapisco utilizada na estrutura e na alvenaria foi preparada com a adição de Bianco para uma melhor aderência. No primeiro momento foi feita a lavagem com água abundante da superfície onde foi feito o lixamento, estrutura de concreto, para a completa retirada da fuligem gerada pelo lixamento. Logo após foi executado o chapisco seguindo as seguintes etapa: Aspersão de água com broxa, tomando-se cuidado para não saturar a superfície. Houve o caso em que a base estava saturada, então teve-se que aguardar a sua secagem para o início dos serviços; Aplicação d o chapisco em espessura necessária de modo que obtivesse alta rugosidade. Figura 9 - Aplicação de chapisco em alvenaria e concreto, com a utilização de argamassa de chapisco com Bianco Fonte: Autor 43 7.3.3 Execução do Mapeamento Na 2ª subida foi feito a locação e descida dos arames, assim com o mapeamento e emestramento para o emboço. Os arames de fachada foram posicionados de forma que garantissem o alinhamento e esquadro com a estrutura. A distância dos arames à base foi de cerca de 10 cm, sendo posicionados da seguinte maneira: De cada lado das janelas, para garantir o alinhamento das vaõs Nas quinas externas e cantos, em cada face do prédio Nos eixos dos detalhes alinhados. Depoisdos arames locados realizou-se o mapeamento da fachada, medindo as distâncias entre os arames e a superfície da fachada, essas distâncias foram anotadas em uma planilha para a análise da espessura do revestimento. Após a conclusão do mapeamento, as distâncias foram analisadas e foi definido a espessura do emestramento, obedecendo a espessura mínima de 25 mm, com mínimos em pontos específicos (pequenas áreas), de acordo com o manual da qualidade da empresa: vigas e pilares em regiões externas 15 mm, alvenaria em regiões externas 20 mm. A verificação do chapisco foi feita de acordo com o manual de qualidade da empresa que determina os itens dessa verificação, como: Pulverulência Resistência superficial Aderência - Avaliar através de raspagem com espátula Uniformidade e textura 7.3.4 Execução do Emboço Na 2ª descida foi realizada os serviços de reforço do revestimento, emboço e corte das juntas de movimentação. A tela para o reforço do revestimento foi colocada nos encontros entre viga e alvenaria, pilar e alvenaria e em pontos onde a espessura do emboço ficou com mais 44 de 5 cm, visando a estruturação das camadas. Na execução do emboço foram verificadas as seguintes etapas para sua execução: Onde a espessura do emboço ficou com mais de 5 cm, foi realizado uma cheia (chapada) em um dia, e outra camada no dia seguinte, foi colocada tela metálica com a finalidade de estruturação da primeira chapada, e aspergido água sobre argamassa antes da aplicação da 2ª camada, não saturando-o a primeira. Após a aplicação da 2ª camada de argamassa, avaliou-se o sarrafeamento da argamassa pelo teste de compressão da superfície com os dedos. O ponto ideal é quando os dedos não penetram na camada permanecendo praticamente limpos, porém deformando levemente a superfície. O sarrafeamento só foi executado quando a argamassa apresentou consistência adequada. Se o sarrafeamento for executado antes do ponto de sarrafeamento ocorrerá à formação de fissuras horizontais ou o emboço desprenderá ao ser sarrafeado. As taliscas do emestramento foram removidas e preenchidas com a mesma argamassa de revestimento. O corte das juntas de movimentação fo i realizado durante a execução do emboço, em uma profundidade de 3/4 da espessura do emboço, para emboço com espessuras maiores que 3,5 cm e onde a espessura do emboço foi menor que 3,5 cm, o corte foi realizado em toda a profundidade do emboço. Para a realização do corte, foi utilizado a mangueira de nível para a locação da junta e um frisador para executar o corte. 45 A Figura 10 mostra a primeira camada aplicada. Figura 10 - Chapeamento onde a emboço ficou maior que 5 cm Fonte: Autor A Figura 11 mostra a aplicação do reforço com tela metálica. Figura 11 - Reforço com tela metálica Fonte: Autor 46 A Figura 12 mostra a execução do emboço, acabamento final. Figura 12 - Execução de emboço em fachada Fonte: Autor 7.3.5 Impermeabilização das Juntas e Paginação do Revestimento Na 3ª subida foi realizada a impermeabilização das juntas e a paginação do revestimento cerâmico. A impermeabilização das juntas foi feita com tinta elastômerica, a tinta foi aplicada com trincha em toda a profundidade da junta e em 1 cm para acima e 1 cm para baixo por fora da junta, para garantir uma maior estanqueidade a água, como na Figura 13. Já a paginação para o revestimento cerâmico foi feita depois do emboço já executado, isso no primeiro e último pavimento da fachada, seguindo a locação dos arames e a definição de cerâmica inteira, como mostra a Figura 14. 47 Figura 13 - Junta de movimentação impermeabilizada, com tinta elastómerica Fonte: Autor Figura 14 - Paginação para a execução do revestimento cerâmico Fonte: Autor 7.3.6 Execução do revestimento cerâmico Na 3ª descida foi feito o assentamento do revestimento cerâmico, o assentamento foi executado seguindo as seguintes etapas. O emboço foi umedecido com a aspersão de água com broxa; Foi aplicado a argamassa colante no emboço, primeiro com a parte lisa da desempenadeira e depois com a parte dentada, formando assim cordões contínuos e uniformes; 48 A placa cerâmica foi assentada através de movimentos de vai-vem, para obter o completo esmagamento dos cordões e por fim ajustadas para a posição final e batidas com um pedaço de madeira para o preenchimento completo do tardoz. Após o assentamento é feita a retirada do excesso de massa que fica no interior das juntas da placa cerâmica e feita a limpeza da placa com esponja úmida. Na Figura 15, ilustra o assentamento da placa cerâmica. Figura 15 - Execução do revestimento cerâmico Fonte: Autor 7.3.7 Rejuntamento e preenchimento das juntas de movimentação Na 4ª subida foi realizado o rejuntamento das placas cerâmicas e feito o preenchimento das juntas de movimentação. No decorrer do acompanhamento da execução do rejuntamento da fachada foi verificado as seguintes etapas para a execução: Umedecimento das juntas entre as placas com a broxa, de modo a evitar problemas de retração; 49 Aplicação da argamassa de rejunte com desempenadeira de borracha, diagonalmente ás juntas, verificando o completo preenchimento; Remoção d o excesso de argamassa de rejunte com esponja umedecida em água, isso após o início do seu endurecimento; Frisamento das juntas com uma ponta arredondada e lisa de ferro, retirando o excesso de argamassa e alisando a sua superfície. Nas Figuras 16, 17, 18, mostra a sequência seguida na execução do rejunte. Figura 16 - Limpeza das juntas para a aplicação do rejunte Fonte: Autor Figura 17 - Rejuntamento das placas cerâmicas Fonte: Autor 50 Figura 18 - Frisamento do rejunte nas juntas das placas Fonte: Autor No preenchimento das juntas de movimentação também foram verificadas algumas etapas para a execução, tais como: Limpeza da junta com trincha ou broxa; Preenchimento com apoio flexível e compressível, bastão de polietileno expandido; Proteger as bordas das cerâmicas com fita crepe; Aplicação de selante com pistola aplicadora; Acabamento feito com espátula; Retirada das fitas das bordas da cerâmica. Nas Figuras 19, 20, 21 e 22, mostra a sequência da execução do preenchimento das juntas. 51 Figura 19 - Colocação do bastão de polietileno na junta de movimentação Fonte: Autor Figura 20 - Bastão de poliuretano dentro da junta Fonte: Autor Figura 21 - Colocação de fita crepe para proteger a placa cerâmica do selante Fonte: Autor 52 Figura 22 - Preenchimento da junta de movimentação Fonte: Autor 7.3.8 Limpeza Geral da Fachada Na 4ª e última descida foi realizada a lavagem da fachada, essa lavagem foi feita com produto desincrustante (Força X), fibra sintética abrasiva para limpeza pesada, espátula e água, como mostra a Figura 23. Figura 23 - Limpeza geral da fachada Fonte: Autor 53 8 CONCLUSÃO No presente trabalho, foi possível verificar que há uma série de precauções que devem ser tomadas para evitar manifestações patológicas nas fachadas e, se seguindo um bom procedimento executivo muitas dessas patologias podem ser inibidas dos empreendimentos e que além do procedimento executivo, também é muito importante a realização do detalhamento do projeto de fachada. Todo isso deve ser levado em consideração, pois o custo de retrabalho é muito alto, não só financeiro, mas também na própria imagem da empresa que executou o revestimento. No decorrer deste trabalho para atingir os objetivos propostos, foi feito a fundamentação teórica no que diz respeito ao revestimento cerâmico de fachada, mostrando e definindo os materiais utilizados para a execução do revestimento, como; Placas Cerâmicas, Argamassas, Juntas e Selantes. Passando pelo métodopara a realização do revestimento, segundo a norma e bibliografias. E pode ser visto que no caso da obra onde foi realizado o estudo, foi seguido uma sequência de execução, como também o procedimento de cada etapa, a especificação dos materiais, os cuidados para se iniciar o serviço. A contribuição deste trabalho na área técnica se teve pelo conjunto de informações aqui expostos, definições sobre o que compõem o subsistema do revestimento cerâmico. Na área técnica, foi mostrado de perto como é realizado o revestimento em uma obra em Fortaleza, todo o material utilizado, toda a etapa executiva. Constatou-se que a empresa que realizou o revestimento, teve a preocupação e o interesse na realização de um bom trabalho. Vale ressaltar que para a obtenção de um revestimento de alta qualidade, não só o procedimento executivo será suficiente para um bom desempenho, necessita-se também que os materiais sejam bem selecionados, a mão de obra treinada e especializada, e o projeto bem detalhado. Outro fator bastante importante é a abertura das construtoras para as grandes mudanças, pois diferente das indústrias mais avançadas, a construção civil ainda é contraria a concepção de novas tecnologias e processos. 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14.081 Argamassa colante industrializada para assentamento de placas de cerâmica - Especificação –. Rio de Janeiro, 2004. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro, 1996a. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7200: Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Procedimento. Rio de Janeiro, 1998. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13816: Placa cerâmica para revestimento: classificação – Rio de Janeiro, 1997a. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas – Especificação. Rio de Janeiro, 1996b. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13817: Placa cerâmica para revestimento: terminologia –. Rio de Janeiro, 1997b. ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14992: Argamassa à base de cimento Portland para rejuntamento de placas cerâmicas – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2003b. ABCP – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Manual de revestimento de argamassa. São Paulo: ABCP, 2002. ANTUNES, Giselle Reis. Estudo de manifestações patológicas em revestimento de fachada em Brasília - sistematização da incidência de casos. 2010. xxi, 178 f.: Dissertação (mestrado) - Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, 2010. CARASEK, Helena. 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